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ArtesQOficios nar Brand (1906-198) filet! dos mis oti 29 po aritico, Formad em direitoe letras, mas temo edicado sua car ira a ertiea ehistéria da art, a estética ed resiaurasi0 publican sa Teoria da Restauracio,isiial al, basilar © do mumerunos ¢ relevantes textos mente publicada em 1963, permaneee um everit0 es ‘em que Brandi articula no superado nesse campo do conhecimento, sua excepeional enpacidade intelectual com a vasa expe que acumulou nas duas décadas de diresio do Istituto Centrale del Res tauro em Roma (fundado em 1930) Seu texto 6 dens, rigoros, funds: al profundida- ‘mentado em prinespios slidos ecoesos, possuindo dle que se torna uma fonte inesgotavel,& qual se deve sempre retornar interpretar questdesligadas & preservagio de bens cltaras nu ps atualidade. ISBN — as. 74902255 Sn STO) cart - OVOVHUAVISAN VO VINOAL 1puvag aavsary E) Artes&Oficios : a Teoria da Restauragao Cesare Brandi ‘Tradugio Beatriz Mugayar Kishl Apresentacio Giovanni Carbonat Revinio Renata Maria Parreira Cordeiro iP “Toul erignal em italiane Tro del Resta Roma, iio “Torin, Ein i 1977; 2000 Copyright © 1977 « 2000 Gini Direitos reservados ¢poteidon pa Lt 9.610 do 1 Frail repr total ou parcial sem autoriag so, reve da itor. - ‘eligi, 2008/2 eg, 2005 low Iternacinas de Catalogo na Publica Palos ee Breve do Ler, SP, Bal) Giovanni Carbonara revi Pareita Cordero ~ Clin, SP: Atelié 1. Objetor de ate Conserve 1. Carbonara, Giovanni Ih. Tula, 04-1099 Trdices para cadlogo sistemilica: 1, Olas de te: Retaurg: Tora 2 Menard Ate Teoria 702.8801 Direiton reservados 3 Telefax (11) 4612-9666 ‘ won atli.com br /aleie_eitril@vol Printed in Brasil 2005 Foi feito depo legal Sumario Apresentago ~ Giovanni Carbonara . Nota a Segunda Edigio Teoria da Restauragdo 1, O Conceito de Restauragio 2. A Matéria da Obra de Arte... 3. A Unidade Potencial da Obra de Arte .... 4. 0 Tempo em Relagao & Obra de Arte ed Restauragao, 8+ Cesare Brandt 5, A Restauragdo Segundo a Instancia da Historicidade A Restauragdo Segundo a Instincia Estética (0 Espago da Obra de Arte 8, A Restauragio Preventiva Apéndice 1. Falsificagao . Apostila Teérica para o Tratamento das Lacunas . A Restauragio da Pintura Antiga . A Limpeza das Pinturas em Relagao a P, aos Vernizes e as Veladuras }. Retirar ou Conservar as Molduras ‘como de Restouragd a Carta de Restauragdo 1972 Apresentagao Giovanni Carbonara A reflexdio de Cesare Brandi (1906-1988) manifes- ta uma divida implicita no que concerne & contribuigaio te6rica de Alois Riegl, mas se nutre, sobretudo, dos aportes ~ convergentes nos temas da conservagdo, mas em si plenamente auténomos — da experiéncia erftica pessoal do autor, bem como de suas elaborages ¢ pes- quisas no campo filoséfico e estético. De qualquer for- ‘ma, nos enunciados da restauragio entendida como “ato de cultura” (Renato Bonelli) e também nas afirmages do “restauro eritico” (Bonelli e Roberto Pane) ~ desenyol- Vidos na Itélia, em particular no ambito arquitetOnico, a partir de cerca de meados do século XX -,Teconhecem- se posigdes, nao divergentes, que encontraram no pen- amento brandiano ulteriores motivos de comprovagaio ¢ de sélido alargamento conceitual, 10+ Conare Brandt Por virias décadas e, em especial, a partir da dagao do Istituto Centrale del Restauro (Instituto de Restauracio, ICR) em Roma, Cesare Brandi bus junto com as pesquisas conduzidas no eampo s eritico e com as experimentagbes efetuadas no p Instituto — a configuracdo de uma ampla e si enunciagao filosdfica do problema da restauragdo, | 2ivel tanto em uma “teoria” geral quanto em pri operativos validos. Disso derivam algumas notévcis definigdes, que reconhece a peculiaridade da restaurago com re réncia ao “produto especial da atividade humana a q se dé o nome de obra de arte”, distinto “do eomt outros produtos”; ato diverso de “qualquer int voltada a dar novamente eficiéncia a um produto vidade humana” com 0 objetivo de restabelecer sua: cionalidade”, Na restaurago, de fato, as eon de ordem funcional, que interessam sobretudo de arquitetura e, em geral, [alos objetos da cham comitante, e jamais o primério e fundamental’ Resulta disso um primeiro corolério: “ dendo a intervengao de restauro, depende de © reconhecimento ou nao da obra de arte ec ‘caracterizam a restauragdo de fato, mas com| ceito da obra de arte de que recebe a qu ‘Teoria da Resta pelo fato de a obra de arte condicionar a restaurasio € nio o contrario”. ‘A obra de arte (pintura, escultura, expresso ar- uitetonica, mas também centro hist6rieo ou paisagem), ‘como tal e como produto ou testemunho da atuagao hu- mana em um certo tempo e lugar, coloca a diplice ins tincia fundamental segundo a qual se deve estruturar: a histérica e a estética, podendo cada qual, para os fins da restauragao, ter exigéncias préprias, diversas e contras- tantes, desde a pura conservacdo, por um lado, até as itegrativas, por outro. Na propostas profundamente contemporizagio das duas instancias, que nao pode ser resolvida com um simples compromisso, esté o niicleo em redor do qual girou, pelo menos do Setecentos até hoje, toda a reflexio sobre o restauro, A alternativa conservagao / re-criagio, muito evi- dente na contraposigao ideal de John Ruskin a Eugene Emmanuel Viollet-le-Duc, espelha aquela outra mais profunda, a da historicidade / artisticidade do objeto da restauragio, que Brandi, enquanto enfrenta 0 problema crucial da conservagdo ou remogio das adigées, mostra sempre 0 desejo de resolver através do recurso a um “jutzo de valon” que determina “a prevaléncia de uma ou de outra instaneia”, Das breves notas que precedem, podem ser extraf- das trés proposigdes fundamentais: i ©restauro € ato erftico, dirigido ao reconhecimento da obra de arte (sem 0 que a restaurasao nao é 0 que 12+ Gouare Brandi co da obra; atento ao “jutzo de valor” nece para superar, frente ao problema especifico das ges, a dialética das duas instancias, a aestética, 2. por tratar de obras de arte, vilegiar a instancia estética (“que co fato basilar da artisticidade pela qual a obra: é obra de arte”). 