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NEaD – Núcleo de Educação a Distância da FSF

O PAPEL DO ACOMPANHANTE DURANTE O TRABALHO DE PARTO NATURAL

Resumo:
Este trabalho trata-se de um estudo bibliográfico que buscou identificar através de
artigos científicos a importância do parto humanizado tendo como objetivo resgatar o
parto natural e fisiológico, sendo um método que proporciona segurança e conforto
para a mãe e bebê, torna-se um processo mais saudável para ambos com o objetivo
geral de descrever a significância da humanização do parto e a importância da
presença de um acompanhante oferecendo-lhe companheirismo e carinho durante o
trabalho de parto. O estudo é do tipo revisão de literatura através de levantamento
bibliográfico, onde foram utilizados artigos científicos da base de dados Bireme
(Lilacs e Scielo). O parto humanizado tem como principio resgatar o parto fisiológico
e natural, demonstrando respeito e valorizando a mulher como protagonista do seu
parto. Um dos princípios fundamentais do processo de humanização do parto é ter a
presença de um acompanhante no trabalho de parto, promovendo conforto,
segurança e apoio para a parturiente, aproximando e aumentando os laços afetivos
entre pai e filho, além de favorecer a afeto e respeito entre o casal.

Palavras-Chave: Parto Humanizado. Acompanhante. Trabalho de parto.

1 INTRODUÇÃO

Esta revisão de literatura aborda a importância do parto humanizado e


também da presença do acompanhante para a mulher durante o trabalho de parto,
de acordo com a visão de diversos autores.
Parto Humanizado significa mostrar respeito e tratar as parturientes com
dignidade, dando-lhes o direito de ter um acompanhante de sua escolha para apoiá-
la, encorajá-la e incentivá-la a ter uma postura ativa tendo liberdade para
movimentar-se, levantar e caminhar, ingerir líquidos ou alimentos leves quando
sentir vontade, escolher a posição que irá ter seu bebê, concentrar-se para fazer
força de acordo com o ritmo de seu corpo, sem precisar sofrer intervenções
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desnecessárias como: aplicação de ocitocina para acelerar o trabalho de parto,


lavagem intestinal, tricotomia (depilação) da região pubiana, episiotomia (incisão
cirúrgica na região do períneo) ou jejum. Ninguém irá desmerecê-la por estar tendo
seu filho, o trabalho de parto é considerado um trabalho nobre, onde a mulher é
aprotagonista do seu parto e tem liberdade de escolha. O Parto Humanizado
significa um conjunto de procedimentos e condutas com a finalidade de promover o
parto e nascimento saudáveis, além de prevenir a morbimortalidade materna e
perinatal, o parto precisa ser visto como um evento da vida sexual e reprodutiva,
além de ser um processo fisiológico, necessitando de um acompanhamento com o
mínimo de intervenções.
Os trabalhos científicos mostram que, só pelo fato de ter um acompanhante
de sua escolha, as mulheres realizam um trabalho de parto mais curto (em menos
tempo), pedem menos anestesia e o parto evolui tão bem que as cesarianas
acabam sendo menos freqüentes. A Lei n° 11.108, de 7/4/2005, garante
acompanhante de escolha da mulher durante o trabalho de parto, no momento do
parto e no pós-parto.
Há muito tempo que as mulheres passaram a acreditar que acesárea seria
um método mais seguro e fácil para ter seu filho, onde não sentem dor, medo, não
precisam fazer esforços, é pratico e rápido. Porém, não são informadas dos riscos
que elas e seus bebês correm, pois, uma cesárea desnecessária tem risco de morte
materna cinco a sete vezes maior que o parto normal além de o bebê morrer ou
nascer prematuro sofrendo internações em centros de cuidados intensivos por
muitos meses, com conseqüências para toda a vida.
Além dos riscos e do prejuízo a saúde, a cesárea causa uma separação
precoce entre mãe e filho em um momento especial de reconhecimento e
estabelecimento de vínculo. Este tema foi escolhido considerando as vantagens do
Parto Humanizado, com a preocupação em promover o ato mais natural e fisiológico
possível, além de um método seguro para mãe e filho, proporcionando maior vinculo
afetivo entre eles. Em grande parte o acompanhante é o pai, por ser um momento
especial e importante poder presenciar o nascimento do filho isso propicia um
vinculo afetivo maior entre pai-filho, e uma melhora na relação entre o casal.
O Parto Humanizado é forma mais saudável e segura possível, trazendo
muitos benefícios para mãe, filho e familiares, sendo um ato que deve ser
incentivado.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA AO PARTO

