Você está na página 1de 53

Cleber Tomás Vianna

02 03
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

Prólogo: Tutorial:

Fruto de pesquisas em dezenas de artigos e livros sobre o assunto, o Título Original: Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes
presente trabalho visa elucidar alguns pontos que convergem a situações no Brasil.
distintas, sendo algumas equívocas, quanto à interpretação de alguns autores
sobre o início da MAÇONARIA NO BRASIL, além de tratar de nuances sobre Ilustrações e Textos: Internet e Livros.
o Rito Francês ou Moderno quanto a sua Fundação, Usos e Costumes no país.
Adaptação e readequação de textos: Cleber Tomás Vianna.
O assunto ainda demanda pesquisas contínuas em busca de novos
documentos que corroborem ou modifiquem as informações aqui explanadas. Ilustração da Capa: Jotassil Artes.
Buscando a forma mais sucinta e explícita sobre o tema, algumas figuras e/ou
fotos foram apensas, no sentido de dar melhor interpretação aos fatos expostos. Capa, Diagramação, Direção: Cleber Tomás Vianna.

Cleber Tomás Vianna. Revisão de texto: Colbert Deranian e Antonio Cledson Saraiva Cardoso.

Os textos produzidos para este projeto não representam a opinião de seus editores e
são de total responsabilidade de seus autores.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por
quaisquer meios existentes sem prévia comunicação dos editores e detentores dos
direitos.

Impressão e acabamento: Gráfica


Copyright 2018
04 05
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

Prefácio. Rito dos Modernos, insistimos, o Rito de Fundação, comunga para levar adiante
a maior das maravilhas: Fazer do Ser Humano o melhor, “o dito Ser Humano”
Quando fui convidado pelo meu muito querido e ilustre irmão, Cleber integrado dentro de uma sociedade mais justa, perfeita e solidária, ilustrada
Tomás Vianna, para prefaciar o seu livro “Rito Francês ou Moderno: e rica em conhecimentos, onde a filantropia é o fundamento mais popular de
Fundação, Usos e Costumes no Brasil”, com muita honra, não hesitei. nossa tríade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e cujo objetivo é a senda por
Esta publicação foi elaborada e tecida por um maçom com o mais profundo onde são conduzidos, com maior ou menor sorte, os maçons em sua jornada.
comprometimento na Arte Real, cuja ação, difusão, estudo e investigação O amor é a nossa melhor ferramenta e o nosso maior salário, e o muito
maçônica a torna deveras relevante e valorosa em âmbito nacional. ilustre irmão Cleber bem o sabe. Consciente das dificuldades que aparecem em
O seu vasto conhecimento nas diversas práticas ritualísticas e a sua diversos terrenos, temos que há mais que um oceano que nos separa, não só
permanente atenção no desenvolvimento e projeção dos valores inerentes à geograficamente, como também, na multiplicidade e lacunas documentais, seja
Ordem Maçônica, não se traduz em mera retórica, uma vez que a sua atuação histórica ou ritualisticamente falando, uma dificuldade que tem sido enorme
é concisa, o que lhe confere merecidamente ser uma referência no contexto da nos vários acontecimentos ocorridos, o eixo ou fio de contato que nasce na
maçonaria Ibero-americana. Inglaterra em 1717. Deste polo passa para a França e demais países da Europa
Nosso ilustre irmão Cleber, com a sua vasta e longa carreira maçônica, Continental, muito especialmente nos países baixos, e como não, Portugal, como
conserva a tradição maçônica e prima pelo amor e a paixão pela realidade ponto difusor do Rito dos Modernos, cruzando milhares de quilômetros de mar
histórica, ritualística e documental, e um procedimento analítico e preciso e se acomodando em um continente de “Liberdade”, cuja terra fértil há de dar os
como o seu, brinda de forma fraterna e filantrópica conhecimentos para todos seus melhores frutos em solo Brasileiro e em toda Sudamérica.
os maçons e amantes da Ordem em geral. Não é o propósito deste prefácio se aprofundar em especificidades a este
Sua mente aberta, sua constante busca nas fontes originais, seu intercambio respeito, mas destacar algo que até hoje nunca havia sido feito em nenhum
com demais irmãos esparsos pelo Orbe e estudiosos da matéria esmera e continente ou fórum acadêmico concreto: uma análise exaustiva, historiográfica,
glorifica o seu trabalho dando exemplo de paixão, amor e perseverança, o documentada, que descreve sem deixar margem de dúvida sobre a chegada do
que me lembra muito os pilares onde se sustentam as Lojas e seus princípios: Rito Moderno no Brasil em seus primórdios e, mais especificamente em 1822,
Sabedoria, Força e Beleza. bem como um riquíssimo compêndio de matérias irrefutáveis que, de uma vez
Esses atributos fazem com que mediante o uso das joias chamadas por todas, deixa claro o que eram puras especulações, fofocas e, inclusive lendas
“móveis” na maçonaria do século XVIII, passemos por distintas fases: do falaciosas, de um lado a outro do Atlântico.
estado evolutivo humano, denominado joias imóveis - do grotesco ao último Cleber Tomás Vianna, como grande maçonólogo, coloca ante nossos
estado de direção e planificação da Obra, mediante exemplo vital, o qual deve olhos uma obra única, de referencia, imprescindível, que qual aventura,
ser exercido no dia-a-dia. vira um roteiro da história da humanidade, um filme vital da Ordem e do
O irmão Cleber é um bom exemplo disso: é uma Tábua de Delinear viva, Rito Francês ou Moderno que nos emociona, fascina e cativa. Essa viagem
que alcançou esse nível mediante um labor singelo, porém, perseverante, fascinante, apesar do título, não se restringe apenas ao Brasil.
sólido, convicto, aberto e contrastado. Assim, desta forma e, somente assim, O leitor ávido saberá ver e apreciar a universalidade que o nosso irmão
poderemos separar a luz das trevas. mais ilustre, Cleber Tomás Vianna nos oferece, com a humildade que dá a
O Rito Francês ou Moderno, este grande desconhecido, lamentavelmente, plenitude do conhecimento e com a garantia pelo constante repensar das
inclusive entre os seus praticantes, resulta ser o Rito de Fundação. Nascido em meias-verdades pressupostas. E ele faz isso de maneira sólida, documentada,
uma prática onde se pretende a União dentro da diversidade, o enriquecimento observando o rigor que se imputa ao assunto, sem sofismas, e com amor
na pluralidade, em uma época onde a maçonaria, sem adjetivos, utilizava a fraterno, sua peculiaridade.
“palavra” como chave de acesso e o ritual como porta de entrada, em um espaço- Livro essencial que não deve faltar em nenhuma biblioteca maçônica que
tempo onde os seus membros jamais poderiam se encontrar em ambiente que se orgulhe, em qualquer continente.
não tenha sido elaborado com esses parâmetros. Ao Zênite do Vale de Barcelona, Espanha, em 22 de maio de 2018.
Ecumenismo, tolerância, respeito, ordem, rigor e amor, é qualidade que o
06 07
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

Joaquim Villalta Mata

O Maestro Joaquim Villalta Mata é Maçonólogo, Mestre


Instalado, Cavaleiro da Sapiência - Grande Inspetor Geral, Grau
9º e último da Vª Ordem de Sabedoria do Rito Moderno,
membro ativo do Sublime Conselho do Rito Moderno para o
Equador e membro Honorário do Grande Oriente Lusitano e do
Grande Oriente Nacional da Colômbia.
08 09
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

ÍNDICE

Cleber Tomás Vianna


Grande Benemérito do GOB e GOEB.

Rito Francês ou Moderno Prólogo: 2


Tutorial: 3
Prefácio: 4
Fundação, usos e costumes no Brasil. Fundação, usos e costumes: 10
Peculiaridades do Rito: 21
Câmara dos Altos Graus: 24
SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno: 27
Graus e Rituais adotados no Brasil: 33
1ª. Edição O Rito Moderno em Portugal e no Brasil: 35
Equívocos históricos publicados em obras maçônicas: 53
Salvador/Bahia2018 Breve currículo do autor:84
Créditos – (direitos reservados aos seus autores): 94

Este livro foi diagramado e produzido pela


EDIÇÃO POR DEMANDA, uma encomenda do
autor que detém todos os direitos de conteúdo,
comercialização, estoque e distribuição dessa obra.
1 10
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.

Fundação, usos e costumes.


11
Cleber Tomás Vianna

de Aprendiz pela intuição, no Grau de Companheiro através da análise e

D
culmina no Grau de Mestre pelo desenvolvimento da capacidade de síntese,
enomina-se como Rito Moderno tudo o que parte da primeira num processo evolutivo lógico-racional baseado no pensamento científico
Grande Loja da Inglaterra, que se diz fundada a partir de 1717 e, contemporâneo.
que segue a ritualística nos moldes da publicação feita por Samuel Os padrões de conduta do Rito Moderno são racionais e cartesianos,
Prichard em 1730, no famoso livro “A Maçonaria Dissecada”. enriquecidos  na contemporaneidade, por um Humanismo essencialmente
Alguns maçons simpatizantes do tradicionalismo antigo fundam em 1751 uma democrático e plural. Características essenciais para um mundo globalizado.
segunda Grande Loja, tida, então, como a dos Antigos. Em 1813 as duas se O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma Ordem Mística,
fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra. embora seus três primeiros graus estejam impregnados da mística das
Nascido do desejo de se criar uma unidade racional na diversidade de civilizações antigas. A busca da verdade, transitória e inefável, realiza-se pelo
correntes de pensamento vigentes à época, o Rito Moderno é filho e herdeiro aprendiz na intuição, pelo companheiro na análise e pelo mestre na síntese,
direto do pensamento iluminista. Embora criado sob moldes racionais, pautou num processo evolutivo e racional. Os padrões do pensamento da Maçonaria
inicialmente suas regras na primitiva Constituição de Anderson, deísta e Francesa são racionais e científicos, e se prendem à época moderna, ao
tolerante no aspecto religioso. Após a Revolução Francesa, em 21 de maio de Humanismo.
1799, o GOdF (Grande Oriente da França) e a GLUI (Grande Loja Unida da A síntese dos debates da Assembleia em 1876, que levaram à resolução de
Inglaterra) redigem um tratado de união. 1877, mostra bem, que:
Entretanto, em 1815, a GLUI impõe a crença em um Ser Supremo Revelado “A Franco-maçonaria não é deísta, nem é ateísta, nem sequer positivista.
através das Regras de 8 pontos de reconhecimento, o que gera um clima tenso A instituição que afirma e pratica a solidariedade humana, é estranha a todo
entre o Grande Oriente e a mesma. Em 1877 vem a ruptura definitiva entre as dogma e a todo credo religioso. Tem por princípio único o respeito absoluto da
duas potências, quando o GOdF extingue a obrigatoriedade da crença em Deus liberdade de pensamento e consciência. Nenhum homem inteligente e honesto
e na imortalidade da alma como reconhecimento de um homem como maçom. poderá dizer, seriamente, que o Grande Oriente de França quis banir de suas
É oportuno dizer, conforme relata em seus profícuos estudos o maçonólogo lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma quando, ao contrário, em
da Espanha, irmão Joaquim Villalta, que a Maçonaria Belga, uma das maiores nome da liberdade absoluta de consciência, declara, solenemente, respeitar as
da Europa Continental, havia se antecipado ao GOdF e, já em 1782, se declarava convicções, as doutrinas e as crenças de seus membros”.
de forma incontinenti, “Adogmática”, desobrigando-se e aos seus afiliados,
do uso do Dístico “Grande Arquiteto do Universo” (GADU). Neutralidades quanto à religião.
Coerente com esta linha de pensamento, e, talvez por causa disso,
considerado o condutor da Maçonaria do 3º. Milênio, o Rito Moderno dá ao “O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor,
maçom o direito de pensar com irrestrita liberdade, o dever de trabalhar para o respeitosamente neutro, quanto à exigência, para os seus adeptos, da crença
bem-estar social e econômico do cidadão, e a capacidade de defender os direitos específica em um Deus revelado, ou Ente Supremo, bem como da categórica
naturais e sociais do homem, seja de qualquer cultura ou nacionalidade.  Este aceitação existencial de uma vida futura; nunca por contestante ateísmo
humanismo explícito, muitas vezes atrita-se com o status quo social, do qual a materialístico, mas unicamente, pelo respeito incondicional ao modo de pensar
religião é um de seus pináculos básicos. de cada irmão, ou postulante. Demonstra apenas, a evolução das crenças
O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma ordem mística, estimulando os seus seguidores ao uso da razão, para formar a sua própria
embora seus três primeiros graus o sejam, baseados que estão no pensamento opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus resulta da consciência e que as
judaico-cristão. Ainda assim, o maçom do Rito Moderno é naturalmente exteriorizações do seu culto não passam de um sentimento íntimo, que se pode
cientificista e, portanto, pedagogicamente mais afeito à forma do aprendizado traduzir das mais diversas maneiras.”
do que ao seu conteúdo. O Rito Moderno, por saber que a atitude filosófica  da Maçonaria é
O Rito Moderno entende que a busca da verdade se realiza no Grau a pesquisa constante da verdade, e por outro lado, ao  ver que a verdade,
12 13
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

para  que seja considerada em todo o seu sentido, deve ser absoluta e espírito à concepção de uma incessante orientação progressista; e a plena
infinita,  abraça a corrente de pensamento que reconhece a  impossibilidade conscientização do papel coletivo, que deve desempenhar na Terra, o Homem
do conhecimento do Absoluto pelo homem em sua finitude e relatividade, ou Permanente e Impessoal, de que a Ordem Maçônica é a personificação”.
seja, o AGNOSTICISMO, afirmando assim uma posição de humildade perante Em 1877, a Assembleia Geral do Grande Oriente de França decidiu suprimir
o  Absoluto, o que deveria ser característica de todo  Maçom. Acrescente-se o preceito até então proclamado como o princípio fundamental da Maçonaria:
mais que o Gnosticismo, como teoria da possibilidade de conhecimento (não a crença em Deus e a imortalidade da alma. Essa supressão, vitoriosa, obrigou
confundir com os chamados  "Gnósticos" do início da Era Cristã), afirma o Grande Colégio dos Ritos a reformular os Rituais, o que só ocorreu em 1886,
que é possível conhecer o absoluto. O Ateísmo, ao afirmar categoricamente porque foram muitas as resistências a vencer. A supressão daquele princípio
a  inexistência de Deus, pertence  à corrente gnóstica, posto que, nessa fundamental produziu o abandono da fórmula: “A Glória do Grande Arquiteto
assertiva, mostra ser possível conhecer o Absoluto, donde podemos concluir que do Universo”, bem como à retirada da Bíblia do Altar dos Juramentos.
o ateu jamais será agnóstico e o agnóstico não pode ser ateu, pois suas teorias A Constituição do Grande Oriente de França, após a reforma de 1877,
da possibilidade do conhecimento se chocam frontalmente. estabelece em seu art. 1º., depois de definir os objetivos e princípios da
Por outro lado, há religiões, como o Budismo, que,  em sua origem, Instituição: “A Franco-Maçonaria, considerando que as concepções metafísicas
tomam uma posição agnóstica, não se preocupando em explicar o Absoluto, são do domínio exclusivo da apreciação individual de seus membros, recusa-
reconhecendo a impossibilidade de defini-lo. Desta forma, o Rito Moderno se a qualquer afirmação dogmática”. Em homenagem ao Grande Oriente de
acolhe em seu seio, sem nenhum constrangimento, irmãos das mais diversas França, convém deixar bem claro os motivos por que ele operou essa reforma.
profissões religiosas e filosóficas, posto que,  mesmo sendo ele agnóstico, Sua atitude não traduziu, como poderia parecer, reação ao Sillabus, o código
não impõe aos seus membros o agnosticismo, mas exige deles uma posição de intolerância do Papa Pio IX, decretado em dezembro de 1864. O Grande
relativa quanto à  possibilidade de que outros  Irmãos, que abraçam outra Oriente não passou da posição deísta para a posição ateia. Absolutamente. Não
filosofia, estejam certos, ora quem é dono da verdade não tem necessidade de se impunha ateísmo a ninguém. O voto nº. 9, em virtude do qual a Assembleia
pesquisá-la ou procurá-la. suprimiu aquela afirmação dogmática de crença em Deus e na imortalidade
da alma, tem a sua genuína interpretação nos Boletins do Grande Oriente de
Dogma e Adogmatismo. França, dos anos de 1876 e 1877.

“DOGMA”: Ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa; No Boletim de 1876, à pág. 373, se lê:
“DOGMATISMO”: Doutrina que afirma a existência de verdades certas
que se podem provar; “Só a má fé pode assimilar a supressão, que se pretende, a uma negação
“ADOGMATISMO”: Orientação filosófica que se opõe às doutrinas da existência de Deus e da imortalidade da alma. Pleiteamos, sim, como bases
formalmente estabelecidas. exclusivas da Franco-Maçonaria a solidariedade humana e a liberdade de
Adogmático, “O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, consciência, mas essas bases comportam a crença em Deus e em uma alma
ou melhor, respeitosamente neutro, quanto à exigência para seus adeptos, imortal, tanto quanto autorizam o materialismo, o positivismo ou qualquer
da crença específica em um Deus revelado, ou Ente-Supremo, bem como outra doutrina filosófica”.
da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por constante Em matéria de fé, ela não afirma nem nega. Ela respeita de modo igual
ateísmo materialístico, mas, unicamente, pelo respeito incondicional ao modo todas as convicções, doutrinas e crenças sinceras. “Assim, as portas de nossos
de pensar de cada Irmão, ou Postulante. Demonstra, apenas, a evolução das Templos se abrem diante do protestante, como diante do católico, diante do
crenças, estimulando seus seguidores ao uso da Razão, para formar sua própria muçulmano como diante do cristão, diante do ateu como diante do deísta,
opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus resulta da consciência e que a desde que sejam homens de bem”.
exteriorização do seu culto não passa de um sentimento íntimo, que se pode “Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer seriamente que
traduzir de várias maneiras. Indica como dever aos maçons: o aperfeiçoamento o Grande Oriente de França quis banir de suas Lojas a crença em Deus e na
pela análise de todas as ideias liberais, igualitárias e generosas; a elevação do imortalidade da alma, quando, ao contrário, em nome da liberdade absoluta de
14 15
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

consciência, ele declara solenemente respeitar as convicções, as doutrinas e as “julgando-se dentro do espírito da lei da separação entre a Igreja e o Estado,
crenças de seus membros. Nós não afirmamos nem negamos nenhum dogma, amoldou-se melhor o Rito Francês ao eliminar a Bíblia do Altar dos Juramentos
para nos mantermos fiéis aos nossos princípios e à prática da solidariedade e suprimir as referências ao Grande Arquiteto do Universo.”
humana. Se convém aos Grandes Orientes estrangeiros nos caluniar, A reforma constitucional de 1877 só alcançava a jurisprudência do Grande
deturpando nossos pensamentos e desnaturando nossos sentimentos, que o Oriente de França, mas o Grande Oriente do Brasil, onde se praticava o Rito
façam: são livres”. Francês acompanhou aquela Potência.
Em 1877, quando a Assembleia ainda debatia o assunto, proclamava-se A maçonaria é equidistante das religiões, não é uma seita religiosa, e os Irmãos
(Boletim, pág. 243): que assim a tornam são, evidentemente, ou aqueles que procuram desvirtuá-la,
ou aqueles que, insatisfeitos com suas religiões procuram na Maçonaria uma
“Deixemos aos teólogos o cuidado de discutir os dogmas.” Deixemos às nova religião ou a compensação para as suas frustrações místicas.
igrejas totalitárias o cuidado de formular os Sillabus. Mas que a Maçonaria se E, é baseado na equidistância perante as religiões  que o Rito Moderno
torne o que deve ser: uma instituição aberta ao progresso, a todas as ideias não  adota a existência da Bíblia no Triângulo de Compromissos (Altar
morais e elevadas, a todas as aspirações largas e liberais. Que ela não desça de  Juramentos para outros Ritos). Os defensores da colocação da Bíblia
jamais à arena ardente das discussões teológicas, que não têm trazido senão alegam que deve  haver um "livro da lei revelada". A Bíblia só passou a ser
dissensões e perseguições. Que ela se guarde de querer ser uma Igreja, um adotada em  algumas Lojas a partir  de 1740, antes disso Anderson e os
Concílio, um Sínodo! Porque todas as Igrejas, Concílios e Sínodos têm sido demais Maçons aceitavam a obrigação do "Livro da Lei", Lei Maçônica, Lei
violentos e perseguidores, porque o dogma é, por sua natureza, inquisidor e Moral. Acrescente-se, ainda, que existem  religiões, tais como a Umbanda,
intolerante. Que a Maçonaria paire, pois, majestosamente, acima de todas as o Candomblé, a  Pajelança e outras, com  diversos adeptos entre nós que
questões de igrejas ou de seitas; que ela sobreleve do alto, todas essas discussões; possuem um livro da lei revelada, cuja tradição é oral. Perguntamos: que livro
que ela se torne o vasto abrigo, sempre aberto a todos os espíritos generosos e religioso se colocaria na presença de tais Irmãos?
bravos, a todos os perquiridores conscienciosos e desinteressados da verdade e Nosso "Livro da Lei" são os princípios da Sublime  Ordem, quando
a todas as vítimas, enfim, do despotismo e da intolerância. muito as  Constituições das Potências às quais pertença a  Loja, onde constam
A Moção que adotou o voto nº. 9, supressivo, consta, finalmente, à fl. 248 tais princípios, ou ainda, as Constituições de Anderson, em sua redação original,
do Boletim de 1877: que deu origem à institucionalização da moderna Maçonaria.
“A Assembleia, considerando que a Franco-Maçonaria não é uma religião, No entanto, a Grande Loja da Inglaterra que considera condições
não pode, por consequência, afirmar em suas Constituições doutrinas ou indispensáveis para a vida maçônica a crença em Deus e em uma vida futura, e
dogmas”. que rompeu com os Grandes Orientes da França e da Bélgica em defesa desses
O texto aprovado estabelecia: “A Franco-Maçonaria, instituição princípios, fez com o Grande Oriente do Brasil, em 1935, um tratado de aliança
inteiramente filantrópica e progressista, tem por objetivo a procura da indissolúvel, firmando-se as relações cordiais entre os dois corpos. (Viegas, 1986).
verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das artes e o exercício
da beneficência. Tem por princípios a liberdade absoluta de consciência e a
solidariedade humana. Não exclui ninguém por suas crenças. Tem por divisa:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, (“Les Franc-Maçons”, de Serge Hutin,
ed. 1960, pág. 109, coleção “Le Temps qui court”).
É curioso assinalar-se que a aprovação se deu após um discurso muito
aplaudido do Ir∴ Desmons, que não era livre pensador, mas um pastor
protestante.
No Brasil, já na República, entre 1891-1901, o Grão-Mestre Antônio
Joaquim de Macedo Soares, tendo como Secretá-rio-geral Henrique Valadares,
deu à Maçonaria grande influência francesa e, como diz Viegas em 1986:
16 17
Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Cleber Tomás Vianna

DECISÃO SOBRE O USO DA BÍBLIA

Uso da Bíblia em Vale do Lavradio, 15 de Setembro de 1969, E∴ V∴.

