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1. INTRODUÇÃO
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Os dados são da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que realizou um estudo
para avaliar o impacto da paralisação dos caminhoneiros, o qual está disponível no sítio eletrônico:
http://www.fazenda.gov.br/noticias/2018/junho/greve-dos-caminhoneiros-impacta-a-economia-em-cerca-
de-r-15-9-bilhoes
A Lei Federal nº 13.670/18, que foi sancionada pelo Presidente da República,
além de promover a reoneração da folha de pagamento para mais de vinte e oito setores
de produção, provocou uma relevante modificação no regime de compensação de
créditos tributários federais, pois suprimiu o direito dos contribuintes de se utilizarem de
créditos, que, eventualmente, tenham a seu favor, quando estes tiverem por objetivo a
compensação de débitos oriundos dos recolhimentos mensais por estimativa, no regime
de apuração do IRPJ pelo Lucro Real.
2
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 17ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2010. p. 379
3
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 17ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2010. p. 407
Mundial, e, hoje, é um tributo adotado, praticamente, em todo o mundo, à exceção de
alguns países considerados “paraísos fiscais”4.
4
Sobre os ditos “paraísos fiscais” é interessante fazer uma consulta à Instrução Normativa nº 1.037/10,
da RFB, que apresenta uma extensa relação de países com este perfil, a qual está disponível no sítio
eletrônico: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=16002
5
Para uma interessante e didática exposição cronológica do Imposto de Renda, no Brasil, acesse o sítio
eletrônico da Receita Federal, no link:
http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda/cronologia-do-imposto-de
-renda
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A íntegra da carta constitucional de 1934 está disponível no sítio eletrônico:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1930-1939/constituicao-1934-16-julho-1934-365196-publicac
aooriginal-1-pl.html
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Disponível a íntegra da IN RFB 1700/2017 no sítio eletrônico:
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=81268
finalidade é eminentemente fiscal, sendo, inclusive, uma das maiores fontes de
arrecadação8 dentre os impostos de competência desse ente da Federação.
10
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 32ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 320.
da Pessoa Física, pois tal mudança somente ocorreu com o advento da Lei Federal nº
9.249/95.
Quanto aos contribuintes do tributo, serão eles as pessoas físicas ou jurídicas que
adquirirem disponibilidade econômica ou jurídica de rendas e/ou proventos de qualquer
natureza. Consigne-se, neste ponto, que há, ainda, na legislação do Imposto de Renda,
as pessoas jurídicas por equiparação e que o fato de tais entes não estarem regularmente
constituídos não tem o condão de elidir a imposição tributária, nos termos do art. 126,
III, do CTN.
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OLIVEIRA, Luciana Gualda. A elisão fiscal decorrente do planejamento fiscal: treaty shopping.
Revista do Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília. Edição nº 1, 2009.
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rvmd/article/download/2573/1566
tem por obrigação efetuar a retenção do tributo por ser a fonte pagadora dos
rendimentos. Neste caso, ainda que não tenha havido a efetiva retenção, de forma
intencional ou não, responderá a fonte pelo imposto devido.
O Imposto de Renda das Pessoas Físicas tem como base de cálculo o rendimento
bruto do contribuinte, ao qual se chega a partir da soma de todos os valores que foram
por ele auferidos no ano-calendário. Ao final do exercício de competência do tributo, o
contribuinte apresentará ao Fisco uma declaração de ajuste, por meio da qual informará
a renda auferida no ano-calendário e fará as deduções que lhe são autorizadas pela
legislação, inclusive, eventuais retenções que tenham sido realizadas na fonte. Da
operação de ajuste, poderá resultar a necessidade de recolhimento de tributo ou haverá
uma restituição a receber.
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Existem severas críticas sobre a forma como a técnica da progressividade de alíquotas é utilizada no
IRPF. Para muitos autores, a sistemática não tem o condão de consagrar a justiça fiscal, pois se trataria,
em verdade, de uma pseudo-progressividade.
2.5.5.2. Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas
A alíquota básica do IRPJ é de 15% (quinze por cento), havendo, ainda, uma
parcela adicional a ser paga pelo contribuinte sobre os valores que, eventualmente,
ultrapassarem R$ 20.000,00 (vinte mil reais), no regime de apuração anual com
pagamento por estimativa, ou acima de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), no regime de
apuração trimestral, cuja alíquota é de 10% (dez por cento), consoante a previsão
constante dos arts. 541 e 542 do RIR/1999.
De forma bastante singela, pode-se dizer que, do ponto de vista contábil,
efetua-se a contabilização das receitas do contribuinte, das quais serão subtraídas as
despesas e os custos de suas operações, para chegar-se ao seu lucro bruto.
Posteriormente, sobre o lucro bruto, faz-se as adições, exclusões e compensações
autorizadas pela legislação, a fim de que se chegue, então, ao lucro líquido, o qual será a
base de cálculo do IRPJ.
Note-se, por fim, que, no caso do IRPJ, a existência de alíquotas fixas aplicáveis
ao tributo tem como consequência a consagração da técnica da proporcionalidade e não
da progressividade, o que, evidentemente, vai de encontro ao comando estabelecido no
art. 153, § 2º, I, da Constituição da República. A exceção fica por conta do regime de
apuração do Simples Nacional, que contém alíquotas progressivas.
