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HILDO VIEIRA PRADO FILHO

A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E O


NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
DO EXÉRCITO:
contribuições para a Soberania Nacional

Trabalho de Conclusão de Curso -


Monografia apresentada ao Departamento de
Estudos da Escola Superior de Guerra como
requisito à obtenção do diploma do Curso de
Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Douglas Marcelo Merquior – Cel

Rio de Janeiro
2014
©2014 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação
que resguarda os direitos autorais, é
considerado propriedade da ESCOLA
SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
permitido a transcrição parcial de textos
do trabalho, ou mencioná-los, para
comentários e citações, desde que sem
propósitos comerciais e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho
são de responsabilidade do autor e não
expressam qualquer orientação
institucional da ESG

_________________________________
Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Prado Filho, Hildo Vieira.


A Transformação do Exército Brasileiro e o novo Sistema de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Exército: contribuições para a Soberania
Nacional / Gen Bda Eng Mil Hildo Vieira Prado Filho. - Rio de Janeiro:
ESG, 2014.

68 f.: il.

Orientador: Cel QEM Douglas Marcelo Merquior.


Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito
à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e
Estratégia (CAEPE), 2014.

1. Base Industrial de Defesa (BID). 2. Soberania. 3. Sistema de


Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx). I.Título.
À minha querida família – Kátia, Diogo e
Kárys – por mais uma vez compartilhar e
apoiar as decisões tomadas.
AGRADECIMENTOS

A Deus, General de todos os Exércitos, pelo dom da vida e pela


oportunidade de mais uma realização profissional.
Aos meus chefes, professores e instrutores de todas as épocas por terem
sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.
Ao Exmo Sr General de Exército Sinclair J. Mayer, por mais uma
demonstração de confiança ao me indicar para o CAEPE 2014.
Ao Orientador e Amigo Coronel Engenheiro Militar Douglas Marcelo
Merquior, pela colaboração e solidariedade demonstradas ao longo de todo o
processo de elaboração deste trabalho.
Aos integrantes do Escritório de Projetos do Exército e do Departamento de
Ciência e Tecnologia, pelas informações sobre os projetos apresentados neste trabalho.
Ao dileto Amigo Coronel de Infantaria Ricardo Rodrigues Freire pelas
valiosas sugestões apresentadas para o aperfeiçoamento do presente trabalho.
Aos Amigos Coronel de Artilharia Valério Luiz Lange e Coronel Engenheiro
Militar Paulo Roberto Costa pela disponibilização de amplo e atual material
bibliográfico que muito enriqueceram esta monografia.
Ao Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra pelos ensinamentos e
pelo trabalho diário que nos permitiram realizar o CAEPE 2014 nas melhores
condições possíveis.
Aos estagiários da Turma “ESG 65 anos pensando o Brasil” pelo convívio
fraterno e pelas demonstrações de respeito e amizade, ao longo de todo o Curso.
Os planos que nos cabem
desenvolver e implementar visam,
acima de tudo, à estrutura do
Exército para 2030, ou seja,
estaremos concebendo o Exército
do qual fará parte a atual juventude
militar brasileira, e que, com certeza
conterá a Força Terrestre de um
Brasil Potência.
Gen Enzo – Cmt Ex
RESUMO

Transformar é um processo que muda padrões de pensamento gerando novas


capacidades e conceitos. O Exército Brasileiro (EB) está promovendo esse
processo, suportado pela vertente tecnológica, com foco nos aspectos que
influenciem o cumprimento da sua missão constitucional. Assim, foi constatada a
necessidade de transformar o atual Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército
cujo foco central será a criação do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em
Guaratiba (PCTEG). O novo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército
(SCTIEx) terá por base uma visão voltada para o futuro, buscando incessantemente
a inovação e o desenvolvimento de tecnologias que possam gerar produtos de
defesa inovadores sintonizados com as necessidades da Força Terrestre. Alguns
resultados da transformação do EB já são percebidos por intermédio dos Projetos
Estratégicos do Exército. Eles, juntamente com o novo SCTIEx proporcionarão
oportunidades para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa, particularmente
nos aspectos referentes à geração de empregos, capacitação de pessoal e absorção
de tecnologias sensíveis desenvolvidas em âmbito nacional ou obtidas por processo
de transferência. Ressalta-se que essas oportunidades, por fim, contribuem com o
desenvolvimento do País e com o fortalecimento do Poder Nacional, o que facilita a
consecução dos Objetivos Fundamentais, dentre eles, a Soberania Nacional. Este
trabalho tem por objetivo apresentar as contribuições do novo SCTIEx para o
processo de Transformação do EB. Procura, ainda, identificar a contribuição que o
SCTIEx e a transformação do EB poderão trazer para a garantia da Soberania
Nacional, no período de 2008 até 2030.

Palavras-chave: Base Industrial de Defesa. Exército Brasileiro. Ciência. Tecnologia.


Inovação. Soberania Nacional. Defesa Nacional.
ABSTRACT

Transformation is a process that changes thought patterns and generates new skills
and concepts. The Brazilian Army (EB) is promoting this process, supported by
technology and focusing on those areas that influence the performance of its
constitutional mission. Transformation has established the need to alter the Army’s
current science and technology system whose central focus has been the creation of
the Center for Science and Technology for the Army in Guaratiba (PCTEG). The new
system, Science, Technology and Innovation of the Army (SCTIEx), will be based on
a future-oriented vision while constantly looking for innovation and the development
of technologies that may generate state-of-the art defense products attuned to the
needs of the ground forces. Some results of the transformation have already been
manifested through the Army’s strategic projects. These projects, along with the new
SCTIEx, will provide opportunities to strength the Industrial Defense Base that will
help create jobs, promote the training of staff and foster the absorption of sensitive
technologies developed at the national level or obtained through technology
transfers. It should be noted that these opportunities would ultimately contribute to
the development of the country and the strengthening of national power; this will
promote the achievement of our National Objectives including the defense of national
sovereignty. This study aims to present the contributions of the new SCTIEx to the
transformation process of the Brazilian Army. The investigation also identifies the
contributions that SCTIEx and the transformation of the Army may bring during the
period from 2008 to 2030 that will help guarantee national sovereignty.

Keywords: Industrial Defense Base. The Brazilian Army. Science. Technology.


Innovation. National Sovereignty. National Defense
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Concepção Preliminar do PCTEG....................................................54


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Informações dos Projetos Estratégicos do Exército ................................. 39


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMDE Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e


Segurança
AEGP Assessoria Especial de Gestão e Projetos
AGI Agência de Gestão da Inovação
AGR Arsenal de Guerra do Rio
APA Área de Proteção Ambiental
BID Base Industrial de Defesa
CAEx Centro de Avaliações do Exército
CCOMGEx Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército
CDS Centro de Desenvolvimento de Sistemas
CDCiber Centro de Defesa Cibernética
CETI Concepção Estratégica de Tecnologia da Informação
CDI Centro de Desenvolvimento Industrial
CF Constituição Federal
CIE Centro de Inteligência do Exército
CIGEx Centro de Imagens e Informações Geográficas
CITEx Centro Integrado de Telemática do Exército
COMTEC-TI Comitê Técnico de Tecnologia da Informação
CONTIEx Conselho Superior de Tecnologia da Informação
CPrM Campo de Provas da Marambaia
CT Centro de Telemática
CTA Centro de Telemática de Área
CTEx Centro Tecnológico do Exército
C&T Ciência e Tecnologia
CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação
DCT Departamento de Ciência e Tecnologia
DEPEx Diretriz Estratégica de Planejamento do Exército
DF Diretoria de Fabricação
DL Divisão de Levantamento
DSG Diretoria de Serviço Geográfico
EB Exército Brasileiro
EBF Estratégia Braço Forte
EME Estado-Maior do Exército
E Mi D Estratégia Militar de Defesa
END Estratégia Nacional de Defesa
EPEx Escritório de Projetos do Exército
ESG Escola Superior de Guerra
EVTE Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
FA Forças Armadas
F Ter Força Terrestre
HE Hipóteses de Emprego
ICT Instituição Científica Tecnológica
IEDBT Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica
IDQBNR Instituto de Defesa Química, Biológica, Nuclear e Radiológica
IMBEL Indústria de Material Bélico do Brasil
IME Instituto Militar de Engenharia
IMT Instituto Militar de Tecnologia
INPI Instituto Nacional da Propriedade Intelectual
IPD Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
ISA Instituto de Sistemas de Armas
ISI Instituto de Sistemas de Informações
LBDN Livro Branco de Defesa Nacional
LIT Lei de Inovação Tecnológica
LOA Lei Orçamentária Anual
MCT&I Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
MD Ministério da Defesa
MEM Material de Emprego Militar
MS Matogrosso do Sul
NEGAPEB Normas de Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de
Projetos do Exército Brasileiro
NFVBR Nova Família de Viatura Blindada de Rodas
NIT Núcleo de Inovação Tecnológica
ODS Órgão de Direção Setorial
OEE Objetivo Estratégico do Exército
OETI Objetivo Estratégico de Tecnologia da Informação
OM Organização Militar
OMDS Organização Militar Diretamente Subordinada
PAEB Plano de Articulação e Equipamento do Exército Brasileiro
PAC Plano de Aceleração do Crescimento
PACTI Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o
Desenvolvimento Nacional
PBCT Plano Básico de Ciência e Tecnologia
PCTEG Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
PEE Projeto Estratégico do Exército
PEEx Plano Estratégico do Exército
PETI Plano Estratégico de Tecnologia da Informação
P Mi D Política Militar de Defesa
PND Política Nacional de Defesa
PRODE Produto de Defesa
PROTEGER Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres
PTI Polo de Tecnologia da Informação
PTSCTEx Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia
SCTEx Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército
REMAX Reparo de Metralhadora Automatizado X
SCT Secretaria de Ciência e Tecnologia
SCTEx Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército
SCT&I Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação
SCTIEx Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército do Exército
SIPLEx Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército
SisCTID Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da
Defesa Nacional
SISFRON Sistema de Monitoramento de Fronteira
SIT Seção de Inovação Tecnológica
STI Secretaria de Tecnologia da Informação
TH Triple Helix
TIC Tecnologia da Informação e Comunicações
VBTP Viatura Blindada de Transporte de Pessoal
VT Vetor de Transformação
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................
18
2.1 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) .............................................................
18
2.2 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END) .......................................................
20
2.3 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL (LBDN) ..................................................
22
2.4 METODOLOGIA DA SISTEMÁTICA DE PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO (SIPLEx) ................................................................
23
2.5 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................
24
2.5.1 Ciência .....................................................................................................................
24
2.5.2. Tecnologia ...............................................................................................................
25
2.5.3. Inovação...................................................................................................................
25
2.5.4. Sistema ....................................................................................................................
25
2.5.5. Soberania Nacional .................................................................................................
27
3 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO .....................
29
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................
29
3.2 ANTECEDENTES .....................................................................................................
30
3.3 PROJETO DE FORÇA – PROFORÇA......................................................................
31
3.4 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO – PEE .............................................
33
3.4.1. SISFRON – Sistema de Monitoramento de Fronteira ...........................................
33
3.4.2. PROTEGER – Sistema Integrado de Proteção de Estruturas
Estratégicas Terrestres ..........................................................................................
34
3.4.3. Projeto Defesa Cibernética.....................................................................................
34
3.4.4. Projeto GUARANI ....................................................................................................
34
3.4.5. Projeto Defesa Antiaérea ........................................................................................
35
3.4.6. Projeto ASTROS 2020 .............................................................................................
36
3.4.7. Projeto de Recuperação da Capacidade Operacional – RECOp .........................
36
3.5 A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E A GARANTIA DA
SOBERANIA NACIONAL ..........................................................................................
37
4 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO EXÉRCITO .................................................................................
41
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................
41
4.2 ANTECEDENTES – UMA TRANSFORMAÇÃO RECENTE .....................................
41
4.3 O ATUAL SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO .......................
43
4.4 O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO
EXÉRCITO ...............................................................................................................
48
4.4.1. Concepção da Transformação do SCTEx .............................................................
48
4.4.2 Projeto de Transformação do DCT/OM ................................................................
50
4.4.3 Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da
Informação – PTI .....................................................................................................
51
4.4.4 Projeto de criação e implantação do Polo de Ciência e Tecnologia do
Exército em Guaratiba – PCTEG ............................................................................
53
4.4.4.1 O Novo Instituto Militar de Engenharia (IME) ............................................................
54
4.4.4.2 Instituto Militar de Tecnologia (IMT) ..........................................................................
55
4.4.4.3 Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e suas OMDS .............................................
56
4.4.4.4 Centro de Avaliações do Exército (CAEx) .................................................................
57
4.4.4.5 Agência de Gestão e Inovação (AGI) ........................................................................
57
4.4.4.6 Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI) .............................................................
57
4.4.4.7 Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica (IEDBT) ......................
58
4.5 O NOVO SCTIEX E A GARANTIA DA SOBERANIA NACIONAL .............................
59
5 CONCLUSÃO. ..........................................................................................................
61
REFERÊNCIAS ........................................................................................................
64
14

1 INTRODUÇÃO

A atualização da Política de Defesa Nacional1 (PDN) e o lançamento da


Estratégia Nacional de Defesa (END) são eventos fundamentais para promover
novas capacidades do Setor de Defesa, compatíveis com a estatura política-estratégica
do Brasil cujos parâmetros, pela primeira vez, foram discutidos e aprovados pela
expressão política do Poder Nacional (BRASIL, 2010).
Deve-se observar que a END não apresenta nem sugere alteração na
missão constitucional das Forças Armadas (FA). Elas continuarão, como expressão
militar do Poder Nacional, a desempenhar seu papel de preservação e garantia dos
objetivos, soberania e interesses nacionais, promovendo meios para que o País
mantenha sua liberdade de escolha nas decisões a serem tomadas.
Na realidade, o que ela apresenta é um conjunto de diretrizes e ações que
orientam a transformação das FA para que, desenvolvendo novas capacidades,
possam melhor atuar na Era do Conhecimento, na qual o patrimônio de maior valor é
o Ser Humano e que tem por características a ocorrência de mudanças e inovações
tecnológicas em ritmo acelerado. No caso do Exército Brasileiro (EB), a desejada
transformação deverá ser o resultado de uma série de inovações que, partindo da
Dimensão Humana, aperfeiçoarão e introduzirão novas competências e novas
capacidades2 em todos os setores (BRASIL, 2013a).
Porém, como destaca Costa (2012, p. 11), não bastam ser estabelecidas
políticas e estratégias sem que possam ser realmente operacionalizadas. Fica clara
a necessidade de estabelecer programas, projetos e ações visando à obtenção de
resultados concretos e efetivos para a preconizada transformação. Sendo assim,
como consequência direta do lançamento da END, as FA atualizaram seus
planejamentos estratégicos e seus planos de articulação e equipamento visando ao
melhor preparo3 para desempenhar sua destinação constitucional.
A END recomenda uma transformação das FA suportada pela vertente
tecnológica, tendo em vista que suas diretrizes para esse processo estão, em
1
Após ser atualizada, em 2013, recebe o nome de Política Nacional de Defesa (PND)
2
As Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre definem capacidade como a “aptidão
requerida a uma força ou organização militar, para cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida
por intermédio de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina,
Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura.” (BRASIL, 2013b, p. 21).
3
Preparo, para o EB, pressupõe que a Força Terrestre, seu braço operacional, tenha desenvolvido
todas as capacidades necessárias para ser empregada, transcendendo os conceitos de treinamento
e adestramento.
15

grande parte, fundamentadas na utilização de produtos ou sistemas de defesa com


alta tecnologia agregada, preferencialmente de emprego dual, e que sejam de
domínio da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira (BRASIL, 2008a).
Transformar transcende o significado de adaptar ou modernizar. Transformar
não consiste em fazer mais do mesmo. Segundo Covarrubias (2007), transformação
é um processo de longo prazo, que consiste em desenvolver capacidades
necessárias para cumprir missões ou desempenhar funções novas em combate, não
se tratando apenas de um conjunto de ações simplesmente técnicas, mas também
de alcance político. Com esse viés, o Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN)
(BRASIL, 2013c, p. 193) indica que a “transformação muda padrões de pensamento,
gera novas capacidades e conceitos” possibilitando, assim responder de forma
inovadora a desafios inesperados. Não haverá transformação sem que haja inovação.
Para nortear os trabalhos iniciais, o EB publicou o documento intitulado
Processo de Transformação do Exército (BRASIL, 2010), composto por três capítulos.
O primeiro, “Transformação Militar: conceituação e histórico”, tem caráter
essencialmente informativo, com o objetivo de difundir conceitos e uniformizar
percepções. O segundo, “Por que transformar o Exército”, apresenta uma proposta de
embasamento político-estratégico, como orientação para a trajetória de evolução. O
terceiro, “Como transformar o Exército”, apresenta os Vetores de Transformação
(VT)4, eixos que orientarão todas as ações relativas ao processo de transformação do
EB, para projetar o seu futuro.
O glossário de termos do livrete Processo de Transformação do Exército
traz, de forma aderente ao indicado por Covarrubias (2007) e pelo Livro Branco de
Defesa Nacional (BRASIL, 2013c), o seguinte conceito de transformação:

