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Definição:
A palavra “Credo” é derivada do latim (“eu creio”) e denota uma postura ativa, uma firme
confiança em Deus.
Para melhor compreensão do uso dos credos pela igreja, vale ressaltar que um credo não
é a palavra de Deus aos homens, mas é um composto de palavra de homens a respeito de
Deus.
A Bíblia revela a verdade de Deus; e o Credo organiza e declara essa verdade em forma
lógica de doutrina.
Origem:
Os credos tiveram a sua origem nos primeiros séculos da igreja cristã. O primeiro credo
conhecido historicamente foi o chamado Credo Apostólico, que provavelmente tenha sido
formulado no segundo século.
Há outros credos na história da igreja. No ano 325, no concílio de Nicéia, surgiu um credo
que tratou das controvérsias a respeito da trindade.
Mais tarde, surge o credo de Caledônia (451) tratando especificamente das duas naturezas
de Jesus Cristo.
1
KEED, Kevin. Governo Bíblico de Igreja. São Paulo – SP: Os Puritanos, 2002.
2
Máxima que se tornou comum a partir do movimento fundamentalista que surgiu em meio à
controvérsia doutrinária entre cristianismo conservador e o liberalismo nos Estados Unidos no final do
séc. XIX e início do séc. XX (Cf. NOLL, Mark A. Confissões de fé. In: ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico
Teológica da Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2009. p.340).
3
Expressão usada pelo apóstolo Paulo na carta aos Romanos 10.2.
4
Ibid.
5
Cf. Dicionário Bíblico Strong, 2002. p.1735; Concordância de Strong. Disponível em:
<http://bibliaportugues.com/greek/5296.htm> acesso em 03 de julho de 18.
ao usar como regra básica o padrão de instrução que ele havia visto e recebido do
ministério do apóstolo Paulo (TRUEMAN, 2012, p. 102).
Wiersbe traz uma figura bastante clara ao traduzir a palavra padrão por uma
espécie de projeto arquitetônico por meio do qual a igreja deveria desenvolver a sua
teologia:
“A palavra "padrão" (2 Tm 1:13) refere-se a "modelo, a projeto de um
arquiteto". A Igreja primitiva possuía um conjunto de doutrinas claras, um
padrão usado para avaliar todos os ensinamentos. Se Timóteo mudasse esses
parâmetros ou se os colocasse de lado, não teria com que testar outros mestres
e pregadores. É por essa razão que, hoje, também é preciso apegar-se ao que
Paulo ensinou.” (2006, p. 316).
6
O termo fora usado pela primeira vez por Tertuliano (160 – 220 d.C), um dos pais da igreja.
só Deus, mas o Pai não é o Filho, e o Pai e o Filho não são o Espírito Santo. Desse modo,
o uso da palavra trindade tem uma função teológica clara: ela transmite o conceito
ortodoxo e indica a ortodoxia de quem o usa. Se alguém começa a falar de Deus de uma
maneira unitária ou de três deuses separados, qualquer um que conheça a doutrina
ortodoxa da igreja cristã saberá identificar que tal ensino não corresponde com o “modelo
das sãs palavras” legado pelos apóstolos e preservado pelos pais da igreja (p.103).
Trueman chama a atenção para o fato de que Paulo não instrui Timóteo a somente
memorizar de forma literal os textos do Velho ou do Novo Testamento ou, até mesmo, os
de suas Cartas. Segundo Trueman, o modelo das sãs palavras é algo mais. Assim, a
máxima “nenhum credo além da bíblia” não faz justiça à orientação apostólica, pois a
própria bíblia parece exigir que tenhamos modelos de ortodoxia, e essa é a natureza dos
credos e das confissões (2012, p.104).
Outras referências bíblicas como “doutrina dos apóstolos” (At 2.42), “forma de
doutrina” (Rm 6.17), “fé evangélica” (Fp 1.27), “fé que uma vez por todas foi entregue
aos santos” (Jd 3), “fé santíssima” (Jd 20), “tradição” (1Co 11.2, 23; 15.3), “a palavra que
vos foi evangelizada” (1Pe 1.25) e "princípios elementares da doutrina de Cristo" (Hb
6.1-3), parecem indicar a existência de algum conjunto de verdades da palavra de Deus
que foram agrupadas, aceitas e confessadas pelos crentes da época.
Do mesmo modo, o Antigo Testamento, também apresenta fundamentos para a
confessionalidade da igreja: o Shemá, termo hebraico que significa ouvir com afeição,
indica o que seria o credo judeu: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”
(Dt 6.4).7 Essa profissão de fé era uma exigência para Israel que serviu para distingui-los
de todos os povos idólatras ao seu redor, como os Cananeus, Jebuseus, Filisteus e
Midianitas.8 Gerhard Von Rad entende que textos como os de Dt 26.5-9, Êx 15.1-19 e Js
24.2-13 são respostas confessionais do povo aos atos salvíficos de Deus na história de
Israel (2006, p. 122).9
Logo, ainda que não se possa afirmar, categoricamente, que haviam credos e
confissões formais na igreja do primeiro século, os textos bíblicos, supracitados, são
indicativos claros de que elementos pró-credais já estavam presentes no cerne da fé do
povo de Deus. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento exige que os crentes professem
7
Cf. Credos. In. FERGUSON, Sinclair B. Novo dicionário de teologia. São Paulo - SP: Hagnos, 2009. p.244.
8
Cf. FERREIRA, 2015. p. 43.
9
Cf. RAD, Gerhard von, 1901 – 1971. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo – SP: ASTE/TARGUMIM,
2006. p. 122.
a sua fé no Deus vivo e verdadeiro. Com base nisso, Philip Schaff (1919) conclui que
"num certo sentido, a igreja cristã nunca existiu sem um credo". 10 Dado esses inúmeros
indicativos bíblicos da natureza confessional da Igreja, Carl Trueman (2012) reitera que
a melhor forma de honrar o princípio ortodoxo de “preservar o modelo das sãs palavras”,
ensinado pela Bíblia, é pelo uso dos credos e confissões (p. 111).
2. APLICAÇÃO:
Em meio a tanta confusão teológica por que passa a igreja cristã nos dias de hoje, nós
precisamos professar com clareza aquilo em que cremos.
Embora vivemos numa era da igreja evangélica que rejeita a ideia de credos e
confissões, precisamos repensar esta posição. Do ponto de vista bíblico e histórico há um
imperativo confessional para a igreja cristã.
10
apud CAMPOS, 1997, p. 107.