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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


ACÓRDÃO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
REGISTRADO(A) SOB N°

llllllllllllllllllllllllllllllll
À> "01003876*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL SEM REVISÃO n° 542.190-5/7-00, da Comarca de

TAUBATÉ, em que é apelante ANTÔNIO CARLOS SALLES sendo

apelado INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL:

ACORDAM, em Décima Sexta Câmara de Direito Público

do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "REJEITARAM A PRELIMINAR, O VOTO REPUTA

RENUNCIADO O AGRAVO RETIDO DE FLS. 101/102 E NEGARAM

PROVIMENTO AO RECURSO, V. U.", de conformidade com o voto do

Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores LUIZ DE LORENZI (Presidente), VALDECIR JOSÉ

DO NASCIMENTO.

São Paulo, 25
M.0

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
16a Câmara de Direito Público
Apelação sem Revisão n° 801.314-0/8

Apte: Antônio Carlos Salles


Apdo: Instituto Nacional do Seguro Social

Voto n.° 25

EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO • LER - AUSÊNCIA


DE INCAPACIDADE LABORATIVA - AMPARO NEGADO.
Descabido o amparo infortunístico a segurado que não
padeça de incapacitação laborativa.

Cuida-se de ação acidentaria proposta por ponteador


oficial, aduzindo ter sido vítima das condições agressivas de trabalho, que
lhe acarretaram LER, comprometendo-lhe a capacitação laborativa.
A ação foi julgada improcedente (fls. 108/109).
Sustenta, o autor, preliminarmente, a nulidade da r.
sentença, vez que o juiz "a quo" julgou o processo sem audiência de
instrução, subtraindo a oportunidade de produzir prova testemunhai,
acarretando, desta forma, cerceamento de defesa. Ainda, em preliminar, que
a vistoria realizada pelo perito, deixou de descrever como era sua função,
afirmando, outrossim, que o laudo pericial é contraditório. No mérito, alega
que restaram comprovados a incapacidade laborativa e o nexo causai (fls.
115/124).
Recurso processado e contra-arrazoado (fls. 126/131).
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O Ministério Público, em primeira instância, deixou de


se manifestar e, em segunda, opinou pelo improvimento do recurso (fls. 132
e 139/140).
Agravo retido às fls. 101/102.

É o relatório.

À falta de reiteração, é de ser tido como renunciado o


agravo retido de fls. 101/102 (art. 523, § 1 o do Código de Processo Civil).
Rebate-se, por primeiro, a preliminar suscitada pelo
recorrente, de que houve cerceio de defesa, porquanto não realizada a
audiência de instrução, subtraindo, assim, a produção de prova testemunhai.
É desnecessária a realização de prova testemunhai,
uma vez que a questão dependia apenas de conhecimentos especializados.
Afora isso, nas ações que têm o rito sumário, como a
presente, somente terá lugar a produção de prova oral, quando o juiz
verificar não ser caso de julgamento antecipado da lide (art. 330 do CPC). É
o que soa o § 2o, do art. 278 do Código de rito.
No caso em tela, o julgador monocrático entendeu
dispensável a produção de prova testemunhai, dando-se por satisfeito com
aquela, de natureza técnica, existente nos autos.
E lícito lhe era assim proceder, na medida em que,
sendo ele o destinatário da prova, incumbia-lhe, com base no permissivo do
art. 130 do CPC, aferir sobre a conveniência de outras provas, necessárias à
formação do seu convencimento.
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\ Também não se há falar em nova vistoria, por ser


