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O Procedimento
07 Comum Ordinário
7.1 – Introdução
Noções Gerais
Noções Iniciais:
No processo de conhecimento o procedimento pode ser comum ou especial. Será comum quando não
houver disposição específica regulando o seu procedimento. O procedimento comum divide-se em
ordinário ou sumário de acordo com a competência fixada pela matéria ou o valor da causa. O
procedimento comum ordinário pode ser dividido didaticamente em quatro fases:
1) Fase Postulatória:
A fase postulatória vai do recebimento da petição inicial até a resposta do réu, inclusive, com o
pedido do autor e a defesa do réu. Nesta fase as partes vêm a juízo formular suas pretensões,
apresentando os motivos de fato e de direito para a formação da convicção do juiz (CPC, arts. 282 a
318).
2) Fase Ordinatória:
A segunda fase ocorre logo após a resposta do réu, com as medidas preliminares e a decisão de
saneamento. Nesta fase, o juiz faz um exame especial da regularidade do processo, ordenando
diligências e suprindo eventuais nulidades ou irregularidades. Pode também extinguir o processo sem
julgamento do mérito (CPC, arts. 319 a 331).
4) Fase Decisória:
Compreende o momento da decisão do juiz, após o encerramento da instrução, estando o processo
completo e devidamente instruído (CPC, arts. 458 a 475).
A Petição Inicial
Noções Iniciais:
O direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado para decidir sobre uma pretensão manifesta-se
em concreto por meio da petição inicial. A petição é um ato formal e através dela o autor provoca o
exercício da jurisdição requerendo a tutela jurisdicional.
O Valor da Causa:
Para toda causa deverá ser atribuído um valor, mesmo que ela não tenha conteúdo patrimonial
ou quando não seja possível estimar um valor (inestimável). Conforme o art. 259 do Código
de Processo Civil, o valor da causa é o valor do pedido e será:
I – Na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a
propositura da ação;
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos
eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou
rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para
lançamento do imposto.
Mandato:
A petição inicial deve ser acompanhada do instrumento de mandato conferido ao advogado que a
subscreve, cujo endereço nela deverá ser declarado, para fins de sua intimação.
O art. 39 do CPC exige que da inicial conste o endereço do advogado. Tem-se admitido,
porém, que o endereço do advogado conste apenas da procuração.
Redação:
A inicial deve ser redigida de maneira lógica e compreensível, de modo que o réu possa entender o
pedido e contestá-lo. Não é indispensável que o autor cite o artigo de lei em que se baseia, pois o juiz
conhece a lei (narra mihi factum dabo tibi jus). Assim, não deveria haver nenhuma importância o
engano na indicação do artigo de lei aplicável ou na denominação da ação.
Vícios da Petição:
Recebendo a petição inicial e estando ela em ordem, com o cumprimento de todos os requisitos, o
juiz ordenará a citação. Não estando de acordo, porém, poderá haver:
emenda à inicial: verificando que a inicial apresenta defeitos e irregularidade capazes de
dificultar o julgamento do mérito, o juiz determinará que o autor a emende, ou a complete, no
prazo de 10 dias (não sendo atendida a diligência para promover a emenda o juiz indeferirá a
inicial);
indeferimento: quando o vício da inicial for insanável (CPC, art. 295).
Apesar de ter recebido a inicial, no começo do processo, pode o juiz vir a rejeitá-la
posteriormente, até a sentença. Depois da citação, não pode mais o autor modificar o pedido
ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu (art. 264). Mas pequenos erros materiais
podem ser corrigidos a qualquer tempo, desde que isso não modifique a inicial.
Indeferimento:
A petição inicial será indeferida nas hipóteses do art. 295 do Código de Processo Civil, caso em que
o processo será extinto, sem a apreciação do mérito. O momento para o indeferimento da inicial
poderá ser determinado em qualquer etapa do processo, por tratar-se de defeito substancial,
reconhecível a qualquer tempo e grau de jurisdição. Segundo entendimento dominante do STJ é
possível o indeferimento parcial da petição inicial (ex: exclusão de litisconsorte). Da sentença de
indeferimento caberá apelação no prazo de 15 dias, facultado ao juiz no prazo de 48 horas reformar a
sua decisão. Em regra o juiz pode se retratar pois a apelação tem efeito devolutivo (devolve ao
próprio órgão prolator, antes de subir ao Tribunal).
