Você está na página 1de 7

AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL

Direito Tributário
Eduardo Sabbag

DIREITO TRIBUTÁRIO Detalhe: esses quatro impostos foram criados


CURSO CARREIRAS FISCAIS por meio de lei, cabendo ao Executivo uma
JUNHO DE 2015 atuação superveniente.
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO LISTA: II, IE, IPI e IOF.
PODER DE TRIBUTAR: PRINCÍPIOS E ATENÇÃO: a EC 33/01 ampliou o rol,
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS trazendo mais dois tributos – CIDE-
PROF. EDUARDO SABBAG Combustível e o ICMS-Combustível.
AULA 1
Lógica da mitigação da legalidade tributária:
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO trata-se de tributos extrafiscais, ou seja,
PODER DE TRIBUTAR: PRINCÍPIOS reguladores de mercado. Isso pode ser
TRIBUTÁRIOS. percebido nas reduções de alíquotas de IPI
para facilitar o acesso das classes menos
Considerações iniciais: favorecidas a certos produtos; nos aumentos
- Princípios tributários: arts. 150, 151 e 152 da de alíquota de II sobre determinados produtos
CF; asiáticos, para proteger a indústria nacional.
- Princípios (conceito) = limitações
constitucionais ao poder de tributar (os DICAS FINAIS (Princípio da Legalidade
princípios são balizamentos à ação tributante Tributária):
das entidades impositoras: U, E, M e DF). Daí DICA 1: Ler o art. 97 do CTN e perceber que
se dizer que a tributação a lei tributária contém “elementos
federal/estadual/municipal que viole estruturantes” indispensáveis: alíquota, base
determinado princípio tributário, será de cálculo, sujeito passivo, multa e fato
inevitavelmente “contaminada” de gerador. Por essa razão, aqui temos a
inconstitucionalidade; chamada “estrita legalidade” (reserva legal ou
tipicidade fechada/cerrada/regrada).
Estudo individualizado dos Princípios Exemplo de “vício”: criação de uma taxa por
Tributários: lei, ficando o sujeito passivo a cargo de
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE tratamento ulterior em uma portaria.
TRIBUTÁRIA (ART. 150, I, CF C/C ART. 97, I
E II, CTN) DICA 2: Ler o art. 62, §2º, CF (“A MP e o
“U, E, M e DF só podem instituir e majorar o Princípio da Legalidade Tributária”)
tributo por meio de lei”. Literalidade da CF: “Medida provisória que
Dois verbos: instituir e majorar (lei) implique instituição ou majoração de
- Que lei é essa que cria e aumenta o tributo? impostos...”
Lei ordinária. Portanto, a Banca pode perguntar na sua
- E a lei complementar? prova:
Ela está explícita na CF como a lei hábil a “Pode ser majorado o IR por MP?”
instituir QUATRO tributos federais: Resposta: SIM.
1. Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, “Pode ser majorado o ITR por MP?”
VII, CF); Resposta: SIM.
2. Imposto residual (art. 154, I, CF);
3. Empréstimo compulsório (art. 148, caput, A ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO E A
CF); RESERVA LEGAL
4. Contribuições residuais da seguridade Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...)
social (art. 195, §4º, CF c/c art. 54, I, CF). § 1º. Equipara-se à majoração do tributo a
modificação da sua base de cálculo, que
O Poder Executivo pode, entretanto, ter uma importe em torná-lo mais oneroso.
atuação mitigada (art. 153, §1º, CF): § 2º. Não constitui majoração de tributo, para
QUATRO impostos federais cujas alíquotas os fins do disposto no inciso II deste artigo, a
poderão ser alteradas por ato do Poder atualização do valor monetário da respectiva
Executivo (Portaria, Decreto etc.). base de cálculo.

www.cers.com.br 1
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

Súmula n. 160 do STJ: “É defeso, ao 2. Lei aumenta tributo em 10-10-2014.


Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, Quando incidirá?
em percentual superior ao índice oficial de RESPOSTA:
correção monetária”. ANT. ANUAL (01-01-2015); ANT.
Julgado recente: RE 648.245/Reperc. geral, NONAGESIMAL (“10-01-2015”)
rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, j. em 01-08- GABARITO: escolha a data maior...essa em
2013. meados de janeiro de 2015!