O recolhimento do tributo deverá ser realizado em quota única, até o último dia
útil do mês subsequente ao período de apuração, ou em até 3 (três) parcelas, que serão
corrigidas pela taxa SELIC. Na hipótese de fracionamento, existem limitações quanto
aos valores mínimos das parcelas.
Por derradeiro, é importante chamar a atenção para o fato de que, neste regime
de apuração do IRPJ, na hipótese de existirem prejuízos, a compensação com eventuais
resultados positivos apurados ao longo dos trimestres do ano deverá obedecer a
limitação de até 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado.
O contribuinte poderá optar, até o último dia útil do mês de fevereiro, pelo
regime de apuração anual com recolhimentos mensais por estimativa. A opção será
irretratável para todo o ano-calendário e se perfaz mediante o recolhimento, pelo
contribuinte, da estimativa de imposto devida no mês de janeiro.
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SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao
Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 6ed. rev. atual. São Paulo:
Saraiva, 2018.
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STJ, AgRg no REsp 331.323/RJ, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, Rel. p/ ac. Min. José Delgado, j. em
26/11/2002, m. v., DJ de 10/3/2003
15
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Processo Tributário. 9ed. São Paulo: Atlas, 2018. p. 201.
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Por outro lado, há um rol de limitações ao regime de compensação tributária,
que foi estabelecido pelo § 3º, do art. 74, da Lei 9.430/96, com o objetivo de abarcar
situações em que será vedada a realização da compensação tributária pelo sujeito
passivo. Mais recentemente, foi editada a Lei nº 13.670/18 que ampliou as referidas
restrições, para nela fazer incluir a impossibilidade de compensação tributária em
relação aos débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do IRPJ e CSLL.
§ 3º.......................................................................................................................................
V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a
compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera
administrativa;
.............................................................................” (NR)
Com a modificação, suprimiu-se, portanto, o direito dos contribuintes de se
utilizarem de créditos, que, eventualmente, tenham a seu favor, quando estes tiverem
por objetivo a compensação de débitos oriundos dos recolhimentos mensais por
estimativa, no regime de apuração do IRPJ e CSLL pelo Lucro Real.
A mudança, que fora promovida à toque de caixa pelo Governo, com o objetivo
de minimizar os impactos fiscais decorrentes das concessões que foram dadas aos
caminhoneiros, após o movimento grevista que parou o Brasil, entre os dias 21/05/18 e
02/06/18, padece de graves inconstitucionalidades.
Como se não bastasse, houve a criação de situações não isonômicas que afligem,
portanto, a isonomia tributária (art. 150, II, CR), já que os contribuintes que optarem, no
início do ano-calendário, por outro regime de apuração do IRPJ, não terão que suportar
alterações repentinas na sistemática escolhida, o que pode resultar, ainda, em prejuízo à
livre concorrência (art. 170, IV, CR).
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ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre permanência, mudança e realização no direito
tributário. 2ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2012. p.
Por fim, há violação à anterioridade tributária (art. 150, II, b, CR), já que a
modificação introduzida pela Lei Federal nº 13.670/18 entrou em vigor no exercício em
curso, e implicará, efetivamente, na majoração de tributos, ainda que de forma indireta,
pois os contribuintes terão a necessidade de realizar um desencaixe financeiro para fazer
face aos recolhimentos mensais por estimativa, ainda que tenham créditos que, outrora,
poderiam ser utilizados para a compensação.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por derradeiro, após uma análise mais detida das modificações introduzidas pela
Lei Federal nº 13.670/18, concluiu-se pela inconstitucionalidade da supressão, no curso
do exercício da competência fiscal, do direito dos contribuintes de realizarem a
compensação tributária em relação aos débitos oriundos dos recolhimentos mensais por
estimativa, no regime de apuração do IRPJ pelo Lucro Real, já que tal expediente feriu
de morte os princípios mais comezinhos da Constituição da República.
REFERÊNCIAS
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre permanência, mudança e realização no
direito tributário. 2ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2012.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 8ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2010.
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 17ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Forense, 2010.
CARNEIRO, Cláudio. Impostos Federais, Estaduais e Municipais. 4ed. São Paulo,
Saraiva, 2016.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 24ed. São
Paulo: Malheiros, 2008.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 32ed. São Paulo: Malheiros,
2011.
MACHADO, Hugo de Brito. Os princípios jurídicos da tributação na Constituição de
1988. 5ed. São Paulo: Dialética, 2004.
OLIVEIRA, Luciana Gualda. A elisão fiscal decorrente do planejamento fiscal: treaty
shopping. Revista do Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília. Edição
nº 1, 2009.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário: Completo. 8ed. rev. atual. São Paulo:
Saraiva, 2017.
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 12a ed. Porto Alegre:
Livraria do advogado, 2014
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à
Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e
116/2003. 6ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2018.
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Processo Tributário. 9ed. São Paulo: Atlas, 2018
SILVA, Virgílio Afonso da. Direitos fundamentais: conteúdo essencial, restrições e
eficácia. 1. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 17ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2010.