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Métodos de abordagem - bases lógicas da investigação

É o conjunto de procedimentos ou técnicas utilizados para a investigação de um


fenômeno ou para se chegar à verdade. Dependendo do tipo de raciocínio
utilizado, usa-se um desses tipos: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo,
dialético e fenomenológico.

Método dedutivo:
O método dedutivo é um método que utiliza do conhecimento geral obtido
através de princípios, leis ou teorias reconhecidas como verdadeiras para se
obter um conhecimento particular.
A partir de duas premissas consideradas verdadeiras, obtém-se uma
conclusão retirada do raciocínio lógico, que gera o método particular.
Um método que encontra muita dificuldade para ser implementado na
ciências sociais, pois não existe lei que caracteriza definitivamente um
determinado fato como verdadeiro, diferente da Matemática e Física onde tais
fatos podem ser comprovados.
Por se tratar de um conhecimento prévio que não pode ser colocado em
dúvida, muitos relacionam o método dedutivo a posições dogmáticas adotas
pelos teólogos.

Método indutivo:
É o caminho inverso do dedutivo. Parte-se do raciocínio particular para
chegar a uma conclusão geral. O método indutivo possui a característica de fazer
observações particulares e a partir delas gerar um entendimento mais amplo.
A maior objeção encontrada neste método é quando não se consegui
fazer análise de todo universo da pesquisa, não sendo possível portanto a
comprovação dos fatos e do conhecimento geral obtido, pois pode existir uma
ocorrência que defere das observações anteriores e levará a mudança da
sabedoria.

Método hipotético-dedutivo:
O método hipotético-dedutivo busca unir os dois anteriores,
acrescentando a racionalização do método dedutivo à experimentação do
método indutivo. Esse método é um raciocínio que trabalha com afirmações que
são hipóteses, que serão verificadas posteriormente. Parte de considerações
gerais, para chegar a uma conclusão particular. Suas conclusões são baseadas
em fatos supostos, que não darão uma veracidade a conclusão, mais sim uma
possibilidade.
Após a eleição dessas hipóteses, busca-se o falseamento delas, a fim de
comprovar sua sustentabilidade. O método encerra-se com a comprovação das
hipóteses caso sejam refutadas, as hipóteses deverão ser refeitas.

Método Dialético:
O Método Dialético investiga a realidade pelo estudo da sua ação
recíproca, da contradição de fenômeno e da mudança que ocorre na natureza e
na sociedade. Não se limita a apenas questões ideológicas, geradoras de
polemicas. De forma geral, esse método opõe-se a todo conhecimento rígido:
tudo é visto em mudança constante, pois há algo que sempre surge e se
desenvolve, e algo desagrega e se transforma.
Mas há também outra forma de entender o método dialético, que disciplina
a construção de conceitos para diferenciar os objetos, e examiná-los, com rigor
científico. Dessa forma, aquilo que se coloca perante o pesquisador como
verdade deve ser contraditado, confrontado com outras realidades e teorias para
se obter uma conclusão, uma nova teoria.
Note-se que a partir desse método, o objeto é proposto para se superar
mediante a proposição de uma antítese, originando um resultado distinto. É a
partir dessa permanente superação que podemos afirmar que o método dialético
é um método de movimento.

Método Fenomenológico:
O Método Fenomenológico se limita apenas com o dado, o fenômeno, não
leva em conta sua natureza real ou fictícia. Visa somente os aspectos essenciais
e internos do fenômeno, sem lançar mão de deduções e empirismos.

Métodos de procedimentos – meios técnicos de investigação

Os métodos de procedimento constituem etapas mais concretas da


pesquisa, explicando objetos menos abstratos. Ao contrário dos métodos de
abordagem, estes tem caráter específicos, e relacionam-se não com o plano
geral do trabalho, mas sim com suas etapas especificas. Estes não são
exclusivos entre si, e devem ser adequados a cada área de pesquisa. São eles:
experimental, comparativo, estatístico, histórico, observacional, monográfico e
clínico.
Método experimental
O método experimental é um método fundado na experiência. Seu objeto
é controlado para se atingir resultados pretendidos. Dessa forma, o objeto é
colocado sob condições ideais, reproduzidas em laboratórios ou não,
selecionando-se as hipóteses a serem verificadas. No geral as técnicas na
experimentação é o determinismo: nas mesmas circunstancias, as mesmas
causas produzem os mesmos efeitos. Regras para a experimentação: alargar a
experiência; variar a experiência; inverter a experiência e recorrer aos casos da
experiência.

Método comparativo
Realiza comparações, a fim de verificar semelhanças e explicar
divergências. Suas comparações podem ser feitas com grupos no presente e no
passado, ou entre existentes no presente e no passado, quanto para relacionar
sociedades de iguais níveis, ou de estágios de desenvolvimento diversos.
Exemplo: pesquisa sobre a sociedade europeia no século XVIII e a sociedade
brasileira na mesma época. O método comparativo consiste no confronto entre
elementos, levando em consideração seus atributos. Promove o exame dos
dados a fim de obter diferenças ou semelhanças que possam ser constatadas,
e as devidas relações entre as duas.