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Casos práticos:


TRIBUTÁRIA (art. 150, III, “b” e “c”, CF) 3. Lei aumenta tributo em 10-08-2014.
Considerações iniciais: Quando incidirá?
Tal princípio já foi considerado “cláusula RESPOSTA:
pétrea”. A anterioridade tributária não se ANT. ANUAL (01-01-2015); ANT.
confunde com o “princípio da anualidade”. NONAGESIMAL (“10-11-2014”)
Este postulado já esteve associado em texto GABARITO: escolha a data maior...essa em
constitucional pretérito à seara tributária. Na 01-01-2015!
atual CF/88, isso não ocorre. Memorize: NÃO
se aplica o princípio da anualidade tributária REGRA GERAL: se houver aumento ou
ao sistema tributário nacional, no bojo dos instituição de tributo entre janeiro e setembro
aumentos e instituições de tributos. de um ano (até 2 de outubro), a incidência da
A anterioridade, no texto da CF, está ligada a norma majoradora/criadora ocorrerá em 1º-
dois verbos: INSTITUIR E AUMENTAR. JANEIRO-ANO SEGUINTE. Por outro lado,
Portanto, memorize: o princípio só vale para se isso se der entre outubro e dezembro,
esses casos. Quando se tem uma redução de bastará computar o prazo de 90 dias.
tributo (ou uma extinção), haverá PRONTA
INCIDÊNCIA DA NORMA, não se cogitando Não obstante a regra acima, existem
do respeito ao postulado. exceções (art. 150, §1º, CF): ressalvas a
essas duas “esperas”.
ALÍNEAS “B” e “C”: Análise do dispositivo:
Anterioridade ANUAL (alínea “b”): a lei que 1. TRIBUTOS DE EXIGÊNCIA IMEDIATA
cria/aumenta o tributo vai incidir no primeiro (fogem às duas anterioridades): II, IE, IOF,
dia do ano seguinte ao da criação/aumento; Imp. Extraordinário e o Emp. Compulsório
Anterioridade NONAGESIMAL (alínea “c”): a (Cala/Pú. e Guerra Externa).
lei que cria/aumenta o tributo vai incidir no Exemplo importante (de revisão):
nonagésimo primeiro dia a contar da data da
criação/aumento (veio com a EC 42/03) Decreto nº ___ aumenta o II, com viés
extrafiscal, e com pronta incidência da norma.
IMPORTANTE: devemos aplicar COMENTE.
cumulativamente as duas anterioridades, na
detecção da data da incidência da lei criadora O Decreto é perfeitamente consentâneo com
ou majoradora do tributo. a CF, ou seja, é constitucional. Respeita a
legalidade tributária e a anterioridade
tributária.
Casos práticos:
1. Lei aumenta tributo em 10-12-2014. 2. TRIBUTOS QUE FOGEM À
Quando incidirá? ANTERIORIDADE ANUAL, MAS RESPEITAM
RESPOSTA: A ANTERIORIDADE NONAGESIMAL: IPI,
ANT. ANUAL (01-01-2015); ANT. CIDE-Combustível e o ICMS-Combustível.
NONAGESIMAL (“10-03-2015”)
GABARITO: escolha a data maior...essa em
meados de março de 2015!

