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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Relações Internacionais

Maicon Taynan Luiz

COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE BRASIL E ANGOLA: NA ÓTICA CENTRO E


PERIFERIA

Poços de Caldas
2017
Maicon Taynan Luiz

Projeto de trabalho de conclusão de curso apresentado


a graduação de Relações Internacionais da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientador (a):

Poços de Caldas
2017
SUMÁRIO
1 Introdução ...............................................................................................................4
1.1Tema ...........................................................................................................4
1.2 Problema ....................................................................................................5
1.3 Hipóteses ....................................................................................................5
1.4 Objetivo Geral ............................................................................................5
1.4.1 Objetivos específicos ...............................................................................5
1.5. Justificativa .................................................................................................5
2 Referencial teórico ...................................................................................................5
3 Metodologia ..............................................................................................................5
4 Cronograma .............................................................................................................6
REFERÊNCIAS .........................................................................................................6
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1 INTRODUÇÃO:
1.1 Tema:
Este projeto tem como propósito analisar a atuação brasileira na Angola no que toca a
cooperação técnica, para tanto será enfatizado não só o desenvolvimento do país, mas também
se tal cooperação permite a Angola agir autonomamente ou acaba por mantê-la dependente.
Também, para a viabilidade do projeto o mesmo terá como delimitação a cooperação realizada
entre 2003 a 2010, período onde houve maior engajamento na cooperação Sul-Sul e, sobretudo,
na África. (AGUIRRE E TROIAN, p. 10)
Nesse sentido, demanda-se a explicação do conceito, o qual será explorado.A
cooperação técnica, tem como intuito contribuir para a estruturação, seja econômica ou social
de determinado país, por meio, sobretudo, de transferência de conhecimento. (AGUIRRE E
TROIAN, p. 10)
Entretanto, embora haja o anseio de ajuda, percebe-se também os interesses brasileiros
na cooperação com a África como, por exemplo, a busca pela expansão da relação com demais
atores internacionais em função de não depender de um número restrito de parceiros.
(PINHEIRO,2004). Por consequência, tais iniciativas buscam fortalecer a imagem do Brasil no
âmbito internacional.
Ademais, a cooperação técnica no sul global pauta-se na ideia de que os conhecimentos
produzidos pelos países em desenvolvimento são mais facilmente adaptáveis aos contextos
locais de outros países cuja demanda é semelhante. O contrário do que ocorre, por exemplo, na
relação Norte-sul. Além também da relação Sul-Sul ser mais eficaz e ter um custo menor.
(MILHORANCE,2013, p.7)
Nesse sentido, o projeto consiste em observar a construção, o andamento e o que
sucedeu com os projetos implantados na Angola. Para isso, será utilizado como parâmetro o
Projeto BRA/98/004, ou seja, a Implementação de Programas e Projetos de Cooperação Técnica
com Países em Desenvolvimento. O Projeto BRA/98/004 refere-se a um instrumento de
cooperação entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD e a Agência
Brasileira de Cooperação - ABC, do Ministério das Relações Exteriores - MRE, que tem como
prerrogativa o desenvolvimento, visando transferir, por meio dos mecanismos operacionais da
CTPD, conhecimentos e técnicas disponíveis no país, apropriadas e que são consideradas
eficazes já terem sido implantadas. Logo, que impacta no desenvolvimento dos recursos
humanos, na modernização dos sistemas de produção, na prestação de serviços de melhor
qualidade e no aumento da produtividade.
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Para o alcance desse objetivo, o BRA/98/004 foi pautado em uma estrutura que
enfatizava um único propósito, “conceber e desenvolver programas e projetos de cooperação
horizontal do Brasil.”
Não obstante, para a análise será utilizada a teoria do Sistema-Mundo, considerando a
mesma, é possível questionar a credibilidade e a eficácia da transferência de modelos de
desenvolvimento, visto que normalmente, o investimento de países com maior poder
econômico, implica em alguma medida em estabelecer uma relação de dependência.
Esta concepção neomarxista do Sistema-Mundo, de Wallerstein foi escrita nos anos de
1970 em sua tese, na qual ele discute o sistema capitalista adotado pelos estados. O sociólogo
estadunidense tinha como modo de organização e divisão uma estrutura hierárquica entre
semiperiferia, periferia e centro, que foi significativamente usada para o entendimento dos
países emergentes, na qual ele identifica uma estratificação internacional do trabalho, que
explica de certa forma o funcionamento da economia-mundo, e as relações de poder, que
norteiam a competição entre os estados (WALLERSTEIN, 1974, p. 1620)
Este modelo desigual em que produtos de maior valor agregado são produzidos por
países de primeiro mundo, enquanto, países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos somente
produzem ou exportam produtos com baixo valor cria uma relação de dependência entre os
países periféricos e os do centro, reificando uma diferença econômica e fazendo com que esses
Estados periféricos se tornem dependentes de empréstimos e de ajuda financeira e humanitária
dos países centrais. Neste quesito, a Teoria do Sistema Mundo de Wallerstein se aproxima da
Teoria da Dependência. Esta coloca sua ênfase na criação de relação estrutural de dependência.
Entretanto, temos como exemplo o Centro de Formação Profissional Angola - Brasil,
em Luanda que é um projeto considerado de grande sucesso. Durante muito, o Brasil juntamente
com o SENAI, instalou e pôs em funcionamento uma unidade similar à do Brasil em Lunda:
com equipamentos, formação teórico-prática, disponibilizando de formadores capacitados e
planejamento da atividade didática. A ABC informa que as ocupações ensinadas são básicas e,
provavelmente, adequadas ao momento de reorganização social e econômica pelo qual passa o
País. Nesse ponto, se percebe que implicitamente uma característica que pode vir a nortear o
projeto. Ademais, a cooperação brasileira colaborou na formação de formadores e tenta deixar
na Angola com condições de prosseguir com o projeto.
Todavia, pode-se refletir o Centro em si mesmo, e a opção brasileira de contribuição à
formulação e execução de uma política de formação profissional em Angola. Segundo a ACB
as entrevistas com vários envolvidos no projeto apresentam tensões que usualmente se fazem
presentes no campo da formação profissional: financiamento público ou privado, orientação
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para o mercado de trabalho ou para a "inclusão social’. Outra questão importante que a ABC
destaca é que há de se notar que a própria formação inicial de formadores enfrentou problemas
decorrentes da "difícil assimilação dos conhecimentos pelos angolanos, devido à complexidade
de algumas matérias".
Ou seja, o projeto trabalhará nos processos que perpassam está cooperação, desde os
aspectos estruturais, no qual a relação em si será abordada, até os detalhes de ordem micro
presentes no mesmo.

