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RESUMO
A limitação biológica do ser humano em armazenar informações e conhecimento levou-o a
desenvolver extensões dessa capacidade. O registro de informações por meio da escrita tornou-se a
forma mais eficaz de fazer o conhecimento perdurar, sendo possível armazená-lo, transmiti-lo e
acessá-lo, não sendo valorado apenas por quem o detém, mas por todos que podem acessar esses
registros. Emergiu então necessidade de organização e acesso a esses documentos, resultando na
criação das chamadas instituições de memória, decorrentes do surgimento das práticas de
sistematização para a conservação e acesso aos registros, como meios de localização da informação
partindo do critério temático. Cada vez mais as publicações científicas têm sido concebidas,
armazenadas e acessadas por meio das tecnologias, o que chamamos de e-science, implicando em
questões de curadoria digital e demandas sobre organização no que tange a descrição do objeto e do
seu conteúdo, que podem ser consideradas como formas de preservação da memória científica.
Assim, essa pesquisa tem como objetivo discutir questões relativas à Organização da Informação e
do Conhecimento, e como estas se configuram como recursos/instrumentos para preservação da
memória em contextos de curadoria digital e e-sciences, configurando o método como bibliográfico e
documental, concluindo que entre esses domínios exista transversalidade.
ABSTRACT
The biological limit of human beings to store information and knowledge led him to develop extensions
that capacity. The registration information through writing has become the most effective way to make
knowledge lasted, being possible store, transmit it and access it, not being valued only by your
creator, but all that can access these records. Then emerged need for organization and access to
those documents, resulting in the creation of the memory institutions, happening appearance of
systematic practices for conservation and access to records as a means of information location
starting from a thematic criterion. Increasingly scientific publications have been designed, stored and
accessed by technologies, which we called e-science, which involves digital curation issues and
demands on the organization regarding the description of the object and its contents, which can be
considered as ways to preserve the scientific memory. Thus, this research is configured as
bibliographic and documentary, aiming to discuss issues concerning the organization of information
and knowledge, and how these are resources / tools for preserving memory in digital curation contexts
and e-science.
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
Siebra (et. al. 2013, p. 10) assinala que a curadoria digital pode ser entendida
“[...] como uma área de pesquisa e prática interdisciplinar que reflete uma
abordagem holística para o gerenciamento do objeto digital e inclui atividades que
abrangem todo o ciclo de vida desse objeto”. E destaca que de acordo com o Digital
Curation Center (DCC)1, a curadoria digital demonstra a ideia de conservar e agregar
valor à informação digital que esteja em uso hoje ou futuramente, onde as
preocupações relativas ao gerenciamento e preservação estarão presentes durante
todo o ciclo de vida do objeto digital, enquanto houver interesse do mundo
acadêmico e científico.
Nesse sentido, Oliveira (2010, p. 68) destaca que
do ponto de vista histórico, o aparecimento da memória eletrônica
traz várias implicações. A sociedade logrou do estado analógico para
o digital numa velocidade acelerada. As tecnologias intelectuais
evoluem em frações de tempo e inauguram possibilidades cada vez
maiores de armazenamento dos registros da memória digital, é um
contexto que evolui tão velozmente quanto a capacidade humana de
gerar informações.
1
http://www.dcc.ac.uk/
Objeto conceitual - É o objeto reconhecido como uma unidade significativa
de informação, a exemplo de um livro, um contrato, um mapa ou uma fotografia,
conforme Yamaoka e Gauthier, (2013, p. 83), que também ponderam que o
conteúdo e a estrutura de um objeto conceitual devem ser contidos de alguma forma
no objeto lógico ou nos objetos que representam o objeto na forma digital, ou seja,
que sua descrição seja realizada através dos metadados, aproximando assim a
Organização da Informação e do Conhecimento das questões de curadoria digital.
Além do conceito de curadoria digital estar ligado às questões de
Organização da Informação e do Conhecimento, ele se aproxima do que a literatura
de Ciência da Informação chama de e-science, ou seja, a ciência do ponto de vista
tecnológico no que tange à necessidade de melhor captar, analisar, armazenar,
visualizar e preservar as informações científicas, tornando assim os sistemas de
computação um ponto crucial para o moderno ambiente de pesquisa, a exemplo dos
próprios repositórios institucionais, que muito contribuem no contexto brasileiro,
como forma de disseminação e acesso às informações científicas das instituições de
pesquisa.
