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ITAÚNA-MG
2016
INSTITUTO COTEMAR
CLÉBER CESAR DA SILVA BARBOSA
ITAÚNA-MG
2016
SUSCITANDO MEMÓRIAS: REFLEXÕES SOBRE O PIBID NA
LICECIATURA DA UFBA
INTRODUÇÃO
Quando certa vez Clarice Lispector declarou que escrever é um ato solitário
endossou uma afirmação defendida por vários que se utilizam da linguagem escrita
como forma de comunicação, com mais ênfase, os literatos. De Flaubert até Fernando
Pessoa permanece a mesma indicação. No entanto, como cada um constrói de maneira
particular o modo como escreve, recorremos a Cecília Meireles, para quem sabe,
vislumbrar outra realidade, um meio termo para solidão do ato de escrever, baseado no
substrato principal deste texto, qual seja a memória como fonte de pesquisa e suas
possibilidades teórico- metodológicas no campo da educação. Na crônica intitulada Da
Solidão Cecília indaga:
1
Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante do PIBID
História entre 2010-2013.
formam incorporados, como Arte, Dança, Musica e Pedagogia, foi a tradução local de
uma realidade que alcançou varias universidades no país. Os resultados positivos
obtidos com o lançamento do projeto em 2007, as políticas de valorização do magistério
e o crescimento da demanda do programa, que passou atender a toda Educação Básica 2,
diferente da proposta inicial ligada exclusivamente ao ensino médio, resultou na
expansão das parceiras institucionais por meio da inclusão das universidades estaduais e
suas respectivas licenciaturas. Também á Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da
UFBA se integrou ao programa por meio dos cursos de Ciências Sociais, Filosofia e
História.
2
Diretoria de Educação Básica Presencial-DEB. Relatório de Gestão 2009-2011. Brasília, 2011.
3
Os números em questão foram apresentados por Jorge Almeida Guimarães, então presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, na ocasião em que escreveu a
apresentação do texto Um Estudo Avaliativo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a
Docência.
4
Refere-se ao XVI Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, realizado em 2012.
(GATTI et a l., 2014, p. 15)
pertinentes as disciplinas especificas, tema tantas vezes relacionado com a utilização das
tecnologias como instrumento de promoção da aprendizagem. Tal cenário indica a
integração entre educação superior e educação básica (parte importante dos princípios
que regem o PIBID) e funda uma perspectiva de analise a partir dos sujeitos inseridos
no cotidiano da educação básica fora da condição de estagiário ou a guisa da realização
de alguma pesquisa rotativa, isto é, proporciona a realização da aplicabilidade dos
conhecimentos e teorias aprendidas no ambiente universitário ao passo que apresenta no
mesmo ambiente acadêmico problemáticas recentes e especificas originadas na
unidades escolares.
DESENVOLVIMENTO
5
Nas origens da história enquanto conhecimento, o recurso a testemunhos e relatos de pessoas que
viveram os fatos – ou que conhecessem pessoas que os viveram – era uma prática constante. (PICOLI,
2012, p.169)
passado, mas conduz com muito maior segurança para o enfrentamento dos problemas
atuais (VON SIMSON, 2003) inclusive das licenciaturas.
Aproximadamente sete dos dez selecionados por meio do edital CAPES Nº 02/2009,
estavam no terceiro semestre da licenciatura em História, por esta razão, o PIBID
oportunizou o aprofundamento da relação com as conjunturas universitárias; seus
ambientes físicos, estrutura administrativa e docente. Até aquele momento, sobre o
programa conhecíamos pouco mais que seu nome e sua sigla, deste conhecer, duas
possibilidades suscitaram expectativas diferentes: Receber uma bolsa naquele momento
era a oportunidade para dedicar mais tempo ao processo de formação em uma
perspectiva além das disciplinas obrigatórias6, uma das principais dificuldades dos que,
por precisão, compartilham o tempo com carga horária do trabalho formal (ainda soa em
nossos ouvidos as palavras ditas durante a semana de adaptação por uma de nossas
professoras com relação à leitura dos textos em nosso curso: Vocês devem honrar o
compromisso com a formação que escolheram.). De forma semelhante, retornar a
educação básica na condição de futuros professores causava o misto de ansiedade e
medo, sentimentos em parte apaziguados quando lembrava das encorajadoras palavras
ditas por meus professores do ensino médio, principais incentivadores para o ingresso
na vida docente.
