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[I,I - as d'lmensoes

sao - T"ernlca e Po1í'tica. A ava )'laçao


- d a qua-

materiais. A avaliação política lança-nos no vivido par-


l, \ lidade técnica remete-se às questões instrumentais e

I·... I, prazerosas.
ticipativo e dialogado, nas experiências significativas e
1.2. Justificativa
Nossa experiência nos tem revelado que as discus-
sões sobre a avaliação estão predominantemente cen-
tradas nos seus aspectos témicos. Temos constatado tal
fato em documentos, relatórios ete. A partir de tais cons-
tatações, nos motivamos a estudar/investigar em uma
certa realidade educacional a qualidade política desta mes-
ma instituição. Tal opção deve-se ao fato de ...ete., (avan-
çar para implicações teóricas e relevâncias).

1.3. Formulação do Problema de Pesquisa


Constatamos haver em nosso Curso de Graduação
dificuldades e impasses no que tange ao andamento de
relações, de diálogos, entre alunos e alunos e entre alu-
nos e professores. Os ambientes de curso, ao serem vi-
vidos, têm gerado conflitos e desinteresses. Há proble-
mas de interação e conversação.
- Questões Norteadoras
Como se dá no cotidiano dos diversos ambientes
de um Curso de Graduação a participação discente?
Como se estabelece e se mantém o diálogo em tais am-
bientes?

153
1.4. Objetivos Se o estudo utilizar a Análise Quantitativa, os da-
Geral: dos poderão ser apresentados na forma de tabelas ou
gráficos (Modelo 1). Se for feita uma Análise Descritiva
Espedficos: - Qualitativa; os resultados deverão ser apresentados
na sua forma naturat através de unidades de registro
dos informantes (Modelo 2).

DESENVOLVIMENTO: Deverá conter a Fllll-


Há uma seqüência (implícita): apresento o resulta-
damenlação Teórica ou Revisão da Literatura. O Mar- do (na forma quantitativa ou qualitativa), faço a análi-
co Referendal (se houver), a Metodologia e os Re- se e depois discuto tal achado à luz dos autores, bem
sultados. No caso de Pesquisa Bibliográfica terá so- como a partir do meu posicionamento sobre o mesmo.
mente o capítulo 2, de Revisão Teórica. É importante refletir sobre o resultado, discuti-Ia e ten-
tar compreendê-Ia /interpretá-Io.
CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 4
FUNDAMENTAçÃO TEÓRICA RESULTADOS

Propomos uma reflexão sobre a avaliação qualitati- 4.1. Respostas dos alunos sobre participação
va e iniciamos um debate sobre a sua fundamentação.
"O que interessa pesCfutar é a dimensão participativa Tabela 1 - INTENSIDADE DE P ARTICIP AÇÃO SECUNDO
como tal- a intensidade comunitária, a coesão ideológica OS ALUNOS INFORMANTES

e prática, a identidade cultural, o envolvimento conjun- RESPOSTAS N


25
07
F
18
10
60
30,0%
41,6%
16,7%
11,7%
100,0%
to, o clima de presença engajada" (DEMO,
Razoável 1987, p.27).
Muita
Nenhuma
Pouca
TOTAL

CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

3.1. O tipo de estudo


3.2. O local! contexto
4.2- Conversando com os alunos sobre participação
3.3. Os informantes/sujeitos
A participação nas salas de aula foi avaliada como
3.4. A coleta de dados (etapas, períodos, técnicas, de pouca intensidade e muitos dos alunos apontaram
instrumentos, dificuldades, como ocorreu etc.) problemas decorrentes de tal não-participação. "Eu não
3.5. Aspectos éticos sei como participar se o docente não abre espaço. Fico
ansioso e com medo de falar em sala" (Aluno A). Cons-