Historicamente a assistência ao parto era realizada por mulheres de extrema


confiança das parturientes, elas eram conhecidas como parteira, comadre,
aparadeira ou curiosa. Na língua portuguesa comadre significa com a mãe, em
inglês midwife, que quer dizer com a mulher, e na França, sage-femme ou mulher
sábia. Elas adquiriam conhecimento empírico-sensorial com outras parteiras
experientes ou vivenciando seus próprios partos, suas aprendizes geralmente eram
suas filhas, noras, sobrinhas, netas ou irmãs (BARRETO, 2008).
As parteiras prestavam suporte e apoio à mãe e seu filho, realizando diversas
funções durante o trabalho de parto e pós-parto, dentre elas estavam, cortar o
cordão umbilical, dar banho e vestir o recém-nascido, orientar a mãe sobre sua dieta
alimentar e de seu filho além prescrever medicações à base de ervas para evitar
complicações puerperais e infecções, elas também realizavam abortos e cesariana
post-mortem que era quando o feto já estava morto (BARRETO, 2008).
Os partos eram feitos nas residências e as mães tinham o apoio de seus
familiares. No inicio do século XX o parto passou a ser institucionalizado, deixando
de ser domiciliar passando a ser hospitalar (BARRETO, 2008).
As parturientes passaram a serem submetidas às normas e rotinas das
instituições, sofrendointervenções sem o devido esclarecimento e seu
consentimento, elas eram internadas em sala de pré-operatório coletiva sem
privacidade, impossibilitadas de ter um acompanhante de sua escolha para apoiá-la
no trabalho de parto e pós-parto, e submetidas a medicalização (BARRETO, 2008,
BRUGGEMANN et al. 2005; CREPALDI; MOTTA, 2005, ARAÚJO et al. 2007).
O parto deixou de ser um evento natural, feminino, privativo e familiar para ser
dominado por médicos em ambiente hospitalar e ser visto como um processo
patológico. A mulher perdeu sua privacidade e autonomia, deixou de ser
protagonista de seu parto, ela passou a vivenciar este evento como um processo de
intenso sofrimento físico, moral, e emocional.
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2.2 O PAPEL DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA

A enfermeira obstetra presta apoio à mulher no trabalho de parto orientando-a


nos cuidados com sua saúde e do bebê. Leão e Oliveira (2006) acrescentam nesta
perspectiva que ela contribui com seu conhecimento para resgatar o parto fisiológico
como um fenômeno feminino tornando a mulher protagonista de seu parto,
promovendo assim a humanização de assistência ao parto através de habilidades
não invasivas e cuidado desmedicalizado.
A enfermagem tem como base de sua profissão a humanização, e para que
essa humanização aconteça é preciso ter espírito de solidariedade, prestando uma
assistência global de forma que a pessoa seja vista como um todo e como um ser
único,respeitando-a, valorizando-a, é preciso saber se relacionar com empatia, ter
vontade de ajudar (CARVALHO,2007).
Segundo Almeida, et al (2005), a enfermeira obstetra tem como papel
fundamental ajudar a parturiente nas forças naturais do parto, proporcionando
condições favoráveis para que o parto evolua o mais natural e fisiológico possível,
além de promover conforto emocional e físico através de técnicas como massagem
relaxante, métodos de respiração para minimizar o desconforto durante o processo
gravídico-puerperal, posturas variadas e até mesmo musica para relaxar. De acordo
com Komura e de Souza (2007) a enfermeira também deve sensibilizar e dar direção
à ação do acompanhante.
Na preparação para o parto a enfermeira proporciona a parturiente
oportunidades para adquirir conhecimentos, esclarecer duvidas sobre a gravidez,
parto, puerpério e cuidados com o recém nascido além de ganhar confiança em si
mesma. Ajudar no preparo físico e emocional da parturiente promovendo técnicas
como exercícios de relaxamento do períneo e de respiração que ajuda no momento
da expulsão fetal, ensiná-la a desempenhar um papel ativo, lúcido para facilitar o
trabalho de parto (CARVALHO, 2007).
Também é de responsabilidade da enfermeira a realização da assistência pré-
natal assistindo e orientando a gestante, desde a concepção da criança até o inicio
do trabalho de parto, essa assistência é feita através de consultas periódicas e
contínuas com o intuito de prevenção, controle e tratamento de intercorrências
durante agestação (CARVALHO, 2007).
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É importante que a enfermeira esteja ao lado da parturiente dando-lhe apoio,