1 a 3. a obra de arte é entendida na sua i _ampla (como imagem e como consisténcia resolvendo-se nesta tiltima “também outros. tos intermediérios entre a obra e 0 observa por conseguinte, o restauro é considerado tervengdo sobre a matéria, mas também vaguarda das condiges ambientais que a melhor fruigdo do objeto e, quando ‘como forma de resolver a ligago entre co, em que tanto o observador quanto a serem, e a espacialidade propria da o inicio, mesmo no rigor e na originalidade da Teoria nao contrasta com as aquisigdes do “ tico™!, mas resolve suas indicagdes em um: Teoriada Restauragio ¢ 13 esistemtico, acolhendo muito de seus aspectos qualifi- cantes e inovadores ~ em particular, a prevaléncia dada junto com as numerosas objecdes a instincia estét {eitas as consolidadas certezas do “restauro cientifico” ou “{ilolégico” do infeio do século XX. Por fim, algumas consideragdes relativas & oportu- nidade que a restauragdo — precisamente pela impor- tincia de que é revestida pela instancia estética — se aprecente de forma sempre satisfatéria no que tange a fi- guragdo e se resolva de modo a nao infringir, por exces so de escnipulos arqueol6gicos, “exatamente a unidade. que se visa a reconstruit”; ou, também, a contestacdo do critério empfrico da “tinta neutra”, quintesséncia da impessoalidade do restaurador; ou, de modo ainda mais claro, a indicagdes a prop6sito da “restauracdo preven- tiva” e da resolugio, que em muitos casos se torna rein- vengio e, portanto, verdadeiro projeto, da particular ‘ido entre a obra e o espago existencial, deixando en- acto ie ee aos via eae ‘Se Car Maal. 25 40 Soca mei getcmnencrsicencaneea ‘sna com ela means nt Me late ‘sie mtn ta mt ene {ert ste neice a a “seo cuca ame seme ‘eniamente com sensibilidade histéricones otttica Mra evtmeramaniae brewster = eae Sie sine treninkigcaana =n mean M4 # Covare Brand trever como Brandi nao considera de todo auser ilfcitos, os aspectos criativos no trabalho de Remontando aos precedentes de Brandi no da especulagio tedriea do restauro propriat poderemos talvez reconhecer, com Riegl, algum das no que concerne a Antoine Chrysostome Quat de Quiney para as questdes de museologia, enquant Viollet-le-Duc e Ruskin, ainda que presentes no. f de toda a tr nilo sto jamais citados na tampouco sido mencionados Camillo Boito e- Giovannoni ou os pensadores mais antigos, tais Luigi Crespi ou Francesco Algarotti. De fato, B ca ay pedrasangulares sobre as quais funda a teoria em outra sede, fora do campo proprio & cons ‘20, fora de seu Ambito especulati a Sobre tais bases, com grande indiferenga em relagiio ao debate es tempordineo seu (a ndo ser por algumas ssdrias contra as drésti | das fandagies, a sua teoria, propondo discutindo as principais questées sempre matéria: 0 que é a restauragilo, qual é a obra de arte, como esta dima se laciio ao restauro. ‘Teoria da Restaurasio * 15 fam os “axiomas” € 08 “corolérios”, todos iso der er, ¢ ditados por uma Idgica rigorosa, em que tempos recentes, encontrar féceis moti- erécla superada (como a presumida falta de interesse pela “matéria” da obra ou o valor nao geral, mas exclusivamente grafo-piet6rico da Teoria), elabo- rando erfticas que, com frequéncia, sao apenas petigdes de prinefpio ou verdadeiros equivocos. Reconhece-se, porém, na longa e apaixonada pesquisa conduzida por Brandi, a contribuigdo, cada qual por sua vez, das mais (partindo, segundo uma ascendéncia sempre kantiana, do idealismo e do espi ritwalismo de Benedetto Croce, em diregiio, no infeio, & fenomenologia de Edmund Husserl, e, depois, ao estru- turalismo ¢ também ao existencialismo de Jean-Paul Sartre, sem exeluir, por fim, Martin Heidegger). Como 0 préprio Brandi afirma, essa construgdo te6- rica poderia ser minada to-86 negando a “arte na eco- rwomia da consciéneia humana”, retirando, pois, a legiti- con atuais formulagdes filos6l mldade do “jufzo de valor” que é 0 dnico a poder ativar resolver, caso a caso, a fundamental dialétiea das duas instancias. E isso que propdem os fautores da “pura con- ‘Servacio", justamente partindo das mesmas rafzes extra ‘estaurativas da restauragdo: da filosofia da histéria e da historiografia atuais, *icos para a restauragtio, Para a qual poderia bastar, ao 16 + Cesare Brandi contrério, apenas um pouco de empirismo; em tancia, consideram-se todas as “teorias” como ab tas e incapazes de responder ao escope. Objega si, muito grosseira e, nesse caso espectfico, d fundada, Com efeito, justamente 0 fato de fessor universitério, permitiu que Brandi ‘uma extraordindria experiencia de verificagao ¢ suntos teéricos em uma prética sempre de nivel e consciente, de modo pleno, das prépria réncias de método, para 0 que teve a ajuda como Giovanni Urbani, seu sucessor no Ic] Paolo Mora, por sua vez, mestres de gerag tauradores mais jovens. ail perimentado do que a Teoria brandiana. 