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EVANGELIZAÇÃO E AÇÃO SOCIAL

Edilson Marçal de Souza1

RESUMO

A igreja evangélica brasileira enfrenta um grande dilema: como envolver-se em projetos


sociais sem cometer os mesmos erros que a igreja Católica cometeu ao abraçar a Teologia
da Libertação? Fica evidenciado que estender a mão aos necessitados é parte da função da
igreja, mas não e correto transformar a pobreza em um ato redentor. O evangelismo
indireto, praticado por meio de serviços à comunidade, é uma prática que remonta à igreja
primitiva, mas que tem sido negligenciado pela igreja contemporânea. O presente estudo
tem como objetivo resgatar essa reflexão e apontar na literatura e nas Escrituras os
fundamentos para a ação social na igreja.

Palavras-Chave: Projetos sociais; evangelismo; responsabilidade social; planejamento;


eclesiologia.

1 INTRODUÇÃO

O ministério pastoral envolve o cumprimento da missão integral da igreja.


Nesse sentido, o sonho de todos os pastores é tornar sua igreja relevante para a
comunidade onde este inserida. Quando os pastores são convidados a discorrer
sobre a questão, normalmente são unânimes em afirmar que desejam desenvolver
projetos sociais, mas nem sempre conseguem explicar quais projetos desejam
implantar nem como fazer isso.
A carência de formação e informação dificulta a implantação e gestão de
projetos estruturados, capazes de captar recursos da iniciativa privada e dos órgãos
governamentais para conduzir projetos. Muitas igrejas nem mesmo conseguem
escrever um projeto. Em se tratando de gestão de projetos sociais, as dificuldades
tornam-se ainda maiores.
Muitas são as causas do distanciamento entre a igreja e seus objetivos
sociais. A principal delas é a falta de planejamento estratégico. Se a igreja não
desenvolver um bom planejamento, não terá condições de identificar suas forças e
fraquezas, oportunidades e desafios, ameaças a serem enfrentadas e possibilidades
de parcerias. Nem mesmo terá condições de perceber sua vocação na comunidade
onde está inserida. Não terá identidade.
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Pastor no Presbitério Brasil Central. Mestre em Ministério Pastoral pelo SPRBC.
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Depois de desenvolver seu planejamento, a igreja deverá eleger propostas


que apresentem maior poder de transformação social e maiores chances de
sucesso. Feito isso, deve traçar objetivos, metas e ações para levar em frente seu
plano de intervenção na sociedade. Tudo com alvos bem claros, dimensionamento
dos custos e dos esforços que deverão ser aplicados, identificação dos parceiros e
determinação de prazos para alcançar cada meta traçada, de forma bem clara e
racional.
A igreja tem objetivos espirituais que dependem diretamente da vontade de
Deus e que devem ser colocados em prática por meio de orações, mediante a fé.
Até mesmo os projetos sociais devem ser desenvolvidos em um ambiente de fé e
confiança em Deus. No entanto, a fé e a confiança na soberania de Deus não
eliminam nem substituem o planejamento e a estratégia. Não há incompatibilidade
entre fé e planejamento.
Pensando nisso, o presente estudo tem como objetivo investigar os
principais desafios sociais da igreja e propor soluções para o desenvolvimento de
projetos sociais. A proposta é discutir os projetos sociais no contexto da
evangelização, meta primordial da igreja. Levar essa discussão para um colegiado
de pastores, em um fórum nacional da igreja, pode ter o potencial de motivar
iniciativas transformadoras para a denominação.
A proposta de discutir o papel da igreja na organização e gestão de projetos
sociais é relevante se considerados os fatores sociais, acadêmicos e práticos desse
problema. A sociedade contemporânea enfrenta consideráveis desafios relacionados
à desigualdade social, evidenciados pela existência de fome, miséria, abandono de
crianças, idosos e incapazes, cerceamento do acesso a direitos sociais e civis, falta
de oportunidades e iniquidades sociais de todos os tipos.
O enfrentamento desses desafios nem sempre faz parte dos interesses
corporativos do setor econômico. Não é visto como prioritário pelo poder público, ou
não surte efeitos a partir da aplicação dos instrumentos típicos de gestão. Por isso, a
igreja se apresenta como alternativa para minorar a dor e o sofrimento das pessoas.
Historicamente, a igreja se posiciona em favor dos desfavorecidos pelo poder
público ou pelos interesses econômicos.
Ações sob iniciativa das organizações sociais do terceiro setor, que não
possuem interesse econômico e nem estão limitadas pelas regras do poder público,
vem apresentando resultados positivos, que em última instância, acabam
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beneficiando toda a sociedade. A igreja,mesmo tendo fins intrinsecamente


espirituais, tem também o objetivo de minorar a dor humana, seja ela individual ou
coletiva.
No entanto, as iniciativas do terceiro setor, no qual a igreja se enquadra
juridicamente, são caracterizadas pela ação de voluntários, cheios de boas
intenções e carentes de instrumentação teórica. Portanto, discutir a questão tem
potencial para alavancar os projetos sociais de iniciativa da igreja e até mesmo
motivar o desenvolvimento de novos projetos, capazes de contribuir para minorar as
iniquidades sociais.
Até que ponto a igreja deve se envolver na problemática social? É de
interesse da igreja militar no campo social? Isso tem alguma relação com a missão
da igreja? Buscar respostas para essas questões apresenta-se como relevante para
a tomada de decisões do ministro cristão, podendo ser fator decisivo para o
envolvimento com causas sociais.
Muitos pastores evitam o envolvimento da igreja com ações sociais temendo
incorrer no ativismo. No outro extremo, algumas igrejas se envolvem
demasiadamente com as causas sociais, perdendo sua capacidade de confrontar o
pecado e promover a mudança de vida das pessoas, em favor do Reino de Deus.
Como parte de sua missão, a igreja precisa se fazer presente em todas as classes
sociais, inclusive as menos favorecidas. Nesses momentos, o ministro cristão se
incomoda com a injustiça que observa ao seu redor e deseja intervir.
O objetivo do estudo é discutir o papel dos projetos sociais na
evangelização, bem como conceituar a igreja e suas interfaces com a problemática
social; conceituar projetos sociais e suas especificidades; identificar as possíveis
fontes de recursos e suas características e identificar as características de projetos
sociais capazes de atrair recursos financeiros.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica seguida de argumentações
inquietadoras, capazes de suscitar o debate. Segundo Gil (2002) pesquisa
exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir uma hipótese.
Com o objetivo de lançar luz sobre as questões exploradas, serão coletadas
informações em diversas fontes primárias e secundárias, como bancos de dados,
livros, revistas, jornais, projetos acadêmicos e outros.
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2 PAPEL SOCIAL DA IGREJA

Há um entendimento controverso a respeito do papel da igreja na atualidade.


