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1.

A importância do briefing em arquitetura

Um briefing adequado é o primeiro passo para o sucesso de um projeto. A qualidade das


informações iniciais, diretrizes do projeto de arquitetura, é essencial para que o arquiteto
entenda as necessidades de seu cliente e desenvolva um trabalho em sintonia com esses
anseios.

Essa etapa do projeto ganha importância com a consolidação das certificações de


sustentabilidade e a perspectiva de exigibilidade da norma de desempenho. É nesse
momento, por exemplo, que o cliente define a performance que deseja do projeto, e que
o arquiteto começa a traçar as estratégias nessa direção.

Para a arquiteta Bela Gebara, sócia do escritório Gebara Conde Sinisgalli Associados, é
importante esclarecer o verdadeiro escopo dessa fase preliminar dos trabalhos. "O
briefing não dita soluções e, sim, necessidades do projeto", afirma. "É o projeto
arquitetônico que trará as soluções espaciais, funcionais e estéticas."

Na maior parte dos casos, o arquiteto produz o briefing em conjunto com o cliente. Em
geral, um bom projeto é resultado da cooperação entre o cliente e o escritório de
arquitetura. É função do arquiteto estabelecer um método de trabalho e uma forma de
comunicação com o cliente que lhe permita extrair as informações necessárias para o
desenvolvimento do projeto.

Corporativos

Clientes empresariais, que possuem processos bem definidos e bastante técnicos,


normalmente participam mais ativamente da etapa de discussões sobre o projeto. Em
alguns casos, o cliente impõe uma série de requisitos durante o briefing.

Quando necessário, no entanto, os arquitetos podem e devem questionar o cliente. "É


essencial que o arquiteto participe da construção do programa e dos parâmetros de
custos juntamente com o cliente, auxiliando na equalização de possíveis exageros, para
mais ou para menos", afirma Marcelo Morettin, sócio do escritório Andrade Morettin.

falta de objetividade

Quando o cliente não sabe dizer o que deseja do projeto é preciso que o arquiteto
provoque essa consciência. Isso pode ser feito, por exemplo, pela apresentação de um
estudo preliminar. Depois de apresentado, normalmente, o cliente reage positiva ou
negativamente, deixando transparecer seus desejos e necessidades.

"Isso acontece em várias situações. É importante, quando não se consegue as


informações conscientemente, perceber, por meio gestos, olhares e sentimentos, os
desejos do cliente", afirma Ivo Mareines, do escritório Mareines Patalano Arquitetura.
"Tentamos fazer o que acreditamos. Se o que acreditamos satisfaz o cliente, melhor, se
não, tentamos convencê-lo ou pedimos que ele nos convença. Não implementamos
ideias que consideramos erradas", continua.

REUNIÕES
Para a definição dos parâmetros iniciais de projeto, são necessárias uma reunião de
trabalho (para discussão de programa, parâmetros de custos) e uma visita ao terreno. O
tempo gasto nesses entendimentos iniciais depende muito do nível de objetividade do
cliente. Em geral, é realizada uma primeira reunião, que dura aproximadamente duas
horas. A partir dessa conversa, e com levantamentos de fotos e medidas em mãos, é
possível dar início ao projeto.

EVITANDO EQUÍVOCOS

Um briefing mal realizado pode gerar erros de conceito e resultar em um estudo que não
atende às necessidades do cliente. Quando as premissas por ele assumidas são
equivocadas, é função do arquiteto apontar e demonstrar os pontos incoerentes e
apresentar alternativas.

Um briefing malfeito também pode significar riscos para os processos internos da


empresa de projeto de arquitetura. O cliente, ainda que possa ser responsável por
informações imprecisas, erradas ou incompletas, sempre imputará ao arquiteto as
eventuais falhas desse processo. Dessa forma, o arquiteto deve atuar no sentido de
estruturar o procedimento de briefing para minimizar essas falhas, encaminhando
corretamente o início do projeto. "O briefing deve ser visto como parte de um processo
maior, que é o processo de projeto, cujas fases e atividades devem estar bem definidas,
para que não se apresentem limitações ao processo criativo que caracteriza a produção
do arquiteto", afirma Silvio Melhado, professor da Poli-USP.

Estrutura do briefing

Existem clientes que sabem objetivamente o


que desejam de um projeto de arquitetura, e fornecem uma maior quantidade de
informações que serão úteis durante o processo de concepção do trabalho. Por outro
lado, há clientes que não têm uma noção tão clara sobre o que desejam do arquiteto.
Para evitar informações escassas ou de má qualidade durante o briefing, aconselha-se
estruturar o procedimento de coleta de informações.

Informações sobre o terreno localização, clima, topografia, vegetação existente,


características do entorno

Programa quais serão os ambientes destinados a cada atividade realizada no imóvel

Performance do edifício itens como a categoria de sustentabilidade almejada ou o nível


de desempenho devem ser definidos nas primeiras reuniões

Preferências do cliente conhecer as expectativas do cliente pode ajudar na elaboração


de um projeto mais atraente

Prazos o grau de urgência de entrega do projeto pode ser determinante na escolha da


tecnologia construtiva
Orçamento os parâmetros de investimento do cliente dão ideia sobre as dimensões do
projeto, os materiais utilizados etc.

