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Os Procedimentos
17 Especiais II
Inventário e Partilha
Noções Iniciais:
O inventário é o procedimento especial de jurisdição contenciosa, cuja finalidade é declarar a
transmissão da herança e a atribuição dos quinhões dos sucessores. O inventário judicial sempre será
observado quando houver testamento ou interessado capaz. Se todos forem capazes e concordes, o
inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o
registro imobiliário (CPC, art. 982).
Prazo:
O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 dias a contar da abertura da
sucessão, terminando nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a
requerimento de parte (CPC, art. 983).
Inventário Negativo:
Inventário negativo é aquele em que o de cujus não deixou bens, ou ainda, quando os sucessores
devam cumprir, necessariamente, obrigações assumidas pelo falecido, ou ainda, se necessário que se
produzam documentos que acarretam efeitos jurídicos (ex: novo casamento do cônjuge supérstite,
que só poderá convolar núpcias, tendo tido filhos com o primeiro marido, após fazer o inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros).
O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas
o requerer no prazo legal (CPC, art. 989).
O Inventariante:
O art. 990 do Código de Processo Civil dispõe sobre a relação de pessoas que o juiz poderá nomear
como inventariante:
o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão, desde que estivesse convivendo
com o outro ao tempo da morte deste;
o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge supérstite
ou este não puder ser nomeado;
qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio;
Funções do Inventariante:
É incumbência do inventariante:
representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele;
administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se fossem seus;
prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador com poderes
especiais;
exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao
espólio;
juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído;
prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar;
requerer a declaração de insolvência (art. 748).
Cabe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz (CPC, art.
992):
alienar bens de qualquer espécie;
transigir em juízo ou fora dele;
pagar dívidas do espólio;
fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens do espólio.
Primeiras Declarações:
Dentro de 20 dias, contados da data em que prestou o compromisso, fará o inventariante as primeiras
declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado. No termo, assinado pelo juiz, escrivão e
inventariante, serão exarados:
o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar em que faleceu e bem ainda
se deixou testamento;
o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo cônjuge supérstite, o regime de
bens do casamento;
a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o inventariado;
a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios que nele forem
encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram,
extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das
transcrições aquisitivas e ônus que os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais distintivos;
Sonegação:
Sonegação é a ocultação dolosa de bens do espólio. Ocorre se os bens não são descritos pelo
inventariante e também se não forem trazidos à colação pelo donatário. Só se pode arguir de
sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita,
de não existirem outros por inventariar (CPC, art. 984).
Remoção do Inventariante:
O inventariante poderá ser removido durante o processo. Requerida a remoção, o inventariante será
intimado para defender-se e produzir provas no prazo de 5 dias, após o que o juiz decidirá se remove
o inventariante, indicando outro para o lugar. São causas para a remoção do inventariante:
se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;
se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas ou praticando atos
meramente protelatórios;
se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano bens do espólio;
se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar dívidas ativas ou não
promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;
se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas;
se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
Citação:
Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o
cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro
incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixou testamento (CPC, art. 999).
Impugnações:
Concluídas as citações, será aberta vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de 10 dias, para
dizerem sobre as primeiras declarações. Cabe à parte:
arguir erros e omissões;
reclamar contra a nomeação do inventariante;
A Avaliação:
Depois das manifestações sobre as declarações, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do
espólio, se não houver na comarca avaliador judicial. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará
que sobre ele se manifestem as partes no prazo de 10 dias, que correrá em cartório.
Cálculo do Imposto:
Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito será lavrado em seguida o
termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar, aditar ou completar as
primeiras (CPC, art. 1.011). Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 10
dias, proceder-se-á ao cálculo do imposto (CPC, art. 1.012). Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas
todas as partes no prazo comum de 5 dias, que correrá em cartório e, em seguida, a Fazenda Pública.
Se houver impugnação julgada procedente, ordenará o juiz novamente a remessa dos autos ao
contador, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo. Cumprido o despacho, o juiz
julgará o cálculo do imposto.
As Colações:
A colação tem por objetivo igualar as legítimas dos herdeiros. Trazer à colação significa reconstituir-
se do acervo hereditário, em caso de aditamento da legítima, para permitir a justa divisão dos bens
entre os herdeiros.