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5º);
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou
ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento
legal;
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.
No que se refere à prescrição, convém observar que o juiz só pode decretar a prescrição de
ofício no caso de direitos não patrimoniais. Se a lide versar sobre direitos patrimoniais, deve
ele aguardar a provocação da parte (CPC, art. 295, § 5°).
Inépcia da Inicial:
Inepta é a petição inicial que não expõe de forma clara a pretensão do autor. Os seus vícios referem-
se ao pedido, à causa de pedir e à incongruência entre eles. ). Mas não se considera inepta a petição
inicial quando, apesar de não ser um modelo de técnica, permite a preparação da defesa sem
dificuldade para o réu.
Cumulação de Pedidos:
É permitida a cumulação de pedidos contra o mesmo réu, ainda que entre eles não haja conexão. O
autor pode formular dois ou mais pedidos, no mesmo processo, contra o mesmo réu ou contra vários
litisconsortes passivos, se for o caso. Mas, para que se admita a cumulação de pedidos, é necessário
que sejam compatíveis entre si, que seja competente o mesmo juízo e que um só tipo de
procedimento seja adequado para todos os pedidos (CPC, art. 292). Quando, para cada tipo de
pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á cumulação, se o autor empregar o
procedimento ordinário (CPC, art. 292, § 2°). Isso porque o procedimento ordinário é o que oferece a
mais ampla possibilidade de defesa possível.
Modalidades de Citação:
O Código de Processo Civil prevê as seguintes modalidades de citação:
pelo correio (arts. 222 a 223): consiste na regra geral, mas o autor pode requerer de outra
forma;
por oficial de justiça (arts. 225 e 226): é uma forma pessoal (considerada longa manus do juiz);
por hora certa (arts. 227 a 229): é uma variação da citação por oficial de justiça e ocorre
quando houver suspeita de ocultação do réu; o oficial avisa a alguém de conhecimento do réu e
marca hora para citá-lo, se o réu não comparecer a citação é feita em pessoa diversa do réu;
(essa citação se completa com a expedição de uma carta);
por edital (arts. 231 a 233): ocorre quando o réu se encontra em lugar incerto, não sabido ou
inacessível; ocorre também quando a pessoa é desconhecida ou indeterminada;
por meio eletrônico: hipótese incluída pela Lei 11.419/2006, mas ainda depende de
regulamentação.
Falta de Citação:
A ausência ou a nulidade de citação é um defeito insanável que gera nulidade absoluta do processo.
Entretanto, o comparecimento espontâneo de réu supre a falta ou a nulidade da citação (CPC, art.
214).
Dispensa da Citação:
Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida
sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e
proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada (CPC, art. 285-A). Se o autor
apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 dias, não manter a sentença e determinar o
prosseguimento da ação (CPC, art. 285-A, § 1º). Caso seja mantida a sentença, será ordenada a
citação do réu para responder ao recurso (CPC, art. 285-A, § 2º).
Noções Gerais
Noções Iniciais:
Com a citação válida, surge o ônus para o réu de oferecer a sua defesa contra os fatos e direito
alegados pelo autor. Citado, terá o réu 15 dias para apresentar a sua resposta (art. 297). Na citação
pessoal ou com hora certa, o prazo começa a correr da juntada aos autos do mandado cumprido (art.
241, I), ou da juntada da precatória (art. 241, IV). Se forem vários os réus, o prazo só começa a correr
depois da juntada do último mandado (art. 241, II), e será em dobro (30 dias) caso tenham
procuradores diferentes (art. 191). Não se deve confundir o início do prazo como início da contagem
do prazo
Manifestação do Réu:
São situações que podem ocorrer após a citação:
reconhecimento jurídico do pedido (rendição);
omissão do réu (revelia);
contestação;
exceção;
reconvenção
Reconhecimento do Pedido:
O reconhecimento do pedido consiste na admissão, pelo réu, da procedência de fato e de direito da
pretensão do autor. Reconhecido o pedido extingue-se o processo, com julgamento de mérito (arts.
269, II, e 329). Tanto o reconhecimento e a confissão exigem a disponibilidade do direito e a
capacidade plena das partes, mas o reconhecimento difere da confissão, pois esta última é apenas um
meio de prova, referente apenas a fatos e não ao pedido.
