Irresistibile
Desiderio
(Irresistível desejo)
Juh Reis
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Irresistível Desejo Juh Reis
Nota da autora:
Este é meu primeiro livro, antes eu não conseguia escrever, não havia em
mim inspiração e nem talento. Então, há alguns meses, eu me cansei. Cansei
de ser medíocre, e não me esforçar o suficiente para criar os enredos que
me perseguiam em pensamento.
Desde então, eu tenho dando o meu melhor para fazer dos homens e
mulheres que habitam meus sonhos, reais. E acredito que a cada história
tenho melhorado. Peço que me perdoem pelos erros de português, ou os
termos inadequados que houverem em minha narrativa, pois como já citei,
este é meu primeiro romance. Mas deixemos de conversa, e vamos ao que de
fato interessa.
Este é o primeiro livro de uma trilogia, da trilogia santini, composta pelas
estórias :Irresistível Desejo, Escravos da Paixão e Corações em Chamas.
Essas narativas habitarão principalmente nosso espaço nacional, pois
acredito no talento que o Brasil tem. Nelas você encontrará paixão, desejo,
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Irresistível Desejo Juh Reis
Capitulo 01
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Irresistível Desejo Juh Reis
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Irresistível Desejo Juh Reis
-A dor não desaparece minha criança, apenas diminui. -Falou Maria sabiamente
beijando-a nas faces.
Tentando sorrir Bela perguntou com falso entusiasmo:
-O que temos para o almoço hoje?
Andando até as panelas fumegantes no fogão, ela disse mexendo as batatas:
-Bem teremos um prato muito especial, carneiro assado com molho acebolado e
purê.
-Carneiro assado?-Indagou Belinda espantada.
Aquele prato lhe trazia lembranças dolorosas. Aos dezesseis anos, um tempo após
conhecer o meio irmão de Justine que viera do exterior, Bela investigara cada coisinha
sobre ele. Sabia seus pratos e sobremesas favoritas. Sabia também que ele morava na
Itália com os avôs, e que sua mãe o abandonara para ser criado pelo pai, Matchello
Santini. Este o assumiu e passou a criá-lo aos dezoito anos, junto com sua esposa
Justine, após Rafel resolver abandonar a fazenda na Itália e vi morar definitivamente no
Brasil. Belinda se fascinou pelo homem mais velho que conhecera. Na faixa de seus
vinte e três anos, Rafel era simplesmente uma delicia. Ele tinha algo de selvagem, talvez
fosse devido as suas origens latinas, mas definitivamente ele demonstrava ser quente. E
por ter acabado como muitas ,arriada de todos os pneus por ele, foi que Bela resolvera
fazer seu prato favorito, carneiro assado e lembrava-se com dor de como ele reagira
perante Crissy Taylor. Dissera que a carne estava dura e a comida papada, e que uma
pessoa de classe como Crissy deveria comer algo mais sofisticado, então saíra com ela
para um restaurante chique no centro da cidade. Rica filha de um poderoso fazendeiro
americano da região de São Felix do Araguaia, Cristine Taylor era a mais favorável para
namorada de Rafel. Pois, era com ela que ele mais andava.
-Porque o carneiro, Maria?-Indagou Justine apreensiva, olhando com o canto dos
olhos para Belinda.
-Ah, porquê Rafello chegará à tarde, e quero ter uma comidinha especial para ele. -
Explicou a mulher com os olhos brilhantes. Só Maria chamava Rafel assim, de Rafello.
Ela dizia combinar mais com ele. - Mas não sinta ciúmes meu anjo. A sobremesa será
pavê de chocolate com calda de chantilly, a favorita de dona Bela e a sua.
Arregalando os olhos com terror, Belinda sentiu o coração disparar e a boca secar
repentinamente. Não acreditava, Rafel chegaria à tarde. Como seria possível? Justine
falara que ele estava muito ocupado com os negócios nas fazendas do exterior, como
poderia vir assim?Quando ela estava em sua casa?
-Bela, eu não...
Sem querer escutar mais nada, Belinda saiu da cozinha em disparada na direção as
enormes escadas que davam para o andar superior. Ao passar pela porta do escritório do
pai de Justine, ela sentiu-se colidir com uma muralha de músculos. Mãos fortes a
agarraram, olhando para cima ela notou com alívio ser Matchello e não o diabo de olhos
cinzas.
-Calma, menina. Indo assim com tanta pressa pode se machucar. O que houve?-
Indagou preocupado.
Analisando as feições fortes e curtidas do sol, Bela notou que ele ainda era um
homem muito bonito. Na faixa de seus sessenta anos, Matchello Santini era alvo de
muitas moças interesseiras após ter se divorciado de Carlota, a mãe de Justine, que
morava agora com seu atual marido Erick Darcy, no Texas.
-Nada, signore. - Disse Belinda se desvencilhando das mãos que a seguravam e
continuando a subir as escadas apressadamente.
Entrando como um furacão no quarto que habitava desde a adolescência, Bela jogou
a mala em cima da cama e começou a enfiar nela todas as roupas sem nem dobrá-las.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Capitulo 02
Sentindo uma suave brisa lhe acariciar o corpo, Bela abriu os olhos sonolentos
vagarosamente. Por um momento não soube onde estava, mas logo se lembrou de tudo.
Após ter sido convencida a ficar, ela resolveu passar o resto do dia no quarto. Disse
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estar fadiga pela viagem de Brasília ao Mato Grosso e Justine fingira acreditar, sabendo
na verdade que a amiga queria evitar encontrar-se com seu irmão.
Olhando ao redor, Bela viu na cômoda ao lado uma bandeja, com o pavê de
chocolate e duas maçãs. Sentindo fome, ela comeu rapidamente o doce e levantou-se da
cama olhando a lua que já ia alta lá fora. Observando o relógio ela percebeu serem mais
de meia-noite, e calçando rapidamente as pantufas de coelhinhos cor de rosa, vestiu o
robe curto por cima da fina camisola de seda vermelha.
Descendo as escadas ela notou que a mansão estava silenciosa, pelo visto todos já
haviam ido deitar-se. Andando até a cozinha, ela abriu a geladeira e bebeu um copo de
leite frio com alguns biscoitos amanteigados. Logo após, lavou o copo colocando-o
novamente no armário. Pondo a mão no bolso do robe, Bela tocou levemente as maçãs e
resolveu cumprir a promessa feita a Estrela. Saindo pelas portas dos fundos, ela
caminhou rapidamente em direção ao estábulo. Parou por um momento para admirar as
estrelas cintilantes e o vento no capinzal. Aquele lugar era lindo como um sonho, calmo
e com paisagens incríveis. Olhando para lado sul da fazenda ela prometeu a si mesma
lembrar-se de visitar o lago La Speranza.
Entrando suavemente no estábulo para não assustar os cavalos, Bela andou até a
baía de Estrela e a encontrou lambendo sua cria, enquanto esta mamava. Abrindo a
porteira delicadamente, Belinda começou a falar de modo claro e baixo para a égua não
se assustar. Reconhecendo sua dona, Estrela se aproximou cheirando-lhe o bolso do
roupão com olhos curiosos.
-Pelo jeito você só esta interessada nessas viçosas maçãs, não é menina?-Perguntou
Bela carinhosamente ao pegar a fruta e colocar na boca do animal.
Mordendo a maça aos poucos, Estrela comia sem pressa, apreciando o sabor da
fruta. Logo após a égua ter terminado, Bela pegou a outra fruta e partiu-a ao meio,
dividindo entre mãe e filha. Apoiando o rosto nas mãos bem feitas que seguravam o
cercado, já do lado de fora da baia, ela admirou pensativamente o zelo entre as éguas.
Lembrou-se então da vez em que estava exatamente ali, com Estrela, quando Rafel
chegara e a encontrara chorando. Ouvira-o falando coisas ao seu respeito com uma
garota que queria conquistar, em como Belinda era oferecida e vivia cercando-o de
todos os modos. Fora o fim, ela sentira uma necessidade desesperada de ficar sozinha e
correra para o estábulo. Logo após sentiu braços fortes lhe agarrarem o corpo e virando-
se foi aninhada num peito forte de perfume almiscarado, era Rafel que perguntava o que
havia acontecido. Mas ela não respondera, e então ele lhe levantou o queixo
mergulhando nos olhos verdes mais lindos que já vira. E a beijou...
-Então a filha pródiga, voltou a terra... - Falou uma voz carregada de ironia as suas
costas.
Sentindo calafrios lhe subirem a espinha, Belinda arregalou os olhos reconhecendo a
voz de um timbre inesquecivelmente quente. Pegando os óculos em um dos bolsos do
robe, ela os colocou e virou-se com rapidez.
Como imaginara era ele, mais lindo do que nunca. Vestia uma apertada calça jeans e
uma camiseta branca colada ao peito másculo, os cabelos estavam revoltos como quem
tivesse acabado de acordar e uma sombra escura lhe cobri todo o queixo.
-Rafel... -Murmurou ela.
Aproximando-se ele parou a poucos centímetros do seu corpo e indagou numa
expressão impassível:
-O que faz aqui?
-E...Eu...-Gaguejou ela.”Apenas um homem” lembrou-se fugazmente das palavras de
Justine, e então fechando a expressão disse: - Nada que lhe interesse!
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Irresistível Desejo Juh Reis
Enrijecendo a mandíbula fortemente, ele lhe explorou com aqueles olhos cinza
chumbo de modo audacioso se detendo nos seios fartos e depois na boca cheia.
-Desde quando está nas minhas terras, acho que me interessa, sim.
Levantando o queixo pronta para brigar, Bela encarou-o ferozmente. Não ia dar um
passo atrás, não agora que sua coragem havia brotado, enfim.
-Sua irmã me convidou, e eu vim. Simplesmente isso.
-Pelo que sei, ela a convida há anos, então por que agora?
Baixado a vista ela tentou esconder como pôde a verdade.
-Senti falta de Estrela.
-Só de Stella?-Disse ele pronunciando o nome da égua em italiano.
-Sim. Por que você acha que sentiria de quem mais?De você?
Fazendo um trejeito irônico com os lábios, ele disfarçou o brilho estranho que
acendeu em olhar.
-Não me iludiria a tal ponto. - Aproximando-se da égua castanha, ele acariciou o
focinho molhado com afeição. - Ela sentiu sua falta, ficou arredia por semanas depois
que foi embora.
Sentindo aquela informação lhe sacudir o peito, Belinda murmurou com pesar:
-Para onde fui eu não pude levá-la...
-E por que foi?-Perguntou ele sem olhá-la.
-Porque era pra ser assim. -Respondeu ela lhe virando as costas e indo em direção a
saída do estábulo. Estava há alguns passos de distância dele, quando sentiu sua mão
calejada lhe segurar o braço.
- Justine me avisou sobre não me aproximar de você. Disse que estava num
momento difícil e que eu não a fizesse sofrer mais. - Virando-a ele lhe perscrutou a
expressão ansiosamente. - O que ela quis dizer com isso?Você esta bem?
“Droga Justine!Porque não ficou de boca fechada?!”Pensou ela desgostosa.
Encarando-o com olhos gélidos, Bela respondeu rispidamente:
-A única coisa que me deixa mal é sua presença.
-Antes você a procurava constantemente, não?-Indagou Rafel com sarcasmo.
Fechando os olhos Belinda puxou o braço com força e balbulhou dolorosamente:
-Isso foi antes...
Então ela correu com todas suas forças em direção ao casarão, para longe dele.
Daquele que tinha o poder de atraí-la como nenhum outro. Daquele que seu coração
persistia em querer e adorar. E ele não a seguiu.
Analisando-se em frente ao enorme espelho entalhado com lindas flores, Bela
olhava-se medindo cada detalhe do seu corpo esbelto iluminado pelos raios de sol. O
short jeans curto agarrava-se as suas coxas como uma segunda pele e seus cabelos
longos presos num rabo de cavalo, lhe valorizava o pescoço delgado e o deixava à
mostra. A camiseta amarela que vestia, lhe dava uma aparência radiante e acentuava seu
busto avantajado. Para terminar de completar o visual, usava confortáveis e elegantes
botas de salto médio de couro. Apreciando a imagem que via, Belinda passou lápis nos
olhos e uma leve camada de gloss e saiu para tomar o café.
Enquanto descia as escadas pensava o porquê de Rafel estar justamente onde ela se
encontrava, parecia que por mais que tentasse evitá-lo seria difícil não se esbarrar com
ele. Fora difícil conciliar o sono após senti-lo tão próximo, ele tinha o poder perturbador
de lhe nublar os sentidos e o pior, entorpecê-los.
Chegando a sala de jantar ela encontrou Justine tomando o café sozinha. A enorme
mesa estava arrumada para um batalhão, repleta de frutas, sucos e pães, mais parecia um
banquete do que um simples café da manhã.
-Bom dia. - Disse Belinda sentando-se.
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tomou um dos seus mamilos róseos na boca. Ele fazia uma doce tortura.
Mordia,chupava,lambia,sugava, deixando-a mole e louca de paixão.
As mãos já não prendiam mais as suas, mas sim investigavam mais e mais seu corpo
clemente de desejo. Esquecendo-se de tudo ela lhe agarrou os cabelos, enquanto inseria
a língua na boca masculina. Fazia tanto tempo que não sentia aqueles lábios. Aquele
homem. Puxando a camisa dele para cima, ela tirou-a e a jogou longe ao morde-lhe o
peito.
- Bella mia...-Murmurou Rafel soltando um som gutural de puro prazer quando
Bela lhe arranhou as costas.
Beijando seu corpo arqueante , ele enfiou a mão entre suas pernas e penetrou por
sob a fina barreira que o separava da feminilidade pulsante dela. Começou a acariciá-la
levemente, para logo aumentar o ritmo, fazendo Belinda sacudir a cabeça de um lado a
outro em puro êxtase. Não conseguia pensar, apenas se abria como uma flor ao sol para
a mão ansiosa que se introduzia em sua carne.
Contorcendo-se ela gemia descontrolada, parecia que seu corpo ia se partir em mil
pedaços. Mordendo-lhe a orelha sensualmente, Rafel espalmou a mão sobre seu clitóris
massageando pouco a pouco, enquanto com a outra mão lhe espremia um seio.
-Preciso tê-la agora, amore mio.-Falou ele com voz entrecortada e com uma
expressão de loucura nos olhos.
“Amore mio” Ouviu ela, ecoar por sua mente as maravilhosas palavras que esperara
por tanto tempo escutar. E fora justamente a lembrança de como sofrera por ele no
passado, que fez Bela sentir sua paixão esfriar-se repentinamente.
-Pois, de mim, você só terá o meu ódio!-Gritou ela empurrando-o com tanta força
que logo não sentiu mais aquela doce pressão sobre si.
Com a ironia na face, Rafel continuou deitado na grama vendo-a se vestir com
gestos nervosos.
-Não parecia me odiar quando gemia desesperadamente em meus braços.
Corando, Belinda vestiu o short jeans e logo calçou as botas. Virando-se pronta para
enfrentá-lo ela o notou descansando a cabeça tranquilamente em uma das mãos.
Enquanto erguia na outra a parte superior do biquíni que na pressa, ela esquecera de
colocar.
-Vermelho lhe fica muito bem, Dolcezza.
Arrancando a peça das mãos fortes, Bela correu para onde deixara Estrela, ouvindo-
o ainda dizer com ar de riso:
-Pode fugir agora, mas não para sempre, tesoro .
Montando a égua rapidamente, Bela a esporou fazendo-a correr velozmente. Estava
abrasada,o desejo lhe lambia o corpo numa larva incandescente. Nunca havia sentindo-
se assim com relação a alguém antes. Só aquele diabo moreno tinha tamanho poder
sobre ela.
-Por quê?!-Indagava Belinda desconsolada. - Eu não o amo, não mais!-Falou em
murmúrios tentando se convencer.
Após deixar Estrela com Marco e se desculpar pela demora, Bela entrou na mansão
subindo as escadas diretamente para seu quarto. Lá chegando ela jogou-se na cama e
tocou levemente os lábios.
-Rafel... - Suspirou involuntariamente.
Virando-se na cama, ficou observando o laptop fechado e resolveu tentar escrever
um pouco. Minutos depois, Belinda o fechava estressada. Não conseguia pensar em
nada além fome que tomava sua carne. Parecia que seu desejo por Rafel só havia
aumentando, invés de diminuir após tanto tempo sem vê-lo e escutar seu nome.
Calçando suas sandálias baixas, ela saiu do quarto em direção a biblioteca, talvez fosse
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bom ler algo para tentar esquecer a imagem perturbadora do rosto dele, desfigurado pelo
prazer.
Capitulo 03
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-Rafel estava aqui me contando sobre a última viagem dele à Paris, pena que não
nos visitou, pois Dave ficaria extremamente feliz em ser anfitrião...
“...E você sua concubina!” disse Belinda para si mesma, num tom de zomba.
-Imagino que sim, senhora.
Cruzando seu olhar com o de Rafel que estava junto à lareira bebendo algo que
parecia uísque, Bela lhe analisou a expressão impassível sem perceber nenhum
arrependimento ou constrangimento. Ao contrário, ele parecia até meio feliz!
Alguns minutos depois, Justine apareceu para anunciar o jantar, e todos foram para a
mesa. David Howell era um homem de uma idade avançada, mas ainda com extrema
beleza e muito agradável. Ele falava fascinado sobre a sala de quadros que havia na
mansão, nela estavam retratados todos da linhagem dos Santini.Até os pais de Rafel
estavam lá, só faltavam os quadros dele e Justine ,que Bela não sabia o porquê de ainda
não terem sido providenciados.
Notando a mesa posta com extremo requinte, ela sentiu-se emocionada em como
Maria se esforçara. Era verdade que Rafel havia contratado mais duas empregadas para
ajudá-la, mas do jeito que a conhecia, ela com certeza não havia deixado ninguém
chegar perto de seu fogão.
-O que teremos para o jantar?A mesa está tão bem posta que me sinto um rei!-Falou
David num gracejo dirigindo-se a empregada uniformizada parada há uma discreta
distância.
-De entrada salada de salpicão de frango, como prato principal purê de batatas com
filé ao molho branco, e por último a sobremesa de pudim de maracujá com cobertura de
baunilha. Depois o café será servido na sala de estar.
-Hum... Parece tudo muito delicioso!-Exclamou Dave sorrindo alegremente.
Observando em como aquele homem era inteligente e simpático, Belinda se
perguntava como ele se casara com uma mulher tão vulgar e arrogante como Lorrane
Howel.
-O que o dinheiro não faz, bella mia... - Sussurrou Rafel com a boca colada à sua
orelha ao perceber seu olhar para o casal sentando ao lado oposto.
Corando por ele ter lido seus pensamentos com tanta facilidade, Bela notou em
como Rafel a olhava longamente. Mais parecia querer devorá-la a qualquer momento.
Estava perdida naquele rosto másculo, quando Lorrane chamou a atenção dele para si.
-Rafel ,querido, como está aquela sua adorável namorada?-Indagou Lorrane com
aquela sua voizinha nojenta.
-Não imagino a quem você se refere... - Disse ele com olhar divertido.
Lançando um olhar venenoso para Belinda, Lorrane parecia disposta a deixar claro
que Rafel já tinha dona. E pelo visto essa dona deveria ser obviamente ela.
-Ora! querido, não queira negar seus relacionamento com Crissy, só porque estamos
na presença de sua irmã e da senhorita Guedes. Tenho certeza que esta não se importa,
não é?-Indagou olhando cinicamente para o rosto indiferente de Belinda.
-Não ponha Rafel numa situação constrangedora, querida. -Disse David
repreendendo-a.
“Crissy” Aquele nome voltava para lhe tirar a paz. Lembrava-se perfeitamente da
loira ciliconada de olhos de um azul quase violeta, e de um corpo simplesmente
perfeito. Pelo visto Lorrane Howell era mais uma adoradora dela.
-Ora! Lorrane, você está imaginando coisas... -Disse Rafel ironicamente.
Belinda estava mergulhada nas lembranças quando sentiu algo quente lhe tocar a
perna. Olhando ao redor ela notou que Justine controlara a situação prendendo a atenção
de David e Lorrane que contavam sobre sua última visita à Milão. Foi então que ela
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olhou para o lado e deu com Rafel bebericando o vinho com expressão demoníaca,
enquanto com a outra mão lhe apalpava a coxa.
Arregalando os olhos, Belinda sentiu aquela mão quente lhe incendiar o corpo.
Tentou aparentar total calma quando Lorrane indagou sobre o desfecho de seu livro
livro mais recente. Belinda explicava suas intenções por ter ceifado a vida do
personagem principal, quando Rafel subiu a mão por baixo do seu vestido com maior
ousadia, ele estava a lhe apertar e acariciar a pele numa provocação sedutora. Engolindo
em seco Bela olhava fixamente para a frente com medo de se entregar ao ver os olhos
lindos a lhe comerem inteira.
-Eu vou tê-la a todo custo querida, nem adianta tentar resistir... -Disse ele num
murmúrio quente próximo a sua nuca.
Subindo ainda mais a mão, ele a acariciou agora por sobre a calcinha. Belinda sentia
a respiração ofegante e seu coração estava para sair pela boca. Ela fechou fortemente as
pernas ao perceber que ele tentava penetrar sob o diáfano pedaço de renda. Notando
com o canto dos olhos que Rafel falava algo sobre o um dos cavalos premiados da
fazenda à Dave, Bela se sentiu relaxar, pois ele não teria coragem de fazer nada
enquanto conversavam. Triste engano... Parecia que sua recusa havia deixado Rafel
ainda mais motivado.
-Abra as pernas para mim, passione... -Falou ele para que só ela ouvisse.
Engolindo em seco, Bela mergulhou nos olhos dele em um rápido olhar e pôde jurar
que viu chamas queimando selvagemente.
-Não... -Balbulhou ela arquejando levemente. Olhando assustada para Justine, Bela
percebeu que esta estava envolvida numa conversa empolgante sobre o fato de que a
pena de morte para crimes hediondos deveria ser adotada no país. Enquanto Lorrane
Howell se retirara em direção ao toalete.
-Um mero não, Non me impedirá agora, dolcezza. Melhor aceitar que eu a terei!-
Falou ele numa ameaça explícita.
Nervosa, Bela bebeu o vinho ansiosamente, algo tinha de apagar o fogo que lhe
corria nas veias. Não se submeteria a Rafel de modo algum, nem por bem, nem por mal.
-Você está tentando em vão. -Falou ela entre grandes goladas de vinho.
Ouviu-o inspirar fundo e em um rápido puxão lhe parti uma alça da calcinha.
Espantada ela o encarou boquiaberta. Aquele homem parecia uma pantera enjaulada, em
sua face transparecia uma paixão nunca vista por Bela antes. Tentando retirar a mão
dele disfarçadamente, ela já estava achando a situação insustentável.
-Por favor, pare!-Pediu Bela ofegante.
Sorrindo numa caricatura do diabo, Rafel levantou a taça em um brinde silencioso a
ela e sussurrou com um olhar sardônico e a respiração pesada:
-Abra as pernas, ou lhe arranco a calcinha!
Levantando-se de um pulo, Belinda assustou todos quando derrubou os talheres no
chão.
-Sente-se bem, queridinha?-Perguntou Lorrane que acabava de se sentar.
-O que ouve Bela?Você está corada, parece com febre!-Disse Justine olhando-a
preocupada.
-Nada, apenas me sinto um pouco abafada. Preciso tomar algum ar, se me dão
licença. -Falou retirando-se.
Andando apressada para fora do casarão, Bela respirou o ar fresco do jardim com
sofreguidão. ”Deus!” aquele homem estava se tornando um maníaco sexual. Quando o
queria ele a rejeitara e agora a procurava como em desespero!
Jogando-se em um dos bancos próximos, Bela olhou para o céu, maravilhada. A
noite ali era diferente da noite na cidade, os prédios e a poluição em demasia deixavam
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o céu apagado. Mas aquela noite, ah! Como estava linda. As estrelas cintilavam no céu
como fadas em festa, enquanto a lua cheia iluminava tudo com seus raios pálidos e
frios.
-Sente-se melhor, senhorita Guedes?-Falou Lorrane em falsa preocupação.
Sem deixar de contemplar a beleza da noite, Belinda suspirou chateada. Aquela
mulher parecia ter resolvido persegui-la, mais que diabo!
-Ficaria bem mais feliz sem sua presença. -Respondeu Bela finalmente.
