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Reforma Laboral
por Fernanda Ló
A importância do BRINCAR
Cada vez mais os pais delegam nas instituições o “educar os filhos” e acham que
brincar é supérfluo. Será talvez o preço a pagar pela elevada exigência das suas
vidas profissionais. Não significa que não queiram o melhor para as suas crianças e
sobrecarregam-nas com outras actividades. É a natação, a equitação, a música, uma
infindável lista que, muitas vezes, apela mais ao estatutário do que ao pedagógico.
Mas é um erro cujas consequências, mais tarde ou mais cedo, se irão revelar.
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Educação
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(a educadora) brincava com ela. A minha sobrinha sorriu, olhou para ças tiverem muito Inglês, muita natação, muita Informática…Não
mim como se eu fosse um allien e disse: “Oh tia, claro que não, ela não pretendo ser extremista mas serão necessárias estas actividades
pode, está a escrever e a dizer coisas.” Mesmo assim insisti: “E quando todas? Se, por outro lado, o colégio não oferecer diversidade de ac-
estás na área da casinha, ou nas construções?” “Não tia, a Eduarda não tividades, é classificado com o “não presta” apesar de eventualmente
tem tempo, ela também é crescida”. Mesmo assim não fiquei conven- ter um projecto educativo fantástico. As mães e os pais actuais gos-
cida: “E gostavas que a Eduarda brincasse contigo?” “Claro tia, eu tam- tam de sujeitar os filhos ao stress a que eles estão sujeitos… não
bém gosto de brincar com os crescidos!” Afinal é importante brincar, de propósito, é claro, mas porque os amigos também o fazem e os
mas quem brinca com quem? O adulto com a criança ou as crianças filhos dos amigos devem ser iguais aos nossos filhos. Em Lisboa, por
entre si? Eduardo Sá respondia-me: “As duas [formas de brincar] são exemplo, criança que ande no 1º ciclo e se preze deve sair do co-
muito importantes.” légio e frequentar a equitação. E não estou a falar de meios econó-
micos altos, o target é a criança do colégio particular médio. Apesar
Pensamentos partilhados de muitas que frequentam a escola oficial irem à equitação.
Não consigo deixar de partilhar algo que foi dito por Mário Cor- A maioria dos pensadores e educadores que trabalham com
deiro numa conferência no passado mês de Julho: “O facto de che- este tema ressalta a importância de brincar no processo de
garmos a casa e não nos disponibilizarmos para os nossos filhos faz aprendizagem e socialização. Infelizmente observa-se que a
com que eles entrem numa espiral negativa de sentimentos, impa- brincadeira não faz parte do projecto pedagógico da escola e
ciência e birras. Uma criança que anseia o dia todo por ver os pais e da acção do professor.
quando estes chegam não estão disponíveis para os filhos, faz com Abusando dos ensinamentos de Eduardo Sá, acrescento aqui um
que as crianças fatalmente chamem a atenção da pior forma: dez pedido deste psicólogo, mais ou menos assim: “[…] no horário do
minutos da atenção dos pais são suficientes para os saciar […].” vosso filho, que está preso no frigorífico lá de casa, onde diz Inglês,
Retiramos daqui que os nossos filhos gostam e devem brincar con- ou música, ou natação, risquem e coloquem a palavra BRINCAR…
nosco, sozinhos e em grupo. Mas, a importância que socialmente vão ter com certeza filhos mais responsáveis e, acima de tudo, mais
damos às actividades extracurriculares (e muitas vezes às curricu- felizes […]”
lares) põe de lado o brincar. Os colégios só são bons se as crian- Em jeito de conclusão poderei dizer que, afinal, brincar é coisa séria.
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