Nesse cenário, é prudente refletir sobre a necessidade de um
tratamento adequado que viabilize o processo de armazenamento,
organização, busca, recuperação e preservação dos dados e das
informações geradas a partir desse tipo de pesquisa. Caso contrário
os dados coletados podem se tornar inelegíveis ou o que seria mais
drástico, se perder em um grande volume de dados, por falta de
tratamento técnico adequado (COSTA; CUNHA, 2014, p. 191).
2
A popularização do termo "Big Science" é de modo geral atribuída a um artigo escrito por Alvin
Weinberg, então diretor do Laboratório Nacional de Oak Ridge, publicado na revista Science em
1961, e se refere à nova configuração das ciências após a Segunda Guerra, onde o fomento às
pesquisas por parte dos governos desencadeou um crescimento destas, levando ao
compartilhamento do conhecimento científico e o consequente progresso para as diversas áreas do
saber.
serviços e produtos de informação, afetando diretamente bibliotecas digitais,
repositórios institucionais etc, exigindo ponderações sobre preservação e curadoria
digital.
(...) dados e informações digitais gerados pelas atividades de
pesquisa necessitam de cuidados específicos, tornando-se
necessário a criação de novos modelos de custódia e gestão de
conteúdos científicos digitais que incluam ações de arquivamento
seguro, preservação, formas de acrescentar valor a esses conteúdos
e de otimização da sua capacidade de reuso [...]. É nesse ambiente
que surge o conceito de curadoria digital de dados científicos
(SAYÃO; SALES, 2012, p. 180).
3
http://www.w3.org/
SOC e seus relacionamentos para dar suporte às buscas, mapeamentos e conexões
[...]” (CARLAN; MEDEIROS, 2011, p. 56).
Exemplos de Sistemas de Organização da Informação que podem ser
largamente utilizados por bibliotecas e repositórios digitais, contribuindo para a
comunicabilidade e preservação da memória científica, assim como alinhamento à
curadoria digital são as taxonomias e as ontologias, que se somam às questões
ligadas à descrição dos documentos e a indexação.
As taxonomias tem sido utilizadas para a criação de metadados ou termos
para descrever objetos informacionais, com foco na recuperação da informação e na
categorização, dando suporte para organização de conteúdos das páginas na Web,
como também para mineração de dados. Uma taxonomia racionaliza o processo de
busca, pois se adequa à necessidade dos usuários e do conteúdo que organiza,
conforme Carlan e Medeiros (2011).
As autoras ainda destacam as ontologias promovem e facilitam a
interoperabilidade entre sistemas de informação, e citam Noy e McGuiness (2001)
com os motivos para considerar a sua utilização: a) compartilham conhecimento
comum entre estruturas de informação e agentes de software; b) permitem que o
conhecimento seja reutilizado; c) possibilita que num domínio de conhecimento
sejam feitas inferências; e) analisa o conhecimento estruturado trazendo resultados
mais relevantes.
Assim, ao compreender e utilizar o campo conceitual da comunidade de
usuários traduzindo-o em possibilidades de recuperação cada vez mais próximas
das suas necessidades e perspectivas configura-se um meio de preservação e
valorização da memória de uma área do conhecimento, através da Organização da
Informação e do Conhecimento.
Além do mais, a OI e a OC muito tem ajudado às proposições acerca da e-
science no que se refere ao gerenciamento de conteúdo e planejamento da
disposição das informações, como as categorias ou taxonomias em bases de dados
e as próprias questões de vocabulário e terminologias para representação e
recuperação por parte dos usuários. Enfim, tal temática perpassa as diversas
tipologias documentais e tipos de sistemas de informação.
REFERÊNCIAS
BUSH, V. As we may think. The Atlantic Monthly, julho, 1945. Disponível em:
http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1945/07/as-we-may-think/303881/
Acesso em 16 out. 2012.
SIEBRA, S. A. et. al. Curadoria digital: além da questão da preservação digital. In:
ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 14, 2013,
Santa Catarina, Anais. Santa Catarina: ANCIB, 2013. Disponível em:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/curadoria_digital_0.pdf. Acesso em:
18 ago. 2015.