Loja do Rito Moderno. Soberano Grão-Mestre,

Levamos ao conhecimento do Pod∴ Ir∴ que o Muito Pod∴ e Sub∴ Grande Cap∴
Em 1969, houve a decisão final adotada pelo Mui Poderoso e Sublime Capítulo do Rito Moderno para o Brasil, em Sessão realizada aos oito dias do mês de setembro
do Rito Moderno, hoje, SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno. (Vide do ano de 5969 da V∴ L∴, tomando conhecimento da comunicação verbal formulada
Ritual do GOB de 2009, págs. 17 - 23 ou Boletim do Grande Oriente do Brasil nº. pelo Grão Mestrado, ao propósito das preocupações da Potência Simbólica, no que
8 - Ano 98 – Agosto/Setembro de 1969 - págs. 61- 63 – [Transcrição abaixo]). tange à colocação do Livro da Lei (especificamente a Bíblia), como uma das alfaias
das Lloj∴ Simbólicas, houve por bem tomar a Resolução anexa a este.
Seja-nos lícito enfocar a posição desta Oficina, que jamais abdicou ou abdicará
de suas prerrogativas, mas tão somente se permitiu examinar o aspecto material da
questão, no pertinente às conveniências internacionais.
Ademais disso, esta Potência, centenária e regular, não poderia se furtar ao
exame da matéria, porém, dentro do prisma em que foi equacionada, até porque, é
de sua tipicidade apreciar e discutir problemas que interessem à Ordem dentro do
campo amplo do filosofismo.
Esperando ter dado mais uma contribuição para o Simbolismo, sem quaisquer
laivos de ingerência, aproveitamos o ensejo para enviarmos o Trip∴ Abr∴ Frat∴ ao
querido e Pod∴ Ir∴.

Atenciosas saudações,

Henrique Cândido Camargo - Gr∴ lnsp∴.•••

“Trata” a presente convocação, de Sessão especial para se tomar conhecimento da


comunicação formulada pelo Grão-Mestre Geral da Ord∴ (Potência Simbólica), através
o comparecimento do Pod∴ Ir∴ CARLOS KEIDEL, passado para o Or∴ Eterno, para nos
dar conta das preocupações da Potência Simbólica, no que tange à colocação do Livro da
Lei (especificamente a Bíblia), como uma das alfaias da Loj∴ Simbólica.
Ciente da comunicação verbal, e examinando-a detidamente, esta Oficina Filosófica
passou a deliberar:
CONSIDERANDO que é da competência da Potência Simbólica a administração
dos Graus Simbólicos, na forma do art. 154 da Constituição do Gr∴ Or∴ do Brasil;
CONSIDERANDO que a Potência Simbólica exerce na mais completa
independência essa administração, abrangendo toda a jurisdição nacional;
CONSIDERANDO que o simbolismo está prenhe de atos e fatos consignados no
VELHO TESTAMENTO;
18 19

CONSIDERANDO, entretanto, que a história da maçonaria na sua parte exotérica é FRATERNIDADE entre pessoa que teriam permanecido perpetuamente distanciadas".
por vezes tumultuada pela ficção, decorrendo daí deturpação de seus conceitos; Afirmação tanto mais oportuna quanto é certo que na atual conjuntura os conceitos hão
CONSIDERANDO, todavia, que a parte esotérica não admite sequer, ainda que de ser reformulados face ao dinamismo tecnológico do mundo moderno;
remotamente, DOGMAS ou CISMAS dentro da instituição; CONSIDERANDO que não se deve confundir sentimento religioso com religião, eis
CONSIDERANDO que, no que tange à colocação da BÍBLIA no Altar dos que esta se calca em dogmas e aquele nada mais é que um bem da inteligência humana;
Juramentos ou Altar dos Compromissos tem ocasionado sérias controvérsias, haja vista CONSIDERANDO que é um grande erro assinalar-se abusivamente a natureza religiosa
a interpelação formulada pela Gr∴ Loj∴ do Uruguai ao propósito da imposição inglesa; da Ordem, de confundir teologia com filosofia, dogma e pensamento de livre escolha;
CONSIDERANDO, ainda, que a Loja Mãe adota para seus trabalhos, não a Bíblia, em CONSIDERANDO que à Oficina Chefe do Rito compete a fiscalização da observância
seu contexto integral, mas, apenas, o Pentateuco, isto é, os cinco primeiros livros do Velho da liturgia e da ritualística;
Testamento, e que são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; CONSIDERANDO que o Livro da Lei faz parte integrante das luzes da Loj∴ ao lado do
CONSIDERANDO, por outro lado, que, segundo "As Marcas ou Lei Tradicional", de Esq∴ e do Comp∴;
Albert G Mackey, item XXI, o "Livro da Lei" não há de ser necessariamente a Bíblia, mas, CONSIDERANDO, por derradeiro, que esta Oficina Filosófica cuida única e
sim, o volume que, segundo a religião do país, se crê que contenha a revelada vontade do exclusivamente dos Graus Filosóficos:
Gr∴ Arq∴ do Universo;
CONSIDERANDO que, de acordo com o mesmo item, Mackey afirma que a R E S O L V E: - AO TOMAR CONHECIMENTO DA COMUNICAÇÃO DO
maçonaria não há de se intrometer na consciência religiosa de seus membros, exceto GRÃO-MESTRADO, ATRAVÉS A PALAVRA DO IL∴ GR∴ SEC∴ DAS RELAÇÕES
no que corresponde a crença em DEUS e na imortalidade da alma que, logicamente, se EXTERIORES, NOS TÊRMOS DA QUAL SOBRELEVAM-SE AS CONVENIÊNCIAS
derivam daquela; INTERNACIONAIS DO GR∴ OR∴ DO BRASIL, E NÃO OBSTANTE OS
CONSIDERANDO, por outro lado, que para ingresso na Ordem exige-se sem CONSIDERANDOS ACIMA MENCIONADOS, DECLARAR A COMPETÊNCIA DA
nenhum outro condicionamento que o profano seja homem livre e de bons costumes; POT∴ SIMB∴ PARA ADOTAR A RESOLUÇÃO QUE HARMONIZE A DOUTRINA
CONSIDERANDO, ainda, que a gênese das expressões "ateu estúpido" e "libertino MAÇÔNICA COM O ESPÍRITO E A FORMA DE SEUS COMPROMISSOS EXTERNOS,
irreligioso" consignadas no artigo primeiro dos ANTIGOS DEVERES, teve origem em NO TOCANTE A DEFINIÇÃO DA BÍBLIA COMO O LIVRO DA LEI PARA O BRASIL.
fatos religiosos e políticos, decorrentes do escândalo provocado pelo duque PHILIP
DE WARTON, presidente dos HELL FIRE CLUBS, e eleito Gr∴ Mest∴ da Gr∴ Loj∴ Templo dos Capítulos, aos 8 dias do mês de setembro do ano de 5969 da V∴ L∴.
da Inglaterra, como se pode constatar in "La Charte inconnue de La franc-maçonnerie
chrétienne" de Alec Mellor, págs. 32/37; Henrique Cândido Camargo - Gr∴ lnsp∴.
CONSIDERANDO, mais, que a Bíblia é um símbolo sagrado que, entretanto, Samuel da Rocha Fonseca - Gr∴ Secr∴.
a nenhum maçom se lhe exige a crença exclusiva em seus ensinamentos e que se pode
substituí-la por outros livros igualmente sagrados; Condição de regularidade da GLUI.
CONSIDERANDO que o RITO MODERNO não é DEÍSTA, nem TEÍSTA, por
não admitir dogmas, porém, não é antideísta nem antiteísta, não sendo obviamente A Grande Loja Unida da Inglaterra preza que se atendam os oito pontos para o
POSITIVISTA e muito menos ATEU; reconhecimento de uma Potência Maçônica, o que nós aceitamos, haja vista que o Grande
CONSIDERANDO que o RITO MODERNO não é necessariamente AGNÓSTICO, Oriente do Brasil tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com ela.
mas sua posição se situa dentro da PRUDENTE NEUTRALIDADE que deve viger, isto 1. – Deve ter sido legalmente estabelecida por uma Grande Loja ou por três ou mais
pela sua própria constituição, pois respeita a liberdade de consciência de todos os que para lojas privadas, cada qual garantida por uma Grande Loja Regular;
ele acorrem; 2. – Deve ser verdadeiramente independente e autogovernada, com autoridade
CONSIDERANDO, ainda, que o RITO MODERNO, pela sua indiscutível flexibilidade, inconteste sobre a Maçonaria Operativa ou Básica (id est, os graus simbólicos de Aprendiz,
é o que pode concentrar toda a gama estrutural concebida por ANDERSON, quando no Companheiro e Mestre Maçom) dentro de sua jurisdição e não estar sujeita de nenhuma
artigo primeiro da sua Constituição, in-fine, assim se pronunciou: maneira a divisão de poder com outro corpo maçônico;
"De sorte que a Maçonaria é o CENTRO DE UNIÃO e o meio de conciliar verdadeira 3. – Os maçons sob sua jurisdição devem ser homens, e ele e suas Lojas não devem ter
20 21

nenhum contato maçônico com lojas que admitam mulheres como membros;
4. – Os maçons sob sua jurisdição devem acreditar em um ser supremo; 2 Peculiaridades do Rito consoantes
aos Rituais adotados no Brasil
5. – Todos os maçons sob sua jurisdição devem tomar suas obrigações sobre ou à
plena vista do Volume da Lei Sagrada (id est, a Bíblia) ou o livro considerado sagrado pelo 1. – Não há juramento no RM. O Compromisso é sobre a Constituição;
postulante; o candidato não se ajoelha. Define-se a Maçonaria como uma instituição, cujos
6. – As Três Grandes Luzes da Franco-Maçonaria (id est, o Livro da Lei Sagrada, princípios são: a Tolerância, o Respeito Mútuo e a Liberdade de Consciência. Sua
o Esquadro e o Compasso) devem estar visíveis quando a Grande Loja ou suas Lojas divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Não há Bíblia aberta, nem outro L∴ S∴,
Subordinadas estiverem abertas; nem preces, nem se invoca O G∴ A∴ D∴ U∴;
7. – A discussão de religião e política dentro das lojas deve ser proibida; 2. – Faz-se a glorificação do trabalho, mas a letra G é gravitação, gênio, geometria,
8. – Deve aderir aos princípios estabelecidos e as regras (os antigos Landmarks) e e a Estrela Flamejante simboliza a estrela polar ou o astro do livre pensamento;
os costumes da Ordem e insistir na sua observação dentro das Lojas. 3. – A acácia não é a imortalidade. Ela significa que a vida tira seus elementos da
morte e lembra a renovação social pela liberdade, que sucede à opressão;
Landmarks. 4. – Não há referência a Divindades. A Palavra Perdida é a trilogia da Revolução
Francesa;
ORitoModerno,coerentecomseusprincípios,aceitacomomaisconcernenteacompilação 5. – Zela-se pela Ritualística e Filosofia do Rito;
de Findel, que é a seguinte: 6. – Faz-se parte da administração do Rito em todo o território nacional com
1. – A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que todos os mandato sobre os Grandes Conselhos Estaduais;
homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de Anderson, 7. – Nos Rituais especiais, o mesmo sentido agnóstico;
primeiro documento oficial da moderna Maçonaria); 8. – Na inauguração do Templo, se invoca a Verdade, a Razão e a Justiça;
2.– Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo 9. – Na confirmação do casamento, considera-se a cerimônia como um
religioso ou político; contrato, visando a perpetuação da espécie;
3. – Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno direito de 10. – Na pompa fúnebre: não há afirmação da imortalidade do espírito,
visitar outras Lojas; nem a invocação do G∴A∴D∴U∴ e se diz que: “O corpo morto, vai contribuir ao
4. – Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade desenvolvimento da vida vegetal”.
espiritual, cultura geral e ser maior de idade;
5. – A igualdade dos Maçons em Loja;
6. – A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da
Fraternidade; Liturgias
7.– Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para a no Rito Moderno.
Ordem discussões sobre assuntos de religião e política;
8. – O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na Iniciação; Nos Rituais vigentes do Rito Francês ou Moderno não há liturgia, porque não há
9. – O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de cerimônia religiosa. Os Ritos podem compreender cerimônias religiosas e não religiosas.
ser representado no Alto Corpo. Segundo Jules Boucher, em seu conhecido livro “La Symbolique Maçonnique”, Rito é, em
Maçonaria, “a codificação de certas cerimônias. É o cerimonial”. Nos seus Rituais vigentes,
o Rito Francês ou Moderno é um Rito, sem as práticas religiosas de um culto. Seus Rituais
contêm as regras ou preceitos, com os quais se realizam as cerimônias e se comunicam os
SS∴, TT∴, PP∴ e demais instruções secretas dos graus.
No Rito Moderno, estudamos que o maçom, fiel ao espírito da própria Instituição, tem
uma tríplice caminhada a percorrer, passando por três estados: o Místico, o Metafísico e o
Científico, uma vez que nós, maçons, estamos ligados ao próprio destino da Humanidade.
22 23

A filosofia do Rito se opõe a


Dependendo do grau em que a Loja esteja trabalhando, varia a posição do qualquer espécie de discriminação.

O
esquadro e do compasso sobre o Livro da Lei:
No grau de Aprendiz Maçom, o esquadro é colocado sobre o compasso, com Rito Moderno emprega SS∴, TT∴ e PP∴ para cada grau; desenvolve as
suas hastes ocultando as hastes deste; No de Companheiro, eles, os instrumentos, cerimônias por meio de fórmulas misteriosas e emblemáticas dentro dos
estão entrecruzados, com uma das hastes do esquadro ocultando uma haste do Templos, com símbolos da construção universal; usa no primeiro Grau
compasso, enquanto a outra haste deste cobre a outra haste daquele; no de Mestre, a Câmara das Reflexões para o neófito, desenvolve na iniciação o cultivo
o compasso é colocado sobre o esquadro, com suas hastes ocultando as hastes deste. da Moral, da Frat∴ e da Tolerância e explica as viagens simbólicas; no 2º. Grau
Nos ritos místicos, esotericamente, o compasso representa o espírito e o esquadro glorifica, na cerimônia iniciática, o trabalho e o emprego das respectivas ferramentas
simboliza a matéria. e o aprimoramento das ciências e das artes; no 3º. Grau adota a lenda de Hiram e a
Assim, no Aprendiz, ainda imperfeito, a materialidade suplanta a sua analogia com o princípio científico que a vida nasce da morte.
espiritualidade; no Companheiro, há um equilíbrio entre a espiritualidade e a Tudo isso se contém nos três Graus simbólicos do Rito Francês ou Moderno,
materialidade; e, finalmente, no Mestre, há o triunfo do espírito sobre a matéria. com exceção da afirmação dogmática. Evidentemente assim é porque o Rito é
No racional Rito Moderno, todavia, a interpretação é outra: no grau de agnóstico, o que, aliás, não contraria o cânone citado no – “Livro das Constituições”
Aprendiz, as hastes do compasso, presas sob o esquadro, representam a mente, de Anderson, solenemente aprovado como codificação da Lei Maçônica em 17 de
ainda subjugada pelos preconceitos e pelas convenções sociais, sem a necessária janeiro de 1723 pelos Maçons ingleses e ainda hoje obedecido em todo o mundo
liberdade para pesquisar e procurar a Verdade; no grau de Companheiro, onde maçônico regular.
é libertada uma das hastes, há a demonstração de que o maçom já tem certa
liberdade de raciocínio e está no caminho da Verdade; no grau de Mestre, as hastes “Livro das Constituições” de Anderson.
do compasso, que é o símbolo do conhecimento, livres, mostram que o Mestre é
aquele que tem a mente totalmente livre para se dedicar ao trabalho de construção.
Para os ritos teístas, a verdade, simbolizada pelas hastes livres do compasso,
é a Verdade Divina, o atributo da mais alta espiritualidade, só reconhecido na
divindade, enquanto a verdade simbolizada pelas hastes presas do compasso é a
Verdade humana, demonstrada como imperfeita, rústica, instável e subjugada pelos
preconceitos. Para o Rito Moderno, a verdade contida nas hastes do compasso é a
Verdade sempre renovada da evolução científica, do raciocínio livre e do espírito
crítico, que dá, ao Homem, a liberdade de escolher os seus padrões morais e
espirituais, sem o paternalismo que lhe mostre uma verdade estática e imutável,
transformada em transcendental e, por isso mesmo, enigmática e inacessível.
Afinal, o que é a Verdade? Ninguém, até hoje, respondeu a essa pergunta. Se a
verdade do homem é, ainda, uma incógnita, como se pode estabelecer o teor da verdade
divina, se Deus, segundo todas as teologias, é o Infinito Incognoscível? Mostra ainda, o
Rito Moderno, que ele não elimina o conceito de divindade, mas também não o impõe.
Ele apenas respeita a liberdade de consciência do Homem e o seu raciocínio crítico,
rejeitando os paradigmas impostos por homens falíveis, que, em nome de suas crenças
místicas, pretendem se arvorar em arautos e intérpretes da Vontade e da Verdade de Deus.
O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que
desaprova o dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser racionalista e,
portanto, Adogmático, propugna pela busca da Verdade, ainda que provisória e
em constante mutação.
24 25