www.cers.com.br 2
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

Exemplo: No CTN, o art. 106 traz dois casos de LEIS


PRODUTORAS DE EFEITOS JURÍDICOS
Decreto n.___ eleva a alíquota do IPI, com PRETÉRITOS, em seus dois incisos.
viés extrafiscal, exigindo-o imediatamente.
COMENTE. Inciso I: lei interpretativa (deve ser
Com relação ao aumento por Decreto, tudo expressamente interpretativa). Além disso,
ok!!! Por outro lado, quanto à anterioridade, memorize que só retroagirá a lei interpretativa
desponta a INCONSTITUCIONALIDADE, que for verdadeiramente interpretativa. Vale
porquanto o IPI majorado só poderá incidir dizer que, se a lei, a pretexto de interpretar,
após 90 dias. infligir penalidade, só poderá ter vigência
prospectiva.
DICA FINAL:
O tributo que não for “exceção” será “regra”! Inciso II: lei mais benéfica para o contribuinte,
Por exemplo, são tributos que obedecem à NO CAMPO DAS INFRAÇÕES. Isso significa
"regra" apresentada: taxas, contribuições de que a “lex mitior” retroagirá para beneficiar
melhoria, ISS, ITR, IPVA(alíquotas), ICMS, apenas no campo diverso do tributo (multas,
IPTU(alíquotas), entre vários outros. Exemplo: infrações etc.). Tal retroação benéfica não
taxa criada em 12-11-2014 só poderá ser poderá ocorrer no campo das alíquotas, do
exigida a partir de “12-02-2015”. valor do tributo etc.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (...) Art. 106, II, CTN:


TRIBUTÁRIA (art. 150, III, “a”, CF) CUIDADO!!!! Há uma CONDIÇÃO!!!
Considerações iniciais: Só ocorrerá a retroação da norma mais
Irretroatividade significa não retroatividade ou benéfica no campo das infrações SE O ATO
não retroação da lei. Vale dizer que se veda a NÃO ESTIVER DEFINITIVAMENTE
vigência retrospectiva da lei, ou seja, esta JULGADO (cópia do dispositivo). Isso
deve “viger para frente”. O fundamento vai ao significa a existência de uma pendência de
encontro do art. 5º, XXXVI, CF, o qual proíbe julgamento. Enquanto esta houver,
que a lei retroaja e atinja o ato jurídico sobrevindo uma lei mais benéfica para multa,
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. por exemplo, a lei mais benéfica deverá
Desse modo, a lei tributária deverá atingir retroagir.
fatos que lhe são subsequentes ou
subsecutivos. E que fatos são esses? São os LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO
fatos geradores! PODER DE TRIBUTAR: IMUNIDADES
Exemplo de vício: lei publicada em 12-11- TRIBUTÁRIAS
2014 institui uma taxa e deve abranger fatos
geradores ocorridos em março de 2014. Tal CONCEITO DE IMUNIDADE:
lei é inconstitucional por violação ao princípio Nesse diapasão, longe de buscar a fórmula
da irretroatividade tributária. conceitual perfeita e com a devida fidelidade à
melhor doutrina, conceituamos imunidade
MEMORIZE: como “a norma constitucional de desoneração
tributária, que, justificada no conjunto de
Se é vedado “...cobrar tributos em relação a caros valores proclamados na Carta Magna,
fatos geradores ocorridos ANTES do início da inibe negativamente a atribuição de
vigência da lei que os houver instituído ou competência impositiva e credita ao
aumentado;...”, SIGNIFICA QUE... beneficiário o direito público subjetivo de „não
incomodação‟ perante o ente tributante”.
Só pode “...cobrar tributos em relação a fatos (SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de
geradores ocorridos DEPOIS do início da Direito Tributário. 7. ed., São Paulo: Saraiva,
vigência da lei que os houver instituído ou 2015, p. 290)
aumentado;...”

www.cers.com.br 3
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

DISPOSITIVOS NA CF INDICADORES DE VI - instituir impostos sobre:


“FALSAS” ISENÇÕES: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos
Art. 195. § 7º - São isentas de contribuição outros;
para a seguridade social as entidades b) templos de qualquer culto;
beneficentes de assistência social que c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos
atendam às exigências estabelecidas em lei. políticos, inclusive suas fundações, das
Art. 184. § 5º - São isentas de impostos entidades sindicais dos trabalhadores, das
federais, estaduais e municipais as operações instituições de educação e de assistência
de transferência de imóveis desapropriados social, sem fins lucrativos, atendidos os
para fins de reforma agrária. requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão.
EXEMPLOS DE IMUNIDADE ESPALHADA e) fonogramas e videofonogramas musicais
NO TEXTO CONSTITUCIONAL: produzidos no Brasil contendo obras musicais
EXEMPLO 1: ou literomusicais de autores brasileiros e/ou
Art. 149. Compete exclusivamente à União obras em geral interpretadas por artistas
instituir contribuições sociais, de intervenção brasileiros bem como os suportes materiais
no domínio econômico e de interesse das ou arquivos digitais que os contenham, salvo
categorias profissionais ou econômicas, como na etapa de replicação industrial de mídias
instrumento de sua atuação nas respectivas ópticas de leitura a laser. (Incluída pela
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no
art. 195, § 6º, relativamente às contribuições DISSECANDO O DISPOSITIVO...
a que alude o dispositivo. ALÍNEA “A”:
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
no domínio econômico de que trata o caput asseguradas ao contribuinte, é vedado à
deste artigo: (Incluído pela Emenda União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Constitucional nº 33, de 2001) Municípios:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes VI - instituir impostos sobre:
de exportação; (Incluído pela Emenda a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos
Constitucional nº 33, de 2001) outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva
EXEMPLO 2: às autarquias e às fundações instituídas e
Art. 156. Compete aos Municípios instituir mantidas pelo Poder Público, no que se refere
impostos sobre: ao patrimônio, à renda e aos serviços,
§ 2º - O imposto previsto no inciso II: vinculados a suas finalidades essenciais ou
I - não incide sobre a transmissão de bens ou às delas decorrentes.
direitos incorporados ao patrimônio de pessoa § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do
jurídica em realização de capital, nem sobre a parágrafo anterior não se aplicam ao
transmissão de bens ou direitos decorrente de patrimônio, à renda e aos serviços,
fusão, incorporação, cisão ou extinção de relacionados com exploração de atividades
pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a econômicas regidas pelas normas aplicáveis
atividade preponderante do adquirente for a a empreendimentos privados, ou em que haja
compra e venda desses bens ou direitos, contraprestação ou pagamento de preços ou
locação de bens imóveis ou arrendamento tarifas pelo usuário, nem exonera o
mercantil; promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel.
PRINCIPAL DISPOSITIVO DE IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA: DISSECANDO O DISPOSITIVO...
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias ALÍNEA “B”:
asseguradas ao contribuinte, é vedado à Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos asseguradas ao contribuinte, é vedado à
Municípios:

www.cers.com.br 4
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos imunidade do livro eletrônico. O mencionado
Municípios: recurso extraordinário foi movido pelo
VI - instituir impostos sobre: governo do Rio de Janeiro contra acórdão da
b) templos de qualquer culto; Justiça fluminense, que imunizara a Editora
Art. 150, § 4º - As vedações expressas no Elfez Edição Comércio e Serviços quanto ao
inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem pagamento de ICMS sobre a venda de CDs
somente o patrimônio, a renda e os serviços, relativos à sua Enciclopédia Jurídica
relacionados com as finalidades essenciais Soibelman. É oportuno registrar, ainda, que,
das entidades nelas mencionadas. antes de Toffoli, os ministros Joaquim
Barbosa, Eros Grau e Cezar Peluso já haviam
DISSECANDO O DISPOSITIVO... votado monocraticamente contra a extensão
ALÍNEA “C”: da imunidade a conteúdos eletrônicos (ver,
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias respectivamente, RE 416.579/RJ, RE
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 282.387/RJ e AI 530.958/GO). Ocorre, porém,
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos que o Ministro Toffoli reconsiderou a sua
Municípios: decisão e manifestou pela existência da
VI - instituir impostos sobre: repercussão geral da questão constitucional
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos suscitada. O Pleno do STF acatou a decisão
políticos, inclusive suas fundações, das em setembro de 2012. Até o presente
entidades sindicais dos trabalhadores, das momento, aguarda-se o julgamento desse
instituições de educação e de assistência emblemático caso.
social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei; IMUNIDADE DE IMPRENSA E O ÁLBUM DE
FIGURINHAS:
Art. 150, § 4º - As vedações expressas no EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem IMUNIDADE. ART. 150, VI, “D” DA CF/88.
somente o patrimônio, a renda e os serviços, “ÁLBUM DE FIGURINHAS”.
relacionados com as finalidades essenciais ADMISSIBILIDADE. (...) 2. O Constituinte, ao
das entidades nelas mencionadas. instituir esta benesse, não fez ressalvas
quanto ao valor artístico ou didático, à
SÚMULA 724, STF: Ainda quando alugado a relevância das informações divulgadas ou à
terceiros, permanece imune ao iptu o imóvel qualidade cultural de uma publicação. 3. Não
pertencente a qualquer das entidades cabe ao aplicador da norma constitucional em
referidas pelo art. 150, vi, "c", da constituição, tela afastar este benefício fiscal instituído para
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado proteger direito tão importante ao exercício da
nas atividades essenciais de tais entidades. democracia, por força de um juízo subjetivo
acerca da qualidade cultural ou do valor
DISSECANDO O DISPOSITIVO... pedagógico de uma publicação destinada ao
ALÍNEA “D”: público infanto‑juvenil. 4. Recurso
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias extraordinário conhecido e provido. (RE
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 221.239/SP, 2ª T., rel. Min. Ellen Gracie, j. 25‑
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 05‑2004)
Municípios:
VI - instituir impostos sobre: IMUNIDADE DE IMPRENSA E A VISÃO DO
d) livros, jornais, periódicos e o papel STF QUANTO AO INSUMO “PAPEL”:
destinado a sua impressão. À guisa de reforço, registre‑se que, em 13 de
maio de 2008, o ministro do STF Menezes
DADOS EXTRAS SOBRE A ALÍNEA “D”: Direito, no RE n. 202.149, entendeu que não
IMUNIDADE DE IMPRENSA E O CD-ROM: caberia a tese da imunidade para o ICMS, IPI
e II, relativamente ao despacho aduaneiro de
É importante destacar que, em fevereiro de peças sobressalentes de equipamento de
2010, o Ministro Dias Toffoli, em decisão preparo e acabamento de chapas de
monocrática no RE 330.817/RJ, afastou a impressão offset para jornais, por se tratar de