i contraditória e, ademais, porque deixou o jurisperito de descrever a função
2 exercida pelo segurado.
oi Ora, de nada resolveria a realização de nova vistoria,
l
O pois, como já se disse, a perícia judicial afastou a indenização, por não
O apresentar o obreiro, incapacidade laborativa.
De outro modo, o laudo judicial foi preciso e bem
fundamentado e, se dúvidas houvesse, deveria o apelante ter providenciado
assistente técnico para impugná-lo.
Portais razões, afastam-se as prejudiciais.
No mérito, melhor sorte não colhe o inconformismo.
Com efeito, reclamando padecer de LER, o segurado
veio a Juízo buscar amparo infortunístico, sustentando a natureza
incapacitante da doença.
Ocorre, porém, que a perícia foi negativa com relação à
reclamada tenossinovite.
A prova médico-judicial, após realização de exame
físico, constatou "Membros Superiores: 1- pele e anexo normais; 2 - sem
atrofias com pequena cicatriz em punho D de aprox. 3 cm; 3 - movimentação
ativa normal bilateralmente; 4 - movimentação passiva normal
bilateralmente; 5 - força muscular: cotovelo D: flexão (biceps) normal,
extensão (tríceps) normal; cotovelo E: flexão (biceps) normal, extensão
(tríceps) normal; punho D: flexão normal, extensão normal, desvio radial
normal e desvio ulnar normal; punho E: flexão normal, extensão normal,
desvio radial normal, desvio ulnar normal; dedos: flexores superficiais D
normal E normal, flexores profundos D normal e E normal 6- pesquisa
interósseos dorsais: D normal E normal; 7 - Manobra Froment D normal; E
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normal; 8 - contra resistência da flexão punho D normal E normal; contra


resistência da extensão do punho D normal E normal; contra resistência a
supinação cotovelo D normal E normal; contra resistência a pronação
cotovelo D normal E normal; 9 - Sensibilidade braço D normal E normal
Antebraço D normal E normal n. mediano - face palmar 1o, 2°, 3o e metade
4o dedos D normal E normal n. ulnar - metade ulnar (palmar e dorsal) da
mão e todo 5o dedo D normal E normal 10 - Reflexos profundos biciptal
normal bilateralmente triciptal normal bilateralmente; 11 Testes especiais
Tinel; D negativo E negativo; Phalen D negativo E negativo, Finkelstein D
negativo E negativo Teste de Cozen para epicondilite lateral - negativo
bilateralmente" (cf. fís. 72/74).
A vistoria realizada no local de trabalho revelou que: "o
Autor trabalhava em posturas ergonômicas desfavoráveis aos membros
superiores, pela seqüela de movimentos ao longo da jornada, como
elevação e rotação do ombro; pronação e supinação das mãos, compressão
digital e movimentos de extensão e flexão dos cotovelos, mãos, punhos e
coluna, porém essas posturas são diversificadas e alternadas não
caracterizando repetitividade de um único padrão de movimentoL mas sim de
um ciclo repetitivo ao longo da jornada e devem-se considerar ainda os
revezamentos de funções e espaçamentos de tempo entre as operações
próprias da função e que se enquadram dentre os parâmetros estabelecidos
pela redação do item 17.6, sub-itens; 17.6.2 e 17.6.3.b da NR-17 -
ERGONOMIA - Portaria 3214/78"'(cf. fl. 75).
Para mais adiante concluir o "expert" do juízo que: "o
Autor foi portador de Síndrome do túnel do carpo direita, operado e curado,
sem seqüelas, que na época guardava nexo com trabalho, e não há
diminuição de capacidade laborativa atual, portanto, NÃO PODEMOS

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ACONSELHAR SUA CLASSIFICAÇÃO NA LEI ACIDENTARIA VIGENTE"


(cf. fl. 75/76).
Dessa forma, observa-se que a conclusão do laudo
pericial foi precisa em afirmar a inexistência de incapacidade laborativa, não
havendo que se cogitar em reparação infortunística.
Assim entendido, de rigor seja mantida a r. decisão
monocrática que, à luz das provas carreadas para os autos, dirimiu a lide
com acerto.

Ante o exposto, rejeitada^ as preliminares, o voto


reputa renunciado o agravo retido de fls. 10l/l02 e nega provimento ao
recurso.

Oswaldo Ceca/a
^—-Oesémbárgador
—^--'-—• Relator
é-
!

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