Criação da Câmara dos Altos Graus aprofundado sugiro a leitura do excelente trabalho feito pelo querido irmão
Joaquim Villalta no Blog “Racó de La Llum”.).
Vejamos o que diz a respeito, em uma de suas conferências feita na Bélgica,
A obra de Prichard (1730), traduzida para o Francês, passou a ser praticada o irmão Jean Van Win:
pelas primeiras Lojas fundadas na França e, por conveniência de interpretação, ...“Os altos graus foram desenvolvidos na Europa, sem qualquer organização,
passou a se chamar de Rito Francês ou Rito Moderno e, ainda, como soe ser sem qualquer lógica, e foram bastante criticados por muitos historiadores, maçons
mais coerente, Rito Francês ou Moderno. ou não. Eles contam com muitas duplicidades. O único futuro Rito Francês, antes
A primeira Grande Loja da França foi fundada em 1738 e, num Convento da racionalização de 1780, incluirá não menos que 81 (...) “A Câmara dos Graus
havido em 1773, muda o nome para Grande Oriente e se institui como uma do GODF trabalha duro em 1782-1783, e envia às lojas em 1786 e em 1787, os
Federação de Lojas e Ritos. Seu primeiro Grão-Mestre é Luís Felipe II (Louis Cadernos dos três graus azuis e das quatro ordens de sabedoria que compõem a
Philippe Joseph d'Orléans), Duc d’Orléans, que em 1752 passou a se denominar globalidade do Rito Francês. Esta última estrutura, que penetra na Bélgica e na
Duc de Chartres. Holanda desde 1792, consiste em ordens dos Eleitos – do Escocês – do Cavaleiro
Estabelece sua Câmara de Altos Graus em 1782, visando dar ordem às do Oriente – do Cavaleiro Rosa Cruz. Uma ordem é um conjunto de graus
centenas de Graus e de rituais então existentes no seio da Maçonaria universal. agrupando temas semelhantes e, inevitavelmente, excluindo certos graus julgados
Através da Circular de 1784 cria o Grande Capítulo Geral de França coordenado supérfluos.” (...)“O Rito Escocês Antigo e Aceito se constitui como o Rito Francês,
pelo irmão Roëttiers de Montaleau. isto é, ele se apropria de uma série de nomes de graus presentes no chamado Rito
Só em 1785, foram editados rituais oficiais para os três graus simbólicos, de Perfeição, mas em vez de se compactar em quatro ordens, ele as divide em 33
resultado da uniformização e da codificação das práticas das Lojas Francesas graus, dos quais os últimos cinco nascem em Charleston, nos Estados Unidos sob
nos anos anteriores. Com a impressão do “Le Régulateur” em 1801, todos os uma influência antiga, mas ainda não identificada. O Rito francês em seus altos
graus do Rito Moderno passaram a ter o seu ritual. graus vem, portanto, do mesmo patrimônio iniciático que o REAA; no entanto, o
Depois do Convento de 1786 e da decisão do Soberano Capítulo método de racionalização foi diferente.”...
Metropolitano havida em 1807, foi desenvolvido na época, e intensamente, Dessa forma, instituída a Câmara de Altos Graus, se redige um Ritual próprio
as atividades das Ordens de Sabedoria ou dos Altos Graus do Rito Francês, agrupando os diversos graus em Ordens filosóficas, com a administração dos
espalhando-se por toda a França e pelas colônias francesas, pela Bélgica e todos Capítulos que trabalham acima dos Graus Simbólicos (Aprendiz; Companheiro;
os países que pertenciam à área de influência continental francesa, incluindo Mestre), como sejam:
Portugal e Espanha que por sua vez a passam para os países latino-americanos, 1ª. Ordem - 4º. Grau – Eleito; 
inclusive para o Brasil (Wikipédia). 2ª. Ordem - 5º. Grau - Eleito Escocês;
Conforme nos ensina o maçonólogo Joaquim Villalta, da Espanha, o 3ª. Ordem - 6º. Grau - Cav∴ do Oriente ou da Espada;
referido Capítulo, embora formado por membros do GOdF, era independente 4ª. Ordem - 7º. Grau - Cav∴ Rosa-Cruz;
do mesmo e, quando se integra ao GOdF, se denomina Soberano Capítulo 5ª. Ordem - 8º. Grau - Cav∴ Kadosh ou Insp∴ do Rito.
Metropolitano que, em 1807, define de forma concisa a formatação dos cadernos No Brasil, em 1998, como veremos no capítulo adiante e, conforme consta
dos Altos Graus, pois havia necessidade de se definir com padronização no Ritual do SCRM - Grau 9, Cavaleiro da Sapiência, se reorganizou o Rito
pertinente, o que se trataria dentro da Vª Ordem pelo Conselho dos IX e dos Moderno, e se criou dentro da 5ª. Ordem o 9º. Grau, Cav∴ da Sapiência ou
27 membros da Câmara, que cuidavam da parte acadêmica e administrativa Gr∴ Insp∴ do Rito.
(conforme Regulamento do Grande Capítulo geral da França de 1784) da Os 81 Graus foram estruturados em nove séries e, em forma de Arca, onde
referida Vª. Ordem, fato que lhes dão acesso até a 8ª. Série - Caballero del Sol. são abrangidos todos os graus físicos e metafísicos de todos os sistemas de ritos
O Conselho dos IX, era o Detentor das 9 séries e recebia o Grau denominado praticados, conforme manuscritos da época (ver JOABEN Hors Série):
“Iniciado nos Profundos Mistérios” (grau de número 62 contido no conjunto 1ère série (9 graus):
dos 81 graus estabelecidos) e estava agregando o último Grau da Compilação 1. Apprenti; 2. Compagnon; 3. Maître; 4. Maître Secret; 5. Maître Particulier;
dos 33 Graus feitas pelo Conde de Clermont em 1768. (Para um estudo 6. Maître par curiosité ou Maçon Anglais; 7. Secrétaire Intime; 8. Maître Prévôt
26 27

et Juge ou Prévôt Irlandais e 9. Intendant des Bâtiments. Les Philosophes; 78. Suprême
2è série (9 graus): Commandeur des Astres; 79. Sublime
10. Élu; 11. Élu des Neuf; 12. Élu des Quinze dit de Pérignan; 13. Élu Parfait; Philosophe Inconnu; 80. Chevalier de
14. Maître Élu; 15. Élu Secret (Sévère Inspecteur); 16. Sublime Élu; 17. Élu la Cabale; 81. Chevalier de la Balance.
Écossais e 18. Élu des Douze Tribus. Para um melhor entendimento
3è série (9 graus): sobre a matéria, indicamos a obra:
19. Chevalier du Lion; 20. Chevalier de l'Ancre; 21. Chevalier des Deux Les 81 Grades qui fondèrent au siécle
Aigles Couronnés; 22. Petit Architecte; 23. Grand Architecte; 24. Sublime des Lumières le Rite Français (Gran
Philosophe Inconnu; 25. Initié dans les Mystères; 26. Maître de Loge Français e Chapitre General Du GOdF/ JOABEN
27. Maçon Parfait; Chevalier de L’Anneau d’Or ou Parfait Maçon Anglais. Hors Série).
4è série (9 graus):   
28. Chevalier de L’Anneau d’Or  ou Parfait Maçon anglais; 29. Les
Sacrifices; 30. Écossais de Clermont; 31. Écossais de Granville; 32. Écossais des
3 J.J.J. inconnus; 33. Écossais de la Voûte Sacrée de Jacques VI; 34. Écossais des
Quarante; 35. Écossais Français e 36. Écossais de Montpellier.
5è série (9 graus):
37. Écossais du Triple Triangle; 38. Sublime Écossais Anglais; 39. Écossais

4
de la Perfection; 40. Écossais Irlandais; 41. Écossais Escogide; 42. Écossais de
Naples; 43. Écossais Trinitaire; 44. Architecte Écossais e 45. Grand Architecte
Écossais.
6è série (9 graus): SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno
46. Noachite Écossais; 47. Écossais de Saint-André ou Quatre Fois

A
Respectable Maître; 48. Chevalier de Saint-Jean de la Palestine; 49. Chevalier Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio
de la Bienfaisance ou du Parfait Silence; 50. Chevalier du Saint-Sépulcre; 51. de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos Ritos então praticados:
Chevalier de l'Onction; 52. Chevalier d'Orient; 53. Prince de Jérusalem e 54. Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Em 12 de janeiro
Commandeur d'Orient. de 1842, com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande Oriente
7è série (9 graus): do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então
55. Chevalier de l'Aigle ou des Maîtres Élus; 56. Chevalier de l'Aigle ou praticados, por Manoel Joaquim de Menezes. Com a Constituição de 1855, foi
Parfait Maître en Architecture; 57. Chevalier de l'Étoile d'Orient, 58. Grand criado, o Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis.
Commandeur du Temple; 59. Grand Maître des Maîtres; 60. Les Antipodes; Com a extinção do Grande Colégio, foi formado o Sublime Grande Capítulo
61. Couronnement de la Loge Bleue et de la Maçonnerie; 62. Initié dans les dos Ritos Azuis, com a participação dos Ritos Moderno e Adonhiramita, cujo
Profonds Mystères e 63. Écossais de Saint-André d'Écosse. Regulamento Geral seria aprovado em 7 de maio de 1858, conforme ressaltado nos
8è série (9 graus): textos abaixo (há discordância de data de Fundação do Grande Capítulo do Rito
64. Chevalier d'Occident; 65. Chevalier de Jérusalem; 66. Chevalier de la Moderno, privilegiando o ano de 1874 em detrimento ao ano de 1842).
Triple Croix; 67. La Vraie Lumière, 68. Prosélyte de Jérusalem; 69. Chevalier du “Em 1839 (1º. DE SETEMBRO), ano em que a Constituição do Grande Oriente
Temple; 70. Chevalier du Soleil; 71. Grand Inspecteur Commandeur e 72. Élu do Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos ritos
de Londres. então praticados: Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Este último
9è série (9 graus) : havia sido introduzido em 1829 e seu Supremo Conselho, fundado em 1832, sendo
73. Maçon Hermétique; 74. Élu Suprême; 75. Écossais de Saint-André Obediência independente, começava a criar suas próprias Lojas. Em 1842 (12 DE
du Chardon; 76. Chevalier ou Illustre Commandeur de l'Aigle Noir  ; 77. JANEIRO), com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande Oriente do
28 29

Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então praticados,
o que mostra como foi extemporânea a comemoração, em 1992, no Rio de Janeiro, do
“sesquicentenário” da Oficina Chefe do Rito Moderno”.
a) “O Grande Capítulo do Rito Moderno, na realidade, só surgiria em novembro
de 1874, depois da criação do Grande Capítulo Noachita e a consequente saída deste
do Capítulo dos Ritos Azuis. O atual título da Oficina Chefe, Supremo Conselho do
Rito Moderno para o Brasil, é bem mais recente, de 1976”. Ou seja, aqui aparece pela
primeira vez o título “Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês” dado pela
Obediência GOB. O Grande Colégio de Ritos do GOB praticava os ritos simbólicos
e filosóficos. O Grande Oriente do Brasil era uma Obediência mista (simbólico-
filosófica), numa situação que iria perdurar até 1951. A separação das Obediências
Simbólicas e Filosóficas só ocorreria em 1951, pelo GOB, conforme será visto
adiante.
Em 1839, a Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande
Colégio de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos Ritos então praticados: Moderno,
Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Em 1842, com a promulgação de uma
nova Carta Magna do Grande Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio
dos Ritos, com os três ritos então praticados. Ocorrem divergências entre os vários
Irmãos no tocante às datas e ao histórico relativo ao Rito Moderno:
A Obediência Filosófica no Brasil foi fundada pelo Irmão Manoel Joaquim de
Menezes, como Grande Capítulo dos Ritos Azuis, em 1842.
A Constituição do GOB de 1855 criou o Capítulo dos Ritos Azuis. Os chamados
Ritos Azuis referem-se aos Ritos: Moderno e Adonhiramita, cujas cores são azuis,
cujo Regulamento Geral seria aprovado somente a sete de maio de 1858.
Prossegue Álcio de Alencar Antunes: “Com a separação dos Ritos Azuis,
passou a funcionar sob a denominação de Grande Capítulo do Rito Moderno ou
Francês, a partir de 25 de novembro de 1874 (Sessão N°. 227)”.
Esta separação ocorreu depois da criação do Grande Capítulo Noachita (nome
alusivo a Noah, ou Noé), e a consequente saída do Rito Adonhiramita do Capítulo
dos Ritos Azuis. b) De acordo com o DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, pág. 63, Seção
1, Constituição de 12/06/1954, do GRANDE CAPÍTULO DO RITO MODERNO
PARA O BRASIL, este foi fundado por Manoel Joaquim de Menezes em 1842,
com o Título de Grande Capítulo Geral dos Ritos Azuis. Aceito e Reconhecido
pelo Grande Oriente do Brasil como Grande Oficina Chefe do Rito Moderno ou
Francês no Brasil pela Constituição e Estatutos Gerais da Maçonaria, promulgado
pelo Decreto Lei de 20 de abril de 1855 da E. V. passou a funcionar com o Título Nota 2: A 23 de maio, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB,
de Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês em 25 de novembro de 1874 E. Joaquim Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava
V. (sessão 227). a reger apenas a Maçonaria Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente
Nota 1: De acordo com este Diário Oficial da União estava como Soberano voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica, separando-se das
Grande Inspetor do RM o Ir∴ Porphyrio Augusto Ferreira Secca (1953-1956). Oficinas Chefes de Rito.
30 31

c) abordando a data da separação dos Graus Simbólicos e Filosóficos, pelo recognized as Grand Head of the Modern Rite in Brazil by the Grand Orient
GOB, em 1951: of Brazil. On November 25. 1874, it chose to operate under the name of Grand
“O Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº. 21, de 2 de abril de 1873, Chapter of the Modern or French Rite (Grande Capítulo do Rito Moderno ou
o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas, ligado, como Supremo Conselho Francês).”
Escocês, ao Grande Oriente. Este (GOB) era uma Obediência mista (simbólico- (Breve História do Rito Moderno no Brasil):
filosófica), numa situação que iria perdurar até 1951. Nesse ano, a 23 de maio, ...“O Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para
pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodrigues Neves, o Brasil foi fundado por Manoel Joaquim Menezes, em 1842 sob o título de O
promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria Grande Capítulo dos Ritos Azuis. Foi aceito e reconhecido como Oficina Chefe
Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência do Rito Moderno no Brasil pelo Grande Oriente do Brasil. Em 25 de novembro
estritamente simbólica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito. A Constituição de 1874, escolheu operar sob o nome de Grande Capítulo do Rito Moderno ou
esclarecia que o Grande Oriente “com elas mantém relações da mais estreita Francês.” ...
amizade e tratados de reconhecimento, mas não divide com elas o governo dos O Grande Colégio dos Ritos do GOB praticava os ritos simbólicos e
três primeiros graus, baseados na lenda de Hiram, que exerce na mais completa filosóficos. O Grande Oriente do Brasil era uma Obediência mista (simbólico-
independência em toda a sua vasta jurisdição”. filosófica), numa situação que iria perdurar até 1951. A separação das
d) De acordo com o Irmão José Coelho da Silva (A Missão do Rito Moderno, Obediências Simbólicas e Filosóficas só ocorreria em 1951, pelo GOB. A
SCRM, p. 22, 1994), que foi Soberano Grande Inspetor em 1974: Constituição esclarecia que o Grande Oriente “com elas mantém relações da
“Cada uma dessas Grandes Oficinas Litúrgicas mantém um “TRATADO mais estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não divide com elas
DE MÚTUO RECONHECIMENTO” com a Potência Simbólica, no caso do Rito o governo dos três primeiros graus”.
Moderno, com o GRANDE ORIENTE DO BRASIL, pelo qual estão reguladas as Em 23 de maio de 1951, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB,
atribuições de cada Corpo Maçônico, estando definida, inclusive, a igualdade de Joaquim Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava
direitos, nos atos solenes, entre o Grão-Mestre Geral e o Soberano Grande Inspetor a reger apenas a Maçonaria Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente
Geral do Rito Moderno. Isto porque, desde 1842, quando de sua fundação, foi voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica, separando-se das
considerada a nossa Grande Oficina como o MANDATÁRIO EXCLUSIVO DO Oficinas Chefes de Rito.
RITO MODERNO OU FRANCÊS NO BRASIL, ratificado pela Constituição e O Grande Oriente do Brasil — inicialmente Grande Oriente Brasílico —
Estatutos Gerais da Maçonaria, de 25 de novembro de 1863, promulgada em 25 criado em 1822, adotou o Rito Moderno. E isso é comprovado, pela História do
de novembro de 1865 como a Lei Fundamental da Ordem Maçônica no Império GOB, através de suas atas daquele ano. Foi o Rito adotado pelos seus Altos Corpos.
do Brasil. Passou a funcionar com o título de GRANDE CAPÍTULO DO RITO Observa-se que o ano de Fundação do Supremo Conselho do Rito
MODERNO OU FRANCÊS a partir de 25 de novembro de 1874 e MUITO Moderno adotado pelos Soberanos de Honra, José Coelho da Silva, Álcio de
PODEROSO E SUBLIME CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL Alencar Antunes e José Maria Bonachi Batalla é o de 1842, época que o irmão
a partir de 9 de março de 1953. Já em 1976 teve a Constituição atualizada, Manoel Joaquim Menezes, membro do GOB, reorganiza o Grande Colégio
passando a denominar-se SUPREMO CONSELHO DO RITO MODERNO dos Ritos, sendo considerado por eles o fundador da Oficina Chefe deste Rito.
PARA O BRASIL, resguardando as finalidades e a competência, mas ampliando
as suas conquistas em relação as demais filosóficas. ” O registro no Diário Oficial da União, da Constituição do então Grande
e) segundo o Soberano Grande Inspetor Geral do Rito Moderno de Honra Capítulo do Rito Moderno ou Francês, em 12/06/1954, confirma tanto o
José Maria Bonachi Batalla ano de Fundação 1842, assim como o seu fundador Manuel Joaquim de
(A Brief History of the Modern Rite in Brazil) Menezes. A promulgação de uma nova Carta Magna do Grande Oriente
“The Very Mighty and Sublime Grand Chapter of the Modern Rite for Brazil do Brasil, de 12 de janeiro de 1842, ajudou a reorganizar o Grande Colégio
(O Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil) dos Ritos então praticados. Não foi encontrada uma data abrangendo
was founded by Manoel Joaquim Menezes, in 1842 under the title of The Grand dia e mês para a criação do Grande Colégio dos Ritos, incluindo o Rito
Chapter of Blue Rites (O Grande Capítulo dos Ritos Azuis). It was accepted and Moderno; o ano é de 1842. De acordo com a Constituição de 1855, foi
32 33

criado, apenas para atender aos Ritos Moderno e Adonhiramita, o Sublime


Grande Capítulo dos Ritos Azuis.
O Regulamento Geral do Grande Capítulo dos Ritos Azuis só foi
5
aprovado em 7 de maio de 1858. Só a 25 de novembro de 1874 é que
Graus e Rituais adotados no Brasil

C
desapareceria o Grande Capítulo dos Ritos Azuis, com o surgimento do
omo visto anteriormente, após se estudar os 81 Graus, os
Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês. Esta data é considerada pelo
mesmos foram estruturados em nove séries e, em forma de Arca,
Ir∴ José Castellani como a data da Fundação da Oficina Chefe.
onde são abrangidos todos os graus físicos e metafísicos de todos
Tudo indica que, com a separação das Potências GOB e Oficina Chefe
os sistemas de ritos praticados, conforme manuscritos da época, o que
do GRANDE CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL, através
equivale dizer:
da primeira Constituição de 12/06/1954, que o primeiro SGIGRM foi o
É concernente:
IrPorphyrio Augusto Ferreira Secca.
a) I Ordem: primeira e segunda séries (Graus de eleitos, incluindo
os três primeiros graus simbólicos);
b) II Ordem: terceira, quarta e quinta séries (a terceira sem
continuidade e as duas últimas, Escoceses);
c) III Ordem: sexta série (Graus de Cavalaria);
d) IV Ordem: sétima série (Graus Rosa-Cruz);
e) V Ordem: oitava série (Kadosh) e, ainda,
f) V Ordem: nona série (Sapiência).
Para o 8º. Grau – Cavaleiro Kadosh se elegeu como referencial o
“Élu de Londres” (nº. 72);
No Brasil, em 1998, conforme consta no Ritual do Grau 9 – Cavaleiro
da Sapiência do SCRM, se reorganizou o Rito Moderno, principalmente
por motivos administrativos e de forma a contemplar as especificações
acima mencionadas, inclusive para a assinatura de Tratados de Amizade
e Mútuo Reconhecimento com outros Ritos Maçônicos.
Para tanto, foi criado dentro da 5ª. Ordem, em sentido amplo da
matéria, o 9º. Grau – Cavaleiro da Sapiência. A adoção é baseada no
“Sublime Philosophe Inconnu” (nº. 79 dos 81 já mencionados), que
melhor representa os mesmos. (Para um estudo mais apurado a respeito,
recomenda-se ler as excelentes Obras de Ragon).”...
Assim, no Brasil, temos que os três primeiros graus (Aprendiz,
Companheiro e Mestre), se reúnem nas chamadas Lojas Simbólicas,
filiadas às chamadas Obediências Simbólicas;
Os Graus 4 a 7 se reúnem nos Sublimes Capítulos;
O Grau 8 se reúne no Grande Conselho Estadual e,
O Grau 9 se reúne no Supremo Conselho, que tem jurisdição
nacional sobre todos os Graus Filosóficos.