www.cers.com.br 5
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

equipamento acessório. A propósito, como b) está sujeita ao Imposto sobre Serviços de


houve divergência nos votos, o julgamento Qualquer Natureza, relativamente à gravação
em tela não foi concluído, aguardando‑se o das canções.
voto de desempate da Ministra Cármen Lúcia. c) não está sujeita a imposto algum, desde a
Em 26 de abril de 2011, com o voto de gravação do videofonograma até sua
desempate da Ministra Carmen Lúcia, comercialização no varejo, porque Raquel,
finalizou‑se o julgamento, em cuja ementa Flávia e Beatriz são brasileiras.
constou que “a imunidade tributária relativa a d) não está sujeita a imposto algum, desde a
livros, jornais e periódicos é ampla, total, gravação do videofonograma até sua
apanhando produto, maquinário e insumos. A comercialização no varejo, porque os autores
referência, no preceito, a papel é das canções são brasileiros.
exemplificativa e não exaustiva”. e) está sujeita ao ICMS, nas vendas dos
DVDs pelos estabelecimentos varejistas aos
DISSECANDO O DISPOSITIVO... consumidores finais.
ALÍNEA “E”:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos A competência tributária apresenta-se como a
Municípios: aptidão jurídica para criar, in abstracto,
VI - instituir impostos sobre: tributos, descrevendo, legislativamente, suas
e) fonogramas e videofonogramas musicais hipóteses de incidência, seus sujeitos ativos,
produzidos no Brasil contendo obras musicais seus sujeitos passivos, suas bases de cálculo
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou e suas alíquotas.
obras em geral interpretadas por artistas Perguntar-se-á: quem a tem? As pessoas
brasileiros bem como os suportes materiais políticas – a União, os Estados, os Municípios
ou arquivos digitais que os contenham, salvo e o Distrito Federal –, que receberam do
na etapa de replicação industrial de mídias legislador constituinte a faculdade de instituir,
ópticas de leitura a laser. (Incluída pela em caráter privativo, todas as modalidades de
Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) tributos (impostos, taxas, contribuições de
melhoria, empréstimos compulsórios e
QUESTÃO DE CONCURSO – ALÍNEA “E” contribuições).
DO INCISO VI DO ART. 150 DA CF: JUIZ
SUBSTITUTO – TJ/CE – MAIO DE 2014-06- A atribuição da competência tributária às
30 pessoas jurídicas de Direito Público está
Questão 80. prevista nos arts. 153 a 156 da Constituição
Raquel, violonista, Flávia, flautista e Beatriz, Federal, dividindo-se, entre elas, o poder de
pianista, também são cantoras de música instituir e cobrar tributos. Desse modo, cada
popular brasileira. Essas três artistas entidade impositora está obrigada a
brasileiras decidiram, em novembro de 2013, comportar-se nos limites da parcela de poder
gravar um DVD com canções, cujas letras e impositivo ou potestade tributária que lhe foi
melodias são de autores brasileiros. atribuída pela Constituição.
Decidiram produzir o DVD no Estado do
Ceará, porque, além de ser mais barato do A competência tributária é indelegável,
que produzi-lo em outro Estado, ou até intransferível, inalterável e irrenunciável, uma
mesmo no exterior, foram informadas de que vez que admitir a delegação de competência
o DVD já estaria nas lojas a tempo para as para instituir um tributo é admitir que seja a
vendas de Natal. A criação desse DVD Constituição alterada por norma
infraconstitucional.
a) está sujeita ao Imposto sobre Produtos
Industrializados, na fase de multiplicação A competência tributária é política e
industrial de seus suportes materiais indelegável (art. 7º, caput, CTN), não se
gravados. confundindo com a capacidade tributária
ativa, que é “administrativa e delegável”.

