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Reino de Benin

O Reino de Benin foi um dos mais poderosos da costa oeste da África, tendo
inclusive feito parte do tráfico de escravos negros entre os séculos XVI e XIX.
Publicado por: Cláudio Fernandes em Idade ModernaNenhum comentário



Selo nigeriano com imagem de uma máscara de madeira típica do reino de Benin *

Na costa oeste africana, na região onde atualmente se encontram países


como Costa do Marfim, Benin, Gana, Togo e Nigéria, alguns reinos
poderosos floresceram. Os exemplos mais notáveis são o Reino do
Congo e o Reinode Benin. Esses dois reinos desenvolveram-se na
região Sudoeste da cidade de Ifé – atual cidade de Lagos, na Nigéria. A
cidade de Ifé é considerada a “matriz”, ou a “cidade-mãe”, das
civilizações do oeste africano.
O Reino de Benin começou a ser formado entre os séculos XII e XIII. A
história de sua formação é articulada por um misto de investigações
arqueológicas e narrativas mitopoéticas, haja vista que os mitos
fundadores da tradição oral de Benin estão associados aos mitos
fundadores da cidade de Ifé. Conta-se que Ifé foi fundada por Odudua,
um orixá da criação, a mando do deus supremo, Olorum. Benin, por sua
vez, teria sido fundado por Oraniã, orixá das profundezas da Terra, filho
de Odudua.
A lenda sobre Oraniã ainda faz referência a um suposto filho que ele
teve, Eweka, que teria sido o primeiro rei, ou obá, de Benin. O fato é que
o Reino de Benin contou, ao longo de sua trajetória, com poderosos
obás. No século XV, um desses obás, Ewuare, promoveu intensas
reformas no reino, transformando Benin em uma grandiosa potência
subsaariana. Data dessa época o relato do contato de navegantes
europeus, sobretudo ibéricos e holandeses, com o Reino de Benin.
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Um desses navegantes foi o português João Afonso Aveiro, que partiu


de Portugal em 1485 e deparou-se com a efervescência de Benin no ano
seguinte. João Afonso, à época, regressou a Portugal acompanhado de
um representante do obá de Benin. Esse representante, notavelmente
culto, foi um dos promotores da articulação econômica, que se tornou
intensa nos séculos seguintes, entre o reino de Benin e a monarquia
portuguesa. Os principais produtos comercializados por Benin eram
pimenta, marfim, tecidos, peças artísticas feitas em bronze e cobre e,
principalmente, escravos.
Portugal foi um dos maiores compradores dos escravos vendidos em
Benin, que, por sua vez, importava escravos de outras regiões da África,
sobretudo do Norte, que era controlado por muçulmanos, para revendê-
los aos europeus. Desse modo, o tráfico negreiro foi uma das atividades
mais lucrativas para Benin. A estrutura desse reino só foi desmontada
definitivamente no século XIX, quando o processo neocolonialista
europeu e a Partilha da África tiveram início.

* Créditos da imagem: Shutterstock e Neftali

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