No Grande Oriente do Brasil, Potência mãe da Maçonaria Brasileira,


são aceitos 7 (Sete) ritos:
6
34 35

1. - Adonhiramita; 2. - Brasileiro; 3. - Escocês Antigo e Aceito; 4. -


Francês ou Moderno; 5. - Schröder; 6. - York; 7. - Escocês Retificado. O Rito Moderno em Portugal e no Brasil.

E
Tal diversidade não constitui fator de dissensão, porque todos, além
Portugal.
de serem unidos pelos fortes laços de Fraternidade e de um Ideal comum,
m 1815, no Rio de Janeiro, o príncipe regente Dom João VI  assinou um
obedecem a normas legais, tais como as Constituições do Grande Oriente
decreto que criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso,
do Brasil e dos Grandes Orientes Estaduais, ao Regulamento Geral da
o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à categoria de reino e passou a ter
Federação, leis e decretos.
condição de igualdade com a antiga metrópole do reino, Portugal.
O SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno, consoante sua
Em 1822, no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Grande Oriente do
NLP – Normas, Legislação e Procedimentos determina que para os
Brasil é fundado sob a égide do Rito Moderno, visto que, em 1802, Hipólito José da
interstícios e a idade civil exigidos para a concessão dos diversos graus
Costa trouxe de Londres e de Paris a Documentação regularizadora do funcionamento
se observe o seguinte:
do Grande Oriente Lusitano.
1º. ao 2º. Grau - 12 meses: 21 anos de idade e mais;
Sendo este, como todo Grande Oriente, praticante do Rito Francês, o G∴O∴B∴
2º. ao 3º. Grau - 06 meses: 21 anos e mais;
constitui o Rito Moderno como sua Célula Mater, conduzindo e irradiando sua chama
3º. ao 4º. Grau - 12 meses no Grau 3: 22 anos e mais;
iluminista, emancipadora e libertária até os dias atuais.
4º. ao 5º. Grau - 12 meses no Grau 4: 29 anos completos;
Para uma melhor compreensão sobre isto, é importante voltar às origens da
5º. ao 6º. Grau - 18 meses no Grau 5: 31 anos completos;
Maçonaria em Portugal.
6º. ao 7º. Grau - 18 meses no Grau 6: 33 anos completos;
Remonta até cerca de 1730 a fundação, em Portugal, das primeiras Lojas sob a
7º. ao 8º. Grau - 18 meses no Grau 7 e sem limite de idade;
influência da França e Inglaterra (Clavel, 1843).
8º. ao 9º. Grau - 36 meses no grau 8 e sem limite de idade;
Em 1738 o Papa Clemente XII proíbe aos católicos exercerem atividades nas Lojas
Candidato a Membro Efetivo do SCRM - 24 meses no grau 9 e sem
Maçônicas e o rei de Portugal D. João V ameaçava com penalidades os maçons. (Thory
limite de idade.
– “Histoire de La Fondation du Grand Orient de France”). Na verdade, nem a Bula do
*Os interstícios dos graus só poderão ser dispensados pelo SGIG
Papa, nem o Decreto do Rei, impediram as atividades maçônicas em Portugal.
mediante proposta fundamentada do Presidente do Corpo Filosófico
Posteriormente, durante o governo do Del-Rei D. José I (1750-1777) as Lojas
subordinado.
Portuguesas funcionavam sigilosamente. Daí em diante, até a Revolução Francesa,
Portugal recebia grande influência das Lojas de Paris, de nada valendo as proibições de
D. João VI e de D. Maria I.
Ao redor de 1793, existiam em Coimbra e em Porto e delas fizeram parte vários
estudantes das províncias ultramarinas inclusive do Brasil (Lívio e Ferreira, 1968).

Brasil.
No periódico “RETALES DE MASONERIA” nº. 4 de 15 de dezembro de
2011, na pág. 9, vemos o seguinte comentário:

Moderno Adonhiramita REAA Brasileiro York Americano


1ª. Ordem 7 9 9 Mestre de Marca
2ª. Ordem 14 14 14 Past Master
3ª. Ordem 15 15 15 Mui Excelente Mestre
4ª. Ordem 18 18 18 Maçom do Real Arco
5ª. Ordem 30 30 30 Cavaleiros de Malta
5ª. Ordem 33 33 33 Cavaleiros Templários
36 37

...“Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias então desconhecidas pela historiografia de projetos efetivamente inseridos numa
influíram de grande maneira com suas ideias libertárias” ... E cita o artigo, que o perspectiva mais ampla de tentativas de expansão da Revolução Francesa.
Almirante Aubert Dupetit Thouahrs chega no Brasil em 1791 e funda uma Loja Os documentos franceses que recentemente chegaram ao conhecimento
Maçônica com o nome de Cavaleiros da Luz e que em 1796 continua o seu trabalho de pesquisadores sobre os acontecimentos em torno da Bahia de 1798 não só
o francês Larcher” ... agregam informações aos episódios, como permitem novas interpretações que
trazem dimensão até então inédita ou pouco compreendida sobre a chamada
Com o mesmo contexto, na Encyclopedia de La Masoneria, encontramos: Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, como tradicionalmente ficou conhecida.
...“Ostensibly, to undertake some scientific research, Dupetit-Thouars A viagem do capitão Larcher durou quase dois anos, repleta de lances
came to Brazil in 1791. In Bahia he founded a secret order called 'Knights of perigosos, desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em
Light' and taught the basic theory of French Enlightenment: - a lifelong battle junho ou julho de 1797. A passagem pela Bahia, embora imprevista, representou
against intolerance, injustice, and obscurantism. He was indeed both a French um episódio que se encadeava com os demais. Ainda que fuja ao objetivo deste
revolutionary, and a Freemason. He soon had to return to France, and Larcher, trabalho situar o roteiro do trajeto, vale destacar alguns pontos que interessam
who arrived in 1797 and directly influenced the 1798 conspiracy against the ao caso aqui tratado.
Portuguese crown, continued his work. It was due to the influence of this order Comandante da fragata La Preneuse, em dezembro de 1795 Larcher chefiou
that the majority of the conspirators escaped from being prosecuted by the o bem sucedido ataque ao navio luso-brasileiro Santo Antônio de Polifemo,
Portuguese authorities in Brazil”… comandado por Manoel do Nascimento da Costa, que fazia o Comercio com a
…“Ostensivamente para empreender alguma pesquisa científica, Dupetit- Índia. No combate de quatro horas e meia foram mortos oito homens do lado
Thouars chegou ao Brasil em 1791. Na Bahia ele fundou uma ordem secreta luso-brasileiro: cinco soldados, um marinheiro, o tenente João Cordeiro do Vale
chamada "Cavaleiros da Luz" e ensinou a teoria básica do Iluminismo Francês: e frei Agostinho de Newfonte, além de seis feridos, entre os quais Antônio José de
- uma batalha vitalícia contra a intolerância, a injustiça e o obscurantismo. Ele era Almeida, secretário de Estado de Goa que se encontrava a bordo.
de fato tanto um revolucionário francês quanto um maçom. Ele logo teve que voltar O carregamento confiscado pelos militares franceses se constituía de açúcar,
para a França, e seu trabalho foi continuado por Larcher, que chegou em 1797 aguardente, tabaco, ferro e fardamento para as tropas portuguesas na Ásia.
e influenciou diretamente a conspiração de 1798 contra a coroa portuguesa. Foi Passada a violenta refrega e feita a presa, inclusive do armamento e munição,
devido à influência desta ordem que a maioria dos conspiradores escapou de ser Larcher negociou de maneira cortês com o capitão derrotado, redigindo-lhe
processada pelas autoridades portuguesas no Brasil”... um salvo-conduto destinado aos demais navios franceses, solicitando que não
atacassem mais a embarcação, o que permitiu ao Santo Antônio de Polifemo
No site da Multi Rio, em Crise do Sistema Colonial, lemos que em 1796, regressar à Bahia sem ser mais molestado e com os sobreviventes em liberdade.
a estadia do francês Larcher na Bahia contribuiu para a difusão das ideias Tal atitude de negociação ajuda a entender como Larcher, alguns meses
revolucionárias. Encarregado de vigiá-lo, o tenente Hermógenes de Aguilar depois, seria bem recebido em Salvador, onde aportou em novembro de 1796,
Pantoja, além de aderir a seus ideais, apresentou-o a baianos ilustres e, o ano agora como simples passageiro do navio luso-brasileiro Boa Viagem, oriundo
seguinte, em julho, na mesma casa em que ocorreram as reuniões com Larcher, da Ásia, de onde saíra sem sua embarcação La Preneuse, expulso pelos colonos
foi fundada a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, onde eram lidos os livros de franceses escravocratas, como já foi citado.
Rousseau e outras obras de iluministas franceses. Foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram
Marco Morel em seu trabalho acadêmico “Novas perspectivas sobre a os contatos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio
presença francesa na Bahia em torno de 1798” reporta: capitão general D. Fernando José de Portugal, e também com os conspiradores
A publicação e análise da correspondência e de um Projeto de invasão da locais, geradores das duas cartas aqui transcritas, episódio que já mereceu
Bahia enviados pelo capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas, interpretações diversificadas de historiadores ao longo do tempo, como já foi
Antoine-René Larcher ao Diretório da República Francesa em 1797 permitem visto.
conhecer, sob novos ângulos, os episódios da chamada Conjuração Baiana, E foi ainda num navio português, Bom Jesus, que Larcher retornou à Europa
tanto pela abrangência social dos conspiradores, quanto por dimensões até em janeiro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa, sem
38 39

recursos para retornar a seu país natal. Enquanto aguardava em Lisboa, pelo de anos em que sua proteção será indispensável a este novo Povo, quer dizer, até que
menos entre março e junho de 1797, o capitão Larcher parecia ansioso em levar ele tenha determinado a forma de seu Governo o tenha organizado, consolidado, e
adiante o projetado apoio francês aos conspiradores baianos. feito reconhecer sua independência: esta expedição, que exige o maior segredo, pode
Eis um trecho de uma de suas correspondências ao seu superior, o ministro ser dissimulada; ela pode mesmo ter uma dupla utilidade do maior interesse.
da Marinha e das Colônias, Conde Laurent-Jean-François Truguet. Há muitas vezes contra os planos mais bem arquitetados objeções que escapam
“Projeto de expedição contra São Salvador (Brasil) pelo Capitão de navio ao olho mais experiente: Do grande teatro Político que ocupeis, Vos será fácil,
Larcher – 24 de abril de 1797. cidadãos Diretores, calcular as grandes vantagens que esta revolução proporcionará
O Povo, que eu tive a honra de Vos descrever na minha memória de Prairéal 5º., ao Comercio da república francesa, o abatimento que poderá resultar para este
é aquele de São Salvador na Baía de Todos os Santos, capital da mais considerável nosso inimigo, assim como os inconvenientes que uma consideração política poderia
Capitania do Brasil cuja População é avaliada em sessenta mil almas. levantar.
Os habitantes investidos dos direitos do homem clamam sua independência; Se eu pudesse ter partido para França, no mesmo instante de minha chegada a
eles a pedem à República francesa, e não a Desejam senão de Vós. Quinze Milhões Lisboa, e Vós tivésseis querido secundar às Vozes deste Povo, esta Revolução seria
no mínimo em matérias de ouro e prata, diamantes, preciosas madeiras de operada, e Vós não tardaríeis a gozar as vantagens prometidas. Cidadãos Diretores,
construção, açúcares, café, e algodões serão o testemunho desta Vontade, e Vós Órgão deste Povo, eu cumpro a missão da qual fui encarregado por ele junto a
podeis julgar por aí a importância que eles dão a isso: eles estão tão cansados do Vós, Eu faço meu dever, e posso vos assegurar que a paz não mudará em nada a
Governo real e teocrático, tiveram tantos desgostos que todos os seus possíveis determinação que ele tomou de ser livre.
sacrifícios lhes parecerão pequenos, se eles puderem alcançar seu objetivo. Assinado Larcher Capitão de Navio.”
Os meios de execução são fáceis e pouco dispendiosos: 4 Navios de linha, 3 Continua Morel...
fragatas, e 2 flûtes serão suficientes para transportar 1500 homens de tropas e Segunda carta de Larcher ao Diretório da República Francesa enviada em 15
300 artilheiros, 4000 fuzis com suas baionetas, o mesmo de sabres, de pólvora (o de junho de 1797.
Governo não permite que se fabrique) e balas de canhão de diferentes calibres: eis “Ao Diretório Executivo da República Francesa somente, Cidadãos Diretores.
suas necessidades do momento: eles desejam um engenheiro, um arquiteto, um Eu acreditaria estar em falta ao que devo ao Ministro da Marinha e das Colônias
ferreiro e um mecânico: estes são os pedidos que eu fui incumbido de Vos fazer em se eu tomasse a Liberdade de Vos ocupar do caso sobre o qual ele certamente já Vos
nome deles. relatou. Um interesse maior me obriga a romper neste momento o silêncio que eu
Esta Divisão poderá atracar na Baía de Todos os Santos à porta dos fortes, guardava há mais de dois meses, desde que estou aqui na Esperança de um imediato
eles não são perigosos; não havia mais de 700 kg de Pólvora na minha partida, e o retorno para a França; mas devo supor que minhas Cartas ao Ministro da Marinha
Governo temia enviar-lhes mais, tanto as cabeças estão em efervescência. foram interceptadas, pois estou sem resposta.
Assim que o comandante da divisão tiver lançado o sinal combinado, a Um Povo, aterrado pelo duplo Despotismo da Monarquia e da teocracia, Vos
colônia se levantará em massa, as tropas se reunirão aos habitantes que tomarão implora por Lhe dar A Liberdade. Ele quer adotar a Constituição atual da República
a casa da moeda, cofres, depósitos, e o arsenal: destituem-se todas as autoridades Francesa, da qual eu pude felizmente Lhe dar um Exemplar; Ele me escolheu para
do Governo, e criam-se outras Populares: uma deputação de Cidadãos irá a bordo ser seu órgão junto a Vós; Pessoas instruídas, negociantes, militares esperam de Vós
do comandante para lhe pedir a proteção da República francesa; Vós lhe direis o esta Benemerência; Dois dentre eles estão prontos a irem ao Vosso encontro assim
veredicto que ele deverá dar: se esta revolução se opera, como ela está projetada, ela que chamados; não Lhes custará nenhum sacrifício; O Plano está feito e adotado;
só sentirá o fogo das manifestações de júbilo. Eles até já me deram os sinais de Convenção.
Esta revolução terá um efeito elétrico sobre as outras capitanias do Brasil, a Enfim, o desespero está tão perto de suas almas que, se eles estão há um ano, a
experiência nos prova: todas elas se reunirão para formar um povo livre. contar de minha Partida, sem receber nenhuma Esperança, deve-se esperar a Ver
Vantagens para o Comercio da República francesa que o estado de suas este povo chegar a algum extremismo que poderia ser funesto, se ele fica abandonado
colônias torna ainda mais precioso. Um tratado de aliança com a República a si mesmo. Vós julgareis na Vossa Sabedoria, Cidadãos Diretores, se a proposta da
francesa terá lugar imediatamente: outro de Comercio deve necessariamente o qual sou encarregado de Vos encaminhar é de fácil execução; permitam que eu
seguir: A República francesa poderá exigir a exclusividade durante certo número aguarde meu retorno à França para entrar em esclarecimentos mais aprofundados;
40 41

tudo que posso assegurar-lhes é que Nada no Mundo não pode vir a ser tão útil o comandante Larcher, sua mulher e duas filhas menores, os marujos franceses
à prosperidade da República francesa, sobretudo estando obrigada apenas a Jean Baptiste La Foret de Fer, Claude Moufte, Claude Francois Sauvaget, Jean
reduzidas iniciativas. Bonafausx, Nicolau Bouquet, madame Joana de Entremeuse, 29 marinheiros
Eu aqui estou livre; estou deslocado em todos os sentidos, sobretudo após a portugueses do Belizário e do Arrabida e 30 escravos. O Capitão Larcher, mulher
perda que causei ao Estado e ao Comercio pelo aprisionamento que fiz da fragata e filhas, tiveram permissão para ficar um mês na cidade do Salvador. Em fins
portuguesa O Polifemo após um combate de quatro horas e meia. O ministro da de dezembro, ele próprio solicitou licença (logo concedida) para embarcar
Marinha e das Colônias Vos terá sem dúvida feito ver as Razões que me retêm no navio Bom Jesus D’Além com destino a Lisboa. No oficio em que fez essas
aqui. comunicações ao ministro dom Rodrigo de Souza Coutinho, o governador datou
(Ass.) O Chefe da Divisão das Armadas Navais da República Francesa, a partida do Capitão Larcher em 31/12/1796, mas, em verdade, ela só ocorreu no
Larcher.” dia 02/01/1797.
Vemos que há uma concordância entre estas três matérias: revista “Retales Dado a estas novas informações, cremos, sem possibilidade de prova cabal,
de Masoneria”, Encyclopedia de La Masoneria e Crise do Sistema Colonial, que a Loja “Cavaleiros, ou Cavalheiros da Luz” pode ter sido sim, a primeira Loja
corroboradas por István Jancsó e Marco Morel no trabalho acadêmico “Novas Maçônica do Brasil, porém, não dentro da Fragata Preneuse e menos ainda, em
perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798”, quando julho de 1797, conforme inúmeros autores afirmam em suas obras.
reportam que o capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas,
Antoine-René Larcher, em dezembro de 1795 chefiou o bem-sucedido ataque
ao navio luso-brasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do
Nascimento da Costa, que fazia o comércio com a Índia.
István e Morel informam no trabalho citado, que a viagem do capitão
Larcher durou quase dois anos desde sua partida da França em setembro de 1795
ao retorno em junho ou julho de 1797 e, que foi então, durante estada de cerca
de um mês em Salvador, que ocorreram os contatos do capitão Larcher com
as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D. Fernando José de
Portugal, e também com os conspiradores locais, até retornar no navio português
Bom Jesus à Europa em janeiro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital
portuguesa, sem recursos para retornar a seu país natal.
No livro publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares, “Da
Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia” lemos que, em pesquisa feita pela
historiadora Kátia de Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em
Paris (pesquisa ainda não superada), foi identificado o Comandante Antoine-
René LARCHER (09/07/1740 – 17/07/1808+), como Capitão da Marinha de
Guerra Francesa. Participou da grande revolução de 1789 e ficou preso por
ordem do Comitê de Segurança Geral em 1793, sendo libertado depois de 350
dias, quando assumiu o comando da Fragata La Preneuse.
Em uma viagem iniciada no Porto de Rochefort, em 25/09/1795, combateu
os navios de guerra portugueses Santo Antonio Polifemo, Belizário e Arrabida, e
chegou às Ilhas Maurícias levando o decreto da Convenção Francesa que abolia
o trabalho escravo nas colônias da França. Mal recebido pelos colonos franceses,
embarcaram-no de volta no navio Boa Viagem. Foi este que o trouxe ao porto da
cidade de Salvador sob a alegação de avaria, em 30/11/1796. Ali desembarcaram:
42 43

Maçonaria Regular em Portugal.

Voltando a Portugal, sabemos que o Grande


Oriente Lusitano teve as suas bases instituídas
por volta de 1800, tendo como 1º. Grão-Mestre
em 1803, o desembargador Sebastião de Sampaio
de Melo e Castro, nome simbólico* Epicteto,
mudado depois para Egas Moniz.
* (O nome simbólico era largamente usado para
ocultar os maçons das perseguições dos Inquisidores
e Detratores da Ordem Maçônica).