[...] processo de desenvolvimento e implementação de novos conceitos e


capacidades operacionais conjuntas, modificando o preparo, o emprego, as
mentes, os equipamentos e as organizações, para atender as demandas
operacionais de um ambiente sob evolução continuada. (BRASIL, 2010, p. 46)

Em 2012, a fim de operacionalizar a requerida transformação e


coerentemente com a dinâmica evolução da conjuntura, o Exército iniciou seu
processo de transformação por meio de um Projeto de Força que passou a compor a

4
Os VT são: Recursos Humanos; Educação e Cultura; Doutrina; Ciência e Tecnologia; Engenharia;
Gestão, Orçamento e Finanças; Logística; e Preparo e Emprego.
16

Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército – SIPLEx5. De acordo com


Nunes (2012), o resultado que se espera desse processo é a adequação da
Instituição à estatura político-estratégica visualizada para o Brasil: constituir-se em
um dos polos do poder mundial, tomando parte ativa nas decisões internacionais.
Conforme apresentado na Diretriz Geral do Comandante do Exército 2011 –
2014 (BRASIL, 2011a), o VT Ciência e Tecnologia (C&T) é fundamental para que a
Força responda de forma eficiente às novas demandas. Sendo assim, o
Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), Órgão de Direção Setorial (ODS)
responsável pelo Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTEx), “essencial
como indutor do processo de Transformação da Força” (BRASIL, 2011a, p. 13),
estabeleceu o Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do
Exército (PTSCTEx). Seu objetivo é transformar o atual SCTEx em um Sistema de
Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx), com visão voltada para o futuro,
buscando a pesquisa e o desenvolvimento de produtos de defesa (PRODE) de alta
tecnologia e inovadores (BRASIL, 2012a).
Decorrente da constatação sobre a importância atribuída, pela END, a
expressão C&T do Poder Nacional e tendo em vista o reduzido conhecimento sobre
a transformação do EB e o PTSCTEx, no âmbito da sociedade em geral, foi
identificada a oportunidade de apresentar a concepção geral do processo de
Transformação do EB e as contribuições proporcionadas pelo novo SCTIEx a esse
processo. Além disso, verificou-se a oportunidade de identificar em que nível o
processo de Transformação do EB e esse novo Sistema poderão contribuir para a
garantia da Soberania Nacional, considerando o período compreendido entre 2008 até
2030. Para tanto, foram estabelecidas as questões que motivam o presente trabalho:
- Quais as contribuições que o novo SCTIEx, que está em estudo no DCT,
poderá trazer para a transformação proposta para o EB até 2030?
- Em que medida a Transformação do EB e o novo SCTIEx poderão
contribuir para a garantia da soberania, um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), considerando que o Brasil, até 2030, estará
entre o universo das nações economicamente mais desenvolvidas?
A fim de responder essas questões, são apresentados os conceitos e as
ideias mais importantes, referenciados na legislação e nos documentos reunidos, que

5
Até o ano de 2013 a SIPLEx era conhecida como Sistema de Planejamento do Exército.
17

norteiam os aspectos fundamentais da proposta de transformação do atual SCTEx,


com vistas à contribuir com o processo de Transformação do Exército. Além disso,
são descritas as estruturas do Sistema atual e do proposto, a fim de clarificar as
transformações que serão realizadas, e as principais dimensões envolvidas com o
conceito de Soberania Nacional. Com o conhecimento adquirido, então, verifica-se em
que medida a transformação em foco poderá contribuir para garantia da Soberania
Nacional do Brasil, tendo como horizonte temporal o ano de 2030.
O trabalho se limita a estudar as transformações que estão sendo realizadas
no âmbito do EB, em particular àquelas referentes ao VT, C&T e ao SCTEx, apesar
de se ter a consciência que existem outros6 importantes VT e Sistemas contribuindo
com o processo de Transformação do EB. Destaca-se que não são detalhados
aspectos que se relacionem aos investimentos, à viabilidade econômica, aos prazos
envolvidos na concretização de ações decorrentes do estudo nem, tampouco, os
planos, programas e projetos envolvidos com a Transformação.
A metodologia empregada na realização do trabalho consistiu em pesquisar,
analisar e identificar uma base documental, de caráter ostensivo, que sustentasse,
qualitativamente, a sua formulação e elaboração. Nessa base documental destacam-
se a PND, a END, o LBDN, a SIPLEx e outros documentos do Ministério da Defesa
(MD) e do EB, referentes ao tema. A partir de sua análise foram formulados os
estudos. Em complemento, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto,
por meio de buscas em sítios da Internet, bibliotecas eletrônicas e outros.
O trabalho está organizado em cinco seções. A primeira, esta Introdução,
apresenta o problema central, os objetivos e a delimitação da pesquisa. Na Seção 2,
é apresentado um referencial teórico e conceitos gerais como soberania, sistema,
ciência, tecnologia e inovação, dentre outros, para melhor fundamentar a
importância do SCTEx e e a ajuda que sua transformação poderá oferecer ao Brasil.
Na Seção 3, é apresentada a concepção do processo de Transformação do
Exército. Na Seção 4, apresenta-se o atual SCTEx e a proposta que está em estudo
no DCT para o novo SCTIEx. Ao final das Seções 3 e 4 são identificadas possíveis
contribuições para a garantia da Soberania Nacional, advindas do processo de
Transformação do EB e do novo SCTIEx. Na Seção 5, consolidam-se os aspectos
principais abordados e apresentam-se as conclusões finais do trabalho.

6
Para um maior detalhamento a respeito dos outros VT, recomenda-se a leitura do livrete “O Processo
de Transformação do EB” (BRASIL, 2010).
18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme foi destacado, nesta seção será realizada uma breve revisão das
principais referências que fundamentam tanto o processo de Transformação do EB
quanto o do SCTEx, além de serem apresentados conceitos que servirão de base
para o entendimento do trabalho. As referências específicas, relacionadas a cada
seção, serão apresentadas ao longo do seu texto.

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) 7

A PND, como documento de mais alto nível do planejamento de ações da


Defesa Nacional, define os objetivos nacionais de defesa a serem perseguidos pelo
Estado brasileiro e estabelece orientações quanto ao preparo e emprego dos
setores militares e civis para o atendimento desses objetivos. Desta forma, tem
como principal enfoque a estruturação da Defesa Nacional de forma compatível com
a estatura político-estratégica do País para preservar a soberania e os interesses
nacionais (BRASIL, 2013d).
Da análise do ambiente internacional que consta na PND, verifica-se que no
período pós-Guerra Fria houve redução no grau de previsibilidade das relações
internacionais, sendo pouco provável um conflito generalizado entre Estados.
Entretanto, a existência de conflitos de baixa intensidade de caráter étnico e religioso,
a exacerbação de nacionalismos e a fragmentação de Estados, ainda perduram.
Existe a possibilidade de serem intensificadas disputas por áreas marítimas,
pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce, de alimentos e de energia,
cada vez mais escassas, podendo impactar diretamente o Brasil. Constata-se que o
domínio de tecnologias sensíveis, particularmente nos setores espacial, cibernético e
nuclear, é de fundamental relevância para o desenvolvimento e a autonomia
nacionais. Constata-se, ainda, que os avanços da tecnologia da informação, a
utilização de satélites, o sensoriamento eletrônico e outros aperfeiçoamentos
tecnológicos se mostram essenciais para o aumento da eficiência nos sistemas
administrativos e militares. Isso possibilita vulnerabilidades que poderão ser
exploradas pelos atuais possuidores de tais tecnologias, exigindo, assim,
7
A PND é uma atualização da antiga Política de Defesa Nacional (PDN), Decreto Nº 5.484, de 30 de
junho de 2005. Brasília, DF, 2005.
19

investimento em pesquisa e desenvolvimento com intuito de obter maior autonomia


tecnológica (BRASIL, 2013d, p. 3).
Focando a América do Sul e seu entorno estratégico, ambiente regional no
qual o Brasil se insere, a análise da PND indica que o Continente Sul-Americano é
considerado uma região relativamente pacífica, onde existe uma confiança mútua e
crescente entre países. Pode-se esperar que a ampliação, a modernização e a
interligação de sua infraestrutura viabilize a ligação entre seus centros produtivos e os
Oceanos Atlântico e Pacífico, facilitando o desenvolvimento e a integração. A
existência de zonas de instabilidade e de ilícitos transnacionais, além de impor o
consenso, a harmonia política e a convergência de ações entre países vizinhos,
buscando melhores condições de desenvolvimento econômico e social, justifica,
também, a prioridade dada à defesa e à segurança do Estado, de modo que sejam
preservados os interesses nacionais e a soberania. Para o Brasil, decorrente de sua
situação geopolítica, é importante que se aprofunde o processo de desenvolvimento
integrado e harmônico da América do Sul (BRASIL, 2013d, p. 4).
Ao analisar especificamente o Brasil, a PND destaca que a ameaça à paz
mundial ainda persiste, fazendo-se necessária a atualização permanente e o
aparelhamento das FA, com ênfase em PRODE fabricados pela indústria nacional
de defesa, visando à redução da dependência tecnológica e à superação das
restrições unilaterais de acesso às tecnologias sensíveis para que seja incrementado
o desenvolvimento e a garantia da soberania nacional. É destacado, também, que o
planejamento da defesa, deve contemplar todas as regiões, incluindo o das
infraestruturas críticas, priorizando-se a Amazônia e o Atlântico Sul, abarcando o
espaço aéreo sobrejacente e, em particular, as áreas vitais onde se encontra a maior
concentração de poder político e econômico (BRASIL, 2013d, p. 6).
Assim, da avaliação dos ambientes descritos anteriormente, emergem 11
(onze) Objetivos Nacionais de Defesa constantes na PND, dos quais são destacados
os relacionados com o tema desse trabalho:

I – garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial [...];


VI – intensificar a projeção do Brasil no concerto das nações e sua maior
inserção em processos decisórios internacionais;
VII – manter Forças Armadas modernas, integradas, adestradas e
balanceadas, e com crescente profissionalização, operando de forma
conjunta e adequadamente desdobradas no território nacional [...];
IX – desenvolver a indústria nacional de defesa, orientada para a obtenção
da autonomia em tecnologias indispensáveis;
20

X – estruturar as Forças Armadas em torno de capacidades, dotando-as de


pessoal e material compatíveis com os planejamentos estratégicos e
operacionais [...] (BRASIL, 2013d, p. 7).

2.2 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END)

A END, alinhada com conceitos e preceitos apresentados na PND, é um


documento elaborado por civis e militares, no qual são apresentadas as intenções
do governo brasileiro, em assegurar que todos os interesses nacionais sejam
protegidos de qualquer interesse externo por intermédio da estratégia da dissuasão
secundada pelas estratégias da presença, da projeção nacional e da resistência, em
especial na região amazônica (BRASIL, 2013e).
Em sua parte introdutória, o leitor é ambientado quanto à postura do Brasil
em relação aos demais países, especialmente quanto aos princípios constitucionais
de não intervenção, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos e democracia.
Apesar disso, é destacada a necessidade do País preparar suas FA para exercerem
seu papel constitucional nas ações de defesa que visam à garantia de Objetivos
Nacionais estabelecidos, dentre eles a Soberania (BRASIL, 2013e, p. 1).
A END ressalta que ações de defesa pressupõem algumas condicionantes ou
situações para o emprego das FA, que são conhecidas como Hipóteses de Emprego
(HE). Elas determinam, na essência, os meios necessários e como devem ser
articulados para que as FA possam cumprir, da forma mais eficiente, cada missão
recebida e que são traduzidos nos Planos de Articulação e de Equipamento,
elaborados por cada Força, contemplando metas a serem cumpridas em curto, até
2014; médio, entre 2015 e 2022; e longo prazos, entre 2023 e 2030.
Podem ser encontradas, dentre outras, as seguintes ideias e/ou diretrizes
(BRASIL, 2013e):
- reorganização e reorientação das FA para um melhor desempenho de sua
destinação constitucional, como primeiro eixo estruturante, propondo-se a vertente
tecnológica como alicerce para que as diretrizes estabelecidas para este processo
de transformação aconteça;
- reorganização da BID, como segundo eixo estruturante, no sentido de
assegurar o atendimento às necessidades das FA, apoiadas em tecnologias sob o
domínio nacional;
21

- fortalecimento de três setores de importância estratégica, atribuindo à Marinha


o setor nuclear, ao Exército o setor cibernético e à Força Aérea o setor espacial;
- foco na questão dos recursos humanos por meio, por exemplo, do
estabelecimento de políticas de formação de especialistas e cientistas;
- estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação, por
meio de um planejamento nacional para o desenvolvimento de PRODE inovadores,
viabilizando uma vanguarda tecnológica e operacional pautada na mobilidade
estratégica, na flexibilidade e na capacidade de dissuadir ou de surpreender;
- estímulo às iniciativas conjuntas entre organizações de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) das FA, instituições acadêmicas nacionais e empresas
privadas brasileiras, no sentido de fomentar o desenvolvimento de um complexo
militar-universitário-empresarial capacitado a atuar na fronteira de tecnologias de
emprego dual; e
- busca da integração dos projetos, dos produtos e dos processos como um
todo e, em particular, a integração e a coordenação dos processos de P&D com os
processos de produção, de logística e de operação.
Nos Objetivos Estratégicos estabelecidos na END para o EB, é apresentada
uma nova forma de atuação, por intermédio da qual a F Ter deve se fazer presente,
ainda que de forma seletiva, em todo território nacional, por meio de seu módulo
básico de combate, a brigada, empregando os conceitos estratégicos de:
flexibilidade8, adaptabilidade9, modularidade10, elasticidade11 e sustentabilidade12,
constantes nas ‘Bases para a transformação da Doutrina Militar Terrestre’ (BRASIL,
2013b, p. 24). A combinação de tais conceitos viabiliza a redução do tempo de
resposta e o aumento de seu poder de combate, além de promover a necessária
consciência situacional, por intermédio do monitoramento e controle, àqueles que
atuarem nas ações decisórias. No setor cibernético, em particular, a END destaca
como prioritárias as tecnologias de informação e comunicação (TIC) que assegurem

8
Flexibilidade – característica de uma força que dispõe de estruturas com mínima rigidez preestabelecida,
o que possibilita sua adequação às especificidades de cada situação de emprego.
9
Adaptabilidade – característica de uma força (ou de seu comandante e integrantes) que permite seu
ajuste para fazer frente às constantes mudanças da situação e do ambiente operacional.
10
Modularidade – característica de uma força que permite aos comandantes adotar estruturas de
combate “sob medida” para cada situação de emprego.
11
Elasticidade – característica de uma força que, dispondo de adequadas estruturas de Comando e
Controle e de Logística, permite-lhe variar o poder de combate pelo acréscimo ou supressão de
estruturas, com oportunidade.
12
Sustentabilidade – característica de uma força que lhe permite durar na ação, pelo prazo que se fizer
necessária, mantendo suas capacidades operativas, resistindo às oscilações do combate.
22

a capacidade das FA atuarem em rede, de forma segura, buscando estabelecer


procedimentos visando à redução das possíveis vulnerabilidades dos sistemas aos
ataques cibernéticos ou, caso necessário, o seu pronto restabelecimento.
Em face dos ambientes externo e interno do Brasil, constantes na PND já
citados, e a consequente indefinição das ameaças, a END destaca as seguintes
capacidades orientadoras a serem consideradas nos planejamentos das FA
(BRASIL, 2013e, p. 33):

- permanente prontidão operacional para atender às hipóteses de emprego;


- manutenção de unidades aptas a compor Forças de Pronto Emprego;
- projeção de poder nas áreas de interesse estratégico;
- estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência consolidadas;
- permanência na ação, por meio de uma logística eficiente e integrada;
- aumento do poder de combate, em curto prazo, pela incorporação de
recursos mobilizáveis, previstos em lei;
- interoperabilidade nas operações conjuntas; e
- defesa antiaérea adequada às áreas estratégicas a defender.

