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Resumo
Este artigo explana sobre o percurso do odontólogo por formação Victor Moreira,
cenógrafo, aderecista, figurinista, estilista pernambucano, bem como os processos de
criação dos figurinos, para os personagens Demônios, do espetáculo Paixão de Cristo,
de Nova Jerusalém, Pernambuco, e o modo como este artista compõe a visualidade
destes personagens.
Abstract
This article explains about the former dentist Victor Moreira, who is now a designer,
costume designer, stylist. Born in State of Pernambuco in Brazil, as well as the
processes of creating the costumes for the Devils characters, of the show ‘Paixão de
Cristo”, in Nova Jerusalem, Pernambuco, and how said this artist makes up the
visuality of these characters.
Introdução
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Docente no curso de Produção de Moda e Costureira de Espetáculo na ETA – UFAL. Mestra em Artes Cênicas
(UFBA), Especialista em Arte Educação (CESMAC) E Licenciatura em História (FTC).
12º Colóquio de Moda – 9ª Edição Internacional
3º Congresso de Iniciação Científica em Design e Moda
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Na esteira dessas reflexões, convém apontar Victor Moreira, pela
importância do conjunto de sua obra para o teatro pernambucano, tornando-o
um ícone ao longo de mais de 60 anos dedicados ao teatro, como figurinista,
transformando, quiçá, este trabalho em uma referência aos profissionais,
acadêmicos e interessados no campo das artes cênicas.
Suas composições passam de suas pranchetas para as oficinas, e das
oficinas para os palcos, e se ancoram em pesquisas que abordam
religiosidade, cultura, história da arte e da moda. Ecléa Bosi aponta o seguinte
a este respeito:
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Catarse o efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, de
extrema intensidade e violência, trazem à tona os sentimentos de terror e piedade dos expectadores, proporcionando-
lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos. (FERREIRA, 1999).
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Entrevista concedida por Victor Moreira, em sua residência no Recife, em 30 de maio de 2013.
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de formas e cores que intervêm no espaço do espetáculo, e devem
portanto integrar-se nele. (ROUBINE, 1998, p.147).
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Reutilização – tornar a utilizar, dar novo uso a. (Ferreira, 1999).
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parecem que vêm à tona quando essa figura surge em cena, o que garante que
é seu figurino que emoldura a sua personagem, estereotipando-a.
Segundo Victor Moreira, sua fonte de inspiração ao criar o Demônio
brotaram do imaginário popular, com chifres, cauda e asas. Porém, para um
estudioso, esse estereótipo era pouco, motivando-o a se aprofundar e buscar
embasamentos na Bíblia. Essa era a imagem do Demônio, àquela época: os
chifres representavam símbolos de poder, como pode ser observado na Bíblia,
no livro do Apocalipse, capítulo 17:12, “E os dez chifres que vistes são dez reis,
que ainda não receberam o reino, mas receberam o poder como reis por uma
hora, juntamente com a besta”.
A figura do Rei citado representa pessoas poderosas, que tinham um
reino para governar, com seus súditos e servos. O Demônio tinha cauda, uma
vez que ela representava os falsos profetas, como está descrito na Bíblia no
livro de Isaías, capítulo 9:15, “O ancião e o varão de respeito é a cabeça, e o
profeta que ensina a falsidade é a cauda”. Ele também tinha asas e essas são
uma referência ao anjo, que, segundo a Bíblia, foi expulso do céu, porque
queria ser melhor do que Deus:
Figuras 3 e 4 – Croqui para o figurino (1961) e o ator trajando o figurino do Demônio (1962).
Victor sentiu falta de algo mais enriquecedor nos figurinos, talvez algo
que pudesse potencializar ainda mais a cena. Essa sua inquietação pode se
aliar aos argumentos de Roubine quando ele ressalta:
Coloquei a roupa com cores terrosas, ele vem com cinza, bege, mas,
na terra tem musgo, então tem sequências de verdes na roupa; lá
embaixo da terra tem metais, logo, tem sequências de cores
metálicas na roupa. Ao sair da terra o Demônio é abortado para tentar
Cristo. Ele sai da terra por um mini elevador, criado por Tibi (Otavio
Castanho), a figura é enorme, ela cresce muito. Depois, na marcação,
ele volta para a terra, no mesmo elevador, sendo sugado pela terra.
Nós humanos estamos à mercê das tentações do mundo, e isso para
mim é o Demônio; logo, ele pode sair de qualquer lugar, da pedra, do
chão e da cabeça da gente. Portanto, ali Jesus foi tentado, era o
homem pedindo clemência a seu Pai: “Pai afasta de mim este cálice”.
É uma agonia imensa, Ele pediu socorro ao Pai eterno, é uma coisa
de uma grandiosidade faraônica, a gente não tem nem noção,
quando eu comecei a pensar que eu iria resolver o problema do
figurino: desestruturei o ser humano, não tinha cabeça, não tinha
cara, não tinha nada, só a roupa, com volumes de coisas. Assim,
deixando de lado a ideia de poder em cima de Cristo. (MOREIRA,
2013).)
Figuras 10, 11 e 12 – Caftan longa, caftan curta, pelerine, as peças do figurino do Demônio
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Semântica – O estudo da relação de significação nos signos e da representação do sentido
dos enunciados. (FERREIRA, 1999, p. 1832).
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
Köhler, Carl. História do vestuário. 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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LEVENTON, Melissa (org.). História Ilustrada do Vestuário: Um estudo da
indumentária, do Egito antigo ao final do século XIX. São Paulo: Publifolha,
2009.