-Claro. A que lhe interessa é a de Rafel Santini, não é?-Perguntou a outra destilando
veneno.
Controlando-se para não mandá-la tomar em um determinado lugar, Belinda secou-a
com o olhar para enfim dizer:
-Por mim você e ele podem ir pro inferno.
Apertando os lábios, irritada, a loira disse com afetação na voz:
-Eu sei o que está tentando fazer!Pois, não pense que Crissy deixará barato!Minha
prima não admite que outra tome o que é seu.
“Só podiam ser primas mesmo”. Pensou Bela sem dessa vez se importar em
responder.
Vendo que não receberia mais respostas aos seus insultos, a outra ainda avisou antes
de sair:
-Assim que Crissy voltar, você será relegada ao passado, queridinha!
-Cascável!-Gritou Belinda furiosamente vendo-a partir.
Mais que mulherzinha mais insuportável. O pior era que Justine já a avisara que
precisaria voltar para Brasília no outro dia, e isso queria dizer que só ficariam na
fazenda Belinda e o demônio de sangue quente.
-Que Deus tenha piedade da minha alma... -Pediu Bela, baixinho.
-Senti-se melhor?-Indagou Justine, vindo em sua direção.
Assentindo, Bela lhe apreciou o corpo belo coberto por um exuberante vestido de
seda amarelo.
-Lorrane chegou bastante afobada lá dentro. O que houve?-Perguntou a morena
sentando ao seu lado.
Dando de ombros Belinda disse com sinceridade:
-Ela acha que estou tentando roubar seu irmão de Crissy...
Revirando os olhos com impaciência, Justine falou apreciando a lua:
-Aquela mulher não sabe nada sobre você. Não sabe o tamanho do seu
ressentimento e nem da perda que sofreu quando...
-Prometemos nunca mais falar sobre isso, Justine. -Falou Belinda cortando-a.
-Sabe que não aprovo o que está fazendo, Bela. Ele tem o direito de saber...
-Seu irmão não tem direito algum!-Falou ela com olhos marejados. -Eu fiquei
sozinha, imagina como me senti?Eu chorava noite e dia, tive de batalhar bastante para
vencer na vida.
Abraçando-a Justine disse com voz abafada:
-Imagino o quanto sofreu, Bela. Mas sei que imaginar não é suficiente. -Encarando-
a ela continuou, com dor no olhar. -Não deixe que o rancor e a mágoa lhe tomem,
querida. Tenho certeza que eles não a farão feliz e muito menos lhe esquentarão a noite.
Levantando-se cabisbaixa, Bela prometeu antes de sair:
-Vou pensar no que me disse. Boa noite.
-Tudo bem. Buona notte.
Belinda entrou no salão com passos rápidos, não queria encontrar Rafel. Não saberia
como encará-lo. Subiu as escadas sem vê-las e tirou apenas os sapatos antes de se jogar
na cama. Sua mente estava vazia, mas seu coração estava dolorido. Em seu peito um
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sentimento de tristeza pulsava, tristeza pela inocência perdida e pelos sonhos cruelmente
massacrados. Então, ela chorou. Como nunca chorara antes, até adormecer exausta.
Terminando o banho delicioso com pesar, Bela se sentiu maravilhosamente bem.
Talvez o fato de ter desabado em lágrimas na noite anterior, tivesse posto um pouco da
dor e a tristeza para fora. Saindo do banheiro enrolada numa felpuda toalha branca, ela
se assustou ao notar em cima da cama uma caixa de chocolates com um envelope junto.
Sorrindo ela imaginou ser de Justine, numa espécie de desculpas por não ter tido tempo
para se despedir.
Abrindo o envelope ela retirou o bilhete e o leu com surpresa. Fora escrito com uma
letra graciosa e com muita elegância que dizia:
“Pretendo cumprir a promessa que lhe fiz.
Mesmo que me odeie, eu não vou desistir de ter você.
Precisei viajar a negócios, chegarei na terça.
Até lá, saboreie esses deliciosos bombons como se provasse meu corpo.
Atenciosamente,
Seu Rafel.”
Meneando a cabeça, Bela pensava: ”Que homem mais insistente!” Enquanto
amassava o papel. Num misto de raiva, ela o jogou em cima da cama junto com os
bombons lhes virando as costas. Não iria comer coisa alguma pensando nele!Mas seu
olhar foi irremediavelmente atraído para a embalagem embrulhada em papel
transparente. Ele deveria ter tido alguma dificuldade para encontrar aqueles doces em
tão pouco tempo. Não custava nada provar pelo menos um.
Desembrulhando a caixa rapidamente, ela pegou um dos bombons e mordeu
levemente. A princípio parecia um chocolate como qualquer outro, mas quando chegou
ao recheio de cereja, ela não resistiu e soltou um gemido fechando os olhos.
-Que delícia!-Exclamou extasiada. Como por mágica, ela lembrou-se do gosto de
Rafel ao terminar a iguaria. -Cachorro... -Disse Bela comendo mais um.
Vestindo-se despojadamente ela desceu até a cozinha se sentindo estranhamente
feliz.
-Bom dia, Maria.
-Bom dia, menina. Você parece mais alegre hoje. -Respondeu esta lavando os
pratos. -Será que viu um passarinho verde?
Rindo Belinda pegou a jarra de suco na geladeira e pôs sobre a mesa, para logo
depois colocar alguns pães para torrar.
-Eu diria que na verdade vi bombons.
-Como assim?
-Nada mainha, bobagem minha. -Secando os pratos com um pano, Belinda
indagou:- Justine já saiu?
-Deixe isso, criança. Sente-se que vou serví-la.- Falou a senhora simpática numa
reprimenda.
-Ora, Mary!Não sou nenhuma aleijada e já ajudei bastante quando menor.
-Mas menina...
-Nada disso. A senhora sente aqui enquanto eu preparo nosso café. -Falou Bela
piscando para Maria. -Imagino que não tenha comido ainda...
-Não. Mas...
-Então está feito!Prepararei nosso café. Agora me conte, Justine já partiu?-
Perguntou Belinda depositando os pãezinhos quentinhos com queijo em cima da mesa.
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-Sim. Ela já foi há duas horas. Rafello que a levou, disse que aproveitaria para
resolver uns assuntos em Brasília e passaria dois dias fora. Avisou-me para não deixar a
senhorita se esforçar e ficar de olhos bem abertos.
Franzindo o cenho Belinda imaginou qual seria o motivo da inesperada preocupação
de Rafel em relação a sua saúde. ”Será que Justine contara algo sobre a doença que
adquirira?” Pensava ela pondo a geléia e o café junto com os pães sobre a mesa.
Sentando-se Bela resolveu desanuviar a mente indagando sobre tudo que acontecera na
fazenda, enquanto ficara fora.
Belinda passou o dia todo se sentindo solitária, parecia que de certa forma lhe
faltava algo, algo que ela sabia o que era, mas não queria admitir. A noite após o jantar,
pegou um livro na biblioteca e desceu até a sala de estar acendendo a lareira, para
depois se deitar no carpete felpudo. Leu concentradamente até que seus olhos
começaram a pesar de sono, e ela adormecer sem perceber.
Alguém se afastava. Alguém importante para ela. Bela gritava, mas esse alguém não
ouvia. Aproximou-se o bastante para notar ser um homem, mas logo ele desapareceu na
escuridão. Um choro de criança explodiu em seus ouvidos, ficando cada vez mais alto.
Acordou com alguém lhe abraçando apertadamente, levantando os olhos ela percebeu
ser Rafel.
-Cuore... Tudo bem agora... -Falou ele lhe limpando as lágrimas com delicadeza.
-Você... Já veio. -Falou Bela debilmente.
Assentindo ele lhe queimava o rosto com um olhar perscrutador.
-Resolvi os negócios mais rápido do que imaginava. -Acariciando seu rosto de
veludo, ele indagou em tom preocupado:- Com o que sonhava?Você estava gritando e
falava sobre ter perdido sua menina...
Arregalando os olhos Belinda afastou-o sentando-se.
-Era só um pesadelo... Mais nada.
Estava para se levantar quando ele lhe segurou o braço com força.
-Você chamava por mim.
Prendendo a respiração, Bela ficou a pensar em o quanto teria revelado durante o
sono. Apertando os lábios, ela lançou chispas pelos olhos.
-Devia ser para enforcá-lo.
Sorrindo, Rafel disse:
-Gostou do presente?
-Não, nem comi. -Retrucou virando o rosto.
Aproximando-se, Rafel lhe segurou a nuca com firmeza ao dizer:
-Nem uma mordidinha?
Negando, Belinda olhava a luz do fogo refletida nos olhos dele, paralisada. Eles
tinham uma tonalidade de prata derretida que a fascinavam. Notando que ele observava
seus lábios insistentemente, ela se sentiu entregue quando a respiração quente dele lhe
acariciou a boca. Tocando os lábios carnudos levemente, Rafel murmurou com o rosto
rígido:
-Eu odeio quando você mente assim... -E a beijou selvagemente.
Com mãos trêmulas, Bela tentou afastar o peito forte com firmeza. Mas ao tocar na
pele rija por entre a camisa desabotoada, ela involuntariamente o acariciou desejosa. Ele
estava tão quente, e sua língua com um leve toque de uísque lhe penetrava a boca
atrevidamente.
Erguendo-a nos braços sem deixar de beijá-la, ele a deitou no sofá e pediu
inclinando-se sobre si:
-Tire minha camisa.
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Apertando os lábios fortemente, ele fechou os olhos e inspirou várias vezes como
para si acalmar. Continuou com olhos fechados enquanto pedia:
-Se vista e saia, por favor. Não responderei por mim se abrir os olhos e vê-la assim.
Afogueada, Bela ajeitou o sutiã e vestiu a saia curta com rapidez. Segurando os
lados da blusa rasgada, ela não conseguia desgrudar os olhos do grande mastro moreno
dele.
-Prometo estar prevenido da próxima vez. -Falou ele ainda ofegante e de olhos
fechados.
-Não haverá próxima vez!-Exclamou Belinda categoricamente, correndo com olhos
marejados para cima. Não, ela nunca mais se entregaria assim. Se não fosse por Rafel
teria sido inconseqüente, deixando que ele a tivesse sem proteção alguma.
Definitivamente, teria de erguer barreiras mais altas em torno de si. Pensava Bela ao
entrar no banheiro de sua suíte,com os lábios crispados.
Na manhã seguinte ela o evitou ao máximo. Levantou-se da cama bem tarde e
vestiu-se sem pressa, depois pegou duas maças na cozinha, ignorando os resmungos de
Maria sobre o fato de que precisava tomar um café saudável, e foi em direção ao
estábulo ver Estrela. Assustou-se ao encontrar um homem de costas examinando-a,
parecia desconhecido...
-Bom dia- Saudou Bela de fora da baía.
Levantando o rosto, o homem de camisa azul e calça jeans a encarou com lindos
olhos cor de mel.
-Olá... -Disse ele aproximando-se com um sorriso. Retirando a luva, ele se
apresentou:
-Sou Pablo Néri. O senhor Santini me contratou para ver se esta tudo bem com os
animais, estou ocupando o lugar de Carl Nelson, que se aposentou há algumas semanas.
-Olhando para Estrela ele falou:- O senhor Santini disse que ela teve uma leve
complicação no parto, mas já esta ótima.
Carl Nelson estava naquela profissão há mais de trinta anos. Provinha de uma
família antiga de veterinários da cidade. Dedicara-se aquilo a vida toda, Belinda achava
que ele já estava mais do que na hora de apenas descansar.
-Sou Belinda Guedes. E obrigada por cuidar de Estrela, ela é muito importante para
mim. -Falou ela alisando a égua.
Sorrindo, Pablo a olhava curiosamente. Ele possuía cabelos negros, mas não lisos
como os de Rafel.Os dele eram de um ondulado muito bonito. Era alto e tinha um corpo
atlético de ombros largos e coxas fortes.
-Ela é sua?
-Sim, ganhei há alguns anos. -Respondeu Bela analisando as feições masculinas.
-Vejo que lhe trouxe uma lembrancinha.-Disse ao notar-lhe as maças na mão.
Assentindo, Belinda falou:
-Estrela adora maças. E parece que sua menininha também. -Falou ela observando o
potro aproximar-se ansioso para a fruta que estendia.
-E você, o que adora?-Indagou de modo direto.
-Hum... Além de amar animais, tenho um fraco por chocolate e massas.
-Também adoro massas. -Disse ele com cumplicidade. -Me daria a honra de
conhecê-la melhor?Talvez sairmos qualquer dia desses...
Surpresa, Belinda não ia aceitar o convite, mas quando viu Rafel entrar no estábulo
vindo em suas direções com um chapéu a lhe esconder a expressão dos olhos, e o porte
de rei. Ela mudou de idéia por pura pirraça.
-Eu adoraria sair com você. Pegue-me na quinta-feira, ás oito horas. -Falou de modo
alto e claro.
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jeito já era uma vitória. Terminando o café, ela resolveu tentar escrever ao ar puro,
talvez sua inspiração surgisse. Indo até o quarto, Belinda pegou o laptop pondo-o numa
bolsa e calçou as botas para logo descer e sair caminhando lentamente. Ela sentia o sol,
o vento, a natureza, tudo de um modo que lhe aquecia a alma e alegrava o dia.
Chegando até uma frondosa macieira, Bela sentou-se sob ela e abriu o laptop pensando
por onde começaria. Resolveu deixar o espírito fluir, fechando os olhos ela concentrou-
se em todos os sons a sua volta e logo uma idéia lhe surgiu.
Usaria aquele local para desenvolver um romance, talvez uma biografia subjetiva,
pensava ela alegre. Mas só que no livro haveria um final feliz, enquanto o seu
verdadeiro futuro era incerto...
Bela passou horas escrevendo, seus dedos moviam-se ágeis sobre o teclado, como se
tivessem vida própria. A história já possuía alma e coração, até que ao dar-se por
satisfeita, ela fechou o laptop e resolveu descansar um pouco. O dia estava
extremamente ensolarado, e as borboletas dançavam nas flores num ritual quase
mágico. Aquele lugar era lindo, sentiria falta dele quando fosse novamente embora...
Belinda tinha a fazenda Santini como quase sua, conhecia os mínimos capins que ali
nasciam, sabia as flores que por ali se desenvolviam. Antes, ela ajudava em quase todas
as tarefas. Até os estábulos ela limpava, e já ajudara algumas vezes a treinar cavalos.
Recordou de quando pisara pela primeira vez ali, fora por convite de Justine e meio
envergonhada Bela aceitara alegre. Lembrava-se que Rafel a fora levar em casa junto
com Justine, e ao se despedir ele a encantara com aqueles olhos raros. Belinda tinha
quase certeza que fora naquele momento, aos doze anos, que ela se apaixonara por ele.
E a situação se agravou quando ele passou a lhe dar uma rosa à cada vez que ela ia à
fazenda. Dizia que combinava com os cabelos vermelhos intensos. Ela o adorara, rira
com ele, andara com ele, amara ele. Mas naquela época Rafel já era quase homem feito,
e há enxergava como uma mera criança. Ele nunca a olhara com interesse, nem quando
Bela fora morar temporariamente com eles aos dezessete. Pelo menos não que ela tenha
percebido. Ele continuara tratando-a do mesmo modo, só não a colocara mais no colo e
nem a abraçara mais.
Sentindo-se faminta, Belinda voltou para o casarão e resolveu comer algo. Almoçou
rapidamente uma salada com arroz temperado e um bife com molho branco. Então
exausta se decidiu por passar o resto da tarde dormindo.
Acordou desorientada ás seis da noite, o quarto estava em completa escuridão
quando saiu tateando até o banheiro. Tomando uma ducha rápida, ela vestiu short e
camiseta e ligou a tevê para ver se passava algo de bom. Bela nunca fora muito a favor
de programas de tv, mas passava um de humor até interessante. Assistiu um pouco e
logo mudou o canal para uma emissora mais ligth. Viu sobre como acontecia o
acasalamento entre os leões, e até simpatizou com a posição que eles utilizavam.
Desligando o aparelho, ela desceu em direção a cozinha relaxadamente, passava pela
frente do escritório, quando viu a porta entreaberta. Espiando, Bela notou que Rafel
dormia profundamente sobre os papéis na enorme mesa de carvalho. Ele parecia tão
sereno, quase indefeso. Emocionada ela ia entrar para observá-lo melhor, quando
percebeu no relógio sobre a mesa dele que já eram sete e meia. Arregalando os olhos,
Bela subiu rapidamente e abriu o guarda-roupa, indecisa. Decidiu-se enfim após vinte
minutos por um vestido curto de alças bordadas. Ele tinha uma coloração preta e
possuía um profundo decote nas costas, lhe marcava o corpo com perfeição e requinte.
Prendendo os cabelos num coque alto, ela maquilou-se com discrição e calçou
sandálias também pretas de finas tirinhas à lhe enroscarem os tornozelos, e nas mãos
uma pequena bolsa onde guardava algum dinheiro e acessórios de beleza. Perfumando-
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se, Bela saía do quarto quando ouviu a campainha tocar no hall. Descendo as escadas
rapidamente, ela encontrou Rafel com a porta já escancarada e uma caranca no rosto.
-Seu acompanhante chegou, Belinda. -Disse ele com voz abafada.
Nervosa, Bela notou que Rafel colocou certa ênfase na palavra “acompanhante” e
apertou os lábios ao olhá-lo e notar que ele a encarava com um aviso mudo no olhar.
-Boa noite. -Cumprimentou ela à Pablo.
-Boa noite. Você está deslumbrante. -Disse ele numa mesura elegante.
Pablo estava vestido com uma calça negra social e uma camisa também negra.
Estava muito bonito e charmoso com um sorriso de orelha a orelha.
-Vamos?-Indagou Bela sentindo o olhar de Rafel lhe queimar as costas.
-Claro. -Disse ele lhe oferecendo o braço todo cavalheiro. Parando em frente há uma
Mercedes azul, Bela ficou envaidecida quando ele lhe abriu a porta sussurrando perto de
seus cabelos:
-Você está realmente magnífica, Belinda.
-Por favor, chame-me de Bela. E muito obrigada, você que é gentil. -Disse ela
sentando-se no banco macio.
Pablo sentou-se ao seu lado e ligou manobrando o carro para sair, sentindo á intensa
vontade de olhar se Rafel ainda estava à porta, Belinda baixou o olhar para o colo
teimosamente. Não iria ceder assim tão rápido, não mesmo.
Inserindo um cd no som, Pablo indagou enquanto uma música clássica dominava o
ar:
-O quê há entre você e Rafel Santini?
Apertando os lábios, Bela lhe analisou o perfil belo.
-Já ouvi algo há muito tempo... Mas agora não há mais nada.
Olhando-a rapidamente, Pablo notou-lhe a rigidez dos ombros. Parecia que o
assunto “Rafel Santini” á deixava extremamente tensa.
-Desculpe insistir, mas não foi o que me pareceu. -Falou ele trocando a marcha.
Olhando pela janela, Bela mergulhou na escuridão lá fora com angústia. Não queria
que Pablo lhe notasse a expressão do rosto ao tocar no nome do homem que a seduzia
sem precisa mover nenhum dedo.
-Vamos esquecer isso, sim?Quero desfrutar desta linda noite com você.
-Tudo bem.
Quarenta minutos depois chegavam á uma fazenda restaurante, situada aonde era a
antiga casa dos Alvéz, uma família de imigrantes mexicanos. Agora se chamava
Restaurante Fazenda Alvéz. O local estava muito bonito, pelo visto fora algo lucrativo
criar um restaurante numa fazenda.
-Ouvi dizer que durante o dia há excursões aqui. -Falou Pablo abrindo a porta para
que Belinda saísse.
O local estava lotado e pelo visto todas as mesas lotadas.
-Parece que viemos muito tarde.
-Não se preocupe, reservei a mesa mais cedo. -Disse Pablo sorrindo. Entrando no
recinto, Bela olhou ao redor maravilhada. A decoração estava lindíssima. Diversas
mesas estavam espalhadas pelo que deveria ser o hall de entrada, e mais à frente estava
o balcão em forma de navio pirata com três mulheres vestidas como mexicanas
atendendo. Os Garçons também estavam caracterizados e havia até serenata em
espanhol.
-Que lindo...
-Sim. E não é só o lugar que é bonito, a comida também é deliciosa.
-Senhor... Madame... -Cumprimentou o garçom se aproximando.
-Mesa reservada para dois, ao ar livre. Em nome de Pablo Néri.
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-Talvez tenha sido culpa minha também, não queria ter filhos.
-Por que não?
Bebendo o vinho em pequenos goles, Pablo olhou as estrelas pensativamente.
-Achava que não estava pronto, agora não sei mais.
Calando-se, Bela achou que a noite só estava propensa á assuntos tristes.
-Desculpe-me, estou estragando nosso jantar.
Negando com a cabeça, Belinda respondeu ao ver o garçom vindo com seus patos:
-Imagina, vamos degustar os pratos, apenas.
Enquanto comiam eles conversaram sobre músicas, filmes e coisas em comum.
Falaram sobre tantas coisas que nem se deram conta do tempo passando. Estava na faixa
das onze horas quando Pablo pediu ao ouvir os músicos começarem a tocar uma música
lenta:
-Concede-me a honra desta dança?
-Claro, monseiur.- Disse ela fazendo biquinho ao falar em francês.
Abraçando-a na pista de dança, Pablo a segurou com firmeza, mas respeitoso.
-Seus cabelos têm um perfume delicioso...
Sorrindo Belinda respondeu:
-Obrigada, é um creme de morango.
-As mulheres adoram falar de cosméticos...
-É verdade. -Concordou Bela apreciando a música.
Olhando às horas ele disse:
-Está na hora de irmos, não queria deixá-la em casa tão tarde.
Vendo que eram doze e meia já, Bela arregalou os olhos assustada.
-Melhor irmos mesmo.
A viagem de volta pareceu demorar menos e foi mais descontraída. Ao parar o caro
na frente da mansão, Pablo desceu e abriu a porta para que Belinda saísse.
Vendo que todas as luzes do casarão estavam apagadas, Bela suspirou de alivio e
imaginou que Rafel já deveria estar dormindo. Virando-se para Pablo ela disse com um
sorriso sincero:
-Obrigada pelo jantar, apreciei-o muito.
Beijando-lhe a mão, ele falou com pesar:
-Deixar sua companhia é um martírio.
Sorrindo envaidecida Bela prometeu:
-Teremos outros jantares, espero vê-lo em breve.
-Seria uma honra.
-Bem, então boa noite.-Falou ela virando-se para sair, mas foi pega de surpresa
quando ele lhe segurou a mão.
-Deixe-me dormir feliz com um beijo seu...-Pediu ele ao segurar-lhe o queixo e lhe
beijar os lábios suavemente. Deixando-se abraçar, Bela permitiu-se ser abraçada por
causa da delicadeza com quê ele pedira, e então se afastou ao notar que ele lhe apertava
de modo mais intímo.
-Creio estar muito cedo ainda.-Disse ela soltando-se.
-Desculpe-me, é que seus lábios são tão doces.-Aproximando-se ele lhe sussurou ao
ouvido. Para logo depois agradecer ao partir:-Obrigada pelo jantar maravilhoso anjo,
durma bem. Boa noite.
Acenando, enquanto a Mercedes saía da fazenda, Bela tirou os sapatos que lhe
doíam os pés, e entrou na mansão com um sorriso leve nos lábios. Estava tudo tão
escuro que ela teve que andar com cuidado até o interruptor há alguns metros. Já estava
próxima quando as luzes se acenderam, como por mágica. Era Rafel que a aguardava
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próximo as escadas, e pelo modo como ele a observava, o seu humor estava
perigosamente negro.
-Espero que a noite lhe tenha sido agradável...-Disse ele num rosnado se
aproximando ferozmente.
-Foi sim, obrigada.-Disse Bela tentando não demonstrar como ele lhe amedrontava
naquele estado.
-Uma da manhã. Jantar mais demorado, não?-Falou ele com os olhos como icebergs.
Apertando os lábios, Bela retrucou com raiva:
-Você não é nada meu para estar marcando às horas que chego, ou saio.
Bela não imaginaria que essa fora a coisa mais estúpida a se dizer á um homem
enciumado. Agarrando-a, ele a jogou nos ombros e gritou como um louco:
-Pois então me tornarei.-E saiu com ela em direção a garagem da mansão. Lá
chegando a colocou dentro da sua picape preta, e depois entrou rapidamente trancando
as portas com o controle de segurança.