Constata-se que END apresenta uma proposta de cumprimento das missões


das FA por meio de novas capacidades adquiridas por seus recursos humanos e da
adoção de PRODE de interesse da Doutrina, nos quais serão implementadas
tecnologias avançadas prioritariamente de domínio nacional. Faz-se necessário,
portanto, promover uma transformação no setor de Defesa respaldada pela vertente
tecnológica, para que tenha melhores condições para cumprir sua missão de
garantia dos Objetivos Nacionais.

2.3 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL (LBDN)

O LBDN (BRASIL, 2013c), que é um documento expositivo, foi escrito


visando a atingir quatro objetivos principais:
- promover discussão sobre o tema Defesa no âmbito do Poder Legislativo;
- apresentar à sociedade brasileira a estrutura de defesa, contextualizando-a
em relação aos objetivos traçados pelo Poder Público buscando, assim, conscientizar
que o tema deve ser pensado por todos;
- apresentar aos demais países os verdadeiros objetivos de defesa do Brasil
permitindo, assim, o compartilhamento das percepções e interesses brasileiros
nesse tema, favorecendo o entendimento sobre as verdadeiras motivações e
finalidades da expressão militar do Poder Nacional; e
23

- promover o fortalecimento da cooperação com os países da América do


Sul reduzindo, ou até mesmo eliminando, as possibilidades de conflitos.
No LBDN, em seu capítulo terceiro, é dedicada uma sessão que trata,
exclusivamente, sobre o EB. Nela se destacam, dentre outros assuntos, a missão, a
organização, os meios operativos e as capacidades consideradas prioritárias a
serem desenvolvidas pelo EB, no processo de transformação. É assinalado que,
nesse processo, deve ser considerado o atendimento à garantia da defesa do
território, à projeção do poder e às demandas da política exterior em favor da
segurança, da paz internacional e da integração regional (BRASIL, 2013c).
De forma coerente com a PND e a END, o LBDN (BRASIL, 2013c, p. 193)
destaca que “a efetividade de um processo de transformação será proporcional à
capacidade de aquisição e aplicação de tecnologias de ponta nas fases de pesquisa
e desenvolvimento de novos sistemas de armas e plataformas” podendo se estender
por 20 anos ou mais.

2.4 METODOLOGIA DA SISTEMÁTICA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO


EXÉRCITO (SIPLEX)

Introduzida nos idos de 1985, essa forma de planejamento tem como escopo
o gerenciamento da Instituição e se constitui em efetiva ferramenta de planejamento
e de apoio à decisão do Comando do Exército. Tem por marco legal a Constituição
Federal, a Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela Lei
Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004, e pela Lei Complementar nº 136,
de 25 de agosto de 2010, as Políticas Nacionais de Defesa e Militar de Defesa, as
Estratégias Nacionais de Defesa e Militar de Defesa, a Concepção de
Transformação do Exército e a Diretriz Geral do Comandante do Exército. Dessa
forma, a SIPLEx está alinhada com os diplomas legais de instâncias superiores,
além de estar em condições de subsidiar a proposta da Instituição para o Programa
Plurianual do Governo Federal (BRASIL, 2014a).
A atual SIPLEx, aprovada pela Portaria no 250-EME, de 23 de dezembro de
2013, é realizada em sete fases. A fase 1 – “Missão” apresenta a Missão, Visão de
Futuro e Valores do Exército. A fase 2 – “Análise Estratégica” apresenta o Diagnóstico
Estratégico e os Cenários Prospectivos. A fase 3 – “Política Militar Terrestre (PMT)”
apresenta os Objetivos Estratégicos de curto, médio e longo prazos a serem atingidos,
24

aderentes ao diagnóstico e aos cenários levantados, e o Mapa Estratégico do EB. A


fase 4 – “Estratégia Militar Terrestre (EMT)” indica as Estratégias e as Ações
Estratégicas para alcançar os objetivos estabelecidos na PMT. A fase 5 – “Plano
Estratégico do Exército (PEEx)” relaciona, em forma de tabela, cada Objetivo às
Estratégias e Ações Estratégicas, listando as atividades impostas, os Projetos
Estratégicos e seus responsáveis. Anexo a este documento, serão inseridos o Plano
de Obtenção de Capacidades Materiais (PCM), as Prioridades de Recompletamento
de Material e de Pessoal e o Plano de Desenvolvimento de Capacidades. A fase 6 –
“Orçamentação e Contratação” sintetiza as Necessidades Gerais do Exército (NGE)13
e dá origem ao Planejamento Orçamentário do Exército que, posteriormente, será
traduzido na forma de Contratos de Objetivos Estratégicos a serem celebrados entre o
EME e os ODS. A fase 7 – “Medição de Desempenho Organizacional” habilita a
Instituição EB a gerenciar seu desempenho, por intermédio de seu Sistema de
Medição do Desempenho Organizacional (SMDO), realimentando todas as fases
anteriores de forma que sejam periodicamente atualizadas (BRASIL, 2014a).
A nova SIPLEx, portanto, permitiu alinhar os planejamentos estratégico,
administrativo e setorial, mantendo-os atualizados e harmônicos, contribuindo com o
aperfeiçoamento da governança da Instituição.

2.5 CONCEITOS BÁSICOS

2.5.1 Ciência
Ciência é o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo,
obtido por meio de uma investigação científica, envolvendo seus fenômenos naturais,
ambientais e comportamentais, podendo ser pura ou aplicada.
Na pesquisa pura, não existe vinculação a objetivos práticos imediatos, ou
seja, sua finalidade é uma compreensão dos fenômenos envolvidos que poderá ser,
ou não, de interesse futuro. Na aplicada, o cientista está interessado nas
consequências de suas novas descobertas, não sendo desenvolvida de forma
aleatória, pois está vinculada a um objetivo prático específico. Algumas vezes,
porém, o pesquisador não se encontra preparado, técnica ou economicamente, para

13
Os recursos demandados pelas NGE devem ser atualizados no Módulo de Planejamento do Sistema
de Informações Gerenciais e Acompanhamento (SIGA-Plj), que é uma ferramenta coorporativa de
Tecnologia da Informação na qual são lançadas as necessidades de recursos financeiros, mantendo o
planejamento estratégico aderente ao planejamento administrativo financeiro.
25

transformar suas descobertas em benefícios para toda a sociedade na forma de um


bem comercializável, por meio de uma inovação (LONGO, 2004).

2.5.2 Tecnologia
Conforme apresentado por Longo (2004, p. 3), tecnologia “é o conjunto
organizado de todos os conhecimentos científicos, empíricos ou intuitivos empregados
na produção e comercialização de bens e serviços”. Destaca-se a necessidade do
domínio desses conhecimentos empregados para chegar-se às tecnologias. Esse
domínio é que permite elaborar e, se for o caso, aprimorar as instruções necessárias à
produção dos bens e serviços. O conhecimento não está nas instruções. Estas
apenas indicam como fazer (know how) e não porque fazer (Know why) determinada
ação para se chegar ao produto desejado. Essa resposta, na realidade, está
armazenada nos cérebros das pessoas (LONGO, 2004 apud MERQUIOR, 2011).
Longo (2004, p. 4) assinala, ainda, que o conjunto de conhecimentos
específicos formalizado em instruções necessárias para à produção de bens e
serviços pode ser negociado, por tratar-se de um bem privado, sendo relevante a
aceitação de sua propriedade pelo sistema econômico.

2.5.3 Inovação
A inovação, que pode ser incremental ou de ruptura, significa a solução de
um problema tecnológico utilizada pela primeira vez, compreendendo a introdução
de um novo produto ou processo no mercado em escala comercial tendo, em geral,
positivas repercussões socioeconômicas. A inovação incremental melhora o produto
ou o processo, mas não altera sua essência. Por sua vez, a de ruptura, devido ao
salto tecnológico conseguido, implica mudanças nas características dos setores
produtivos nos quais é utilizada (LONGO, 2004).

2.5.4 Sistema
Segundo Blanchard (1998, p. 6), “sistema é um conjunto de componentes
inter-relacionados que atua de forma integrada com o objetivo de desempenhar uma
função específica para atender a uma determinada necessidade operacional”.
Tendo em vista ser o presente trabalho relacionado a um dos sistemas de
CT&I de Defesa do Brasil, é relevante ressaltar a definição de Sistema de Ciência,
Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional (SisCTID), apresentada na
26

Concepção estratégica: Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa


Nacional – “conjunto de instituições, procedimentos e ferramentas que visa a
viabilizar soluções científico-tecnológicas e inovações, para a satisfação das
necessidades do País atinentes à Defesa e ao Desenvolvimento Nacional."
(BRASIL, 2003, p. 54).
Integrando-se os conceitos apresentados aos transmitidos inicialmente por
Sabato14, pode-se inferir que um Sistema de Ciência e Tecnologia e Inovação (SCT&I)
é uma congregação de pessoas, instituições, procedimentos e ferramentas que atuam
na área de CT&I. Esse sistema visa apresentar soluções científico-tecnológicas e
inovadoras para algum problema ou necessidade, que envolva a participação
precípua de três elementos: Estado / Governo (órgãos normativos, de fiscalização e
controle, de fomento, de financiamento, instituições CT&I etc.), a infraestrutura
produtiva nacional (laboratórios de desenvolvimento, indústria, sistema de patentes,
sistemas de qualidade, “ferramentas”, procedimentos etc.) e a infraestrutura científico-
tecnológica (academia – universidades, institutos de pesquisas, escolas técnicas etc.).
Sabato e Botana (1968) imaginaram o estabelecimento de um sistema de
relações, representando-o pela figura geométrica de um triângulo equilátero, no qual
cada elemento ocuparia um de seus vértices. Esta estratégia de participação ficou
conhecida como “Triângulo de Sabato”. Na sua essência, a estratégia aponta a
existência de uma infraestrutura científica e tecnológica articulada com o setor
produtivo nacional, formando sua base, e estas, articuladas com o governo, que
ocuparia o vértice superior desse triângulo.
Recentemente, autores15 do Hemisfério Norte cunharam a expressão “triple
helix” (TH), que apresenta conceito semelhante ao sintetizado no Triângulo de
Sabato. No modelo TH é atribuída à universidade a função de produzir
conhecimento associado aos problemas do setor empresarial (LONGO; SEIDL,
1999).
O argumento para utilizar-se a figura de uma hélice é que este representaria
melhor as múltiplas e complexas interações entre os atores e o dinamismo do
cenário em que interagem. Conforme apresentado por Costa (2012, p. 31), essas
interações sofreram, ao longo do tempo, modificações e podem ser sintetizadas

14
Jorge Sabato popularizou, na América Latina, a visão de que o desenvolvimento científico e tecnológico
de um país dependeria da ação de três atores principais: Estado, universidades e empresas.
15
Modelo formulado por Etzkowitz e Leydesdorff e apresentado em “Emergence of a triple helix of
university,industry, government relations”.
27

pelos três modelos do TH: o modelo Hélice Tripla I – caracterizado pelo controle do
governo ser mais forte e foi questionado pela tendência de inibição das iniciativas
ascendentes; o modelo Hélice Tripla II – no qual as relações obedecem melhor à
lógica de mercado, mas mantêm os limites institucionais dos atores; e o modelo
Hélice Tripla III – no qual a universidade assume o papel principal na geração de
inovação tecnológica, por sua tradicional missão de ensino e de pesquisa básica ser
forçada a alterar-se para agregar o fomento à formação de empresas e ao
desenvolvimento tecnológico e regional.
Longo e Seidl (1999, p. 355) assinalam que o modelo teórico de TH é
baseado na experiência de países que se encontram na vanguarda do
desenvolvimento científico-tecnológico desconsiderando-se, portanto, as variações no
nível de interações dos três elementos, decorrentes do estágio de desenvolvimento de
cada um deles. Sendo assim, em países em desenvolvimento e retardatários na
geração autóctone de tecnologias, há de se esperar uma pró-atividade muito maior
por parte do Estado, orientando as estratégias, bem como a existência de empresas
nacionais que demandem, de um robusto sistema de CT&I, a geração de
conhecimentos, a fim de que a TH possa existir e apresentar resultados satisfatórios.
Costa (2012, p. 33) destaca que, no relacionamento entre Estado / Governo
– estrutura produtiva (indústria) – infraestrutura científico-tecnológica (academia) – a
visão comum, a articulação balanceada, a perfeita definição dos propósitos e da
natureza do relacionamento, a cooperação e confiança mútuas mostram-se
estratégias eficazes para que sejam atingidos os objetivos e resultados
estabelecidos. A visão sistêmica, portanto, parece ser a mais indicada.

2.5.5 Soberania Nacional


Finalmente, chega-se ao conceito de Soberania Nacional. Julga-se essencial
identificá-lo para que seja possível compreender a correlação da transformação do
EB e de seu novo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a sua garantia.
O Manual Básico da Escola Superior de Guerra (ESG) – Volume I, define o
Objetivo Fundamental Soberania da seguinte forma:

Soberania é a manutenção da intangibilidade de uma nação, assegurada a


capacidade de autodeterminação e de convivência com as demais nações
em termos de igualdade de direitos, não aceitando qualquer forma de
intervenção em seus assuntos internos, nem a participação em atos dessa
natureza em relação a outras nações. (ESG 2014, p. 26)
28

Merquior (2011, p. 19) assinala que “tão mais simples será a manutenção da
intangibilidade de uma nação, quanto mais meios houver à sua disposição, ou de
uma forma bem realista e pragmática, que busque ser uma potência”, concluindo
que Soberania e Poder possuem um forte grau de relacionamento. Sendo assim, há
de se buscar o fortalecimento das expressões do Poder Nacional para que seja
mantida ou ampliada a capacidade de se garantir a Soberania do País.
O manual ESG (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2014, p. 34) define
Poder Nacional como a “capacidade que tem o conjunto de Homens e Meios que
constituem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade
com a Vontade Nacional”. Para facilitar o entendimento sobre o tema, o estudo do
Poder Nacional é dividido em cinco expressões: Política, Econômica, Psicossocial,
Militar e Científica e Tecnológica.
Na visão de Sardemberg (2004, p. 215), soberania significa “a capacidade
do Estado de fazer respeitar, por todos os atores, sua jurisdição sobre o conjunto do
território nacional e, no plano internacional, ter seu status reconhecido pelos demais
Estados”. Tal conceito é, portanto, intrinsecamente dependente do Poder Nacional.
Em seu artigo, o precitado autor destaca que, de acordo com o Relatório do Projeto
do Milênio – Força Tarefa sobre CT&I (Millennium Project task Force on Science,
Tecnology and Innovation), das Nações Unidas, a capacidade científica e
tecnológica é uma das variáveis principais que explica a inserção de um país em
círculos privilegiados das negociações internacionais. Apresenta como exemplo os
EUA, cujo esforço financeiro em CT&I equivale à quase metade do esforço mundial
e a mais da metade no caso de CT&I aplicadas ao campo militar.
Finalmente, Cruz (2004, p. 310) afirma que no século XXI a efetiva
soberania das nações será definida pela capacidade que elas têm de trabalhar com
o conhecimento – gerá-lo, usá-lo e modificá-lo. Destaca que para que se tenha
algum domínio sobre o conhecimento, não basta possuir uma base educacional –
vigorosa desde o nível fundamental ao superior – e um sistema de pesquisa
acadêmica eficiente. É necessário, além disso, ter-se um sistema de inovação
tecnológica baseado nas empresas, por meio da pesquisa e do desenvolvimento, e
suportado pelo Estado, por intermédio de apoio e subsídios, semelhantes aos
praticados nos países desenvolvidos. Soberania, portanto, pressupõe
desenvolvimento científico-tecnológico, econômico e social exigindo uma atenção
prioritária à educação e à busca do conhecimento.
29

3 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nos dias atuais, as constantes evoluções e mudanças – decorrentes da


imprevisibilidade e da incerteza em todos os ambientes, onde novas tecnologias
dominam todas as atividades, inclusive as das FA – possuem papel preponderante e
indutor para que haja a transformação dos instrumentos de defesa, em forças
militares mais efetivas e adequadas a essa nova realidade e à estatura geopolítica
que o País adquire gradativamente.
O EB está preparando e promovendo seu processo de transformação, com
base em estudos, análises e avaliações que indicam como deverá se organizar e,
particularmente, como a F Ter deverá ser articulada, preparada e empregada, caso
seja necessário, abordando todos os aspectos que tenham influência sobre o
cumprimento da sua missão constitucional. Nesse processo, estão sendo
considerados os seguintes fatores condicionantes (BRASIL, 2013a, p. 14-16):
- fortalecimento dos Princípios, dos Valores, dos Deveres e da Ética militar;
- racionalização das estruturas e do efetivo;
- centralização seletiva dos apoios;
- maximização da obtenção de recursos financeiros; e
- fortalecimento do Setor Estratégico Cibernético16.
O processo de Transformação do EB, que deverá ocorrer por intermédio dos
VT, está planejado para se desenvolver em três fases:
- uma fase de preparação (até 2015), que tem por objetivo preparar o
Exército para transformação, por meio de uma autoavaliação dos diversos setores,
coordenada pelo EME;
- uma fase de coexistência (de 2015 a 2022), na qual ocorrerá a
transformação propriamente dita por meio da evolução na forma de combater, de
equipar e de organizar a F Ter, envolvendo todos os sistemas e funções, conduzindo
a uma nova Doutrina. É a fase mais crítica do processo; e
- uma fase de consolidação (a partir de 2022), na qual os conceitos, as
competências e as capacidades da Era do Conhecimento serão sedimentados e
largamente utilizados em toda a Instituição.