O
Rito Oficial  do apelo, através do mesmo canal
G∴O∴L∴  adotado (o duque de Sussex) da parte
em seu início é o de quatro lojas de Portugal,
Rito Francês ou Moderno, as quais credenciaram M.
logo codificado através da Peter Hipolite da Costa [sic]
Constituição de 1806, a qual para em seu nome solicitar
incluía toda a organização autorização regular, a fim de
do Rito no seio do  G∴O∴L∴, praticar os ritos da Ordem sob
seguindo o formato francês. a bandeira e a proteção inglesa. Lemos em REHMLAC, ISSN 1659-4223: “Hipólito José da Costa e o
Conforme historiadores Após madura deliberação, Correio Braziliense: a idealização de um tipo de sociabilidade maçônica”
maçônicos, em 1802, o irmão determinou-se que todo (trabalho de Bruna Melo dos Santos), o seguinte texto:
Hipólito José da Costa Pereira estímulo fosse dado aos irmãos
Furtado de Mendonça (nome em Portugal; mas que uma
simbólico: Aristides) foi lista de tal nome deveria ser
enviado a Londres e França, no remetida à Inglaterra.”... e na
intuito de obter regularização “Acta Latomorum” de Claude
através de Tratados e Cartas Antoine Thory, edição de 1815,
Patentes com as potências pág. 211, Tomo I: ...“ Maio
regulares desses países, fato - Quatro Lojas de Portugal ...“Dentre os muitos objetivos de sua viagem, Hipólito estava em
confirmado nas referências fazem tal pedido e solicitam à busca da filiação das lojas maçônicas portuguesas.”...
feitas na respeitabilíssima obra Grande Loja a autorização para Logrado êxito, Hipólito, de retorno a Portugal, foi preso pelas
de William Preston, Illustration professar os Ritos da Inglaterra forças da Inquisição, tendo toda a sua documentação apreendida, sendo
of Masonry de 1804, na pág. sob sua proteção. Os irmãos possível, hoje, se encontrar tradução do Acordo feito com a Primeira
371: ...“À Grande Loja foi aceitam esse pedido e fecham  Grande Loja da Inglaterra (Modernos) nos processos da Inquisição em
feito, em maio seguinte, outro o acordo imediatamente.”... Portugal.
44 45

O Tratado com o GOdF foi ratificado em 1804 e é assinado, por parte


Tratado com o GOdF ratificado em 25/04/1804. do GOL, pelo irmão Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que denota que
as Ordens de Sabedoria do Rito Francês já existiam anteriormente em
Portugal, conforme vemos na Constituição do Grande Oriente Lusitano
de 1806, onde se refere às diferentes Ordens e Capítulos do Rito Francês,
nos seus Capítulos IIIº. e XIIIº..
O original trazido pelo irmão Hipólito José da Costa quando preso
pela Inquisição em 1802, em seu retorno a Portugal, foi apreendido
junto com os seus documentos.

Patente para a Vª. Ordem concedida em 30/11/2007.


46 47

Ratificação do Tratado em 19/06/2004. Carta Patente de Portugal para a Espanha.

O documento acima, aprovado em 19/06/2004, foi entregue


oficialmente ao GOL em 30/11/2007, em festividade solene feita na sede
do GOdF.
48 49

O Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz/Grande Francês de Portugal como Herdeiro Legítimo das Ordens de Sabedoria do
Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal, em sua Carta Patente à Rito Francês para Portugal;
Espanha, no 8º. dia do 3º. mês de 6010, faz a seguinte sinopse:
Ao 30º. dia do 9º. mês de 6007 o Grand Chapitre Général do
O Grande Capítulo Geral do Grande Oriente de França entrega Carta G∴O∴d∴F∴ outorga a Patente da 5ª. Ordem ao Soberano Grande Capítulo
Patente ao irmão Hypólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo geral do Rito Francês de
em 1802; Portugal;

O Tratado de Amizade entre o G∴O∴d∴F∴ e o G∴O∴L∴ do 25º. dia Em consequência do que precede e, atendendo à Tradição de
do 2º. mês de 5804 confirma a existência das Ordens de Sabedoria do Rito Regularidade Maçônica de Transmissão de Cartas Patentes, o Soberano
Francês ou Moderno em Portugal; Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo geral do Rito
Francês de Portugal outorga ao Gran Capítulo de Caballeros Rosacruces
Pelo Tratado do 24º. dia do 1º. mês de 5939 o Sob∴ Gr∴ Cap∴ de de Rito francês para España, Carta Patente das Ordens de Sabedoria do
Portugal é integrado no Supremo Conselho do R∴E∴A∴A∴ de Portugal; Rito Francês ou Moderno, para trabalharem, segundo a nossa Tradição,
da 1ª. à 5ª. Ordem. Assinam: Manuel Lima, Cipriano Oliveira e Filipe
Ao 20º. dia do 10º. mês de 6000 o Grand Chapitre Général do Frade.
G∴O∴d∴F∴ outorga a Carta Patente das Ordens de Sabedoria do Rito
Francês aos Soberanos Príncipes Rosa-Cruz do G∴O∴L∴A∴; Primeiras Lojas Maçônicas no Brasil.

C
Ao 11º. dia do 11º. mês de 6002 o Gran Capítulo Metropolitano La onforme relatado pelo irmão José Bonifácio em seu famoso
Gran Reunión Americana Edmundo Checura Jeria outorga uma Carta Manifesto de 1832, em 1800 funcionava uma Loja por nome de
Patente ao Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal; “União”, sendo substituída por outra com o nome de “Reunião”
em 1801, filiada à I’ILE de France ou Ilhas Maurice.
Ao 6º. dia do 1º. mês de 6003 o Supremo Conselho do R∴E∴A∴A∴ Segundo o mesmo manifesto, o Grande Oriente Lusitano desejando
devolve a Carta Patente do Rito Francês ou Moderno ao Soberano Grande propagar no Brasil a verdadeira doutrina maçônica, nomeou para esse
Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz de Portugal; fim três delegados com plenos poderes para criar lojas regulares no Rio
de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente.
Ao 5º. dia do 7º. mês de 6003 procede-se à integração do Grande No Almanak Maçônico de 1847, impresso pela Typografia Universal
Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal ao Soberano Grande Capítulo de Laemmert, encontramos uma preciosa informação que nos parece ser
de Cavaleiros Rosa-Cruz; plausível, dadas às circunstâncias da época, como vemos a seguir nas
págs. 74 e 75 que transcrevo na mesma grafia da época:
Ao 29º. dia do 9º. mês de 6003 o Grand Chapitre Général do G∴O∴d∴F∴ “...” Posto que no principio d’este século já se tinhão juntado no Rio
contempla com um Diploma de Honra o Venerável irmão Fernando Valle, de Janeiro alguns Maç∴ em huma Loja, a que derão o titulo de Reunião,
de 103 anos, único sobrevivente do Rito francês ou Moderno anterior a todavia, como não trabalharão regularmente, não poderemos datar o
5939, o que demonstra a pratica ininterrupta deste Rito desde 5804 à estabelecimento da Maçonaria senão do anno de 1803, quando o Gr.
atualidade; Or. Lusitano, querendo propagar as verdadeiras doutrinas maçônicas no
Brasil, nomeou para esse fim três Delegados com plenos poderes de crear
No 19º. dia do 4º. mês de 6004 o Grand Chapitre Général do Lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas ao Gr. Or. Lusitano.
G∴O∴d∴F∴ confirma a Carta Patente de 5804 e reconhece o Soberano
Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo geral do Rito A nomeação recahio nos três distinctos maçons, J. A. L – F. X de
50 51

A. – F. A de M. P. – todos residentes n’esta cidade. Estes três Delegados


crearão as LL. Constancia – Philantropia – e ajuntando a Loja Reunião No mesmo almanaque, encontramos nas págs. 79 e 80:
(com excepção de poucos membros dissidentes), chamarão a um centro ...“consta por documentos authenticos, que no dia 5 de julho 1802, fora
commum todos os maçons, regulares e irregulares, que então existião no creada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo seio
Rio de Janeiro, e iniciarão outros até o Gráo de Mestre, únicos que estávão sahirão outras officinas. Forão ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada, installada
autorisados a conferir.” ... com doze obreiros, que da primeira passarão a funda-la em 30 de março de
1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L. Humanidade, e a
L. União, creada em 12 de setembro de 1813 por 18 IIr∴ da mesma L. mãe
Virtude e Rasão.
Completo assim o numero de três officinas, decidirão os IIr∴ que as
compunhão, crear alli, como com effeito crearão, um Gr. Or. Brasileiro, cujos
trabalhos activos, bem como os das LL., cessarão comtudo, em rasão das
commoções políticas, e, com especialidade, por causa da desastrosa revolução
de Pernambuco, em 1817.” ...

Loja Commércio e Artes sob os Auspícios do


“Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”.

E
m 1807, Junot conquista Portugal obrigando a Corte portuguesa procurar abrigo
no Brasil. “Assim a Maçonaria do Brasil desde o século XVIII esteve ligada a
Portugal”.
A partir de um Decreto criado em 1815 no Rio de Janeiro pelo regente Dom João
VI, o Brasil deixou de ser colônia para merecer a condição de igualdade com a antiga
Metrópole do Reino, quando passou a ser “Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”.
Em novembro de 1815 é fundada a Loja Commércio e Artes no Rio de Janeiro
(ver Boletim do GOB - Jan/Fev-1902). Por questões políticas, ela foi fechada e a sua
documentação queimada.
Com a transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Rio de Janeiro, já
surgiu em 1817 uma revolução simultaneamente no Brasil, em Pernambuco e, em
Portugal (chefiada por Gomes Freire de Andrade) (Lívio e Ferreira, 1968).
No Rio de Janeiro, por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Loja
Commércio e Artes foi reinstalada em 24 de junho de 1821, sob os Auspícios do Grande
Oriente de Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para “Comércio
e Artes na Idade do Ouro”.
“Pode se encontrar a Ata de Reinstalação da Loja Commércio e Artes no Boletim
do GOB de Janeiro e Fevereiro de 1902 no site do Museu Maçônico Paranaense.”
O Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 tendo como
base a Loja Commércio e Artes, que para atender as exigências formais, precisou ser
subdividida em mais duas lojas: “União e Tranquilidade” e “Esperança de Nictheroy”.
Seguindo os padrões da Loja Commércio e Artes na Idade do Ouro, que fora reinstalada
52 53

sob os Auspícios do Grande Oriente Lusitano, adotou o Rito Francês como o seu Rito 7
Oficial. O seu primeiro Grão-Mestre Geral foi José Bonifácio de Andrada e Silva e Equívocos históricos publicados em obras Maçônicas
Joaquim Gonçalves Ledo o seu Primeiro Grande Vigilante.
Livro “Exposição Histórica da Maçonaria Brasileira”.

O
Ata de Reinstalação da Loja Commércio e Artes em 24/06/1821. irmão Manoel Joaquim de Menezes (nome simbólico Penn) em seu
trabalho “Exposição Histórica da Maçonaria no Brasil” publicado no
Boletim do GOB nºs. 3 e 4 de 1875, além de datas, se equivoca quanto
ao primeiro Rito. A reinstalação da Loja Commércio e Artes ele afirma ser no
dia 02/06/1821, a fundação do GOB em 28/05/1822 e, que as primeiras Lojas
Brasileiras eram do Rito Adonhiramita.

Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do


Ouro, o Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin.
Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º. e
último grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-
Mestre em 04 de outubro, fechando-o, por motivo de intrigas entre os seus
membros, em 21 de outubro do mesmo ano.
O Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andrada
e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno, antecedido pelo Grande
Oriente Brazileiro, também conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi
fundado em Junho de 1831, também trabalhando no Rito Moderno.
54 55

A C
respeito do que comenta o orroborando com o que
irmão Manoel Joaquim de disse o irmão Mário Behring,
Menezes, vejamos; encontramos no Livro “A
1) No Almanaque Maçônico Maçonaria na Independência”, do
de 1847: irmão Teixeira Pinto, informações
...“(pág. 80) consta por importantes, tais como:
documentos authenticos, que no Equívoco de datas a partir do
dia 5 de julho 1802, fora creada Irmão Barão do Rio Branco, em
ao Oriente da Bahia a L. Virtude e notas à “História da Independência
Rasão, do rito moderno, de cujo seio do Brasil”, de Varnhagen, copiando o
sahirão outras officinas”... erro difundido pelo maçom Manoel
Aqui já fica claro que existiam Joaquim de Menezes, que publicou
Lojas do Rito Moderno na depois de 36 anos dos fatos, um
oportunidade e, também, que elas trabalho Intitulado “Exposição
foram as bases legais do primeiro Histórica da Maçonaria no Brazil”,
Grande Oriente do Brasil, na Bahia, no qual fixou a data de 28 de maio
cujo Grão-Mestre foi Antônio Carlos de 1822 para a fundação do “Grande
de Andrada. Oriente do Brasil”. Embora emérito
2) Na Revista Astréa Órgão historiador, José Maria da Silva
Official do Supremo Conselho do Paranhos, Barão do Rio Branco,
Brasil, Anno II, números 9 e 10, confiou numa informação totalmente
setembro e outubro de 1928, nas equivocada (pág. 8).
págs. 332 e 333 comenta o Soberano
Grande Comendador, irmão Mário
Behring:

...“O Gr∴ Or∴ do Brasil trabalhou sempre no Rit∴ Mod∴ e a prova disso está em
suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas aos gráos desse Rito,
jamais dos outros”..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no Rit∴
Moderno... ”(...) embora Manoel Joaquim de Menezes affirme que funcionavam
no Adonhiramita. É confusão natural em escriptor que de Ritos nada percebia
em suas publicações históricas sobre Maçonaria. Menezes equivoca-se muito,
deixa-se trahir por sua memória e articula factos sem o menor senso critico, na
analyse que delles faz.” ...
56 57

Prossegue Teixeira: o que, ocasionalmente, algum ir∴ lhe contasse depois.


...“Tivesse Varnhagem estudado as atas originais — as que constam Sobre o assunto, vejam a seguir o que se encontra escrito em ata.
no “Livro de Ouro” do “Grande Oriente do Brasil” — e não as que figuram Trecho da “Acta nº. 19”, da Ses∴ realizada aos 21 dias do 7°. mez do
no trabalho do Ir∴ Menezes completamente desfiguradas com enxertos e anno da V∴ L∴ 5822:
supressões, estamos certos de que o seu relato seria um espelho da verdade.
...“O Ir∴ Gr∴ Secr∴, dando conta do expediente, apresentou um oficio:
Os IIr∴ Cobridores dos 2°. e 3°. quadros metropolitanos representavam
(No livro a História do GOB – Castellani e William Carvalho, pág.16, à Gr∴ Loj∴ que tornasse amovível o lugar de cobridor, para ser exercido
consta: Fundação do GOB ...“Aos 28 dias do terceiro mês do Ano da Verdade mensalmente pelos Operários das Lloj∴ não ficando, assim, qualquer ir∴
Luz de 5822”...[o que equivale a 17/06/1822] ...“criação de Um Grande privado de assistir aos trabalhos por espaço de um anno.
Oriente Brasiliano.”...) Foi recusado o pedido e mandou a Gr∴ Loj∴ fazer sentir àquelles
IIr∴, de quanta ponderação e confiança era o lugar que ocupavam, e que
este único motivo deveria lhes ter sido sobejo, para, não se desgostando
do seu cargo, procurar desempenhal-o com todo o zêlo e actividade.”...

Ora, sendo ele [Menezes], naquela época, um dos poucos


sobreviventes do movimento maçônico de 1822, era natural que o
cercassem do carinhoso respeito de que se tornara merecedor.
Assim, ao atender [também] um pedido do Ir∴ Melo Moraes
para fornecer algumas informações que seriam publicadas no “Brasil
Histórico”, ele escreveu o que a sua já fraca memória ia ditando,
truncando datas, nomes e locais.
Continua Teixeira Pinto na pág. 9... “Tivesse o Barão do Rio Branco
E, para verificar que estamos mais ou menos certos em nosso
conhecimento do calendário utilizado desde 1815 pela Loj∴ Comércio e
raciocínio (comenta Teixeira Pinto), basta atentar na declaração que
Artes, e não duvidamos que ele também afirmaria que o “Grande Oriente do
ele [Manoel Joaquim de Menezes] faz ao encerrar o seu trabalho (entre
Brasil” foi fundado a 17 de junho de 1822 E∴ V∴” ...
outras razões que apresenta):
(pág. 10) ... — O Ir∴ Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas
(pág. 11)... “Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por
que se encontram no “Livro de Ouro” do “Grande Oriente do Brasil”. Ele
não me recordar depois de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão
divaga sobre o que está escrito e acrescenta o que não viu:
outros com quem não estive em contacto, de cuja omissão involuntária
E não viu, porque não podia ver.
espero ser desculpado.”...
É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir∴ Menezes
havia sido eleito e empossado no cargo de Cobr∴ da Loj∴ n°.  2  (União e
(pág. 12) ... “Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível,
Tranquilidade), e como tal, estava obrigado a ficar no vestíbulo juntamente
ser rigorosamente exato. O Ir∴ Manoel Joaquim de Menezes esperava
com os lIr∴ CCobr∴ das LLoj∴ n°. 1 (Commércio e Artes) e n°. 3 (Esperança
ser desculpado por aqueles que involuntariamente tivesse omitido. Longe
de Niterói), respectivamente, os IIr∴ Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João
estava ele de imaginar que também necessitava ser desculpado pela
José de Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os IIr∴ pertencentes a
confusão que iria criar com alguns equívocos que se encontram na sua
cada um dos citados Qquadr∴ que compareciam às Assembleias Gerais.
“Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil.”...
Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir∴ Menezes não podia
ter conhecimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se apenas
58 59

Na pág. 16 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta “A Maçonaria na Independência do Brasil”, ele simplesmente copia Mello Morais
na “Exposição Histórica” do irmão Manoel Joaquim de Menezes, e evidencia os na parte da Loja “Distinctiva”, e segue dizendo (pág. 14) que: “… FUNDARAM
nomes dos maçons fundadores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes em 15.11.1815 na casa do Dr. João José Vahia, à Rua da Pedreira da Glória
simbólicos, como segue: (hoje Rua Pedro Américo) uma Loja com o título distintivo de “COMÉRCIO
E ARTES”, ADOTANDO O RITO ADONHIRAMITA e funcionando sob os
auspícios do Gr.·. Or.·. “Luzitano etc…”.
Logo a seguir, na pág. 16, ele transcreve um documento publicado no
Boletim do GOB de 1896, pág. 37/39, que é a ATA DE INSTALAÇÃO DA
LOJA “COMMERCIO E ARTES”, de 24.6.1821, ATA ESTA QUE NÃO FALA
EM RITO e deixou bem claro, que a Loja REINSTALADA NÃO MAIS QUIZ
“declarar-se sob a jurisdição do Gr.·. Or.·. Luzitano”.
Acontece que Teixeira Pinto nesta transcrição, POR INICIATIVA
PRÓPRIA, resolveu completar a DATA da instalação primitiva, citada no
documento, como – DE NOVEMBRO DE 1815 – para (segunda-feira) 15 de
novembro de 1822. Onde teria encontrado o dia “15”, mesmo porque este dia
não era uma segunda-feira, e sim uma quarta-feira?
Na realidade, a fundação da Loja “Commércio e Artes” (a primeira das
cinco que já existiram – veja coletânea A Bigorna – 1984, págs. 116/117) tinha
“acontecido” em 24.6.1815, resultado da fusão das Lojas “CONSTÂNCIA” e
“PHILANTROPIA”, conforme notas encontradas pelo Ir∴ Ariovaldo Vulcano.”