Confissão Ficta:
Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo autor (CPC, art. 319).
Essa presunção se refere aos fatos afirmados pelo autor, mas é uma presunção relativa, pois o juiz
não é obrigado a acolher fatos inverossímeis, exagerados ou dispensar os pressupostos processuais ou
condições da ação. Também não haverá essa presunção:
quando há litisconsórcio unitário e um dos litisconsortes contesta (nesse caso a sua defesa
aproveita os demais;
quando os fatos versarem sobre direitos indisponíveis, como nas ações de estado civil e
capacidade das pessoas;
se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere
indispensável à prova do ato;
nas ações em que a Fazenda Pública é ré;
quando o aviso sobre os efeitos da revelia não constar do mandado de citação.
Ocorrendo a revelia, o juiz pode determinar a realização de provas, pelo autor, a fim de
esclarecer os fatos narrados na inicial, se sobre eles ainda tiver dúvida.
Prazos:
Outro efeito da revelia é que os prazos fluem independentemente de intimação, a partir da publicação
de cada ato decisório. O revel poderá, entretanto, intervir depois no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontra (CPC, art. 322).
Alteração do Pedido:
Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar
declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de
responder no prazo de 15 dias (CPC, art. 321).
Defesa Formal:
A defesa formal é apresentada quando não se verifica o correto preenchimento dos requisitos formais
de admissibilidade da ação. São chamadas também de defesas processuais e devem ser alegadas antes
da abordagem do mérito pela contestação. Dividem-se em peremptórias (extinguem o processo) e
dilatórias (atrasam, mas não extinguem o processo). São espécies de defesas formais:
inexistência ou nulidade de citação (pressuposto de existência);
incompetência absoluta (pressuposto de validade);
inépcia da inicial;
perempção;
litispendência;
coisa julgada;
conexão;
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
convenção de arbitragem;
carência da ação;
falta de caução ou de outra prestação.
Defesa de Mérito:
A defesa do réu pode ser voltada aos fatos constitutivos alegados pelo autor. A defesa contra o mérito
refere-se à matéria de fato e de direito em julgamento e subdivide-se em direta e indireta.
Procedimento:
Na contestação o réu deve impugnar especificadamente cada um dos fatos narrados na petição inicial,
expondo as suas razões e indicando as provas que pretenda produzir. Presumem-se verdadeiros os
fatos não impugnados, salvo se não for admissível, a seu respeito, a confissão, se a petição inicial não
estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato, ou se
Preliminares:
Na contestação, deve o réu levantar as preliminares que tiver, antes de entrar no mérito da questão
(CPC, art. 301). A preliminar é uma defesa processual direta, referente aos pressupostos processuais
e às condições da ação. As preliminares estão relacionadas nos arts. 301 e 267, IV, IX, X e XI, do
Código de Processo Civil (inexistência ou nulidade da citação, incompetência absoluta, inépcia da
petição inicial, etc.). Alguns autores chamam as matérias preliminares de objeção. Se o réu levantar
alguma preliminar, ou alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do pedido do autor, será este
ouvido, no prazo de 10 dias (CPC, art. 326).
A Exceção
Noções Iniciais:
É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de exceção, a incompetência (CPC, art. 112), o
impedimento (CPC, art. 134) ou a suspeição (CPC, art. 135). As exceções de impedimento e de
suspeição são meios pelos quais a parte, denunciando a falta de capacidade subjetiva do juiz, provoca
seu afastamento da relação processual.
Procedimento:
A exceção pode ser formulada pelo réu no prazo de 15 dias da citação (CPC, art. 297). Pode também
ser arguida, por qualquer das partes, dentro de 15 dias da data do fato que motivou a exceção (CPC,
arts. 304 e 305). A exceção deve ser formulada em peça autônoma, vez que é processada em
separado. Na exceção de incompetência, a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do
réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação. Recebida a
exceção, o processo ficará suspenso até que seja definitivamente julgada.
A exceção tem caráter instrumental. Forma um processo separado do processo principal, mas
a este apenso, provocando um incidente processual. Recebida a exceção, o processo ficará
suspenso, até que seja definitivamente julgada.
Legitimidade:
A reconvenção pode ser proposta por qualquer um dos réus, observadas as regras sobre
litisconsórcio.