-Enlouqueceu Rafel?!Para onde está me levando?-Indagou Belinda agora apavorada.
Sem responder ele arrancou o carro da garagem e saiu pegando a estrada.
-Acho melhor pôr o cinto, pois vamos á toda velocidade!-Disse ele acelerando o
carro cada vez mais.
-Eu exijo que me leve de volta!-Gritou ela ofegante.
-Em meu carro, você não exige nada!-Falou ele com o rosto esculpido em pedra.
Amedrontada, Belinda colocou o cinto enquanto ele dirigia como um louco.Não
entendia para onde a levava ou o porquê, mas sabia que naquele momento aquelas
perguntas não seriam bem aceitas.
Momentos depois entravam num sítio com a placa que dizia: Lar de Jesus. Parando
em frente há um enorme casarão cheio de brinquedos e balanços na entrada, Rafel
tornou a carregá-la nos ombros, enquanto Bela esmurrava e esperneava totalmente
confusa.Rodeando a casa ele subiu os degraus da varanda dos fundos, e bateu na porta
com força. De primeira ninguém atendeu, então impaciente ele começou a bater em
movimentos ininterruptos.
A porta se abriu e um senhor de camisolão como aqueles usados na idade média,
indagou confuso:
-O que houve meu filho?Que desespero é esse?
-Preciso que nos case, padre.-Intimou Rafel com uma voz inexpressiva.
-O quê?A essa hora?E porque carrega essa mulher assim, criatura?-Ouviu Belinda, o
padre indagar com voz espantada.
-Não pretendo dar explicações, padre. Apenas preciso que me case agora.
-Desculpe-me filho, mas você só pode estar louco.
-Eu disse isso a ele, padre!-gritou Bela esperneando com mais vigor.
-Se o senhor não concordar padre, irei fornicar com esta mulher e nossas almas
queimarão no inferno por culpa sua!
Fazendo o sinal da cruz, o padre ainda tentou dizer:
-A capela já esta fechada filho, volte amanhã.
-Não!
Vendo que não teria jeito, o senhor de idade pediu ainda meio assustado:
-Espere, enquanto coloco uma roupa mais adequada.
-Volte logo se não quiser que eu ponha essa porta á baixo!-Ameaçou Rafel com
cólera nos olhos.
-Deus me proteja!-Exclamou o padre entrando rápido.
-Não vou me casar com você!-Disse Bela enquanto esperavam.
-Esta opção está fora de questão.-Disse ele em tom que não aceitava negativas.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Quando abria novamente a boca para reclamar, Bela viu a porta abrir-se e o padre
voltar com duas mulheres, uma delas era uma senhora de seus cinqüenta anos e outra
era uma mulher de trinta e tantos.
-Esta é minha governanta Lola e sua filha Margareth, elas vão me auxiliar como
testemunhas.
-Vamos logo.-Mandou Rafel seguindo na frente dos olhares curiosos das duas
mulheres e do de censura do Padre.
Meia hora depois o padre indagava aquela parte tão famosa em cenas de novelas e
livros:
-Rafel Santini Bettencourt, você aceita Belinda Guedes Barbosa como sua légitima
esposa?
-Sim.-Disse ele lhe olhando profundamente.
-Belinda Guedes Barbosa, você aceita Rafel Santini Bettencourt como seu legitimo
esposo?
Bela estava com um não na ponta da lingua, mas algo nos olhos cor de chumbo lhe
toldaram a razão. Algo que implorava para que ela aceitasse, algo que ela conhecia ao
mesmo tempo que desconhecia.
-Aceito.-Disse ela ignorando os sussurros das duas mulheres ao canto que falavam
sobre casar de preto.
-Pode beijar a noiva para irmos todos dormir, senhor Santini.
Rafel lhe segurou a nuca com gentileza, quase timidez. Aproximou-se afundando
cada vez mais seus olhos inexpressivos nos verdes confusos. Então ele a beijou
apaixonadamente.
Correspondendo, Bela passou os braços na nuca forte e ignorou o pigarrear do padre
diante de tanta paixão. Separando-se dela aos poucos, ele murmurou com voz rouca:
-Amanhã ajeitarei os papéis no cartório e lhe comprarei a aliança e o anel de
noivado.
Ainda tonta, Bela não soube o que dizer. Rafel se despediu do padre e agradeceu as
duas mulheres que ainda cochichavam baixinho. Antes de sair, ele prometeu que
ajudaria o lar com uma gratificante contribuição para as crianças carentes que ali
viviam.
Voltaram para casa em silêncio, Belinda estava muda de espanto, e Rafel parecia
compenetrado sem eu próprio mundo. Chegando ao hall da mansão, ela subia as escadas
rapidamente quando ouviu Rafel avisar:
-Amanhã se mude para meu quarto, agora você é minha mulher.
“Mulher” aquela palavra soava na cabeça de Belinda enquanto ela olhava para o
anel que Rafel lhe dera enquanto providenciava outro. Não sabia bem ao certo, mas
talvez tivesse cometido uma loucura, imaginava ela rolando insone na cama.
Capitulo 04
Sentindo os raios solares no rosto, Bela abriu os olhos aos poucos, havia sonhado
algo estranho, que Rafel a raptara e casara com ela, imagina!Passando a mão no rosto
foi que ela viu em seu dedo anular esquerdo, o anel com um enorme rubi vermelho que
pertencia a ele.Sentando-se rapidamente, ela passou a mão pelos cabelos desgrenhados
boquiaberta, em nome de Jesus havia mesmo se casado!E com o homem que prometera
odiar para sempre.
Olhando para a manhã lá fora, ela se sentia confusa.Foi então que lembrou-se do
momento que dissera sim, simplesmente porque algo naqueles olhos hipnotizantes lhe
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Irresistível Desejo Juh Reis
tocara o coração.Rafel Santini agora era seu marido perante Deus e logo seria também
perante a lei.
Suspirando, Bela queria que um buraco se abrisse e ela entrasse. Já permitira que ele
a usasse uma vez no passado, mas dessa vez a situação ainda era mais grave. Pois ele
tinha o poder de destruí-la antes de abandoná-la pela segunda vez.
Trocando-se Bela penteou os cabelos e foi até a cozinha atraída pelo cheiro de café
recém feito.
-Bom dia.-Saudou a Maria que costurava algo que escondeu assim que ela chegou.
Franzindo o cenho Belinda achou muito estranho o comportamento da governanta, mas
não quis comentar.
-Bom dia, menina.-Levantando-se, Maria postou-se à sua frente meio sem jeito.-
Rafello me contou as novidades eu não me agüentei de tanta alegria!-Falou esta
apertando Bela nos braços.-Eu sempre soube que haviam sido feitos um para o outro
minha criança.
“Se ela soubesse...” Pensava Bela abraçando-a com grande afeição. Já que estava
enlaçada com Rafel, não custava nada tentarem conviver como um casal normal, não
é?Mas o que a incomodava era a noite que se aproximava, a primeira que teria com ele
desde a vez em que perdera a virgindade.
-Obrigada Mary, tenho você como uma mãe.
Sorrindo com olhos marejados de lágrimas a mulher de baixa estatura correu para a
geladeira e tirou de lá uma enorme torta de maracujá.
-Fiz uma de suas tortas preferidas, menina. Para adoçar o seu dia.
-Ora minha mainha, sabe que torta de maracujá é minha perdição...-Falou Bela lhe
olhando com ternura.
-Rafello disse que era para mimá-la muito está manhã, enquanto ele ia á cidade
comprar as alianças.Eu achei tão romântico terem fugido para se casar, em toda minha
vida nunca tive um gesto de tanta paixão assim.
Mordendo uma satisfatória fatia de bolo, Bela imaginou porque Maria nunca se
casara, esta dissera ter apenas um filho que vivia na Bahia com sua irmã, mas nunca
relatara nada de seu passado até agora. Estavam conversando animadas, quando Rafel
entrou na cozinha enchendo-a com seu magnetismo intenso. Aproximando-se de
Belinda, ele a beijou levemente nos lábios, enquanto dizia-lhe ao mergulhar em seus
olhos:
-Bom dia, cara mia.
-Bom dia.-Bela sentindo-se mole pela paixão nos olhos lindos.
Postando um joelho no chão, ele abriu uma caixa de veludo verde deixando-a
totalmente extasiada.
-Mesmo já sendo casados perante Deus, eu peço que aceite este anel como prova do
meu respeito e sentimento.-Disse ele como se falasse maquinalmente algo que apenas
decorou.
Apertando os lábios, Belinda ainda pensou em rejeitar, mas o anel era a coisa mais
linda já vista por ela. Havia nele uma enorme esmeralda em forma de coração, com
brilhantes ao redor.
-Esmeralda?-Indagou impressionada.
-Para combinar com seus olhos.-Falou ele cerrando o maxilar.
Olhando para o chão tentando esconder sua emoção a todo custo, ela apenas
estendeu a mão e falou com uma voz estranha:
-Eu aceito.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Após ter o anel em sua mão direita, Bela pensava que agora era tratarem dos papéis
no fórum. Como se lesse seus pensamentos, Rafel falou sem expressar nada no rosto
másculo:
-Troque-se e vamos ao cartório, só faltam os papéis serem assinados.
Assentindo, Bela ainda olhou-o uma última vez antes de ir trocar-se. Horas depois
ela estava sentada no quarto, mas desta vez ainda vestida com as roupas que se casara.
Havia escolhido para a cerimônia, um vestido branco longo do tipo tomara-que-caia,
bordado com miçangas douradas e um chapéu também branco a lhe dar um requinte
nato. Observando a aliança na mão esquerda, ela viu que esta também possuía
pequeninas esmeraldas. Ainda não conseguia acreditar que passaria a usar o nome
Santini. Nome que várias vezes durante sua adolescência, Rafel jogara em sua cara que
nunca iria possuir. O destino era mesmo algo inusitado.
Pelo menos Rafel não resolvera exercer seus direitos de marido assim que voltaram
da cidade, mas ele ressaltara que a noite dividiriam mais do que apenas a mesma cama.
Mesmo não querendo admitir, Belinda estava nervosa como uma virgem prestes a
iniciar sua vida sexual. Tirando o chapéu de cima da cama, ela o jogou no carpete e
estirou-se no colchão macio. Passaria o resto da tarde arrumando suas coisas no quarto
de Rafel, aliás, o quarto de ambos agora. Era melhor começar logo.
Eram sete da noite, quando Bela olhou satisfeita para o quarto arrumado. Ao invés
da decoração salmão do seu quarto, o de Rafel era de cor azul claro e branco. Com uma
imensa cama no lado direito, com dois abajures em cada um dos seus lados. Bela nunca
percebera que haviam casais em cenas de sexo gravados nos encostos e na cabeceira da
cama. Definitivamente, aquele quarto era do tipo nupcial. Em direção a cama havia o
imenso guarda roupa e do lado oposto estava o luxuoso banheiro com a banheira de
hidromassagem. As enormes janelas com cortinas brancas, deixavam os raios pálidos da
lua cheia iluminar o quarto, dando-lhe num clima misterioso.
Abrindo uma gaveta da cômoda de madeira maciça, ela ficou em dúvida sobre qual
roupa íntima usar. Após jogar quase todas sobre a cama, Bela resolveu vestir um
conjunto vermelho totalmente rendado, que lhe favorecia a pele agora amorenada pelos
onze dias na fazenda.
Vestindo-se rapidamente, ela passou perfume no pescoço e no generoso decote de
seu vestido vermelho. Maquilando-se esmeradamente, Bela desceu exatamente quando
a mesa já se encontrava posta.
Rafel a esperava com uma garrafa de vinho que provinha da adega da família
Santini na Itália, vestia-se de modo irresistível, com um suéter negro e calça social
também negra. Ele estava de costas para ela, olhando a escuridão da noite com o rosto
impassível. A viu chegar e dizer boa noite, mas demorou a responder. O que deixou
Belinda apreensiva.
-Porque aceitou se casar comigo?-Indagou Rafel ainda de costas.
Surpresa, Bela estacou no ato de sentar.
-Ora, porque quis.
Ao vê-lo virar-se para si, Bela notou em seus olhos um tipo de sofrimento.
-Sinto que você tem certo ressentimento de mim. Quero que nosso casamento dê
certo, então peço que esqueça o passado.
Baixando os olhos, ela sentou-se e disse polidamente:
-Deixemos essas coisas pra lá. Maria caprichou no jantar, não?-Falou mudando de
assunto.
“Bem que eu queria esquecer” disse Bela para si mesma em silêncio.
-Então vamos aproveitar esse banquete delicioso.-Falou ele colocando um pouco de
vinho em seu copo.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Algum tempo depois, Bela ouvia com atenção, enquanto ele explicava o longo
processo que a uva passava para se tornar vinho. Já haviam terminado de jantar e
Belinda empilhava os pratos para levá-los à cozinha.
-Deixe isso. - Mandou ele ao aproximar-se dela pondo as mãos em seus ombros.
Molhando os lábios secos com a língua, Belinda sentiu as mãos tremerem e
depositou os pratos na mesa com medo que eles caíssem. Sentia no ambiente certo
magnetismo, certa magia. Percebendo que ele lhe tirava os grampos do cabelo,
estremeceu quando a respiração quente lhe disse ao ouvido:
-Odeio ver madeixas tão lindas aprisionadas.
Ele começou a lhe beijar levemente o pescoço, deixando Bela com as pernas
bambas.
-Feche os olhos. - Pediu ele mordendo-lhe o lóbulo da orelha.
Obedecendo, Bela sentiu ele se afastar um pouco e logo um tecido lhe cobriu os
olhos.
-O que está fazendo?-Perguntou espantada.
-Quero apenas lhe fazer uma surpresa, esposa.
E então a pegou no colo aninhando-a no peito forte feito pedra. Entrando na suíte,
ele fechou a porta com um pontapé. Andou alguns passos até deixar Bela em pé perto da
cama. Então disse em voz baixa:
-Espere um pouco, sim?
-Tudo bem. - Disse ela curiosa.
Ele saiu para voltar cerca de poucos minutos depois. Parecia estar arrumando a cama
algo assim, foi então que Bela ouviu o estalo do interruptor sendo apagado. Lodo
depois, braços fortes a agarraram, enquanto a boca dele bafejava na sua excitantemente
e suas mãos iam desnudando o corpo formoso. Quando ela estava apenas de lingerie e
com o coração aos pulos de desejo, ele a pegou novamente no colo e a depositou na
cama. Sentindo algo macio em todo seu corpo, ela tocou o colchão sob si sentindo
pétalas de rosas. Boquiaberta, Bela viu ele lhe tirar a venda e os raios pálidos da lua
iluminar a cama revestida de pétalas vermelhas.
-Rosas vermelhas, para a chama da minha vida. - Murmurou ele lhe puxando a nuca
e tomando-lhe a boca num beijo quase obsceno.
Arfando, Belinda sentiu uma ânsia no meio das pernas, quando ele sentou-se e a
colocou com ambos os joelhos ao redor de sua cintura, fazendo-a sentir sua poderosa
ereção.
-Sinta como te quero, tesoro.
Afogando-se no desejo expresso pelos olhos cinzas, ela acariciou a face morena
vendo com fascínio, ele pender a cabeça para sentir totalmente seu toque. Sentindo-o
agarrá-la fortemente pelas nádegas, Bela gemeu quando ele lhe penetrou a calcinha
acariciando-na em sua cavidade úmida. Massageando seu clitóris, enquanto a observava
jogar a cabeça pra trás e arquear o corpo.
-Você é tão linda. Tão deliciosa... - Murmurou ele arrancando-lhe o sutiã. Chupando
o bico rosado que se endurecia em sua direção, Rafel continuava a lhe enfiar os dedos
entre as pernas enquanto lhe mamava os seios. Agarrando-o pelos cabelos, Bela os
puxou com força quando ele começou a enfiá-los mais fundo e meche-lôs dentro de si.
-Assim... - Sussurrou Bela tomada pela paixão.
Arranhava as costas fortes por sobre a camisa enquanto ele mordiscava-lhe os bicos
dos seios causando-lhe dor e prazer ao mesmo tempo.
-Tire a roupa... - Pedi Bela lhe mordendo a boca de leve.
Levantando-se rapidamente, ele se livrou das barreiras que separavam suas peles,
sem vergonha alguma. Parado nu a sua frente, Rafel Santini era digno de ser esculpido
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Irresistível Desejo Juh Reis
em pedra e ser adorado como um Deus. Ele era simplesmente perfeito, na medida exata.
Não possuía em seu corpo magnífico nenhuma grama desnecessária de gordura. Bela
podia compará-lo a um dos puros sangue que criava sem nenhum remorso, porque era
isso que ele aparentava. Um cavalo bravio cheio de potência e beleza.
Posicionando-se sobre as pernas abertas dela, ele começou a lhe deixar um rastro de
beijos molhados pelo corpo até entre as pernas bem torneadas abertas. Enquanto a
olhava com lúxuria, ele começou a lhe lamber e chupar a feminilidade como á uma fruta
doce e madura. Bela abriu mais as pernas e agarrou os lençóis com o cheiro das rosas a
lhe preencherem as narinas.
-Mais... Mais! - Pedia ela arremetendo os quadris contra a boca audaciosa.
Ele lhe apertava as coxas afundando mais e mais a boca numa sugada louca, fazendo
Bela sentir o ar lhe faltar, e não saber mais o que fazer com as mãos, quando ele subiu
novamente e a beijou na boca com lábios, dentes e língua.
Correspondendo totalmente entregue, Belinda acariava-o nos ombros largos,
enquanto lhe enlaçava os quadris com as pernas ávidas.Todos os pensamentos lhe
fugiram da mente, só o corpo sob si e o mastro duro dele lhe pareciam necessários
naquele momento.
-Possua-me.-Pediu ela baixinho depois levantando a voz na medida que ele se
esfregava em seu corpo em brasa.
Estendendo-se até a calça no carpete, ele tirou do bolso desta um pacote de
camisinha e abriu-a colocando-na membro ereto, enquanto ela esperava ansiosa como
um vulcão prestes a entrar em erupção. Deitando seu corpo grande e forte sobre o dela,
que era pequenino. Ele a penetrou, lhe comendo o rosto e o corpo com olhos em
chamas. Sentindo-o invadir-lhe a carne, Bela suspirou tanto de alívio, quanto de prazer.
Sentira tanta falta daquele homem, daquele corpo e principalmente daquele membro
soberano fazendo-a dele.
Ela fechou os olhos na medida em que ele arremetia com força dentro de si, parecia
que estava flutuando num espaço alternativo de pura paixão e tesão.Gemendo cada vez
mais alto, ela lhe acariciava o peito, enquanto virava o rosto contraindo a expressão pela
doce tortura que ele lhe infligia.
-Abra os olhos para mim, meu amor.-Pediu ele a puxando pela nuca e agarrando-lhe
os cabelos com firmeza mais sem machucá-la.
Sentindo algo promíscuo lhe fluir no corpo, uma necessidade animalesca de sentí-lo
mais profundo em si, foi que Bela afastou-o momentaneamente, para ajoelhar-se de
frente a cabeceira da cama com desenhos vulgares esculpidos e segurá-la com força
empinando o corpo, dizendo com uma voz que nem ela mesma reconheceu:
-Faça-me sua, como nunca fez nenhuma outra.
E foi exatamente o que Rafel fez, ao postar-se também de joelhos atrás dela e lhe
puxar os quadris violentamente contra seu corpo arfante e contraído pela paixão.
Segurando por sobre a mão dela na cabeceira da cama, ele lhe chupava o pescoço,
enquanto a possuía ferozmente.
-Você é pura loucura, mulher...-Falava ele mas teve sua voz interrompida por um
gemido quente que brotava de sua garganta.
Sentindo-o aumentar a velocidade, Bela gemia, gritava, arfava, rugia prevendo o
gozo aproximar-se. Foi então que estrelas explodiram em sua frente, e o prazer lhe
inundou o corpo totalmente, enquanto Rafel também ia ao êxtase afundando a boca em
seus cabelos para abafar o som gutural que emitiu.
Desabando exaustos, Belinda sentiu seu corpo mole e totalmente relaxado
entrelaçado com o de Rafel, que respirava ofegante e estava molhado de suor.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Colocando a cabeça no peito moreno, ela ouvia o coração dele bater rapidamente.
Fechando os olhos, ela adormeceu pouco depois, sem ouví-lo pronunciar:
-Non posso stare senza te...-Falou ele num sussurro quase inaudível, ao observar o
lindo rosto de pestanas longas e claras, adormecido.
Sentindo beijos serem depositados em seus pescoço e rosto, Belinda acordou
vagarosamente. Olhando ao redor ela viu Rafel sentando ao seu lado, debruçado sobre
si. Estava com o peito nu úmido e uma toalha ao redor dos quadris, os cabelos negros
molhados pareciam receptivos ao toque.
-Oi.-Falou Bela puxando as cobertas para cobrir-se sem graça.
Olhando-a profundamente, ele lhe acariciou os cabelos ao dizer com uma luz
estranha no olhar:
-Bom dia, fragola mio.
Ainda com o corpo meio lânguido, Bela indagou sentando-se e ajeitando os
travesseiros nas costas:
-Fragola?
-Meu morango.
Esticando-se ele pegou a bandeja em cima da cômoda e a colocou numa banquinha
sobre as pernas de Bela.
-Lhe trouxe o café.
Surpresa ela o encarou sem ver transparecer nada em seu rosto. Belinda nunca havia
recebido café na cama por ninguém. Era como se tudo fosse novo.
-Você preparou o café...para mim?-Perguntou ela, pois sabia que Maria estava de
folga por dois dias.
-Sim, e porque não?Minha esposa merece o melhor.-Disse ele lhe piscando maroto.
Ainda sem acreditar, Bela olhou para a bandeja notando que ele tivera o cuidado de
preparar tudo do modo como gostava. Os pãezinhos estavam quentes com queijo
derretido dentro. Haviam uvas, geléia e uma banda de mamão, com um copo de suco e
outro de café com leite, adoçado com duas colheres. Até o suco e o café estava com o
tanto de leite e doce que gostava.
-Obrigada.-Disse Bela corando ao vê-lo encarar descaradamente o subir e descer de
seus seios devido à sua respiração acelerada.
-Não á porque agradecer, na próxima você me dá algo delicioso para comer
também.-Disse ele lhe analisando o corpo com um brilho de desejo no rosto recém
barbeado.
Disfarçando o rubor ela pegou um dos pãezinhos e começou a mordê-lo com suaves
mordidas.
-O que vamos fazer hoje?-Indagou ela ao tomar o café quente e forte.
Pegando uma uva, ele lhe colocou nos lábios sensualmente, enquanto lhe acariciava
as coxas descobertas com vigor.
-Hum...Temos duas opções, ou passamos a manhã, a tarde e a noite na cama, ou o
dia todo na cama. Qual você prefere?-Indagou Rafel de modo risonho.
Fingindo pensar, Bela enfim respondeu:
-Gosto das duas opções.
-Então, vamos começar logo.-Falou ele vendo que Bela terminara de comer.
Pegando a bandeja, depositou-a sobre a cômoda próxima suavemente. Depois,
Retirou sem cêrimonia a toalha que lhe disfarçava a ereção proeminente, sorrindo
malicioso quando arrancou o lençol que a cobria, e falou se lançando sobre ela:
-Que tal incendiarmos cada cômodo da casa com nosso fogo?
-Eu adoraria.-Respondeu Bela lhe puxando a boca para mais perto.
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tudo havia acontecido tão rápido. Sua doença, a ida para a fazenda, as insinuações de
Rafel, seu casamento fugaz e a tórrida noite de núpcias que tivera. Havia sido tudo tão
repentino, que Bela não tivera ainda nem tempo de digerir tudo. Não acreditava que
estivesse mesmo casada com um milionário italiano, o qual cobiçara conquistar
desesperadamente na juventude. A vida era mesmo muito engraçada.
Após ter arrumado tudo, ela desceu as escadas reparando que a porta do escritório
estava fechada. Rafel deveria estar vendo como iam as coisas na fazenda em sua
ausência. Sem querer incomodá-lo, Bela não avisou que iria sair. Vestida com uma saia
branca leve e uma camiseta vermelha, ela tinha o biquíni preto e amarelo por baixo.