Por um lado, alguns tentam isolar a igreja da sociedade, fazendo dela uma agência
do mundo sobrenatural, alienada quanto às necessidades reais das pessoas. Por
outro lado, outros envolvem a igreja em transações políticas e econômicas de tal
forma que se torna impossível confrontar o pecado e defender as bases espirituais
da igreja.
A história da igreja, desde seu nascedouro, não justifica seu isolamento dos
problemas sociais. Percebe-se que Jesus ensinou e viveu em função das pessoas.
O foco de seu ensino está na restauração de vidas. Dizer que Jesus focava
inteiramente a restauração espiritual e negligenciava a vida social é fazer uma leitura
equivocada do Novo Testamento.

Entendemos que a vida de Jesus está repleta de situações de


interação social que ilustram de forma bastante clara a dimensão
ética atual e necessária na construção e reconstrução de uma cultura
de respeito ao outro e de promoção de relações saudáveis (DEL
PRETTE, 2011, p. 12).

Jesus viveu inteiramente integrado à sociedade de seu tempo, participando


das reuniões religiosas, das festividades sociais, dos embates e confrontos entre a
religião e a vida prática das pessoas. Vemos Jesus preocupado com a segurança, o
conforto e até mesmo com a provisão de alimentos para as pessoas. Jesus não
negligenciou a problemática social. Pelo contrário, ensinou seus discípulos a lidarem
de forma equilibrada com a questão social, combatendo os extremos.
Nesse sentido, fortalece a reflexão o posicionamento da confissão social da
Igreja Luterana:

Os problemas sociais são causa e efeito da marginalização passiva


ou ativa das pessoas, e dizem respeito às carências nos setores
básicos de Alimentação, Educação, Habitação, Saúde, Cultura,
Carência de Fé Cristã, Recreação, Trabalho, Comunicação Social,
Seguro Social, e as manifestações da conduta humana que se
opõem às normas estabelecidas por determinada sociedade. Os
problemas sociais são próprios de uma determinada comunidade em
determinada época e, por isso, precisam ser analisados dentro do
contexto sócio-econômico e cultural específico (DARONCH DA
SILVA, 1968, p. 15).

O documento mostra que a questão social está intimamente ligada à queda


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do homem, sendo fruto do estado de pecado. Mas mostra que a luz do Evangelho
deve ser transformadora não apenas na esfera espiritual, mas também em relação à
problemática social. Nesse sentido, a igreja deve agir diretamente, por meio de
iniciativas para suprir as pessoas com bens e serviços que lhe foram negados pelo
poder público, ao mesmo tempo em que age indiretamente, influenciando os
poderes instituídos para que percebam seu dever social.

A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da


paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da
sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a
comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da
justiça e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações
como caminho para uma política responsável de cooperação e paz
(DARONCH DA SILVA, 1968, p. 20).

Percebe-se que os reformadores não negligenciaram o papel social da


igreja. Ao analisar a vida e a obra de Calvino, fica difícil distinguir sua atuação social
de seu comprometimento teológico.

Calvino foi um patrono dos direitos humanos; lutou contra os abusos


do poder em seu tempo e chegou até mesmo a lidar com o problema
político-filosófico da desobediência civil e do direito de revolta. Em
seu pensamento ele antecipou os fundamentos da moderna forma de
governo republicano, tomou-se um dos pais da democracia moderna,
e contribuiu decisivamente para a compreensão cristã do
relacionamento entre lei natural e lei positiva. Inteiramente em
sintonia com os movimentos políticos e sociais de seu tempo, ele
entendeu que o emergir dos estados nacionais europeus, o
desenvolvimento do comércio e da classe burguesa, e a vasta
expansão do mercado financeiro requeriam, por exemplo, uma
revisão da proibição do empréstimo a juros, e percebeu que era
necessária a formulação de uma nova ética do trabalho (GOUVÊA,
2000, p. 8).

Ao longo da história percebe-se a igreja cristã se envolvendo com a questão


social. Na história recente, percebe-se o compromisso social de igrejas evangélicas,
que adotaram a tríade “igreja hospital e escola” em suas ações missionárias, dando
origem a instituições como os hospitais evangélicos, universidades evangélicas,
casas de recuperação, asilos, orfanatos, dentre outros.
A atuação da igreja se percebe até mesmo no surgimento de profissões
como o Serviço Social, que teve suas primeiras ações promovidas pela igreja
católica e evangélica.
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O surgimento das primeiras manifestações da institucionalização do


serviço social pela Igreja se deu com a criação do Centro de Estudos
e Ação Social de São Paulo – CEAS, em 1932, com o incentivo e
controle da Igreja Católica. Destacam-se como as instituições mais
importantes para o surgimento do serviço social além do CEAS: a
Legião Brasileira de Assistência (1942), o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (1942) e o Serviço Social da Indústria (1946)
(IAMAMOTO, 1983, p. 30).

A igreja católica desenvolveu um importante trabalho social, ligado à teologia


da libertação, gerando centenas de obras ligadas ao tema. Ao refutar a teologia da
libertação, muitos grupos evangélicos acabaram rejeitando o trabalho social a ela
associado, o que gerou a idéia de que a atuação social é um ativismo que pretende
buscar a salvação pelas obras, em detrimento da doutrina da graça. Tal
entendimento, no entanto, não encontra respaldo na história da reforma nem nas
escrituras sagradas.
Os missionários americanos, com destaque especial para os presbiterianos,
realizaram no Brasil a evangelização indireta, por meio de escolas e hospitais. Essa
forma de evangelização prevaleceu por séculos, tendo efeitos importantes em
muitas cidades brasileiras.

2.1 O QUE É A IGREJA

Entender o que é a igreja é fundamental para a compreensão de seu papel


social. Há uma diferença entre o conceito de igreja na teologia reformada e na
teologia católica, o que leva a uma prática eclesiástica igualmente diferente.

A concepção reformada (calvinista) é que Cristo, pela operação do


Espírito Santo, reúne homens consigo, dota-os da verdadeira fé e,
assim, constitui a igreja como Seu corpo, a communio fidelium ou
sanctorum (comunhão dos fiéis ou dos santos) (BERKHOF, 2009).

Já os católicos percebem a igreja como sendo despenseira de todas as


graças sobrenaturais. Para eles, a igreja precede a Bíblia, sendo por isso, maior que
ela. Assim, na concepção católica, “não é Cristo que nos leva à igreja, mas a igreja
que nos leva a Cristo” (BERKHOF, 2009). Portanto, as decisões da igreja são
soberanas, prescindindo inclusive da aprovação bíblica.