Como visto, Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da
Commércio e Artes para afirmar ser prática exclusiva do Rito Adonhiramita,
Por conta dos nomes simbólicos, destacamos o raciocínio do irmão ou seja, emitiu a sua conclusão por analogia.
Teixeira Pinto: Alexandre Mansur Barata, em seu trabalho acadêmico: Sociabilidade
Ilustrada e Independência (Brasil, 1790 - 1822), diz:
...“(pág. 17) assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio
e Artes) foi feita sob os auspícios do Gr∴ Or∴ de Portugal, Brazil e Algarves, e ..."(pág. 135) Para a historiadora espanhola Maria Teresa Roldán Rabadan
também que a Loj∴ funcionava no Rito Adonhiramita, uma vez que esse Rito (“Anállisis y estudio de los nombres simbólicos utilizados por los miembros de
era e continua sendo o único que torna obrigatório o uso de um nome histórico cuatro logias madrileñas”. In J. A. Ferrer Benimeli (coord), La Masoneria en la
aos que o praticam.”... España del siglo XIX: II Symposium de Metodologia Aplicada a la História de
Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos la Masoneria Española, p. 529"), essa especificidade [de nome simbólico pelos
que o seu livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança maçons] estava diretamente relacionada ao fato de que no mundo ibérico a
nos comentários apresentados, mas, contém alguns erros de interpretação, maçonaria sofreu forte oposição e perseguição por parte do estado e da igreja
como veremos a seguir: católica, o que obrigou a utilização de mecanismos por parte dos maçons que os
protegessem das autoridades civis ou eclesiásticas.
No folhetim A Bigorna nº. 69 de fevereiro de 1983 o irmão Kurt Prober Por sua vez, francoise Randouyer, ao assinalar essa especificidade da
expõe a sua análise sobre o livro do irmão Teixeira Pinto: maçonaria ibérica, surpreende-se com o fato de que essa prática não tenha sido
mais vulgarizada, na medida em que a maçonaria, como outras sociedades
...“E quando João Luiz Teixeira Pinto em 1961 edita o seu magnífico livro iniciáticas, possuía em seus rituais a ideia de uma morte simbólica para um
60 61

novo nascimento, portanto, de um novo batismo. Voltando ao primeiro Rito adotado pelo GOB, vemos no Boletim nºs. 11 e
De qualquer forma, essa prática acabou por ser adotada também entre os 12, 26º. ano do GOB, meses janeiro e fevereiro de 1923 e, conforme transcreveu o
maçons das três lojas fluminenses que funcionavam em 1822."... irmão Teixeira Pinto em seu livro a Maçonaria na Independência (1812 – 1823),
pág. 59, discutiu-se a proposta de elevação ao grau de Eleito Secreto [quarto grau
do Rito Moderno] a diversos irmãos e que eles se lembrassem de que adotada a
Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável.
O nome simbólico, codinome
ou nome de guerra, era costume da
época. Como já visto o primeiro Grão-
Mestre de Portugal, desembargador
Sebastião de Sampaio de Melo e
Castro, adotou o nome simbólico
Epicteto, mudado depois para Egas
Moniz, e era Cavaleiro Rosa-Cruz do
Rito Moderno.

O irmão Fortunato Augusto da Silva, leva em seu diploma de Mestre


Eleito dos Nove do REAA o nome simbólico Barroso, o irmão Adelino Alves
Pereira no de Companheiro, Elias Garcia e o irmão Manoel da Costa Pinto,
no diploma de Mestre, Dreyfus. (Há mais de dezenas de casos similares
publicados).
62 63

O Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896, indica que as suas primeiras


lojas (Commércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy)
são do Rito Moderno.
O Boletim nºs. 2 e 3, de agosto de 1896, contém texto que confirma isto
explicitamente ... “com a existência das três Lojas, todas do Rito Francez ou
Moderno” ...

J
oaquim da Silva Pires (Fig. 21), em sua obra “Rituais Maçônicos
Brasileiros”, editados pela Trolha, à pág. 38, nos afirma categoricamente,
baseado em seus profundos estudos sobre a maçonaria brasileira, que o
Grande Oriente Brazileiro (do Passeio) e o Rito Francês.
GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno e, ainda mais, afirma que o
nome simbólico não era exclusividade do Rito Adonhiramita, rito este que
Na Revista Astréa, anno 2, nº. 4, de 1928, pág. 162 lemos: ...“O Gr∴ Or∴ Brasileiro
iniciou no GOB em 16 de agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.
era do Rito Moderno como o Gr∴ Or∴ do Brasil”(...) na pág. 163...“preferiu a Educação
e Moral desligar-se do Gr∴ Or∴ - Acompanhou-a pouco depois a Commércio e Artes,
presidida pelo Cônego Januário, o amigo inseparável de Ledo, que deixando o Rit∴
Mod∴ transferiu os seus trabalhos para o Escocez”... (...) na pág. 169... “Para se conseguir
a maior perfeição e desarmar a intriga, ...determinou com prudência o Gr∴ Or∴ Braz∴
transitar do Rito Moderno ou Francez que trabalhara até janeiro de 1833.”...

Vemos no livro A Maçonaria em Portugal, do irmão Oliveira Marques,


conceituado escritor português, à pág. 32: ... “desde pelo menos 1800, se usava o
nome simbólico por compreensiva medida de segurança” ..., assim, cremos que a
tese sobre tal utilização está devidamente aclarada.
64 65

Grande Oriente Brasílico (GOB) e o Rito Francês


Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:

...“(pág. 53) Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente


do Brasil, que só as perseguições do anno de 1822, e circunstâncias políticas
dos seguintes, embaraçarão de trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto
que os seus membros se apresentarão em seus postos, logo que a luz maç∴
sahio do Módio, e appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma participação
e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa reunião, à esse Corpo (se
referindo ao Grande Oriente Brasílico convidando o Grande Oriente Brazileiro
ou do Passeio, a se unirem em um só corpo maçônico), que no anno de 1830, se
erigira em Oriente...Por Del∴ da Gr∴ L∴ de 13 de Out. de 1832.”...

Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:


...“(pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego
Januário da Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande
Loja (Grande Oriente): 
  ...“(pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em
princípios do Rito Francês que temos adoptado.”...

Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:

...“(pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera,


Cavaleiro do Real Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o
Grande Oriente Brasileiro, é recebido com as solenidades de praxe e em seu
discurso comenta, entre outras coisas, que: 
...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já
sabe que haveis adoptado o moderno Francês.”...
66 67

Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832: ...Não podia o grupo do Lavradio formar um Or∴ do Rit∴ Franc∴ porque este já existia
no Gr∴ Or∴ Brasileiro, que funccionava neste Rit∴, e que não estava adorm∴.” .... <<>>...
...“(pág. 64) Discurso na R∴ L∴ Com∴ e Art∴ ao O∴ do B∴, pelo Cav∴ R∴⊹ “Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do Rit∴ Esc∴, não só porque a máxima
J. da C. Barboza (Março de 1832)”... “à que hoje presido (se referindo à sua parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e não tinha poderes para funcionar no Rit∴
eleição a Venerável Mestre daquela Loja).”... Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴ Esc∴ (o de Montezuma).” ...

Fundação do Gr∴ Or∴ Braz∴ (do Passeio) - Junho 1831.


... “No anno de 1825, alguns maçons intrépidos reunirão-se em quadro
Constituição do Gr∴ Or∴ Brazileiro – 1834: errante que denominarão Vigilância da Pátria” (...) “repartindo-se por dous
novos quadros, União e Sete de Abril, que derão a primeira base para o Gr∴
..." (pág. 3) que o Subl∴ Gr∴
Or∴Braz∴” (...) “Depois que em Junho de 1831” (...)“em que se admitira
Or∴ Braz∴ competentemente
o representante da Resp∴ Razão ao Or∴ de Cuiabá, se formou o Gr∴
authorizado pelo Artigo 74,
Or∴Braz∴”...
Capítulo Único, Título 5º. da
Const para fazer as alterações
indispensáveis à mudança
de Rito, Decretou em Sess∴
Magna de 24 do 6º. mez do
corrente anno da V∴ L∴ 5834
(13 de septembro de 1834) era
vulgar, as reformas adaptadas
ao Rito Esc∴ Ant∴ e Acc∴,
hoje adoptado pelo Gr∴ Or∴
Braz∴.” ... aos (ilegível) do 7º.
mez do an∴ da V∴ L∴ 5834...
... “(pág. 22) Estes dous corpos
maçon∴ fizerão parte do Or∴ Brasileiro, quando este deixando o Rit∴ Franc∴ que seguia.” ...
68 69

...“Tendo como padrinho José Bonifácio, a sua iniciação ocorreu no dia 02


de agosto de 1822, como consta na ata da sessão nº. 9 da Assembleia Geral do
Considerações:
GOB no dia 13 do 5º. mês de 1822. Já em 5 de agosto, como apresentado na ata

M
da sessão de 16 do 5º. mês de 1822, o primeiro Imperador do Brasil foi exaltado
uito mais há que se falar sobre a história da Maçonaria Brasileira
ao Grau de Mestre Maçom.
e Portuguesa, principalmente no que tange a formação das
A despeito de sua rápida passagem pela Maçonaria, a qual ordena a
suas lojas, as particularidades dos ritos usados e adotados
suspensão de todos os trabalhos em 21 de outubro de 1822, o Imperador
oficialmente, os ilustres homens que a compunham e as ferrenhas
foi empossado como Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil na 17ª.
perseguições dos que a detratavam, entres elas, a Santa Inquisição.
sessão do GOB e nesta mesma reunião foi revestido com o Grau 7 do
Longe de termos esgotado o assunto, vejamos mais alguns nuances
Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz, como afirma Manoel Joaquim
do Rito Francês ou Moderno:
de Menezes em seus relatos ―Exposição histórica da Maçonaria no
Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da
Brasil (Apud BOLETIM, 1875, p.747), que, conforme explicitou Kurt
Idade do Ouro, o Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico
Prober (1984, p.55), em livro escrito com o pseudônimo Isa Ch‘an, fora
de Guatimozin.
testemunha ocular dos fatos ocorridos em 1822.
Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado
Destarte, no arquivo histórico do Museu Imperial é possível encontrar
ao 7º. e último grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e,
uma carta direcionada a Joaquim Gonçalves Ledo, a qual foi assinada
eleito Grão-Mestre em 04 de outubro.
com as iniciais ―I∴ P∴ M∴ R ∴ +, que, segundo Castellani (2009, p. 56)
Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise
significa: Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. O que, assim, corrobora a
dos seus objetos maçônicos, em especial o avental, no recorte da Revista
afirmação de que D. Pedro I atingiu o grau máximo do Rito Moderno à
época.”...
Ciência e Maçonaria, ...“O avental manufaturado em seda e veludo apresenta, bordado na
edição de 10/07/2017. abeta, um delta luminoso; abaixo, ostenta um pelicano alimentando seus
...“De fato, o filhotes encimado por uma cruz com a rosa mística ao centro, ladeado
Imperador do Brasil D. por símbolos e palavras do grau. Portando, possivelmente um avental do
Pedro I foi iniciado na Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.
Maçonaria aos 24 anos de Isto porque, segundo as informações disponíveis nos ―Reguladores
idade, na Loja Comércio do Rito Francez Gráos Mysteriosos – Architecto (p.35) datado de 1834,
e Artes, adotando o nome e de certa forma contendo informações do contexto de época de fabrico
heroico de Guatimozin”... desta indumentária, na parte em que apresenta as diretrizes do grau de
―Roza-Cruz, o avental deste grau disporia de um triangulo na abeta, com
quadrados e círculos com a letra ―J, e no meio do avental, seria bordado a
joia do grau. Esta também é descrita no ritual (p.33) como sendo formada
por um compasso tendo ao centro huma cruz radiosa, com o pé n‘hum
quarto de circulo, e o topo tocando a cabeça do compasso; de hum lado
está apoiada nas pontas do compasso, huma águia com as azas abertas e
a cabeça baixa; do outro hum pelicano, rasgando o seio para alimentar os
filhos, que por baixo se divisão em hum ninho.
Entre a águia, e o pelicano eleva-se hum ramo de acácia; sobre a
cabeça do compasso, que forma huma rosa, há huma corôa antiga; sobre
o quarto de círculo há, de hum lado, a palavra, e do outro a palavra de
70 71

passe em letras hieroglyphicas.”...( )... “Na abertura dos trabalhos de aprendiz, se lê na pág. 22: “debaixo dos
...“Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de Auspícios do Grande Oriente Brazileiro (que também é conhecido como
1834 e o pertencente a D. Pedro I, pode-se corroborar a afirmativa Grande Oriente do Passeio)”...
de ser do Grau 7 do Rito Moderno bem como ser passível seu uso pelo
Imperador.”...

Encerrando as atividades:
D. Pedro temeroso em consequência de denúncias feitas a ele que
elementos do Grande Oriente, contando com o apoio de alguns oficiais
de Tropa tentariam depor os ministros, envia um bilhete a Ledo,
pedindo que suspenda os trabalhos maçônicos até segunda ordem
(ordem revogada 04 dias depois).
..."Meu Ledo. Convido fazer certas averiguações tanto pública como
particulares na Maçonaria, mando primeiro como Imperador, segundo
como Grão-Mestre: que os trabalhos maçônicos se suspendam até
segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; resta-me reiterar
os meus protestos como  Irmão: I∴P∴M∴R∴+ (Irmão Pedro, Maçom
Rosa-Cruz)"...

Reencetando os trabalhos:
No entanto, o Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José
Bonifácio de Andrada e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno,
antecedido pelo Grande Oriente Brazileiro, também conhecido por Grande
Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831, também trabalhando
no Rito Moderno.
A Loja “Seis de Março de 1817”, de Pernambuco, se regularizou em 7 de Em 1834 foi publicado pelo G∴O∴B∴
outubro de 1832 junto ao GOB no Rito Francês (Albuquerque, A Maçonaria os Reguladores do Rito Francês (Graus 1 ao 7º).
e a Grandeza do Brasil).
Datam de 1833 os Rituais da Loja Commércio e Artes (eram do Rito
Moderno, conforme afirma o ir∴ Joaquim da Silva Pires em seu livro “Rituais
Maçônicos Brasileiros”).
...“Na capa lemos: Segundo o Original Francez, a traducção e
annotações de Hypolito (Londres) [que fora designado como Delegado
do Grande Oriente do Brasil], adoptados aos trabalhos da Loja
Brazileira Commércio e Artes [que trabalhava no Rito Moderno em
1822], pelo seu Venerável J. da C. B. [Januário da Cunha Barbosa]
- Cavaleiro Rosa Cruz [Grau 7 do Rito Moderno] [que migrou a
sua Loja (Commércio e Artes) para o Grande Oriente do Passeio em
1833]. Carimbado: Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro
01[possivelmente seja a Biblioteca do Grande Oriente do Passeio].”...
72 73

Os primeiros Rituais Maçônicos do Brasil: do Brasil, mas o de 1857, que, conforme já esclarecido, foi impresso na Typographia
Menezes, na Rua do Cano, nº. 165, Rio de Janeiro. Infelizmente, não obstante sua

O
irmão Joaquim da Silva Pires foi discípulo do inesquecível Irmão Kurt Prober, indiscutível tradição, nossa Potência Maçônica abandonou aquele significativo uso.
com quem, ao longo de 21 anos, fez proficientes estágios e dele conseguiu Em 20 de agosto de 1920, quando ainda no Grande Oriente do Brasil, antes de
expressivo acervo documental, onde constam, exemplificativamente, os ser o Grão-Mestre titular, o mencionado Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring
primeiros Rituais usados no Brasil. Em entrevista dada à Revista Luzes (do GOSP), assinou o Decreto nº. 655-GOB, pelo qual autorizou o pagamento da tradução, em
publicada na edição nº. 8, Set./Out./2016, tece os seguintes comentários: português, mas impressa em Londres, pela oficina gráfica George Kenning & Son,
do original inglês The Perfect Ceremonies of Craft Masonry, que, em nosso País,
...“O primeiro de todos aqueles rituais era do Rito Moderno e do Grande Oriente recebeu a denominação Cerimônias Exatas da Arte Maçônica. O tradutor foi o Ir∴
Lusitano, impresso em Lisboa, em data e tipografia desconhecidas. Elucidou, porém, Joseph Thomaz Wilson Saler, da Lodge of Unity, de São Paulo (SP), com autorização
que isso foi antes de 1822, porque, já naquela data, o citado Ritual era usado pela Loja da United Grand Lodge of England. Lamentavelmente, em 1976, essa tradução foi
Comércio & Artes, do Rio de Janeiro, a nº. 1 do Grande Oriente do Brasil. deturpada, com o acréscimo do bastardo termo ‘Rito de York’, que nunca foi e que não
é praticado na Inglaterra, sendo um Rito originário dos Estados Unidos da América.
Todavia, dos Rituais que foram impressos em nosso País, todos em empresas Tal deturpação acentuou uma confusão conceitual que aqui vigora até hoje. No
gráficas localizadas no Rio de Janeiro, os mais antigos são: o do Rito Moderno, ano de Brasil, com referência ao denominado Simbolismo, o verdadeiro Rito de York, de
1833, impresso na Typographia Seignot & Plancher, na Rua do Ouvidor, nº. 95; outro origem norte-americana, sem quaisquer liames com o Emulation Ritual, com outros
do Rito Moderno, ano de 1834, impresso na referida tipografia; o do Rito Escocês Antigo Rituais ingleses e com a United Grand Lodge of England, é aquele que está nos Rituais
e Aceito, igualmente do ano de 1834 e também impresso na referida tipografia; o do dos Graus 1, 2 e 3, do nosso Grande Oriente de São Paulo, impressos na Zit Gráfica
Rito Moderno, ano de 1837, impresso na Typographia Austral, no Beco dos Quartéis, e Editora, da Rua Santa Mariana, nº. 21, Bonsucesso, Rio de Janeiro, mediante
nº. 21; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano de 1845, impresso na Typographia Bintot, magnífico trabalho coordenado pelo talentoso Ir∴ João Guilherme da Cruz Ribeiro,
na Rua do Sabão, nº. 70; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano de 1857, impresso na Deputy General Grand Master South America”...
Typographia Menezes, na Rua do Cano, nº. 165; o do Rito Moderno de 1869, impresso No que tange ao Rito de Schroeder, o entrevistado explicou que, em 1801, foi editado pela
na Typographia Universal de Laemert, na Rua dos Inválidos, nº. 63-B; o do Rito Absalon zu den Drei Nesseln Loge (Loja Absalão das Três Urtigas), de Hamburgo, Alemanha,
Adonhiramita, de 1873 (na capa, está escrito Adonhiramito), que teria sido impresso o Ritual de Schroeder, do qual foram impressas, em 1956 e em 1982, duas traduções em
na Typographia do Gr∴ Or∴ do Brasil, na Rua do Lavradio, nº. 55-K, Rio de Janeiro, português: a primeira pelo Ir∴ Wigando Schmidt, da Grande Loja de Santa Catarina, e a
mas que, na verdade, foi impresso em desconhecida tipografia particular; e o do Rito segunda pelo Ir∴ Gerhard Ludwig Reeps, da Grande Loja do Rio Grande do Sul.
Moderno, de 1892, um trabalho gráfico da Imprensa Nacional (não consta o nome da Quando a conversa atingiu sua parte final, o Ir∴ Joaquim da Silva Pires
respectiva artéria pública), que suprimiu no mencionado Rito, até hoje, a invocação ao consignou que gostaria de fazer considerações sobre os Rituais estrangeiros que
Grande Arquiteto do Universo. possui, notadamente, os ingleses, e sobre a trajetória (só a trajetória) do primeiro
Os três primeiros Rituais das três primeiras Grandes Lojas (Bahia, Rio de Janeiro e Ritual brasileiro do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito.
São Paulo) foram impressos em 1928, ou seja, no ano posterior ao da cisão criada pelo Ponderou ainda que, em outra eventual oportunidade, esclarecerá o porquê
Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, então ex Grão-Mestre do Grande Oriente do de a Cerimônia de Mestre Instalado só cabe no sistema inglês e qual o histórico da
Brasil, porém efetivo Soberano Grande Comendador do Supre- mo Conselho do Rito distorção que permitiu ser aquela Cerimônia adotada por Ritos outros. Fez questão de
Escocês Antigo e Aceito. dizer que possui raras peças, historicamente valiosas, sobre os primórdios da Grande
Aqueles três Rituais, cujas linhas mestras quase não sofreram alterações, foram Loja Maçônica do Estado de São Paulo, entre as quais estão cartas trocadas pelo Ir∴
impressos na Typographia Delta, na Rua Dias da Cruz, nº. 129, Rio de Janeiro. De Carlos Reis (pai) e pelo Ir∴. Mário Marinho de Carvalho Behring, concernentes à
modo geral, eram cópias do Ritual do Grande Oriente do Brasil, de 1923 (apesar de que, cisão maçônica brasileira de 1927.
na capa, está escrito 1922), impresso na Oficina da Escola Profissional José Bonifácio,
na Rua Paraguai, nº. 72, Rio de Janeiro. Ideais Maçônicos de 1822, conforme JOÃO ALBANO CARVALHO:
O uso do chapéu pelo Venerável Mestre também é cópia de Ritual do Grande Oriente “De qualquer maneira hoje, por meio de pesquisas, podemos pender para um
74 75

ou outro lado, aceitar ou questionar os dados apresentados, mas o fato é que, nesse Resumo das literaturas, objeto deste trabalho, que confirmam a prática do
ano de 1822, os ideais maçônicos estavam postos para o engrandecimento do Rito Francês ou Moderno nos primórdios da maçonaria brasileira.
homem e sua evolução, fazendo com que a tríade maçônica que nos rege, Liberdade,
Igualdade e Fraternidade pudesse estar presente na vida de todos os cidadãos, Almanak Maçônico de 1847 (Typografia Universal de Laemmert):
independentemente de sua ascensão social, credo, sexo e raça. Nunca esteve a ...“(pág. 79) no dia 5 de Julho 1802, fora creada ao Oriente da Bahia a L.
Maçonaria Brasileira tão determinada em alcançar seus objetivos e tão próxima do Virtude e Rasão, do rito moderno”...
povo.”
Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II,
números 9 e 10, Setembro e Outubro de 1928:
... “(págs. 332 e 333) O Gr∴ Or∴ do Brasil trabalhou sempre no Rit∴ Mod∴ e
a prova disso está em suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas
aos gráos desse Rito, jamais dos outros” ..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém,
trabalhavam no Rit∴ Moderno” ...

Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896 – (só mencionaremos as três


primeiras lojas sob a sua jurisdição seguindo a transcrição do mesmo):
...“Commércio e Artes, Rito Moderno, Poder Central, Novembro de 1815; União
e Tranquilidade, Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822; Esperança de
Nictheroy, Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822.”....

Boletim do GOB de nºs. 2 e 3, de agosto de 1896:


...“Com a existência das três Lojas (se referindo às Lojas Commércio e Artes,
União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy), todas do Rito Francez ou
Moderno, surgiu a necessidade da creação de um corpo superior autonomo e
independente sendo por isso installado o Grande Oriente do Brazil.”...

“Rituais Maçônicos Brasileiros” – Joaquim da Silva Pires, Edições A


Trolha:
...“(pág. 38) o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno.”...

Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº.


4, de 1928:
...“ (pág. 162) O Grande Oriente Brasileiro era do Rito Moderno como o
Grande Oriente do Brasil”...

Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº.


4, – 1928:
...“(pág. 169) preferiu a Educação e Moral desligar-se do Gr∴ Or∴ -
Acompanhou-a pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo Cônego
Januário, o amigo inseparável de Ledo, que deixando o Rit∴ Mod∴ transferiu
76 77

os seus trabalhos para o Escocez”(... )“Para se conseguir a maior perfeição e


Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro 01.”...
desarmar a intriga, ... determinou com prudência o Gr∴ Or∴ Braz∴ TRANSITAR
...“(pág. 22) debaixo dos auspícios do Grande Oriente Brasileiro.”...
do Rito Moderno ou Francês que trabalhara até janeiro de 1833.”...
Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro – nº. 2 – novembro de 1870:
Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº.
...“(pág. 22) Estes dous corpos maçon∴ fizerão parte do Or∴ Brasileiro,
4, – 1928:
quando este deixando o Rit∴ Franc∴ que seguia”(...) Não podia o grupo do
...“(pág. 170) Faltava, porém, reformar a Constituição do Povo Maçon
Lavradio formar um Or∴ do Rit∴ Franc∴ porque este já existia no Gr∴ Or∴
brasileiro (foi, então promulgada a Constituição de 1834 adotando o REAA),
Brasileiro, que funccionava neste Rit∴, e que não estava adorm∴ (...) Não
que não estava em harmonia em muitos de seus artigos com o Rito que se
podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do Rit∴ Esc∴, não só porque a
abraçara.”... “(Rito Moderno ou Francês à época).”...
máxima parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e não tinha poderes
para funcionar no Rit∴ Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴ Esc∴ (o
Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:
de Montezuma).”...
...“ (pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera,
Cavaleiro do Real Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o
Jornal do Gr∴ Or∴ Brazileiro – nº. 3 – dezembro de 1870:
Grande Oriente Brasileiro, é recebido com as solenidades de praxe e em seu
...“(pág. 37) Depois que em junho de 1831, em fuzão geral dos operários
discurso comenta, entre outras coisas, que: 
dos três mencionados quadros (Vigilância da Pátria, União e Sete de Abril),
...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já
em que também se admittira o representante da Resp∴ Loj∴ Razão ao Or∴
sabe que haveis adoptado o moderno Francês”...
de Cuiabá, se formou o Gr∴ Or∴ Braz∴ adoptando-se para seu governo, a
Constit∴ Maç∴ portuguesa provisoriamente”... (O Grande Oriente Lusitano
Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:
praticava nesta época o Rito Francês ou Moderno).
...“ (pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego
Januário da Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande
Constituição do Gr∴ Or∴ Brazileiro – 1834 (Typ. Thomaz B. Hunt):
Loja (Grande Oriente): 
...“(pág. 3) que o Subl∴ Gr∴ Or∴ Braz∴ competentemente authorizado
  ... “ (pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em
pelo Artigo 74, Capítulo Único, Título 5º. da Const para fazer as alterações
princípios do Rito Francês que temos adoptado”...
indispensáveis à mudança de Rito, Decretou em Sess∴ Magna de 24 do 6º.
mez do corrente anno da V∴ L∴ 5834 (13 de septembro de 1834) era vulgar,
Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832:
as reformas adaptadas ao Rito Esc Ant e Acc, hoje adoptado pelo Gr∴ Or∴
...“(pág. 64) Discurso proferido na Respeitável Loja Commércio e Artes ao
Braz∴.”... aos (ilegível) do 7º. mez do an∴ da V∴ L∴ 5834...
Oriente do Brasil pelo Cavaleiro Rosa Cruz, Januário da Cunha Barbosa, no
acto de tomar posse de Venerável em março de 1832:
No Boletim nºs. 11 e 12, 26º. ano do GOB, janeiro e fevereiro de 1923:
...A Officina Commércio e Artes na Idade d’Ouro, à que hoje prezido por
...“discutiu-se a proposta de elevação ao grau de Eleito Secreto (quarto grau
vossa eleição, e que n’outros tempos tanto se distinguira pelo zelo dos seus
do Rito Moderno) a diversos irmãos e que eles se lembrassem de que adotada a
obreiros, renasce gloriosa como a Phenix dentre as cinzas, em que parecia
Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável.”...
have-la sepultado huma indigna perfídia” ...
A Maçonaria na Independência do Brasil (1812 - 1823) de Teixeira
Pinto:
Instrucções Maçônicas ou Cathecismo e Regulamento Geral do Grào de
...“(pág. 30) Quando, em 1773, se tornou necessário executar uma
Aprendiz - Loja Commércio e Artes – 1833:
reforma de base, para impor sua autoridade sobre as instituições congêneres
...“(Capa) Segundo o Original Francez, a traducção e annotações de
que condenavam o uso do novo rito que havia adotado, o Grande Oriente da
Hypolito (Londres), adoptados aos trabalhos da Loja Brazileira Commércio
França foi forçado a procurar um homem forte que, com a sua coragem e o
e Artes, pelo seu Venerável J. da C. B. - Cavaleiro Rosa Cruz - carimbado:
78 79

prestígio o seu nome, fosse capaz de exercer o cargo de Gr∴ M∴, fazendo frente já que até então só existiam Grandes Lojas, o Grande Oriente Brasileiro, com
aos ataques que haviam sido desferidos. Encontrou finalmente esse homem. suas três lojas metropolitanas, adotou o Rito Moderno, ou Francês.”...
Chama-se Luiz Felipe d'Orleans, e passou à história com o nome de Felipe
Igualdade." (...) "A ele devemos esse incomparável Rito Moderno ou Francês O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor
com os seus setes graus, que o Grande Oriente do Brasil adotou desde a sua Alexandre Magno Camargo (Melkisedek):
fundação e conservará através dos séculos."... ... "(pág. 54) Em virtude dessa reinstalação praticamente dez anos depois
de fechado, e com outra denominação (Grande Oriente do Brasil, e não mais
... "(pág. 38) Há ainda neste trecho da ata (se referindo à ata de nº. 10 do Brasílico), se diz que foram Lojas do Rito Moderno que fundaram o GOB,
GOB, realizada aos 16 dias do 5º. mês do ano da Verd∴ L∴ 5822) um detalhe pois tanto o GOB quanto as suas Lojas Fundadoras, reergueram colunas já
a considerar. O “Grande Oriente Brazilico”, apezar de ter adotado o Rito praticando o Rito Moderno, tendo antes suspensas suas atividades no mesmo
Moderno ou Francês, estava empenhadíssimo em conseguir o reconhecimento Rito Moderno.”...
do “Grande Oriente Britânico.”....
... "(pág. 59) mandando recommendar a Gr∴ Loj∴ a estes IIr∴, que se A Bigorna – nº. 69 – fevereiro de 1983 – Kurt Prober:
lembrem de que, adoptada a Maçonaria dos sete, o Gr∴ de Mestr∴ torna-se O GOB NASCEU NO RITO MODERNO?
um Gr∴ muito respeitável e poderoso.”... Todos nós costumamos aceitar como “favas contadas” que o Grande
Oriente do Brasil teria sido FUNDADO no RITO ADONHIRAMITA, em
Apostila do Curso História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo 17.6.1822. Mas de onde o sabemos? …
Ismail, Novembro de 2017: Por mais que se procure, aqui e acolá, de positivo nada se encontra, pois
...“No caso da França, pioneira da Maçonaria latina, adotou-se o sistema “documentos da época” não existem, e as tradições… em que os escritores
de anos de Anderson, com certo “plus”. No Rito Francês ou Moderno, o do passado se louvam, não são confiáveis. Além disso, as “histórias” por
primeiro dia do ano foi tido como 1º. de março e os meses passaram a ser eles produzidas, como p.e. (por exemplo) a do Ir∴ PENN (Manoel Joaquim
contados pelo número ordinal (DAZA, 1997). Assim, o dia 24 de junho de 1717 de Menezes) – “Exposição Histórica da Maçonaria no Brasil” – 1857 (nota
na Maçonaria passava a ser 24º. dia do 4º. mês de 5.717 da Verdadeira Luz. 1), a do Ir∴ Alexandre José de Mello Moraes – “História do Brasil-Reino e
A Maçonaria francesa serviu de modelo quando do surgimento da Maçonaria Brasil-Império” – 1871, as “Efemérides” do Barão do Rio Branco, e ainda
em Portugal e no Brasil, as quais herdaram dela o nome Grande Oriente, além as publicações de “Varnhagen”, “Pereira da Silva”, “Tobias Monteiro” e
dos ritos, modelo de constituição e outras características. Considerando o outros, são todas elas memórias, entretanto, incorretas em muitas datas
calendário maçônico francês, o 20º. dia do 6º. mês de 5.822 é exatamente o dia e redundâncias, de modo que não podem servir de “pedra de toque”. Via
20 de agosto de 1822. Nesse caso, a CMSB estaria certa.”... de regra, todos estes historiadores “contam um conto” e, para fazer os
“acertos”… no tempo e no espaço, “aumentam um ponto”.
História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores José Vejamos: - Mello Morais no Tomo I, pág. 16, nos conta a origem da
Castellani/William Almeida de Carvalho: Loja “DISTINCTIVA”, em S. DOMINGOS da Praia Grande (na Freguezia
...“(pág. 21) A ata mostra que, para que fosse fundado o Grande Oriente de São Gonçalo) – (nota 2), NÃO FALANDO EM RITO, mas já o Ir∴ PENN
Brasílico – assim era o seu título, à época, a loja Comércio e Artes, fundada em é sumário quando diz, à pág. 5: “… que TÔDAS AS LOJAS MAÇÔNICAS
1815, formou, por sorteio entre os seus membros, mais duas lojas, a Esperança DO RIO, BAHIA E PERNAMBUCO, umas instaladas sob os auspícios do
de Niterói e a União e Tranquilidade, que seriam instaladas a 21 de junho, Gr∴ Or∴ Luzitano, outras do Gr∴ Or∴ de França, e algumas independentes,
quatro dias depois de criado o Grande Oriente. Mostra também que, seguindo ERAM DO RITO ADONHIRAMITA…”… Onde teria bebido sua
um costume maçônico da época, os nomes dos obreiros são substituídos por sapiência?…
nomes históricos ou heroicos. Como filho espiritual do Grande Oriente da E quando João Luiz Teixeira Pinto em 1961 edita o seu magnífico livro
França – que inaugurou o sistema obediencial de Grande Oriente, em 1772, “A Maçonaria na Independência do Brasil”, ele simplesmente copia Mello
80 81

Morais na parte da Loja “Distinctiva”, e segue dizendo (pág. 14) que: “… não constando das atas nenhuma “NOVA ADOPÇÃO” específica, é mais
FUNDARAM em 15.11.1815 na casa do Dr. João José Vahia, à Rua da do que lógico que o RITO MODERNO TENHA SIDO ADOTADO NA
Pedreira da Glória (hoje Rua Pedro Américo) uma Loja com o título distintivo FUNDAÇÃO DO GR∴ OR∴ BRASÍLICO.
de “COMÉRCIO E ARTES”, ADOTANDO O RITO ADONHIRAMITA e Na 7ª Sess∴, de 23.7.1822, aparecem outras propostas para elevação de
funcionando sob os auspícios do Gr∴ Or∴ Luzitano etc…”. IIr∴ ao Gr∴ 4 do Rito Moderno, e nesta mesma reunião, que por sinal era
Logo a seguir, na pág. 16, ele transcreve um documento publicado no a SEGUNDA em que José Bonifácio se dignava aparecer, se resolveu “…
Boletim do GOB de 1896, pág. 37/39, que é a ATA DE INSTALAÇÃO DA unanimemente dar o Gr∴ de ROSA CRUZ (7º. do Rito Moderno) ao Gr∴
LOJA “COMMERCIO E ARTES”, de 24.6.1821, ATA ESTA QUE NÃO Mest∴ José Bonifácio…”.
FALA EM RITO e deixou bem claro, que a Loja REINSTALADA NÃO Na Sess∴ seguinte, Extraordinária de 2.8.1822, aparecia José Bonifácio
MAIS QUIZ “declarar-se sob a jurisdição do Gr.·. Or.·. Luzitano”. pela terceira vez no GOB, para iniciar o Príncipe Regente D. PEDRO, com
Acontece que Teixeira Pinto nesta transcrição, POR INICIATIVA o nome heroico de GUATIMOSIM.
PRÓPRIA, resolveu completar a “… DATA da instalação primitiva, citada Devo esclarecer aqui que o USO DE “NOMES HERÓICOS” NÃO
no documento, como – DE NOVEMBRO DE 1815 – para (segunda-feira) ERA PRIVATIVO DO RITO ADONHIRAMITA, como querem fazer crer
15 de novembro de 1822. Onde teria encontrado o dia “15”, mesmo porque os “propagandistas hoje do rito”. Era um hábito adotado para os maçons
este dia não era uma segunda-feira, e sim uma quarta-feira”? se livrarem das perseguições da inquisição e outras, e de passagem posso
Na realidade, a fundação da Loja “Commércio e Artes” (a primeira das provar que até hoje este uso está arraigado até no Supremo Conselho do
cinco que já existiram – veja coletânea A Bigorna – 1984, págs. 116/117) tinha REAA de Portugal.
“acontecido” em 24.6.1815, resultando da fusão das Lojas “CONSTÂNCIA” Basta dizer que o meu Diploma de S.G.I.G. Gr∴ 33 HONORÁRIO
e “PHILANTROPIA”, conforme notas encontradas pelo Ir∴ Ariovaldo do Supr∴ Cons∴ de Portugal, de 7.12.1978 é assinado pelo S. Gr.
Vulcano. Com. “GRACCHUS” (Ir∴ Dr. Adelino da Palma Carlos), pelo Gr∴
Fundou-se o Gr∴ Or∴ BRASÍLICO em 17.6.1822, e relendo-se Secret∴ “JOÃO DE SANTARÉM” (Ir∴ Henrique Côrte Real) e pelo
cuidadosamente as Atas das SSess∴ 1 até 4, não se encontra uma palavra Min. de Estado “MESTRE DE AVIS” (Ir∴ Armando Adão e Silva).
sobre RITO. Só em 12.7.1822 (5ª. Sess∴) surge uma proposta de elevação de E creio poder terminar esta ESTÓRIA do Rito Adonhiramita
6 IIr∴ ao Gr∴ de ELEITO SECRETO – que é o Gr∴ 4 do RITO MODERNO transcrevendo um trecho da ata da 10ª. Ses∴. de 5.8.1822: “…
– e mais adiante se diz, falando de elevações de outros IIr∴ merecedores: “… ponderou o Ir.·. Presidente, por parte da Commissão nomeada
mandando recommendar a Gr∴ Loj∴. a este IIr∴ que se lembrem de que, para conceder os altos GGr∴, que havendo a Gr∴ Loj∴ accordado
ADOPTADA A MAÇONARIA DOS SETE, o Gr∴ de Mestre torna-se um dar o Gr∴ de ELEITO SECRETO aos IIr∴ filiados nos nossos
Gr∴ muito respeitável e poderoso, e que, se elles têm verdadeiro amor pela quadros, constituídos em GGr∴ de MMestr∴ PPerf∴ 1º. 2º. e 3º.
nossa Ord∴ devem querer que vá mais lenta esta concessão de GGr∴ para Eleitos pela Maçonaria do 13 e também áquelles mmestr∴ que
se tornarem não só mais appetecíveis, como mais valiosos, para retribuírem pelo seu zêlo e amor pelo bem da Pátria e da nossa Subl∴ Ord∴
o zelo e as virtudes maçônicas daquelles IIr∴ que mais se distinguirem…” se tinham tornado dignos de ser adiantados na Arte Real, era por
E mais adiante: “… Que os Ooper∴ das 3 LLoj∴ Metropolitanas que ora impossível satisfazer a tão justas resoluções, porque tendo
têm o Gr∴ de Mestre Perf∴ e 1º. Eleitos (eram os GGr∴ 4 e 5 do Rito a Maçonaria dos 7 reduzido os GGr∴ desde Mestr∴ Perf∴ até
Adonhiramita) QUE FICARAM ABOLIDOS PELA NOVA ADOPÇÃO, Eleito dos 15 ao ELEITO SECRETO, não havia os necessários
devem dirigir-se à commissão que brevemente nomeará a Gr∴ Loj∴ e reguladores para a Iniciação deste Gr∴ e a Gr∴ Loj∴ não podendo,
fará saber para a concessão de GGr∴ a fim de receberem o de ELEITOS de maneira alguma, alterar quaisquer das fórmulas adoptadas, que
SSECRET∴”. formam essencialmente o systema dos 7 Gr∴, resolveu o seguinte:
Vejamos bem. Falando a ata de “ADOPTADA A MAÇONARIA DOS Que ficasse suspensa a iniciação no Gr∴ de Eleito Secret∴; que na
SETE”, como “águas passadas”, e nunca se tendo antes falado em RITO, e mesma ocasião em que o Gr∴ Or∴ Brasílico se fizesse reconhecer
82 83

do Gr∴ Or∴ Britannico, encarregasse ao seu Deleg∴ naquele Or∴ da


remessa de todas as instrucções e papeis concernentes ao systema Conclusão:
maçonico dos 7 GGr∴, adoptado pelo Gr∴ Or∴ Brasílico; que deste

O
reconhecimento se tratasse com toda a brevidade; que se mandasse mérito e êxito desta obra é fruto de árduo trabalho de pesquisa onde
Carta de Deleg∴ ao maçom HYPPOLITO. se buscou o consenso e a unanimidade nos escritos de especialistas
Aliás, ainda nesta reunião “accordou a Gr∴ Loj∴ DAR o Gr∴ de na matéria. Faz-se mister concluir, após a análise dos documentos,
MESTRE ao Ir∴ GUATIMOSIM e foi encarregado de l’ho conferir o livros e demais compêndios consultados, que o Rito Francês ou Moderno
Ven∴ da Loj∴ Commercio e Artes a cujo Quadro pertence.”.... foi o primeiro rito brasileiro regular, bem como o rito de fundação do
Vale a pena aqui acrescentar que o GGr∴ do Rito Adonhiramita Grande Oriente do Brasil, não havendo até a presente data, pesquisa que
Mestr∴ Perf∴ – 4, 1º. Eleito (dos 9) – 5, 2º. Eleito (de Parpignan) – 6 supere esta afirmativa. No entanto, como ao maçom compete a constante
e 3º. Eleito (dos 15) – 7, todos eles passariam a corresponder ao Gr∴ 4 busca da verdade, seguimos nossos estudos.
do RITO MODERNO.
Trocando tudo isso em miúdos, chegamos à conclusão, e creio ter
liquidado a discussão de uma vez por todas, que: O GR.·. OR.·. DO
BRASIL FOI, EM 17.6.1822, FUNDADO NO RITO MODERNO, e que
tudo o mais é conversa fiada.