Andando a beira mar, Belinda retirou o elástico que lhe prendia os magníficos
cabelos e o sacudiu sobre os ombros, era tão bom sentir-se como se pudesse voar a
qualquer momento, como um dos pássaros livres que faziam piruetas no céu. Sentando-
se na areia fofa, ela olhava a paisagem embevecida, lembrando-se de quando tinha oito
anos e seus pais a levaram para a praia, era tudo muito vago, mas o rosto lindo da sua
mãe e o bondoso de seu pai nunca lhe saíram da mente. Segurando com força o pingente
que usava, ela o apertou levemente. Clara lhe dera há alguns anos, dizendo ser de sua
mãe. Era um cristal, mas não incolor como a maioria, este tinha uma cor verde só um
pouco mais clara que a de seus olhos. Da cor dos olhos de sua mãe.
Com expessão triste, Bela desenhou seu nome com um dedo na areia quente, e meio
que sem querer formou o nome de Rafel embaixo do seu, para logo depois colocá-los
dentro de um coração. Irritada, Belinda apagou tudo rapidamente e suspirou fechando os
olhos. Não entendia o que sentia, mesmo tendo sofrido tanto ela parecia ainda amar
Rafel Santini desesperadamente. O pior era que seu orgulho a cutucava em tempos e
tempos, mostrando como estava frágil se entregando com tanta paixão a ele. Não
suportaria deixar o amor vir à tona e depois ser rejeitada e esquecida por ele. Seu
coração nunca mais voltaria a amar de novo, se Rafel estivesse disposto a apenas
brincar com seus sentimentos.
Levantando o olhar, ela viu o momento em que o sol se punha, e percebeu ser a
coisa mais magnífica que já notara na vida. O céu tinha uma coloração alaranjada,
enquanto o sol parecia se fundir ao mar numa relação de amor apaixonada. Os pássaros
cantavam alto sobrevoando o céu, tornando a vista ainda mais mágica.
-Perfeita...-Falou Bela impressionada.
-Só não mais que você, locura mia.-Falou uma voz séria ao seu ouvido.
Virando-se assustada, Bela engoliu em seco ao ter Rafel ajoelhado ao seu lado
apenas de calção. Ficando rubra, ela voltou a olhar o sol agora quase totalmente
desaparecido nas águas.
-Obrigada por trazer-me aqui.-Falou ela sem olhá-lo.
Segurando-lhe o queixo, ele lhe acariciou o rosto apenas com os olhos, e então
como asas de borboleta lhe beijou a boca num roçar de lábios. Levantando-se Rafel
demonstrou uma voz cheia de desejo sexual ao dizer:
-Eu quero você agora. Mas dessa vez esperarei que venha a mim, peça por mim.-
Disse ele ao lhe olhá-la uma última vez antes de voltar em direção ao chalé.
Apertando os lábios, Belinda perguntou as estrelas que iluminavam a noite
marítima.
“O que faço agora?”Mas as tais cintilantes não lhe deram resposta. Respirando
fundo, Bela se sentiu angustiada, invés de estar aliviada. Pelo menos ele deixara a sua
escolha, ter relações com ele ou não .Bela ficou nesse dilema por um longo tempo, até
levantar-se e voltar para a imponente construção ao longe. Entrando, ela o viu tomando
chocolate quente rodeado de papéis no confortável sofá em frente a lareira. Ele não
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Irresistível Desejo Juh Reis
levantou os olhos do que fazia, apenas bebericou mais o líquido fumegante em seu
copo.
Sem graça, Bela ficou parada um tempo, até ir á cozinha e fazer um sanduíche para
comê-lo juntamente com o chocolate quente. Após acabar ela passou rapidamente pela
sala e subiu ao quarto. Chegando lá, ela pegou uma camisola fina e dirigiu-se ao
banheiro para uma ducha. Sentindo a água morna lhe lamber o corpo num carinho
relaxante, Bela viu uma idéia ousada se desenvolver em sua mente. Terminando de
banhar-se, ela passou óleo de amêndoas em todo o corpo e vestiu a camisola de um
vermelho vibrante rapidamente. Fazendo um nó nos cabelos, ela pegou um CD que
estava guardado em sua bolsa e passou perfume no decote rendado da camisola, no
pescoço e orelhas. Descendo suavemente, ela o encontrou olhando pensativamente o
fogo. Parecia estar triste, sozinho e desamparado. Algo marcava sua expressão, uma
espécie de dor. Foi então que Bela se aproximou por trás dele e colou a boca em seu
ouvido dizendo:
-Vim á você. Agora me verá pedir com meu corpo, por você.
Então apagando a luz, ela deixou que apenas as chamas na lareira iluminassem o
ambiente, enquanto se colocava frente a ele num olha provocante. As batidas quentes da
musica “Sexy Love” de “Ne-yo” enchiam a sala numa sexualidade incrível. Balançando
os quadris vagarosamente, Bela começou a mexer o corpo num pra lá e pra cá delicioso.
Cantando baixinho junto com o cantor, ela ondulava o corpo docemente, enquanto
passava a mãos entre as coxas torneadas como se fossem as mãos dele. Levantando a
barra da camisola sensualmente, ela o olhou com os verdes olhos em fogo, e desceu
uma alça do diáfano tecido da camisola vagarosamente, passando a mão por sobre os
seios gemendo, deixando-os doloridos e com mamilos rijos. Para logo depois soltar os
cabelos que lhe caíram pelo rosto de lábios entreabertos e respiração cadenciada.
Notando que ele a observava hipnotizado, Bela olhou a outra alça da camisola e desceu-
a demoradamente. Percebia que a respiração dele estava ofegante, enquanto mapeava
todo o seu corpo nu num culto a um ser divino. Totalmente nua, Bela continuava a
movimentar-se aos últimos acordes da música, até que ao final desta, ela andou num
rebolar gracioso até ele, e sentou com as pernas abertas sobre a sua ereção duríssima e
pulsante.
Beijando-o lascivamente, ela lhe puxou os cabelos e arranhou-lhe as costas
desesperada. Arfando com um olhar perigoso, Rafel puxou o calção e colocou para fora
seu membro grosso e da glade vermelha e inchada. Olhando-o em brasa, Bela sentiu
todos os temores deixarem-na. Ela precisava sentir o gosto dele mais á fundo,
necessitava dar prazer a ele como nunca fizera nenhuma outra. E só assim sentiria então
o prazer dele como seu. Foi com esse intuito, que Bela saiu de cima dele e postou-se de
quatro enquanto lhe pegava o pênis e o acariciava beijando-lhe ao redor. Sentindo a mão
dele lhe acariciar os cabelos, ela beijou a glade convidativa suavemente.Logo começou
a dar suaves chupadas, enquanto via-o gemer alto e fechar os olhos jogando a cabeça
para trás. Ela se sentia agraciada por ter seu homem assim entregue, em suas mãos, para
agir como quisesse.
Estava se deliciando com o gosto tão masculinizado que se desprendia do membro
pulsante dele, mesclando-se a sua saliva num sabor doce. Os gemidos altos e os
espasmos do corpo viril, só davam mais gás ao fogo que a incendiava. Colocando-o
todo na boca, Bela mergulhou nos olhos como tempestades turbulentas, e engoliu o
quanto pôde a ereção potente dele.
-Ah!-Gritou ele ao sentí-la morder-lhe a carne levemente.-Belinda...-Sussurrou
Rafel totalmente arfante e com os olhos vidrados de lúxuria.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Sem agüentar mais, ele a jogou sobre o tapete de pele e abriu as pernas convidativas
penetrando-a com um urro animalesco. Agarrando a manta macia embaixo de si, Bela
arqueava-se possuída pelo desejo. A lareira iluminava o homem que subia e descia
sobre si. Ele parecia um deus banhando em ouro, com os olhos fechados, a boca cerrada
e as mãos lhe machucando a carne dos quadris e nádegas. Ele estava levando mais que
simplesmente seu corpo, era como se estivesse sugando sua alma, invocando seu
espírito.
Seus corpos moviam-se como um só, cada murmúrio, gemido arfar, era
sincronizado. Bela sentiu lágrimas lhe rolarem o rosto, quando ele a possuiu com mais
força e cadência. Sentindo a mão firme lhe acariciar o rosto, ela abriu os olhos que
fechara para conter as lágrimas, e viu pela primeira vez o olhar cinza repleto por algo
que parecia ternura. Quando o corpo sobre si estremeceu várias vezes, Bela contemplou
extasiada o seu homem chegando ao prazer, mas não pode continuar por muito tempo,
pois seu corpo parecia estar sendo derretido e desintegrado por tanto fogo e paixão.
Gritou agarrando-se as costas fortes, enquanto seu corpo trêmulo gozava
sequencialmente.
Minutos depois eles estavam entrelaçados ainda nus em frente á lareira. Não
falavam nada, pois sabiam que não fora apenas sexo o que acabaram de compartilhar,
mas sim algo mais forte e poderoso que isso. Adormeceram assim colados e em
silêncio, enquanto lá fora os passarinhos cantavam anunciando a manhã que nascia
gloriosa.
Após levantarem e tomarem o café da manhã, Rafel convidou Bela para um passeio
dizendo que não queria conta com o trabalho naquele dia. Andaram em trajes
despojados e de mãos dadas, cada vez Bela ficava mais encantada com as rochosos
relevos que estendiam-se ao mar á fora. Andaram até encontrarem uma rocha gigantesca
com algo que parecia a entrada de uma caverna no meio.
-O que é aquilo?-Indagou Bela curiosa.
-A gruta das encantadas.-Respondeu Rafel sorrindo.-Quer vê-la?
Assentindo, Belinda pulou algumas pedras até parar na entrada rochosa preocupada.
-É mesmo seguro?
-Sim. Mas qualquer coisa você pode grudar em mim, para não se perder.-Falou ele
num olhar sarcástico.
Olhando-a com deboche Rafel lhe segurou a mão e entraram na gruta escura. Era
lindíssima, com as paredes com relevos desproporcionais, criados naturalmente pela
natureza. A luz do sol semi-iluminando o local, só deixava a gruta com um toque
mágico no ambiente. Ao fundo, havia algo como um pequeno lago, que tinha a
aparência de suas águas, límpidas e frescas.
-Já ouviu falar no canto das encantadas?
Virando-se para ele que tocava a parede suavemente, ela indagou confusa:
-Canto?
-Sim.Conta a lenda da Ilha do mel, que há muito tempo atrás, existia nesse gruta
seres mágicos. Eram mulheres belíssimas que dançavam e cantavam ao nascer do sol.
Seus cantos eram tão formidáveis, que muitos pescadores morreram ao perder rumo de
seus barcos, pois ficavam em transe ao ouvir musica tão magnífica.
Olhando ao redor deslumbrada, Bela até conseguia ver mulheres banhando-se nas
águas agradáveis enquanto riam e cantavam. Aquele lugar tinha mesmo um toque de
místico.
-Mas um corajoso marinheiro ficou um dia à espreita, no alto de um rochedo. O dia
estava nascendo quando ele ouviu os primeiros cantos, aproximando-se do interior da
gruta ele avistou mulheres nuas dançando e cantando. Mas estranhamente não
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adormeceu como acontecia com os outros, pois ele se apaixonou a primeira vista por
uma das lindas mulheres. Confessou a ela seu amor e disse querer ficar ao seu lado para
sempre, mas esta respondeu que teria de morrer para isso. E ele aceitou, pegando-a pela
mão e desaparecendo dentro das águas. Fala-se que ela tinha os olhos mais verdes já
vistos, assim como os seus, bella mia...-Disse ele ao aproximar-se dela e lhe acariciar a
face com olhar profundo.
Sem conseguir desviar os olhos dos dele, Bela se sentiu puxada pela cintura após
encostar a mão no peito musculoso e descoberto. Talvez não tenha sido uma boa idéia
sair com Rafel apenas de calção negro. O corpo dele estava lhe desorientando a mente.
-Não acho que este seja o momento adequado...-Murmurou ela encarando a boca
masculina bem feita.
-É apenas um beijo, dolcezza...-Disse ele aproximando o rosto do seu.
Fechando os olhos Bela aguardou a boca suculenta tomar a sua. Recebeu-a com
ardor, enquanto o corpo forte e alto quase levantava seus pés do chão. Estava absorta
nos maravilhosos e quentes lábios, quando ouviu um canto ao longe. Pareciam vozes
femininas, entoando um canto de amor. Afastando-se um pouco de Rafel ela ouviu o
canto cessar. Então assustada perguntou a ele:
-Você ouviu?
Olhando-a com a face obscura, ele apenas pegou-a pela mão e puxou-a para fora da
gruta as pressas. Belinda vira algo passar no semblante aristocrático rapidamente, mas
ela não percebera o que havia sido.
-O que foi?-Perguntou ela ao lado dele que evitava olhá-la a todo custo. Rafel ficara
tão estranho de repente.
-Não é nada.-Disse ele pensativo.
Tentando quebrar o constrangedor silêncio de algum modo ela indagou:
-Para onde vamos agora?
-Farol das conchas.-Sem olhá-la ele avisou:-Aproveite bem o passeio voltaremos á
fazenda amanhã.
Boquiaberta, Bela parou com olhos arregalados.
-Já?Chegamos há poucos dias...
-Tenho negócios importantes a tratar em São Félix do Araguaia. Não posso mais
adiá-los, em um outro momento oportuno voltamos.-E voltou a caminhar dando-lhe as
costas.
Sem entender, Bela se sentiu magoada com o tom frio que ele lhe dispensava e se
calou pelo resto do percurso. Ficou impressionada com o enorme e imponente farol,
ouviu Rafel contar que ele fora construído á mando de Dom Pedro II para orientar a baia
de Paranaguá. A vista de lá era perfeita, via-se o mar como um véu claro e lindo,
enquanto o farol estava rodeado de partes rochosas com vegetação rasteira. Naquele
lugar parecia-se estar perto do céu, talvez até tocá-lo. Rafel permaneceu o tempo todo
olhando a paisagem sem vê-la, o lugar estava um pouco lotado, pelos diversos turistas
que visitavam a ilha, mas mesmo assim em nada aquilo afetava a paisagem quase irreal
á sua frente.
Voltaram para o chalé como dois desconhecidos, Rafel estava um pouco à frente
com a mão nos bolsos do calção, enquanto Bela deslizava os pés na areia segurando as
sandálias baixas na mão. Não entendia aquele comportamento estranho dele, era como
se voltasse a ser o homem frio de sempre, apagando a imagem do Rafel apaixonado que
ela começara a amar. Talvez os casamentos fossem mesmo como diziam-se, com o
passar do tempo as coisas só dificultavam-se.
Bela subiu rapidamente para o quarto, enquanto Rafel trancava-se no escritório. De
um jeito ou de outro, parecia que a lua-de-mel havia definitivamente acabado.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Chegaram à fazenda pela manhã, sem se falarem. Bela ficara acordada até tarde
esperando que Rafel viesse estar com ela, mas ele não viera. Passara a noite toda
trancafiado no escritório. Sentada em sua cama ela escrevia sem cessar, precisava
colocar sua raiva em alguma coisa e nada melhor que criar histórias para lhe levantar o
ânimo.
Ficou assim por um longo tempo, até que resolveu sair para espairecer. Trocou de
roupa rapidamente. Pegou a bolsa e as chaves do Crossfox negro e foi em direção a
garagem. Não encontrou ninguém, pelo visto Rafel havia saído, e sua suspeita logo foi
confirmado ao perceber que sua Ferrari vermelha não estava lá.
Saiu da fazenda sem saber exatamente que rumo tomar, baixou os vidros e ligou o
som em uma altura enorme. Queria que a música toldasse-lhe os pensamentos, medos e
angustias. O vento lhe batia no rosto e cabelos ferozmente, a medida que aumentava a
velocidade.
Chegou á cidade meio que sem querer, então olhando para a bolsa no assento ao
lado, resolveu comprar algumas coisas. Entrou na primeira loja de lingerie que
encontrou, comprou um corpete com cinta liga e meias negras, resolveu também investir
em velas aromatizantes e camisinhas de sabores. Depois foi em uma outra comprar
alguns vestidos e conjuntos. Adquiriu duas roupas para noite e três camisetas e shorts
para usar habitualmente. Caminhava distraidamente pelas ruas, quando viu exposta em
uma vidraça um pingente masculino incrível. Havia o rosto de um dragão de bronze
com olhos de safiras, e um anel igualmente belo fazia par com ele, nele havia também o
tal dragão, mas em menor tamanho. Olhou o preço e viu não ser nada absurdo, então
divagou por vários minutos se Rafel merecia receber tal presente. Então vencida ela
entrou na loja.
Meia hora depois saía com uma caixa de veludo azul, viu um restaurante no outro
lado da rua e resolveu entrar, mas antes ela notou em frente ao estab elecimento uma
Ferrari idêntica a de Rafel. Resolveu olhar pelas janelas envidraçadas, e observou um
homem de costas muito parecido com seu marido. Com o coração aos pulos, ela deu
alguns passos para ver melhor o homem de camisa branca, e teve a terrível evidência
que era exatamente ele, com uma melhor loira, conhecida como sua ex amante, Crissy
Taylor.
Boquiaberta, Belinda a viu colocar a mão sobre a dele, enquanto o devorava com os
olhos extremamente azuis. Como não podia ver muito bem o semblante masculino, Bela
não viu a reação dele, mas o simples fato de a deixar tocá-lo daquela maneira em
público era uma verdadeira afronta, quando todos sabiam que ele era um homem
casado. Furiosa ela teve ganas de entrar e estilhaçar com suas unhas o sorriso safado de
Crissy, mas passaria por tola e ciumenta. Se Rafel estava fazendo aquilo era porque
queria, e ela nada poderia fazer contra isso. Talvez ele nunca houvesse deixado de amar
aquela criatura insensível e fútil. Com lágrimas nos olhos e um aperto na garganta, Bela
correu para o carro e entrou jogando furiosamente as sacolas no banco traseiro.
Dirigiu até a fazenda como se estivesse cega, quando chegou, guardou o carro e
pegou as sacolas entrando na mansão e dirigindo-se em direção ao quarto. Ele nem
esperara chegarem direito da lua-de-mel e já estava de intimidades com outra. Jogando-
se na cama, Bela se amaldiçoou por se iludir tanto. Como pudera pensar que Rafel
Santini poderia amá-la de verdade...Ele só a queria fisicamente, apenas isso.
Ela chorou por um longo tempo, sentindo seu coração espedaçar em minúsculos
pedaços. Então fechou os olhos e adormeceu profundamente.
Era quase noitinha, quando Bela acordou e desceu para beber algo. Encontrou Rafel
saindo do escritório após entender um telefonema. Ele parou com a expressão
impassível e disse:
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Irresistível Desejo Juh Reis
-Fomos convidados para uma festa. Um antigo amigo meu acabou de mudar-se após
sofrer um grave acidente, como teve de se aposentar e terá de ficar em repouso, ele
escolheu São Félix para descansar. - Estava para voltar ao escritório, quando ainda disse
antes de continuar seu caminho: - Vista algo elegante. Haverá pessoas influentes lá e
quero que vejam a linda mulher que possuo.
-Eu não vou. - Retrucou Bela baixando os olhos.
-Como assim, não vai? - Perguntou ele com o maxilar cerrado.
-Apenas não vou. - Disse ela levantando o queixo em desafio.
Aproximando-se Rafel falou olhando-a sério de sua alta estatura.
-Espero que não coloque nossas questões pessoais de modo que atrapalhe meus
negócios. Não vejo meu amigo há muito tempo e ele planeja algum tipo sociedade
comigo, e você é minha esposa, como uma boa anfitriã deve seguir-me. O jantar será ás
sete.
“Esposa” Como se ele soubesse o significado de tal palavra após estar conversando
intimamente com aquela lambisgóia loira.
-Tudo bem. Que seja como você quiser. -Disse ela num sorriso montado, que foi
imediatamente desfeito após vê-lo sair. Então ele queria que vissem o quanto sua esposa
era magnífica?Pois então era isso que ele iria ter.
Uma hora e meia depois, ela descia as escadas num gingado de quadris que faria
qualquer mortal cair babando aos seus pés.Encontrou Rafel na sala de estar bebendo
vodca, vestido como um demônio tentador num smoking negro e os cabelos lisos
penteados para trás.O rosto anguloso olhava para as chamas com um braço apoiado na
lareira.As sombras do fogo dançavam em seu rosto lhe dando um ar maligno, enquanto
ele parecia alheio em algum mundo particular.
-Estou pronta.-Disse Belinda após olhá-lo anonimamente por um tempo.
Virando-se ele a olhou normalmente, mas parou com o copo a caminho da boca
analisando-a da cabeça aos pés. Com um vestido curtíssimo verde e preto, Bela tinha o
colo totalmente descoberto pelo corpete sem alças, e os seios alvos como se fossem
pular para fora a qualquer momento. O tecido de seda lhe cobria o corpo como uma
segunda pele, deixando-a com as pernas torneadas à mostra tendo um sapato altíssimo a
lhe enfeitar os pés. Os cabelos estavam presos num habilidoso e elegante coque,
enquanto ao pescoço ela trazia o cristal de sua mãe e um pingente verde como seus
olhos. O rosto levemente maquilado tinha os lábios polpudos num rosa claro e os olhos
realçados de um jeito que lhe iluminava o olhar. Estava simplesmente deslumbrante.
-Você está...-Gaguejou ele espantando.
-Estou como?-Disse ela fazendo biquinho e empinando os seios, enquanto colocava
as mãos na cintura num porte de modelo.
-Maravilhosa.-Terminou ele com fogo nos olhos.
-Vamos?-Disse ela dando uma pirueta e saindo num doce rebolado.
-Espere.O que é isso?-Indagou com os olhos frios espantados, apontando-lhe as
costas.
-ah!isso?Ora essa!O fundo do meu vestido.-Falou num sorriso.
-Que fundo?Você esta quase nua!-Exclamou ele se referindo ao profundo decote
que parava no começo do rego de suas nádegas.
-Nua?Pare de brincar Rafel, vamos se não nos atrasaremos.
-Você não vai comigo assim!Vão pensar que você é uma...
-Uma o quê?-Indagou Belinda num sorriso cândido e um olhar inocente.
-Você sabe muito bem!
-Não imagino a que você se refere, querido.-Vendo que ele estava apertando as
mãos num gesto furioso, Belinda temeu que ele lhe arrancasse o vestido brutalmente e
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-Desculpe-me, ainda não consigo acreditar que Rafel se casou. Há algum tempo
atrás estávamos quase noivos...
-Realmente, mas isso fora como você mesma disse, há muito tempo.
Vendo que não ganharia nada com tal discussão, Crissy começou a indagar sobre
coisas fúteis a Rafel. De repente fez uma pergunta a Bela que a desconcertou.
-Rafel já a levou para conhecer Matilde?Sua avó?
-Não.-Respondeu Belinda a contra gosto, olhando para o rosto moreno virado para a
loira colada ao seu braço.
-Por que querido?Lembro-me que sua avó e você eram bem apegados...
-E ainda somos. Apenas não tive ainda tempo para isso.-Respondeu ele duramente.
Rafel saiu por um instante para cumprimentar alguns fazendeiros, e deixou Bela em
companhia de Crissy, que não perdeu a oportunidade para dar o bote.
-Rafel me parece meio frio, ele é assim sempre com você, querida?-Indagou
enquanto servia o champanhe longamente com os olhos malévolos fixos em Bela.
Apertando a taça que segurava fortemente, Belinda temeu partí-la tamanha era sua
ira.
-Ele só se mostra um gatinho ronronante para mim... De preferência na cama.
Vendo a outra encará-la irritada, Bela sentiu prazer ao ver que à havia cutucado.
-Sabe que ele ainda me ama e me quer. Casou-se com você por um desvairo
repentino que garantiu já estar arrependido.
-Foi mesmo?-Indagou ironicamente.
-Ele é meu. Sempre foi desde jovem. Não é você uma pobretona de segunda mão,
que vai ter o que me pertence por direito!
-Não sei se você percebeu queridinha, mas quem usa a aliança como prova do amor
dele aqui sou eu.
-Não por muito tempo!-Ameaçou esta ao retirar-se grosseiramente.
Suspirando,Bela olhou tristemente para o líquido borbulhante na taça fina.Ela tinha
razão, aquele casamento só estava fadado ao fracasso. Rafel ainda devia amá-la já que
evitava ao máximo se aproximar de Belinda. Como se ela tivesse alguma doença
contagiosa.