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tatamos que há barreiras para a participação dos alu- 3.7. A ÉTICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL
nos em sala de aula. De acordo com Vieira (1990), os NA PESQUISA
docentes devem ser os mediadores de um viverpartici-
A ciência no limite! Não podemos mais ignorar ati-
pativo. Este viver, a nosso ver, precisa ser ampliado.
tudes éticas e sociais. A ciência e os pesquisadores têm
que estar atentos para os benefícios e riscos de uma pes-
quisa, têm que se voltar também para os grandes pro-
CONCLUSÃO: Este é o momento de elaborar uma blemas que afligem nossa sociedade hoje.
síntese dos achados, suas implicações e conse- Não dá mais para entrar e sair de escolas, salas de
qüências. Podemos aqui fazer também sugestões aula e residências sem explicitar nossos objetivos, in-
e/ ou recomendações. tenções e métodos de pesquisa bem como sem contri-
buir com aqueles que participam dando informações,
às vezes pessoais, às vezes profissionais, para que pos-
CAPÍTULOS samos concluir nosso estudo. Todos os pesquisadores
CONSIDERAÇÕES FINAIS devem estar alerta sobre essas questões.

A participação e o diálogo são essenciais de um vi- Diretrizes básicas de ética em pesquisa foram esta-
ver humano, político e social. Se há barreiras, medos, belecidas pela primeira vez em 1947, no Código de Nu-
rembergue, que estabeleceu que era indispensável ter
há de se ter conquistas, pois "participação é conquista"
(DEMO, 1990, p.12). o consentimento do participante de pesquisa clínica. O
código visava estabelecer regras para julgar as atroci-
Alunos e professores precisam construir novos ca- dades cometidas pelos nazistas em nome da ciência54•
minhos e superar os descaminhos. Há de se lutar por
melhores condições, mais qualidade, mais ... Em 1964, foi redigida a Declaração de Helsinque
pela Organização Médica Mlllldial, revisada pela últi-
ma vez em 1996, que estabeleceu princípios gerais que
devem ser seguidos na pesquisa médica. Em 1982 fo-
ram redigidas as Diretrizes lntenlacionais para Pesqui-
• PÓS- TEXTO; Referências Bibliográficas (lis- sas Biomédicas envolvendo Seres Humanos, revisadas
ta de autores lidos e citados), Bibliografia Con-
pela última vez em 1993.
sultada (lista de autores lidos, mas não citados),
Bibliografia (todos os autores), Apêndices, Ane- No Brasil, em 1996, foi publicada a Resolução 196,
xos e Glossário. de 16 de outubro, que orienta sobre: a) os aspectos éti-

54. VlEIRA, Sonia; HOSSNE, William Saad. A ética e a metodologia. São


Paulo: Pioneira, 1998.

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157
cos da pesquisa envolvendo seres humanos; b) a exi-
entador(a) será urna unidade na diversidi: ~r
gência do consentimento livre e esclarecido dos parti- ca e científica, o que é saudável. Sem perdel
cipantes da pesquisa; c) as normas para o protocolo de dimensões específicas, cada um deverá criar,
pesquisa, que exige informações sobre a pesquisa (Pro- e tecer suas redes de saberes e fazeres. Que o <

jeto de Pesquisa) e sobre os sujeitos do estudo. iniciativa, o imprevisto e a consciência dos desvl. de-
Segundo a resolução, todo Projeto de Pesquisa deve jam tolerados mas também discutidos entre todos. Va-
ser submetido a apreciação de um Comitê de Ética em mos estar preparados para o possível e o impossível?
Pesquisa (CEP). A resolução também trata da Comissão Vamos encarar o programado e o aleatório? Vamos aca-
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP IMS). tar o inesperado? Esperamos que sim, esperamos pro-
Vale lembrar que na história já tivemos triunfos, por estratégias ao longo do caminho, pois:
corno as descobertas da prevenção do escorbuto, as va- A complexidade situa-se num ponto de par-
cinas e outros estudos, mas também abusos, como as tida para uma ação mais rica, menos mutila-
pesquisas nos campos de concentração nazista e mui- dora. Creio profundamente que quanto me-
tos casos de experimentos, como o famoso estudo so- nos trm pensamento for mutilador, menos mu-
tilará os humanos. É preciso lembrar os estra-
bre sífilis em Tuskegee, Alabama, EUA, entre 1932e 1972,
gos que as visões simplificadoras fizeram,não
que só foi suspenso quando denunciado por um jor- apenas no mundo intelectual,mas na vida.Mui-
nalista na imprensa leiga. O filme Cobaias é alusivo a esse tos dos sofrimentosque milhõesde seressupor-
estudo.
tam resultam dos efeitos do pensamento par-
celar e unidimensional35•
A obtenção do consentimento esclarecido é um pro-
cesso de llL"gociaçãoque exige respeito aos direitos e à
PARTE 11- TRILHAS PARA O ORIENT ADOR
dignidade do indivíduo. Tal consentimento deverá ser
manifestado em documento próprio, elaborado em uma 3.8. A ORIENTAÇÃO; MULTIDIMENSÕES POSSÍVEIS
linguagem clara e acessível, que será então assinado pelo
informante ou responsável, se menor ou deficiente. Três são as questões que entendemos como t:ele-
vantes para serem respondidas e postas para reflexão:
Sugeri.mos ainda a utilização de uma Carta de Apre-
sentação, com vistas a oficializar junto às instituições a • O que vamos orientar?
realização da pesquisa, bem corno urna Declaração de • Que orientadores poderemos ser?
Aceite, que será assinada por um membro da direção • O que é orientar?
da instituição.
Não há só certezas na ciência, mas também incerte-
zas; erros e acertos. A impossibilidade de homogenei-
zar as orientações deve ser estimuladora, pois cada ori- 55. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Insti-
tuto Piaget, 1991.