Pressupostos:
A reconvenção deve atender os pressupostos do art. 315 do Código de Processo Civil, ou seja, deve
ter conexão com a ação principal, competir ao mesmo juiz e permitir o mesmo rito processual.
Art. 315 - O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja
CÓDIGO DE conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
PROCESSO CIVIL
Parágrafo único - Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar
em nome de outrem.
Procedimento:
A reconvenção apresenta um procedimento próprio com características próprias:
A reconvenção deve ser apresentada em peça autônoma e simultaneamente com a contestação
(arts. 297 e 299). Pode haver reconvenção sem contestação, mas nesse caso não deixa ficar
caracterizada a revelia.
A petição inicial da reconvenção deve preencher os requisitos do art. 282 do Código de
Processo Civil.
É vedada a emenda à reconvenção, pois embora ela seja uma peça autônoma, a exigência de
simultaneidade com a contestação impede tal providência.
O réu, ao ser apresentada a reconvenção, adquire o nome de reconvinte e o autor o de
reconvindo.
O reconvindo não é citado, mas intimado, na pessoa de seu procurador, para contestá-la em 15
dias (art. 316).
Não é aceita a reconvenção de reconvenção, vez que a reconvenção é forma de defesa
exclusiva do réu.
A reconvenção é julgada juntamente com a ação, na mesma sentença (art. 318).
A reconvenção pode ser indeferida liminarmente. Do indeferimento liminar da reconvenção
cabe agravo de instrumento, vez que se trata de decisão interlocutória, que não põe termo ao
processo.
O Saneamento do Processo
Noções Iniciais:
Após a fase postulatória, ocorre uma fase intermediária de ordenamento do processo, na qual o juiz
faz uma avaliação, ordenando certas providência preliminares, se for o caso (CPC, art. 323). Estas
providências são preliminares em relação ao julgamento conforme o estado do processo. O despacho
saneador do juiz é uma decisão interlocutória
Medidas:
Nas providências preliminares, poderá o juiz tomar as seguintes medidas:
conceder o direito de réplica, no prazo de 10 dias, para o autor se manifestar sobre a
contestação do réu quando forem alegados fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do
pedido (CPC, arts. 326 e 327), ou quando alegada matéria preliminar (nulidade de citação,
incompetência absoluta, litispendência, etc.);
suprir nulidades sanáveis, se houver (CPC, art. 327);
mandar que as partes indiquem (especifiquem) as provas desejadas (CPC, art. 324);
determinar a intimação pessoal do representante do Ministério Público, se for o caso (CPC,
arts. 84, 236 § 2°, e 246).
Extinção do Processo:
O juiz extinguirá o processo desde logo, por sentença, sem julgamento do mérito, se ocorrer qualquer
das hipóteses do art. 267, como indeferimento da petição inicial, falta de pressupostos processuais ou
de condições da ação, abandono da causa, litispendência, coisa julgada etc. (CPC, arts. 267 e 329).
Também extinguirá o processo desde logo, por sentença, porém com julgamento do mérito, se houver
reconhecimento do pedido, transação, decadência, prescrição ou renúncia (CPC, arts. 269, II a V e
329).
No que se refere à prescrição, convém lembrar que o juiz só pode decretar a prescrição de
ofício no caso de direitos não patrimoniais. Se a lide versar sobre direitos patrimoniais, deve
ele aguardar a provocação da parte (CPC, art. 219, § 5°).
Audiência Preliminar
Noções Iniciais:
A audiência preliminar (conciliatória) é determinada pelo art. 331 do Código de Processo Civil, na
redação dada pela Lei nº 10.444/2002, com a finalidade de proporcionar uma tentativa de conciliação
entre as partes.
Art. 331 - Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa
CÓDIGO DE sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo
PROCESSO CIVIL de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar
por procurador ou preposto, com poderes para transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
O juiz designará a audiência preliminar no prazo de trinta dias, contados da conclusão dos autos ao
juiz, após a contestação e sua respectiva impugnação. Será admitida a audiência preliminar quando:
não for caso de extinção do processo (art. 329) ou de hipótese de julgamento antecipado da lide
(art. 330);
Direitos disponíveis:
São aqueles cujo titular tem capacidade para transacionar, sem nenhum impedimento.
Nas ações que envolvem bens públicos e nas de estado, os direitos são indisponíveis.