16
O Setor Estratégico Cibernético é de responsabilidade do Exército, conforme indicado na END.
30

Nesta seção, portanto, são apresentadas, de forma não exaustiva e com


foco principal nos assuntos que são mais afetos ao VT C&T, as principais ideias e
atividades que estão sendo colocadas em prática, de acordo com o que é
preconizado na primeira fase do Processo – Fase de Preparação (até 2015). Nessa
fase “todos os setores deverão realizar uma autoavaliação de forma a conhecer-se
com profundidade e, assim, entender onde estão e para onde deverão orientar seus
esforços.” (BRASIL, 2013a, p. 11). Após isso, são descritas conclusões parciais do
trabalho relacionando as contribuições proporcionadas pelo processo de
transformação para a garantia da Soberania Nacional.

3.2 ANTECEDENTES

Decorrente da aprovação e divulgação da END, em 2008, como primeira


resposta ao desafio de transformação nela apresentado, o EB lançou, em junho de
2009, a Estratégia Braço Forte (EBF), constituída de um Plano de Articulação e um
Plano de Equipamento que foram desdobrados em 04 (quatro) programas17: Amazônia
Protegida, Sentinela da Pátria, Mobilidade Estratégica e Combatente Brasileiro, e 824
(oitocentos e vinte e quatro) projetos, dentre eles, os de materiais e sistemas de
emprego militar, que estavam em fase de P&D no SCTEx (BRASIL, 2009, p. 7).
O processo, além de ter permitido elaborar um banco de dados que indicou
a real situação do EB, motivou intensamente seus integrantes por se sentirem
partícipes da transformação para o Exército do futuro. Porém, tendo em vista que a
elaboração da EBF se deu sob a ótica da inexistência de restrições orçamentárias,
os recursos necessários para sua execução não foram disponibilizados. Além disso,
pode ser verificado que a Estratégia apresentada promoveria uma modernização, ou
seja, seus resultados incidiriam apenas sobre as estruturas físicas e equipamentos da
Força, trazendo-a do passado para os dias atuais. Os resultados, portanto, mostraram-
se limitados para a transformação desejada (NEIVA FILHO; MONTENEGRO, 2013).
Ainda como fruto do trabalho realizado na elaboração da EBF, o EME, por
intermédio de sua 7ª Subchefia, identificou a necessidade de uma estrutura no Exército
que fosse capaz de avaliar, propor, coordenar e integrar ações e esforços de modo a
viabilizar, de forma efetiva, a consecução dos projetos de grande porte associados à
17
Programas de articulação (cerca de R$ 83,2 bilhões): Amazônia Protegida e Sentinela da Pátria.
Programas de equipamento (cerca de R$ 65,8 bilhões): Mobilidade Estratégica, para atender as
necessidades imediatas; e Combatente Brasileiro, para atender as necessidades futuras.
31

complexidade tecnológica e financeira. Foi criada, então, em abril de 2010, a Assessoria


Especial de Gestão e Projetos (AEGP), que viria a ser o núcleo de formação do atual
Escritório de Projetos do Exército (EPEx).
A forma de condução dos projetos pelo EPEx está fundamentada nas Normas
para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no EB (NEGAPEB),
que têm por finalidade “regular os procedimentos a serem adotados para a elaboração,
gerenciamento e acompanhamento de projetos no Exército Brasileiro” (BRASIL, 2013g,
p. 11). Estas normas servem para qualquer tipo de projeto no âmbito do Exército. No
entanto, os “Projetos Estratégicos do Exército (PEE) e os projetos de engenharia civil,
pesquisa e desenvolvimento de produtos de defesa e de softwares seguirão também
normas específicas” (BRASIL, 2013g, p. 12). Como exemplos, podem ser citados o
Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos Materiais de Emprego Militar (IG 20-12)
e as Instruções Reguladoras para o Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e
Desenvolvimento na Área de Materiais de Emprego Militar (IR 13-04). Com base em
normas e boas práticas reconhecidas mundialmente, as NEGAPEB apresentam as
etapas que devem ser contempladas em um projeto, os seus responsáveis, e promove
uma ação sistêmica dos atores nele envolvidos.
Ainda em 2010, foi lançada pelo EME, a Diretriz de Implantação do Processo
de Transformação do EB (BRASIL, 2010), na qual são apresentadas uma sinopse
histórica das transformações do EB, conceitos e os VT, considerados eixos
orientadores de todas as ações relativas ao Processo.

3.3 PROJETO DE FORÇA – PROFORÇA

Por intermédio da Portaria nº 104, de 14 de fevereiro de 2011 (BRASIL,


2011b), o Comandante do Exército (Cmt Ex) criou o Projeto de Força do Exército
Brasileiro (PROFORÇA), com a finalidade de apresentar uma concepção para a
evolução do Exército até 2030, com metas intermediárias em 2015 e 2022.
Determinou, ainda, que o PROFORÇA orientasse o processo de transformação em
curso e que se integrasse à SIPLEx, constituindo-se, assim, uma primeira e
significativa modificação nessa sistemática. Essa ação permitiu a visão holística de
todos os processos, projetos e atividades a serem realizados.
Por meio da Portaria nº 09 – EME, de 16 de fevereiro de 2011 (BRASIL,
2011c), o Chefe do EME aprovou a Diretriz de Elaboração do Projeto de Força do
32

Exército Brasileiro – PROFORÇA, que regulava a elaboração do Projeto e abrangia,


dentre outros, aspectos relacionados com Doutrina, Organização, Instrução, Ciência
& Tecnologia, Equipamentos, Logística, Gestão, Talentos Humanos, Inteligência,
Comunicação Social, Recursos Financeiros e Instalações. Conforme observado na
Diretriz, foram identificadas várias ações que deveriam ser desenvolvidas pelos
diversos ODS e pelos Comandos Militares de Área, as quais foram reunidas de
acordo com suas implicações junto aos VT do EB.
O Projeto foi realizado por meio de consultas a especialistas, civis e militares,
nacionais e estrangeiros, valendo-se de cenários prospectivos e diagnósticos
estratégicos, previamente realizados. Foram entrevistados mais de 80 (oitenta) oficiais-
generais do EB, o que permitiu estabelecer requisitos militares (capacidades) julgados
fundamentais para o delineamento do Exército do futuro. Além disso, foram
incorporados ao PROFORÇA os dados e as informações consolidadas na EBF.
(NEIVA FILHO; MONTENEGRO, 2013).
As novas capacidades18 apresentadas, inicialmente, como prioritárias são:

- dissuasão terrestre compatível com o status do País;


- projeção internacional do Exército em apoio à política exterior do Brasil;
- atuação no espaço cibernético com liberdade de ação;
- prontidão logística da Força Terrestre;
- interoperabilidade com as demais Forças Singulares e complementaridade
com outros órgãos e agências – operações interagências;
- gestão integrada em todos os níveis;
- efetividade da doutrina militar;
- maior ênfase na dimensão humana;
- fluxo orçamentário adequado;
- produtos de defesa vinculados às capacidades operacionais; e
- gestão sistêmica da informação operacional. (BRASIL, 2011d, p. 20)

Ao final de 2011, o Cmt Ex, por meio da Portaria no 766, de 7 de dezembro de


2011, aprovou a versão da SIPLEx que, incorporando o PROFORÇA, passou a ser o
elemento norteador para a transformação do EB (BRASIL, 2011e). Cabe ser
destacado que, antes dessa versão, os documentos da SIPLEx possuíam
classificação sigilosa, em sua totalidade. Tornando-se ostensivos19, em quase sua
total abrangência, essa documentação passou a ser a base de planejamento para

18
Estas capacidades são as mesmas apresentadas no Manual de Fundamentos EB20-MF-10.102
o
Doutrina Militar Terrestre, 1. ed. 2014, p. 3-4, aprovado pela Portaria n 003-EME, de 2 de janeiro
de 2014, e no LBDN.
19
Fase 2 – “Análise Estratégica”, que apresenta um diagnóstico estratégico do EB e os cenários
prospectivos, permaneceu com classificação sigilosa.
33

todas as ações de modernização e transformação da Instituição, particularmente no


que se refere aos temas afetos à F Ter.
Como visto anteriormente, a fase 5 – “Plano Estratégico do Exército (PEEx)” da
SIPLEx em vigor, apresenta os Projetos Estratégicos a serem considerados no
processo de Transformação do Exército. Com este viés, o Cmt Ex definiu sete deles
como os indutores dessa transformação, necessários à consecução dos objetivos
estabelecidos, conforme será apresentado (BRASIL, 2012a).

3.4 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO (PEE)

A Portaria nº 134-EME, de 10 de setembro de 2012, implantou o EPEx, por


transformação da AEGP, que tem como missão supervisionar, coordenar e controlar
a gestão do portfólio de PEE e consolidar a cultura de projetos no EB, por meio da
interação com os Escritórios de Projetos estabelecidos nos diversos ODS.
Atualmente, o EPEx tem sob sua coordenação os PEE a seguir descritos, de
acordo com a edição especial da Revista Verde-Oliva no 217, de agosto de 2013.

3.4.1 SISFRON – Sistema de Monitoramento de Fronteira


Idealizado e planejado pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do
Exército (CCOMGEx)20, o SISFRON é um abrangente e integrado sistema de
sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional, que permite melhores
condições para a atuação do Estado, por intermédio do EB, na faixa de fronteira e
Amazônia, de forma integrada com órgãos civis e militares nos níveis federal, estadual
ou municipal e com órgãos de países vizinhos, no combate aos ilícitos internacionais.
Além da inserção de novas tecnologias, de acordo com o que consta na
Revista Verde-Oliva (2013, p. 18) “o SISFRON proporcionará ambiente favorável
para diversas experimentações doutrinárias, das quais deverão resultar
transformações dos sistemas operacionais e administrativos”, contribuindo com o
processo de Transformação do Exército.
Encontra-se na fase de implantação de seu Projeto-Piloto, na área da 4ª
Brigada de Cavalaria Mecanizada, sediada em Dourados (MS), com o objetivo de

20
O CCOMGEx, uma das organizações do SCTEx, coordena e acompanha, tecnicamente, a
implantação da 1ª fase do Projeto. Existe a expectativa de serem gerados 12 mil novos postos de
trabalho, em diversos níveis de formação.
34

avaliar, reajustar e refinar os requisitos preliminares do Sistema, possibilitando os


ajustes necessários para uma implementação mais efetiva nas demais regiões do País.

3.4.2 PROTEGER – Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas


Terrestres
É um sistema que visa à proteção das estruturas estratégicas terrestres do
País, cujo planejamento está sendo detalhado. Com sua implantação, tem-se a
expectativa de potencializar a capacidade de atuação do EB em ações preventivas ou
de contingência na proteção da sociedade, no apoio à Defesa Civil, na proteção
ambiental e em operações de proteção contra agentes Químicos, Biológicos,
Radiológicos e Nucleares e contra atentados terroristas, além das operações de
Garantia da Lei e da Ordem (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 25).

3.4.3 Projeto Defesa Cibernética


Na realidade, é um programa gerenciado pelo Centro de Defesa Cibernética
(CDCiber), composto por dez projetos estruturantes, conduzidos por organizações
integrantes do SCTEx e pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE). Tem por meta a
inclusão do EB no restrito grupo de organizações, no âmbito nacional e internacional,
que possuem a capacidade de desenvolver e implementar medidas de proteção que
evitem ataques no espaço cibernético, pelo emprego de modernos meios tecnológicos.
Apesar de estar em fase de implantação, já foram obtidos resultados bastante
satisfatórios no cumprimento de missões reais de estruturação da proteção cibernética
durante a realização de Grandes Eventos, particularmente, a Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), em 2012, Copa das
Confederações da FIFA – Brasil e a Jornada Mundial da Juventude, em 2013
(REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 31).

3.4.4 Projeto GUARANI


Trata-se do projeto de uma Nova Família de Viaturas Blindadas de Rodas
(NFVBR), composta por diversos tipos de viaturas, que está sendo desenvolvido e
avaliado pelo SCTEx, em parceria com a IVECO, por intermédio da Diretoria de
Fabricação (DF) e dos Centros Tecnológico e de Avaliações do Exército (CTEx e
CAEx), que visa a dotar a F Ter de meios para incrementar a dissuasão e a defesa
do território nacional.
35

A primeira viatura desta Família é a Viatura Blindada de Transporte de


Pessoal (VBTP) Guarani, que, dotada de complexa e sofisticada tecnologia, tem por
objetivo equipar as Unidades de Infantaria Motorizada, transformando-as em
Mecanizada, e modernizar as Unidades de Cavalaria por meio da substituição das
viaturas URUTU, atualmente em uso, cujo ciclo de vida já está se encerrando.
Está prevista a fabricação, em linha de produção nacional, de 2044 (duas mil
e quarenta e quatro) viaturas com prognóstico de índice de nacionalização de cerca
de 90%, já tendo sido entregues, este ano, 15 (quinze) viaturas Guarani para o EB, de
um total de 128 (cento e vinte e oito) planejado para o ano de 2014, que compõem o
lote dedicado à Experimentação Doutrinária (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 36).
Alinhado com os objetivos da END, o Projeto, além de fortalecer as ações do
Estado na segurança, na defesa do território e na proteção de infraestruturas
estratégicas, colabora com o desenvolvimento da BID nacional, gerando divisas para
o País, e promove a melhoria de indicadores produtivos nacionais, criando novos
empregos, aumentando a pauta de exportação. Ademais, promove a recuperação de
tecnologia autóctone que outrora já fora de domínio de brasileiros, como as
empregadas pela ENGESA nas viaturas blindadas sobre rodas URUTU e
CASCAVEL, que, em consequência, resulta numa melhor capacitação de recursos
humanos nacionais que participam das diferentes etapas do Projeto.

3.4.5 Projeto Defesa Antiaérea


O Projeto Estratégico Defesa Antiaérea tem por finalidade reequipar as
Organizações Militares (OM) de Artilharia Antiaérea do EB, a fim de dotar a F Ter de
meios e capacidades necessárias para a proteção das estruturas estratégicas
terrestres do País e áreas sensíveis, defendendo-as de possíveis ameaças aéreas.
Contempla a aquisição de modernos meios ou sistemas de Defesa Antiaérea,
nacionais e importados, como por exemplo, o radar SABER M60 – desenvolvido pelo
CTEx em parceria com a empresa ORBISAT – bem como a modernização dos
meios existentes e o desenvolvimento de itens específicos pela BID. Assim, o Brasil
passará a fazer parte do seleto grupo dos países detentores de conhecimento de
tecnologias críticas e indispensáveis ao setor de Defesa e dos fabricantes de materiais
de defesa aeroespacial (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 40).
36

O projeto teve seus requisitos técnicos, operacionais e logísticos


estabelecidos por equipe multidisciplinar composta por engenheiros do SCTEx,
oficiais combatentes e logísticos das diversas áreas relacionadas com o tema.

3.4.6 Projeto ASTROS 2020


Uma das estratégias adotadas para a F Ter brasileira atingir a capacidade
de dissuasão, extrarregional, compatível com a estatura do País, é dotá-la de um
sistema de apoio de fogo de longo alcance, de elevada precisão e de alta letalidade.
Neste sentido, foi concebido e elaborado pela empresa brasileira AVIBRAS, com a
colaboração técnica do SCTEx, o Projeto ASTROS 2020, cujo escopo contempla o
desenvolvimento e o fornecimento do míssil tático de cruzeiro, do foguete guiado e
das novas viaturas lançadoras, remuniciadoras, de comando e controle,
meteorológica e de apoio ao solo, passando pelas diversas etapas do ciclo de vida
do material.
Este sistema demandará novos conhecimentos voltados para diversas áreas
como mísseis, foguetes, guiamento eletrônico, propulsão, tecnologia da informação,
blindagem, georreferenciamento e várias outras especialidades, fomentando ampla
cadeia produtiva e oferta de empregos. Essa diversidade de sistemas e tecnologias
avançadas apresenta o grande desafio para a área acadêmica em gerar
conhecimento e mão de obra qualificada, em número suficiente, que deverá ser
absorvida pelo parque industrial nacional, aumentando o poder econômico, social e
científico-tecnológico do País (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 45-46).

