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À esquerda o imenso convento do Sítio ou de Jesus, depois o das

Donas, depois o de S. Domingos, célebre pelo jazigo do nosso


Fausto português — seja dito sem irreverência à memória de S. Frei
Gil que, é verdade, veio a ser grande santo, mas que primeiro foi
grande bruxo. — em frente o antiquíssimo mosteiro das Claras, e ao
pé as baixas arcadas góticas de S. Francisco... de cujo último
guardião, o austero Frei Dinis, tanta coisa te contei, amigo leitor, e
tantas mais tenho ainda para te contar! À direita o grandioso edifício
filipino, perfeito exemplar da maciça e pedante arquitetura
reacionária do século dezassete, o Colégio, tipo largo e belo no seu
género, e quanto o seu género pode ser, das construções jesuíticas...
O Convento de Nossa Senhora de Jesus do Sítio e a respectiva igreja, igualmente conhecida como
Igreja do Hospital, situam-se em Santarém, na zona extra-muros da cidade. Este convento foi fundado
por D. Miguel de Castro, arcebispo de Lisboa, nos finais do século XVII, para albergar os frades da
Ordem Terceira de São Francisco
O Convento de São Domingos das Donas, também conhecido simplesmente como Convento das
Donas, situava-se na cidade de Santarém, na sua zona extramuros, junto da antiga Porta de São Manços
e do Convento do Sítio. Este estabelecimento monástico, fundado no século XIII, era um dos mais
antigos da cidade, tendo sido professado por freiras da ordem dominicana. O convento foi extinto no
final do século XIX, tornando-se então um quartel militar. Actualmente, o que resta do antigo edifício
conventual encontra-se ocupado pela polícia.
A Igreja de Santa Clara constitui um dos
monumentos mais emblemáticos do
gótico mendicante da cidade de
Santarém, situando-se na proximidade do
Convento de S. Francisco, outro
exemplar marcante deste estilo
arquitectónico. A igreja é a parte
remanescente do antigo convento das
clarissas, aqui estabelecido em 1264.
Actualmente, encontra-se rodeada por um
amplo espaço, onde antes se encontravam
as dependências conventuais, demolidas
no início do século XX, e nas quais se
incluía um claustro maneirista.
O Convento de São Francisco, em
Santarém, constitui um dos melhores
exemplares do gótico mendicante em
Portugal. O convento foi fundado em
1242 por D. Sancho II, aquando do
estabelecimento dos franciscanos na
cidade. A extinção das ordens
religiosas masculinas, em 1834, e o
incêndio de 1940 acabaram por levar
ao estado de degradação em que o
conjunto se encontra actualmente,
apesar de decorrer desde há alguns
anos uma profunda intervenção de
restauro.
Agora vamos à Alcáçova!
Entrámos a porta da antiga cidadela. — Que espantosa e desgraciosa confusão de
entulhos, de pedras, de montes de terra e caliça! Não há ruas, não há caminhos, é
um labirinto de ruínas feias e torpes. O nosso destino, a casa do nosso amigo é ao
pé mesmo da famosa e histórica igreja de Santa Maria da Alcáçova. — há de
custar a achar em tanta confusão.
A Torre das Cabaças, também conhecida simplesmente como Torre do Relógio, localiza-se na freguesia de
Marvila, cidade de Santarém, Concelho e Distrito de Santarém, em Portugal.A atual torre-relógio remonta
ao reinado de D. Manuel I (1495-1521), sendo datada de meados do século XV. Foi erguida a partir de uma
estrutura defensiva envolvente da Porta do Alporão, que se rasgava nas muralhas do Castelo de Santarém.
A Igreja de Santa Maria da Alcáçova situa-se no centro histórico de Santarém, junto das Portas do Sol. O
templo, que chegou a acolher uma colegiada, é um dos mais antigos da cidade, tendo sido fundado pelos
cavaleiros templários logo após a conquista aos mouros. A igreja-colegiada de Santa Maria da Alcáçova foi
fundada nos primeiros anos da segunda metade do século XII, após a conquista de Santarém pelas tropas de
D. Afonso Henriques.Entre os séculos XVI e XVIII, a igreja sofreu diversas campanhas de obras, que
acabaram por lhe ocultar as características arquitectónicas primitivas. No essencial, o aspecto actual do
templo é fruto das intervenções seiscentistas e setecentistas
As Portas do Sol são dois portões medievais monumentais erguidos nas paredes da velha cidadela, que
oferece as melhores vistas sobre o rio Tejo e toda a cidade de Santarém.
Chegámos à porta do Sol; sentámo-nos ali a gozar da majestosa vista. É majestosa mas
triste. A ribanceira que dali corta abaixo, até ao rio, é árida e quase calva: cobrem-na
apenas, como a mal povoada nuca de um velho, alguns tufos de verdura cinzenta e grisalha
de um arbusto rasteiro, meio frútex meio herbáceo que aqui chamam «salgadeira» e que a
tradição diz ter vindo de África para segurar a terra nestes taludes e precipícios. O aspeto e
hábito da planta é realmente africano e oriental, não tem nada de europeu. Mas esta
derradeira e ocidental parte da nossa Espanha é, geologicamente falando, já tão África, tão
pouco Europa, que não seria necessária a transplantação talvez; e porventura ficou esta
memória entre o povo do uso que os mouros faziam da planta para esse fim.
Esta porta do Sol dizem que é onde se faziam as execuções em tempos antigos. Foi bem
escolhido o sítio; não o há mais triste e melancólico. Ao pé está um torreão quadrado da
muralha que aí forma canto para seguir depois na direção de sul a norte. Deste lado as
fortificações e lanços de muro estão todos pouco estragados; e do mirante a que subimos,
pode-se formar perfeita ideia do que era uma antiga cidade murada.
Seria aqui, dizia eu comigo, que o nosso Fr. Dinis, de quem já tenho saudades — o velho
guardião de S. Francisco veio chorar o seu último treno sobre as ruínas da antiga
monarquia? Seria aqui neste lugar de desolação e melancolia que as suas derradeiras
lágrimas correram! Ele que já não chorava, acharia aqui quem desse aos seus olhos as
fontes de água que o coração lhe pedia para se desafogar dos pesares que o ralavam na
aridez e secura da sua desconsolada velhice?

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