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Exposição – Mesa 2 (Diversidade, Gênero e Direitos Humanos)

Primeira fala – Laura Murray (IMS/ UERJ, Observatório da Prostituição/ UFRJ)

Sua fala foi baseada em um paper escrito pela expositora “Entre o ‘fazer direito’ do
movimento de prostitutas e o ‘fazer direitinho’ do Estado brasileiro” e na invasão
policial em abril de 2014 no “Prédio da Caixa” em Niterói
(<https://odia.ig.com.br/odia24horas/2014-04-02/prostitutas-param-o-transito-por-uma-
hora-na-avenida-amaral-peixoto-em-niteroi.html>).

Segundo Murray, o “fazer direitinho” está em se valer das regras com a intenção de
prejudicar outrem, ou em outras palavras, em como os processos burocráticos são
utilizados como instrumentos de repressão. Já o “fazer direito” trata-se de uma fala
recorrente nas lutas do movimento, no sentido de não se submeter e lutar pelo ideal.

Para a fundadora do Movimento de Prostitutas no Brasil, Gabriela Leite, a vitimização


não era uma opção para a luta daquelas mulheres, por afirmar que o papel de vítima não
lhes cabia. Era necessário o protagonismo nas ações.

Afirmou ainda que o Estado só se dispõe em proteger a vítima quando ele acredita que a
mesma possui esse direito, caso contrário nada é feito. Na invasão policial citada, as
prostitutas foram presas sem mandados e saíram às ruas para protestar pelo abuso das
ações.

Laura Murray encerrou sua fala com uma fala de Gabriela Leite, para ela: “Fazer
política é bater sem machucar”.

Segunda fala – Bruna Benevides ( Presidenta do Conselho LGBTI de Niterói,


Coordenadora do PreparaNem Niterói, membro do ANTRA e ABGLT)

Bruna, mulher trans e 2º Sargento da Marinha do Brasil, iniciou sua exposição com a
indagação: “Quem são as pessoas que não tem direito ou que o direito não reconhece
como detentor de diretos?” A partir disso lembrou que a maior luta das pessoas trans são
por direitos primeiros, como exemplo, o direito de que sua identificação social seja
respeitada.

Para reforçar sua fala, Bruna afirmou que no Brasil, segundo o Atlas da Violência 2018,
enquanto o número de assassinatos de mulheres não negras caiu, o de mulheres negras
aumentou. Para as pessoas trans os dados são ainda mais alarmantes, o número de
homicídios teria triplicado (a fonte dessa pesquisa não ficou clara).

Assim, para ela, os problemas surgem quando tem que reivindicar o direito de qual
banheiro usar. A violência está tão enraizada que na maioria das vezes as pessoas não a
reconhecem mesmo quando a vítima alega se sentir violentada.

Bruna afirma que as pessoas transexuais precisam antes de tudo conseguir viver, uma
vez que a expectativa média de vida fica em torno de 35 anos enquanto a média da
população no geral superior aos 70 anos. Ou seja, assim como o racismo é um problema
das pessoas brancas, a homofobia é um problema dos heterossexuais e não das vítimas.
E reforçou, que as violações dos direitos humanos estão voltados a uma parcela da
população ( em geral, as minorias).

Bruna afirmou que gosta de olhar para opressões através de sua síntese, e para ela o que
uma representação dessa síntese no caso das pessoas transexuais seria o não
reconhecimento de sua identidade de gênero.

Terceira Fala – Lana de Holanda ( Mulher Trans, ativista e ex-acessora da vereadora


Marielle Franco)

Baseou sua fala nos feitos durante o exercício do mandato da Marielle na Câmara
Municipal do Rio de Janeiro e em suas experiências pessoais enquanto transexual.
Lembrou que na cidade do Rio de Janeiro não existe nenhuma lei em favor do público
LGBT e mais de 100 em favor de igrejas evangélicas, além do fato do projeto de lei
sobre o uso de banheiros estar em análise por um ministro do STF desde 2014 (não
existe um prazo determinado para o fim dessa análise).
Lembrou a importância de Marielle estar ocupando tal posição e de como a mesma fazia
questão de que as minorias fossem representadas ali. A Comissão da Mulher, a exemplo
disso, não possuía feitos até a mesma se tornar presidenta e iniciar atendimentos para a
população.

Lana afirmou não gostar de Shopping justamente pelo medo do constrangimento que o
uso do banheiro pode causar, e a reação das pessoas com a identidade escolhida por ela.
Reforçou a fala da Bruna Benevides quando a mesma disse sobre o direito de usar o
banheiro e afirmou o quão difícil é pra ela de que uma coisa tão simples como esse
tenha de ser reafirmada como um direito e o fato desse uso ser tão polêmico.

Chamou a responsabilidade para os jovens, como forma de apresentar para a população


mais velha a causa LGBT, afirmando ser esse um trabalho de “formiguinha” em prol
dos direitos humanos.

Terminou sua fala afirmando que Segurança Pública é uma questão de todos.

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