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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Disciplina: Teoria das Relações Internacionais 2

Prof.º Henrique Menezes

Aluna: Dâmaris Antunes Gonçalves Matrícula: 11406457

Maysa Furtado Farias Matrícula: 11406463

Estudo comparativo

O texto de Chris Achen, publicado no blog “The Politican Methodologist”, trás a questão da
diversidade para a ciência política. O autor chama a atenção para o estereótipo do cientista político,
pois uma vez que essa área do conhecimento é predominada por homens de características similares,
envolvidos em um mesmo contexto social há um perda substancial da variedade do conhecimento. E
essa variedade é de extrema importância, visto que a sociedade é composta por diferentes indivíduos
que pensam de forma diferente e que estão inseridos em distintos contextos sociais. Assim, Achen
aponta que os indivíduos tem diferentes capacidades e elas se contrabalanceiam no desenvolvimento
do conhecimento. Portanto, quanto maior for a variedade de pensadores (física e intelectualmente)
maior será as chances de se produzir um conhecimento abrangente e mais verossímil.

Quando Fred Halliday afirma que os fatos não são suficientes, isso acaba implicando que se
faz necessária a seleção de fatos significativos, dependentes então da escolha do estudioso. Com isso
há uma perda da variedade do conhecimento, pois ao selecionar certos fatos em detrimento de outros
o estudioso está levando em conta suas ideologias, suas experiências, seu contexto social que é
diferente dos demais estudiosos.

Analisando o perfil dos estudiosos, Chris Achen aponta que as suas características (físicas e
intelectuais) na maioria das vezes são as mesmas, o que acaba por ser prejudicial ao conhecimento já
que ele se restringe a um tipo de homens inseridos em uma classe de elite que por seu contexto
social, muitas vezes não conhecem outras realidades como a da classe trabalhadora. Esse fato toma
proporções maiores quando se refere a grandes setores da sociedade que tentam impor seus
interesses, como as agências financiadoras, e como aponta Halliday, essa é uma realidade da área de
Relações Internacionais, representando muito das vezes os interesses das elites e dos Estados.
A respeito do empirismo científico, quando se fala da fundamentação quantitativa dos
objetivos das ciências sociais em geral, se nega diversos fatores do comportamento humano como a
sua imprevisibilidade, o que não pode ser deixado de lado, pois diferentemente das ciências naturais
em que os dados e objetos de estudos, em sua grande maioria, apresentam caráter regular e são iguais
nas mais diversas partes do mundo, nas ciências sociais existem múltiplos fatores que não dão esse
caráter regular ao comportamento humano.

Quando Milja Kurki fala do positivismo ela afirma que ele tem formas válidas de evidencia
e conhecimento. Uma de suas premissas mais notáveis seria a de que o conhecimento científico se
baseia na coleção dos dados observáveis, pois seriam passiveis de validação empírica. Esses dados,
por sua vez, identificariam padrões e regularidades que logo gerariam leis. Enquanto isso, para
autores como Hedley Bull e Hans Morgenthau, os estudos a cerca das Relações Internacionais
estavam diretamente ligados a conceitos e julgamentos interpretativos, algo que era ignorado pelos
behavioristas. O que Achen confirma é que levar em conta esses padrões e regularidades vem a
prejudicar o conhecimento e mais uma vez ratifica que o caráter interpretativo dos pensadores e
pesquisadores amplifica os horizontes do conhecimento.

Como Steve Smith comenta há a tentativa do positivismo de unificar a visão da ciência e


adotar as metodologias das ciências naturais para poder explicar o mundo social. Para o positivismo
lógico, assuntos morais não tem sentido, pois não podem ser verificadas ou falsificadas pela
experiência e acabam sendo consideradas preferências, sentimento ou emoções e não conhecimento.
Porém, quando se trata das ciências sociais é importante relembrar que não é possível para o
observador se desvincular totalmente do seu objeto de estudo, sendo assim em todas as pesquisas as
opiniões individuais e as experiências de vida influenciam na escolha do que será estudado e
pesquisado, portanto, questões morais e de valor de forma mais ou menos preponderante interferem
no desenvolvimento do estudo.

Referências:

HALLIDAY, Fred. Repensando as Relações Internacionais. Cap. 1. As Teorias em


Disputa.

KURKI, M; WIGHT, C. “International Relations and Social Science”. In. DUNNE,


Tim; KURKI, Milja; SMITH, Steve. International Relations Theories: discipline and
diversity. Oxford: Oxford University Press, 2007.
SMITH, Steve. “Positivism and Beyond”. In. SMITH, Steve, BOOTH, Ken;
ZALEWSKI, Marysia (eds). International Theory: Positivism and Beyond.
Cambridge: Cambridge University Press. 1996.

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