A Reforma rompeu com este conceito católico romano da igreja e


centralizou a atenção na igreja como organismo espiritual, como
outrora fora feito. Ela deu ênfase ao fato de que não existe igreja fora
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da obra de Cristo e das operações renovadoras do Espírito Santo; e


ao fato de que, portanto, o estudo destas precede logicamente à
consideração da doutrina da igreja (BERKHOF, 2009).

Do ponto de vista de seu significado, igreja é a reunião dos chamados de


Deus para o cumprimento de uma missão. O próprio termo tem sentido dinâmico,
pois não tem sentido chamar “para fora” sem o envolvimento em um propósito. O
sentido bíblico de igreja como corpo funcional também denota finalidade ou função.
Principalmente quando se percebe a igreja de Cristo como o conjunto de pessoas
enviadas para uma missão, que deveriam enfrentar a oposição infernal, com a
garantia de sucesso por parte de Cristo.

O Novo Testamento tem duas palavras, derivadas da Septuaginta,


quais sejam, ekklesia, de ek e kaleo, “chamar”, “chamar para fora”,
“convocar”, e synagoge, de syn e ago, significando “reunir-se” ou
“reunir”. Synagoge é empregada exclusivamente para denotar, quer
as reuniões religiosas dos judeus, quer os edifícios em que eles se
reuniam para o culto público (BERKHOF, 2009).

Berkhof (2009) cita Ef 1.22; 3.10, 21; 5.23-25, 27, 32; Cl 1.18, 24 afirmando
que o termo igreja se refere ao conjunto de fiéis, tanto na terra como no céu, em
qualquer lugar que se reúnam ou se unam em nome de Cristo. Na terra, a igreja é
militante, e no céu se torna triunfante.

A igreja não pode passar o tempo todo em oração e meditação,


embora estas práticas sejam tão necessárias e importantes, nem
tampouco deve parar de agir, no pacífico gozo da sua herança
espiritual. Ela tem que estar engajada com todas as suas forças nas
pelejas do seu Senhor, combatendo numa guerra que é tanto
ofensiva como defensiva (BERKHOF, 2009).

A diferença entre a eclesiologia católica e protestante gera conflitos em


relação ao papel social da igreja. Por um lado, os católicos associam plenamente a
igreja visível ao conceito de Reino de Deus, passando a pensar na militância social
da igreja como compromisso cristão de efetivar o Reino de Deus no mundo. Por
outro lado, o pensamento protestante que torna o Reino de Deus um conceito
transcendental inibe ou desqualifica a militância social, como se as ações sociais
fossem mundanas e laicas, deixando assim de ser importantes para o Reino de
Deus.

Desde que os católicos romanos insistem indiscriminadamente na


identificação do reino de Deus e a igreja, sua igreja reclama poder e
jurisdição sobre todos os domínios da vida, como a ciência e as
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artes, o comércio e a indústria, como também sobre as organizações


sociais e políticas. Este é um conceito completamente equivocado.
Também é um engano defender, como alguns cristãos reformados
(calvinistas) o fazem, em virtude de uma concepção errônea da igreja
como organismo, que as associações escolares cristãs, as
organizações voluntárias de jovens ou de adultos dedicadas ao
estudo dos princípios cristãos e sua aplicação na vida, as uniões de
trabalhadores cristãos e as organizações políticas cristãs são
manifestações da igreja como organismo, porquanto isto as coloca
outra vez debaixo do domínio da igreja visível e do governo direto
dos seus oficiais. Naturalmente, isto não significa que a igreja não
tem nenhuma responsabilidade com relação a tais organizações.
Significa, porém, que elas são manifestações do reino de Deus, nas
quais grupos de cristãos procuram aplicar os princípios do Reino a
todas as esferas da vida (BERKHOF, 2009).

A função social da igreja fica clara com o impasse que ocorreu na igreja
primitiva, onde pessoas da comunidade chegaram a ameaçar o trabalho pastoral
dos apóstolos com demandas sociais. Com isso, foram instituídos os diáconos, que
seriam responsáveis pelos trabalhos sociais. Devido a isso, fala-se em uma função
diaconal da própria igreja.

O nome diakonoi que, antes do evento narrado em Atos 6, era


sempre empregado no sentido geral de servo ou servidor,
subseqüentemente começou a ser empregado como designativo
daqueles que se dedicavam às obras de misericórdia e caridade, e,
com o tempo, veio a ser usado exclusivamente neste sentido. A única
razão que se pode atribuir a isto se acha em Atos 6. Os sete homens
ali mencionados foram encarregados da tarefa de distribuir bem as
dádivas trazidas para as agapae (festas de amor cristão), ministério
que noutras partes é particularmente descrito pela palavra diakonia,
At 11.29; Rm 12.7; 2 Co 8.4; 9.1, 12, 13; Ap 2.19 (BERKHOF, 2009).

Discutindo o pensamento econômico e social de Calvino, Bieler (1990)


aponta que compete à igreja, como sendo o corpo de Cristo, participar de forma
ativa da transformação da sociedade por meio da mensagem do Evangelho e pela
prática de ações transformadoras por parte de sua membresia.

Vemos, pois, que a presença fiel da igreja é indispensável para a


vida da sociedade, em todas as suas dimensões. Ela é o fermento
regenerador da vida social, política e econômica. E se a igreja é
morta, se ela não chega a ser a comunidade dos membros do corpo
de Cristo, se sua presença não imprime à sociedade total o impulso
de sua própria e constante regeneração pela Palavra de Deus, então,
ela mesma participa na propagação da desordem social (BIELER,
1990).

Merece destaque a afirmativa do autor de que, ao omitir-se, a igreja se torna


participante da promoção de uma desordem social incompatível com seu caráter de
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corpo de Cristo. Assim, fica evidenciado que o conceito de igreja construído desde
sua fundação em Cristo até os tempos modernos implica em sua responsabilidade
social.