0 problema na época atual é, quané ‘ode estender a experimentagao, prefere tida pelo ICR no campo da pintura e da. ‘Teoria da Restauragio * 17 Peasoalmente, estamos convencidos de que a linha ‘¢ mais consoante a defesa do patrimOnio mais correta ‘ acriti- ‘cultural - ndo s6 italiano nem s6 europeu ~, S¢} ‘o-brandiana, desde que se tenha presente que a amplia Gao que ocorteu do conceito de bem cultural fez emer- tativa, a necessidade de gir, nasua nova dimenso quantiti tina tutela difusa e de um empenho espectfico na defesa dda documentagio hist6rico-testemunhal como tal (“tes soes de cultura material”, ca”); uma linha a ser percorrida, portanto, com atengaio especial por aquela declinagao critico-conservativa (ou seja aberta, seguramente, a necesséria “seletividade” do “juizo de valor”, mas também consciente da maior quan- lidade e estratifieagdo dos bens a serem tutelados, nao mais limitados, como no pasado, a categoria vinica das “obras de arte”) que se pode reconhecer, no que tange «0 campo arquitetdnico, nas mais recentes e perspicazes reflexdes sobre a matéria, E, portanto, um grande contentamento que a inicia- tiva desta tradugao parta de uma estudiosa de restau racio arquitet6nica como Beatriz Mugayar Kiihl, eviden- clando, além da persistente atualidade do pensamento a tum proficuo trabalho de aprofundamento da ee aay exclusive da Pintura e escultura ieee alguns gostariam impropriamen- iné-la -, e de modo pleno, dentro daquele da arquitetura e, em al; 2 guns e4 Testauragdo urbana, -asos afortunados, também da 18+ Cesare Brandi 0 fato de, apés algumas re ‘em diversas nagSes européias, a Te difundida nos pafses de lingua Pont cam a pelo menos trés continentes, um motivo de grande satisfagio e de relagdo aos promotores da iniciativa quet davida, um corajoso sinal de va contribuigo de cultura e educagdo pare para a tutela das nossas memérias eomut geogrificos ou politicos. Nota a Segunda Edigao Em 1960, quando se completaram vinte anos do fun- cionamento do Instituto Central de Restauragao, de que {ui fundador, em 1939, e diretor continuo até aquela data, Dom Giuseppe De Luca, literato e amigo de artistas, pro- prietirio das Edizioni di Storia e Letteratura, quis reunir mum volume os escritos e as aulas que durante aquelas «luas décadas eu havia dedicado & restauragao. Licia Vlad Bonelli, Joseita Raspi Serra, Giovanni Urbani, que no Instituto haviam trabalhado sob a minha. diregao, dedica- Tan-se a ordenar os escritos e a recolher as aulas. Em 1961, chamado para a edtedra de histéria da arte da Universidade de Palermo, deixei o Instituto, O livre foi publicado em Roma em 1963, mas Dom Giu- “eve De Luca ndo o pode ver impresso- 200+ Cesare Brandi Esgotada a edigdo, mas no a sua do, antes, erescido em todo o mundo tauragdo, mas ndo na mesma medi da publicago das minhas obras. Na sua nova edigio!,o texto p ae . tituir uma determinada prética, que n 1. A primeira edigto foi publicada em 1963 pel etcratura, sendo faamente ilsiradae ‘edicas sobre o autor ede una extensa lista 4.0 texto do lv fi reid pel i dec Clays ePslo M Kah Cae dn Teoria da Restauragao Em meméria de Dom Giuseppe De Luca ‘que descou est lis, mas noo pide ver impresso 1. O Conceito de Restauragao Em geral, entende-se por restaurago qualquer in- tervengao voltada a dar novamente eficiéncia a um pro- duto da idade humana, Nessa concep¢ao comum do restauro!, que se identifica com aquilo que de forma mais exata deve denominar-se esquema preconceitual?, jé se encontra enucleada a idéia de uma intervengdo sobre um. 1. Apesar do voesbul restauragdo ser © mais comumente empregado em Prtaguts © mais antigo, palararestauo comparece em diciondioe ‘te ingun portuguesa como seu sindnimo dese 1899 (confi on verbeten :schra de Cinid de Figueired, Noo Diciondro da Lingua Portugues ‘2 volt Lisboa, Cardoso & Irmo, 1899), send, portant, também de ‘mesmo modo que o instrumento para a at mas como subs{dio hermenéutico & aplicag deira norma. Nesse sentido, & necessdrio sigo partindo da instancia histérica arte como objeto suscetivel de restaur Uma vez que, se a obra de arte é uma resultante do fazer humano e, co depender para o seu reconhecimento das um gosto ou de uma moda, impée-se, ne dades da conservagio da rufna. No entanto, erraria quem 4 mitadamente na sua consis~ passado ~ de que traz 0 se ncia presentes ' : tenia endo a sua presenga atual, em si, despro mn, escasafssimo valor ~€ 0 fuluT0y Para O res ‘como vestigio ou testemunho jo; ou sea, nfo apenas € Ii ete mano 0 sinico valor, vida de, qual deve se de obra humana e giao. Donde sé se poderd cl ae ; rmunhe um tempo humano, mesmo que nfo seja exelus vrmente relativo a uma forma perdida ¢ recebida pela dade humana. Nesse sentido, ndo se poderia chamar resfduo de uma floresta + assegurada, onto de partida do ato de conserva- Jhamar de rufna algo que teste- ativi de ruina 0 carvao fossil, como fo pré-humana, ou 0 esqueleto de um animal antediluviano, nas o seré o carvalho seco sob cuja sombra esteve Tas- so, ou, se ainda existisse, e existisse consumida, a pedra com a qual Davi matou Golias. Rufna serd, pois, tudo aquilo que ¢ testemunho da histéria humana, mas com um aspecto bastante diverso e quase irreconhecfvel em relagio aquele de que se revestia antes. Com tudo iss, essa definigio, no passado e no presente, s a falha se a particular modalidade da existéncia, que na ruina se vé individuada, ndo se projetasse no futuro com a dedugio implicita da conservacao e da transmissdo desse testemu- tho histérico, Disso resulta que a obra de arte, reduzi 40 estado de rufna, depende maximamente para a sua conserva¢io, como rufna, do jufzo histérico que a envol- ve; donde a sua equiparacado, no plano pritico, aos pro- Altos da atividade humana que nfo foram arte, mas que, ‘mesmo na sua atual ineficiéneia, mantém, no entanto, elo menos uma parte de seu potencial histo rico, que na da continha uma vitalidade implicita para pron reintegragdo da unidade potencial origi aquele primeiro grau de res viduar na restaurago preventiva, vagio, salvaguarda do status quo, e represe nhecimento que de forma implicita exclui a de