ouvindo suas queixas e experiências, compartilhando das suas emoções, sempre
atenta aos aspectos biopsicossociais. É preciso que haja uma comunicação
interpessoal entre a parturiente e a enfermeira, para isso a enfermeira precisa
colocar-se no lugar da parturiente para entender o que está se passando com ela,
entender seus sentimentos de carinho e amor ao próximo, para ter uma boa
interação entre as duas é fundamental que a enfermeira tenha uma boa
comunicação (BEZERRA; DAVIM, 2002, CARVALHO; MERIGHI, 2007).
Em 1999 o Ministério da Saúde propôs que fossem criados Centros de Parto
Normal, tendo como coordenadoras as enfermeiras obstetras, para prestarem os
devidos cuidados e promoverem uma assistência mais humanizada as mulheres e
seus recém nascidos, através de sua visão holística, auxiliando, apoiando,
respeitando-as no seu momento, realizando cuidados direcionados para o parto
natural e humanizado.

2.3 AS DOULAS

Doula é uma palavra grega que significa mulher que serve, geralmente são
mulheres leigas treinadas que acompanham e cuidam das parturientes no trabalho
de parto e pós-parto, prestando suporte físico e emocional a elas, as doulas também
dão suporte ao pai da criança, trabalhando junto com o casal para que ambos
fiquem em sintonia, pois muitas vezes ele não sabe o que fazer, então ela o orienta
de forma que ele ajude sua mulher dando-lhe conforto através de massagens, apoio,
suporte, segurança, incentivo e carinho (DUARTE, 2009).
Em 1997 as doulas começaram a atuar na assistência a parturiente no
Hospital Sofia Feldman em Belo Horizonte que sempre permitiu a presença de
acompanhantes no parto, com isso alguns profissionais junto com a associação
comunitária de amigos criaram o projeto Doula comunitária, onde mulheres
voluntárias são treinadas para acompanhar as parturientes no trabalho de parto, elas
não prestam assistência ao parto e nem atuam como parteiras ou realizam
procedimentos médicos, exames ou cuidados diretos com o recém nascido, elas
atuam dando suporte, prestando assistência a parturiente, ao recém nascido e
suafamília, tendo como papel importante dar apoio e suporte emocional,
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encorajando e tranqüilizando a todos (OLIVEIRA et al. 2009, LEÃO; BASTOS,


2001).
Em uma revisão feita por Leão e Bastos (2001), segundo literaturas cientificas
o apoio oferecido pelas doulas produzem efeitos positivos nos resultados
psicossociais e obstétricos, além de promoverem diminuição do tempo de trabalho
de parto, menor incidência de problemas perinatais, elas também propiciam uma
melhora na interação entre mãe e filho.
Outra abordagem sobre esta questão vem de Duarte (2009a) que segundo
pesquisas as doulas ajudam a diminuir em 50% as taxas de cesárea, 20% a duração
do trabalho de parto, 60% os pedidos de anestesia, 40% o uso da ocitocina e 40% o
uso de fórceps, além de reduzir a incidência da depressão pós-parto e aumentar o
índice de aleitamento materno.
Foi só no ano de 2001 em Campinas que foi criado o primeiro curso de
formação de doulas no Brasil.