1.2 Problema: No que se refere a cooperação técnica entre Brasil e Angola, em que medida o
suporte brasileiro fornece bases para o desenvolvimento da Angola?

1.3 Hipótese: Embora a cooperação técnica tenha como intuito uma simbiose de experiências
cujo propósito seja o desenvolvimento, o suporte fornecido pelo Brasil não corrobora para o
estabelecimento de estruturas concretas, fazendo com que a Angola não consiga prosseguir sem
ajuda nos projetos implantados. Nesse sentido, perpetua-se uma relação de dependência,
sobretudo, assimétrica.

1.4 Objetivo Geral: Analisar a cooperação técnica entre Brasil e Angola através da teoria
Sistema Mundo de Wallerstein.

1.4.1 Objetivos Específicos:


Averiguar os relatórios fornecidos pela ABC sobre a cooperação técnica com a Angola de 2003
a 2010.
Observar como se encontram os projetos implementados neste período atualmente.
Avaliar se os recursos financeiros e humanos foram razoavelmente suficientes para o
estabelecimento do projeto.
Compreender a relação atual que os países em questão construíram no que se refere a
cooperação técnica.

1.5 JUSTIFICATIVA:
O presente projeto tem sua importância, sobretudo, por tanger um assunto cuja a
importância é essencial nas Relações internacionais, sendo ele, as relações de poder e em
especial uma relação assimétrica. Nessa perspectiva, a questão que intriga no projeto e é
colocado em voga, é a que se refere ao imperialismo, pois o Brasil é um país que sofreu com o
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com esta situação e além disso é caracterizado como emergente. Logo, a reflexão que se busca
fazer compreende a busca pela explicação do quanto a Angola se desenvolveu a partir da
cooperação técnica com o Brasil ou se o mesmo atua de forma a replicar a exploração como
forma de se sobressair no cenário internacional.
O valor atribuído as relações com a África foi uma característica marcante durante os
mandatos do presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010). Neste período da primeira
década do século XXI, o aumento dos laços entre o Brasil e o continente africano ocorreu por
meio do crescimento do no número embaixadas e missões diplomáticas brasileiras no
continente e também pela forte relação comercial do Brasil com diferentes parceiros africanos,
com grande destaque a Angola. Junta-se às duas perspectivas anteriores, o que é mais notório
para o projeto, sendo a expansão da cooperação técnica para o desenvolvimento do Brasil na
África. A era Lula firma, portanto, uma cooperação multidimensional com a África (Visentini
e Pereira, 2009).
Como exemplo da importância dada por Lula à África destaca-se as visitas, em 12
ocasiões distintas, em mais de 25 nações africanas e, sobretudo, com duas viagens oficiais à
Angola, entre 2003 e 2007. Também o Ministro da Relações Exteriores Celso Amorim visitou
a Angola três vezes durante o tempo que ocupou o cargo. Em comparação no governo de Dilma
Rousseff houve apenas uma visita à Angola e quando estava a caminho de uma reunião com os
BRICS. Entre os chanceleres, Mauro Vieira, ultimo chanceler no governo de Dilma, foi quem
mais demonstrou anseio com se relacionar com a África. Mas, retornando ao período que
interessa para a pesquisa o Africanismo de Lula à contenção atual meses no cargo e reafirmou
a prioridade das relações com o continente, enquanto política de Estado. Para além disso, as
viagens representam não somente um símbolo importante na diplomacia presidencial, mas
também constituem elementos fundamentais nos esforços de reaproximação do Brasil com o
continente africano. Ou seja, o projeto tem sua importância por tratar dos assuntos diplomáticos
brasileiros, bem como usa de uma perspectiva critica em relação ao capitalismo para explanar
sobre o assunto.