153 159
Mas o debate só será frutífero se, além de nos deter- o QUE V AMOS ORIENTAR?

mos nessas questões, buscarmos subsídios para pen- Vamos orientar um Trabalho de Conclusão de Cur-
sá-Ias para além desse texto, ou seja, estendê-Ias a nos- so (TCC), ou, como refere 1<1ORREfRASOBRINHO", uma
sa prática, uma prática que entendemos educativa e cien- Monografia de Conclusão de Curso, ou ainda uma Dis-
tífica ao mesmo tempo, logo, complexa, pois compor- sertação Monográfica (SALOMONs7). Independente
ta aspectos complementares que precisam ser tecidos das múltiplas nomenclaturas, a expectativa precisa ser
juntos, concomitantes, para que se forme, assim, uma trabalhada para não se exigir demais, ou seja, não co-
rede de saberes e fazeres entre orientadores e orien- brar dos alunos de graduação, dissertações ou teses,
tandos. exigências, respectivamente, de cursos de mestrado e
doutorado.
O TCC é uma nomenclatura genérica, pois é qual-
quer trabalho apresentado na conclusão de um curso.
Cada curso é que deve definir que tipo de TCC deseja
que seus concluintes elaborem (uma Monografia? Um
Artigo? Um Relatório de Estágio? Um Projeto Experi-
mental? Um Projeto Arquitetônico? Um Plano de Ação?).
Os cursos deverão escolher sua modalidade de TeC,
regulamentá-la, elaborar e distribuir um manual ou di-
retrizes para elaboração, capacitar os docentes para a
odesafio é de ambos, orientadores e orientandos, orientação e conslTuir os instrumentos de avaliação. De-
que precisarão se aventurar na construção do conheci- verão ainda definir as etapas de avaliação e a modali-
mento através da pesquisa, aprender e ensinar, trocar e dade de apresentação.
manter relações dialogais, falar e ouvir, ler e escrever, Temos vivenciado múltiplas experiências: a) cursos
juntos e separados, para que então, em uma caminha- que exigem o momento da qualificação dos Projetos
da de caminhos e descaminhos, acertos e erros, tris- junto a uma Banca Examinadora e no final o momento
tezas e alegrias, possam atingir os objetivos traçados e da defesa também com Banca Examinadora, nas mo-
as metas estabelecidas, metas teóricas, metodológicas dalidades oral e Pôster; b) cursos que só exigem no fi-
e de normalização; objetivos educativos e científicos, e,
enfim, chegar a um ponto que, antes de ser terminal ou
56. FERREIRA SOBRINHO, José Wilson. Pesquisa em direito c redação
final, seja, com certeza, de chegada e nova partida ao
de monografia jurídica. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor,
mesmo tempo. 1997.

57. SALOMON, D. V. Como fazer uma monogra.fia.. Bdo Horizonte:


Interlivros, 1987.

