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Belo Horizonte, ...... de maio de 2010.

Prezado(a) senhor(a),

Sou estudante e tenho 20 anos. Alguns meses atrás, ao pegar um ônibus de Belo
Horizonte para Contagem (linha 2190-1: Contagem - Água Branca/Belo Horizonte),
muito me surpreendeu ao ver que nele não existia o trocador. O motorista que
assumia tal papel. É comum isso em microônibus, mas em ônibus eu nunca havia
visto. É sabido que a maioria das pessoas, hoje, usa cartão para pagar a passagem,
mas ainda muitas utilizam dinheiro. E nesse dia, eu era uma delas.

Ao entrar no ônibus, logo me avisaram que era o motorista quem controlava a


entrada dos passageiros. Então lhe entreguei o dinheiro e assustei-me ao ver que o
veiculo já se encontrava em movimento. Além de ter que prestar atenção no trânsito,
estava recebendo as minhas moedas, depois teve que conferi-las para pegar e
entregar-me o troco. Vale lembrar que nesse intervalo de tempo, ele dirigia apenas
com uma das mãos e tirou os olhos da via diversas vezes (e isso não foi
exclusividade apenas desse dia. Todas as vezes que voltei a Contagem de ônibus, a
cena se repetiu).

Vários dos conhecimentos que aprendi nas aulas obrigatórias de legislação na auto-
escola é que a maior parte dos acidentes de trânsito são causados por falha dos
próprios motoristas e que o condutor deve ter uma atenção difusa e não dispersiva.
Essa medida de dar ao motorista também a função do trocador me parece ir em
desacordo com o que é ensinado nas auto-escolas e com o que está escrito no
Manual do Motorista, especificamente no capítulo de Direção Defensiva.

Ao voltar para casa, peguei o ônibus (linha 2200-1: Contagem – Darcy Vargas/Belo
Horizonte), mas com direção Contagem - Belo Horizonte. Paramos na Av.
Amazonas, num ponto que uma cadeirante queria subir. O motorista deixou o
volante, saiu do ônibus para colocar a garotinha para dentro, e ao perceber que
onde havia parado não dava altura para ela subir, ele voltou ao volante, andou
alguns metros, saiu novamente, e foi para a parte de trás para poder acomodá-la (O
motorista, a propósito, foi muito paciente e amável com a menininha e demonstrou
total capacidade quanto ao manuseio do equipamento existente no ônibus, próprio
para os deficientes físicos). Claro que não é sempre que entra um cadeirante, mas
quando isso ocorre, nesse tipo de sistema, sobrecarrega o motorista.

O motorista não tem condições de dirigir com as devidas margens de segurança que
o nosso transito exige, receber e contar o dinheiro dos passageiros, devolver-lhes o
troco, controlar a roleta (catraca) e quando ocorrer um caso de entrar uma pessoa
com necessidades especiais, ter que abandonar o seu posto, deixando o dinheiro
totalmente descuidado.

Eu, como uma cidadã muito curiosa e preocupada com o rumo do transito rodoviário
na região Metropolitana de Belo Horizonte, pediria que vocês me esclarecessem o
porque do corte da figura do trocador. Imagino que essa medida seja uma forma de
contenção de despesa, mas me senti lesada por me ver numa situação de falta de
segurança dentro de um transporte público, onde é fundamental que o motorista não
perca a sua atenção.

Desde já, agradeço sua atenção,

Atenciosamente

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Mirene ...........

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