2.2 MISSÃO DA IGREJA

A igreja foi instituída por Jesus como instrumento de evangelização. Ao criá-


la, Jesus afirmou que se tratava de uma representação mística de seu corpo,
fundamentada sobre ele mesmo, com poderes que não poderiam ser suplantados
pelo inferno. Ao definir que seus discípulos seriam parte integrante da igreja, em
união perfeita consigo mesmo, Jesus estabelece a missão da igreja: evangelizar o
mundo e reproduzir o ensino que ele próprio havia iniciado (Mc 16).
Entender isso coloca a igreja em um papel extensivo da missão do próprio
Cristo, o que não contradiz o conceito da centralidade e unicidade de Jesus no plano
da salvação, como expresso em um dois princípios ta Teologia Reformada, conforme
a Declaração de Cambridge: “Solus Christus” (BOICE, 1999), já que a igreja é o
corpo de Cristo, portanto, o próprio Cristo se fazendo presente em comunhão
absoluta com seus discípulos nos tempos atuais.
Esse entendimento é exposto claramente por Miranda (1980), que iguala a
igreja ao próprio Cristo no papel de redenção, não em conformidade com o
posicionamento católico, mas a partir do entendimento de que a igreja representa a
continuidade do ministério do próprio Cristo.

Você sabia que a Igreja desempenha uma parte ativa no


cumprimento do plano redentor que Deus tem para o mundo? Talvez
tenha pensado que esse plano terminou com a morte de Cristo na
cruz. Mas foi o próprio Jesus quem entregou à Igreja o ministério de
redenção do mundo (MIRANDA, 1980).

A teologia evangélica entende que o papel da igreja se limita ao


cumprimento de ordens expressas pelo próprio Cristo, não admitindo novas
revelações ou novas ordenanças, em conformidade com Mateus 28.19-20. Essa
limitação se expressa na Declaração de Cambridge (BOICE, 1999). Ao colocar as
tradições e as bulas papais no mesmo nível das ordenanças de Cristo, a igreja
Católica extrapola esses limites.
A teologia católica leva esse conceito de continuidade de Cristo na igreja
para outro patamar. Para os católicos, se a igreja é o próprio Cristo que continua
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presente e ativo, então as decisões da igreja representam as decisões de Cristo, de


forma que a liderança da igreja pode baixar normas que devem ser consideradas
canônicas.
Devido a isso, a igreja Católica se posiciona ao longo da história em
conformidade com os interesses denominacionais e com as decisões de seus
concílios, assumindo causas sociais, políticas ou filosóficas de interesse de sua
liderança, ou em conformidade com as parcerias e alianças entre a igreja e os outros
poderes sociais. Tal comportamento distorceu o papel da igreja na história, gerando
crises que resultaram, inclusive, na reforma protestante.
A Teologia da Libertação, que teve como seu ponto máximo a Conferência
Mundial sobre Igreja e Sociedade, em Genebra, 1966, foi um movimento católico
rechaçado pelas igrejas protestantes, que tinha como objetivo libertar o homem da
opressão social. Os pontos mais problemáticos dessa linha teologia é a idéia de que
a miséria e opressão redimem o pecador, que deixa de ser culpado por seus atos.
Assim, uma pessoa pobre que rouba ou se prostitui, o faz por ser vítima de uma
sociedade injusta, o que enobrece suas ações, em vez de torná-lo um pecador que
precisa de arrependimento e redenção em Cristo.
Além de ser refutada pela igreja protestante, a Teologia da Libertação não foi
bem vista pelo governo brasileiro nas décadas de 60 e 70, pois defendia o
socialismo como estratégia política para a libertação das pessoas que, segundo
essa ideologia, era oprimida pelo regime capitalista. Devido a isso, muitos
defensores da Teologia da Libertação foram alvos de perseguição política durante o
Regime Militar (NAPOLITANO, 2014).
A Teologia da Libertação reivindicou a cruz de Cristo como um sinal de
revolução (CLOWNEY, 2007), tendo como alvo não somente a libertação social de
uma classe considerada oprimida, mas também visando a libertação política de um
regime considerado opressivo.

Na Conferência Mundial sobre Igreja e Sociedade, em Genebra,


1966, foi dito que a missão da igreja era levar adiante a obra que
Deus estava fazendo no mundo, isto é, a libertação dos oprimidos. A
missão da igreja era apoiar movimentos revolucionários, participando
deles e dando testemunho dentro deles. Gustavo Gutiérrez definiu a
Teologia da Libertação como “uma teologia da salvação encarnada
na história concreta e nas condições políticas de hoje” (CLOWNEY,
2007).

Com o fim do Regime Militar, muitas bandeiras do movimento de libertação


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tornaram-se obsoletas. Principalmente porque grande parte dos militantes da


Teologia da Libertação chegou ao poder, assumindo funções diretamente ligadas à
gestão política, como foi o caso do Partido dos Trabalhadores, de orientação
socialista, ou atuando na educação e serviço social, como ocorre com a corrente
ideológica relacionada a Paulo Freire.
Apesar disso, o legado socialista prevalece na ideologia política brasileira, se
manifestando na luta contra a desigualdade social, no incentivo ao associativismo e
cooperativismo, na alavancagem dos negócios sociais. Muitos discursos socialistas
podem ser percebidos nas publicações acadêmicas como ocorrem na obra de
D'Araújo Filho:

O Brasil é um país completamente tomado por antagonismos. De um


lado, tem-se uma economia forte, um parque industrial moderno e
uma das maiores riquezas naturais do planeta; de outro lado, tem-se
a sexagésima quarta renda per capita do mundo, uma concentração
econômica na qual uma minoria da população controla cerca de 70%
dos bens do país, e uma dívida social descomunal, caracterizada
pela existência de milhões de miseráveis (D'ARAÚJO FILHO, 1997).

A discussão das mazelas sociais não é privilégio da Teologia da Libertação.


O cristianismo sempre teve as questões sociais no centro de sua atenção, o que
pode ser percebido na vida da igreja primitiva, nos pais da igreja e durante a
Reforma. Calvino esteve profundamente comprometido com a questão social.

Calvino foi um humanista. E o foi no seu mais alto grau porque, ao


conhecimento natural do ser humano pelo próprio ser humano,
acrescentou, sem confundir, o conhecimento do ser humano que
Deus revela à sua criatura através de Jesus Cristo. Não se tratava,
pois, de dar as costas ao humanismo e, sim, de suplantá-lo, dando-
lhe talvez as suas mais amplas dimensões. De um conhecimento
puramente antropocêntrico, Calvino queria passar ao conhecimento
do ser humano total, cujo centro se localiza no mistério de Deus
(BIELER, 1973).

No entanto, a visão verdadeiramente cristã das mazelas humanas não reduz


as desigualdades aos limites da injustiça social. Percebe os problemas humanos do
ponto de vista social, teológico e espiritual, ligando o sofrimento humano à
decadência de valores que são mais amplos que a injustiça na distribuição da renda.
O ser humano está em crise porque se afastou de Deus, perdeu a responsabilidade
com os valores éticos cristãos, tirou a centralidade da família na formação de
cidadãos responsáveis e éticos, desenvolveu uma lógica humanista, egoísta,
hedonista, capitalista, consumista que resulta em uma espécie de canibalismo
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social.