161
160
nal o momento da defesa sem banca examinadora, na o trabalho precisa ser concebido como "o estágio
modalidade Pôs ter; c) cursos que só exigem no final ° inicial da vida científica ou como a primeira manifesta-
momento da defesa com banca examinadora na moda- ção sistematizada de um trabalho acadêmico mais con-
lidade oral. sistente" (idem, p.24). É como se fosse a infância cientÍ-
Das múltiplas experiências acreditamos mais na fica dos alunos. A dissertação de mestrado será a ado-
lescência e a tese de doutorado a fase de maturidade. É
primeira modalidade, que tanto exige a qualificação do
Projeto como a Defesa do TCC perante uma banca exa- importante deixar claro que os alunos, nesse estágio,
irão "tentar - c não mais que tentar - apreender infor-
minadora. Esta modalidade é a que mais se aproxima
mação que seja mais consistente do ponto de vista do
do que conhecemos na pós-graduação stricto sensu e a
conhecimento" (idem, p.24).
que mais exige no que se refere a metodologia científi-
ca c da pesquisa. Em uma dissertação de mestrado, esse estágio será
fortalecido, orientado para que o aluno fique mais pre-
O TCC já vem sendo introduzido nas universida-
parado intelectualmente. Em uma tese de doutorado,
des brasileiras há algum tempo, e essa introdução, de
finalmente, se vai exigir originalidade e opinião própria
caráter obrigatório, é uma realidade que precisa ser en- sobre determinado tema.
frentada com seriedade e cientifiddade pelos cursos, pro-
A diferença intelectual em relação à tese de
fessores c alunos. Não podemos esquecer do seu cará-
doutorado está no caráter de originalidade do
ter didático, como referem os autores, e nem de algu- trabalho. Tratando-se de um trabalho ainda
mas características, que apontamos a seguir: vinculado a mna fase de iniciação à ciência,
a) os alunos vão escrever um trabalho monográfi- de um exercício diretamente orientado, pri-
CO"8, e defendê-Io ao final do curso; meira manifestação de mn trabalho pessoal
de pesquLsa,não se pode exigir da diqsertação
b) o trabalho deverá materializar apenas o pendor
de mestrado o mesmo nível de originalidade
do graduando para a pesquisa, sua aptidão para
e o mesmo alcancede contribuiçãoao progres-
as coisas da ciência; e
so e desenvolvimento da ciência em questão
c) o trabalho deverá ser um instrumento sério de cap- (idem,p.21).
tação de joven.c;valores peIas universidades e cons- A tese vai além da pura análise dos dados e deve re-
tiluir recurso didático de avaliação. dundar em um progresso para a área científica em que
se situa. A tão mencionada originalidade deve ser exa-
minada, pois não é possível no conhecimento uma ori-
ginalidade absoluta. O que se pode esperar em uma
tese, como nos afirma o autor, é urna maneira particu-
lar de apresentar um objeto material já apresentado de
uma maneira diversa.