3.4.7 Projeto de Recuperação da Capacidade Operacional – RECOp


O objetivo geral do Projeto RECOp é viabilizar que as OM do EB recuperem
sua capacidade de cumprir a missão de defesa da Pátria, por meio da dotação, do
recompletamento ou da atualização (modernização ou revitalização) de materiais de
emprego militar (MEM), imprescindíveis ao seu emprego operacional. Esses
materiais devem ser prioritariamente nacionais e a quantidade adquirida não deve
inviabilizar futuras aquisições daqueles que estejam em fase de pesquisa e/ou de
desenvolvimento e que possam ser produzidos e fornecidos pela BID.
O escopo do Projeto contempla a modernização e revitalização dos meios da
aviação do Exército, de carros de combate e das viaturas M113, Cascavel e Urutu.
Contempla, ainda, a aquisição de: embarcações fluviais, viaturas, material de artilharia
37

de campanha, armamento individual e coletivo, munição, equipamentos de visão e


pontaria e equipamentos coletivos etc (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013, p. 51-55).
Constata-se que os PRODE pesquisados e desenvolvidos pelo SCTEx, em
parceria com a BID, estão sendo priorizados como sistemas integrantes dos PEE.
Dentre eles podem ser destacados os radares SABER M60 e SENTIR M20, o
Módulo de Telemática Operacional (MTO), os Centros de Operações Antiaéreas de
Seção, o Míssil Superfície-Superfície 1.2 (MSS 1.2), o Fuzil IA2 – IMBEL etc.

3.5 A TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E A GARANTIA DA


SOBERANIA NACIONAL

Conforme realçado na edição especial da Revista Verde-Oliva (2013, p. 10), a


forma tangível de apresentar os planejamentos consolidados, principalmente, nos Livros
4 e 5 da SIPLEx, é por intermédio dos PEE geradores de novas capacidades, cujos
produtos serão os verdadeiros indutores da transformação do EB. Esses Projetos são
os que recebem, atualmente, a mais alta prioridade no orçamento e no Plano de
Articulação e Equipamento do Exército Brasileiro (PAEB).
Constata-se, pela descrição feita dos PEE, que cada um deles contribui com a
melhoria da eficiência do EB para o cumprimento de sua missão constitucional de
Defesa da Pátria. Portanto, sua importância no processo de Transformação do Exército
decorre do fato de que contribuem com a superação do atual estágio de obsolescência
dos equipamentos da F Ter, promovem o aumento da capacidade de dissuasão do
País, respaldam a estratégia de cooperação com o entorno estratégico, agregam novas
capacidades operacionais e disponibilizam maior consciência situacional,
indispensáveis para o Exército da Era do Conhecimento (BRASIL, 2013f).
Assim, pela disponibilidade de meios avançados e condizentes com o
cenário militar mundial, decorrentes do desenvolvimento dos PEE, a F Ter terá
aumentado seu Poder de Combate e potencializada sua capacidade de defender o
Brasil de possíveis ameaças. Em consequência, o crescimento da expressão militar
resultará em maior dissuasão, aumentando o Poder Nacional, que guarda relação
direta com a garantia Soberania.
Decorrente dos consideráveis recursos aportados em cada um deles, de seus
longos ciclos de vida de operação e da diversidade dos produtos e serviços por eles
gerados, os PEE, ao serem desenvolvidos, proporcionam diversas oportunidades para
38

o fortalecimento da BID, bem como benefícios para a sociedade brasileira em geral.


Dentre essas oportunidades e benefícios podem ser destacados: a geração e oferta
de empregos industriais em áreas de tecnologia de ponta; a geração de divisas
econômicas diretas para o País; a melhoria de indicadores produtivos nacionais; a
capacitação de pessoal; a elevação dos níveis de qualificação na área de C&T; e a
absorção de tecnologias sensíveis, desenvolvidas em âmbito nacional ou obtidas por
processo de transferência, dentre outras (REVISTA VERDE-OLIVA, 2013).
Ademais, é esperado que a diversidade de tecnologias complexas,
empregadas em cada um dos PEE e a necessidade de novos profissionais nas
diversas áreas da Engenharia envolvidas, promova um forte estímulo para que a
academia (universidades) busque a geração e o domínio de novos conhecimentos e
a formação de uma nova leva de profissionais, com elevada capacitação direcionada
às tecnologias de ponta.
Portanto, os PEE não contribuem apenas com o fortalecimento da expressão
militar do poder. De fato, eles também fortalecem, de forma significativa, as
expressões econômica, psicossocial e científico-tecnológica, como pode ser
constatado na Tabela 1, a seguir, robustecendo ainda mais o Poder Nacional e,
consequentemente, aumentando a capacidade de garantia da Soberania.
Interessante observar que o Brasil demonstra, em diversos instrumentos de
política de Estado, o reconhecimento de que CT&I está diretamente relacionada com
a soberania. Como exemplo relevante, o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e
Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PATCI 2007-2010) argumenta que
ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento,
para o crescimento econômico, para a geração de emprego e renda, e, enfim, para a
democratização de oportunidades. Destaca ainda que o trabalho de técnicos,
cientistas, pesquisadores e acadêmicos, além do engajamento das empresas, são
fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável e consolidação da
soberania nacional (BRASIL, 2007 apud MERQUIOR, 2011).
Por outro lado, a Política de Desenvolvimento Produtivo (BRASIL, 2008b)
elencou o Complexo Industrial de Defesa como um dos Programas Mobilizadores
em Áreas Estratégicas por reconhecer o setor com elevada capacidade de criar
conhecimento, ampliar a produtividade e gerar inovação com grande alcance para a
cadeia produtiva do Brasil, propiciando um ciclo de desenvolvimento virtuoso e
sustentável.
39

PEE INVESTIMENTO INVESTIMENTO DURAÇÃO EMPREGOS UNIDADES C&T OBSERVAÇÕES


TOTAL (R$ 2014 (R$ milhões) DO PEE CIVIS DIRETOS PARTICIPANTES
milhões) LOA GERADOS (EB)

SISFRON 11.992,00 298,00 (1) 2012-2028 7.939 (2) DCT-CTEx-CAEx- (1) Pode ser
CCOMGExCDS- contingenciado
(2012-2014) CITEx-DF-DSG (3) (2) Implantar o
Subsistema de
Sensoriamente e
Apoio a decisão
(3) Existem outras OM,
além das OM do DCT

PROTEGER 11.905,43 48,90 2012-2028 Ñ informado DCT-CCOMGEx- (4) Informações incluídas


CDS-CITEx (4) pelo autor

DEF CIBER 399,68 56,00 2012-2015 Ñ informado DCT-CTEx-CITEx-


CCOMGEx-
CDCIBER

GUARANI 18.800,00 118,00 2012-2031 250 – MG DCT-DF-CTEx-


CAEx

DEF AAE 3.298,50 71,59 2012-2030 Ñ informado Ñ informado Empregos de alta


tecnologia em radares e
centros de operações

ASTROS 2020 1.400,00 311,00 2012-2018 6.600 – SP DCT-CTEx-CAEx-


3.000 – GO CDS-CITEx-DF

RECOp 11,403 Ñ informado 2012-2028 Ñ informado Ñ informado

Tabela 1: Informações dos Projetos Estratégicos do Exército (julho de 2014)


Fonte: Escritório de Projetos do Exército (EPEx)
40

Conforme apresentado na coluna 2 da Tabela 1, cerca de 59,2 bilhões de


reais serão investidos nos sete PEE, em aproximadamente 15 anos, o que representa
cerca de 3,5 vezes o valor total do orçamento de defesa21 do Brasil, em 2012. Isto
denota o elevado grau de relevância que os projetos assumiram, como indutores do
processo de Transformação do EB. Deve ser destacado que os projetos SISFRON,
GUARANI e ASTROS 2020 estão incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento,
o que mostra o grau de importância dado a esses projetos pelo Governo Federal.
Percebe-se, ainda, pelas informações da coluna 6 da Tabela 1, que na grande
maioria dos PEE existe a contribuição de pelo menos três Organizações Militares
Diretamente Subordinadas (OMDS) do DCT, demonstrando a efetiva participação do
VT C&T nos PRODE resultantes da consecução dos referidos projetos. Com isso,
pode-se inferir que, além de contribuir para a transformação do EB, o SCTEx está tendo
a oportunidade de dominar novos conhecimentos técnicos devido ao contato direto com
sistemas e produtos de defesa, processos produtivos, impregnados por alto valor
tecnológico. A absorção desses conhecimentos contribui para que o Brasil possa
diminuir a diferença tecnológica existente em relação a outros países. Assim, com o
fortalecimento da expressão científico-tecnológica do Poder Nacional, a capacidade de
garantir a Soberania Nacional será potencializada.
Por fim, destaca-se a quantidade de empregos diretos gerados, totalizando
um valor de 17.789. Pela análise da coluna 5 da Tabela 1, verifica-se que somente
os projetos SISFRON, GUARANI e ASTROS 2020 promoveram a criação de quase
11.000 empregos, em aproximadamente 3 anos, na região centro-oeste, levando
crescimento econômico e social a uma área mais interior do País, que dificilmente
seria obtido sem a implementação desses PEE. Isso representa, em alguma medida,
o crescimento econômico e social daquela região, robustecendo ainda mais o Poder
Nacional o que, consequentemente, potencializa a garantia da Soberania Nacional.
Pode-se concluir, também de acordo com a Tabela 1, que os PEE indutores
da transformação do EB deverão estar implementados até o ano de 2030, caso
permaneçam na pauta de prioridade do Estado. Sendo assim, poderão contribuir com
a garantia da Soberania Nacional e, como consta na END (BRASIL, 2013e, p. 1) “o
Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não” nos processos de negociação.

21
O valor do orçamento de defesa, no Brasil, em 2012, foi de R$ 17,2 bilhões, considerando-se
custeio e investimentos. Disponível em <http://www.defesabr.com/MD/md_recursos.htm>. Acesso
em 2 jun. 2014.
41

4. PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


DO EXÉRCITO

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Consoante ao processo de Transformação do Exército, o chefe do DCT, por
intermédio da Portaria no 032 – DCT, de 11 de setembro de 2012, aprovou a Diretriz
de Iniciação do Programa de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do
Exército – PTSCTEx. De acordo com a Diretriz, o PTSCTEx tem por finalidade servir
de orientação para o processo de transformação do referido Sistema que deverá, no
futuro, ser focado na inovação e ter a capacidade de antecipar e atender as
demandas da F Ter (BRASIL, 2012a).
Nesta seção, portanto, são apresentadas mudanças recentes que deram
origem ao atual SCTEx e a concepção do processo de transformação do atual
Sistema para o desejado Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército
(SCTIEx), que deverá contribuir para a transformação do EB, pelo viés da inovação.

4.2 ANTECEDENTES – UMA TRANSFORMAÇÃO RECENTE

O SCTEx existe, de fato, desde 1979. Entretanto, legalmente, a sua


organização geral data de 1994, quando da publicação da Portaria Ministerial nº 270,
de 13 de junho de 1994, que aprova as Instruções Gerais para o Funcionamento do
SCTEx (IG 20-11). O Sistema tem passado, ao longo do tempo, por uma série de
modificações marcadas, particularmente, pelas alterações em sua organização geral
e forma de funcionamento22.
A primeira significativa mudança, com foco no funcionamento do Sistema, foi
a elaboração do Plano Básico de Ciência e Tecnologia (PBCT). Alinhado com o que
preconizava a SIPLEx, o PBCT passou a consubstanciar as estratégias e as ações
planejadas que visavam ao cumprimento da missão e à consecução da visão de
futuro do SCTEx, prevendo o emprego simultâneo dos recursos humanos,
financeiros, gerenciais e patrimoniais do Exército em prol da eficácia, eficiência e
modernização desse Sistema (PRADO FILHO, 2008, p. 50).

22
As Instruções Gerais para o Funcionamento do SCTEx, IG 20-11, aprovada pela Portaria Ministerial
o
n 270, de 13 de junho de 1994, foi o primeiro documento que apresentou a organização geral do
SCTEx, por meio de missão, objetivos e organização. Está em vigor, porém desatualizada.
42

De acordo com Cardoso (2004, p. 206), a estratégia de C&T do Exército, a


partir de 2004, passou a ser a implementação de um modelo de gestão matricial
para os macroprocessos23 referentes à C&T, que eram gerenciados pela então
Secretaria de Ciência e Tecnologia (SCT). Um dos principais objetivos daquela
estratégia foi privilegiar o estabelecimento de canais técnicos mais ágeis e eficazes
entre a SCT, órgão gestor do SCTEx à época, cuja atribuição principal era a gestão de
P&D de MEM e o ensino na área de C&T, e a antiga Secretaria de Tecnologia da
Informação24 (STI), gestora de todos os processos referentes à TI à época e usuária
dos conhecimentos e tecnologias desenvolvidas pela SCT e todo o EB.
A segunda fundamental mudança, relacionada à organização geral do
Sistema, foi a criação do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), por
intermédio do Decreto nº 5426, de 19 de abril de 2005, decorrente da fusão da SCT
com a STI. Prado Filho (2008) assinala que a criação e a instalação do DCT no
Quartel General do Exército, Brasília – DF, permitiram maior visibilidade ao SCTEx
diante da Alta Administração do Exército, promovendo uma melhor definição das
atribuições afetas às suas OMDS. Além disso, pelo que foi visto anteriormente, vem
sendo crescente a priorização estratégica dada à área de CT&I do EB que engloba,
em um único Sistema (SCTEx), as vertentes de P&D e fabricação de PRODE, de
ensino em C&T, da cibernética, no sentido mais amplo da expressão, e de Tecnologia
da Informação e Comunicações (TIC).
O modelo adotado pelo DCT para a gestão dos macroprocessos do SCTEx,
efetivados por suas OMDS, foi a estrutura organizacional composta. Essa estrutura é
resultado da adoção do modelo Matricial25 Forte para alguns macroprocessos
específicos de CT&I, particularmente os dedicados à pesquisa científica e ao
desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa, e do modelo funcional26 ou
hierárquico, tradicionalmente utilizado no EB, para os demais macroprocessos de CT&I
(BRASIL, 2007, p. 14).

23
Macroprocessos: Pesquisa Científica; Desenvolvimento Experimental; Assessoramento Científico-
Tecnológico; Aplicação do Conhecimento e das Tecnologias Dominadas; e Gestão de Recursos
Humanos (Brasil, 2007, p. 11).
24
À época o Centro Integrado de Telemática do Exército (CITEx) e o Centro de desenvolvimento de
Sistemas (CDS) eram subordinados à SCT.
25
Permite que no âmbito do DCT, projetos e atividades de C&T possam ser gerenciados pelo
Departamento e executados por integrantes de várias OMDS/DCT.
26
Permite que no âmbito do DCT, projetos e atividades de C&T possam ser gerenciados pelas
OMDS/DCT e executadas por seus próprios integrantes.
43

O modelo matricial aplica-se perfeitamente à execução das fases do ciclo de


vida dos MEM. Essas fases são consubstanciadas, desde 1994, nas Instruções
Gerais para o Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos MEM - (IG 20-12) que
estabelecem uma sistemática para as atividades e os eventos que ocorrem durante
o ciclo de vida dos MEM, atribuindo as responsabilidades aos órgãos neles
envolvidos. Essas Instruções Gerais, juntamente com as Instruções Reguladoras
para o Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento na Área de MEM
(IR 13-04), promovem a “regra de negócio” do SCTEx para as atividades relacionadas
aos projetos de PRODE realizados pelo EB (PRADO FILHO, 2008).
Constata-se que a estratégia de C&T do EB – consolidada no PBCT27, a
partir de 2004, e na criação do DCT, em 2005, marcos históricos da recente
transformação do SCTEx – tem permitido que o Sistema apresente resultados muito
mais eficientes do que aqueles obtidos antes desses eventos. Como exemplo de
PRODE obtidos frutos da citada transformação podem ser indicados a VBTP
Guarani, o Radar SABER M-60, a família de morteiros, o míssil superfície-superfície
MSS 1.2, o Sistema de Protocolo Eletrônico de Documentos – SPED, entre outros.
Conforme realçado na Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, podem ser
destacadas, ainda, outras mudanças organizacionais que ocorreram no SCTEx, tais
como: a subordinação da Diretoria de Fabricação (DF) ao DCT, a partir de 2005; a
extinção do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), cujos encargos e
pesquisas foram absorvidos pelo Centro Tecnológico do Exército, a partir de 2005; a
unificação do Centro de Avaliações do Exército (CAEx) com o antigo Campo de
Provas da Marambaia (CPrM), gerando um novo CAEx, a partir de 2005; e, mais
recentemente, a ativação do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do
Exército (CCOMGEx), em fevereiro de 2009, e a criação do Centro de Defesa
Cibernética (CDCIBER), em agosto de 2010 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).

