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TEORIA GERAL DO DELITO APLICADA AO DIREITO PENAL ECONÔMICO

DOCENTE: HELOÍSA ESTELLITA


DISCENTE: ANA CAROLINE MACHADO MEDEIROS

Mini-Reaction Paper: Teoria do Delito e Direito Penal Econômico, Jesús-Maria Silva


Sanchéz.

O texto trata dos necessários confrontamentos conceituais a que a moderna Teoria do


Delito está sendo submetida diante das peculiaridades próprias do Direito Penal Econômico.
Busca, principalmente, elucidar a situação das instituições da Teoria do Delito frente aos tipos
penais econômicos que não se enquadram em seu modelo paradigmático clássico, centrado em
tipos fechados, comissivos, e de resultado de lesão a bens jurídicos individuais.

Tal distanciamento paradigmático se deve, principalmente, pelos tipos enquadrados pelo


Direito Penal Econômico se fundarem, em regra, em casos de Direito Penal da Empresa,
submetidos a uma estrutura organizada de divisão funcional do trabalho.

A concorrência de vários sujeitos dentro de uma estrutura organizada faz com que haja
uma dissassociação das noções de ação e responsabilidade. Diante desta aparente fluidez de
conceitos como autoria e causalidade, impõe-se o estudo de figuras jurídicas aptas a resolução
destas incertezas.

Invoca-se, por exemplo, a necessidade da contextualização e estudo da figura do risco


permitido para aferição de causalidade nas relações empresariais, realçando a necessidade de maior
clareza nas suas definições.

Na apuração da autoria nos delitos penais econômicos, o autor ressalta a importância do


desenvolvimento da doutrina das posições de garante, para resolução de conflitos acerca da
participação e autoria, e para distinguir as variadas posições de garantia de uma base organizativa,
o conteúdo específico do dever atribuído a cada uma delas, e as consequências penais de sua
infração.

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Ainda na problemática da autoria, mostra-se a importância de desenvolver estudos que
tratem da questão da autoria do extraneus em delitos especiais, restritos aos intranei da pessoa
jurídica empresarial.

O dolo também é alvo de estudos próprios, com enfoque na figura da cegueira deliberada,
que alega que a imputação dolosa é cabível ainda que, sendo impossível constatar um estado
mental de conhecimento da situação no sujeito, seja possível aferir que este deveria tê-la
conhecido, e, se não a conheceu, o fez porque provocou deliberadamente o desconhecimento, por
ação ou omissão.

O texto ainda traz a questão da acessoriedade do Direito Penal Econômico frente ao


Direito Administrativo próprio dos setores altamente regulados e a problemática do risco frente a
esta regulação. Ressalta, ainda, que apesar da taxatividade de disposições administrativas acerca
do risco, não se deve estabelecer uma relação biunívoca entre a infração destas disposições e a
incidência de risco penalmente relevante, e vice-versa.

Em suma, o texto trata das dificuldades resultantes da diferença diametral dos paradigmas
da Teoria Geral do Delito e do Direito Penal Econômico, e aborda as teorias que são invocadas
para a solução dos conflitos daí resultantes. Fica evidente que a maioria das teorias invocadas
merece ser objeto de maior profundidade doutrinária para que haja o enquadramento destes
conflitos em um arcabouço teórico consistente com a dogmática do delito.

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