outra intervengdo direta a no ser a vativa e a consolidagio da matéria, de lificagao de rufna jé se exprime 0 > ju centre a ruina da obra de arte e a logicamente parelhas. Além da intervengao ‘Teoria da Restauragio * 67 + tratadas como tema de restaura- em mesmo ser tal ice para entrar tio-s6 nO juralmente exorbitam abo, de aM imidade ou nBo da reprodugdo 8 cru dos ea ee formulagao da obra de arte procedimeri em precede resulta que, se é facil esten= Dauilo que prece ‘um monumento histrico o mesmo Fespei- rufa de ‘ eae rte, na medida em que toque a ruta de : : voltaré apenas para a conservagio € & se Tago da matéria, no 6, ao contro, fil defi- naobra de arte, cessa a obra de arte € apare- vearuna, No caso da Igreja de Santa Clara em Népoles, hombardeada e incendiada na dltima guerra, pelo fato de ‘os vestigios da Igreja gética angevina, uma obra de ai nir quando, terem reaparecido ° parecia ter sobrado mais do que uma rufnay mas, justa- mente porque pareciam conspicuos os vestigios reapare- cidos,o problema deveria ter sido colocado sob o Angulo que veremos na sucessiva dedugao do conceito de rufna pela instincia artstica, Sob esse aspecto o problema de- ‘eria ser considerado, ¢ 0 consideraremos: se a evocagio do anterior estado da Igreja teria sido mais eficaz com a conservagio sob a forma de rufna hist6riea do que com a repristinagio. Pela dplice instancia da historicidade e da arti le, nio & necessério forgar o restabeleci- mento da unidade potencial da obra até o ponto de des- tmuir a autenticidade, ou seja, sobrepor uma nova reali- dade historica inauténtica, de todo prevalente, sobre a antiga, Pelo momento, devemo-nos limitar a aceitar na ruf- naoresfduo de um monumento hist6rico ou artistico que «la obra de arte para os fins da rest rfssimo grau além do qual ‘Teoriada Rentauragio ¢ wo campo do jufzo, deriva de uma ie. O respeito por uma vis- a integridade de cer determinada cultura ej consideragdo, re agdo com a obra. de a ‘de um panorama, jis ligados a uma jvosalternados), requisitada sob base ragdo a forma, intencionada nes- ass ta,a salvaguarda tos aspeclos natura (bosque, prado, cui analégica de uma aspi mada ne aoe apects naturas por umn particular consciencia his- dividual, constituem outros casos de devida Aérica i «io preventiva e de con- cextensio do conceito de restaura tervagio a algo que subsiste de fto, eu aspecto nko & {ouo4 apenas de modo parcial) do fazer humano. Claro esté que essa exigéncia de conservagio, como io derroga a instincia estética, tampouco derroga a ins- tincia histérica, porque aquilo que se quer conservar € preservar nfo é um pedago de natureza em si € por si, mas aquele pedago de natureza ~ que sofreu ou no mo- fruto dificagGes humanas ~ como é visto, ou seja, proposto, iso- Jado do contexto, ¢ intencionado como aspiragao a forma da consciéneia humana. Donde s6 existiré designagao dessa espécie quando estiver relacionada a uma especial fase da cultura humana. Assim como até o tempo de Madame de Staél era considerada horrivel a paisagem ‘montesa da Sufga, também o campo romano na sua de- solada vastidio nao teve fautores antes do Romantismo que se “classicizava”, enquanto no tempo da verdadeira pare ldssica romana, de Poussin ao primeiro Corot, cs - cre co as singulares arboriza- pee cerns profundo, os Lagos aquedutos e os templos. Por isso, ovin da Restauragio #71 hha recebido no curso dos séculos. Nem se ce haa arte se apresenta com a bipolaridade cca eda entelicidade, a conservagHo © a re~ toricidad ee s poderio ser feitas nem a despeito de uma, mogio nio poderdo ila tem no desconhecimento da outra. ci Continuando agora o exam Poristo, sob a instancia histérica, devemos propo! ; Ih legitit ‘onser- historicidade, apresenta-se, em primeit em primeito lugar o problema de se él ee = oa ‘40 proprio Ambito das obras d var ou remaver a eventual adigdo que uma obra de conservacao ou da remogdio das ad tenha recebidlo: se, em outras palavras, independente- mente do fato de o jufzo estético poder ser positive ape- nas conservando ou removendo a adigao, € legftimo con- le arte que sof servar ou remover a adigio téo-s6 do ponto de oP i i le: hist6rico. O que leva, antes de mais nada, a indagar, sol 2 istrico. O 4 iene aerate exse Angulo, o conceito de adigio. Do ponto de vista his- ae irico a adigao sofrida por 1a obt arte é nove cionamos, de modo algum, rca algo sfrida por uma obra de arte € um novo fet testemunho do fazer humano e, portanto, da histéri duas maneiras, mas somente 4 , : io da consermasasied nesse sentido a adigao nio difere da cepa originéria e 5 tem os mesmos direitos de ser conservada. A remogiio, se contrério, apesar de também resultar de um ato e por ae isso inserit-se igualmente na histor i - menos uma linka sobre a quale © inserir-se igualmente na hist6ria, na realidade des. 4 {t6i um documento © nao d de lev ocumenta a si prépria, don- Anegasto e destruigdo de uma passagem his- Norica e a falsificagao do dado, Ponto de vista histérico, € apen: Tegftima a conservacao da adicZo, enquanto a remogao deve sempre ser justifi es cada e, em todo caso, deve ser Sinn, Md? 8 deixar tracon de si meama @ na propria Disso deriva que, do is incondicionalmente Hestauragie © 78 12+ Conare Heanl s lonlsne oa nao porte wor acil= 1, ja que a obra vale pelt cconsiderada regular; excepelonal, too contrdrio daquilo que o empiri selhava para an restauragden, Seria possivel, no entantoy adligo que nio representa necessar umm fazer, 0 weja, aquela alt fe no polo valor intrit= Ho modlo que até o ourra 6 as pedran pro> lor através ea obra humana que 1, portato, @ teri selon nove ee fo. Do panto de vinta histo te Jo particular ofusea= patina, come aquel Jo da