Conciliação:
Obtida a conciliação, esta será reduzida a termo e homologada por sentença (CPC, art. 331, § 1º). Se
não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais
pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e
julgamento, se necessário (CPC, art. 331, § 2º).
Publicidade:
A audiência é pública, salvo no caso de segredo de justiça, em que se realizará a portas fechadas (art.
444). Correm em segredo de justiça os processos em que o exigir o interesse público ou que digam
respeito a casamento, filiação, separação, conversão em divórcio, alimentos e guarda de menores (art.
155).
Conciliação:
No início da audiência o juiz tentará a conciliação das partes quando cabível, porém a interferência
do juiz não pode ser coativa. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz,
terá valor de sentença (CPC, art. 449).
Procedimento:
No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandando apregoar as partes e os seus
respectivos advogados (CPC, art. 450). Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os
A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluí-la num só dia, o juiz marcará o seu
prosseguimento para dia próximo (CPC, art. 455).
Adiamento da Audiência:
A audiência poderá ser adiada (CPC, art. 453):
por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as testemunhas ou os
advogados.
Sentença:
Encerrados os debates, proferirá oralmente o juiz a sentença desde logo ou chamará os autos à
conclusão, para proferimento da decisão por escrito, no prazo de 10 dias.
Noções Gerais
Noções Iniciais:
O instituto da antecipação da tutela possibilita ao autor, desde que preenchido os requisitos legais,
obter antecipadamente os efeitos do provimento jurisdicional que somente seria alcançado com o
trânsito em julgado da sentença definitiva de mérito. O objetivo da antecipação da tutela é
proporcionar uma maneira de afastar os danos decorrentes da demora no julgamento do processo,
mas o autor não é responsável objetivamente pelas eventuais perdas e danos causados pela tutela a
ele antecipada se a sentença lhe for desfavorável. A antecipação da tutela é concedida liminarmente
baseada na prova documental trazida pelo autor na inicial, mas pode ser também concedida no curso
do processo. A antecipação pode ser total, quando antecipa a totalidade do provimento final
postulado pelo autor, ou parcial, quando a antecipação limita-se a alguns efeitos da tutela definitiva.
A antecipação da tutela possui caráter precário. Ela pode ser revogada ou modificada a
qualquer tempo no curso do processo, em decisão fundamentada.
Legitimidade:
A antecipação da tutela não é concedida de ofício, devendo ser sempre requerida pelo autor. Também
poderá requerê-la o assistente simples (não se opondo o assistido) e litisconsorcial, o opoente, o
denunciante, o réu quando da reconvenção, o réu nas ações dúplices e de pedidos contrapostos e
ainda, o Ministério Público na qualidade de parte e de custus legis.
Requisitos Obrigatórios:
Ainda que possível em casos excepcionais, o deferimento liminar da tutela antecipada não dispensa o
preenchimento dos requisitos legais, sendo estes a prova inequívoca e a verossimilhança da
alegação. Importante a regra que estabelece não ser possível a concessão da tutela antecipada se for
verificada a existência de perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.
A prova inequívoca nada mais é do que a prova preconstituída, fundada num certo grau de
probabilidade (quando o fato depende de prova), o que não impede seja a tutela antecipada
postulada com base em simples alegações, quando se tratar de matéria exclusivamente de
direito, que não careça de prova. A alegação cuja verossimilhança se exige deve ser apoiada
em prova robusta, que se afigura em um estágio intermediário entre a certeza e a dúvida.
Requisitos Alternativos:
Certos requisitos devem ser conciliados alternativamente com os requisitos obrigatórios. São estes:
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (natureza cautelar);
Embora neste caso esteja presente a natureza cautelar, a tutela antecipada não deve ser
confundida com a tutela cautelar. Na cautelar visa-se assegurar o resultado útil do processo
principal. Portanto, trabalha com cognição sumária e, por sua vez, não viabiliza a satisfação
do direito. De modo contrário, na tutela antecipada, não se pretende assegurar o resultado útil
do processo principal e sim, a própria satisfação do direito afirmado.