162 163
o que queremos destacar com essas referências à Perreira Sobrinh059 refere que esse tipo de orien-
dissertação e à tese é que não se deve esperar de um alu- tador pode ter momentos de irresponsabilidade, quan-
no concluinte de curso de graduação que ele produza do não comparece aos encontros marcados e/ ou chega
algo novo. Não obstante, os professores não devem ter essa horas após o combinado, e também momentos de irri-
expectativa (idem, p.23), nem querer que seus orientan- tação, quando reage de maneira agressiva às coloca-
dos façam as pesquisas aprofundadas que eles mesmos, ções e/ ou dÚvidas dos orientandos. "O orientador for-
05 orientadores, ainda não conseguiram fazer e/ou es- mal, em qualquer de seus momentos, deveria ser extir-
tão começando em seus cursos de pós-graduação. pado da universidade na medida em que faz um mal
indiscutível ao orientando" (p.27).
QUE ORIENTADORES PODEREMOS SER?
Podemos caracterizar aqui três tipos de orientado-
res. Temos encontrado tais tipos em inÚmeras oportu-
nidades e instituições, e as características a seguir indi-
cadas têm sido as mais freqüentes relatadas por orien-
tandos que entrevistamos informalmente nos últimos
quatro anos.
O orientador formal ou nominal é aquele que só ~
entra com o nome no trabalho, pois nunca tem tempo
Para o autor esse tipo de orientador é um charla-
de se dedicar à leitura do material produzido pelo ori-
tão educacional, que não entende o conceito e a vivên-
entando e/ou orientá-Ia passo a passo nas ações de pes-
cia do vocábulo educador. O que ele provoca pode ser
quisa. Ele é um profissional famoso, reconhecido, mas
denominado de lesão cienhfica, que poderá marcar para
sua agenda não tem espaço para as orientações. Seu rÜ-
sempre a trajetória de um orientando, que nunca mais
mo de vida frenético não é compatível com urna orien-
ou tão cedo vai querer se aproximar de outras ativida-
tação produtiva para ele e o orientando. Eles se encon-
des de iniciação científica.
tram (orientador e orientando), pelos corredores, esca-
das, rampas, elevadores e até na sala de aula, mas não O orientador tirano tem todo o tempo disponível
para os encontros semanais de orientação, mas não per-
conseguem manter uma rotina semanal adequada de
encontros para orientação. O orientando, literalmente, mite que o orientando tenha idéias diferentes daque-
corre atrás dele, telefona, envia fax, deixa material na las que ele apresenta. O orientando deve fazer somente
o que o orientador indica e não consegue inlroduzir
portaria do prédio, tira dúvidas por e-maU, mas quase
não vê seu orientador e conversa com ele.
59.ap.cit.
164
165
nada ou quase nada seu no trabalho, ou seja, uma Aquilo, em que só um participa, expõe idéias, de-
idéia, uma estratégia metodológica, um autor que leu, cide. O orientando tem a sensação que está fazendo a
etc., etc. pesquisa do orientador e não a sua. Ele não está apren-
o papel do orientador não é O papel de pai, dendo a construir conhecimento através da pesquisa,
de tutor, de protetor, de advogado de defesa, mas a obedecer ordens e seguir instruções, decisões das
de analista, como também não é o de feitor, quais não participou.
de carrasco, de senhor de escravos ou de coi-
O orientador desejável, finalmente, além de ter tem-
sa que o valha. Ele é um educador, estabele-
po para os encontros semanais, discute com o orien-
cendo, portanto, com seu orientando, uma
tando todos os caminhos da pesquisa, criticando o que
relação educativa, com tudo que isto signi-
fica, no plano da elaboração científica, entre merece ser criticado e elogiando o que seja elogiável. É
pesquisadores (idem, p.29). uma relação Eu-Tu, em que o diálogo prevalece.
Esses verdadeiros coronéis de cátedra não sabem O orientador desejável caminha ao lado do orien-
dialogar com os orientandos. Nos encontros marcados, tando, ensina e aprende a cada encontro, fala e ouve,
o que mais se ouve é: faça isso, leia esses livros, escreva indica e acata sugestões; o orientando, por sua vez, se
desse jeito, coloque essas afirmações, entreviste exata- sente orientado e não mandado, consegue crescer e en-
mente essas pessoas, não acrescente nada além do que tender o que está fazendo, compreende o porquê e como
eu lhe disse ... etc., etc. As orientações se transformam está fazendo a pesquisa.
em um monólogo e o orientando fica sufocado, impos-
sibilitado de qualquer iniciativa.

Nos encontros de orientação, a relação orienta dor-


Como nos ensina o filÓsofo do diálogo Martin Bu- orientando precisa ser dialÓgica,sem que o orientador faça
ber, essas relações unilaterais são do tipo Eu-Isso, Eu- o papel de opressor e o orientando de oprimido.