2.4 PARTO HUMANIZADO

Parto humanizado é mostrar respeito pela gestante, valorizando-a como


protagonista do seu parto, este tipo de parto visa prestar assistência a parturiente
com o mínimo possível de intervenções médicas, e o mais importante saber esperar
e respeitar o tempo fisiológico da parturição, deixando a natureza do corpo agir.
Para tornar o parto humanizado é preciso respeitar e criar condições à
parturiente dando-lhe o que é de direito, um atendimento focado nas suas
necessidades, de forma que todas as dimensões de seu corpo sejam atendidas:
espirituais, psicológicas, biológicas e sociais (ARAÚJO et al. 2007, CASTRO;
CLAPIS, 2005, ALMEIDA et al. 2005).
A Organização Mundial da Saúde com o objetivo de criar novas técnicas
apropriadas para o pré-parto, intraparto e nascimento, realizou três conferências
onde foram apontadas a necessidade de reconhecer os direitos da mulher de
receber uma assistência de qualidade, garantindo-lhe privacidade, respeito e
dignidade, além de preconizar medidas onde a mulher em trabalho de parto devera
ser acolhida tendo suporte emocional e atenção à saúde com o mínimo de
intervenções, com direito a um acompanhante de sua escolha, ser informada e
receber explicações dos procedimentos que serão realizados, movimentar-se
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durante o período de dilatação, escolher a posição para a hora do nascimento, e os


profissionais da saúde devem permitir o contato entre mãe e filho, oferecer
alojamento conjunto e estimular o aleitamento materno. (BEZERRA; DAVIM, 2002,
CARVALHO; MERIGHI, 2007, DESLANDES, 2005).
A humanização do parto visa mudar o atendimento médico-hospitalar tendo
como base a proposta da Organização Mundial da Saúde onde procedimentos
considerados desnecessários ou ineficazes e geradores de riscos como tricotomia
(depilação dos pelos pubianos), enema (lavagem intestinal), episiotomia (incisão
cirúrgica no períneofacilitando a saída do bebê), amniotomia (ruptura provocada da
bolsa amniótica), e partos cesáreas não sejam rotineiras, a OMS propõe que essas
ações sejam realizadas apenas em situações necessárias e comprovadas,
(CARVALHO; MERIGHI, 2007, TORNQUIST, 2002).
Para Patricio e Reis (2005), essas ações desnecessárias, arriscadas e
indesejadas são consideradas violações ao direito da mulher à sua integridade
corporal e se a gestante não for informada sobre esses procedimentos e imposta é
considerada um atentado ao direito à condição de pessoa.
Por sua vez Largura (1998), afirma que existem vários fatores que aumentam
nossa percepção de dor, entre eles estão o medo, o frio, o estresse mental, tensão,
fome, solidão, fadiga, desamparo social e afetivo, uma situação da qual não estamos
habituados, além da dor do inicio das contrações. Podemos minimizar essa
percepção de dor através de técnicas de relaxamento, transmitindo confiança, e
fornecendo informações e explicações corretas, permitindo a presença de familiares
e amigas, incentivando-a a participar ativamente, descansada e bem alimentada,
promovendo um lugar familiar e confortável e permiti-la vivenciar as contrações uma
a uma.
Na assistência ao parto humanizado a atitude dos profissionais visa o cuidado
centralizando as necessidades de cada mulher e do neonato, sendo que só é feito
intervenções quando realmente precisar e quando indicado, os profissionais devem
ser éticos e saber respeitar os limites, desejos, expectativas, anseios e
principalmente o tempo de cada mulher, o profissional deve ser atencioso, paciente,
tranqüilo, saber interagir com os familiares e respeitá-los, orientar a parturiente e
seus familiares explicando o que esta acontecendo em cada momento, promovendo-
lhes segurança da assistência prestada, respeitando seus sentimentos e direitos
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como mãe e mulher, reconhecendo-a como a principal protagonista do processo de


parto (CRUZ, 2009, PATRICIO; REIS, 2005).
No estudo realizado por Patricio e Reis (2005), os profissionais afirmaram que
o elemento fundamental na assistência humanizada é respeitaros direitos da mulher,
mantendo um bom relacionamento e comunicação interpessoal, mostrando interesse
e ouvindo o que a parturiente e sua família, orientando-os sobre os procedimentos,
segundo os autores para o Ministério da Saúde a comunicação é elemento chave
entre o profissional, a parturiente e sua família.
Para que se tenha uma eficiência na implantação do parto humanizado nas
instituições é preciso que cada instituição hospitalar ofereça espaço físico
apropriado e preparação dos profissionais para favorecer melhor interação entre
eles, a parturiente e seus familiares, de modo a fortalecer a relação da equipe com
os acompanhantes. É preciso que toda a equipe que entre em contato com a mulher
e acompanhante recebam um treinamento, uma preparação adequada, a instituição
também precisa formular e fornecer protocolos e uma comissão de humanização
para a implementação da humanização do parto.

