Você está na página 1de 3
1 CARGA ELETRICA E LEI DE COULOMB A cletrosttica é um ramo da Fisica que estuda os fenémenos relacionados com cargas eléricas em repauso. ‘Um dos primeiros fenémenos de origem eletrostitica foi jobservado pelos gregos e descrite por Tales de Mileto por volta do ano 600 a. Bles abservaram que pedagos de uma resina chamada mbar (lektron, em geego), quando atitados com teeidos adquiriam a capacidade de atrair pequenas particulas de outzos materiais, Como a cincia experimental « dedutiva ainda estava longe de ser desenvolvida, o interesse esse fendmeno sempre permaneceu no campo dalégicae da Slosofia. A interago entre objetos eletricamente carregados (orga eletostética) s6 foi quantificada © equacionada no século XVII pelo cientista francés Charles A. Coulomb, 1.1 CARGA ELETRICA ‘Assim como a massa, a carga elétrica € uma propriedade intinseca da matéria. Ao longo dos séculos, as observagdes experiments permitiram a descoberta de importantes pro- priedades que a carga elétrica possui © ambar ‘Um dos primeitos indiios da existéncia da carga elética {oi constatada na Grécia antiga. Por volta de 600 aC. 0 ‘lésofo grego Tales de Mileto notou que o Ambar (uma rsina {ssil), quando avitado com 2 1, adquitia a propriedade de atair objetos leves. A palavra eletrcidade surgiu exatamente 1 partir do termo grego para o mbar, elektron Dois tipos de eletricidade 0 fisico francs Charles Frangois du Fay (1698-1739) ddescobriu outra caraceristica interessante: pegas de mbar cletizadas por atrito com um tecido se repelem, enquanto 0 vidro cletrizado atrafa o mbar. Duas “espécies” de carga cltrica foram defnidas: resinasa, rlacionada a0 mbar, © vitrea. Mais tarde Benjamin Franklin (1707-1790) adotou de form totalmente arbitréria os termos ullizados atualmente’ carga positiva e negativa Principio da atracdo e repulso [As experigncias de du Fay mostraram uma importante propriedade das cargas eleticas: Cargas de mesmo sinal se repelem, cargas de sinais opostos se arraem. Principio da conservaci dda carga elétrica Quando um corpo ¢ cletrizado por atrito, por exemplo, © estado de eletrizagio fnal se deve & transferéncia de cargas de um objeto para o outta, Nao hé criagio de cargas no processo, Portanto, se um dos odjetos cede uma cera carga negativa ao outro, cle ficaré carregado posiivamente, com a mesma quantidade de carga cedida a0 outro, Corpos neutros “Todos os objetos da natureza contém cargas, porém na Imaiotia das vezes nao conseguimos percebé-las. Isto se deve ao fato de que os objets contém quantidades iguais dos dois tipos de cargas: cargas positivas e cargas negativas. Assim, 4 igualdade leva a0 equilbrio de cargas e dizemos que os ‘objeto sto elevicamente newtos, ou seja, ndo possuer uma carga liquida. Se este equilbrio é desfeto, dizemos que um corpo est eletrizado, ou soja, uma carga Mguida existirée ele poderd interagir leticamente Condutores ¢ isolantes Condutores so materiais em que um ndmero signi- ficative de particulas catregadas (elétrons livres) podem rmovimentar-selivremente, Nos materiais nlo-condutores ou isolantes as particulas carregadas ndo se movem livrement. ‘Quando uma certa quantidade de carga se move através dde um material condutor dizemos que existe uma corrente clética no material, Unidade St A unidade ST de carga € 0 Coulomb (C). Hle 6 definido fem termos da unidade de corrente elétrica, 0 ampere (A), como a carga que passa por um determinado ponto em 1 segundo quando uma corrente de 1 ampere esté fuinde através daguele ponto. A corrente eléwica serd estudada no Capitulo 6. ‘Quantizagae da carga elétrica No século XVII, a carga elérica era considerada como uum fluido continuo, Enietanto, no inicio do séeculo XX, Robert Millikan (1868-1953) descobriu que o fui elStico no era continuo. A carga elética € constituida por um ‘maliplo inteiro de uma carga fundamental ¢, ou seja, a carga 4g de um certo objeto pode ser escrita como recom n = 1,2,3, ‘onde « possui o valor de 1,60 x 10° C, senda considerada ‘uma das constantes fundamentais da nature7a, Podemos entio dizer que a carga clétrica existe em pacotes diseretos ou, em termos modernos, 6 “quantizada", io podendo assumir