A mensagem da Bíblia está centralizada em Deus, o Salvador. E


Deus que deve vir, porque a condição humana é desesperadora, e as
promessas de Deus são grandes demais. Nós precisamos de Deus
não porque precisamos de sua ajuda para resolver nossos
problemas, mas porque a santa justiça de Deus é o nosso problema.
Somente ele pode nos tornar justos aos seus olhos, e, para fazer
com que nós suportemos nosso julgamento, ele nos justifica e
transforma nossa natureza (CLOWNEY, 2007).

Entender as mazelas humanas a partir dessa ótica exige um cuidadoso e


honesto estudo das escrituras. A teologia paulina aponta que o homem precisa
tornar-se uma nova criatura a partir do novo nascimento em Cristo, abandonando
sua ética carnal e desenvolvendo uma ética espiritual. Paulo aponta que a ação
sobrenatural de Cristo no caráter humano permite essa mudança radical de
comportamento (Gl 2.20).
No entanto, Tiago aponta que não basta uma abordagem puramente
espiritual para sanear o sofrimento humano, mostrando que é necessário lançar mão
de ações práticas, Não basta dizer “Deus te abençoe” e abandonar a pessoa a sua
própria sorte (Tg 2.17-18). O posicionamento de Tiago não contradiz a teologia
paulina. Pelo contrário, especifica de forma mais clara o que Paulo descreve como
fruto do Espírito.
Portanto, a igreja não pode perder de vista sua função primordial, que é
reconciliar o homem com Deus por meio da redenção em Cristo Jesus. No entanto,
essa reconciliação com Deus deve ser materializada no amor cristão, tão
amplamente exposto nas escrituras.

2.3 MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

O foco no combate à injustiça social e na distribuição de renda se percebe


desde o Antigo Testamento. A Torah determinava que parte da colheita fosse
deliberadamente deixada para pessoas que não possuíam riquezas, os pobres,
estrangeiros, órfãos e viúvas. Assim, havia um mecanismo de distribuição de renda,
chamado de Lei da Sega, que evitava a miséria extrema, fazendo com que todas as
pessoas tivessem acesso a alguma forma de recursos para sua manutenção (Lv
19:9-10; 23:22; Dt 23:24, 25; 24:19-22; Rt 2).
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Essas leis admoestam os israelitas a serem bondosos com


forasteiros e estrangeiros, viúvas e órfãos. Os próprios israelitas
haviam sido estrangeiros no Egito e, durante muitos anos, foram
tratados com bondade (WIERSBE, 2010).

A idéia de inclusão se percebe também no projeto do templo judeu. Nele


havia um espaço destinado aos gentios, ou seja, um local onde pessoas que não
pertenciam formalmente ao judaísmo pudessem se juntar, e assim se beneficiar dos
atos religiosos, que incluíam sacrifícios de animais e alimentação coletiva.

Na lei do Antigo Testamento, Deus ordenou que os israelitas


demonstrassem bondade para com os estrangeiros e forasteiros no
meio deles (Ex 23:9; Lv 19:34; 23:22; Dt 10:1 7-19; 26:1-11). Jesus
mostrou misericórdia tanto para com os gentios quanto para com os
judeus e usou um samaritano como exemplo de alguém que fez o
bem ao ajudar o próximo (Lc 10:25-37). Alguns dos judeus da Igreja
primitiva tinham dificuldade em aceitar os gentios, mas Deus deixou
claro que, no meio do povo dele, não havia lugar para preconceito (At
10; 11:1-24; 15:1-29; Cl 3:26-29) (WIERSBE, 2010).

Vários textos bíblicos se dedicam à prática ou defesa da justiça social, ao


suprimento das necessidades. Ricos e pobres são iguais diante de Deus e da lei, e a
justiça não deve ser parcial (Lv 19:15; Ex 23:3). Os profetas repreenderam os ricos
por explorar os pobres e roubar deles suas casas, terras e ate seus filhos (Is 3:14,
15; 10:1-3; Am 2:6, 7; 5:11).

Enquanto houver necessidades a suprir, devemos ajudar uns aos


outros. Não basta ser fieis cumprindo nossos deveres religiosos;
devemos também ter compaixão dos necessitados (Is 58:6-11; 1 Jo
3:16-24; Tg 2:14-17). Mesmo que as pessoas não professem crer em
Cristo, são seres humanos feitos a imagem de Deus, e devemos
fazer tudo o que pudermos por elas (WIERSBE, 2010).

A missão integral da igreja é um conceito amplamente discutido na


atualidade. A idéia de integralidade é ampla, e pode significar a humanidade como
um todo, as necessidades integrais da sociedade onde a igreja está inserida ou o
ser humano em toda a sua essência (corpo, alma e espírito). Em alguns momentos,
missão integral justifica a militância política da igreja, sua militância social ou seu
papel missionário no alcance de todos os povos.
Alguns autores contribuem para iluminar esse entendimento. Para Yamamori
(1998, p. 14), “um ministério integral verdadeiro define a evangelização e a ação
social como funcionalmente separadas, mas relacionalmente inseparáveis e
necessárias para um ministério integral da igreja”. Nesse sentido, o autor aponta que
14

evangelismo e ação social não é a mesma coisa, mas também não são coisas
opostas. São duas dimensões de uma mesma missão que interagem e se
complementam.
O Pacto de Lausane discutiu com profundidade o papel social e político da
igreja, tomando o cuidado de manter a sobriedade em relação ao papel espiritual,
sem com isso comprometer a ação social:

Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens.


Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela
reconciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos
homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à
imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor,
cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca
em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada.
Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos
algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social
mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não
seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem
a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o
envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão.
(O PACTO DE LAUSANNE, 1983, p. 4).