A Bigorna – 1985 – nº. 39 - Julho (25) – Kurt Prober:


...“Ainda no mesmo ano de 1833 a aludida firma SEIGNOT-
PLANCHER imprimiu para a Loja "COMMÉRCIO E ARTES", que a
partir de 7.4.1833 já se tinha filiada ao Grande Oriente Brasileiro, do
Passeio, tendo o GOB fundado uma Loja “papel-Carbono”...”, a obra
seguinte:” INSTRUCÇÕES MAÇÔNICAS (Cathecismos e Regulamento

Foto: Celso M. da Mota Júnior


Geral) - Não especifica, mas é Rito MODERNO - impressa em 3 livrinhos
(Ref.: BR-1833,413A,B e C) - Aprendiz com 72 págs., Companheiro
com 31 págs. e Mestre com 39 págs., elaborado pelo Ven∴ Januário da
Cunha Barbosa (segundo o Original francez) em tradução e anotações
de HYPÓLITO JOSE DA COSTA, de Londres."...

Revista Ciência e Maçonaria, edição de 10/07/2017.


Texto final sobre a análise dos seus objetos maçônicos de D. Pedro I
(Guatimozin):
..."Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de 1834
(Reguladores do Rito Francez – Gràos Symbólicos - Typ. Imp. e Const. de
Seignot-Plancher e Cª.) e o pertencente a D. Pedro I, pode-se corroborar a
afirmativa de ser do Grau 7 do Rito Moderno bem como ser passível seu uso
pelo Imperador."...
Cleber Tomás Vianna
84 85

“Landmarks”.
Breve Currículo do Autor:

Cleber Tomás Vianna, Mestre Instalado, Grande Benemérito do GOB ▲Diploma de Participação 1º. Seminário do Rito Adonhiramita na
e do GOEB – Secretário de Orientação Ritualística do GOEB (Grande Bahia em Feira de Santana – dias 08 e 09/04/2016.
Oriente Estadual da Bahia) – Delegado do SCRM (Supremo Conselho do
Rito Moderno) para os estados da Bahia e Sergipe.
▲Diploma de Participação do Seminário Regional do Rito Brasileiro
na Bahia em Riachão do Jacuípe – De 22 a 24/04/2016.
▲ Diploma de Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho
do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão, RJ,
Ato 14.341 de 25/11/2016 Promulgado pelo Soberano irmão Enyr de Jesus ▲Diploma de Participação do Seminário Regional do Rito Brasileiro
Costa e Silva. na Bahia em Vitória da Conquista – De 06 a 07/10/2017.

▲ Diploma de Grande Reconhecimento Maçônico do Supremo ▲Diploma de Palestrante do I Seminário do Rito Moderno em Natal/
Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Rio Grande do Norte em 21/10/2017.
Cristóvão, RJ, Ato 15.994 de 02/05/2018 Promulgado pelo Soberano irmão
Enyr de Jesus Costa e Silva.
▲Diploma de Participação no XXXII Congresso Maçônico do GOEB –
10 a 12/11/2017 – Feira de Santana/Bahia.
▲Diploma de Mérito de Membro Contribuinte para a nova Sede do
Supremo Conselho do Grau 33 do REAA, em Jacarepaguá - nº. 10.321 –
16/07/1986. ▲Diploma de Palestrante na Loja Acadêmica Voltaire, 4515 - Feira de
Santana/BA, em 30/11/2017.
▲Diploma de Fundador Honorário - 23/09/2002- Loja Solidariedade,
3348 – GOEB/GOB – SSA/BA. ▲Diploma de Palestrante no I Congresso Nacional do Rito Moderno
no Brasil – Grande Oriente do Paraná – 19/05/2018.
▲Diploma de Venerável Mestre de Honra – 23/09/2002 – Loja
Solidariedade, 3348 – GOEB/GOB – SSA/BA. ▲Certificado de Reconhecimento à causa Maçônica – 20/08/2007 –
Loja José do Patrocínio, 148 – Subordinada à Grande Loja do Estado de
Goiás.
▲Certificado de Palestrante emitido pelas Lojas Constâncio Vieira,
3300 – AJÚ/SE, Solidariedade, 3348-SSA/BA, Verdade Libertária, 3497-
SSA/BA, Sublimes Capítulos Regionais Dílson Luiz Santa Bárbara Gusmão ▲Diploma de Maçom Benemérito da Ordem - GOEB/BA. Ato
- AJÚ/SE e Os Amigos da Liberdade, SSA/BA pela participação do 159/2009-05/09/2009, promulgado pelo Grão-Mestre Humberto Cedraz.
Primeiro Seminário Bahia e Sergipe do Rito Moderno – 29/11/2003 – Tema
86 87

▲Presidente da Comissão de Instalação e Posse dos Veneráveis


Mestres nas Lojas;
▲ Maçom Benemérito da Ordem – Grande Oriente do Brasil, Ato
23.468 de 13/10/2016, promulgado pelo Soberano Grão-Mestre em
exercício, irmão Eurípedes Barbosa Nunes.
Antônio Carlos Bagio - Ato 0131/1997 – O Grito do Ipiranga,
240-GLESP.
▲ Maçom Grande Benemérito da Ordem – Grande Oriente do Brasil,
Ato 024.623 de 19/05/2017, Registro 88049, promulgado pelo Soberano
Ivaney Cabral Luz – Ato 031/2007 – Solidariedade, 3348 - GOEB/GOB
Grande Mestre Geral Marcos José da Silva.
– SSA/BA.

▲ Maçom Grande Benemérito da Ordem – Grande Oriente Estadual


Pedro Pinto de Almeida - Ato 031/2007 –Progresso e Justiça, 1207 -
da Bahia, Ato 675 de 17/07/2017.
GOEB/GOB – Castro Alves/BA.

▲Diplomas de Participação nas Poderosas Congregações de


João Evangelista Bertoli – Ato 054/2011 – Verdade Libertária, 3497 –
Veneráveis Mestres do Grande Oriente Estadual da Bahia em 11/07/2015
GOEB/GOB – SSA/BA.
e 26/08/2017.

Clóvis Andrade de Almeida – Ato 055/2011 – Solidariedade, 3348 -


▲Diploma de membro honorário da A R L S Fênix Cavaleiros do
GOEB/GOB – SSA/BA.
Pórtico, nº. 4423, Rito Escocês Retificado, Oriente de Inhambupe/BA –
28/05/2016.
Anselmo Santos Dias – Ato 035/2013 - Solidariedade, 3348 - GOEB/
GOB – SSA/BA.
▲ Diploma de membro Fundador do Sublime Capítulo Regional do
Rito Moderno Aurora do Oriente, nº. 29, ao Vale de Natal, Rio Grande do
Norte – 23/07/2016.
Clóvis Andrade de Almeida - Ato 036/2013 – Verdade Libertária, 3497
– GOEB/GOB – SSA/BA.
▲Diploma de “Honoris Labor” pelos relevantes trabalhos prestados
ao Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Aurora do Oriente, nº. 29,
▲Vice Presidente da Comissão de Instalação do Venerável Mestre Igor
ao Vale de Natal, Rio Grande do Norte – 23/07/2016.
Amado dos Santos, Loja Solidariedade, 3348 – Rito Moderno – Salvador/
Bahia – 18/11/2017.
▲Diploma de membro honorário da A R L S Luzes do Oriente, nº.
4366, Rito Moderno, Oriente de Natal/Rio Grande do Norte – 21/10/2017.
▲Presidente da Comissão de Instalação e Posse do Sapientíssimo
e demais Oficiais do Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Os
88 89

Amigos da Liberdade, nº. 12 – SSA/BA: Luciano Pinto Sepulveda – Deputado estadual – PAEL.

a) Anselmo Santos Pereira – Ato 101/2016-17/08/2016 do SCRM. c) Ato 075-28/10/2015 – Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau
9 – Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
▲Ato 003/2017 de 25/11/2017 da Delegacia do REAA-SSA/Bahia
nomeando como 1º. Vigilante da Comissão de Instalação e Consagração da Edward dos Santos – Delegado Litúrgico do ECMA;
Augusta Loja Perfeição Eugênio Salomão Sampaio de Ipirá/BA.

Pedro Cardoso Neto – Secretário da Previdência e Assistência Social


▲Ato 007/2017 – 16/12/2017 da Delegacia do REAA-SSA/Bahia do GOEB.
nomeando como 2º. Vigilante da Comissão de Instalação e Consagração da
Augusta Loja Perfeição Rui Rodrigues de Souza de Ribeira do Pombal/BA.
e) Ato 099-29/07/2016 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau
9 – Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;
▲Demais Atos de Concessão de Poderes do SCRM ao Delegado do
Supremo Conselho do Rito Moderno – BA/SE;
Glauber Santos Soares.

Ato 15/08/2011 – Outorga do Diploma e Credencial do Grau 8 –


Cavaleiro Kadosh - Rito Moderno – Guglielmo Dias Mascarenhas. f) Ato 104-29/08/2016 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau
9 – Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;

Ato 68-16/11/2015 – Outorga do Diploma e Credencial do Grau 9 –


Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno – Guglielmo Carlos Edno Silva Santana.
Dias Mascarenhas.
g) Ato 176-28/08/2017 – Pasquale Mignela Filho, SGIG do SCRM
Outorga como seu Representante o Eminente Grão-Mestre do GOEB,
Ato 071-15/10/2015 – Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau 9 – Silvio Souza Cardim para entrega de Comenda de Delegado do SCRM
Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno; Estados Bahia e Sergipe a Cleber Tomás Vianna.

h) Ato 218-10/11/2017 - Outorga dos Diplomas e Credenciais do Grau


Silvio Souza Cardim – Grão-Mestre Estadual da Bahia;
9 – Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito Moderno;

Alexandre da Silva Monteiro – Deputado Federal – SAFL;


1. Pedro Pinto de Almeida – Deputado Estadual;
90 91

2. João Evangelista Bertoli – Mestre Instalado; ▲Filiado em 08/08/2009 - Sublime Capítulo Regional Dílson Luiz
Santa Bárbara Gusmão - Aracajú/SE. –

3. Clóvis Andrade de Almeida – Deputado Federal.


▲Fundador da Loja Verdade Libertária, 3497 – GOEB/GOB – SSA/
BA – 05/05/2003.
▲Iniciado em 22/06/1979 – A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 –
GLESP.
▲Grau 4 – Mestre Secreto/REAA - Cadastro 18476 – 07/02/1983 –
Loja de Perfeição Barão do Rio Branco/SP.
▲Elevado em 17/04/1980 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 –
GLESP.
▲Grau 9 – Eleito dos 9/REAA - Cadastro 18476 – 20/09/1983 - Loja de
Perfeição Barão do Rio Branco/SP.
▲Exaltado em 10/10/1980 – A∴R∴L∴S∴ Os Templários, 232 – GLESP
- Cadastro 11602.
▲Grau 14 – Grande Eleito-Perfeito e Sublime Maçom/REAA -
Cadastro 18476 – 03/04/1985 - Loja de Perfeição Barão do Rio Branco/SP.
▲Instalado em 17/06/1985 - A∴R∴L∴S∴ O Grito do Ipiranga, 240 –
GLESP - Registro nº. 14.263, livro 05, ritual nº. 1952.
▲Grau 15 – Cavaleiro do Oriente ou da Espada/REAA - Cadastro
18476 – 17/06/1986 – Capítulo Rosa Cruz Duque de Caxias III/SP.
▲Placet em 17/04/1995 – Quite-Placet registrado sob o nº. 25338 e
publicado no Boletim nº. 854 –29/04/1995 – Grande Loja do Estado de São
Paulo. ▲Grau 18 – Cavaleiro Rosa-Cruz/REAA - Cadastro 18476 – 16/12/1986
- Capítulo Rosa Cruz Duque de Caxias III/SP.

▲Regularizado em 20/11/1996- A∴R∴L∴S∴ Livres Pensadores, 2304 –


GOSP/GOB – SP/SP. ▲Grau 19 – Grande Pontífice ou Sublime Escocês/REAA - Cadastro
18476 – 14/11/1987 – Conselho Kadosh Ipiranga/SP.

▲Placet em 25/09/1997 – Registro nº. 239/97 - A∴R∴L∴S∴ Livres


Pensadores, 2304 – GOSP/GOB – SP/SP. ▲Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz/Rito Moderno – Cadastro 20.802 –
08/09/2002.

▲Regularizado em 31/08/2002 – CIM 190.176 - A∴R∴L∴S∴


Solidariedade, 3348 – GOEB/GOB – SSA/BA. ▲ Grau 8 – Cavaleiro Kadosh Filosófico – Cavaleiro da Águia Branca
e Preta – 22/02/2003.
92 93

▲Sapientíssimo do Sublime Capítulo Regional Os Amigos da Liberdade


– RM - 2002/2007.
▲Grau 9 – Cavaleiro da Sapiência - Grande Inspetor Geral do Rito
Moderno-03/04/2004. Cadastro 20.802.
▲Zelador do Sublime Capítulo Regional Os Amigos da Liberdade –
RM - 2014/2016 e 2016/2018.
▲Grau 33 – Grande Inspetor Geral do Rito Escocês Antigo e Aceito,
Reconhecido em 13/05/2016 – IME 090115 – Patente nº. 255.514-4 – Ato
nº. 13.885 do SCB - Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 do REAA. ▲Delegado do Supremo Conselho do Rito Moderno para Bahia e
Membro Ativo do Mui Poderoso Consistório de Príncipes do Real Segredo, Sergipe 2007/2018, Ato nº. 048/2007.
nº. 19, acampamento de Salvador/BA.

▲Cantor, Músico, Compositor, Pesquisador, Divulgador e Professor


▲Grau 33 - Patriarca Grande Inspetor do Rito Adonhiramita de Viola Caipira.
(ECMA-Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita), Nome histórico
“MOZART”. Reconhecido em 12/12/2015 – Cadastro 8376.
▲E-mail: clebertvianna@casadosvioleiros.com
▲1º. Vig∴ 1983/1984 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Site Francês: http://mvmm.org/m/docs/vianna.html
▲Ven∴ M∴ 1985/1986 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.
▲Site Casa dos Violeiros: www.casadosvioleiros.com
▲1º. Vig∴ 1987/1988 - O Grito do Ipiranga, 240 – GLESP.

▲Ven∴ M∴ 2007 a 2011 e 2015 a 2017 - Verdade Libertária, 3497 –


GOEB/GOB – RM – SSA/BA.
Créditos:
▲Deputado Estadual 2011/2015 – PAELBA.

▲Grande Secretário de Orientação Ritualística do Grande Oriente


Estadual da Bahia Adjunto para o Rito Moderno - Ato do GME - GOEB
nº. 525-1 de 10/06/2016.
94 95

Acta Latomorum de Claude Antoine Thory; Illustration of Masonry de


Site do SCRM: www.scrm.org.br/scrm; William Preston, Tratado Portugal e Grande Oriente da França e Tratado
Portugal e Espanha (obras cedidas por Joaquim Villalta);

O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor:


Alexandre Magno Camargo (Melkisedek); Boletins do GOB (diversas edições conforme mencionados no corpo do
trabalho);
História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores: José
Castellani/William Almeida de Carvalho;
Ritual Aprendiz Rito Moderno/GOB-2009;
Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia - Luiz Henrique Dias
Tavares;
Museu Maçônico Paranaense (Boletim do GOB - Jan/Fev-1902): www.
A Maçonaria na Independência do Brasil (1812-1823): João Luiz museumaconicoparanaense.com;
Teixeira Pinto;

Apostila Curso: História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo Paulo César Gaglianone – Graus Filosóficos do Rito Moderno;
Ismail, Novembro de 2017;

José Coelho da Silva;


Revista Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832;

A Trolha;
Casa Comum (Fundação Mário Soares): http://casacomum.net;

Loja Universitária Professor José de Souza Herdy;


Walter Celso de Lima: JB_NewsInformativo_nr_2245/224;

Pedra Oculta;
Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo de Estudios de Rito
Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran
Inspector General del RM, Valle de España: www.ritofrances.net; Diego Denardi;

Joaquim Villalta, Vice Presidente Del Circulo de Estudios de Rito


Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo e Acadêmico, 5° Orden, José Ronaldo Viega Alves;
Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España, Blog: (https://
racodelallum.blogspot.com.br/);
Constituição do Grande Oriente do Brasil, 1975. Rio de Janeiro, 22-05-1975;
96 97

Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001. Distrito Federal, 30-11- REHMLAC ISSN 1659-4223: “Hipólito José da Costa e o Correio
1990; Braziliense: a idealização de um tipo de sociabilidade maçônica”. Bruna
Melo dos Santos;
Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2007 – última revisão em Alexandre Mansur Barata: Trabalho acadêmico - Sociabilidade
10-09-2012; Ilustrada e Independência (Brasil, 1790 - 1822);
PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de Acordo com o Rito Revista Ciência e Maçonaria - C&M | Brasília, Vol. 4, n.1, p. 19-24,
Escocês Antigo e Aceito, 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 2011; jan/jun, 2017;
Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./out./2016; O Rito Moderno Belga e o Rito Francês: https://bibliot3ca.com/
ANTUNES, Álcio de Alencar. O Rito Moderno no Contexto da rito-frances-comparacao-entre-o-rito-moderno-belga-e-o-rito-moderno-
Maçonaria Universal. In: Supremo Conselho do Rito Moderno. frances/
BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma Interpretação. In: Racó de La Llum (as ordens de sabiduria do Rito francês): https://
Supremo Conselho do Rito Moderno; racodelallum.blogspot.com.br/2018/05/las-ordenes-de-sabiduria-del-rito.
O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. html?m=1;
Londrina, PR, Ed. Maçônica A Trolha, Castellani, José; https://noticias.r7.com/domingo-espetacular/conheca-o-
Manual do Rito Moderno, Editora A Gazeta Maçônica, 1991; verdadeiro-rosto-do-imperador-dom-pedro-i-11052018;
Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno ou Francês, no site Mason Colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro Sadrack Meira
Kit.Net (acesso em 26/02/2013): Araújo, Cavaleiro do Oriente, III Ordem, Grau 6 do Rito Francês ou
mason.kit.net/ritos/modernooufrances.htm; Moderno e,
Wikipédia, Rito Moderno (acesso ao site em 26/02/2012); José Maria Bonachi Batalla, SGIG de Honra do SCRM-hedgemason.
Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno blogspot.com.br/2013/09/a-brief-history-of-modern-rite-in-brazil.html.
II, números 9 e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928;
Cérberus Magazine; Multi Rio (Crise do Sistema Colonial); Ilustrações:
Paramentos - Site Triângulo Atelier: www.trianguloatelier.com.br;
István Jancsó e Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença https://pinterest.com;
francesa na Bahia em torno de 1798:
http://www.scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf;
Revista Retales de Masoneria, ano 1, nº. 4; Jotassil Artes;
Primeiros Rituais Maçônicos Brasileiros, Joaquim da Silva Pires;
Encyclopedia de La Masoneria: (http://freimaurerwiki.de/index.
php/En:Brazilian_Freemasonr); Direitos reservados aos seus autores: Fatos e nomes omissos? Favor
O GOB nasceu no Rito Moderno: blog.msmacom.com.br/o-gob- contatar-nos para a devida observação.
nasceu-rito-moderno;
Paramentos - Site: masonic.com.br/avental/mod00.htm;
A concepção do Grande Arquiteto no Universo no Rito Moderno –
palestra ministrada pelo irmão Dr. Álvaro Palmeira, extraído do Boletim do
GOB 3, 4 e 5 de 1986 [06/02/1961], publicado no site do irmão José Filardo:
bibliot3ca.com/a-concepcao-do-grande-arquiteto-do-universo-no-rito-
frances-ou-moderno/;
A Independência do Brasil à sombra da Acácia: Imagens obtidas em
http://slideplayer.com.br/slide/2904085/
98 99

Você também pode gostar