2.5 DIREITO DE UM ACOMPANHANTE

No Brasil foi criada a Lei nº 10.241 de 17 de março de 1999, onde no


parágrafo XVI o pai da criança tem direito de acompanhar a gestante nos exames
pré-natais e no trabalho de parto. Ela pode ser acompanhada por seu companheiro,
por uma pessoa de confiança, como mãe, amiga ou até mesmo uma doula.
No dia 07 de abril de 2005 foi criada a Lei nº 11.108, como resultado de muito
esforço e trabalho da Rede de Humanização do Nascimento junto com outros
agentes. Esta lei garante a gestante o direito de ter a presença de um
acompanhante durante o trabalho de parto e pós-parto de acordo com Araújo
(2007), abrangendo apenas os hospitais do SUS e seus conveniados, porém de
acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada Nº 36, de junho de 2008, da
ANVISA, que esta em vigor diz que os hospitais particulares também são obrigados
a permitir a presença de um acompanhante de livre escolha da mulher no pré-parto,
intra-parto, parto e pós parto imediato (FELICIO JR, 2008).
Para a gestante o trabalho de parto é um momento de muita fragilidade por
isso é muito importante ter alguém de sua confiança ao seu lado, para lhe dar apoio
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emocional, conforto físico, incentivo, força, segurança, favorecendo uma boa


evolução no períodogravídico puerperal (DOMINGUES, et al. 2004).
As mulheres dão valor e reconhecem quando são tratadas com importância,
preocupação, recebendo suporte psicológico, conforto físico, privacidade e
segurança. Assim como também é importante para ela saber tudo que vai ser feito, o
que pode acontecer, através da colaboração de toda a equipe que pode colaborar e
ajudar respondendo suas perguntas e atendendo suas necessidades. Um dos
fatores contribuintes para sua satisfação é ter a presença de um acompanhante, em
especial seu parceiro, esse fator foi tão importante para as puerperas que elas
expressaram o desejo de que a presença do acompanhante seja reconhecida e
adquirida em outras maternidades, pois fortalece muito a mulher na hora do parto
(DOMINGUES et al. 2004).
Em um estudo feito por Bruggemann et al. (2007), até os profissionais da
saúde em especial os médicos, consideraram importante a presença e o apoio de
um acompanhante a mulher no momento do parto.
Bruggemann et al. (2007), afirmam que no inicio os profissionais rejeitaram a
idéia de ter outra pessoa que não fosse de sua equipe na sala de parto, pois tinham
medo da reação dos acompanhantes, de serem violentos, de questionariam algum
procedimento, porém ao se confrontarem com esse medo, seus pensamentos
mudaram, eles viram que a presença de um acompanhante não alterou seu
trabalho, a assistência, nem a rotina do hospital, pelo contrario perceberam que essa
pratica trazia benefícios no trabalho de parto, pois a parturiente acompanhada sentia
satisfação emter alguém ao seu lado, lhe apoiando, incentivando, e lhe passando
segurança, eles observaram que esse apoio proporciona sentimentos positivos na
parturiente, tornando-a mais segura e colaboradora, já as que não tinham
acompanhantes tiveram dificuldades e medos para vivenciar e participar do parto.
Através das consultas e dos cursos de pré-natal o homem pode evidenciar a
importância do papel do pai durante a gravidez e o processo de parto, eles contam
também com a presença de coordenadores homens e de pais que já tiveram a
oportunidade de vivenciar e participar do parto de seus filhos, é importante também
que haja a presença de psicólogos e assistentes sociais para dar apoio tanto as
gestantes quanto a seus acompanhantes. A formulação de garantias trabalhistas é
condição fundamental para a participação dos pais no pré-natal, no trabalho de
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parto, parto, pós-parto e atendimentos pediátricos. É necessária a inclusão dos


