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TOXICOLOGIA FORENSE

Aula do Dr. Hélder

Alcoolismo
Para quem tem o hábito de beber, tudo é uma desculpa para beber ."Se aconteceu algo
de bom, bebe pra comemorar; se aconteceu algo de ruim, bebe pra esquecer; e se não
aconteceu nada, bebe pra acontecer alguma coisa". A chamada doença do 'alcoolismo'
consiste no desenvolvimento da dependência psíquica e orgânica no álcool e passa por 5 fases:

1. Negação - Nega estar se tornando dependente; alega beber por sentir prazer e
ser capaz de parar quando bem entender.
2. Admissão - Admite que bebe e precisa mesmo da droga, e começa a
desenvolver as síndromes de abstinência, como o chamado delirium tremens
(Ex: pessoa acorda de manhã tremendo, toma uma dose e imediatamente pára -
efeito psicológico).
3. Irritabilidade - Associada à desnutrição, principalmente a proteica. A pessoa vai
se tornando cada vez mais desagradável e acaba afastando amigos e parentes,
levando ao...
4. Delírio de ciúmes - O dependente se ressente desse afastamento, e
particularmente tende a interpretar o afastamento do(a) cônjuge como traição;
o mesmo déficit proteico que causou a irritabilidade também contribui
diretamente para isto através da diminuição do desempenho e do apetite
sexuais.
5. Alucinações - A fase final da 'doença do alcoolismo'. O dependente começa a ter
delírios que podem ser auditivos e/ou visuais. Ele pode, por exemplo, começar a
'ouvir vozes' - "delírio da terceira voz", que fica "falando" com o dependente: "Ei,
mata ela...", "mata ela, vai..."). Podem evoluir para franca demência do SNC.

Drogas ilícitas
A droga ilícita mais popular que tinha antigamente era a cocaína, daí vieram os cigarros
de maconha - ressaltando-se o problema da dependência na maconha como trampolim para
drogas mais pesadas.

A restrição burocrática pela Polícia Federal da venda de ácido próprio pra purificar
drogas levou à dificuldade de acesso comercial ao mesmo, daí outras substâncias ácidas
contendo produtos químicos diversos - como ácido de bateria e solução ácida pra lavar piso -
vieram sendo usadas no lugar, e tudo isso foi e vem sendo consumido cada vez mais junto com
as drogas.

Outra gambiarra similar é misturar pó de giz ou vidro moído com pó de cocaína pra
'render mais'. Esses corpos estranhos adentram o sistema respiratório, causam perda dos cílios
e de suas funções causando retenção de secreções e dos corpos estranhos, que continuam
causando agressão tecidual extensa e subsequentes:

 fibrose, que restringe a expansibilidade pulmonar, promovendo o


desenvolvimento de pneumonias;
 metaplasia escamosa, que pode até evoluir para carcinoma escamocelular.

(O prof resumiu bastante essas próximas duas partes)

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Quanto a outras drogas inalantes, já se restringiu a venda de cola e gases para menores.

As drogas sintéticas - como o crack e o óxi - têm a vantagem da extrema facilidade de


produção sobre a maconha e a cocaína. Por isso estão se tornando cada vez mais drogas de
produção e tráfico urbanos.

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Existe a chamada 'morte por intoxicação': o usuário de drogas morre por mecanismo de
parada cardiorrespiratória por overdose - concentração excessiva de determinada substância
no corpo. O usuário de drogas, principalmente as ilícitas, não vai 'saber a hora de parar', vai
consumir o que puder.

(20 minutos de causos pra ilustrar o que já foi dito nessa aula e em aulas passadas...
tentei filtrar algumas informações novas - ou não - que podem vir a ser importantes)

 Uma pessoa totalmente embriagada pode até se afogar em poças d-água e no


próprio vômito (que pode ocorrer na overdose) ou sufocar no travesseiro, já que
a coordenação motora necessária para se livrar da obstrução às vias aéreas é
totalmente inibida.
 Caso de pessoa que morreu sufocada no colchão e com o próprio vômito, não
bebia e nem usava drogas - descobriu-se que o falecido tinha sofrido TCE e após
isso começou a ter ataques epilépticos, e estes levaram ao mecanismo de
sufocação. As lesões e escoriações que pareciam indicar histórico de violência
eram na verdade resultado dessas crises. Moral da história - nem sempre o que
parece é.

A maioria das drogas - inclusive todas as anteriores exceto o álcool - são inalatórias. As
drogas injetáveis são muito poucas; cita-se como exemplo a injeção letal. Os usuários dessas
drogas tendem a ter as principais veias do corpo e regiões adjacentes todas fibrosadas - a
própria droga faz flebite, a injeção faz infecção secundária, e muitas vezes o usuário tem a
dificuldade de 'acertar' o vaso quando já intoxicado.

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