Uma música leve começou a tocar, os músicos estavam postos num palco decorado
com esmero. Na pista de dança os casais começaram a dançar apaixonadamente, e
indignada Belinda viu Rafel levar a cobra venenosa para dançar coladinho.A desgraçada
estava praticamente a colar o corpo com o dele em público, pareciam até que se
fundiriam a qualquer momento. Observando a cena enojada, Bela se continha apulso.
-Minha irmã nunca teve muito tato.-Disse Cameron chegando ao seu lado.
-Não é o que parece.-Disse Bela desdenhosamente ao ver as mãos de longas unhas
acariciar os ombros de seu marido, desavergonhosamente.
-Desculpe-a, Crissy sempre teve um tipo de obsessão por Rafel. Aceita dançar
comigo?
-Sinto recusar, mas não. Essa festa está me deixando fadigada.-Então virando-se
para ele indagou:-Teria algum lugar onde eu poderia ficar em silêncio?
-Sim. No meu escritório, no final do corredor á direita. Quer que eu a acompanhe?
-Não. Desejo ficar sozinha.-Disse Bela saindo rapidamente.
Chegando ao local indicado, ela entrou e sentou-se no confortável sofá próximo a
escrivaninha organizada. Decorado com bom gosto, o ambiente era amplo e claro
deixando Bela fascinada pelos objetos de luxo que haviam ali.
-O que houve?-Indagou Rafel entrando no escritório após trancar a porta.-Por que
veio para cá?Cam disse que você passava mal.
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Capitulo 05
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corpo magnífico daquele que de um dia pro outro se tornara seu marido, que nem se deu
conta que ele mexia os olhos, abrindo-os.
-Espero que além de ver você planeje tocar também.-Disse ele estendendo a mão e
pousando no rosto rosado.
Rubra de vergonha, Bela baixou os olhos sem jeito.
-Você possui sardas sobre o nariz.-Disse ele com a face surpresa.
Passando a mão sobre as pintinhas que a irritavam desde pequena, Belinda disse
com pesar:
-Infelizmente sim.Também tenho nos ombros.
-São maravilhosas...-Sussurrou ele encantado.
Espantada, ela o encarava sem entender.Rafel estava diferente naquela amanhã,
parecia mais relaxado e amável.
-Obrigada.
-Aceito seus agradecimentos num beijo.-Falou ele abrindo um sorriso perfeito.
Aproximando o rosto ainda envergonhado, Bela tocou os lábios grossos com os seus
delicadamente.Estava para se afastar rapidamente, quando as mãos fortes lhe seguraram
a nuca massageando-a sensualmente.
-Você tem o frescor das rosas pela manhã.E lábios tão doces como o néctar destas.
-E você cabelos lindos.-Disse Bela encantada com as madeixas azuladas de tão
negras e o jeito brincalhão que Rafel demonstrava.
-Nunca me disseram isso, já elogiaram meus dotes físicos, mas nunca meus
cabelos.-Falou ele gargalhando.-Prometa ficar comigo mesmo que um dia eu fique
careca.
Meneando a cabeça Belinda riu antes de dizer:
-Eu espero ficar.
-Não só você...-Disse ele sério com os olhos quentes.
Sem graça com a emoção que tomava seu ser, Bela disse levantando-se da cama:
-Sinto fome.Vamos tomar o café?
Assentindo, Rafel se levantou em sua gloriosa nudez, e num sorriso safado a jogou
sobre um ombro dizendo enquanto lhe dava um tapinha na nádega nua:
-Mas primeiro vamos matar outra fome.
E fechou a porta com um pontapé atrás de si.
Desceram satisfeitos e relaxados do banho, mas ao chegar ao hall, Bela se assustou
com as quatro malas depositadas no piso brilhante. Encarando Rafel ela virou-se para
ele e indagou:
-Será que seu pai já chegou?
Antes que este pudesse responder, vozes aproximaram-se de onde eles estavam
parados. Primeiro apareceu Matchello, depois uma mulher de longos cabelos negros
cacheados e olhos acinzentados. Devia ter na faixa de seus quarenta e cinco anos e era
muito bonita. Estava vestida com elegância e carregava uma vasile rosa, mas seus
olhos...Haviam neles um sofrimento profundo, como quem já houvera passado pelas
piores atrocidades.
Foi então que uma luz explodiu na mente de Bela, olhou para Rafel e depois para o
rosto da linda mulher, percebendo a semelhança incrível entre eles. Será que aquela
era...
-Rafel, Belinda. Lhes apresento Rochelle Santini, minha esposa.
Boquiaberta, Bela olhou os três rostos, totalmente espantada. Matchello parecia
feliz, Rochelle temerosa e por fim Rafel estava impassível. Apenas seu maxilar
contraído, demonstrava seu estado de fúria.
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que Rafel já houvesse escutado uma única palavra de amor na vida.E Bela queria dizer a
ele todas que conhecia e até desconhecia, mas sabia que não seria bem-vinda. Não
naquele momento.
Parando ao lado dele, ela olhava a vasta propriedade sem saber como confortá-lo.
Foi então que saiu e voltou rapidamente, com uma caixa de veludo azul. Estendendo-a
para ele, Bela falou:
-Comprei há alguns dias. Acho que este é o melhor momento para lhe entregar isto.
Vendo-o pegar o objeto vagarosamente, Belinda sentiu o coração aos pulos com a
ansiedade por saber se ele iria gostar do presente ou não.
Rafel retirou o colar da caixa sustentando-o por um dedo e admirando o dragão com
olhos tão belos quanto os seus, silenciosamente. Depois de colocá-lo no pescoço, ele
pegou o anel e enfiou no dedo mindinho analisando-o com um olhar intenso.
Olhando para o rosto ansioso a sua frente, ele franziu o cenho por um instante para
logo dar algo que parecia um meio sorriso. Sem pronunciar uma única palavra, Rafel a
pegou nos braços e entrou para o quarto. Para bem mais tarde exaurido pelo prazer, ele
lhe sussurrar no ouvido, enquanto observava seu rosto adormecido:
-Foi a coisa melhor coisa que já ganhei, passione.
Capitulo 06
Bela ajudava Maria nas preparações para a surpresa de Rafel. Este havia saído com
o pai para resolver alguns negócios, e então ela, Maria e Rochelle resolveram pôr a mão
na massa e proporcionar a ele o melhor aniversário de todos. Ligara para Justine, mas
esta não estava em casa, sua secretária falara que ela ficaria fora por mais de uma
semana, numa conferência em Londres. Então, apenas deixara o recado de que quando
chegasse fosse visitá-la na fazenda. Queria contar sobre seu casamento para a amiga
pessoalmente.
Havia três dias desde que Rochelle chegara á fazenda, e Bela não conseguia
hostilizá-la, apesar de Rafel nem olhá-la de frente. Este já informara que brevemente
saíria da fazenda, que pensava em comprar uma propriedade próxima, apenas para não
ficar no mesmo ambiente que a mãe.
Lembrava-se silenciosamente para mais tarde ligar para sua agente, pois esta já
devia ter arrancado todos os cabelos pela falta de notícias suas. Bela estava muito
empolgada com seu livro, que fluía normalmente indo de vento em polpa.
-De qual sabor será o bolo?-Indagou Bela sem idéia alguma.
-A maioria das pessoas gostam do sabor chocolate... -Disse Rochelle dando uma
hipótese.
-Rafello prefere o de baunilha com cobertura de morango. Ele sempre gostou desde
quando veio morar com seu Matchello. -Disse Maria sem perceber a expressão dolorida
de Rochelle.
-Como uma mãe não sabe o bolo preferido de seu filho? -Indagou a Bela num olhar
magoado.
-Agora você terá bastante tempo pra isso... -Disse Belinda num sorriso animador.
-Não. Ele nem consegue me olhar, foi um erro ter vindo para cá.-Disse Rochelle
baixando o olhar para as mãos.
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-Olhe, não sei por que você o deixou, e essa satisfação você só deve a ele. Mas não
seja derrotada sem nem ter lutado, vai ser mais doloroso do que algumas poucas
verdades jogadas na cara.-Falou Bela de modo direto e sincero.
Apertando-lhe as mãos, Rochelle agradeceu emocionada:
-Obrigada, querida. Rafel tem sorte por tê-la.
Olhando para algum ponto do espaço, Bela respondeu vagamente:
-Espero que ele também pense assim... -Murmurou quase inaudivelmente.
-Você disse algo?-Indagou Rochelle com seu belo rosto de lábios avermelhados.
-Não. Apenas vamos acabar logo com isso, antes que eles voltem para o jantar.
Prepararam o bolo com carinho e esmero. Maria fez um jantar caprichado com a
ajuda de Rochelle, que era uma excelente cozinheira, enquanto Bela arrumava a mesa.
Eles chegaram por volta das sete da noite. Matchello foi até a cozinha cumprimentar
a esposa e Maria, enquanto Rafel beijou Belinda suavemente e subiu para tomar banho e
trocar de roupa.
Esconderam o bolo na geladeira deixando a surpresa para depois da refeição, Rafel
não pareceu estranhar o fato de Maria ainda estar no casarão, pois esta morava numa
casinha simples ao lado da cabana do capataz da fazenda e após terminar seus afazeres
na faixa das cinco horas, ia para casa descansar.
Bela sentou-se no lado oposto ao de Matchello e Rochelle, os dois muito bonitos e
cheios de olhares apaixonados. Enquanto isso Rafel parecia tenso e incomodado com
alguma coisa, seguindo o olhar distante dele, Bela viu que olhava para a aliança grossa
que sua mãe usava. Havia uma sombra triste no olhar lindo, que fez o coração dela se
encher de angústia.
-Como foi seu dia?-Indagou ela tentando desviar a atenção dele dos pensamentos
tenebrosos que o tomavam.
Encarando-a como se só naquele momento percebesse a presença dela ao seu lado,
Rafel respondeu sem calor algum:
-Bom, conseguimos comprar o garanhão branco dos Petterson.
-Aquele velho rabugento lutou, mas não foi páreo para os Santini.-Disse Matchello
com um brilho alegre na face charmosa. Apesar de possuir mais de cinqüenta anos, ele
ainda tinha em si a jovialidade dos vinte. Era o oposto de Rafel que era sempre muito
sério e organizado. Matchello tinha os olhos iguais aos de Justine, enquanto Rafel
possuía os mesmo da mãe que o observava com tristeza do outro lado da mesa.
Terminaram o jantar em harmonia, apesar da caranca que Rafel exibia. Levantando-
se Bela disse ir beber água e se dirigiu a cozinha indo busca o bolo. Logo depois entrou
Rochelle e a ajudou com os brigadeiros e salgados. Era algo singelo só entre a família
mesmo, por isso resolveram que a surpresa seria totalmente íntima. Rafel conversava
com Matchello totalmente alheio á movimentação as suas costas. Foi quando Bela
tocou-o no ombro delicadamente e ele se virou com o cenho franzido. Ao vê-la sorrindo
segurando um bolo com duas velas azuis acesas, pela primeira vez o rosto masculino
demonstrou fraqueza.Os olhos se arregalaram surpresos e os lábios se entreabriram
como se o queixo forte fosse cair a qualquer momento.
-Como hoje é seu aniversário, eu, Rochelle e Maria preparamos uma comemoração
para você, algo íntimo só entre nós mesmos. -Pondo o bolo na frente dele, ela começou
a bater palmas e foi imediatamente acompanhada pelos demais que cantavam
alegremente parabéns e felicidades.
Após findarem as palmas, Belinda se inclinou com os olhos repletos de ternura e
falou para ele:
-Apague as velas e faça um pedido. É seu aniversário, querido.
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-Na foto estamos eu, você e Ráfaga.Seu irmão gêmeo.-Disse Rochelle olhando com
carinho para a foto.
-Você enlouqueceu?Irmão gêmeo?-Indagou Rafel com expressão de pedra e mãos
crispadas.
-Há trinta e dois anos atrás eu engravidei de seu pai, Matchello. Eu tinha dezoito
anos e há dois eu morava na fazenda Santini, na Itália. Meus pais eram de origem pobre,
e perdi minha mãe aos oito anos. Logo depois meu pai teve que se esforçar ao máximo
para me criar, e assim, após passarmos por muitas fazendas ele foi contratado para ser
capataz da fazenda da sua família, devido sua competência e esforço.
-Não quero saber de rodeios, me explique sobre meu irmão.
Levantando o queixo orgulhosamente, ela mostrou uma coragem que não havia
expressado antes.
-Se quer mesmo saber sobre ele, terá de ouvir toda a história. Só assim você saberá
sobre sua amada Matilde.
Ao ouví-la pronunciar o nome da avó de Rafel, Bela teve um mal pressentimento
sobre aquilo tudo. A história que Rochelle iria contar não seria nada agradável.
A contragosto Rafel falou rudemente:
-Acabe logo com isso.
-Assim que cheguei a fazenda senti algo ao ver seu pai, posso dizer ter sido amor a
primeira vista. Matchello havia acabado de vir do Brasil para passar férias com os pais
na Italia. Estava comprometido com uma moça muito rica da região, era Carlota
Chaves, filha de um dos magnatas mais ricos do petróleo...
-A mãe de Justine?-Indagou Bela cada vez mais estarrecida.
-Sim, a madrasta de Rafel e mãe de Justine.O casamento fora arrumado por
Alessandro, o avó de Rafel, pois este tinha uma amizade antiga com o pai de Carlota.
Como ela ainda era um pouco nova, o pai adiou o casamento para quando Carlota
completasse dezoito anos, o que aconteceria dali há dois anos.-Alisando a foto, Rochelle
continuou com voz trêmula:-Eu não me sentia nada perto do seu pai, pois este tinha
nome e dinheiro, enquanto eu era uma órfã pobre de mãe, que mal via o pai. Na segunda
vez em que Matchello veio, eu já estava para fazer dezoito anos e ele sempre me tratou
com respeito e carinho. Nunca me olhou como sua avó me olhava, para ela eu era
apenas uma empregadinha maltrapilha. Para Matchello não, ele me tinha como pessoa e
era atencioso e preocupado comigo.
-Me apaixonei por Rochelle assim que há vi, mas não podia quebrar meu
compromisso, pois minha família passava por uma turbulenta crise financeira na época.-
Completou Matchello segurando a esposa pelos ombros.
-E para sua avó nada era mais importante que riqueza. -Completou Rochelle com os
olhos de expressão dolorosa. -No dia do meu aniversário briguei com meu pai, pois ele
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disse que não poderia me presentear com um dos puro sangues da fazenda, quando eu
havia feito o parto do animal e o salvado da morte. No fundo eu entendi o que ele queria
dizer, pois não tínhamos posses para tal coisa, mas meu coração era sonhador e
inocente. Corri para o estábulo e chorei durante horas, até que seu pai apareceu,
trazendo-me uma linda caixa com um maravilhoso laço.
-Eu a presenteei com um vestido novo...-Disse Matchello olhando todo derretido
para Rochelle.
-Sim, um deslumbrante vestido azul florido. Ele disse combinar com meus olhos e
então me beijou de leve. Mas eu o queria há tempos e o agarrei caindo no feno macio.
Nos amamos durante horas, até que eu ouvi meu pai me chamando e sai prometendo
que eu guardaria aquela noite para sempre. –Suspirando, ela continuou:- Mas o que eu
não imaginava era que meses depois descobriria estar grávida, de quatro meses. Senti-
me desesperada, já vinha sentindo enjôos e mal-estar, mas não imaginava estar
esperando neném. Por perder minha mãe muito cedo teve coisas sobre mulheres que eu
nunca soube, só quando engravidei e notei a falta de menstruação entendi. Então
totalmente desnorteada, quis contar para Matchello, porém ele já havia voltado para cá e
no sexto mês de gravidez meu pai obrigou-me a contar para sua avó Matilde.
-Duvido que ela tenha reagido bem.-Disse Rafel de modo sério.
-Realmente, falou que eu estava tentando dar um golpe na família, que já sabia que
eu estava grávida e que deveria ser de um qualquer. Gritou que Matchello nunca se
envolveria com uma serviçal como eu, e que só por consideração a meu pai e ao ótimo
trabalho que ele desempenhava, ela não me expulsaria ainda da fazenda. Eu quis insistir
indagando quando Matchello voltaria, mas ela me colocou para fora da mansão e me
deu um prazo de que assim que meu bebê nascesse eu deveria partir.
-Ainda me sinto culpado por não ter pensado na possibilidade de uma criança...-
Disse Matchello com pesar e o rosto fechado.
-Tudo bem amor, já falamos sobre isso. -Disse ela lhe acariciando a face, para logo
continuar:- Estava próximo de seu pai voltar, quando senti as dores do parto.Fui levada
as pressas por meu pai para o hospital local, e dei a luz a dois lindos meninos, mas um
deles nasceu com uma grave lesão no pulmão.Essa foto foi tirada um dia após ao parto,
ainda no hospital por uma das enfermeiras que também havia acabado de dar a luz.-
Falou Rochelle acariciando a imagem.-Recebi um dia depois a notícia que meu segundo
bebê havia morrido, eu estava tão abalada que não quis nem vê-lo pois não agüentaria,
resolvi então guardar a expressão angelical dele na lembrança.
-Você também o abandonou... -Disse Rafel com um tom amargo na voz.
-Não, deixe-me terminar antes de me julgar. -Pediu Rochelle com os olhos cheios de
lagrimas.-Sua avó soube dos bebês que tive e veio me visitar, ao ver você não teve
como negar a semelhança com Matchello, seu pai. Então ao saber da morte de seu
irmão, me acusou de ser uma mãe desnaturada e disse que tomaria conta de você. Eu a
enfrentei e senti-me tão traída quando meu próprio pai ficou do lado dela, dizendo que
eu não teria como te criar e que Matchello nunca me assumiria como esposa e não me
queria como tal. Fiquei confusa e deprimida, olhava pra você e não sabia o que fazer,
mas ao lembrar do meu pequeno Ráfaga decidi que lutaria por você. Eu não podia
perder mais um filho...
-Mas obviamente o fez. -Acusou Rafel com os dentes cerrados fortemente.
-Matilde apareceu já quando eu estava em casa com você, e então me jogou uma
bomba. Contou-me que meu pai estava tirando pequenas quantias da fazenda e que iria
denunciá-lo e a mim por roubo. Eu não acreditei, gritei e chamei-a de mentirosa, então
meu pai entrou e afirmou tudo. Fiquei estática, ele me disse estar fazendo aquilo para o
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nosso bem, e confessou estar com câncer e por isso tirara um pouco de quem tinha
muito.
-Ele roubou para deixar você estabilizada...-Disse Bela emocionada.
-Sim, meu pai não era ruim ou muito menos desonesto, ele pensou que ninguém
perceberia, mas não foi assim. Matilde descobriu e disse que a minha criança seria dela
por bem ou por mal, mandou que eu entregasse Rafel se não queria aprodecer na cadeia
com meu pai. Não tive escolha, como eu poderia cuidar dele?A família Santini era
muito influente no país e eu não poderia escapar da prisão, pois era considerada
cúmplice.
-Não acredito que minha avó agiu assim...
-Ela fez pior. Mal assinei os papéis passando você para a custódia dela, fui posta na
rua com meu pai sem nenhum tostão. Apesar de seu avô ter um coração generoso e
bom, ele não pode fazer nada pois obedecia fielmente à sua avó. Ela anunciou que
Matchello se casaria dentre pouco tempo, e me entregou uma carta escrita por ele, onde
dizia que tudo havia sido um erro e que cuidaria bem da criança. Mas o que eu não
imaginava era que a carta era falsa...
-Minha mãe escreveu-a e assinou-a em meu nome. Quando voltei apenas soube que
Rochelle havia tido um bebê meu, e que o havia abandonado. Nem sobre Ráfaga não me
contaram.-Falou Matchello com um brilho de raiva nos olhos.-Nunca imaginei que
minha mãe iria tão longe por dinheiro.
-E como vocês se reencontraram?-Indagou Rafel parecendo extremamente abalado.
-Após ser expulsa da fazenda, fui morar num quartinho em outra cidade com meu
pai e tive de trabalhar duro, pois ele estava cada vez mais doente O vi definhar
lentamente, sem ter dinheiro algum para ajudar. Gastei nossas humildes economias em
médicos e remédios, mas não adiantou, três anos e meio depois ele faleceu.-Limpando
as lágrimas, Rochelle soluçava baixinho. Realmente Bela acertara em seu
pressentimento, aquela mulher já havia sofrido muito na vida, era um milagre não ter se
tornado ruim e nem amarga. Respirando fundo ela prosseguiu tremendo:- Há alguns
meses, uma mulher entrou desesperada em minha boutique. Há alguns anos investir no
trabalho de estilista, e hoje muitos famosos vestem as roupas feitas por mim. Eu estava
pendurando alguns vestidos na vitrine, quando ela entrou indagando por mim. Ao ouvir
minha ajudante chamar-me, eu fui atender a mulher aflita rapidamente. Ela gaguejava
muito e dizia algo sobre ter me visto numa entrevista feita por uma revista de moda, e
que ele estava muito doente e precisava da mãe.
-Ele?-Indagaram Bela e Rafel, em uníssono.
-Sim. Ela se referia a Ráfaga, seu irmão gêmeo. Eu disse que meu outro bebê havia
morrido e que ela estava louca. Então ela confessou que o havia roubado da
maternidade para criá-lo como filho, ela era a enfermeira que batera esta foto.-Disse
Rochelle apontado o retrato nas mãos apertadas do filho.
-Ela ousou roubar meu irmão?-Gritou Rafel desnorteado. -Por mais de trinta anos?
-Sim. Ela me contou que amava tanto o marido e este queria desesperadamente um
filho.Tentaram adotar mas pelo fato dela já ter sido dependente química, não foi
permitida nenhuma criança sob sua custódia. Então, desesperada, pois seu marido estava
cada vez mais frio e distante dela, ela disse que Deus foi generoso em me dar dois,
então porque não pegar um?Na hora tive ganas de matá-la, indaguei sobre o enterro e a
criança que estava sepultada com o nome de meu filho, e então ela disse que aquele
havia sido seu filho que morrera dois dias após nascer, como haviam dito sobre o meu.
-Mas você não percebeu a semelhança?-Perguntou Rafel desconfiado.
-Não. O marido dela era muito parecido com vocês. Italiano nato, ele possuía
cabelos escuros lisos e os olhos da criança eu não vi, pois estavam fechados. Olhei de
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relance para o ser pequeno no caixão diminuto, não tive forças o suficiente para ver um
pedaço meu ser enterrado daquele modo cruel e fiquei com os olhos fechados durante
todo o tempo.
-Onde está ele agora?Ráfaga?-Indagou Ragel levantando-se ansioso.
-Após confirmar a história da mulher, eu a segui até o hospital e chorei como uma
criança ao ver o rosto adormecido de meu filho. Ele estava lá em carne e osso, assim
com o rosto idêntico ao seu. É como se estivesse a vê-lo agora.
-Como ele está?-Disse Bela aproximando-se do marido e o segurando pelo braço,
Rafel estava pálido e pela primeira vez na vida mostrava medo.
Sorrindo Rochelle anunciou com m brilho maravilhoso nos olhos:
-Ótimo. Estava gravemente doente, com pneumonia. Mas eu paguei seu tratamento e
sua mãe de criação contou-lhe a verdade sobre mim e o que fez. Ela disse que após a
morte do marido sentiu ímpetos de me relatar a verdade e só não o fez pois não sabia
onde eu me encontrava.
-Quando ela será presa?-Perguntou Rafel com frieza.
-Presa?-Indagou Rochelle entreolhando-se com o marido.
-Sim!Roubar crianças é crime. Como uma pessoa assim pode ficar impune?Ela me
tirou meu irmão!-Disse ele com uma fúria desmedida nos olhos.
-O problema é que Ráfaga me fez prometer não denunciar sua mãe. Se não...
-Se não?-Perguntou ele com voz cortante.
-Ele renegaria a mim, a seu pai, a você e a meia irmã. Pois pessoas que não perdoam
um ato de amor como o dela, não merecem o sentimento dele.
-Quem ele pensa que é?Defendendo uma ladra, desonesta. Uma mulher mentirosa e
egoísta. Como você pode perdoar?-Gritou ele.
Postando-se na frente de Rochelle, Matchello disse numa frieza ainda maior do que
a do filho:
-Já temos desentendimentos demais nessa família, não precisamos mais de nenhum.
Se meu filho quis assim, será assim. -Terminou numa postura arrogante.
-Mas...-Disse Rafel ainda tentando argumentar.