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o QUE É ORIENTAR? Precisa conhecer as fontes bibliográficas básicas ou de
Pode-se dizer que o processo de orientação referência, para avaliar as resenhas que o orientando
consiste basicamente numa leitura e numa irá produzir a partir da leitura das mesmas.
discussão conjuntas, num embate de idéias, A dimensão método se refere ao referendal meto-
de apresentação de sugestões e de criticas, de dológico. O orientador precisa conhecer os caminhos
respostas c argumentações,onde não será ques-
da pesquisa e, a meu ver, os seguintes aspectos:
tão de impor nada mas, eventualmente, de
convencer, de esclarecer,de prevenir. Tanto a • a lógica (indutiva e dedutiva) do pensamento cien-
respeito do conteúdo como a respeito da for- tífico;
ma (idem, p.31).
• os aspectos essenciais da produção do conheci-
O orientador, como o próprio nome diz: mento científico e aqueles gestados nas experiên-
• aponta os caminhos que o orientando deve trilhar cias e relações da vida cotidiana e que constituem
para atingir sua missão; a ampla gama de saberes, representações e noções
do senso comum; e
• acompanha o trabalho, passo a passo;
• os métodos das ciências naturais e/ou sociais.
• lê e corrige o que o orientando produz;
A dimensão método vai requerer do orientador co-
• esclarece dúvidas e faz perguntas sobre o que tem
nhecimentos de metodologia da ciência e da pesquisa.
sido produzido;
• indica bibliografias; A dimensão forma se refere a apresentação, orga-
nização e normatização do trabalho científico. O orien-
• discute a realização das atividades de leitura e co-
tador deverá utilizar, para dar conta dessa dimensão,
leta de dados;
o Manual de Orientação de Trabalho de Conclusão de
• fixa metas e cobra resultados; Curso, aprovado pela coordenação e todos os profes-
• avalia de forma somativa todo o processo de cons- sores do curso. Independente da utilização do ManuaL
trução da pesquisa. o orientador precisa conhecer os sistemas de citação de
O orientador deverá nortear sua relação de orien- autores segundo a ABNT, bem como as normas gerais
tação com base em três dimensões. Ao nosso ver, essas de elaboração de referências bibliográficas. Só consul-
dimensões irão exigir preparo, leitura e experiência do tar o Manual é pouco, pois deverá saber corrigir os tex-
orientador. tos produzidos pelos orientandos e apontar a forma mais
A dimensão conteúdo se refere ao referencial teóri- adequada de redigirem o trabalho. A dimensão forma vai
exigir do orientador conhecimentos sobre metodolo-
co, ao aspecto conceitual e temático do trabalho. O ori-
entador precisa saber o conteúdo para discutir com o gia acadêmica.
orientando, explicar, esclarecer c responder sobre ele.

168 169
Que estas questões tenham provocado e excitado
todos os leitores; que estes aspectos, particulares à ori-
entação em um determinado momento, sejam também
entendidos em um marco de urna prática globat a qual
deve ser mobilizada integralmente para a compreen-
são do particular. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossas considerações finais não são nossas, mas


ensinamentos de Don Juan, encontrados na obra de
Castanedat<J.Vamos a eles.
- Um homem de conhecimento é aquele que seguiu
honestamente as dificuldades da aprendizagem. Um
homem que, sem se precipitar nem hesitar, foi tão lon-
ge quanto pôde para desvendar os segredos do poder e
da sabedoria.
~ Qualquer pessoa pode ser um homem de conheci-
mento?
- Não; não qualquer pessoa.
- Então o que é preciso fazer para se tornar um ho-
mem de conhecimento?
- O homem tem de desafiar e vencer seus quatro
inimigos naturais.
- Quando um homem começa a aprender, ele nun-
ca sabe muito claramente quais seus objetivos. Seu pro-
pósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas

A Erva do Diabo: os cnsinamcntos de Dom

170 171
que nunca se materializarão, pois não conhece nada - Não. Uma vez que o homem venceu o medo, fica
das dificuldades da aprendizagem. livre deleo resto da vida, porque, em vez do medo, ele
adquiriu a clareza ... uma clareza de espírito que apaga
Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pou-
co a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus o medo. Então, o homem já conhece seus desejos; sabe
pensamentos entram em choque. O que aprende nunca como satisfazê-Ias. Pode antecipar os novos passos na
é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem
Aprender nunca é o que se espera. Cada passo de apren- sente que nada se lhe oculta.
dizagem é urna nova tarefa, e o medo que o homem sen- E assim ele encontra seu segundo inimigo: a Clare-
te começa a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu za! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter,
propósito torna-se um campo de batalha. elimina o medo mas também cega.
E assim ele se deparou com o primeiro de seus ini- Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a
migos narurais: o Medo! Um inimigo terrível, traiçoei- segurança de que ele pode fazer o que bem entender,
ro, e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as
pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso porque é
voltas do caminho, rondando, à espreita. E se o homem, claro e não pára diante de nada porque é claro. Se o ho-
apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá
mem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, sucumbiu
posto um fim à sua busca.
a seu segundo inimigo e tateará com a aprendizagem.
- E o que ele pode fazer para vencer o medo?
- A resposta é muito simples. Não deve fugir. Deve
- Mas o que tem de fazer para não ser vencido?
desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo
seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. - Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafi-
Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve pa- ar sua clareza e usá-Ia só para ver, e esperar com pa-
rar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu ciência e medir com cuidado antes de dar novos pas-
primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir sos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é qua-
seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte. Apren- se um erro. E virá um momento em que compreenderá
der não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vis-
esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar ta. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e es-
que derrotou seu primeiro inimigo natural. tará numa posição em que nada mais poderá prejudi-
- Isso acontece de urna vez, Don JUélll, ou aos poucos? cá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto di-
- Acontece aos poucos e no entanto o medo é venci- ante da vista. Será o verdadeiro poder.
do de repente e depressa. Ele saberá a essa altura que o poder que vem bus-
- Mas o homem não terá medo outra vez, se lhe cando há tanto tempo é seu, por fim. Pode fazer o que
acontecer alguma coisa nova? quiser com ele. Seu aliado está às suas ordens. Seu de-

172 173
sejo é a ordem. Vê tudo o que está em volta. Mas tam- seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na
bém encontrou seu terceiro inimigo: o Poder! fadiga, terá perdido o último round, e seu inimigo o re-
O poder é o mais forte de todos os inimigos. E natu- duzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se re-
ralmente a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o tirar dominará toda sua clareza, seu poder e sabedoria.
homem é realmente invencível. Ele comanda; começa Mas se o homem sacode sua fadiga, e vive seu des-
correndo riscos calculados e termina estabelecendo re- tino completamente, então poderá ser chamado de um
gras, porque é um senhor. homem de conhecimento, nem que seja no breve mo-
Um homem nesse estágio quase nem nota seu ter- mento em que ele consegue lutar contra o seu último ini-
ceiro inimIgo se aproximando. E de repente, sem saber, migo invencível. Esse momento de clareza, poder e co-
nhecimento é o suficiente.
certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá
transformado num homem cruel e caprichoso.
- E como o homem pode vencer seu terceiro inimi-
go, DonJuan?
- Também tem de enfrentá-Ia, propositadamente.
Tem de vir a compreender que o poder que parece ter
adquirido, na verdade nunca é seu. Deve controlar-se
em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade
tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o
poder, sem seu controle sobre si, são piores do que os
erros, ele chegará a um ponto em que tudo está contro-
lado. Então, saberá quando e como usar seu poder. E
assim terá derrotado seu terceiro inimigo.
O homem estará, então, no fim de sua jornada do
saber, e quase sem perceber encontrará seu último ini-
migo: a Velhice! Este inimigo é O mais cruel de todos, o
único que ele não conseguirá derrotar completamente,
mas apenas afastar.
É o momento em que o homem não tem mais recei-
os, não tem mais impaciências de clareza de espírito ...
um momento em que todo seu poder está controlado,
mas também o momento em que ele sente um desejo ir-
resistível de descansar. Se ele ceder completamente a
174 175
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
EASTERBY-SMITH, Mark et aI. Pesquisa Cerencial em
Administração. São Paulo: Pioneira, 1999.
OLNEIRA, Marco A. (coord.). Pesquisa de Clima Interno
2. ed. São Paulo: Nobel, 1995.
nas Empresas.

ROESCSH, Sylvía Maria Azevedo. Projetos de estágio


e de pesquisa
em administração. 2. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
VERGARA, Sylvia C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em
Administração. São Paulo: Atlas, 1998.

PESQUISA EM DIREITO
FERREIRA SOBRINHO, José Wilson. Pesquisa em Direi-
to e Redação de Monografia Jurídica. Porto Alegre: Sergio
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