6
A proposta de atuação dos bolsistas foi direcionada a partir do projeto História e
Memória: Um Plano de Intervenção para Formação Docente Afirmação de Direitos
Humanos, cujo objetivo era articular o transcurso da conquista histórica dos direitos
humanos, consubstanciada primariamente pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos, com políticas públicas recentes de alcance local, como Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos (PNEDH), em síntese:
Cada bolsista pôde construir sua proposta de intervenção nas unidades escolares,
dentro da diversidade presente no PNEDH, o que permitiu uma relação de proximidade
com os temas abordados que variaram desde o trabalho informal na capital baiana até o
papel da internet na relação entre os adolescentes e a escola. Neste primeiro momento,
cada situação vivenciada pelos bolsistas era fonte de aprendizado para os demais tendo
em vista a adoção de atividades efetivadas individual ou em dupla.
7
No texto Carta ao Professor: Para que Serve o Ensino da História, Maria Antonieta Campos Tourinho
identifica a relação da educação básica na escolha pela formação em História: Desde o primário, as lições
de história despertavam a minha imaginação e o meu interesse.
8
Embora o curso de História possibilite a formação tanto no bacharelado quanto na licenciatura a ênfase
na primeira opção emerge inicialmente no conjunto de disciplinas dispostas por cada semestre. Segundo
a grade curricular da licenciatura em 2009, são necessárias apenas seis disciplinas obrigatórias relativas a
educação para formação na licenciatura, acrescida de uma optativa destinada também a educação.
de 1990, quando o Programa de Pós-Graduação em História obteve autonomia no
âmbito da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Durante os primeiros anos de
existência o trabalho que foi desenvolvido na iniciação a docência em História
permaneceu pouco conhecido entre o restante dos estudantes e professores, não
raramente alguns colegas de curso confundiam as ações do PIBID com o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC e de maneira geral as discussões
fomentadas durante a graduação contemplavam aptidões necessárias ao bacharelado em
detrimento da licenciatura. O bojo da questão reside na atual divisão entre as funções da
educação e da pesquisa:
O nosso retorno a educação básica deu-se por meio várias visitas ao colégio, cujo
objetivo era conhecer a estrutura física da instituição e também travar os primeiros
contatos com o corpo administrativo. Desde o principio as atividades que foram
empreendidas significavam um desafio, posto que pretendíamos atingir alunos em
horário vago, realidade muito comum na escola pública. Antes disso, foi realizado
questionário com tais alunos a fim de tanto estabelecer o perfil dos jovens alcançados
por nossos planos de intervenção como sondar, a nível prático, quais instrumentos
didáticos seriam capazes de suscitar o desenvolvimento das atividades. Era intenção
comum desenvolver a pratica docente de forma original, com a valorização de
elementos sociais expressos e pospostos pelos adolescentes e jovens. Aquela altura
estávamos decididos a utilizar a estrutura do PIBID para experimentar alternativas de
construção do conhecimento para além do modelo aula expositiva.
Ao mesmo tempo a iniciativa que empreendemos era uma novidade perante as demais
licenciaturas que participavam do PIBID na UFBA, não atuávamos na promoção de um
reforço as disciplinas escolares nem diretamente ligados aos conteúdos de história
previstos para o ensino médio, mas nos propusemos desenvolver uma perspectiva
transversal dos direitos humanos, como fenômeno construído historicamente e ligado a
assuntos presentes na vida dos alunos. Mediante a originalidade da proposta existiu o
temor da não aceitação por parte dos alunos. Não existiu o atrativo quantitativo (isto é,
atribuição de notas em alguma disciplina) nem coercitivo, uma vez que a participação
nas ações por nós proposta não incidiu na freqüência feita pela escola.
CONCLUSÃO
Consideramos igualmente importante todo o aparato ofertado pelo programa, seja por
meio do fomento dos bolsistas (incentivo e parcial financiamento do graduando dentro
da universidade) quanto das possibilidades de recursos disponibilizados para a
promoção de atividades alternativas dentro e fora da unidade escolar.
REFERÊNCIAS
MEIRELES, Cecília. Da Solidão. In: Janela Mágica. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, p. 48
à 51.
MOTTA, Marcia M. M. História, Memória e Tempo Presente. In: CARDOSO, Ciro F.;
VAINFAS, Roaldo. Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elservier, 2012.
P.21-36.
TOURINHO, M. A. C.. Carta ao Professor: para que serve o ensino da história? Revista
de Educação Ceap, Salvador, v. X, n.87, p. 11-22, 2002.