4.3 O ATUAL SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO EXÉRCITO

De acordo com as Instruções Gerais para o Funcionamento do Sistema de


Ciência e Tecnologia do Exército (IG 20-11), aprovadas pela Portaria Ministerial nº
270, de 13 de Junho de 1994 (BRASIL, 1994a, p. 9), a finalidade do SCTEx é “planejar,

27
As ações previstas no antigo PBCT hoje estão inseridas nos anexos dos SIPLEx 3 e 4 e a necessidade
de recursos é inserida no planejamento do EB, por meio de sistema corporativo com esta finalidade.
44

orientar, coordenar, controlar e executar, no âmbito do Ministério do Exército, as


atividades científicas e tecnológicas, relacionadas com o MEM e suas influências
nas áreas da Doutrina Militar Terrestre, da Logística e do Pessoal.” O referido
documento, apesar de estar em vigor, encontra-se desatualizado em diversos
aspectos, destacando-se, dentre outros, a não-abordagem das atividades de
Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), cibernética, serviços geográficos e
do tema inovação, os quais foram incorporados na missão do SCTEx somente após
o ano de 2005.
A Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, oferece outra redação
indicando que a finalidade do SCTEx é viabilizar soluções e produzir resultados
científicos e tecnológicos inovadores, necessários à operacionalidade do EB. Essas
soluções têm gerado PRODE dotados de alta tecnologia, centrados no atendimento
das necessidades operacionais da Força, influenciando as áreas de doutrina militar
terrestre, de pessoal e de logística. Verifica-se, portanto, pela análise das duas
abordagens, que o SCTEx é um sistema aberto que interage com os demais
sistemas da Força (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
O Portal28 do Departamento indica que o DCT, Órgão de Direção Setorial do
EB, e também o órgão central do SCTEx, tem a seguinte finalidade:

a. planejar, organizar, dirigir e controlar, no nível setorial, as atividades


científicas, tecnológicas e de inovação no âmbito do Exército;
b. orientar, normatizar e supervisionar a pesquisa, o desenvolvimento e a
implementação das bases física e lógica do Sistema de Comando e
Controle (SCC), de Guerra Eletrônica e de Defesa Cibernética do Exército;
c. desenvolver, aperfeiçoar e avaliar os sistemas e programas corporativos
de interesse do Exército;
d. promover o fomento à indústria nacional, visando ao desenvolvimento e à
produção de sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa;
e. prever e prover, nos campos das funções logísticas de suprimento e
manutenção do material de comunicações e guerra eletrônica, os recursos e
serviços necessários ao Exército e às exigências de mobilização dessas
funções;
f. realizar a Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) do
Exército Brasileiro; e
g. promover as atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter
científico ou tecnológico, gerindo sua política de inovação através de seu
Núcleo de Inovação Tecnológica, de acordo com a legislação em vigor.

Ainda de acordo com a mesma página eletrônica, as atividades científicas,


tecnológicas e de inovação compreendem:

28
Disponível em: <http://www.dct.eb.mil.br>. Acesso em: 20 jun. 2014.
45

a. pesquisa, desenvolvimento, avaliação e prospecção tecnológica


relacionadas a sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa de
interesse do Exército e sua influência nas áreas de pessoal, logística e
doutrina;
b. ensino e pesquisa dos órgãos da linha de Ensino Militar Científico
Tecnológica;
c. normatização técnica, metrologia e certificação da qualidade;
d. fabricação, revitalização, adaptação, transformação, modernização e
nacionalização de sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa de
interesse do Exército;
e. avaliação técnico experimental de materiais sujeitos à fiscalização do
Comando do Exército; e
f. inovação, proteção do conhecimento e propriedade intelectual,
transferência de tecnologia e pagamento dos ganhos econômicos dos
sistemas, produtos, tecnologias e serviços de defesa originados no Sistema
de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx) e sua exploração
comercial.

Fazem parte do Departamento as seguintes OMDS: Instituto Militar de


Engenharia (IME); Centro Tecnológico do Exército (CTEx); Centro de Avaliações do
Exército (CAEx); Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS); Centro Integrado
de Telemática do Exército (CITEx); Centro de Defesa Cibernética (CDCiber); Centro
de Comunicações e Guerra Eletrônica (CCOMGEx); Diretoria de Fabricação (DF);
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG); e a Indústria de Material Bélico do Brasil
(IMBEL)29 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
Tanto o Departamento quanto suas OMDS são reconhecidos como
Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT). Assim, podem dispor de incentivos à
inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, conforme
descrito na Lei 10.973/2004, Lei de Inovação Tecnológica – LIT (BRASIL, 2004), tais
como: compartilhar laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais, entre outras
coisas, com microempresas e outras ICT, mediante remuneração e por tempo
determinado; celebrar contrato de transferência de tecnologia, dentre outros. De
acordo com este Instrumento legal, o DCT desempenha o papel de Núcleo de
Inovação Tecnológica (NIT).
O IME, reconhecido Centro de Excelência, é o estabelecimento de ensino
superior do EB responsável pela formação, graduação e pós-graduação dos
Engenheiros Militares, da ativa e da reserva, em diversas especialidades de
Engenharia, cooperando, assim com o desenvolvimento científico-tecnológico do
País. Os oficiais da ativa que constituem o Quadro de Engenheiros Militares (QEM)

29
Empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando do Exército, sendo
o DCT o Órgão de Ligação.
46

atuam, de maneira geral, na pesquisa e desenvolvimento de PRODE nas OM do


SCTEx e em atividades de aplicação de tecnologias e execução de serviços de
Engenharia, em OM de Engenharia de Construção e Parques de Manutenção, ou
em OM do SCTEx que tenham suas atividades relacionadas com as áreas de TIC,
cibernética e fabril (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 30-31).
De acordo com as IG 20-11(BRASIL, 1994b), o CTEx, o CAEx e a DF são
órgãos do SCTEx que estão diretamente relacionados com as diversas etapas do
ciclo de vida dos PRODE. O CTEx tem por missão, além de prestar o
assessoramento científico-tecnológico ao EB, realizar todas as atividades
relacionadas à pesquisa científica e ao desenvolvimento experimental dos PRODE
que sejam de interesse da F Ter. O CAEx, por sua vez, tem a missão de planejar,
orientar, coordenar, controlar e executar as avaliações técnico-operacionais dos MEM,
em condições semelhantes à realidade do combate, verificando seu desempenho
operacional e as influências nas áreas afetas à doutrina, ao pessoal e à logística. A
DF tem por finalidade planejar, coordenar e controlar as atividades relativas à
fabricação, revitalização, adaptação, transformação, modernização e nacionalização
do MEM, atividades executadas por intermédio de suas OMDS, isto é, os Arsenais
de Guerra (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
A partir de meados de 2012, a DF recebeu a nova missão de realizar os
contratos de grande porte, pela complexidade ou pela elevada soma de recursos
financeiros envolvidos, colocados sob a tutela do DCT, desonerando os outros
órgãos do Sistema. Esse modelo faz parte do processo de transformação do SCTEx
e que já mostra seus resultados positivos por intermédio da concretização obtida com
os PEE GUARANI e ASTROS 2020 (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 28). Além
desses, podem ser destacados os produtos de tecnologia complexa resultantes dos
projetos do CTEx como o Reparo de Metralhadora Automatizado (REMAX), o veículo
leve de emprego geral CHIVUNK e a Arma Leve Anticarro (ALAC), cujos contratos de
fabricação junto às empresas da BID foram celebrados pela DF.
O CDS, o CITEx e o CDCiber são OM do SCTEx que trabalham, de forma
harmônica e complementar, em atividades relacionadas à área cibernética do EB. O
CDS é o responsável pela concepção, desenvolvimento, integração e
aperfeiçoamento dos sistemas corporativos que atendem às necessidades
47

administrativas e operacionais do Exército. O CITEx30, juntamente com suas 12


(doze) OMDS, tem por missão realizar a logística do material de TI estratégico da
Força e estabelecer, administrar e manter a infraestrutura física e lógica necessárias
ao funcionamento do Sistema de Comando e Controle do EB, em seu nível
estratégico, sendo o responsável pela exploração e pela segurança do espaço
cibernético31 do Exército. Já o CDCiber, cuja implantação total está prevista para
2016, tem como missão coordenar as ações de defesa cibernética, por meio dos
projetos estruturantes conduzidos pelas diversas OM do SCTEx e pelo Centro de
Inteligência do Exército (CIE), além de integrar os esforços das diversas organizações
atuantes no setor cibernético e de ser o responsável por estruturar esse setor no
âmbito do MD (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
O CCOMGEx é um Grande Comando que atua em três vertentes: Doutrina
Operacional, Ensino e Logística. Assim, proporciona aumento do poder de combate à F
Ter; a difusão do conhecimento sobre a doutrina de emprego e a manutenção dos
meios de Comunicações e de Guerra Eletrônica; e a logística que mantém atualizados
os meios operacionais de TIC utilizados pela Força (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
A DSG é o órgão de apoio técnico-normativo do DCT incumbido de
superintender, no âmbito do Exército, as atividades executadas por suas OMDS – as
Divisões de Levantamento (DL) e o Centro de Imagens e Informações Geográficas
(CIGEx), relativas às imagens e informações geográficas como, por exemplo, a
produção de cartas digitalizadas e mapeamento de áreas estratégicas como a
Amazônia. Por intermédio do CIGEx, atua na área de ensino, ministrando cursos e
estágios, tais como o Estágio de Sensoriamento Remoto destinado aos militares que
trabalham na área de inteligência de imagens das três Forças Singulares e do
próprio MD (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014).
A IMBEL, criada em julho de 1975, é dotada de personalidade jurídica de direito
privado, sendo regida por Estatuto Social, desde 2005. Com suas cinco unidades de
produção32, possui um portfólio de PRODE capaz de prover as necessidades de
instituições federais, estaduais e municipais ligadas à Defesa e/ou à Segurança Interna,

30
O CITEx e suas doze OMDS – sete Centros de Telemática de Área e cinco Centros de Telemática
articulados em todo o território nacional – compõem o Sistema de Telemática do Exército (SisTEx).
31
Espaço cibernético é o ambiente que oferece o suporte para interação entre pessoas, organizações
e instituições.
32
Fábrica Presidente Vargas (FPV) – Piquete, SP; Fábrica de Itajubá (FI) – Itajubá, MG; Fábrica de
Juiz de Fora (FJF) – Juiz de Fora, MG; Fábrica de Estrela (FE) – Magé, RJ; e Fábrica de Material de
Comunicações e Eletrônica (FMCE) – Rio de Janeiro, RJ.
48

bem como o seletivo mercado internacional. Em 2014, foi certificada pelo MD, como
Empresa Estratégica de Defesa (EED), recebendo o título de “Primeira Empresa de
Defesa do Brasil”. Dentre seus diversos PRODE destaca-se o Fuzil de Assalto 5,56mm
IA2, que deverá ser adotado pelas três FA (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 51).

4.4 O NOVO SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO EXÉRCITO

4.4.1 Concepção da Transformação do SCTEx


A Visão de Futuro do EB, destacada no Mapa Estratégico do EB que integra
a PMT, é

Até 2022, o Processo de Transformação do Exército chegará a uma nova


doutrina - com o emprego de produtos de defesa tecnologicamente
avançados, profissionais altamente capacitados e motivados - para que o
Exército enfrente, com os meios adequados, os desafios do século XXI,
respaldando as decisões soberanas do Brasil no cenário internacional.
(BRASIL, 2013h, p. 3).

Para atingir a Visão de Futuro proposta, foram estabelecidos, na Fase 3 da


SIPLEx - “Política Militar Terrestre”, quinze Objetivos Estratégicos do Exército (OEE),
dos quais é a responsabilidade pelo OEE 9 – “Implantar um novo e efetivo Sistema
de Ciência, Tecnologia e Inovação” (SCTIEx) foi atribuída ao DCT, Órgão de Direção
Setorial (ODS) responsável pelo VT C&T (BRASIL, 2013h, p. 12).
A necessidade de implantar um novo e efetivo SCTIEx parte de duas
premissas. A primeira é a de que “a concepção do Sistema atual não favorece a
geração de inovações, na qualidade e quantidade demandadas pelo Processo de
Transformação do Exército.” (BRASIL, 2012a, p. 31). A segunda indica que o modelo
praticado “direciona o esforço do Sistema, de forma prevalente, para o atendimento
das necessidades correntes do Exército, com pouca aderência ao ciclo de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (PD&I)” (BRASIL, 2012a, p. 32). Isso tem provocado
um descompasso entre as expectativas do EB e as entregas do Sistema.
Apesar de estar contribuindo muito para a transformação do EB, o DCT e
suas OMDS vêm realizando estudos com o objetivo de aprimorar o conhecimento
dos processos e das infraestruturas afetas ao SCTEx. Algumas características para
o novo SCTIEx foram identificas no sentido de que, com a visão voltada para o
futuro, buscando o desenvolvimento de tecnologia e PRODE inovadores, possa
49

melhor responder às demandas do EB e garantir vantagem estratégica, operacional


ou tática à F Ter contribuindo, assim, para ampliação de seu Poder de Combate33.
Conforme assinalado em Brasil (2012a, p. 32), o novo SCTIEx deverá ter
“características de uma organização efetivamente inovadora, integrada com os
ambientes interno e externo ao Exército, voltada para a futuro, com ênfase em
resultados, e plenamente alinhada com as necessidades da Força Terrestre”. Para
tanto, foram estabelecidas as seguintes diretrizes gerais para sua implantação:
- trabalhar voltado para o futuro sem descuidar-se dos processos de
especificação, desenvolvimento, obtenção, integração, operação e manutenção de
PRODE para atender as necessidades presentes;
- ter capacidade de gerar inovações tecnológicas que acrescentem
vantagens táticas ou estratégicas aos sistemas operacionais da F Ter do futuro;
- ter capacidade de acelerar o ciclo de PD&I e possuir instrumentos de
mensuração efetiva de seus resultados;
- proporcionar a ampliação do poder relativo de combate da F Ter, por
intermédio da obtenção da surpresa tecnológica ou doutrinária;
- ter a PD&I conduzida, em todo seu ciclo, por uma equipe multidisciplinar
composta por elementos da área tecnológica, operacional e logística, integrando-se
plenamente à Doutrina34 da Força;
- possuir processos capazes de visualizar cenários tecnológicos e doutrinários
futuros que orientem os trabalhos de PD&I, antecipando-se às demandas da F Ter; e
- estabelecer capacidades para relacionar-se melhor com a indústria, com a
academia, com as demais Forças, com centros de Pesquisa, com agências de
fomento etc (BRASIL, 2012a).
O PTSCTEx, por sua magnitude, está organizado, preliminarmente, da
seguinte forma (informação verbal)35:
- Projeto de Transformação do DCT/OM;
- Projeto de criação e implantação do PCTEG, no Rio de Janeiro;
- Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da Informação (PTI),
em Brasília; e
33
O Poder de Combate traduz-se em oito elementos indissociáveis: Liderança, Inteligência,
Informações, Comando e Controle, Movimento e Manobra, Proteção, Fogos e Logística.
34
A governança da Doutrina do EB e a gestão do conhecimento doutrinário são de responsabilidade
do EME por intermédio do Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex), criado em Nov 2012.
35
Informação fornecida pelo Gen Ex Sinclair J. Mayer, Ch DCT, na Reunião com Chefes das OMDS e
integrantes do Departamento, Rio de Janeiro, set. 2013.
50

- outros projetos, compreendendo a Transformação da IMBEL em Nova


IMBEL, que se encontra em fase de iniciação, e o desenvolvimento e transformação
das comunicações com o CCOMGEx.
Além desses, existe a possibilidade de que o Projeto Modelo de Governança
seja incluído. Por intermédio dele, deverão ser debatidos e decididos os modelos
adequados de governança a serem implementados nos Polos (PTI e PCTEG), bem
como a governança do SCTIEx, devendo, ainda, ser incluído os estudos sobre a
criação de uma Subchefia de PD&I.