Os representantes de quase 150 países que participaram do Congresso


Internacional de Evangelização Mundial, em Lausane, demonstram no relatório final
que a igreja tem compromisso com a evangelização, mas também tem compromisso
com a ação social, o que envolve o resgate daqueles que estão em situação de risco
social, que são politicamente oprimidos ou culturalmente excluídos.
Stott segue a mesma lógica quando afirma que:

Na prática, como aconteceu no ministério público de Jesus, estas


duas realidades (evangelização e ação social) são inseparáveis, pelo
menos nas sociedades livres, e raramente teremos de optar entre
uma e outra. Em lugar de estarem em competição, elas se sustentam
e fortalecem mutuamente, numa espiral ascendente de preocupação
crescente (STOTT, 1983, p. 23)

Para ele, a ação social está intimamente associada ao papel evangelístico


da igreja. Uma leva a outra ao crescimento, em uma relação espiral, inspirada na
vida e no trabalho de Jesus. KOHL (2003), afirmou que "só existe fidelidade na
evangelização quando existe fidelidade na missão integral da igreja". Nisso concorda
com Stott e vai mais longe, pois condiciona a missão de evangelismo ao
cumprimento da missão social.
Geisler (1985, p. 154) associa a indiferença da igreja ao "homem total" como
15

uma adaptação do pensamento platônico não-cristão sobre a dualidade do ser


humano. "Esta ênfase foi dirigida pelos cristãos na Idade Média e tem sido
transmitida para o presente". O platonismo defende que o ser humano é
essencialmente espiritual, funcionando em um corpo que essencialmente é mau e
impede a expressão plena do espírito. Esse pensamento foi duramente refutado por
Paulo (Rm 12.1, I Co 6.19).
Goulart (1941), afirma que a Igreja "não prega uma forma de governo, mas
cria uma consciência democrática, à luz dos conceitos de liberdade, de dignidade
humana, de respeito ao próximo e, sobretudo, de amor a Deus e à humanidade".
Nesse sentido, ele mantém separação entre os objetivos da igreja sem comprometer
seu compromisso social.
Orlando Costas defende que a Igreja deve fazer a diferença no mundo. Ele
defende que a missão da igreja tem uma dimensão social que não pode ser
negligenciada:

Esta dimensão envolve o impacto que o ministério reconciliador da


igreja exerce sobre o mundo, o seu grau de participação na vida,
conflitos, temores e esperanças da sociedade e a medida em que
seu serviço ajuda a aliviar a dor humana e a transformar as
condições sociais que têm condenado milhões de homens, mulheres
e crianças à pobreza. Sem esta dimensão a igreja perde sua
autenticidade e credibilidade, pois somente na medida em que
conseguir dar visibilidade e concreticidade à sua vocação de amor e
serviço ela pode esperar ser ouvida e respeitada. (COSTAS, 1994,
pp. 113,4).

Ao cumprir sua missão social, a igreja torna-se expressão da vontade de


Deus para com a humanidade. Transforma-se em sal da terra e luz do mundo,
conforme orientou Jesus (Mt 5.13-14). Para Bryant (1988, p. 56), "Nada é mais claro
na Bíblia do que ser Deus o campeão dos pobres, dos oprimidos e dos explorados".
Se a igreja se omitir diante das mazelas sociais, estará em conflito com os
interesses de Deus claramente expressos nas Escrituras (Sl 140.12).
Na verdade, Jesus deixou claro que Deus toma para si as causas daqueles
que estão em sofrimento, socorre os oprimidos, retribui aos pobres e humildes com
seu cuidado.
Carriker (1992, p. 11), ressalta que Deus age na história e realiza seus
planos no contexto histórico. Para ele, Deus é pessoal e age nos eventos e
experiências concretas da vida das pessoas. Deus não é somente transcendente,
16

existindo em um plano místico. Ele atuou no êxodo, no dilúvio e no cativeiro no


Velho Testamento. Padilla dedicou um livro ao papel social da igreja, onde defende
que o maior desafio que a igreja enfrenta atualmente é o desafio da missão integral
(1992, p. 139).
Uma das formas de cumprir a missão integral da igreja é organizando
mecanismos capazes de identificar as necessidades das pessoas e apresentar
respostas adequadas, por meio de ações sociais. Essa forma de organização teve
início na igreja apostólica. Inicialmente, a igreja cumpriu suas funções sociais de
forma espontânea, como parte do culto cristão.
Assim que a igreja começou a crescer, foi necessário separar as ações
litúrgicas da assistência social, o que levou os apóstolos à organização do
diaconato, nomeando um grupo de homens de sua confiança para fazer exatamente
isso: identificar as necessidades sociais, recolher os donativos e realizar a
distribuição de recursos dentro de critérios previamente estabelecidos (At 6.1-7).
Pode-se dizer que a instituição dos diáconos em Atos representa o embrião
dos atuais projetos sociais da igreja. Na decisão dos apóstolos podem-se perceber
os traços básicos de um projeto social: identificação da demanda, captação de
recursos, triagem das pessoas necessitadas, gestão de conflitos, organização de
uma equipe de trabalho, gestão qualificada do projeto social, separação entre as
ações sociais e os atos litúrgicos.
Percebe-se também no projeto apostólico que apesar de ser instituída uma
separação entre as funções dos diáconos e dos apóstolos, o projeto continuou sob
gestão da igreja e supervisão apostólica. Quem elegeu os diáconos foi a igreja, que
também estabeleceu as condições de habilitação para o diaconato. Assim, mesmo
tratando de questões materiais, o projeto social de Atos era uma atividade inerente à
igreja primitiva.

3 CONCEITUAÇÃO DE PROJETO SOCIAL

Uma das principais dificuldades das igrejas que desejam desenvolver sua
missão integral está no entendimento do conceito de projeto social e na elaboração
desses projetos. Muitos pastores limitam-se à captação e distribuição de donativos,
imaginando que essa é a função social da igreja. Outros consideram o serviço
diaconal como suficiente para compor o “departamento de ação social” da igreja,
17

sem nem mesmo entender o significado de ação social.


A Organização das Nações Unidas define projeto social como:

Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto


de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de
alcançar objetivos específicos dentro dos limites de tempo e de
orçamento dados (PROCHNOW, 1999).

Armani (2000, p. 18) define projeto social como sendo “uma ação social
planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma
quantidade limitada de recursos (...) e de tempo”. Portanto, bem distante do senso
comum que permeia a maioria das igrejas, onde essas ações são feitas de forma
empírica e simbólica, sem nenhuma preocupação com resultados concretos.
Uma idéia que fica evidente no conceito de Armani é a limitação de recursos
e de tempo. Um projeto deve ter como finalidade realizar ações para cumprir metas
que levam ao alcance de objetivos. Por isso, deve ter planejamento,
desenvolvimento, monitoramento e encerramento - PDCA. Segundo LIMA (2006) o
Ciclo PDCA é uma ferramenta utilizada para a aplicação das ações de controle dos
processos, tal como estabelecimento da “diretriz de controle”, planejamento da
qualidade, manutenção de padrões e alteração da diretriz de controle, ou seja,
realizar melhorias.
O conceito apresentado por Lima a partir da gestão de uma empresa
automobilística pode ser aplicado a todo tipo de projeto. Um projeto se orienta por
números. Para intervir de forma positiva na comunidade, a igreja deve identificar de
forma numérica as necessidades, os alvos, os recursos, o tempo necessário de
ação, o número de colaboradores, dentre outros fatores. Esses números são
indicadores que vão definir a natureza e o tamanho do projeto.
Indicadores são medidas, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotadas de
significado particular e utilizadas para organizar e captar as informações relevantes
dos elementos que compõem o objeto da intervenção (GONZALES, 2009). São
recursos metodológicos que identificam o andamento dos fenômenos que estão sob
observação ou intervenção. Boas fontes de indicadores são as bases de dados
governamentais (site da prefeitura, IBGE, sites do governo estadual e federal).
Análise de estatísticas da igreja ou pesquisas bem conduzidas na comunidade
também podem gerar indicadores.
Dessa forma, a igreja deve seguir alguns passos ao elaborar seus projetos
18