Função e imagem da empresa em projetos corporativos ajudam a definir o estilo do


escritório, o tipo de mobiliário, dos acabamentos e dos elementos decorativos

Hierarquia, organograma e fluxograma itens importantes para a distribuição dos


espaços de trabalho, de reunião e das áreas de circulação no escritório

2. Como fazer seu briefing


Segundo o Google, briefing é o “ato de dar informações e instruções concisas e
objetivas sobre missão ou tarefa a ser executada.”

No cotidiano profissional dos arquitetos e designers, chamamos de briefing aquela


reunião inicial que você faz com o cliente, onde o mesmo expõe suas necessidades e
desejos de forma preliminar.

Em um artigo anterior, denominado “A Peneira“, abordamos as questões de triagem que


deve-se fazer a um potencial cliente, para filtrarmos possíveis maus clientes – ou
clientes que não são seu público-alvo – já num primeiro contato. Já o briefing, aqui
tratado, só é feito com clientes ou potenciais clientes que já foram filtrados e que se
encaixam no perfil de público que você realmente deseja atender, e que desejam ser
atendidos por você.

Pergunta: Você faz um bom briefing junto ao cliente, antes de colocar a mão na massa e
desenvolver os projetos?

Aprenda agora alguns passos simples que lhe servirão de guia para você ficar craque
nesse quesito, que é básico e crucial para o seu sucesso profissional.

Coisa séria…

O briefing é uma das etapas mais decisivas para a contratação e o bom andamento de
um projeto. É nessa hora que você precisa colher junto ao cliente o máximo de
informações necessárias para entender as suas reais necessidades, e então poder
desenvolver um trabalho de acordo com tais anseios.

Temos que desenvolver o programa de necessidades juntamente com o cliente, de


maneira colaborativa. Precisamos fazer as perguntas certas e ficar atentos para “pescar”
coisas que o cliente possa estar esquecendo, além de auxiliar no balanceamento de
informações distorcidas ou possíveis exageros.

Um briefing mal feito irá gerar má interpretação e certamente resultará em perda de


tempo e dinheiro, podendo também gerar desgastes desnecessários entre profissional e
cliente. E mesmo que algum problema futuro durante o processo de projeto ocorra
porque o cliente repassou informações imprecisas, adivinha em quem a culpa será
colocada Em quem? Claro que em você
Portanto, tratemos de estruturar bem o briefing, gerando um procedimento padrão que
diminua as chances de que essas situações ocorram.

Os clientes e seus diferentes níveis de clareza

Como você bem sabe, existem clientes que tem plena noção sobre o que precisam e
sobre o que esperam do arquiteto, fornecendo então suficiente quantidade de
informações para que o projeto seja desenvolvido dentro do seu devido escopo.

Enquanto isso, há outros que chegam ao profissional de arquitetura ainda sem muita
clareza sobre o que desejam e/ou necessitam.

Para diminuir as chances de problemas, temos que garantir uma coleta de informações
objetiva e que todos os aspectos essenciais sejam anotados, independente do tipo de
cliente e seu nível de clareza do projeto. Para isso, temos estruturar bem o procedimento
de briefing.

Como fazer – estruturando o seu briefing

Talvez você olhe para a os itens listados abaixo e me diga: Isso é óbvio, já aprendemos
na faculdade! Me repetiram quatrocentas e dezoito mil vezes!!

Tudo bem, concordo, são itens óbvios e essenciais que todo o bom arquiteto sabe. Mas
você já tirou um tempinho e colocou isso no papel para estruturar passo a passo a
reunião com o cliente?

Se a resposta foi sim, parabéns! Já deve ter percebido que faz a diferença.

Se a resposta foi não, então chegou a hora de fazê-lo. Vamos lá, é simples! Eu coloquei
em itens bem resumidos, apenas para servir de guia. Cabe a você usar o bom senso e
analisar caso a caso onde é que precisa entrar em detalhes mais específicos.

1 – Dados do terreno: localização, dimensões, relevo, vegetação, clima e entorno. É


sempre importante visitar o terreno pessoalmente.

2 – Programa: usos e atividades, necessidades específicas, funções, características,


estimativa de dimensões, etc.

3 – Desejos e perfil do contratante: estilos de arquitetura preferidos (caso tenha), gostos


e hábitos pessoais, expectativas, perspectivas, imagem que deseja passar
(principalmente no caso de contratantes Pessoa Jurídica).

4 – Prazos de entrega: datas para entrega do projeto, início e finalização da obra.

5 – Orçamento disponível: quanto o cliente deseja gastar com esta obra.


6 – Desempenho: importante prever possíveis exigências quanto ao conforto térmico e
acústico, sustentabilidade e performance em algum quesito peculiar. Obs.: Na hora de
especificar materiais, importante sempre observar os padrões exigidos pela Norma de
Desempenho. A quem possa interessar, NESTE LINK disponibilizado pela Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), é possível baixar um guia orientativo
sobre a NBR 15575.

Estudo Preliminar

Na grande maioria das vezes, o seu primeiro Estudo Preliminar apresentado não é
aprovado de cara pelo cliente. Na verdade, a apresentação dele serve como uma segunda
etapa no processo de briefing, sendo também um momento crucial no processo de
concepção do projeto.

É nessa hora que você vai poder identificar possíveis pontos cegos do seu briefing (que
sempre existem). Você deverá analisar o que agradou e o que não agradou o cliente,
além de outros aspectos que vão lhe permitir aprimorar e refinar o projeto. A arte está
em conseguir entrar em sintonia com o cliente e até mesmo ultrapassar as suas
expectativas.

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