qualquer valor. Ouias experiéncias dda 6poca de Millikan mostearam que o elétron tem carga ~e © © préton +e, 0 que axseguta que um somo neuiro tem © ‘mesmo ndmero de protons eelétrons. A Tabela 1.1 sumariza as cargas € massas das parfculas atdmicas rot. Abie Mateus J. Departamento de Fisica (CFM) Titpdiabilomateusnevensina 5 Universidade Federal de Santa Calarina Notas de aula - FSC 5132: Fisica Teérica 8 Capita 1: Carga elétricae Lei de Coulomb Tabela 1.1 — Principsis propriedades dos constiuintes de um somo, Paricula Carga elévies (©) Massa) cleo 16021917 x1” 9.1095 x proton 16021917 x 10-¥ 1.67261 x 10 neutron ° 1,67492% 10" 1.2. LEIDE COULOMB Descoberta 1784, 0 fisico francés Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) realizou experimentos com uma halanga de torglo © medi as atragdes e repulsdes elétricas entre duas esferas cleticamente carregadas, A partir dessas medidas le deduziw a lei que governa eletrostatica: A forca eléirica exercida por wn corpo carre- ‘gado sobre outro depende diretamente do pro- duto do médulo das cargas ¢ inversamente do ‘quadrade da disrdncia que os separa Alel de Coulomb ‘Em termos matematicas: ae ra bh onde 41 € gs sio as cargas eléticas de dois corpos separados por uma distincia r.Introduzindo uma constante de propor- cionalidade, k, a expressio matemtica para lei de Coulomb fica: Note que a lei de Coulomb assemetha-s lei da Gravitagso de Newton, F = Grmuma/?2- Ambas sio leis para 0 inverso do quadrado da distincia. A carga g, neste caso, 0 andlogo damassa Aconstante k€ definida como! 99 x 10° Nem /c, onde 6) = 889418781762 x 10°? CYN-m?, 6 a constante de permissividade elétrica do vcwo, Portanto povdemos escrever& lei de Coulomb como Lae mer Forma vetoril da le de Coulomb Aué aqui consderamos apenas 0 mésulo da forga entre «duas cargas,determinada de acordo com alei de Coulomb, A orga, sendo um vetor. também tem propriedades direcionais, A ORs ow n (>) Figura 1.1 ~ Sento das forgas elewostitcas entre duas cargas clétuicas (a) de sine positvo © (b) de sinaisopostos. @Serway~ Jewett Sed No cato da lei de Coulomb o sentido da forca 6 determinado pelo sinal relative das duas cargas eldzicas. A forga de atra- ‘elo ou de repulsio enize as cargas puntiformes em repouso ‘tua ao longo da linha que as une (ver Figura |.) Podemos representar forsa eletrstética em termos vetoriais como: 1am Sng r, A conde Fs € forga exercida sobre a paricula pela paricula 2, ru representa o médslo do velor Fn, «Fi indica 0 vetor unitcio do sentido de ri (Figura 11). Ou ej, ft De scordo com a teceira lei de Newion, a forga execida sobre a pariula 2 pela partcula 1, Fy, € opostaa Fa, © Pode sr expesss comer Fy = oe rer, ‘Como fa: possui sentido oposto 20 vetor Fi, temos que: Fir= Fa. Principio da superposicao: Se virias forgas atuam sobre uma carga elética, a forea resultante sobre ela determinada através da soma Vetorial de todas as Forgas: Ba Bat Bs t hurt hy rot. Abie Mateus J. Departamento de Fisica (CFM) Universidade For Titpilabifomateus nevensina 6 al de Santa Catarina Capita 1: Carga elétricae Lei de Coulomb 1.8 EXEMPLO: APLICAGAO DA LEI DE COULOMB, Considere 0 artanjo de cargas mostrado na Figura 1.2 abaixo, onde qy = “1,2 pC, gp = +3.7 wC e gy = ~2.3 uC, As cargas qi © gz estdo separadas por 15 cm no eixo x, € a carga qs esté a 10 em da carga qi, formando um Angulo 2° com 0 eixo y Figura 1.2 ~ Arrano de cargas. Qual a fora resultanteatvando sobre a carga? Desejamos caleular a forea resultante que atua sobre a carga qr, devido &s cargas 42 € qs. Usando 0 principio da superposigao, primeiramente calculamos o médulo de cada fog (1.2% 10-9,7 x10) ww os 99% ITN (12% 10-92,3 10-5) xe 10" 1 determinamos as componentes x € y da forga ASN Flax Fie = Fia + Fin send Fig = 177+ 248s0n 32" = 308 Fiy = Fioy + Fay Fyy = -2.4800832 = Fiycosd 2.10 A orga resltante & enti Fy= Fit Fig = 3087-210) (© médulo 6 dado por Mil= (FF, - O08" = RIO = 3.73N A forga resultante F', forma um Angulo @ com o cixo x, obtido peta relacao Fy = Fycose = cos = A 5 = 33,8" rot. Abie Mateus J. Titpdiabilomateusnevensina Departamento de Fisica (CFM) Universidade Federal de Santa Catarina

Você também pode gostar