de missão integral. Os passos são típicos do processo de planejamento estratégico:


diagnóstico, definição de necessidades, eleição de prioridades, definição dos
objetivos, definição das metas, elaboração de um quadro de metas, execução,
monitoramento, avaliação, correções de percurso.

3.1 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES SOCIAIS

Considerando-se a relevância da atuação social da igreja, abre-se um


grande leque de oportunidades para a organização de projetos sociais na igreja
(GONÇALVES, 2003). Para identificar as demandas da comunidade por projetos
sociais, a igreja deve realizar um estudo de necessidades. É possível perceber as
principais necessidades de uma comunidade analisando-se a pirâmide de Maslow.

Pirâmide das necessidades humanas segundo Maslow (HESKETH, 1980).

Muitos pastores ficam frustrados porque não despertam o interesse das


pessoas para seus projetos ligados a segurança, necessidades sociais, promoção
da autoestima ou projetos de cunho espiritual ou intelectual. A causa da falta de
interesse pode estar na existência de necessidades mais básicas que as pessoas
não estão conseguindo suprir.
19

Maslow percebeu que as pessoas organizam seu interesse pelas causas


sociais somente depois de terem satisfeitas suas necessidades mais básicas. Não
adianta falar sobre segurança com uma população que não tem acesso a alimento,
moradia, saúde, educação e trabalho. Uma pessoa faminta não se preocupa com
autoestima e com problemas sociais (HESKETH, 1980).
Portanto, ao analisar a demanda por projetos sociais, é necessário verificar
quais necessidades da população estão sendo satisfeitas e onde existem demandas
reprimidas que podem se tornar alvos de intervenção da igreja. Não adianta, por
exemplo, desenvolver um projeto de bazar comunitário e distribuição de cestas
básicas em uma comunidade onde a renda é média e todos possuem acesso ao
trabalho, como não adianta desenvolver projetos culturais em uma comunidade de
pessoas desempregadas e famintas.
O primeiro passo, portanto, consiste em realizar um levantamento de dados
na comunidade para identificar as demandas sociais, ao mesmo tempo em que ser
analisa a percepção popular das necessidades sociais. Uma população de pessoas
com problemas dentários, por exemplo, pode não ter consciência desse problema e
considerar o tratamento odontológico uma necessidade básica.
Considerando a Pirâmide de Maslow, é possível dividir os projetos sociais
que podem ser realizados na igreja pela faixa de necessidades da população.

3.1.1 Necessidades básicas

As necessidades básicas estão relacionadas à sobrevivência. São elas


alimentação, higiene, habitação, roupas, medicamentos, atendimento médico,
educação. A igreja pode criar cooperativas ou associações para atender a essas
necessidades básicas. Exemplos são as hortas comunitárias, coleta e doação de
cestas básicas e roupas, oferta de cursos para geração de emprego e renda,
associações comunitárias para pleitear do poder público os bens e serviços públicos.

3.1.2 Necessidades de segurança

Para Maslow, a população só passa a se preocupar com a segurança depois


que suas necessidades básicas estão supridas. Assim, a discussão sobre segurança
encontra-se em um nível acima do básico, atraindo o interesse da classe média
20

baixa. As pessoas convivem em um ambiente de desigualdade social. Assim,


enquanto discute segurança, a comunidade pode ter que lidar, de forma paralela,
com pessoas que ainda se encontram na base da pirâmide (HESKETH, 1980).
A igreja pode organizar associações comunitárias para discutir segurança,
iluminação pública, qualidade das vias públicas, gestão da segurança em
condomínios, além de organizar projetos de conscientização de resgate de pessoas
que são alvo da violência.

3.1.3 Necessidades sociais

A destruição, depredação de bens sociais como praças, museus, escolas e


unidades de saúde em comunidades pobres está ligada à falta de apropriação
desses espaços pela sociedade. Sem ter suas necessidades básicas supridas, a
comunidade percebe esses bens como sendo desnecessários e até ofensivos.
Como a igreja tem como foco a ação sobre necessidades mais elevadas, de cunho
espiritual, acaba se tornando alvo de ataques em comunidades mais pobres.
A igreja tem um amplo leque de possibilidade de ações nessa esfera das
necessidades humanas. Quase todos os projetos sociais podem ser voltados para
essa área. Os principais são projetos na área educativa, de saúde, de negócios,
lazer, entretenimento, integração social, meio ambiente, esportes, artes, intercâmbio
dentre outros. Os projetos voltados para as necessidades sociais visam a população
de classe média e alta, com baixa participação da classe mais pobre.

3.1.4 Autoestima

Os problemas de autoestima atingem todas as classes sociais. Pessoas


marginalizadas, vítimas de álcool, drogas e violência, costumam ter sérios
problemas de autoestima. No entanto, não adianta tentar recuperar a autoestima das
pessoas sem primeiro agir sobre as causas. Por isso, depois que as necessidades
básicas são supridas, é possível agir sobre a autoestima.
Os projetos com foco na construção ou recuperação da autoestima
geralmente são de caráter filantrópico, artístico, esportivo e social. São projetos que
permitem o envolvimento das pessoas em causas gratificantes. A igreja pode usar os
projetos sociais voltados para a classe baixa como instrumento de recuperação da
21

autoestima de pessoas da classe alta, por meio de intercâmbios, programas de


donativos, serviço comunitário, palestras, cursos, evangelismo, dentre outros.