matéria recebe através clo tem nao gio lo tempo transor ovidla de modo laxative, nivel, mas 6 rq rnsar que o problema nao muda vito para on rfazimentos, Tambéin um refazimento ters feanunhawintervengto humana, e também ao refaximente dove ser dalo a higar na histéria, Mas vin refazimento no 6 mean que una adigho, A adigaa pode completa ‘vy pode dosonvalver, sobretudo na arquitetura, fungdem ates, me dlvonvalve ou se enxerta, O refazimento, ao contrat diversas das iniciais; na adigo, no 4e reeale pretonde replanmar a obra intervie no processe eriative ‘lo maneina andloga ao modo como se desonrolon o pros viativo origindrio, refund 6 velho @ o novo de ‘woo a no distinguiclos © w abolir ou redusir ao ménimo 8 interval de tempo que aparta ox dois momentos, A dis ferenga éentio estriente, Acxplicita ou implicita protensito do refaaimento 4 teonpreabatir un lapao de tempo, weja porque a interven $10 posterior, em que consite 0 rofazimento, quoi fae ‘ere auimilar ao mesmo tempo que W obra naacet, noja Fonte ao contrdro, queita refundir por completo na TH * Comure Brandi atualizagao do refazimento também ‘Temos entiio, para a instincia hist6ric todo opostos: ou seja, enquanto o pi ‘em que a tiltima intervenglio quer ser a ver ¢ transvasar sem resfduos sar de no entrar no campo da feitamente legitimo também do p aproximar do mais consentido quant aconstituir uma esate ‘Teoriada Restauragio * 75 Ja atividade humana, mas ja como erros, da hist6- tam, nem que m parte, nem que jam ser retirados ou remo- 1m si a instancia pareceria vidos, no maximo isolados- se niio se determinasse na historicamente irre reensiv ic uma eonviegio de inautenticidade, de falso, realidad para todaa obra, em que é posta em discussio a prépria veracidade do monumento como monumento histérico: 0 que no pode ser consentido em termos de extica filo~ Jégica. Além disso, uma instincia similar, de conserva {lu integral para todos os estados através dos qui obra passou, ndo deve transgredir a instancia estética, £ sob esse ngulo que se examinard o problema na expla- hago que sucede. 6. A Restauragao Segundo a Instancia Estética’ Viu-se que rufna no é qualquer resfduo ‘material e tumpouco qualquer remanescente de um produto da ago humana, mas que a designagio técnica de rufna, para os fins da restauragao, traz em si implicitamente o reconhe~ cimento e a exigéncia de um ato a ser desenvolvide para ‘sua conservagio, Esse conceito téenico de ruina foi por 1nés explicitado no que concerne & historicidade, como 0 ‘Ponto mais remoto a que poderfamos remontar, no raio de acto do restauro, em relagio Aquilo que se revelasse de ‘atualizagto humana. No que tange ao nosso assunto, 86 Podleria ser preposto como primeira prerrogativa que esse Femanescente ligado a atividade humana tivesse sido 1 Bale delve Corae del Restauro, 195% 0.18, p18, .7 jada Restauragio 78 © Cesare Brandi Teoria d a ¢ em Porta Pi Porta Romana e em ra Loggetta del Bigallo em Florenga ele- hie ito de rufna do ponto de vista artstico Mas o conceito de a romplieagdes que no podem ser Ja a eventualidade de que ‘monumen- ceria que, enquanto vest{gios de Fcsent ccerem em um produto da ativida apo se, conte este esteja mutilado, no dleterminado complexo, vice-versa, se aqueles vestigio tal ou paisagistico, mine carer de wna na nao pode mais tratar-se de artist Isso, que pode parecer mera excegao empitiea ¢ oc 4 historicidade: por isso a questo da hana eaidade ndooé, dado que a delimitagdo nega vista estético, nao poder ser colocada se ve eanccito de rua como remanescente de obra de ‘40 intrinseca. Rebatamos pron arte que ndo pode ser reconduzida 3 ei potent ria extremo porque do ponto ¢ mminagao positiva de remanescente Saiangiet ican ae i vista hist jegre a um rufna se in ou detert contrapie-se a deter " © ldeobra de arte que, sem poder ser reconduzida & unida- de potencial, se associe a outra obra de arte, de que re- cebe e em que impde uma particular qualificagao espa~ cial, ou faz adequar para si uma dada zona paisagistica. A delimitagio da eficiéncia da rutna, nesse sentido, pode ser muito importante porque se, sob 0 aspecto negativo, ‘alo a desenvolver para a sua conservagio € 0 mesmo — ‘1 seja, estritamente conservativo, assim como para a tncia histérica ~, quando a rujna no for mais ape- nas um res{duo, mas se ligar com uma qualificagio posi- tiva,poderia surgir o quesito de que se. em tal caso, ndio deva prevalecer a sua mais recente associagio e conse~ lencialmente, pelo fato de qualificar um espago natu nal nfo eva prevalecer essa qulificagaio sobre 0 respei- todo remanescente como rufna, Vejam-se, entdo, 08 casos do Arco de Augusto em Nimini, que ainda estava inserido entre as duas torres, Teorinda Restauragso ¢ St urador reabrin e completou de modo fantasion 1, mas idéntico em substancia, © «, da chamada casa de Cola di fare, em que devia queoresta so. Diverse a a Crescensi na Via del M: ae stricamente respeitada aligagdo com outros © $9 os eifieio, mas no substituida com wma nov, de todo arbitréria e fortuita, que sufocou a rufna, destruiu a foes espacial que Ie pertencia, sem conseguir atraf-la pripria, em que repugna como uma péstula ou Nesse caso deveria conservar-se em aparénci na sua uma indevida secregao. do apenas aruina do monumento, mas o ambito que era ‘ala conexo e que era, pela ruina, qualificado. Igual o ‘aso da rufna do Clementino, deixada como um indtil sbstéculo nas margens do Tibre, que a expele, sem con- seguir ignoré-la. Mas se, ao contrério, reconhecendo a importincia que assume a rufna na possibilidade de atrair para si e individuar o ambiente cireunvizinho, um pouco como 0 ‘scento tnico que sustenta as sflabas Stonas da palavra, s pensasse