-Seu pai está certo. -Concordou Bela mergulhando os olhos verdes suplicantes nos
cinza gelados.
-Tudo bem, mas amanhã mesmo viajaremos para a Itália. Desejo conhecê-lo.-Disse
ele por fim, soltando-se das mãos de Bela seguindo em direção a porta.-Como você e
meu pai se encontraram?-Indagou a Rochelle ainda de costas.
-Lembra-se quando seu tio me ligou?-Falou Matchello.
-Sim, por isso tive de vir para cá ficar em seu lugar.
-Então, sua mãe o procurou e contou-lhe sobre Ráfaga. Ele me ligou com aquele
pretexto sobre negócios e ao chegar lá contou-me a verdade.
-Você já o viu?-Perguntou Rafel com uma voz emocionada.
-Não. Estou tão ansioso quanto você.
-Quando vocês se casaram?-Indagou Bela sorrindo.
-Há duas semanas, assim que vi o grande amor da minha vida e soube tudo que ela
sofreu por negligência minha, não vi por quê adiar o inevitável. E pelo visto não foi só
eu não é?-Falou Matchello em num largo sorriso.
Rubra Bela não respondeu e Rafel apenas disse com intenção de sair:
-Não adianta rejeitar o que me foi destinado.
Surpresa Bela analisou-lhe as costas, muda. Então ele a sentia como um pertence
dele?Algo que estava escrito?Nunca pensou que seu marido acreditasse em destino.
-Rafel?-Chamou Rochelle num fio de voz.
-Sim?-Respondeu ele sem voltar-se.
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-Eu fico me perguntando o que você quer de mim...-Sussurrou ela com o rosto
bonito em completa confusão.
Ele a observou longamente, com um olhar que lhe lambia o corpo em linguadas
ardentes de tão quentes. Então inesperadamente, Rafel a pegou nos braços e dirigiu-se
para a saída do escritório. Bela pensou que ele a levaria para o andar superior, mas foi
com grande surpresa que se viu sendo carregada para fora da mansão.
-Para onde vamos?-Indagou com a noite linda a lhe encantar os olhos.
Sorrindo, ele nada disse apenas sentou-a em um dos bancos do jardim e pediu:
-Espere-me por alguns instantes, sim?
-Está certo.
Logo após saiu deixando uma Belinda confusa para trás. Olhando para o céu, ela
constatou como a noite estava magnífica, era lua cheia e as estrelas pareciam mais
luminosas e maiores. A brisa fresca lhe acariciava o rosto e o corpo num carinho suave,
enquanto as flores do jardim inebriavam a noite com suas fragrâncias adocicadas.
Uma mão lhe cobriu os olhos fugazmente, enquanto a voz masculina dizia
sensualmente ao seu ouvido:
-Fique assim por alguns minutos. Prometo não decepcioná-la.
Obedecendo, Bela sentiu a curiosidade lhe afligir a alma. O que será que ele
planejava?
Logo descobriu e ficou deliciada. Após pedir-lhe para fechar os olhos por alguns
minutos, ele a tomou novamente no colo e depositou-a sobre algo macio. Então lhe
disse com algo sedoso a lhe roçar a face:
-Abra os olhos, querida.
Abrindo vagarosamente as pálpebras, Belinda suspirou maravilhada com a cena que
presenciava. Rafel estava a sua frente com uma rosa a lhe passar sensualmente no rosto,
após depositá-la sobre um grosso edredom que trouxera, e ao lado havia uma cesta
repleta de comida e um champanhe mergulhado no gelo. Observando ao redor, ela viu
estarem no celeiro da fazenda, onde se guardava boa parte do feno e das ferramentas
usadas no trabalho braçal.
-Por que me trouxe para cá?- Perguntou Bela ao vê-lo retirar duas taças de dentro da
cesta e enchê-las com o liquido incolor e borbulhante.
Estende-lhe uma das taças, ele falou de modo baixo e sedutor:
-Queria surpreender minha esposa. Não posso?
Envergonhando-se de seu excesso de desconfiança, Belinda sorriu e disse olhando-o
profundamente:
-Sim. Adorei, muito obrigada.
-Agradeça quando a noite terminar, pois ainda estamos só começando.
Nervosa, Bela molhou os lábios secos desviando o olhar.
-Como assim?
-Não finja essa inocência mal encoberta, querida.
Segurando-lhe o queixo, ele virou-lhe o rosto e fingiu derrubar sem querer o
champanhe no corpo chamativo e sensual dela naquele vestido curto.
-Oh!-Exclamou Bela em choque sentindo o líquido gelado lhe penetrar sob a roupa.
-Desculpe, que distração a minha. -Disse ele num sorriso divertido.
-Você fez de propósito...-Disse ela numa acusação.
-Melhor você tirar essa roupa amor, pode pegar um resfriado.
Furiosa, Bela tentou se levantar quando foi puxada fortemente pelo pulso.
-Aonde pensa que vai?-Disse Rafel olhando-a perigosamente.
-Trocar de roupa, e pretendo não voltar tão cedo!-Disse tentando se libertar em vão.
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Capitulo 07
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Olhando para algum ponto do nada, a mulher de vestido negro de seda e casaco de
pele disse com seu rosto pintado e mãos bem feitas:
-Criei meus filhos para manterem a tradição da minha família, a de se casarem com
moças italinas e ricas, para que o nome Santini nunca fosse jogado na sarjeta do
esquecimento e da pobreza. -Andando até a frente de um quadro onde havia uma mulher
loura de olhos luminosos, Matilde ergueu o olhar para a imagem dizendo: -Minha mãe,
Isabelle, era uma mulher fina e rica, estava casada com meu pai há mais de dez anos,
quando se apaixonou...Por um simples capataz e acabou fugindo com ele.-Com a face
austera, ela levantou sua bengala com dificuldade e colocou a ponta desta, no lindíssimo
rosto de sua mãe.-Ela era tão formosa, não é?Eu a amava, mais que tudo eu a amava. E
ela me abandonou com um pai cruel e frio, ela deixou a mim e meus irmãos. Sozinhos.
Eu tinha apenas sete anos, e quando minha madrasta chegou, uma mulher jovem e com
a pele fresca, ela viu em mim a minha mãe e me criou de modo rígido e impiedoso. Meu
pai nunca se impôs as surras que ou castigos que eu levava.
Cada vez mais surpresa, Belinda estava muda como todos na sala com relato tão
triste.
-Me casei muito cedo, com apenas dezesseis anos. -Sorrindo de modo irônico, ela
falou com tom amargo: -Eu nunca permitir me apaixonar, nem por Alessandro que me
amava de uma loucura quase irreal, ele fazia tudo por mim, tudo que eu quisesse ou
mandasse.
-E você nenhuma vez mãe, demonstrou amá-lo. Nem depois de sua morte...-Disse
Matchello entre dentes.
-O amor é para tolos. Por culpa dele perdi minha mãe e vi meu pai morrer aos
poucos, tentando substituir a mulher que tanto idolatrara. -Suspirando ela caminhou
vagarosamente em direção a Rafel e pousou a mão no rosto rígido pela raiva. -E vejo
meu neto, que enfim ele chegou para você, ainda bem que não foi na época em que você
estava com aquela loura metida de cabeça vazia. -Então olhando para Belinda ela
continuou: -Esta aqui é diferente. Não deixe que acabe como as demais.
Ela estava para sair quando Rochelle disse:
-Eu encontrei meu filho, Ráfaga, o gêmeo de Rafel.
-Ele não tinha morrido?!-Exclamou Matilde com um sentimento estranho expresso
nos olhos apagados pelos anos.
-Supostamente sim, mas foi tudo armação da mulher que o roubou. -Disse Rafel sem
olhá-la.-Bem, é uma longa história. Estamos indo conhecê-lo agora...
-Desejo-lhes sorte. -Disse Matilde cabisbaixa. -Se não for pedir muito, quando seus
ressentimentos passarem daqui há alguns anos, levem-no para visitar meu túmulo.
-Matilde...-Tentou dizer Rochelle, mas foi cortada pela senhora de rosto voltado
para o assoalho brilhante de madeira.
-Não me sinto digna do perdão de nenhum de vocês neste momento...Apenas peço
que perdoem essa velha rancorosa e amarga, para que ela possa descansar em paz.-
Então Matilde saiu fechando suavemente a porta, sem deixar que nenhum deles vissem
as lágrimas que afogavam seus olhos lindos.
Capitulo 08
Chegaram ao pequeno vilarejo de Cortona, na província de Arezzo á tardinha,
Ráfaga e a mãe de criação residiam em uma antiga villa da cidade. A beleza daquele
lugar era inspiradora e simplesmente deliciante. Com seu diversos prédio antigos,
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museus, antiquários, restaurantes e muitas adegas de vinho. Sem falar nos girassóis
lindíssimos, que floresciam ali.
Parando o veículo, agora de menor porte por causa das muitas ruas apertadas de
Cortona, Rafel e Belinda, juntamente com Matchello e Rochelle desceram em frente ao
local indicado com um enorme letreiro que dizia: Ristorante Gusto Del Cuore. O local
era encantador, com sua entrada antiga em forma de arco toda cravada de pedras
centenárias, e com um ambiente familiar e acolhedor, simples e belo como Cortona
mesma era.
-Lindíssimo...-Balbulhou Bela parada na entrada do caprichado
restaurante.Percorrendo com os olhos as diversas mesas lotadas com pessoas de todas as
idades e os garçons vestido com roupas brancas e gravata borboleta a circularem pelo
local claro e confortante, ela sorriu de puro prazer ao notar alguns músicos fazerem uma
serenata de amor para uma casal apaixonado.
-Vamos procurá-los, devem estar na cozinha.-Disse Rochelle olhando ao redor.
Preparavam-se para entrar, quando m homem alto e cabelos negros apareceu no
balcão a alguns metros. Paralisada, Bela prendeu a respiração ao ver o irmão de seu
marido, não dava para negar eles eram absolutamentes iguais. E quando ele olhou em
sua direção, ela se sentiu mergulhar nos mesmo olhos cinza chumbo de Rafel. Nem a
expressão deles não era diferente.
-Ráfaga...-Sussurrou Matchello emocionado.
Boquiaberto, o homem no balcão ficou paralisado com intensa expressão de
espanto. Ele olhava Rafel embevecido, como se este fosse algum fenômeno incrível da
natureza. Ficaram assim por alguns minutos, a se contemplarem. Até que Rafel
involuntariamente se aproximou levando Belinda consigo. Parando em frente a seu
irmão, Rafel tinha os olhos brilhantes e as mãos contraídas.
-Ráfaga?-Perguntou apreensivo.
-Rafel?-Indagou o outro com um suave sorriso e os olhos belos cheios de água.
Assentindo ao mesmo tempo os dois riram e enfim se abraçaram apertadamente.
Não disseram nada, apenas ficaram ali abraçados e chorando como duas crianças.Bela
estava simplesmente maravilhada, dois Raféis assim em sua frente, igualzinhos...Era
demais pra ela. Foi então que sua vista ficou nublada e tudo escureceu, com as pernas
bem feitas enfeitadas por saltos altos ela foi em direção ao chão, mas foi pega antes pelo
rápido reflexo de Rafel que a amparou nos braços. Ela havia desmaiado.
Uma voz chamava-lhe ao longe, alguém estava colocando ao molhando em sua testa
e logo um cheiro forte de perfume lhe penetrou as narinas, acordando seus sentidos.
Abrindo os olhos, ela viu primeiro um enorme lustre detalhado no teto, e depois duas
cabeças a lhe encararem o rosto ansiosamente, eram Rochelle e Anette.As duas mães de
Ráfaga.
-O que houve?-Indagou tentando levantar-se, mas ainda estava fraca, então Bela se
recostou novamente nos travesseiros fofos e macios.
-Você desmaiou. -Anunciou Anete, uma mulher loira e mirrada, de olhos castanhos
afáveis e doces. Aquela criatura não parecia capaz de machucar nem uma mosca,
pensava Bela encarando-a ainda desorientada.
-Desmaiei?-Indagou espantada. Nunca havia desmaiado na vida, alias, só uma vez
quando a tuberculose estava num auge avançado da doença.
-Anete?Por favor, pegue um copo de água para ela, sim?-Pediu Rochelle com algo
estranho no olhar.
-Claro. -Disse a mulher pequenina e amável saindo.
Assim que se encontravam a sós, Rochelle indagou sentando-se na berira da cama.
-Você não percebeu ainda, não é?
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Subindo o olhar para a lua, ela pediu com as mãos cruzadas sobre o colar que fora
de sua mãe, num apelo desesperado:
-Mãe, me ilumine neste momento, me mostre o caminho certo a tomar.
Apoiando então as mãos nas grades da sacada, ela fechou os olhos para o vento
fresco a lhe acariciar o rosto. Querendo sentí-lo mais à fundo por entre os cabelos, ela
desfez o minucioso coque que fizera e deixou que as madeixas lhe descessem pelos
ombros abaixo. Sentindo repentinamente uma autoconfiança lhe tomar, Bela decidiu
que já era o momento de contar. Então saindo do quarto vagarosamente, ela olhou para
o estreito corredor indecisa. Onde Rafel estaria?
Andando em direção a escada no fim do longo corredor, ela pensava em descer
quando de repente ouviu a voz de seu marido vir de umas das várias portas daquele
andar. Olhando pela fresta, ela percebeu que ele não a ouvira e falava nervoso com
alguém ao telefone.
-Não. Sabe que não posso agora, estou na Itália. -Passando uma das mãos nos
cabelos, ele tinha os lábios firmemente cerrados. -Como assim fazendo o que?Desde
quando lhe devo satisfações?
Franzindo o cenho, Bela não imaginava com quem ele falava. Mas com certeza o
estava deixando nervoso.
-Nosso relacionamento?Você está louca se acha que aquilo que tivemos pode ser
considerado um relacionamento. -Sorrindo ironicamente, ele disse com voz dura e
firme: -Apenas transamos, agora pare de me ligar, Crissy.
Crissy?Cristine Taylor?Boquiaberta, Bela o viu desligar o celular e jogar sobre a
cama, indo em direção ao mini bar da sala de estar. Estática, ela voltou em passos
cambaleantes para o quarto. Encostando-se na porta, Bela respirava com dificuldade.
Deus, de que transa ele falava?Será que Rafel estava tendo um caso com aquela loira
venenosa?Se tivesse o que ela iria fazer?E aquela criança que carregava?Como
conseguiria contar a Rafel sobre ela, se ele estivesse mesmo traindo-a como deu a
entender?Eram tantas as perguntas sem resposta.
Tomando um banho rápido, Bela vestiu uma camisola leve de cetim negro e deitou-
se na cama apagando a luz. Os raios lunares iluminavam o ambiente totalmente,
deixando um leve toque de fascínio no ar. Ouvindo a porta se abrir lentamente, ela
fechou os olhos fingindo dormir. Percebeu quando Rafel parou ao lado da cama e ficou
observando-a por alguns minutos, para logo depois se despir e ir para o banheiro.
Nervosa, Belinda sentiu quando ele voltou e se deitou ao seu lado. Quando o sentiu
abraçá-la por trás, ela prendeu a respiração quando percebeu que ele estava nu.
Reunindo todo o autocontrole, ela continuou a fingir, mesmo quando a mão atrevida lhe
agarrou um seio.
Ele estava a lhe beijar o pescoço, enquanto apertava sua ereção plena contra suas
nádegas. Gemendo baixinho quando ele subiu o fino tecido macio que lhe cobria, para
acariciá-la por sobre a calcinha miúda. Bela agarrou a mãos que se insinuava por suas
partes intimas, e sussurrou ofegante:
-Não.
Pensou que ele não a tivesse escutado, ou que ignoraria seu pedido, mas foi
justamente o contrário. Rafel desceu novamente sua camisola, e tirou as mãos de sobre
seu corpo, afastando-se enquanto lhe dava as costas. Com as lagrimas a lhe banhar a
face, Bela pensava consigo porque tinha sofrer tanto, porque sempre havia algo para
impedi-la de se entregar totalmente. Será que nunca seria feliz?Será que não merecia ser
feliz?Eram aquelas mais perguntas sem respostas. Talvez nunca as encontrasse, pensou
esforçando-se para dormir.
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Logo conversavam sobre várias coisas, Belinda chegou a contar sobre sua irmãzinha
que havia morrido, coisa que nem Rafel ou Justine sabiam.Assim como Ráfaga lhe
relatou o fato de ter sido noivo, mas que a moça o havia abandonado por outro mais
rico.
-Agora ela não poderá chamar-lhe mais de pobre. -Brincou Bela se referindo aos
milhões pertencentes aos Santini.
Olhando pensativo para a enorme esmeralda em seu dedo, ele indagou de repente:
-Você é feliz com o meu irmão?
Surpresa, Bela ficou muda momentaneamente. Quando decidiu responder o que lhe
ia na alma, uma voz falou a suas costas.
-Espero que ela diga sim.
Pulando de susto, ela virou-se e deu com Rafel mais lindo que nunca.Vestido com
um short leve e uma camisa azul gelo, ele parecia ter saído recentemente do banho com
os cabelos molhados.Mas foram as olheiras no rosto lindo, que a deixaram intrigada.
-Então Belinda?Você é feliz comigo?-Perguntou ele se aproximando perigosamente,
sem deixar de notar as mãos de sua esposa entre as de seu irmão.
Vendo o olhar de reprovação que ele lhe dava, Bela puxou as mãos envergonhada.
-Sim. -Respondeu sem olhá-lo ou dar mais detalhes.
Notando o ar pesado, Ráfaga levantou-se da mesa e se pôs a lavar os pratos em
silencio.
Sentando-se em sua frente, Rafel lhe observava o rosto minuciosamente, como se
quisesse desvendar-lhe a alma.
-O que achou dos livros?-Indagou Ráfaga se referindo aos cadernos de
contabilidade.
-Ao que parece o ultimo contador que você teve, estava lhe roubando. -Anunciou
sem rodeios.
Surpresa, Bela olhou para Ráfaga esperando qual reação ele teria. Este continuou a
lavar os pratos calmamente, até responder:
-Não foi só ele.
Foi então que uma luz brilhou na mente de Bela.E ela falou involuntariamente:
-Arlete... -Disse se referindo a ex-noiva de Ráfaga.
-Quem é essa?-Perguntou Rafel confuso.
-Minha ex-noiva. Ela fugiu com outro, o meu contador.
Boquiabertos, Bela e Rafel o encaravam espantados.
-Mamãe me avisou que ela não valia nada, mas eu não quis escutar. - Falou ele com
o rosto fechado.
-Ela não é sua mãe. -Disse Rafel com os olhos soltando chispas.
Encarando-o, Ráfaga se aproximou com uma expressão que chegou a assustar
Belinda.
-Pode não ser biologicamente, mas foi ela quem me criou. Deu-me amor e carinho,
mesmo tendo sido do modo errado. -Jogando o pano que enxugara instantes antes as
mãos sobre a mesa, ele continuou ferozmente: -Então, se for para ficar aqui insultando-a
e a mim, então nem se dê ao trabalho!
Levantando-se tão violentamente que derrubou a cadeira, Rafel encarou o irmão
com uma frieza indescritível.
-Se pra você a verdade dói, então é melhor mesmo ignorar tudo o que digo. Mas isso
não vai mudar o fato de que aquela mulher é uma ladra!
Capitulo 09
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Prendendo a respiração, Bela viu há hora dos dois se darem uns socos, e ela não
poder fazer nada. Além de ser muito menor que eles, ela sabia que aquele era um
conflito de família.
-Ele tem razão. -Falou a voz feminina á porta.
Virando-se, os três deram de cara com a pequena mulher loira parada
resignadamente atrás deles. Era Anete que ouvira tudo o que Rafel dissera.
-Como assim mamãe? -Perguntou Ráfaga aproximando-se preocupado. -Você fez o
que achou certo.
Balançando a cabeça numa negação muda, Anete tinha os olhos doces com
expressão tristonha.
-Não, Ráfaga. Eu errei, e se for para pagar por meu crime, eu pagarei.
-E deveria mesmo. -Resmungou Rafel enraivecido.
Olhando para ele numa reprovação silenciosa, Bela tentou acalmar a situação da
melhor maneira possível.
-Desculpe senhora, meu marido ainda está muito abalado com tudo isso. Ele não
falou por mal...
-Falei sim. -Disse ele com os olhos endurecidos de frieza.
-Pare, Rafel! -Pediu Bela nervosa.
-Eu fui fraca. Fiz algo para agradar alguém que eu amava, entretanto magoei alguém
que tinha um amor maior que o meu. -Aproximando-se, Anette disse parando em frente
ao homem alto e moreno. -Magoei sua mãe. Por isso se achar que deve me denunciar,
faça-o, pois está mais do que na hora de pagar meus pecados.
Com o rosto transfigurado de tristeza, Ráfaga abraçou carinhosamente a mãe e
pediu:
-Pare de bobagem mamãe. Preciso da senhora, não vai me deixar desse modo.
-Mas, meu filho... -Falou Anete levantando a cabeça para analisar as feições bonitas.
- Ele está certo. Não fale bobagens. -Disse Rafel impassível, surpreendendo a todos.
Boquiaberta Bela o olhou e apenas viu frieza. Mas tinha certeza que o amor de
Anette por Ráfaga o havia tocado.
-Não entendo... -Falou Anette confusa.
Olhando para o irmão, Rafel disse:
-Não quero me afastar ainda mais de meu irmão. Então se ele será mais feliz
assim...Que seja.
Sorrindo como uma criança que acabava de ganhar um brinquedo novo, Anette
agradeceu emocionada:
-Obrigada, muito obrigada. Che Dio vi illumini. -Falou ela pedindo em italiano que
Deus o iluminasse.
-Não me sinto nada iluminado neste momento. -Vociferou ele antes de se retirar da
cozinha.
Seguindo-o, Bela percebeu que Rafel saíra estranho. Ele falara tudo aquilo de modo
imperceptível para quem não o conhecia bem, mas Bela estava se tornando perita em
perceber as emoções do marido. Encontrou-o no escritório, analisando os livros de
contabilidade, era incrível como ele vivia trabalhando.
-Se veio aqui pra dizer como foi bonito meu gesto, desanime-se, pois eu já sei.-
Falou ele bruscamente sem levantar a cabeça morena.
Mantendo uma distancia considerável, ela falou de modo sincero:
-Você foi muito generoso, Rafel.Tenho certeza que Ráfaga nunca esquecerá seu
gesto.
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enquanto a olhava com aquela carinha de quem queria mais. Penetrando-a mais
profundamente, ele jogou a cabeça pra trás enquanto aumentava o ritmo
aceleradamente. Ouviram ao longe vozes e alguém ater na porta, mas não ligaram.Rafel
por precaução passou trancou a porta e continuou cada vez de modo mais gostoso e
excitante.
Prestes a chegar ao gozo, Bela enlaçou mais a cintura dele com as pernas e beijou-o
na boca sofregamente. Enquanto isso, Rafel lhe acariciava as nádegas nuas e puxava-lhe
os quadris ritmicamente, ofegando muito e com o rosto distorcido de prazer. Gritando,
ela sentiu o corpo sacudido por espasmos e arrepios, enquanto Rafel se arqueava
jogando a cabeça pra trás em abandono. Logo o liquido quente dele, lhe descia carne à
dentro fazendo-a ter mais dois gozos seguidos. Exausta, ela estava completamente suada
tendo ele encostado aos seus seios como uma criança. Acariciando-o no rosto, ela
fechou os olhos e ronronou, quando ele a deitou delicadamente no sofá de couro preto
que havia ali, e indagou preocupado:
-Machuquei-a?
Olhando completamente satisfeita para o rosto de linhas duras, ela se sentiu tocada com
a preocupação genuína que ele demonstrava.
-Não. Foi maravilhoso. -Disse ela alisando o queixo firme.
Olhando-a estranhamente sério por alguns minutos, Rafel disse carregando-a no
colo:
-Que tal terminarmos isso no quarto?
Sorrindo ela cruzou as mãos na nuca forte, respondendo:
-Eu adoraria.
E saíram os dois, passando por um Ráfaga boquiaberto, que com certeza fora quem
presenciara o amor selvagem terminado a pouco, entre eles.
Capitulo 10
Encontravam-se parados em frente a um quadro que tinha por nome “Madonna con
bambino” provinda da igreja de San Domenico. A obra estava pintada em relevo numa
madeira do ano de 1435, que retratava ricamente uma mulher com roupas da época
tendo um menino ao colo, que lhe segurava uma mecha dos cabelos loiros. Prestando
atenção redobrada aos detalhes, Bela percebeu deslumbrada que o fundo por trás da
mulher e do menino era de um dourado intenso. Parecia...