Sucumbência
Considera-se sucumbente, ou vencida, a parte que perdeu a questão, numa sentença ou numa decisão
interlocutória. De acordo com o princípio da sucumbência, o vencido paga as despesas do processo e
honorários advocatícios da parte contrária (na decisão interlocutória, só as despesas) (CPC, arts. 20 e
35). A jurisprudência não tem aplicado a sucumbência no mandado de segurança, na ação popular e
nas ações de jurisdição voluntária. A sucumbência é requisito essencial nos recursos, pois só o
vencido, de modo total ou parcial, tem legitimidade para recorrer. Quem não foi vencido, pelo menos
parcialmente, não tem do que recorrer.
06 - (Magistratura/RS – 2000) Tício, inquilino de Caio, propõe contra este ação de procedimento
ordinário, visando a se ressarcir de danos pessoais causados, segundo alega, por agressão
física do locador. Caio não contesta a ação a tempo (a peça não foi entregue em cartório
por erro do escritório de seu advogado), mas ingressa atempadamente com reconvenção,
alegando infração do regulamento do edifício por Tício, em virtude de comportamento
escandaloso deste no episódio e, por conseguinte, afronta ao contrato de locação, que o
obrigava, pedindo em consequência o despejo do locatário. Neste caso, o Juiz
( ) a) não aceita a reconvenção porque não houve contestação.
( ) b) não admite a reconvenção porque a causa de pedir de ambas as ações não coincide.
( ) c) admite a reconvenção, entendendo estarem preenchidos os pressupostos do art. 315 e
respectivos parágrafos do Código de Processo Civil.
( ) d) não admite a reconvenção porque ela não tem o mesmo procedimento da ação.
( ) e) não admite a reconvenção porque entende não coincidirem os pedidos de ambas as
demandas.
07 - (Magistratura/SP - 176) “F” propõe ação de indenização contra “S”, pedindo a condenação deste
ao pagamento de indenização por danos patrimoniais no montante de R$ 10.000,00 (dez
mil reais). Pessoalmente citado, o réu não contestou a ação. Chamado a se manifestar, o
autor requereu aditamento de seu pedido para nele incluir o de condenação do réu a
reparação de dano moral, no valor estimado de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O juiz deverá
( ) a) deferir o aditamento e sanear o processo, designando audiência para permitir, ao autor,
a prova do dano moral alegado.
( ) b) indeferir o pedido, porquanto não pode haver modificação do pedido após a citação.
( ) c) deferir o aditamento e, considerando a revelia, julgar desde logo a demanda.
( ) d) deferir o pedido, determinando nova citação do réu.
08 - (Ministério Público/MG – 46) Nos termos do art. 273 do CPC que dispõe sobre a tutela
antecipada é incorreto afirmar que sua concessão deve observar:
( ) a) estar demonstrada a verossimilhança da alegação, a prova inequívoca do direito e o
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, sendo o provimento de natureza
cautelar.
( ) b) estar demonstrada a verossimilhança da alegação, a prova inequívoca do direito e
manifesto propósito protelatório do réu, sendo o provimento de natureza sumária – não
cautelar.
( ) c) ser executável provisoriamente conforme sua natureza, pela impossibilidade de
revogação ou modificação.
( ) d) ser possível o provimento parcial quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou
parcela deles, mostrar-se incontroverso.
( ) e) ser possível, pelo princípio da fungibilidade, se o autor, a título de antecipação de
tutela, requerer providência de natureza cautelar, o provimento da medida cautelar em
caráter incidental do processo ajuizado.
14 - (Procurador/S. Paulo – 2002) No que tange à antecipação da tutela, pode-se afirmar que
( ) a) antecipar os efeitos da tutela pretendida pelo autor nem sempre corresponde a
antecipar os efeitos de eventual sentença de procedência.
( ) b) haja vista a antecipação dos efeitos da sentença, o recurso cabível é a apelação, a fim
de preservar o direito da outra parte.
( ) c) possui a característica da não-precariedade, podendo ser revogada somente quando do
proferimento da sentença.
( ) d) o autor é responsável objetivamente pelas eventuais perdas e danos causados pela
tutela a ele antecipada se a sentença lhe for desfavorável.
( ) e) caracterizado o propósito protelatório do réu, o juiz poderá antecipar os efeitos da
tutela pretendida, a requerimento do autor.
01.D 02.D 03.D 04.A 05.E 06.C 07.D 08.C 09.C 10.E
11.A 12.D 13.C 14.E 15.D 16.B 17.B 18.C 19.B 20.A
Bibliografia
Atualizada em 10.12.2011