que, quanto mais isso sucedesse, se a obra, que agora vale muito mais por essa sustentagdo da sinta- © paisagistica e urbanistiea do que pela sua atual con- _ssténcia, pudesse ser completada, redimida, pois, de sua ‘condisdo de ruina, também essa hipétese deveria ser re~ ce contradita. Porque a obra de arte reduzida a _ Trine, pelo ato de qualificar uma paisagem ou uma zona om dis lis din Mae ecat ¢ SS sees, po inciaiva do Arcebiop Rugzer, na medefone KaaT) A Stason tore, cabaram por mor 82+ Conare Brandi de um monu- me ja balordamente em torno completa entao essa obra na quem nela reconhec tras palavras, a reconhece ativa nesse se 6 de modo algum ligada & sua primitiva u razio que s€ €1 1a mirfade de ment om tudo isso, € trunscurando ¥ coe ie temos Uio-s6 reforgar o conceito de a ira instncia entice, deve aan gto a conduzir deve permanecet Ve-se que também sobre rica ou a instancia estética da obra a ser empreendida out una, quear tada como rufna € a ago a vio integrativa. ‘mutilagao, a obra determina uma resolugao plano pietérico, ou seja, ndo no plano de rigor d de arte, mas naquele que se endereca a uma posigdo do objeto disposto, iluminado, art do um particular enderego formal. A ob tral conserativa € fase ponto a instancia hist coincidem na hermenéutica sob forma de restauragao. ‘Trata-se agora de repropor o problema da conser~ vagdo e da remogio das adigdes, se ponto, que no se trata apenas de uma rufna, mas que constitufdo por meio real da sua hodi tendo-se presente, nes- mutilada e da sua presenga simultanea. tos. Foram assim compreendidas e ul romanas na jardinagem e na paisagem diante e até o limiar do nosso tempo. O tor e Pélux no Férum, o Templo da os dois casos tfpicos de monument 03 pose tratarse,e tratar-se-d o mais das vezes, de adigdes feitas sobre obras de arte que poderiam reencontrar a unidade origindria € ndo apenas aquela potencial, se as adigées fossem, onde possivel, removidas. Percebemos entdo que, sob esse dngulo do problema, do ponto de vis~ ta da Estética, a importdncia se revira em relago a ins~ Lancia histrica, que colocava em primeiro lugar a con= servagiu dos acréscimos. Para a instincia que nasce da antisticdade da obra de arte, 0 acréscimo reclama a re~ osiio, Perfila-se, portanto, a po: erro crer que toda coluna deape sada guida e recomposta de modo legitimo quand rio, 0 ambiente onde isso deveria acontec lidade de um con- histricamente eesteticamente, ito com as exigéncias conservativas colocadas pela ins- Nancia historic, Semelhante conflito pode, naturalmente, apenas ser esquematizado em sede te6rica, Dégioa de teneeriar eae ener wma contenda a mais individual e, fn Ravia scomodado de a 7 Tepetivel, que possa exis hittin lene Justificada como advind: sendo essa por assim dizer, nlio it. Mas a resolugtio ndo pode ser la de awtoridade: deve ser a ins tancia que tem maior peso a suger ta cia da obra de arte deve ser vista no { uma obra de arte e 86 em uma segunda hist6rico que individua, € claro que desnatura, ofusea, subtrai pareialm vivo da obra. Desse modo, devem dicionalmente as coroas colocadas tini ete. ete. Re néria significa série historica ide obra de arte nio seja assim 10 p Santo, de modk aspecto histérico, rele esse aspecto d wuregio + 85 ‘Teoria da R cconduzir a obra a sua integridade origi- Ia ex novo nessa ininterrupta ta. Parece-nos que 0 valor revalente, no Vulto ria substitu que a document loa poder cancelar a importancia do seu ce porisso seremos da opinido de manter locumentdrio que conserva e que por sis € reliquia hist6rica importantissima, além do valor intrinseco dos objetos acrescentados. £, em suma, sem= pre um juz de valor que determina a prevaléncia de ‘uma ou de outa instancia na conservagio ou na remogao das adigoes. Mas com isso nao se exauriu o problema da conser dado que mais uma ver devemos exa- idade ou nao da conservagio da patina do ponto de vista estético. Vimos que, historicamente, a patina documenta a propria passagem da obra de arte no tempo e portanto deve ser conservada. Mas para a Esté- tica¢ também legitima a conservaco? Deve-se sublinhar que, nessa sed de modo absoluto, Autor possa ou nio ter contado co Palpavel que o temy Alegiimidade dligma da cons Telorgado, por sim como 6 & 9 le, deve-se poder deduir tal legitimidade isto 6, independente do fato de que o m esse estrato quase po teria depositade sobre a sua obra, da conservagio, nesse caso, no 0 para- ‘ervacio da pétina, mas apenas um caso assim dizer, da prépria conservacio, as- ‘ilogismo couragado em relagio ao sims ate, 4 sgnitca mane de amma ene ved lain ctphractan) vind do ee letauragio © 7 6 Cossre Brand Teoria da Restaura ples silogismo. E se insiste dito, se a pitina se deve para a instancia estética a ina, na sede estética, ndo mais a . i pale histérica ou de um simples aes mas do proprio conceito da obra rl noes a fl uma subversio do conceito da arte, pela qual se de- cena ieee Sees que a materia deve primar sobre a imagem. paliwapaatint Mas, se assim fosse, a suma arte seria a ourivesaria®. pepe Fala 16, entio, examinar 0 problema da conserva- hamiapyga" a {glo no que se refere ao refazimento. Também aqui, do de que ¢ feita a obra de arte, ou : ae ‘missio da imagem formulada 6 Str mei em pina ue ae act , sms maria ela 8 conserva ot emo don verses, tae ih Poets vege eae fossa gs alin, gr ina eee obo lass 66 est ‘ri i ein iene pice. Nee pt lm le i ‘deta, ‘infact refertcia «wm inesperado tstemunho, de base paicoldgica Sem, no sentido em que deve d ire ts ing para valer apenas como ‘atv de ve a Inglaverra, bastiso da remox3o ds pina como métode is ‘al hee linge ¢paticulamentesipifiativa EH. Combrich Art and illusion, impuser com tal frescor