2 REFERENCIAL TEÓRICO:
Como referencial teórico será utiliza a bibliografia sobre o sistema mundo abordada por
Wallertein que contempla principalmente o livro World System publicado em 2004. Além
disso, será usado outros livros do mesmo autor com ênfase no Sistema Mundial Moderno que
é dividido em três volumes, e aborda o conceito de divisão internacional do trabalho produzida
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pela estrutura capitalista. Com esta ideia o mesmo desenvolve este trabalho, apontando que o
“componente central dessa estrutura internacional resulta na divisão do mundo em três
estamentos hierárquicos: centro, periferia e semiperiferia” (Sarfati, 2005, p. 140). Nessa
divisão, formada a partir do início do capitalismo ocidental, os países ocupam uma função na
ordem produtiva capitalista, sendo que os países centrais ocupam-se da produção de alto valor
agregado, os periféricos fabricam bens de baixo valor e fornecem commodities e matérias-
primas para a produção de alto valor dos países centrais e, por fim, os países da semiperiferia,
ora comportam-se como centro para a periferia, ora como periferia para os Estados centrais,
tendo um papel intermediário. (Sarfati, 2005, p. 141).
Deste modo a teoria supracitada será utilizada para a análise, que consistirá na avaliação
dos documentos sobre cooperação técnica fornecidos pela ABC. Por fim, como referencial
teórico buscar-se-á um feedback na perspectiva angolana sobre tal cooperação.

3 METODOLOGIA:
Esta pesquisa se baseará no método qualitativo. A pesquisa qualitativa é pautada em
dados textuais, na qual o objetivo é “verificar a relação da realidade com o objeto de estudo,
obtendo várias interpretações de uma análise indutiva por parte do pesquisador” (DALFOVO
et al., 2008. p.6). Para tanto, serão utilizadas técnicas de coleta de dados através da revisão
bibliográfica, por meio da leitura e análise da literatura existente sobre o tema, bem como a
pesquisa em sites governamentais. O teor da pesquisa tem caráter interpretativo, pois o projeto
tem como intuito estabelecer inferências a respeito do tema. Para se chegar em uma conclusão,
em termos metodológico, a abordagem de Wallerstein sobre a divisão de centro e periferia será
adotada como meio para se chegar no fim. O campo o qual o projeto toca, reside na relação
entre Estados, que se relacionam e nesse sentido, estão relação tem suas características as quais
o projeto visa se aprofundar. A análise será feita observando o engajamento do Brasil na
cooperação de modo que se consiga visualizar nos relatórios mencionados nos objetivos
específicos o modo de ação do Brasil para com a Angola. Além disso, é necessário destacar que
embora a teoria utilizada proponha uma divisão entre centro e periferia, não necessariamente o
resultado da pesquisa indubitavelmente reificará esta condição, vista a ética contida no projeto.
Por fim, ressalta-se a limitação do método qualitativo, sendo esta a dificuldade que
quantificar as circunstancias que perpassam o tema, dado que o foco da pesquisa é a
interpretação. Por isso, considera-se que as opiniões e inferências são particulares dos
indivíduos nesta pesquisa, ou seja, o mesmo fenômeno pode ter interpretações e entendimentos
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diferentes da mesma pessoa em tempos e situações diferentes (AKERLIND, 2005, p.331;


MARTON, 1986)
4 CRONOGRAMA:
2018 2018
Atividades
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Coleta de dados X X X
Análise dos dados X X

Organização do roteiro X X

Redação do trabalho X X X X

Revisão e redação final X X

Entrega da monografia X X

Defesa da monografia X

REFERÊNCIAS

AGUIRRE, Maria Luiza Cruz; TROIAN, Alessandra. A APLICAÇÃO DAS POLÍTICAS


PÚBLICAS BRASILEIRAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR NA COOPERAÇÃO
BRASIL-ÁFRICA Disponível em:
http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/viewFile/18112/6940 Acesso em: 10 de
Out, 2017.

DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos


quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica
Aplicada, Blumenau, v.2, n.4, p.01- 13, Sem II. 2008. Disponivel em:
http://rica.unibes.com.br/index.php/rica/article/download/243/234. Acesso em 10 de Out,2017.

ELIA,Gianluca. A Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento do Setor Agrícola


Africano: Segurança Alimentar e Nutricional e Agronegócio em Moçambique. 2017. 289f
Dissertação de mestrado-UFMG, Belo Horizonte.
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MILHORANCE, Carolina. A política de cooperação do Brasil com a África Subsaariana


no setor rural: transferência e inovação na difusão de políticas públicas. Rev. bras. polít.
int., Brasília , v. 56, n. 2, p. 05-22, Dec. 2013 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
73292013000200001&lng=en&nrm=iso>. accesso em 10 Out,
2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292013000200001.

PINHEIRO, L., 2004, Política externa brasileira, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

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