-É de ouro. -Confirmou Rafel parado ás suas costas.
Assustada, Bela virou-se rapidamente. Pensara que ele havia ficado junto com os
pais na outra ala do museu. Mas pelo visto ela a seguira desde o começo.
-É maravilhosa!-Exclamou olhando novamente para a tela.
-Está com fome?-Indagou sem deixar de olhá-la.
Assentindo, Bela percebeu então que ele trazia nas mãos uma grande cesta, a qual
ela não havia percebido antes. Ele a deveria ter guardado no porta malas do carro.
-Que tal fazermos um lanche?-Disse ele se referindo á cesta.
-Mas e seus pais?Não vai chamá-los?
-Não. Estão empolgados com as obras existentes nesse museu, disseram que vão
depois. -Então lhe dando as costas, ele a chamou: - Vamos.
Meia hora depois, sentavam-se sobre um cobertor florido numa parte cheia de grama
verde e girassóis de Cortona. Aquelas eram as flores mais criadas ali, muitas viam
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sendo plantadas há séculos pelos moradores locais. E eram de uma beleza exuberante e
chamativa que emocionava seus olhos.
-Aqui é tão lindo. -Disse Bela sentindo o vento perfumado lhe beijar o rosto.
Arrumando as frutas e os pães sobre a o tecido colorido, Rafel respondeu num
sorriso:
-Sim, é mesmo muito bonito. A minha família provém de outra parte da Itália, então
esta eu não conhecia.
Sentindo-se leve, Belinda catou uma flor próxima e a coloco no nariz sorvendo seu
cheiro sofregamente. Ficou assim por algum tempo, até que abriu os olhos e deu com
Rafel olhando-a de um modo diferente.
-O que foi?-indagou sem jeito.
-Você parece uma criança cheirando essa flor assim...
-Eu adoro flores, sempre as amei.
-Tem algo haver com o nome da sua mãe?-Indagou com o cenho franzido.
Assentindo, ela respondeu baixando o olhar:
-Sim. Ela era tão linda, meu pai dizia todos os dias que o nome Rosa combinava
perfeitamente com ela, pois ela tinha a beleza e o encanto das mesmas.
-Imagino a falta que ela lhe faz, assim como seu pai. Se ao menos você tivesse
irmãos como eu, ajudaria a amenizar a dor... -Falou ele demonstrando uma sensibilidade
desconhecida por ela.
Respirando fundo, ela relatou com voz tremula enquanto esmagava a flor nas mãos:
-Ela estava grávida. De uma menina.
Segurando-lhe o queixo, ele a fez encará-lo gentilmente.
-Sinto muito querida, você nunca me contou isso.
Com os olhos molhados de lágrimas, ela desabafou:
-Não pude. Nem Justine sabe. Apenas tia Clara soubera na época.
-Eu... Não sei o que dizer. -Falou ele admitindo pela primeira vez a falta de palavras.
-Vamos comer. -Disse por fim.
Saborearam a comida em silêncio, pois nenhum dos dois estavam dispostos á
conversar.
Bem mais tarde, após o jantar, Rafel e Belinda, juntamente com Matchello,
Rochelle,Anette e Ráfaga, conversavam enquanto bebericavam o forte café recém
feito.Os homens conversavam sobre negócios, enquanto Anette mostrava a Rochelle e
Belinda o álbum de fotos de quando Ráfaga era pequeno.
-Que fofo!-Exclamou Rochelle emocionada apontando para a imagem onde Ráfaga
estava vestido de toureiro e trazia uma rosa na boca, na faixa de seus sete anos.
Rindo, Anette respondeu se referindo a foto:
-Foi uma apresentação na escola, as crianças tinham de se caracterizar com as
roupas da profissão que queriam para o futuro, e ele me pediu para confeccionar uma
roupa de toureiro.
Passando mais algumas fotos, Anette parou em uma que trazia um homem muito
bonito com Ráfaga com seus cinco anos ao colo. Vendo a expressão de imensa
felicidade do homem de cabelos escuros e olhos negros, Bela indagou curiosa:
-Quem é?
Com uma expressão saudosa, a mulher loira respondeu de modo melancólico:
-Meu marido, Estebán.-Alisando a imagem ela continuou como se falasse para si
mesma:- Ele morreu há dois anos...Como sinto a falta dele...
-Sinto muito. Acho que falei demais. -Disse Bela se sentindo culpada.
-Não, Imagina. -Disse Anette voltando a sorrir. -Eu apenas fico emocionada quando
me lembro de como éramos felizes, sabiam que a idéia do restaurante foi dele?
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Gemendo baixinho, ela se pôs na ponta dos pés para degustar mais profundamente o
gosto tão masculino da boca carnuda. Acariciando-o nos cabelos, ela grudou-se a rígida
e potente ereção que ele exibia com uma ânsia desesperada pelo prazer que só ele podia
lhe dar.
Os copos molhados ficaram a se roçar por um tempo, até que se afastando um
pouco, ele pegou a pequenina e macia mão dela e pós em sua parte mais intima e dura.
-Sinta como eu preciso de você. É uma necessidade desenfreada que não tem
tamanho e por mais que eu a possua... -Mordendo-lhe levemente a boca ele completou
com os olhos em fogo: -...Não acaba!
Acariciando atrevidamente o grosso e pulsante mastro dele em sua mão, ela
sussurrou numa lenta tortura ao ouvido masculino:
-Se precisa tanto de mim, então me sorva até a última gota!
Empurrando-a violentamente aos ladrilhos brancos, ele disse se ajoelhando aos seus
pés:
-Seja como você quiser.
E então começou a beijá-la na parte de seu corpo que mais pedia por ele, que mais
gritava por ele.
-Oh!-Exclamou Bela quando ele puxou seus quadris para frente, procurando ter um
acesso maior a sua carnuda e suculenta gruta. -Rafel... -Sussurrou empurrando mais de
encontro a si a cabeça morena.
Então ele a enlouqueceu ainda mais, quando trocou a língua atrevida pelos dedos
afoitos, que se introduziam sem dó em sua carne. Bela gemia sem parar e balançava a
cabeça de um lado para o outro, como em delírio. Não estava agüentando mais aquela
loucura, bastava apenas que ele se aproximasse para que seu corpo se incendiasse
imediatamente. Não sabia que nome dar a tal fato, apenas precisava dele naquele
momento, de modo mais intimo e profundo que aquilo tudo, o queria em sua alma.
-Rafel... Por favor...
-O quê?Vamos dolcezza, peça por mim. -Disse ele mordendo a virilha e lambendo-a
devagar.
-Eu... Eu... -Gaguejou ela sentindo tremores lhe tomarem o corpo. -Agora...Eu quero
agora, Rafel.
Então de olhos fechados ela suspirou de alivio quando ele a penetrou rapidamente,
mas logo abriu os olhos, alarmada, quando sentiu o vazio lhe tomar novamente. Rafel
havia saído de seu interior, deixando-a quase que sozinha afogada na luxuria.
-O quê... -Começou confusa.
-Vire-se. -Mandou ele deslizando o olhar quente por suas curvas esculturais
ensopadas.
Sem entender, Bela apenas vislumbrou rapidamente a expressão de diabo que ele
mantinha, antes das mãos fortes lhe colocaram de frente para a parede bruscamente.
-Eu vou atender ao seu pedido, meu amor. -Falou ele baixinho em sua nuca
enquanto a puxava pelos quadris voltando a penetrá-la totalmente.
Arfando incontrolavelmente, Belinda cravou as unhas na parede, enquanto o vapor
da água quente subia lhe embaçando levemente a visão.Mordendo o lábio inferior, ela
sufocava a muito custo o grito de prazer que lhe subia a garganta, a cada estocada do
corpo forte e daquele membro rígido dentro de si.Ele a estava possuindo de um modo
que nunca havia imaginado antes, com uma paixão quase palpável.
-Oh...Isso!-Exclamou quando ele bateu-lhe levemente no bumbum farto.
Então lhe puxando a cabeça para trás, ele colocou uma das mãos fortes na parede,
enquanto apoiava-se a olhando num vai e vem cada vez mais intenso. Bela apenas pode
gritar quando o gozo veio rápido e em camadas cada vez mais fortes, a medida que
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Rafel a possuía como um animal faminto. Instantes depois o grito gutural e alto
acompanhou o seu rumo ao paraíso.
Exausta, ela sentiu as pernas lhe falharem e o corpo lânguido teria ido ao chão, se
Rafel não a tivesse pegado antes. Fechando o chuveiro, ele pegou a grossa toalha
empendurrada no lado esquerdo da porta, e a enrolou como pode levando-a para a cama.
Colocando-a delicadamente em cima da colcha macia, ele a enxugou
atenciosamente. Emocionada com a preocupação do marido, Bela cerrou os olhos para
conter as lágrimas sensíveis que lhe queriam descer ao rosto.Apenas sentiu quando ele a
cobriu e deitando ao seu lado lhe abraçou, enquanto lhe beijava a testa dizendo:
-Agora durma, tesoro.Amanhã será um dia cansativo.
E ela obedeceu sem pestanejar, enquanto o calor gostoso do corpo dele se misturava
ao seu.
O vôo durou entre duas e três horas, chegaram à fazenda na base do meio-dia,
repletos de malas. Maria os esperava com um delicioso almoço, e quase desmaiou ao
ver um homem idêntico a Rafel em sua frente. Quase não acreditou na história breve e
direta que Rochelle lhe contou sobre o gêmeo perdido. Chorou muito enquanto abraçava
Ráfaga que sorria encantado com pequena baiana.
Belinda aproveitou a tarde para escrever um pouco, já que ao viajar havia esquecido
o laptop. Foi então que teve uma boa surpresa ao ler os e-mails e descobrir que Justine
chegaria dentro de três dias no Brasil e iria visitá-la. Quantas surpresas teria a amiga ao
saber do segundo irmão, do casamento de Belinda e que seria titia. Com certeza ela iria
amar.
A tarde passou calma e agradável, Bela acompanhou o marido e a Ráfaga na visita a
fazenda, pois este ficara ansioso ao saber que as terras de sua família possuíam entre
cem e duzentos anos.
Cavalgaram por toda propriedade até chegarem ao lago. Olhando para as águas
calmas e plácidas de La Speranza, Bela lembrou-se do momento de paixão que tivera
com Rafel ali, há quase dois meses atrás. Parecia haver tanto tempo...
-Esse lago foi crucial na história de nossa família. Conta-se que Matiasse Santini
nosso tataravô, encontrou a filha Eleonore de apenas seis anos desacordada as margens
desse rio. Ele pegou a filha nos braços e tentou reanimá-la de todos os modos possíveis,
mas em vão. Pelo modo como estava molhada e pálida percebia que ela havia se
afogado. Então do nada, uma velha índia surgiu e a salvou com um ritual de cura e
profetizou a Matiasse que ele a vinda dele para o Brasil havia sido muito prospera, mas
que ele morreria nesse mesmo lago a mando de quem mais amava.
-E realmente aconteceu?-Indagou Ráfaga impressionado.
Assentindo Rafel contou:
-Sim. Ele foi morto pelo amante da esposa Odete. Foi ela quem planejou tudo e foi
quem também tentou matar Eleonore afogada, pois esta lembrava exatamente á mãe,
falecida esposa de Matiasse. -Olhando para as águas ele continuou: -E se Eleonore
houvesse morrido, nossa linhagem não teria perdurado, já que nossa bisavô era filha
dela. O lago possui este nome, pois trouxe novamente a esperança ao coração de
Matiasse, trouxe sua filha de volta a vida.
-Incrível. -Balbulhou Belinda, que desconhecia tal relato. - Que história triste.
-Mas esse lago também trás boas lembranças não é, cara mia?-Indagou Rafel com
um olhar pecaminoso.
Rubra de vergonha, Bela preferiu não responder e apenas meditar. A tal velha
indígena que Rafel citara, seria a mesma da aldeia?Mas não era possível, ninguém
sobreviveria quase duzentos anos. Então como explicar tal semelhança?Seria ela um
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Irresistível Desejo Juh Reis
Capitulo 11
Olhando para o bilhete com uma rosa em cima da cama, Bela sorriu de modo intimo
e derretido, lembrando-se de como a noite fora movimente entre ela e Rafel, que só a
deixara dormir praticamente ao amanhecer. E agora ele havia deixado aquele bilhete tão
arrebatador que dizia com palavras diretas e claras:
“Voltarei o mais rápido possível, pois
meu corpo não agüenta ficar tanto tempo assim sem beber do seu.
Então, até lá não console meu irmão e nem a nenhum outro homem.
Se quando eu chegar houver a mais leve impressão da sua desobediência,
Prepare-se minha cara, para conhecer o inferno em meus braços.
Não se esqueça de mim,
Brevemente retornarei.
Atenciosamente,
Seu Rafel.”
Cheirando a rosa levemente, ela a passou nos lábios pensativamente. Ele mal se
fora e ela já estava com saudade, pois aquela arrogância máscula dele a inebriava e
enlouquecia. Agia como uma colegial apaixonada, e talvez estivesse mesmo
apaixonada. Naquele momento isso não parecia algo tão terrível e então Belinda teve
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Irresistível Desejo Juh Reis
esperanças de ser correspondida. Desceu para o café com um jeans leve e uma camiseta.
Sentia-se imensamente feliz, como nunca fora antes.
-Bom dia.-Saudou alegremente aos demais sentados á mesa.
Juntando-se a eles, Bela começou a comer vigorosamente como se estivesse há
meses faminta.
-Está mais corada hoje, querida. -Disse Rochelle sorrindo-lhe docemente.
-Sinto-me muito bem. -Respondeu Bela enfiando uma garfada de bolo na boca.
-Do jeito que come, percebe-se. -Disse Ráfaga em deboche.
Olhando-o ameaçadora rapidamente, ela sorriu logo depois voltando a comer
energicamente.
-Justine ligou agora de manhã, Bela.-Falou Matchello, enquanto lia o jornal e bebia
seu café forte.- Avisou que chegaria amanhã a tarde.
Surpresa Belinda indagou:
-Mas ela disse que só chegaria daqui a três dias.
-Sabe como ela é impulsiva. Resolveu vir antes, é até melhor que pelo menos
conhece logo o Ráfaga.-Olhando para o filho que parecia nervoso ele disse:- Não se
preocupe, ela vai adorá-lo.
Sorrindo Ráfaga respondeu:
-Tomare mesmo. -Então virando-se para Belinda disse:-Comendo desse jeito você
vai passar mal.
Foi dito e certo, cerca de meia-hora depois quando estava na cozinha junto com
Rochelle ajudando Maria, ela sentiu ânsia vomito e correu para o banheiro botando tudo
para fora em segundos. Pálida, lavou o rosto e olhou-se no espelho, angustiada. Estava
mesmo grávida, a sua falta de menstruação e os enjôos não deixavam duvidas, quando
Rafel voltasse arranjaria um jeito de contar, seja lá qual fosse a reação dele.
Após terminar de lavar os pratos e ter ajudando Maria na limpeza da casa, Bela
desceu após arrumar as camas e foi ver Estrela. Nunca mais a tinha visitado, já que os
últimos dias haviam sido tão corridos. Sua menina devia estar sentindo sua falta.
Entrou no estábulo iluminado indo diretamente á baia de Estrela. Encontrou-a
comendo calmamente, e quando assobiou ela se aproximou imediatamente
reconhecendo a dona. Acariciando o pelo macio, Bela beijou o focinho macio dela e
disse com os olhos brilhantes:
-Desculpe não ter vindo mais, minha menina. -Levantando a cara da égua castanha,
ela continuou encarando os doces olhos castanhos:- Tive muitas emoções nesse tempo
que estou aqui, tantas coisas aconteceram.
Então como se entendesse, a égua lambeu-lhe a mão com a aliança cravada de
esmeraldas, que Rafel lhe dera.
-É verdade, eu me casei. Quem imaginaria não é?E ainda mais com Rafel Santini. O
autoritário, arrogante e maravilhoso Rafel, a quem tantas adoraram e ainda adoram. Foi
mesmo uma coisa incrível, não?-Indagou tirando do bolso uma viçosa maça que
trouxera para Estrela.
-Pensou que esqueci seu presentinho, não é?-Então partindo a maça ao meio, ela deu
metade a égua e a outra metade ao seu potro, que já estava mais bonito e andando com a
elegância herdada da mãe.
Despedindo-se de Estrela e sua cria, Bela parou na porta do estábulo olhando para o
céu límpido, foi então que encontrou Marco, o capataz da fazenda. Tirando
cordialmente o chapéu que usava ele o colocou sobre o peito enquanto falava
envergonhado:
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Irresistível Desejo Juh Reis
-Desculpe não tê-la felicitado antes pelo casório senhora. Mas quero dizer que desde
a sua chegada seu Rafel tem estado mais feliz e alegre. Desejo a vocês dois uma
felicidade se possível eterna.
Emocionada, Belinda abraçou fortemente o cawboy suado, enquanto agradecia
sincera:
-Obrigada, Marco. Muito obrigada.
-Imagina, senhora. -Disse ele tentando não encará-la com o rosto vermelho.
Colocando novamente o chapéu ele fez um cumprimento amigável enquanto dizia: -
Tenha uma ótima tarde.
Olhando enquanto ele se afastava mancando de uma perna, Bela lembrou-se de
quando o homem de cicatriz na face assustara-a pelo o olhar sombrio e reservado. Mas
logo Marco mostrara ser um excelente profissional e pessoa, frisando sempre sua
gratidão a Rafel que o empregara mesmo apesar da sua aparência amedrontadora,
quando não conseguira trabalho em lugar algum.
Vendo o quanto o dia estava favorável a novas idéias, Bela pegou o laptop no quarto
e se dirigiu a enorme biblioteca da mansão. Chegando lá, sentou-se na mesa de carvalho
e tratou de pegar logo uma pilha de livros para fazer pesquisas. As horas passaram-se
como por mágica, ao meio dia, Maria lhe trouxe o almoço numa bandeja e pediu para
não exagerar no trabalho. Então logo o crepúsculo tingiu o céu de negro e Bela percebeu
já serem sete da noite.
Espreguiçando-se, ela sentiu o estomago roncar e foi até a cozinha. A casa estava
silenciosa, pelo jeito todos haviam saído, na certa Matchello e Rochelle haviam levado
Ráfaga para conhecer a cidade. Dando de ombros, ela pegou um mousse de maracujá na
geladeira e resolveu comer na sala de estar. Mas ao passar pelo escritório ouviu o
telefone tocar, e franzindo o cenho imaginou ser Justine para confirmar sua vinda.
-Alô?-Indagou atendendo.
-Belinda Santini, por favor. -Disse a voz feminina melosamente.
-É ela mesma. Quem fala?
Ouve um silêncio momentâneo, até que a mulher riu baixinho e continuou:
-Não está me reconhecendo, queridinha?-indagou a desconhecida venenosamente.
Concentrando-se Bela percebeu que não imaginava quem poderia ser.
-Desculpe, eu a conheço?
Soltando um som de indignação, a outra respondeu:
-Ora, é claro que sim. Mas isso não importa agora. Só liguei para avisar que algo seu
está comigo nesse momento, aqui do meu ladinho, dormindo.
Apertando os olhos, Bela enfim reconheceu aquela voz enjoada e perversa.
-Cristine.
Rindo a outra confirmou:
-Isso mesmo, mas seu marido chama-me de Crissy. Se bem que na cama é docinho.
Cerrando as mãos, Belinda indagou furiosa:
-O que você quer em?O que pretende?!
Gargalhando a outra disse em tom de vitória:
-Apenas liguei para dizer que eu venci, e você considere-se carta fora do baralho,
queridinha.
Então antes que pudesse responder, Crissy bateu o telefone em sua cara. Olhando o
fone em sua mão, Belinda sentiu um acesso incontrolável de fúria lhe tomar, e
descontrolada arrancou o telefone da tomada e jogou na parede violentamente.
Colocando as mãos nos ouvidos, Bela foi ao chão chorando e sacudindo a cabeça
com força. Por que aquela mulher não a deixava em paz?Por que sempre tentara
humilhá-la e maltratá-la?E agora com aquela história de que estava com Rafel!Mas
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Irresistível Desejo Juh Reis
como ela podia adivinhar que ele não estava em casa?Seria possível que a tal história
fosse verdade?Seu marido seria capaz de tal coisa?Sem resposta para nenhuma de suas
perguntas, Bela arrastou-se escada acima se dirigindo para o quarto.
Entrando como uma sonâmbula, ela jogou-se na cama e tentou em vão lutar com as
duvidas que a atribulavam. Como Rafel fora capaz?Todos os indícios estavam contra
ele, e a tal conversa no celular durante a estadia de ambos na Itália?Lembrava-se
nitidamente de quando ele falara que haviam transado e ainda pronunciara o nome da
víbora. Estava esperando uma criança com um futuro ameaçado, como permaneceria ao
lado de um homem infiel?Deprimida, Bela se encolheu em posição fetal e olhou para
um ponto do nada fixamente. Não queria pensar ou sentir. Não queria lembrar de todo o
sofrimento que já passara, não, ela não suportaria reviver tudo de novo.
O alvorecer chegou e Bela permanência deitada do mesmo modo, tivera uma noite
de cão. Mal conseguira dormir com as desconfianças e lembranças a lhe rasgarem a
alma. Pela primeira vez, ela não sentia vontade de se levantar ou muito menos se mover.
Só queria ficar ali, sozinha, quietinha.
Cochilou um pouco, pois se encontrava exausta. Despertou assustada com alguém a
lhe sacudir os ombros, abrindo os olhos lentamente, ela viu se tratar de sua amiga e
cunhada, Justine.
-O que houve, Bela?-Indagou com o cenho franzido. - Você está pálida e com
olheiras.
Abrindo a boca para responder, Bela sentiu uma ânsia insuportável tomá-la e correu
cambaleante para o banheiro. Voltou logo depois notando que Justine tinha uma
expressão angustiada e nervosa.
-Estou grávida. -Contou sentando-se na beira da cama.
Pasma, Justine sentou-se em choque ao seu lado. Olhando-a com aqueles olhos de
um azul tão limpo ela disse respirando fundo:
-Estou... Simplesmente atônica.
Abraçando-a fortemente, Bela prendeu o choro a muito custo. Justine era como sua
irmã, sempre fora desde o começo. Sentira tanta falta dela, dos conselhos que ela só ela
sabia dar.
-Eu e seu irmão nos casamos, há quase um mês. -Contou afastando-se para analisar
sofregamente as feições bonitas.
Boquiaberta, Justine indagou:
-Com qual dos...?
-Então você já conheceu o Ráfaga?
-Sim. Quando cheguei foi ele quem me atendeu e me ajudou com as malas. Pensei
que era o Rafel, mas o leve sotaque italiano e a cordialidade me fizeram perceber que eu
estava enganada.
Assentindo, Bela disse:
-Eles podem parecer fisicamente, mas têm personalidades totalmente diferentes.
Concordando, Justine segurou-lhe as mãos dizendo sem deixar de olhá-la.
-Então imagino, que você esteja grávida do Rafel e seja esposa dele.
-Sim. Foi algo rápido, da noite pro dia mesmo.
Notando o olhar triste e abatido da amiga, Justine perguntou:
-Então porque está tão triste?Ele não a faz feliz?
-Sim. Mas tenho dúvidas...-Falou Bela mordendo o lábio inferior.- Cristine voltou.
Ela e Cameron estão morando aqui em São Félix.
Com expressão estranha, Justine indagou com olhar distante:
-Cameron?Cameron Taylor?
-Sim. Por quê?-Perguntou Belinda estranhando a reação da amiga.
74
Irresistível Desejo Juh Reis
-Nada. Isso não importa agora. -Voltando a prestar atenção na mulher ruiva ao seu
lado, Justine indagou:- Imagino que Crissy esteja querendo Rafel de volta.
-Pior. Ela me ligou ontem a noite, dizendo que estava na cama com ele.
Surpresa, Justine indagou:
-E você acreditou nisso?Onde está meu irmão?
-Viajou a negócios para o Arizona.
-E então você logo imaginou que Cristine estaria falando a verdade?
Olhando para o dia lá fora, Bela suspirou dizendo:
-Como ela saberia disso, se não estivesse com ele?
-Simples, poderia estar blefando.