4.4.2 Projeto de Transformação do DCT/OM


Com foco no novo paradigma de trabalhar voltado para o futuro, os
integrantes dos diversos órgãos internos do DCT têm analisado seus processos,
identificando mudanças que podem contribuir para sua transformação em um
Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (DCTI). Algumas delas já foram
implementadas, tais como a criação do cargo de Vice-chefe (VCh) de TIC, do NIT e da
Seção de Inteligência Tecnológica, e outras estão em fase de avaliação no DCT/OM.
Cabe à VCh TIC auxiliar o Chefe do DCT no controle, coordenação,
supervisão e avaliação dos trabalhos desenvolvidos nas áreas de TIC e de Serviços
Geográficos do EB. Em particular, cabe ao VCh TIC presidir o Comitê Técnico de
Tecnologia da Informação (COMTEC-TI)36, órgão técnico que assessora ao Conselho
Superior de Tecnologia da Informação do Exército (CONTIEx)37 na formulação da
Política e condução da Governança de TI38 do EB (BRASIL,2014b, p. 43).
Como exemplo de resultados já obtidos da criação do cargo de VCh TIC,
assinala-se a elaboração, pelo COMTEC-TI, da Concepção Estratégica de
Tecnologia da Informação (CETI) e do Plano Estratégico de Tecnologia da
Informação (PETI), documentos fundamentais para a Governança de TI no EB. Após
apreciação realizada pelo CONTIEx, a CETI foi aprovada pela Portaria nº 233, de 20
de março de 2014 (BRASIL, 2014c), e o PETI foi aprovado pela nº 553, de 9 de
março de 2014 (BRASIL, 2014d), ambas do Cmt EB.
36
O COMTEC-TI é composto por representantes dos seguintes órgãos: EME, DCT, CDCiber, CITEx,
CDS, CCOMGEx, DSG, área TI dos ODS e, quando necessário, dos CTA, CT e Batalhões de
Comunicações.
37
CONTIEx – órgão de caráter deliberativo, composto por membros do Alto Comando do EB, que se
destina a assessorar o Comandante do Exército nos assuntos referentes à TI.
38
“Governança de TI significa avaliar e direcionar o emprego atual e futuro da TI, para assegurar que
a sua utilização atenda aos objetivos organizacionais, bem como monitorar o seu desempenho na
busca dos resultados pretendidos.” (BRASIL, 2013i, p. 17).
51

A criação do NIT, como seção da Assessoria 3 do Departamento (A3/DCT),


vem despertando, no SCTIEx, a necessária atenção às atividades de inovação
tecnológica, proteção do conhecimento e propriedade intelectual dos sistemas,
produtos, tecnologias e serviços de defesa gerados. Como exemplo, podem ser
assinalados os pedidos de registro de marcas ao Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI) para projetos concluídos ou em fase de conclusão da P&D, no
âmbito do CTEx, tais como a ALAC e o SABER M60.
A A3/DCT, por intermédio de sua Seção de Inteligência Tecnológica, lançou
o Projeto Minerva, que tem por finalidade realizar o levantamento e a catalogação,
em âmbito mundial, de pesquisadores, universidades e pesquisas de interesse do
EB, em particular do SCTIEx, para atender às necessidades da F Ter.
Está em estudo a realocação das atividades de caráter executivo das
assessorias do DCT. Essas atividades migrariam para a Agência de Gestão da
Inovação (AGI) e para o Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI), a serem
criados no escopo do PCTEG. As assessorias ficariam, então, com o assessoramento
de alto nível ao Ch DCT e com a formulação de políticas do SCTIEx.

4.4.3 Projeto de criação e implantação do Polo de Tecnologia da Informação – PTI


Decorrente das características do mundo da Era do Conhecimento, onde a
rapidez e precisão do processo de comunicação é o diferencial entre o sucesso e o
insucesso no cumprimento das missões, as organizações buscam nas incontáveis
ferramentas de TI, por vezes de forma individualizada, as soluções para o êxito de seu
negócio. Essa tendência não é diferente no âmbito do EB, tendo em vista que,
conforme é destacado na CETI (BRASIL, 2014c, p. 14), “a TI, diferentemente de outros
recursos, pela amplitude e diversidade de sua aplicação, pervade toda a organização
do EB, desde a seleção de pessoal até o comando e controle das ações de combate",
passando pelas áreas de educação, logística, C&T, saúde etc.
A busca individual pelas soluções de TI tem ocasionado, por vezes, problemas
de interoperabilidade e de manutenção que provocam dificuldades ou inviabilizam a
exploração eficaz e eficiente desses meios. Para mitigar essa situação desfavorável, a
Governança de TI assume fundamental papel no direcionamento das ações e
investimentos para que sejam atingidos os resultados desejados no âmbito do EB.
A estratégia do DCT, para fazer frente ao desafio de contribuir com a
consecução do OEE 7 “Aprimorar a Governança de Tecnologia da Informação”
52

corporativa (BRASIL, 2013h, p. 9) e realizar a gestão de TI que lhe compete, é reunir


e integrar, fisicamente, em uma área localizada no Setor Militar Urbano39, em
Brasília, as OM do SCTIEx cujas missões estão diretamente relacionadas à área de
Tecnologia da Informação40 coorporativa do EB (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014). A
essa concentração de OM deu-se o nome de Polo de Tecnologia da Informação
(PTI). Torna-se fundamental reforçar que o PTI, a ser criado, não foi idealizado com
a propósito de agregar em um único local, empresas de TIC cuja produção visa ao
comércio em mercado nacional ou internacional. Na realidade a apropriação que foi
feita do nome ‘polo’ diz respeito, tão somente, ao trabalho complementar entre as
OM de TI, conforme acima mencionado.
O PTI será composto pelas seguintes OM: CDCiber, CDS, CITEx, DSG, 7º
CTA e uma Base Administrativa de apoio do PTI (a ser criada). A criação da Base
Administrativa visa, especialmente, à maior coordenação, padronização e ganho de
escala nas aquisições de soluções de TI, herdando o conhecimento adquirido pelo
CITEx41, nos últimos anos, nos processos de aquisição de soluções complexas
(REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 38).
Assim, o Departamento, aproveitando a experiência e conhecimento
acumulados por cada uma dessas OM, pretende, de forma sinérgica e colaborativa,
atingir resultados superiores aos que são obtidos de forma individualizada. Ademais,
busca potencializar a coordenação e o controle de atividades revestidas de elevado
grau de complexidade e especialização, mantendo o alinhamento permanente e
necessário entre os Objetivos Estratégicos de TI (OETI), os OEE e os elevados
investimentos financeiros decorrentes das missões atribuídas às OM que serão
reunidas no PTI (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 39).
As instalações do PTI contemplarão, além dos prédios administrativos e
funcionais de cada OM, uma estrutura de laboratórios, salas de controle e centros de
controle de dados (CPD) que integrarão as atividades de desenvolvimento,
segurança e operação, permitindo a geração de sistemas seguros, eficazes e

39
As instalações do Polo serão construídas na área do 7º Centro de Telemática de Área (7º CTA),
OMDS ao CITEx.
40
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR ISO/IEC 38500:2009), Tecnologia da
Informação é definida como os recursos necessários para adquirir, processar, armazenar e
disseminar informações. TI é sinônimo de “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)” e
inclui “Tecnologia da Comunicação (TC)”.
41
O CITEx e o 7º CTA permanecerão em suas instalações atuais. Destaca-se que o CITEx possui
vários “caminhos” de integração lógica com o 7º CTA.
53

adequados à infraestrutura de operação existente, desde sua concepção,


contribuindo com a consecução do OEE 4, que é “Atuar no Espaço Cibernético com
Liberdade de Ação”. (BRASIL, 2013h, p. 6)
Essa infraestrutura robusta e resiliente, decorrente das soluções de alta
tecnologia adotadas, promoverá um ambiente capaz de hospedar, com elevado grau
de segurança, os sistemas corporativos mais importantes da Força, conquistando a
confiança das OM apoiadas e dos diversos órgãos responsáveis por sua utilização.
Espera-se diminuir, de forma gradativa, as estruturas existentes nos ODS e Diretorias
do Quartel-General do Exército, disponibilizando técnicos graduados e pós-graduados,
para que possam atuar no PTI. Isso permitirá a formação de uma massa crítica de
profissionais capacitados, composta por especialistas e engenheiros de computação,
eletrônica, telecomunicações e de outras especialidades, fundamentais para alavancar
as atividades técnicas das OM de TI do EB.
O que se pretende com a criação do PTI é aumentar a capacidade de defesa
cibernética do EB, por intermédio de uma infraestrutura robusta, resiliente e
racionalizada, decorrente da proximidade e integração das OM de TIC, incrementada
pelo emprego otimizado das competências e talentos disponíveis nas diversas áreas
relacionadas à TIC (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 38-39).

4.4.4 Projeto de criação e implantação Polo de Ciência e Tecnologia do


Exército em Guaratiba – PCTEG

O PCTEG é o mais complexo projeto do PTSCTEx. Como pilar fundamental


para a organização e operacionalização do novo Sistema de Ciência Tecnologia e
Inovação do Exército (SCTIEx), tem por base o projeto de antigos engenheiros
militares que vislumbraram, no final da década de 1970, a concentração das OM de
P&D do SCTEx, na região de Guaratiba (RJ), em área de preservação ambiental
(APA) onde está localizado o CTEx (MAYER, 2014)42.
O Projeto do PCTEG tem aderência ao Plano de Ação de CT&I (PACTI), na
medida em que pode ser enquadrado em sua Prioridade Estratégica I – Expansão e
Consolidação do Sistema Nacional de C,T&I e III – Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação em Áreas Estratégicas (BRASIL, 2011f). Além disso, atende às diretrizes
apresentadas na END, particularmente às que se referem à BID.
42
General de Exército Sanclair J. MAYER, atual Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia
(DCT).
54

Espera-se que a reunião de OM de P&D na área de Guaratiba amplie a


sinergia interna do SCTIEx, conforme é apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Concepção Preliminar do PCTEG


Fonte – Comitê Executivo do Programa de Transformação do SCTEx/DCT

De acordo com a Diretriz de Iniciação do Projeto do PCTEG, o Polo será um


complexo de base científico-tecnológica que estabelecerá uma nova abordagem no
processo de PD&I de PRODE, fundamentada na interação cooperativa e coordenada
entre governo, academia e indústria – conforme o modelo Hélice Tripla tipo III.
Portanto, uma das atribuições do PCTEG será impulsionar a BID para atender as
necessidades do Exército em termo de PRODE (BRASIL, 2012b).
A seguir, será feita uma breve descrição das organizações integrantes da
estrutura futura do PCTEG, conforme consta na Diretriz supracitada e no Estudo de
Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE)43 do PCTEG (BRASIL, 2013j).

4.4.4.1 O Novo Instituto Militar de Engenharia (IME)

O Novo IME será a OM responsável pelo Ensino de Engenharia, Pesquisa


Básica e Aplicada direcionadas aos Projetos do SCTIEx e desenvolvimento de

43
Documento não disponível por ser um documento interno de uso da Equipe de Projeto.
55

protótipos conceituais de PRODE inovadores, bem como domínio de conhecimentos


potencialmente disruptivos na área de defesa (BRASIL, 2012b).
Como destaca Mayer (2014, p. 5), “o Novo IME é o projeto prioritário no
âmbito do PCTEG, no contexto da Transformação do Sistema de Ciência e
Tecnologia do Exército”, sendo considerado a ‘instituição âncora’ do Projeto. Seu
principal macroprocesso será a Gestão do Ensino, Pesquisa e Inovação e atuará de
forma integrada aos projetos a serem conduzidos no Polo. Portanto, seu novo
modelo científico-pedagógico terá como foco um processo de aprendizagem
alinhado à consecução de projetos reais do Exército e novas interações com
instituições parceiras e demais OM do Complexo.
O precitado autor assinala que, mantendo a excelência no ensino, o foco do
novo IME deverá ser direcionado para a pós-graduação, a fim de que seus
pesquisadores sejam engajados, também, nos projetos de PD&I do SCTIEx,
impulsionando a capacidade de inovação do Sistema. Isto está claro na Diretriz de
Iniciação do Projeto de Transformação do IME (BRASIL, 2012c, p. 41): “A base de
conhecimentos de Engenharia proporcionada pelo ensino de graduação do IME
servirá de alicerce para o impulso da pós-graduação e seu desejado alinhamento
com os projetos de PD&I do SCTIEx”.
O Projeto do PCTEG prevê a transferência das instalações atuais do IME para
Guaratiba, o que viabilizará o planejamento de ser triplicado o efetivo de discentes, de
forma a contribuir para a diminuição da carência de engenheiros do EB e do País.
Assim, conforme apresentado no EVTE do PCTEG, o Novo IME terá uma capacidade
anual para cerca de 900 alunos44, dos quais 1/3 será absorvido pelo Exército e os
outros 2/3 pelos demais setores nacionais. Isso significa que, em dez anos, cerca de
10.800 (dez mil e oitocentos) profissionais altamente qualificados serão formados,
tanto na Graduação como na Pós-Graduação (BRASIL, 2013j, p. 5).

4.4.4.2 Instituto Militar de Tecnologia (IMT)

O IMT, ainda em fase de concepção, poderá ser uma divisão do novo IME.
Destinar-se-á à formação e especialização de técnicos e tecnólogos civis e militares
em áreas de interesse do SCTIEx e da Base Industrial de Defesa (BID). Esses
profissionais apoiarão as atividades dos diversos laboratórios de ensino, pesquisa e
de certificação, bem como as atividades que demandem pessoal com perfil técnico-
44
300 (trezentos) na Graduação, 540 (quinhentos e quarenta) no Mestrado e 90 (noventa) no Doutorado.
56

profissional. Realizará, ainda, projetos de PD&I de tecnologia de interesse mútuo do


EB e da BID, visando à obtenção de PRODE inovadores.
Tem-se a intenção que o IMT seja um vetor de expansão do conhecimento
técnico-científico gerado pelo SCTIEx em benefício do Estado Brasileiro.

4.4.4.3 Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e suas OMDS

O novo CTEx, que se encontra instalado na área de Guaratiba, terá a


responsabilidade de realizar a PD&I de tecnologias para aplicação em produtos de
defesa de interesse do Exército, em médio e longo prazos, previstos no SIPLEx.
Com os estudos realizados no âmbito do SCTEx, verificou-se a necessidade
de reestruturar o Centro criando novos Institutos, a ele subordinados, capazes de
convergirem os esforços de PD&I para domínios específicos, o que permitirá uma
coordenação mais eficiente dessas atividades, passando a ser o principal
macroprocesso do Centro. Os novos Institutos serão:
- Instituto de Sistemas de Armas (ISA) – será responsável pelo
desenvolvimento de Sistemas Bélicos e Materiais de Emprego Militar que agreguem
valor ao poder de combate da F Ter;
- Instituto de Sistemas de Informações (ISI) – será responsável pelo
desenvolvimento de sistemas essencialmente dotados de Tecnologia da Informação
e Comunicação para emprego na atividade-fim da F Ter, isto é, no combate;
- Instituto de Defesa Química, Biológica, Nuclear e Radiológica (IDQBNR) –
será responsável pelo desenvolvimento de meios defensivos e ofensivos que
aumentem a capacidade da F Ter de enfrentar essas ameaças; e
- Instituto de Pesquisa Tecnológica Avançada (IPTA), tendo como principal
macroprocesso a Pesquisa Tecnológica Avançada, será a OMDS do CTEx
responsável pela pesquisa em áreas tecnológicas de vanguarda e pelo
desenvolvimento de protótipos conceituais de PRODE inovadores, que possam
produzir surpresa tecnológica no campo de batalha do futuro, antecipando-se às
demandas da F Ter e promovendo inovação no campo da Doutrina Militar (MAYER,
2014, p. 1-3).
Mayer (2014, p. 3) ainda assinala que “a busca do PRODE inovador não
deverá prescindir da possibilidade de gerar subprodutos que poderão ser utilizados
de forma dual pela indústria, ao longo do processo de PD&I.” Esclarece, ainda, que
o ISA, o ISI e o IDQBNR serão criados a partir da evolução das atuais Divisão
57

Bélica, Divisão de Sistemas, Divisão de Tecnologia da Informação e Divisão DQBNR


do atual CTEx. Esses Institutos deverão estar ativados até dezembro de 2015.