homens nos programas de saúde em geral (CARVALHO, 2003).
Segundo Crepaldi e Motta (2005), algumas pesquisas mostram que
aparticipação do pai é muito importante para a mulher, pois é através de seu apoio
que ele transmitirá conforto e segurança a ela. Dar apoio emocional e físico, atenção
ou acompanhamento propicia a parturiente resultados positivos e benéficos, é
preciso fornecer todas as informações necessárias sobre o trabalho de parto,
procedimentos a serem realizados para promover tranqüilidade e segurança a elas.
Para o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde o acompanhante
promove saúde física e psíquica a parturiente.
Como genitor e parceiro o homem tem uma carga emocional muito grande,
assim como a mulher ele também precisa se adaptar e se ajustar à nova situação,
pois seus sentimentos e emoções também mudam em relação a ser homem e pai,
ele passa por um momento de transição possibilitando o crescimento emocional. A
experiência da gravidez e paternidade vai influenciar a forma como ele lidará com a
situação, durante o trabalho de parto (CREPALDI; MOTTA, 2005), além de adquirir
condições para uma paternidade responsável, e poder vivenciar uma experiência
que só pode ser alcançada pela mulher, que é algo profundo, poderoso e
transformador (FELICIO JR, 2008).
Assim como Crepaldi e Motta (2005), alguns pesquisadores confirmaram que
os pais têm dificuldade em ver a mulher com dor, pois se sentem impotentes,
frustrados, com medo, desconforto e tensos, porem esta oportunidade promoveu
maior intimidade com a mulher, sentindo admiração, orgulho e satisfação pela força
dela e com a chegada do bebê.
De acordocom Patricio e Reis (2005), sem a participação ativa da parturiente
e seu acompanhante, como protagonistas do processo de parturição conhecedores
de seus direitos e envolvidos nas tomadas de decisões referentes a sua própria vida
as expectativas do Ministério da saúde nunca serão alcançadas, eles precisão ter
autonomia sobre suas vidas e o processo de parto, tendo seus valores respeitados,
sendo tratados com dignidade e individualidade pela equipe multidisciplinar.
Almeida et al. (2005) acrescentam neta perspectiva que é preciso resgatar a
liberdade da parturiente, tendo livre arbítrio sobre como e onde ter seu filho, como
um evento fisiológico de forma natural e sem intervenções desnecessárias, podendo
vivenciar junto com seu acompanhante
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de parto é um evento muito importante e emocionante para a


mulher, porém também é um momento de muita fragilidade, onde ela precisa de
atenção, cuidados adequados, respeito, individualidade e que suas necessidades
psicossociais e emocionais sejam atendidas, uma delas é poder ter alguém de sua
confiança ao seu lado nesse momento tão especial, alguém que lhe de todo o
suporte emocional, segurança, força, aquele que irá suprir as necessidades que os
profissionais não conseguem. Esse acompanhante pode ser tanto o pai da criança,
seu parceiro, sua mãe, uma amiga ou até mesmo uma doula. Tratando-se do
companheiro e pai do bebê, ele acaba criando uma relação e vinculo maior e mais
afetuoso com o filho e a relação entre o casal também fica mais forte, ele se torna
mais responsável e comprometido com as questões familiares.
O parto deve ser uma experiência enriquecedora e marcante para a mulher e
sua família de forma que seja confortável para todos, seguro e saudável para a mãe
e o bebê, de forma que a mulher possa vivenciar o parto com autonomia e respeito.
É importante e imprescindível para a implementação do parto humanizado
nas instituições hospitalares que sejam criados protocolos e treinamentos para os
profissionais que vivenciam este método, tendo uma filosofia mais humanizada. Os
acompanhantes também precisam ser instruídos e familiarizados com este método,
para que possam participar ativamente e de forma correta promovendo o devido
suporte a parturiente, é nesse processo de aprendizagem que as enfermeiras irão
atuar, mostrando ao acompanhante a importância de estar presente.

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