A Partilha:
Após o pagamento de todas as dívidas, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 10 dias,
formulem o pedido de quinhão; em seguida proferirá, no prazo de 10 dias, o despacho de deliberação
da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de
cada herdeiro e legatário.
Esboço da Partilha:
O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão. Feito o esboço, dirão sobre ele
as partes no prazo comum de 5 dias. Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos. O
esboço da partilha deverá observar os pagamentos na seguinte ordem:
dívidas atendidas;
meação do cônjuge;
meação disponível;
quinhões hereditários, a começar pelo co-herdeiro mais velho.
O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do quinhão hereditário,
quando este não exceder 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo; caso em
que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.
Emendas:
A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença, pode ser emendada nos mesmos autos do
inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens; o juiz,
de ofício ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais
(CPC, art. 1.028).
Anulação:
A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou
constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada, por dolo, coação, erro
essencial ou intervenção de incapaz (CPC, art. 1.029). O direito de propor ação anulatória de partilha
amigável prescreve em 1 ano, contado este prazo:
no caso de coação, do dia em que ela cessou;
no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.
O Arrolamento:
O arrolamento é um processo judicial simplificado de declaração de transmissão de bens, cabível
quando as partes requeiram partilha amigável. São modalidades de arrolamento:
sumário: quando a partilha for entre maiores e capazes;
pelo valor: quando os bens do espólio não ultrapassarem o valor legal, sejam ou não os
herdeiros capazes.
Sobrepartilha:
Sobrepartilha é a nova partilha, realizada após a amigável ou a judicial. Ficam sujeitos à
sobrepartilha os bens sonegados, da herança que se descobrirem depois da partilha, litigiosos (assim
Embargos de Terceiros
Noções Iniciais:
Cabem os embargos de terceiros sempre que bens pertencentes ou em poder de terceiro, estranhos a
um processo de execução forçada, estejam ameaçados de serem por ele atingidos. É um processo
cognitivo autônomo e incidente, destinado à proteção da propriedade ou da posse de bens de terceiro,
passíveis de sofrerem violação (turbação ou esbulho em sua posse), em virtude de ato de apreensão
judicial.
Art. 1.046 - Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens
CÓDIGO DE por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação
PROCESSO judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou
CIVIL
restituídos por meio de embargos.
§ 2º - Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de
sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial.
§ 3º - Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios,
reservados ou de sua meação.
Procedimento:
Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 dias depois da arrematação,
adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (CPC, art. 1.048). Os
embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos perante o mesmo juiz que
ordenou a apreensão (CPC, art. 1.049). O embargante, em petição elaborada com observância do
disposto no art. 282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo
documentos e rol de testemunhas (CPC, art. 1.050). É facultada a prova da posse em audiência
preliminar designada pelo juiz. O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.
Habilitação
Noções Iniciais:
A morte de qualquer das partes ocasiona a suspensão do processo (CPC, art. 265, I), porque é
necessário que os sucessores do falecido venham integrar a relação jurídica processual, para que esta
possa continuar seu desenvolvimento regular. A habilitação é o procedimento especial que visa a
trazer os sucessores da parte falecida para o processo, de modo a viabilizar seu prosseguimento. Ela
tem lugar quando, por falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe
no processo (CPC, art. 1.055).
Na hipótese de ser a ação intransmissível, ocorrerá a extinção do processo (CPC, art. 267, IX).
Procedimento:
A habilitação pode ser requerida pela parte (em relação aos sucessores do falecido) ou pelos
sucessores do falecido (em relação à parte) (CPC, art. 1.056). Recebida a petição inicial, ordenará o
juiz a citação dos requeridos para contestar a ação no prazo de 5 dias (CPC, art. 1.057). Não havendo
contestação, o juiz decidirá em 5 dias. Achando-se a causa no tribunal, a habilitação será processada
perante o relator e será julgada conforme o disposto no regimento interno (CPC, art. 1.059). Passada
em julgado a sentença de habilitação, ou admitida a habilitação nos casos em que independer de
sentença, a causa principal retomará o seu curso (CPC, art. 1.062).
