Você está na página 1de 2

Explorando o uso das orações subordinadas nas

dissertações
Você já estudou que as orações podem se relacionar através de um período composto. Duas
orações ou mais podem manter uma relação de interdependência sintática e semântica. As orações
subordinadas apresentam uma relação de dependência sintática e semântica com outra oração,
chamada de principal. Assim, o sentido completo da frase depende das duas orações conectadas.
Se eliminarmos uma das orações, a outra perderá o seu sentido, pois uma depende da outra para
que se estabeleça o sentido completo.
Dessa forma, as relações de sentido entre as ideias expressas pelas orações conectadas
entre si vão estar sujeitas ao tipo de conjunção que as liga. A conjunção, portanto, pode funcionar
como um índice argumentativo.
As ORAÇÕES SUBORDNADAS são divididas em três grupos e cada grupo contribui de
maneira diferente em sua dissertação.

A oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que
a ele equivale. As orações vêm introduzidas por pronome relativo (quem, o qual, que, onde...) e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente. Esta oração pode trazer uma ideia de
explicação ou de restrição. Observe:
O tráfico humano, que na atualidade ainda é uma prática lucrativa, concebe inúmeras
vítimas estatisticamente e para a sociedade invisíveis. Or. Subord. Adj. Explicativa
As vítimas que são comercializadas como produtos sexuais perdem sua utilidade
conforme se aproximam da vida adulta. Or. Subord. Adj. Restritiva
*Observe como estas informações enriquecem a mensagem principal da oração.

**A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa,
que, na escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja
indicada como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas: de fato, as
explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

A oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função de adjunto adverbial do


verbo da oração principal. Dessa forma, pode exprimir circunstância
de tempo, fim, causa, condição, consequência, comparação, concessão (adversidade),
conformidade e proporção. Quando desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
subordinativas (com exclusão das integrantes).
O uso dessas orações em sua dissertação é praticamente indispensável, pois através das
circunstâncias que podem indicar você conseguirá argumentar de forma coerente, condensar duas
ou mais ideias e até mesmo unir argumento e contra-argumento. Observe:
Como é conhecido pelas autoridades, ou deveria ser, o tráfico de pessoas não acabou
com a abolição da escravidão. Or. Subord. Adv. Conformativa
* Nesse caso, como protagoniza o papel de iniciar uma inclusão, de maneira a oferecer uma
contribuição ao discurso, monitorando a atenção do leitor para algo em específico que precisa ser
ativado. Há nesse uso um apelo para se evocar o conhecimento compartilhado entre os dois
interlocutores.

As orações subordinadas substantivas são introduzidas pelas conjunções integrantes que


(quando o verbo exprime uma certeza) e se (quando exprime uma incerteza). Estas muito
contribuem nas expressões de modalização (expressão do ponto de vista do enunciador em relação
a uma informação): é verdade que, sabemos que, temos certeza de que, constata-se que, é
possível que, parece aceitável que, espera-se que, diz-se que, seria bom que etc. Observe:
“Sabe-se que o conceito de felicidade carece de definições pontuais. A troca incessante
do homem pelo equilíbrio entre realização material e emocional é o que confronta sua razão e
emoção, na tentativa de alcance de uma autossatisfação plena que se convencionou chamar de
felicidade. Por isso, as sucessivas gerações de sociedade procuram estabelecer modelos que
sintetizam essa busca, ditando parâmetros que, ilusoriamente, organizam e homogeneízam
aspirações que são, em essência, exclusivamente individuais.”
(GUIA DO ESTUDANTE 2013. Redação + ENEM. São Paulo: Abril, 2013. p. 84.). Com
correções. (Redação UFRJ – 2011 – Tema: “O que há de errado com a felicidade?”)

Nesse exemplo, a informação “o conceito de felicidade carece de definições pontuais” liga-


se à expressão de modalização (“Sabe-se”) por meio da conjunção que. As orações substantivas
podem ser empregadas para expressar modalização, isto é: dúvida, certeza, probabilidade,
possibilidade, necessidade.
Em um texto argumentativo, você pode optar por modalizações subjetivas (“sabe-se que”)
ou objetivas (“eu sei que”), de acordo com o tipo de argumento que pretende desenvolver, ou seja,
argumentos voltados mais para a razão ou para a emoção.

Você também pode gostar