Método estatístico
Baseia-se a utilização da teoria das estatísticas das probabilidades. As
conclusões obtidas apresentam grande veracidade, embora admitam margem
de erros. Os dados estatísticos possibilitam a comprovação das relações entre
fenômenos, e obter respostas sobre sua natureza, ocorrência e significado.
Exemplo: pesquisa sobre o número de jovens e entram num curso superior e os
que concluem o mesmo.
O método estatístico é empregado nas pesquisas quantitativas, uma vez
que trata de elementos de caráter matemático. Pretende fornecer uma base
concreta e segura das informações a serem analisadas. Terá gráficos e
apresentações analíticas das tendências características dos fenômenos
pesquisados.

Método histórico
O método histórico coloca os dados da pesquisa sob uma perspectiva
histórica. Isso pode ocorrer de três formas: comparar o conjunto dos elementos
que existe hoje com suas origens históricas; comparar formações anteriores que
eram precursoras do que há na atualidade e acompanhar a evolução do objeto
pesquisado pela história.
Parte da investigação de acontecimentos, processo e instituições no
passado, para verificar se há alguma influência na sociedade atual. Para
compreender melhor a função e natureza de instituições, costumes e forma de
vida social, é importante pesquisar suas origens e raízes do passado. Exemplo:
para descobrir e entender as causas da crise mundial é necessário pesquisar
fatores que a influenciaram no passado.

Método observacional

É a busca deliberada, levada a efeito com cautela e predeterminação, em


contraste com as percepções do senso comum.

O objetivo da observação naturalmente pressupõe poder captar com


precisão os aspectos essenciais e acidentais de um fenômeno do contexto
empírico. A literatura costuma denominar esses aspectos, dentro das Ciências
Sociais, de "fatos"; o produto de um ato observado e registrado é denominado
"dado".

A observação, uma das atividades mais comuns do dia-a-dia, não deve


ser confundida com a observação como o método. No primeiro caso, o
significado radical da palavra é simplesmente ver. Neste caso, o objeto, embora
visto, poderia ser notado, sendo apenas um produto da mente do observador. A
simples observação não seria capaz de reformular, testar, ou encontrar
explicação para falsas concepções. No segundo caso, o observador deve reunir
certas condições, entre as quais dispor dos órgãos sensoriais em perfeito estado,
de um bom preparo intelectual, aliado à sagacidade, curiosidade, persistência,
perseverança, paciência e a um grau elevado de humildade. Os fatos devem ser
observados com paixão e energia incansáveis na procura da certeza de uma
atitude autocorretiva e também de atitudes éticas.

Método monográfico

Esse método é caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada em


consideração principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto
investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o estudo é
intensivo, pode até fazer aparecer relações que de outra forma não seriam
descobertas.

O direcionamento deste método é dado na obtenção de descrição e


compreensão completas das relações dos fatores em cada caso, sem contar o
número de casos envolvidos. Conforme o objetivo da investigação, o número de
casos pode ser reduzido a um elemento "caso" ou abranger inúmeros elementos
como grupos, subgrupos, empresas, comunidades, instituições etc. Às vezes,
uma análise detalhada desses casos selecionados pode contribuir para a
obtenção de ideias sobre possíveis relações.

Para melhor entendimento, convém mencionar que a literatura


metodológica diz que quando são investigados um ou mais casos, cada caso
isolado é geralmente denominado de "caso", e o procedimento da apreciação,
sem levar em consideração o número de casos, é denominado de método do
caso.

Além de ser importante para detectar novas relações, em alguns estudos


pode ser auxiliado através da formulação de hipóteses e com o apoio da
estatística, e ainda, como auxiliares, podem ser usados o formulário ou a
entrevista e, em casos excepcionais, o questionário como instrumentos de
pesquisa.

Sua principal função é a explicação sistemática das coisas (fatos) que


ocorrem no contexto social, que geralmente se relacionam com uma
multiplicidade de variáveis. Quando assim ocorre, os dados devem ser
representados sob a forma de tabelas, quadros, gráficos estatísticos e através
de uma análise descritiva que os caracterizam.

Método clínico

O método clínico (chamado, por vezes, “estudo de casos”) inspira-se de


certo modo na teoria psicanalítica, que salientava a importância de compreender
a história singular de cada pessoa. Os partidários deste método entendem que
uma pessoa e o seu funcionamento psicológico são um caso singular que só
pode ser compreendido se estudado de uma forma personalizada e detalhada.
O método clínico é um conjunto de metodologias diversificadas,
privilegiadamente de índole qualitativa, que pretendem estudar em profundidade
um indivíduo, assunto ou problema. Surge como reação ao método
experimental, o método clínico visa a compreensão global do sujeito tendo em
conta a sua personalidade como um todo. Freud e Piaget utilizaram este método
nas suas investigações.

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