Restauração de Autos
Noções Iniciais:
Os autos são a documentação do processo. Os autos provam a prática dos atos processuais,
demonstram a sua prática e seu conteúdo. Desaparecidos estes, o processo se interrompe, não sendo
possível seu prosseguimento. A ação de restauração de autos desaparecidos tem por finalidade
recompor os autos de processo ainda em curso, na hipótese de não haver autos suplementares. Pouco
importa a causa do desaparecimento: perda, com ou sem culpa do responsável, destruição por fato da
Procedimento:
Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do desaparecimento dos autos,
oferecendo certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja corrido
o processo, cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz e quaisquer outros documentos que facilitem
a restauração (CPC, art. 1.064). A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5
dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentos que estiverem
em seu poder (CPC, art. 1.065). Se a parte concordar com a restauração, será lavrado o respectivo
auto que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido. Se o
desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juiz
mandará repeti-las (CPC, art. 1.066). Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos (CPC,
art. 1.067).
Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelas custas da
restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em que
incorrer (CPC, art. 1.069).
Ação Monitória
Noções Iniciais:
A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título
executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel
(CPC, art. 1.102-A). A tutela monitória foi criada para aquelas situações em que, embora não exista
título executivo, há concretamente forte aparência de que aquele que se afirma credor tenha razão.
Através do procedimento monitório, busca-se a rápida formação do título executivo – um atalho para
o processo de execução -, naqueles casos em que cumulativamente há concreta e marcante
possibilidade de existência de crédito e o réu, regularmente citado, não apresenta defesa nenhuma.
Procedimento:
São características do procedimento monitório:
A petição inicial devidamente instruída com a prova escrita. A narrativa e a prova escrita
deverão conter (ainda que indiretamente) a constituição (evento gerador) e a exigibilidade
(ocorrência do termo ou condição) do crédito.
Havendo defeito na inicial, o juiz dará oportunidade para o autor apresentar novos documentos
ou emendar a inicial. Havendo defeito insanável ou não se dispondo o autor a emendar a
inicial, o juiz proferirá sentença extinguindo o processo monitório. Contra ela caberá apelação.
Estando a inicial em ordem, o juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou
de entrega da coisa no prazo de quinze dias (CPC, art. 1.102-B). Não caberá recurso contra essa
decisão.
Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios (CPC, art.
1.102-C, § 1º).
Neste prazo de quinze dias, o réu poderá oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do
mandado inicial (CPC, art. 1.102-C).
Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos,
pelo procedimento ordinário (CPC, art. 1.102-C, § 2º).
Se os embargos não forem opostos, será constituído, de pleno direito, o título executivo
judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo (CPC, art. 1.102-C).
Da mesma forma, se os embargos forem rejeitados, também será constituído, de pleno direito,
o título executivo judicial, intimando-se o devedor (CPC, art. 1.102-C, § 3º).
O recurso cabível contra a sentença de acolhimento ou rejeição de embargos é o de apelação
(CPC, art. 513), a ser recebida no duplo efeito.
02 - (Magistratura/MG – 2005) A partilha amigável celebrada entre partes capazes, mediante a prova
da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, será homologada
pelo juiz:
( ) a) de plano.
( ) b) após a audiência do fisco.
( ) c) após a juntada das certidões negativas.
( ) d) após a audiência do fisco e, eventualmente, do Ministério Público.
03 - (Magistratura/MG – 2005)
No procedimento monitório, não opostos os embargos, e não
cumprindo o réu o mandado, constituir-se-á:
( ) a) de pleno direito, o título executivo extrajudicial.
( ) b) de pleno direito, o título executivo judicial.
( ) c) após decisão do juiz, o título executivo judicial.
( ) d) após decisão do juiz, o título executivo extrajudicial.
10 - Aquele que, não sendo parte no processo, sofre turbação na posse de determinado bem de
sua propriedade, por ato judicial, poderá requerer seja mantido na posse de tal bem, por
meio de:
( ) a) ação de manutenção de posse;
( ) b) ação de interdito proibitório;
( ) c) embargos de terceiro;
( ) d) oposição.
01.D 02.A 03.B 04.C 05.E 06.B 07.D 08.B 09.D 10.C
Bibliografia
Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 1.000 Perguntas e Respostas de Processo Civil
Moacyr Amaral dos Santos José Cretella Júnior / José Cretella Neto
Saraiva Editora Forense
Processo Civil
17 – Os Procedimentos Especiais II
Atualizada em 10.12.2011