www.cers.com.br 6
AUDITOR FISCAL DA RECEIRA FEDERAL
Direito Tributário
Eduardo Sabbag

O exercício da competência tributária, 5. Competência residual


conquanto irrenunciável e intransferível, pode A competência residual ou remanescente
ser considerado facultativo. De fato, no plano encontra guarida em dois dispositivos do texto
da conveniência, cada ente tributante decide constitucional: o art. 154, I, e o art. 195, § 4º.
sobre o exercício da competência tributária. A temática afia-se ao poder de instituir o
tributo diverso daqueles já existentes. Daí se
Detalhando a classificação da competência falar em competência residual, na acepção
tributária “daquilo que resta, de algo genuinamente
A competência tributária pode ser classificada restante ou residuário”.
em: (I) privativa; (II) comum; (III) cumulativa;
(IV) especial; (V) residual; e (VI) 6. Competência extraordinária
extraordinária. A competência extraordinária é o poder de
É vital ao estudioso do Direito Tributário que instituição, pela União, por lei ordinária
conheça os detalhes de cada espécie. federal, do imposto extraordinário de guerra
(IEG), conforme se depreende do art. 154, II,
1. Competência privativa da CF c/c o art. 76 do CTN. A instituição por
É o poder que têm os entes federativos para lei ordinária não inviabiliza a possível criação
instituir os impostos que são enumerados por medida provisória, uma vez que esta,
exaustivamente na Constituição Federal. como se sabe, é vedada tão só para os casos
Nesse passo, “designa-se privativa a adstritos à lei complementar (ver art. 62, § 1º,
competência para criar impostos atribuída III, CF).
com exclusividade a este ou àquele ente
político”1.

2. Competência comum
A competência tributária comum está
relacionada aos tributos chamados
vinculados, isto é, às taxas e às contribuições
de melhoria. Para estes, não se estipularam
“listas” enumeradas na Constituição Federal,
indicando, com exclusivismo, a entidade
tributante correspondente ao plano de
instituição do tributo vinculado respectivo.

3. Competência cumulativa
A competência cumulativa ou múltipla,
prevista no art. 147 da CF, prende-se ao
poder legiferante de instituição de impostos
pela União, nos Territórios Federais, e pelo
Distrito Federal, em sua base territorial.

4. Competência especial
A competência especial traduz-se no poder
de instituir os empréstimos compulsórios (art.
148, CF) e as contribuições especiais (art.
149, CF), justificando-se tal classificação pelo
fato de terem subsistido, durante largo
período, inúmeras polêmicas acerca da
natureza tributária desses dois tributos.

AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro, cit., p. 95.

www.cers.com.br 7

Você também pode gostar