4.4.4.4 Centro de Avaliações do Exército (CAEx)

O novo CAEx, cujas instalações já se encontram em Guaratiba, será


responsável pela avaliação dos PRODE desenvolvidos no âmbito do PCTEG e
outros materiais produzidos pela BID, bem como pesquisa na área de metrologia.
Apoiará as atividades do IME e da Incubadora de Empresas de Defesa com Base
Tecnológica (IEDBT) com laboratórios e pessoal especializado.

4.4.4.5 Agência de Gestão e Inovação (AGI)

A AGI será uma organização independente das demais instituições do PCTEG,


devendo ser subordinada diretamente ao DCTI. Realizará a gestão do processo de
inovação, o que possibilitará que as demais OM do Polo, em particular as de PD&I,
mantenham o foco em suas atividades, de modo a potencializar suas capacidades.
Atuando como o NIT do EB, terá como missões: realizar a gestão da rede de
inteligência de científico-tecnológica; elaborar cenários e visão prospectiva no campo da
CT&I; realizar a gestão do conhecimento científico-tecnológico; realizar estudos e
coordenar o desenvolvimento de projetos do SCTIEx, sob a ótica da gestão da
inovação; orientar as ICT do Exército nas suas competências; relacionar-se com o
Escritório de Projetos do Exército; apoiar juridicamente as OM do PCTEG, entre outras.

4.4.4.6 Centro de Desenvolvimento Industrial (CDI)

O CDI, a ser criado a partir da transformação da atual DF, deverá estar


plenamente implantado e operando, ainda que em instalações provisórias, até 31 de
dezembro de 2015. Terá a missão de realizar: gestão de contratos de PD&I;
recebimento e transferência de tecnologia; gestão da IEDBT; formação de novas
empresas; gestão do relacionamento com a IMBEL e demais empresas da BID e
ABIMDE.
Por intermédio de seus arsenais, poderá abrigar ou apoiar, temporariamente,
empresas de defesa que devam transferir tecnologia por meio de reprodução de
linhas de montagem/fabricação ou outros meios. Como exemplo, o Arsenal de
Guerra do Rio (AGR) será a OM, instalada na área de Guaratiba, responsável por
apoiar as atividades de PD&I das demais organizações do Polo com oficinas,
58

equipamentos e pessoal especializados na área de metal-mecânica pesada,


química, eletrônica e outras áreas julgadas de interesse. Continuará, quando
necessário, a desempenhar as atividades de fabricação, modernização e
revitalização de PRODE (BRASIL, 2012b).

4.4.4.7 Incubadora de Empresas de Defesa com Base Tecnológica (IEDBT)

Será a organização responsável por incubar empresas de defesa de base


tecnológica, ou seja, empresas novas que se proponham a produzir PRODE
inovadores, com elevado conteúdo tecnológico agregado, e, após o período de
incubação, ingressar efetivamente na BID. Deverá ser gerida pelo CDI.
O PCTEG, além da estrutura apresentada anteriormente, contará ainda com
o apoio das seguintes organizações:
- Base Administrativa – responsável pela administração e manutenção de
toda a área comum;
- Batalhão de Comando e Serviços – responsável pelo efetivo de militares de
apoio às atividades meio e fim; e
- Policlínica Militar – responsável pelo apoio de saúde ao pessoal.
O Projeto ainda contempla a construção de uma estrutura de apoio aos
integrantes do Polo, familiares e eventuais participantes em trabalhos nas OM do
PCTEG, que deverá abranger, dentre outras, as seguintes instalações45: 1.400 (mil e
quatrocentas) unidades habitacionais de Próprios Nacionais Residenciais; Hotel de
Trânsito; Círculo Militar; centros comerciais locais; centro de convenções; shopping
center; prédio de escritórios para apoio às empresas; postos de combustíveis e
conveniências; escola e creche; policlínica civil; e outros estabelecimentos que
venham a ser identificadas como necessários.
De acordo com a Revista Verde Oliva no 223, de abril de 2014, estima-se
que o PCTEG terá cerca de 500.000 m2 de áreas a serem construídas, mais de
300.000 m2 a serem reformados, e um fluxo de cerca de 10.000 (dez mil) pessoas
por dia circulando entre suas organizações, com um custo de implantação estimado
em 1,5 bilhão de reais (REVISTA VERDE-OLIVA, 2014, p. 36).

45
Informações retiradas do EVTE do PCTEG (BRASIL, 2013j).
59

4.5 O NOVO SCTIEX E A GARANTIA DA SOBERANIA NACIONAL

Conforme apresentado anteriormente, o PTSCTEx, por sua magnitude e


complexidade, contempla vários projetos dos quais, nesta análise, serão destacados
os de criação do PTI e do PCTEG.
Entende-se que a implantação do PTI, além de contribuir com o aumento da
Governança de TI no EB, contribuirá com o aprimoramento da capacidade de
controle do espaço cibernético. Esse aprimoramento reduzirá as possíveis
vulnerabilidades nas infraestruturas críticas e nas redes e sistemas de TI
corporativos do Exército, preservando interesses nacionais, ao tempo em que
promove maior capacidade dissuasória em relação aos potenciais oponentes. Com
isso, a expressão científica e tecnológica estará contribuindo com o enriquecimento
da expressão militar, resultando no fortalecimento do Poder Nacional.
O PCTEG, por sua magnitude e complexidade, envolve grandes
transformações, principalmente, nos campos científico-tecnológico e econômico. O
Modelo “Hélice Tripla tipo III” que será empregado, com o objetivo de desenvolver
PRODE inovadores e fortalecer a BID, talvez o qualifique como um projeto consistente
no Brasil a promover a união do Governo, inúmeras Universidades, Centros, Institutos,
ICT públicas e privadas, e empresas, com o objetivo fundamental de buscar e gerar
inovação. Espera-se, com isso, além de reforçar a expressão científico-tecnológica,
potencializar a expressão econômica do Poder Nacional pela ampliação das
oportunidades econômicas decorrentes das vendas internas e externas desses PRODE
de alto valor agregado, a serem realizadas pela BID, bem como pela exploração da
propriedade intelectual e dos contratos de licenciamento (BRASIL, 2013j).
Espera-se, ainda, que a criação do Complexo possa gerar novos empregos
na própria região de Guaratiba, em especial nas empresas, no comércio e na
prestação de serviços do Polo, alinhando-se com o interesse do Governo em
diminuir as taxas de desemprego ou de alavancar o desenvolvimento de região
ainda carente dentro da metrópole do Rio de Janeiro, diminuindo o desequilíbrio
social. De acordo com o EVTE do PCTEG (BRASIL, 2013j), estima-se que cerca de
50.000 (cinquenta mil) pessoas oriundas de bairros próximos deverão utilizar os
serviços disponíveis do Complexo. Esse quantitativo de pessoas, somado às 10.000
pessoas ligadas diretamente às atividades do Polo, indica a contribuição que o
60

PCTEG trará para mudança do perfil econômico daquela área, trazendo progresso e
melhoria nas condições sócio-econômica de vida das pessoas.
Uma grande preocupação dos responsáveis pela implantação do PCTEG é
manter ou melhorar a qualidade de vida no bairro de Guaratiba, conciliando sua
implantação com a preservação do ecossistema da área, o que é um fator de
fortalecimento, no campo psicossocial, fundamental para a integração do Polo com a
população. Neste sentido, deve ser assinalado que a presença e a ocupação do
local destinado às suas instalações, já realizada pelo EB, desde 1979, têm se
caracterizado como fator de garantia da preservação ambiental na medida em que
confronta as pressões urbanas e imobiliárias existentes na região (BRASIL, 2013j).
Além disso, é importante assinalar que o PCTEG será um grande agregador e
impulsionador da realização de um conjunto de obras e serviços de infraestruturas
básicas, gerando empregos em toda a área do Polo e circunvizinhas, a exemplo das
localidades do Recreio, da Barra da Tijuca, de Campo Grande etc. Igualmente, é
importante destacar que a formação de engenheiros e tecnólogos de alto nível, por
intermédio do IME e do IMT, responderá às expectativas governamentais no que diz
respeito a atender às necessidades existentes no mercado de trabalho em todo o
Brasil. Portanto, os empregos gerados no Rio de Janeiro e a oferta de engenheiros e
tecnólogos para o mercado de trabalho, em âmbito nacional, reforçarão as expressões
científico-tecnológica, econômica e psicossocial do Poder Nacional (BRASIL, 2013j).
Pelo exposto, pode-se inferir que o PTSCTEx, que em última instância, faz
parte do processo de Transformação do EB, não é um programa orientado
exclusivamente para a Força. Conforme assinalado em Longo e Moreira (2010, p. 4)
ele tem as características de um programa mobilizador, por ser capaz de
“arregimentar, aglutinar, organizar e pôr em movimento o potencial nacional
disponível numa ação política, visando o desenvolvimento social, econômico e/ou
militar do país.” Assim, o PTSCTEx é um programa do Exército para o Brasil estando
perfeitamente caracterizado como um Programa do Estado Brasileiro.
61

5 CONCLUSÃO

O lançamento da END, em 2008, combinado com a aprovação, em 2013, de


sua nova versão, da nova versão da PND e da primeira edição do LBDN, representam,
pela primeira vez, a manifestação explícita do Estado Brasileiro sobre o tema Defesa
Nacional, tanto para a sociedade brasileira, como para a comunidade internacional.
Essa manifestação incentivou que as três FA realizassem uma reavaliação em
seus planejamentos estratégicos, que resultou na atualização desses documentos e na
apresentação de novos planos de articulação e equipamento, contemplando as
estratégias indicadas na END, além de respaldar e motivar as decisões políticas e
econômicas a serem tomadas pelo Governo Federal (BRASIL, 2013a).
Desta forma, o EB iniciou seu processo de transformação, dando destaque a
seu maior patrimônio, seus ‘soldados’, no sentido de que possam evoluir para o
Exército desejado da Era do Conhecimento. Essas mudanças visam à obtenção de
uma Força com “novas capacidades e competências, integrada por pessoal altamente
capacitado, treinado e motivado, apta a empregar armamentos e equipamentos com
alta tecnologia agregada e sustentada em uma doutrina autóctone”, eficiente e em
constante processo evolutivo, conforme afirmado em Brasil (2013a, p.12).
Essa transformação, portanto, deverá ser capaz de contribuir com o
crescimento de todas as expressões do Poder Nacional, potencializando a
capacidade dissuasória do País, permitindo que o posicionamento político e
estratégico da nação brasileira seja independente das vontades dos demais países,
o que pode ser traduzido como Soberania Nacional.
Decorrente das avaliações e diagnósticos internos, o Exército identificou que o
processo de transformação deveria ser realizado por intermédio de vários VT
suportados pela vertente tecnológica, conforme indicado na END (BRASIL, 2013e),
capazes de realizar, de forma integrada, a mudança necessária de paradigmas em
todos os seus sistemas e funções, para se alcançar o Exército imaginado para o futuro.
Esse planejamento, concebido para ocorrer em três fases, prevê que, até o ano de
2030, novos conceitos, competências e capacidades terão sido sedimentados e estarão
sendo empregados, plenamente, pelo “novo” Exército da Era do Conhecimento.
Nas duas primeiras fases, cujo término está previsto para 2022, estar-se-ão
realizando autoavaliações e implementadas evoluções na forma de combater, de
equipar e de organizar toda a F Ter, o que tem conduzido a uma nova doutrina.
62

A primeira e efetiva materialização dos resultados do planejamento realizado


para a Transformação do EB são os PEE. Esses projetos estão em fase de
implementação e sua gerência estratégica é realizada pelo EPEx, suportado pela
expertise do SCTEx, tendo em vista o elevado índice de tecnologias avançadas
neles incluídas e ser o responsável pelo VT C&T.
Pelos resultados já obtidos da implementação dos PEE, parcialmente
apresentados na Tabela 1, pode-se identificar a contribuição que a Transformação do
EB já está, e continuará, trazendo para o aumento da garantia da soberania, à medida
que fortalece as diversas expressões do Poder Nacional. Na expressão militar pode
ser identificado o aumento gradativo do Poder de Combate da F Ter, decorrente da
disponibilidade de meios avançados e compatíveis com o cenário mundial atual,
representados por PRODE de alta complexidade, em sua maioria, dotados de
tecnologia dual. Pode-se acrescentar que a transformação baseada na valorização da
C&T realmente autóctone vai favorecer que o País realmente tenha capacidade de
desenvolver suas tecnologias de defesa, evitando compras de tecnologias de origem
diversa, ou compras de oportunidade, que resultam em melhoria, apenas temporária,
do poder militar, com rápida degradação. Por outro lado, a geração ou absorção de
novas tecnologias, a criação de novos empregos para atender à expansão da BID, a
capacitação de pessoal, a elevação dos níveis de qualificação na área de C&T e a
formação de profissionais nas diversas áreas da engenharia são alguns exemplos dos
efeitos esperados, como frutos da Transformação do EB, para o fortalecimento das
expressões científica e tecnológica, econômica e psicossocial do Poder Nacional.
Sendo assim, por decorrência, haverá incremento dos meios disponíveis para a
manutenção da intangibilidade da Nação Brasileira, ou seja, de sua Soberania.
Apesar do SCTEx estar contribuindo muito para a Transformação do EB, foi
identificado pelo DCT que sua concepção atual não favorece a geração de
inovações, tanto em quantidade como na oportunidade demandada pela Força.
Além disso, identificou-se que o modelo direciona o esforço do Sistema para as
tecnologias do presente, deixando de gerar PRODE com a capacidade de produzir a
surpresa desejada nas operações de emprego da F Ter (BRASIL, 2012a).
Assim, o DCT deliberou que o Sistema atual precisa migrar para um novo, cujo
diferencial seja a busca da inovação. Já batizado por Sistema de Ciência, Tecnologia e
Inovação do Exército (SCTIEx), a migração está sendo efetivada pelo PTSCTEx, que é
composto por vários projetos, podendo-se destacar o PTI e o PCTEG.
63

Com a implantação do PTI, busca-se minimizar ou eliminar as possíveis


vulnerabilidades nas infraestruturas críticas e nas redes e sistemas de TI
coorporativos, o que promoverá uma maior capacidade do EB em defender o espaço
cibernético de seu interesse. Com isso, a expressão científica e tecnológica estará
contribuindo no enriquecimento da expressão militar, resultando no fortalecimento do
Poder Nacional e no consequente aumento da garantia da Soberania Nacional.
Por outro lado, o PCTEG, seguindo o modelo relacional TH tipo III, será um
complexo militar-universitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias
que terão quase sempre utilidade dual, ou seja, militar e civil. O novo SCTIEx, por
intermédio do PCTEG, apoiará o fortalecimento da BID, gerando novos postos de
trabalho, aumentando sua capacidade em C&T e viabilizando a produção de PRODE
nacionais, inovadores, de levado valor tecnológico agregado. Além disso, com sua
implantação, espera-se proporcionar um crescimento social e econômico na área de
Guaratiba, decorrente da circulação de cerca de 60.000 (sessenta mil) pessoas em
suas instalações. Portanto, a criação do PCTEG deverá incrementar as expressões
militar, científica e tecnológica, psicossocial e econômica do Poder Nacional (BRASIL,
2013j).
Portanto, dos estudos realizados, pode-se inferir, de forma sumária, que a
Transformação do Exército e o novo SCTIEx impactarão a garantia da Soberania
Nacional por intermédio de duas possibilidades:
- pela disponibilidade de meios avançados e condizentes com o cenário
militar mundial, fazendo com que a F Ter passe a ter sua capacidade de defesa
aumentada, resultando em maior dissuasão, aumentando a expressão militar; logo,
robustecendo o Poder Nacional, que aumenta a garantia de Soberania Nacional; e
- pela necessária evolução da sociedade para definir, projetar, pesquisar,
desenvolver e produzir meios avançados, o que vai melhorar a capacitação dos
recursos humanos num ambiente de projetos mobilizadores, quando necessariamente
haverá um significativo arrasto tecnológico, e, portanto, aumentando as expressões
econômica, psicossocial e científica e tecnológica, que também aumentam o Poder
Nacional, levando também a patamar mais elevado a garantia da Soberania Nacional.
Finalmente, é lícito concluir que a Transformação do Exército e o novo
SCTIEx, juntos, fortalecerão as expressões do Poder Nacional. Consequentemente,
dar-se-á o fortalecimento da Soberania Nacional e, além disso, o desejável
desenvolvimento do Brasil.
64

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