e i New Yr. Pantheon Books, 190, pp. 54-55 [Na T. Cites da trad ‘ras rita por Raul de Sé Barhona: EH Gombrich, Ate ¢ Ta tae: Un Exudo da Picologia da Reprsenogto Pics, Sto Pele, ficaré perturbada, Por isso, 1 Be a fair ooo estético, 6 aquela impercepttvel ToIA National Gallery de Londres torot-se agora o foco de discussio “ she 6a de sjustamento sa + Conaettranh eaten Rennurasi ° ponto de vista estético, é ¢ Sc aaa i a rentauragto 6 4 anasto, 1 titi vs ama edpia, Esso 6 ainda de Silo Mareos ree do refazimentot no caso em © no a 80 ilo possa ser retirado, por te por ter levado de alguns aspectos do monut ail deliuoso. cna sua conservagto como rl 0 aig oe ata adiigi pega do prs vl a obra de arte sstava”” 8 dla restauragil, 6 0m inet ado o tempo Iiraje a Estética, colocan omo reproduzfvel A yon= a histéria ‘como reversi tale. completava, re pia colocala no lugar doo Wetsrrens ovat. 1, 0 Espage da Obra de Arte Dado que a restauragio é fungio da prépria atuali- “ago da obra de arte na consciéncia de quem a reconhe- = ce como tal, seria possfvel erer erroneamente que essa -tualizagio pudesse ser uma fulgurago confinada no ‘timo, Em tal caso, haveria um duplo erro, porque ape- sar de a fulguragdo da obra de arte acontecer no tempo histirico de uma consciéneia, a duragdo dessa fulguragaio ‘io 6 subsivisfvel como o tempo histérico em que se in- sere, Ou sea, para realizar-se plenamente na cons «ia, uma obra de arte pode empregar, se nfo anos luz, por | certo alguns anos, durante os quais sero reunidos e pre~ cisados todos aqueles elementos que deveriio servir para explicitarseja 0 valor semantico da imagem, seja a figue tatividade peculiar desta. & nesse elaborar € coacervar de dados que incide, de modo efetivo, a restauragio Teoria da Renauracso * 7% dda intervengao para elecimento des- ‘mas no proprio go das varias fases arte € 0 restal da obra de arte, de arte se revela na cons- Aconsideras alizagdo da obra de 0 no exterior 1e a obra muito mais complexa para ipae a si como objetivo a0 aa as fase. joterior do tempo em q produz uma estrutra rnsciéneia in Fecohecer como obra de arte um dado objeto. Mas, evidentemente, ndo 6 0 exame dessa singular satratra da consciencia-que-revela asi prépria @ obra de ora nos poders deter. Ao contrio, depois do arte, deveremos passar a0 citcia, ‘asintese que a €0F arteque ‘exame do tempo na obra de ‘xame do espago na obra de arte, para ver qual 0 ¢spa~ fore deve sertutlado pea restauragao: sublinho, nfo pena na restauragio, mas pela restauragdo. "Acbra de arte, como figuratividade, é determinada emuma autbnoma espacialidade que € a prépria cléusu- la da realidade pura. Essa espacialidade chega entdo a se insrir no espago fisico, que é 0 proprio espago em que vivemos, echega a insistr nesse espago, sem no entanto participa dele, de modo nio diverso daquele que ocorre para temporalidade absoluta que realiza a obra e que, mesmo representando um presente extratemporal, inse~ 1e-scem um tempo vivido pela nossa consciéncia, em um coos histrico, datado, e até mesmo cronometrado, Mas essa condigio, de inserir- . Be itn etree emu pe = . espago que é definido pela Presenga vital no mundo, constitu Bi ons do ie ianddad? ae me te de uma infinidade de probl Mo sua espacialdad eee le que esté dei telativos inida de uma vez por 91 © Comte Brandi nio Je restauragio e, naturalmente, os atos de restat 3 csliese os ea 1s, mas, antes, o mais das vezes espacialidade e 0 espago fisico, peas como ato posit tauragdo 6 restauragio pelo fato wvamente negaliVOss : cerftico da obra e nflo pela int tica ; v montar e remontar uma obra de arquitettra ‘como aqueles caracteri- tauragao semelhante a norma jurfdi pode depender da pena prevista, r querer com que se determina com ciéncia. Ou seja, a operagio pri sdvel pai 8 E por isso que a primeira parede, nao indicia apenas acima de tudo, constitui a e dda obra, 0 seu reconhecimento tes postos em pratica para qu fisico. Pendurar um quadro e1 locar uma moldura; eolocar brit uma esplanada ou w arquitetura, e mesmo desmo ugar; eis outras tantas A Restauragao Preventiva Restauragio preventiva é uma locugao inusual que ia também induzir ao erro de fazer crer que possa str uma espécie de profilaxia que, aplicada como uma ‘na, peria imunizar a obra de arte em seu curso no . Essa profilaxia, digamo-lo logo, nao existe nem cexistir, porque a obra de arte, do monumento & mi- lura, nio pode ser concebida com o eritério adotado ara um organismo vivo, mas apenas na sua realidade tica e material em que subsiste e que serve de tramite manifestagio da obra como realidade pura. A obra de arte, do monumento & miniatura, é, de composta por um certo néimero e quantidade de ‘rias que, na sua conexao e por um indeterminado e indvel concurso de circunstaneias e de agentes 9” 98 + Cesare Brandi “Teoria da Restaurasi arte como tal, perso~ versal, da qual prevenir essas alteragies, depende. ects 10 ul e terfsticas fisicas e quimicas das m ao ever que 0 reconhe \o im- Ewe d tal, eoloca-se com obra de arte ¢ ndo negamos que as a reconhece come i es _ impoe ave”? Jo moral e, nesse proprio ‘gumas eventuais mudangas poderdio rey vive eategorico, a0 pat d eran contrérias, no todo ou em parte, as ay vo, determina a drea imperativ soy ram tutelds EMOTO de PTIEOS, 88° 1s favordveis. Mas, para que €3- como reconhecidas para a obra de arte a oe seja, a obra de arte, porque feita ae. ‘ou de um certo coacervo de matérias ee algum modo limitativas em relago aque eee imagem que nela se concretiz de condigi ssejam efetivas e nfo permanegam a obra de arte seja é necessirio que em relagao a eficiéneia da iro lugar, a e, em segundo lugar, em frag a estado de conservaco das matérias de que € send visto em seguida, Aqui se feita, Eis como essa indagacio se coloca como meto- ile a Sera Aologiafiloldgica e cientifica, e somente a partir dela va e explicar por que falamos poderdseresclarecida a autenticidade com a qual a ima igem teré sido transmitida até nés e 0 estado de consis- 1 téncia da matéria de que ¢ feita. Sem essa precisa inda~ sariamente, & nog&o por -gacio filolégica e cientifica, nem a autenticidade da obra Definimos, com efeito, are a ‘como tal poder ser confirmada na reflexdo, nem a obra ‘lard assegurada, na sua consisténcia, para o futuro, Qualquer agdo a ser empreendida para restituir, nos seus elementos remanescentes, aquilo que resta da ima- gem origindria ou assegurar a conservagdo das matérias ‘que asua epifania como imagem & confiada, seré condi io neat dla diplice indagagao inicial; e € * priticos subsequlentes, em que pox ‘Teoria Restaura * wo a restauragzo nao consiste peradas sobre & Pr" jam ‘como raticas 0] esse modo nao sera l jalquer provi- ervagao da que est Por eonseguinter senas das itervensoes P ‘da obra de arte, va bquelas intervenes © Piet ensoqurat 2 future, 0.0% age € C0) dencia vol ‘obra de arte conno Him sinculada 2 imagens € igualmente vin no conceito de restauracO: Foo que ae datngue uma restaurasao restauragao efetiva executada sobre uma pintura, at ua come outa vam pelo drico ¢ nd rel imperativo que a conseiénci i n ecimento da obra de arte na sua daplice polarida- Te ettca ehstriea e que leva 2 sua salvaguarda como smo materia, @ ‘uma providencia que Por isso 6 s6 a titulo reventiva de poe a si no ato do bém nessa excegio de restauragio preventiva, uma vez ue, ao considerécla uma simples extensiio humanistica do sae restauragio, poderiamos ser tentados a uma asa indulgéncia nos easos em que haja um conflito ne as i préprias exigencias que coloca a fruigao estética /€ aquelas requeridas pela conservagao d: i Aque é confiada, Além disso, as medi Sean ae », as medidas de prevengao, ee de Festauragdo preventiva, nlo so po or vullo€ exigem amitide maiores despe- pee pet equa pela restarago de fata ‘mais para afirmar a peremptéria pita, rent idade, Assim senda, reventiva nas ramificagties em que dda restauraglo pr Nio seria este, no entanta, « lugar para dineorrer bre as muitas enpecializagoe dos monumenton, afren= ‘stds, pinturas sobre suporten vérion, mas we trata 4 le estabelecer diregies de indagagtiew que perio wns a todas as obras de arte # que now ai evens a fazer, sejam ws eventun- A definigio dessus diretivas de indagagiio deverd dedurida, sina, da natureza da obra de arte, na pia fhica situacio de exterioridade com referéncia & 1, Dado que w obra de arte we define, antes de main céncia que a reconhece como ‘a sua diplice polatidade entética e histor cess para a frig pm ¢ como fat histérice, da obra come Alem disso, « obra de arte define-se na matéria ou urine que 6 feta; © aqui w indagasia deverd voltac- Mestado de consisténcia da matéria e sobre as ondigoes ambientais enquan Precéria ou ameacem dirctamente a Com ia, j6 foram def conservagiio, inidan tr6 direcéem biivicay ‘Teoria da Res hada de Sant’Andrea della aquele argo ae lo a facl « se abrisse sa antes que " 0 que foi danifiea yscimento. dda rua? Materialmente nada rativamen “7 stjcularidade da fachada, do ponte de ‘Aprineipal Po i espaciaidade argues & dada pelas colu- ssa particularidade, de Michelangelo para a Lau o, na cortina da fachada, bem diversa Por um lado, com efeito, 0 fund plas- protende-se em diregio a coluna afunda, perma- vist as encastalas. iva do vesttulo implica uma fungi dh plano de fund. P ticamente entendido emerge. quele que observas por outro, ecendo, ademais, cilindrica, sem ser reduzida a meia aluna, mas, ao contrério, defendida por uma sutil Jami- ‘na de vazio (entre o ponto da eoluna ¢ o nicho «p bastante rara, de~ urenziana, € {a).A prescindir,entdo, da consideragao basilar que tal paricularidade realiza a espacialidade propria da facha~ da como exterior-interior, 6 claro que se presume uma = limitada, como estago de parada do observa- ord fato, uma distancia fixa, intransponivel, além da. se produz, exatamente per 1656 ¢ 1665 por C. Rainaldi, agsistide ee aacta er le Carlo Maderno, so alguns de ES ees Wve randi compara com aqueles explorad pa Mebas tte aettamatn es ei roe — foi Feita entre 1986 « Ar) wai, gto © 107 wara prevenit no ita p plo da Via Giulia, em tivesse ainda como hd vinte tifieagaa em bloco ria sido posstvel fazé-Io, mas as ocorrem em tal cas0, sesaclas distingdes qu Jo fato de que nao tudo, naquela Licio ou palacete que fosse: existia sutise intere partiam por eer lendida rua, era pal 4 E ‘a casinha acomodada, Em tal easo, a uni die prspéctica da rua teria sido salva com a substitui- lo da casa ou da casinha por um ediffcio que, come conflitante em relagio aos também a casa. massa, cor, altura, nio fosse ‘elificios de pouco valor que existissem em umn dado pon- se de pouco valor, mantivessem um nt im, na estrutura perspéctica da rua, Ra- wt melhor das hipdteses, devem ter levado a construgio do Virgilio’, que no é por certo a ‘mis indecente das novas construgées em Roma, mas que "sem divide alguma perturba a estrutura histérica da rua de Bramante; altera, com um equivocado modernismo, a ¢onfguragao com a qual havia chegado a nés e que na hossa consciéncia histérico-critica, tinhamos o dever de ‘conservar inalterada. Ocorte que 0 racivcinio sobre 0 qual se bi f Penta de substituir uma construgaio de pouco valor in - serida.em - de gl mass 1 du Restaura ‘oor particular eenibiidade aniatica ¢ histrieay mas vos ea dedugies jentificas que © porser mais obje sisgem um campo a

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