3.1.5 Auto-realização

Esse é o nível mais elevado das necessidades humanas. Pessoas das


classes médias e altas, universitárias, profissionais bem sucedidos, aposentadas,
empresários costumam sentir-se devedores em relação à sociedade e estão
ansiosas por realizar projetos de utilidade pública e social (HESKETH, 1980).
A igreja deve proporcionar meios para que essas pessoas consigam exercer
suas ações sociais, sendo úteis para a comunidade e investindo tempo e recursos
em projetos voltados para as classes menos favorecidas. Projetos onde as pessoas
possam usar seu conhecimento e seus recursos em favor de outras são forte
geradoras de auto-realização.
As pessoas bem sucedidas investem liberalmente em projetos de
cooperativas, comprando quotas sociais, realizando investimento de risco calculado
em projetos sociais. Normalmente, exigem que esses projetos sejam bem
estruturados de forma que os recursos investidos realmente surtam os efeitos
desejados. São pessoas acostumadas com números, projetos, objetivos, metas e
avaliação de resultados.

3.2 CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA PROJETOS SOCIAIS

A igreja pode lançar mão de diversas fontes para alavancar recursos para
seus projetos. A diversidade de fontes depende da natureza do projeto e da forma de
organização da igreja. Se a igreja pretende investir em projetos sociais, o primeiro
passo é adequar seu estatuto e se organizar internamente, com bons instrumentos
de gestão, como planejamento, monitoramento e sistemas eficientes de avaliação de
resultados. Feito isso, está aberto o caminho para investir em projetos sociais.
O Código Civil Brasileiro, Lei 10.406/2002, define os tipos de pessoa jurídica.
No Art. 40, aponta que “as pessoas jurídicas são de direito público, interno ou
externo, e de direito privado”. No inciso IV, cita as organizações religiosas, com
base na Lei nº 10.825, de 22.12.2003. Dessa forma, toda igreja precisa ter um
estatuto que define suas regras de funcionamento e suas obrigações civis.
22

Por ser uma organização religiosa, uma igreja tem interesses que podem ser
contrários ao interesse público. As igrejas tratam as pessoas de forma excludente,
quando privilegiam seus membros e excluem quem não é membro de suas ações
sociais, por exemplo. Devido a isso, muitos recursos governamentais ou
empresariais não podem ser destinados a organizações religiosas.
O poder público municipal não pode fazer parceria diretamente com uma
igreja, por exemplo, pois há conflito de interesse entre a igreja e o poder público.
Enquanto que o município dirige suas ações para toda a comunidade, a igreja tende
a privilegiar seus fiéis. Isso mostra que uma igreja que pretende atuar no setor social
precisa rever seus conceitos de inclusividade.
Devido a isso, para captar recursos do governo ou de empresas
beneficiadas com renúncia fiscal, a igreja precisa organizar uma associação com
estatuto próprio, com diretoria, CNPJ, conselho fiscal e objetivos diferentes dos da
igreja. Essas associações não podem remunerar seus diretores, não podem limitar
seu campo de ação somente aos membros da igreja e não podem visar lucro.
Dessa forma, são possíveis fontes de recursos para os projetos sociais, se
tiver uma associação:
a) convênios de subvenção social com órgãos públicos municipais,
estaduais e federais;
b) convênios de parceria com órgãos públicos para realização de serviços
públicos (educação, saúde, meio ambiente, habitação, esportes, cultura, etc);
c) doações de empresas com desconto em impostos (ISS, ICMS, Imposto de
Renda, dependendo de algumas condições);
d) parcerias empresariais visando lucro (se for uma cooperativa ou se tiver
inscrição estadual e municipal). Nesse caso perde uma parte dos benefícios de
isenção fiscal.
Se a igreja não tiver uma associação com CNPJ próprio e não se adequar
ao conceito de organização social sem fins lucrativos, pode captar recursos da
seguinte forma:
a) doações de empresas ou de pessoas físicas sem dedução nos impostos;
b) patrocínio de projetos como parceria publicitária;
c) comercialização de natureza filantrópica de bens e serviços (jantares,
venda de objetos, eventos em geral, publicações, etc.).
Observa-se que nesse caso a igreja tem mais autonomia, pode restringir
23

seus objetivos, mas também tem seu campo de captação de recursos restrito. Seja
qual for a forma de captação de recursos, a igreja ou a associação a ela ligada deve
zelar pela transparência e pela documentação de tudo o que faz para fins de
prestação de contas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo permitiu perceber que a igreja evangélica contemporânea sente


necessidade de desempenhar sua função social, mas esbarra em uma resistência
historicamente construída em função de iniciativas tomadas pela igreja católica,
principalmente em relação à teologia da libertação.
O levantamento da bibliografia em relação ao papel social da igreja desde
sua fundação em Cristo até a atualidade, passando pela igreja apostólica, pela
patrística e pela reforma, aponta que sempre foi missão da igreja atuar como
instrumento de combate à injustiça social e de acolhimento aos necessitados. Uma
análise do Antigo Testamento aponta que desde a antiguidade se valorizou a prática
da justiça social entre o povo judeu, que foi base para o cristianismo.
Na atualidade a igreja tem uma atuação social limitada em função da
influência histórica, da falta de conhecimento acumulado e experiência na área
social e principalmente por falta de preparação técnica dos pastores e líderes para a
implantação e gestão de projetos sociais na igreja.
Dessa forma, percebe-se que há um amplo campo de possibilidades para a
atuação da igreja na área social, com muitas configurações possíveis para os
projetos sociais. Permitiu também perceber que há muitas formas de captação de
recursos para projetos sociais.
Além da necessidade social por serviços em todas as esferas de atuação
pública, há interesse do poder público em terceirizar serviços ou de buscar parcerias
com a iniciativa privada. O poder público entende que com isso é possível alcançar
maior eficiência na gestão dos recursos, além de aproximar os serviços das
comunidades a que se destinam.
Há também uma crescente busca pela construção ou restauração da
imagem de empresas e de empresários, que desejam associar seus nomes a
projetos de relevância social. Pessoas bem sucedidas desejam investir parte de
seus recursos em projetos sociais, desde que possam ter como retorno a certeza de
24

que contribuíram para a paz e para a justiça social.


Os projetos sociais são uma estratégia de evangelismo indireto usada desde
os tempos mais antigos. O próprio Jesus alcançou pessoas com a mensagem do
reino ao atuar sobre suas necessidades sociais, como fornecimento de alimentos,
apoio social, cura de enfermidades. Também ensinou que seus seguidores precisam
estar atentos e solidários ao sofrimento alheio.
Fica evidente que a igreja não se limita à prática de ações sociais, mas não
pode negligenciar esse papel, que é parte integrante de sua missão. Combatidos os
excessos, é necessário que a igreja resgate hoje uma função histórica negligenciada
por má influência de movimentos que se afastaram das Escrituras.
Apesar das limitações apresentadas, o estudo alcançou seu objetivo, ficando
as áreas em aberto como sugestões para futuras abordagens e aprofundamentos.

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