-Não sei... -Respondeu Bela com dúvidas nos olhos.
-Meu irmão nunca faria algo assim sabendo que você está nesse estado. E
principalmente que você já contou a ele tudo que aconteceu no passado e estão juntos
agora... - Vendo uma expressão de angustia passar no rosto rosado, Justine entendeu
tudo enfim.-Você não contou, não é?
Levantando-se perturbada, Belinda deu as costas para a amiga enquanto olhava para
o assoalho brilhante.
-Não.
-Belinda!-exclamou Justine levantando-se rapidamente.- Eu não acredito que você
se casou com meu irmão sem contar a verdade a ele. Ele tem o direito de saber!Ela era
parte dele também...
-Eu não posso. -Balbulhou ela se abraçando procurando conforto. - Eu não consigo.
De repente a porta que estava entreaberta se abriu velozmente, e Rafel surgiu
imponente e furioso. Olhando o rosto assustado de Belinda e surpreso da irmã, indagou
com voz que não admitia recusas:
-O que você não consegue?A quem vocês se referem quando falam “ela”?
Tremendo, Belinda se perguntou o quanto ele ouvira. Percebendo que estava
sobrando ali, Justine falou antes de passar pelo irmão na saída:
-Agora não tem volta, Bela.
Paralisada, Belinda abaixou a cabeça e ficou muda.
-Anda, me conta. Que segredo você esconde querida esposa?-Indagou se
aproximando ameaçadoramente.
Afastando-se medrosamente, ela tinha o corpo trêmulo e os olhos verdes assustados.
-Eu... Eu...
-Você o que?
Tomando coragem, Bela viu que não adiantava mais fugir. Havia chegado a hora da
verdade. De contar tudo oque ele merecia saber.
-Quando Carlota e seu pai completaram o décimo oitavo ano de casamento, fizeram
uma festa lembra-se?
-Sim. E acordei no outro dia com uma baita ressaca. - Falou ele olhando-a
atentamente.
Suspirando ela continuou:
-Naquela noite eu vi quando você e Crissy brigaram e também quando ela terminou
com você. Depois o encontrei no escritório completamente bêbado e levei-o até o
quarto.
-E?-Indagou o homem imponente e de expressão feroz, apertando os olhos.
-Você pediu que eu ficasse com você e fizemos amor a madrugada inteira. Perdi
minha virgindade naquela noite, com você.
Olhando ansiosa a expressão impassível, ela não o viu demonstrar emoção alguma.
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Irresistível Desejo Juh Reis
-Pela manhã eu fui falar com você e fui humilhada pela sua falta de lembrança e
esses seus olhos frios.
-Eu estava bêbado, o que queria que eu fizesse?E ainda tive de partir imediatamente,
pois meu avô havia morrido e a fazenda de minha avó não podia ficar sozinha. Ela
precisava de mim...
-Pois eu precisei bem mais!-Gritando ela relatou furiosa toda a dor que carregara por
anos. -Após aquela noite eu fiquei grávida sabia?
-Grávida?-Perguntou Rafel mostrando abalo.
Com dor no peito, Bela continuou como se morresse aos poucos:
-Você demorou a voltar, e o modo como me tratou antes de partir... Então eu resolvi
ir embora. Não sabia como encarar sua família que me haviam estendido a mão quando
precisei, não sabia como reagiriam.
-Você deveria ter me contado!Era minha criança também!-Gritou ele desesperado
sacudindo-a pelos ombros.
-Do que adianta agora?Ela morreu, você não entende?Meu bebê está morto!
Em choque, Rafel olhava-a incrédulo. Parecia outra pessoa, o rosto estava
totalmente transparente, mostrando tudo que lhe ia ao intimo. Ele sofria.
-Você o tirou?-Indagou de punhos cerrados como se fosse esmurrá-la a qualquer
momento.
-Não!-Exclamou Bela sacudindo a cabeça. Soluçando, ela chorava toda a angustia
que a atormentava. -Eu nunca faria tal coisa. Eu a amava. Mais que tudo, eu ia criá-la.
-Sozinha, não é?Nunca me contaria?-Perguntou ele com dor nos o rosto moreno.
-Eu pretendia, quando estivesse pronta. Mas então aquela tragédia aconteceu...-
Falou ela a muito custo, soluçando cada vez mais alto.
-O que houve?O que aconteceu?
Olhando para o marido a frente, Bela relatou o acidente com as lágrimas lhe
banhando o rosto sem uma única pausa.
-Eu estava voltando do quartinho que havia alugado, como trabalhava até a exaustão
para me manter e a criança que carregava, eu me alimentava pouco e dormia quase
nada.-Baixando o olhar para o chão, ela ouviu vividamente o frear dos pneus e a intensa
dor que sentira nos quadris, tomá-la novamente. -Eu atravessava a rua, devia estar já de
uns cinco meses e havia acabado de sair da clínica de exames. Era minha hora de
almoço, e eu havia aproveitado para fazer a ultra-som.
Desolada, Bela sentou-se na cama e continuou debilmente:
-Eu olhei para os lados antes de passar, mas não adiantou. Uma picape em alta
velocidade me atropelou e ae... -Sentindo uma angustia horrível lhe tomar, Bela se
esforçou para não vomitar ou desmaiar. -Fui levada as pressas para o hospital,
mas...Perdi meu bebê. Fiquei internada por quase duas semanas
Completamente abatido, Rafel caiu de joelhos ao chão e chorou como uma criança.
Bela sofria mais ainda por vê-lo daquele modo, tão desesperado e sofrido. Queria tocá-
lo, mas sabia que seu apoio não seria bem-vindo. Talvez nunca mais.
-Qual era o sexo?-Indagou de cabeça baixa, com os cabelos negros a lhe esconderem
os olhos.
-Uma menina.
-Por quê?- Disse ele totalmente sem expressão. Da raiva e tristeza ele passara para o
completo vazio. -Se você houvesse me dito, nossa menina estaria viva. Teria uns seis
anos agora, seria uma mocinha.
Dolorida Bela murmurou:
-Eu não pude. Eu... Eu... Não sabia como contar.
76
Irresistível Desejo Juh Reis
-Se eu não houvesse chegado mais cedo e ouvido o final da sua conversa, com a
minha irmã... Você teria me falado?-Perguntou Rafel com uma tristeza nos olhos de
partir o coração.
Balançando a cabeça, Bela falou num fio de voz:
-Acho que sim. Eu Não sei dizer...
Levantando-se, Rafel olhou-a com uma expressão que ela nunca esqueceria. Ele a
olhou com uma acusação muda nos olhos. Depois lhe virando as costas, parou em frente
as portas envidraçadas da sacada e ficou em silêncio por um longo tempo. Então enfim,
disse com uma voz tão fria que gelou os ossos de Belinda.
-Eu a quero fora dessa casa até a noite. -Ainda de costas ele continuou: - Entrarei
com o pedido de divórcio imediatamente, meus advogados entraram em contato.
Paralisada, Belinda afagou a barriga protetoramente.
-Mas eu... -Falou ela planejando contar sobre o bebê que esperava. Porém, foi
brutalmente cortada pela frase que Rafel disse de modo brusco e grosseiro.
-Saia daqui. Encarar você me enoja!
De modo orgulhoso, ela arrumou as malas desajeitadamente e apressadamente.
Antes de sair olhou uma ultima vez para o homem que amava com loucura, e disse
baixinho antes de partir batendo a porta:
-Ela iria se chamar Rafaella. Em sua homenagem.
Mas o que Bela não viu, foi o homem orgulhoso e forte feito pedra, chorando
piamente enquanto a observava partir. Deixando enfim a mascara de proteção que usara
por toda a vida, cair e se partir em minúsculos pedaços.
Capitulo 12
77
Irresistível Desejo Juh Reis
Deixando as lembranças dolorosas para trás, ela resolveu que era hora de se entregar
de corpo e alma a tarefa de mãe. Fechando a loja, guardou as chaves na bolsa e saiu
andando pela rua abarrotada. Uma garoa fina começava a cair, e Bela se enroscou mais
no casaco se amaldiçoando por não ter trazido o guarda-chuva. Como seu carro estava
na oficina ela estava na duvida entre pegar um transporte publico e ir caminhando, mas
como seu apartamento não era tão longe assim, ela resolveu andar para espairecer.
Sentia falta da tranquilidade e beleza da fazenda, a cidade do Rio não tinha mais o
mesmo encanto para ela. Agora não passava de uma cidade cheia de prédios, pessoas
irritadas e poluição. Até o ar dali era mais pesado e sufocante. Chegou em casa um
tempo depois, subindo após saudar o porteiro e entrando no ambiente claro e arejado se
dirigindo diretamente para o quarto.Cansada, Bela tirou os sapatos o casaco e a bolsa
jogando-os na poltrona vermelha próxima.Jogando-se na cama, ela adormeceu
imediatamente.Os dias estavam sendo penosos para a ruiva adormecida, ela levava
muitas madrugas acordada muitas vezes chorando ou simplesmente insone. Dormir
assim tão rápido, havia se tornado algo raro.
Acordou horas depois, se dirigindo ao banheiro para tomar um relaxante banho de
banheira. Logo depois ainda de roupão foi a geladeira e comeu uma salada de frutas que
havia ganhado da vizinha idosa e amável pela manhã. Todos no prédio sempre a
trataram com respeito e cordialidade, depois então da sua gravidez os moradores se
referiam a ela sempre com carinho e veneração.
Após sentir-se satisfeita, Bela se resolveu por um vestido tomara que caia vermelho
e calçou sandálias salto médio para não lhe doerem os pés. Se maquilou levemente e
passou perfume nos pulsos e orelhas. Olhando o penteado no espelho, ela viu que o
coque alto que usava lhe valorizava maravilhosamente o pescoço longo e alto, percebeu
também que por ter dormido toda a tarde suas constantes olheiras haviam sumido.
Esperava que não fosse apenas temporariamente.
Pegou um táxi para a livraria e percebeu com satisfação que já havia uma fila a sua
espera, assim como muitos fotógrafos. Passando de cabeça baixa pelas perguntas
indiscretas referentes a sua gravidez, Bela se sentiu confortada por Bob, que a estava
esperando lá na frente e a protegeu de maneira rigorosa dos flashes e olhares de
curiosidade e escárnio. Os jornais exibiam manchetes sobre uma misteriosa gravidez
após ter se exilado no interior do Mato Grosso para se curar da tuberculose que
adquirira. Os repórteres estavam loucos para descobrir o tal pai do seu Bebê, coisa que
Belinda não estava disposta nem um pouco a revelar.
-Obrigada. –Agradeceu, enquanto ele a ajudava a retirar o casaco.
Sorrindo, ele exibiu duas fileiras branquíssimas de dentes perfeitos. Bob Goulart era
um homem de cabelos avermelhados e olhos claros, seu corpo forte e bem definido pela
constante malhação em academia e caminhadas, tornava-o extremamente atraente para
as mulheres de todos os tipos, mas este se interessava mesmo era por homens.
-Nada, meu bem. Sabe que Bob ta aqui sempre que você precisar. -Falou ele
beijando-a delicadamente na testa.
Emocionada, Bela abraçou o amigo apertadamente. Ele era sua única família agora,
era quem passava noites com ela e a ouvia sempre que precisava desabafar. Bob era
quase que seu psicólogo particular.
Sentando-se na mesa repleta de seu mais recente livro: Algemas da Paixão, Bela
pediu que os seguranças da loja abrissem as portas para que as pessoas entrassem.
Pedindo calmamente que fosse formada uma fila, Bela começou a distribuir o livro para
que os compradores o pagassem no caixa. Muitos foram logo pedir seu autografo, lhe
relatando que colecionavam todos seus livros e que aquela fora uma de suas maiores
obras.
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Irresistível Desejo Juh Reis
Bela assinou tantos livros e viu tantos rostos, que nem se lembrava mais de quantas
vezes sorrira superficialmente. A fila parecia não acabar mais, a única coisa que valia a
pena ali era o carinho do publico e os elogios para seu romance recém escrito, que era
considerado por todos sua melhor obra.
Ouvindo um burburinho no fundo da livraria, ela tentou ver o que era, mas devido a
grande quantidade de pessoas ali reunidas, não dava pra ver nada. Então de cabeça
baixa, ela pegou o próximo livro e indagou sem levantar o rosto:
-Em nome de quem?
-Rafel Santini.-Respondeu a voz que a perseguia em sonhos.
Olhando para cima assustada, ela avistou o rosto que temia ver desde que fora
embora da fazenda. Rafel estava em carne e osso a sua frente, olhando-a de modo
indecifrável e sério.
-O que faz aqui?-Perguntou com olhos frios e voz inexpressiva.
-Vim fazer um comunicado. -Disse parado atrapalhando a fila.
Ouviram-se gritos nervosos de “anda logo” e “sai da fila se já
terminou”.Suspirando, Bela estendeu o livro pedindo:
-Saia da fila, por favor.
-Não. Depois de ouvir o que tenho a dizer, se você ainda me mandar embora eu irei.
-Disse ele com uma das mãos espalmadas sobre a mesa. - Apenas peço que me deixe
falar.
Em duvida, Belinda mergulhou nos olhos fascinantes com o coração aos saltos.
Agradeceu por estar sentada e ele não poder perceber a notável saliência em sua barriga.
Então dando de ombros ela disse indiferente:
-Fale.
-Obrigado. -Agradeceu ele com um brilho quente nos olhos.
Ela não entedia porque ele havia voltado, ou porque insistia tanto em falar com ela.
Mas para que Rafel fosse embora, Bela teria de ouvir o que tinha a dizer, mesmo que ele
não a houvesse dando chances de se explicar. Observando detalhadamente o corpo
másculo, vestido de preto, ela percebeu que ele parecia mais magro e estava
visivelmente abatido. Será que ele havia sofrido com sua falta?
Andando até uma mesa maior, ele subiu numa cadeira e se colocou sobre a mesa
pedindo em voz alta:
-Peço a atenção de todos, por favor.
Franzindo cenho, Bob indagou ao ouvido de Bela:
-Quem é a figura?
-Meu marido. -Respondeu ela olhando Rafel alarmada. O que ele planejava?
-Que pedaço de homem, em?-Falou Bob admirado.
Olhando ao redor com seus sagazes olhos chumbos, ele continuou sério e prendendo
com seu magnetismo a atenção de todos.
-Hoje eu estou aqui para pagar meus pecados. Penei durante anos sem saber o que
era o amor e sem acreditar que tal sentimento existisse. -Encarando a esposa, ele falou
com tristeza: - E quando ele se colocou em minha frente, eu não o reconheci.
Todos ouviam em silêncio, até Bob parecia enfeitiçado com o moreno alto e belo.
-Há alguns anos, conheci uma menina meiga e dedicada, que se esforçava ao
máximo para obter um único olhar de admiração ou apreciação meu. Mas eu só a
esnobava e ignorava. - Baixando o olhar ele disse em tom triste: - Ela se entregou a mim
e eu não a valorizei. E por minha culpa, pelo fato de minha incredulidade ser tão grande
nos bons sentimentos e nas pessoas, o fruto de nossa união pereceu.
Apertando os lábios, Bela tinha nos olhos um mar de tristeza.
79
Irresistível Desejo Juh Reis
-Após cinco anos, ela reapareceu em minha vida, depois de partir misteriosamente. -
Tirando algo do bolso, Bela percebeu ser a caixa que abrigava se anel de noivado e as
alianças. - Casamo-nos após muita insistência minha, pois cada dia que passava eu
necessitava mais da companhia dela ao meu lado.
Sorrindo ele prosseguiu:
-Passamos os dois melhores meses da minha vida juntos, eu nunca fui tão feliz. Sei
que sou duro e frio ás vezes, mas com ela eu me derreto que nem manteiga no calor. -
Envergonhando ele prosseguiu impressionando Bela: - Mesmo tendo-a perto, o fato de
não estar preenchendo o corpo dela me faz sentir vazio e sem utilidade alguma.
Descendo da mesa, a multidão abriu caminho com olhos curiosos e ansiosos.
Andando até onde Bela estava, ele falou encarando-a com o rosto demonstrando
encanto:
-Me sinto honrado de saber de có o sorrido doce dela, de como consegue ser brava e
mandona quando necessário e também persuasiva e apaixonada quando quer. -Parando
ao seu lado, ele continuou com voz falhada e emocionada: - Eu errei desde o começo,
mas agora digo para todos neste recinto ouvir, que estou profundamente arrependido e
preciso do seu perdão, querida.
Ainda muito magoada, Bela apenas balbulhou estática:
-Você não me deixou explicar... Mandou-me embora.
Assentindo, ele disse:
-Sim. Eu estava fora de mim e a tratei como se não significasse nada em minha vida.
Quando definitivamente isso não é verdade.
-Eu... Não sei.-Gaguejou Bela desviando o olhar em completa dúvida.
Ajoelhando-se, ele pegou uma das mãos dela e disse em tom amoroso:
-Sabe quando eu descobri que você era a mulher da minha vida?Ao mergulhar pela
primeira vez nesses seus olhos magníficos quando você era apenas uma adolescente. -
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ele continuou altivo e orgulhoso como sempre,
mesmo fazendo aquela declaração tão apaixonada: - Eu vi nos seus olhos tudo que eu
precisava saber. Vi as alegrias e tristezas, vi os conflitos e sorrisos, vi até as perdas mais
dolorosas. Mas o que me fez ficar mais intrigado, foi o fato de me ver velhinho com
você e continuar te amando do mesmo modo, se não mais ainda.
-Você está falando sério?-Indagou Bela chorando junto com ele. Com o coração
desmanchado em favas de mel.
-Com uma seriedade nunca conhecida por mim antes. -Abrindo a caixa de veludo,
ele pediu humildemente: - Aceite ser novamente minha esposa, e me dê os filhos que eu
vi em minha visão. Por favor, eu lhe suplico, tesoro. Case-se comigo na Itália,na França,
na Grécia, na Tailândia, no Japão até no Cazaquistão. Torne-me seu marido todos os
dias, até o fim de nossas vidas. Pois penar sem você não é viver, e sim estar vivo por
capricho de algum Deus perverso. - Encostando a testa em sua mão, ele mantinha a
outra aberta com os anéis. -Eu amo você, Belinda Santini. Juro viver somente por você,
para servir a você, para fazê-la feliz.
-Eu...
-Não me faça implorar mais. -Pediu ele mostrando medo e pela primeira vez,
fragilidade.
-Mas você pediu o divórcio... Não entrou em contato por todos esses meses...
Fechando os olhos com uma expressão torturada, ele balbulhou:
-Eu não tive coragem de me separar de você, falei aquilo tudo da boca pra fora...
Todas as noites eu passei acordado sentindo sua falta. Querendo seu corpo, seu perfume,
o brilho maravilhoso dos seus olhos. Então quando descobri sobre o bebê, não pude
mais esperar você voltar...
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Epílogo
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um minuto e poucos segundos era simplesmente a copia menor do pai e do tio. Só que
invés dos olhos cor de gelo ele tinha os adoráveis esmeraldas da mãe.
Observando a paisagem simples e calma da fazenda, Bela admirou a beleza daquele
lugar deslumbrada. Amava tudo ali, apesar de estar vivendo na propriedade próxima
com Rafel e os filhos, sempre que podia vinha visitar Rochelle, Maria e Matchello, sem
falar de Ráfaga que as vezes vinha ver a família.Vendo Anete ser abraçada pelos
ombros por Rafel, Belinda agradecia aos céus todo os dias, pelo marido ter mudado
tanto, a ponto de perdoar a mulher que lhe tirara o irmão.
Notando que todos os convidados estavam presentes, ela desceu Rachel e a levou
juntamente com Belona para o hall da mansão, junto com Rafel que segurava na mão do
pequeno Tafel. Juntaram-se todos em volta dos trigêmeos para bater os parabéns, mas
estes estavam olhando fixamente para o enorme bolo no centro da mesa, tendo ao redor
doces, salgados e refresco. Após o termino, Bela ajudou a servir os convidados junto
com a sogra e a cunhada que parecia afogueada, com a presença de Cameron Taylor, o
qual não desgrudava os olhos de sua silhueta esbelta.
-Cam, para estar muito feliz por ter sido convidado. -Sussurrou Bela
conspiradoramente ao marido.
Rindo, Rafel beijou levemente os lábios macios e abraçou-a fortemente pela cintura
fina dizendo:
-Para mim ele está mesmo é feliz por ver minha irmã.
Concordando, Bela perguntou preocupada:
-Será que a irmã dele tentará mais alguma coisa?
Negando, Rafel disse com olhos sérios:
-Eu não tive mais nada com ela, querida. Não depois que terminamos após ela me
deixar pela carreira artística.
-Agora eu sei. E também depois da lição que você deu nela... Ficou bem claro!-
Exclamou ela, se referindo a vez em que furiosa, Cristine invadira a mansão após saber
que Belinda e Rafel haviam voltado e começara a lhe gritar insultos e dizer que ele era
seu. Bela nem precisara fazer nada, pois Rafel que estava na cozinha, surgiu e puxando-
a pelos cabelos, jogou-a no chão enlameado do quintal dizendo ameaçadoramente que
se ela voltasse a importunar sua esposa ou tentasse alguma outra coisa se veria com ele
e depois com as autoridades. Belinda até hoje ria, pois a víbora galega saíra com a cara
abarrotada de lama e gritando injurias e impropérios.
-Ela que se atreva a aparecer de novo. - Falou ele piscando para esposa. - Que tal
irmos esquentar a cama lá em cima?Saímos de lá há três horas, já deve estar tão fria a
coitada. - Terminou maliciosamente, apertando-lhe uma nádega fortemente.
Arrepiada de prazer, Bela prometeu com os olhos brilhantes:
-Assim que os convidados se forem, então nós vamos esquentá-la tanto que virará
cinzas.
Sorrindo, ele tinha o rosto lindo corado e feliz.
-Vou cobrar a promessa!-Disse ele indo ver o que a filhinha queria lhe mostrar, ao
pegá-lo pela mão.
Bela se sentia a mulher mais feliz do mundo, agora ela só queria viver a vida com o
marido e o fruto do amor de ambos. Foi então que assustada, ela viu por entre a
multidão a velha índia olhando-a com um brilho de vitória nos olhos negros. Virando as
costas ela saiu em direção ao bosque. Seguindo-a, Bela avistou-a indo em direção ao sul
da fazenda, onde estava localizado o lago. Sentindo aquilo como um presságio, ela
laçou Estrela e cavalgou em direção ao pequeno paraíso. Desmontando as margens
plácidas e límpidas, Bela viu que a velha a esperava sorrindo. Aproximando-se, ela
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tocou o colar que usava e tirando-o estendeu para a mulher que a olhava fixamente com
os olhos sagazes.
-Não vou mais precisar dele, estou livre da dor e amargura que me acompanhavam. -
Então colocando na palma enrugada, ela a segurou com ambas as mãos carinhosamente
e disse emocionada: - Obrigada por tudo, a senhora foi uma luz para mim. Agora
entregue esse colar para alguém mais necessitado do que eu. Nunca a esquecerei.
-Nem eu menina. -Respondeu a índia, colocando o colar novamente no pescoço e
dizendo ao virar-se para partir- Daqui para frente você será feliz como merece. Lembre-
se de mim, quando a angústia lhe invadir, e sentirá paz.
Então ela caminhou até desaparecer no ar.
Dando um belo sorriso, Bela lavou o rosto no lago e montou Estrela virando-a em
direção ao casarão. Então ela a incitou para que cavalgasse de encontro ao seu destino, a
sua eterna felicidade.
Saindo das águas com os olhos verdes brilhantes como nunca e o corpo perfeito nu,
ela disse ao marido:
-Lembro-me dela na gruta, há um sentimento verdadeiro entre ela e aquele homem
duro e dominador. Como eu e você, ela está sobre um forte encanto, o do amor. -
Olhando o marido ela continuou toda vaidosa: - Mas você morreu por mim.
Sorrindo, o homem disse abraçando-a:
-Eu morri por você porque viver sem tê-la, não era viver. Assim que a vi eu me
apaixonei, como conta fielmente a lenda, minha deusa.
Então sorrindo sedutoramente, a bela ninfa começou a cantar e dançar com seu
marido por sobre as águas, e foi logo acompanhada por suas amigas que a seguiram
efusivamente, até o sol se pôr e a lua vir assistir emocionada, as belas canções de amor,
que os seres mágicos entoavam de maneira abençoada.
Fim.
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