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S.He.F.

Nutrição e cirurgia
I. Introdução História
- Desnutrição - 50% dos pacientes hospitalizados - Tem perdido peso nas últimas semanas?
- Objetivo - manter ou melhorar o estado nutricional - Tem sintomas G.I. (dor, vômitos, diarréia) - ↓
- Avanço no preparo pré-operatório e tratamento ingesta?
pós-operatório: índices de morbidade e mortalidade - Ingesta nos últimos 10 a 15 dias?
aceitáveis - Tem doença hipermetabólica/hipercatabólica?
- Estado geral? Ativo? Prostrado?
II. Desnutrição
- Aumento da demanda, aumento da perda, Exame físico
diminuição da ingesta => Desnutrição - Determinar IMC
- Diminuição da síntese de anticorpos e da função - Estimar o tecido adiposo (prega triciptal)
linfocitária => Infecção - Circunferência do braço
- Diminuição da cicatrização e debilidade da - Estimar massa muscular do braço:
musculatura CMB(cm) = CB(cm) - 0,314 X PCT(mm)
- O grau e a modalidade de desnutrição dependem: - Avaliar se tem edema ou ascite
- Do estado nutricional prévio - Avaliar presença de sinais carenciais de pele e
- Do aporte calórico mucosa
- Da presença de componentes associados
(traumatismos físicos, hemorragias, infecções) História e Exame físico: classificação
1. Paciente nutrido
2. Provavelmente desnutrido ou alto risco de
desnutrição
3. Pacientes desnutridos

Avaliação objetiva (condições 2 e 3)


- Antropometria (massa gordurosa - pregas
cutâneas)
- Massa muscular (circunferências musculares)
- Função (dinamometria da mão)
- Exames Laboratoriais
- Proteínas viscerais (albumina, pré-albumina,
- Aumento da demanda, aumento da perda, transferrina)
diminuição da ingesta => graus variados de - Imunidade celular: testes cutâneos (tricofitina,
desnutrição (Blackburn) varidase, caxumba, PPD) e contagem de linfócitos
-Desnutrição proteico-calórica – marasmo (perda - Índice creatinina/altura – (creatinina urinária de
de peso acentuada antes que suas perdas proteicas 24h): ♂ = 23mg/Kg e ♀ = 18mg/Kg (peso ideal)
representem risco de vida) - Balanço nitrogenado (BN = Ningerido – Nexcretado)
- Desnutrição proteica – Kwashiorkor (mantém Ningerido = Proteínas(g) ÷ 6,25
aporte calórico sem reposição de aminoácidos – Nexcretado = [Uréia(g)] urina de 24h . 0,46 + 4(g)
desnutridos de peso normal, com aparência de
nutrido) IV. Plano Nutricional
- Necessário avaliação nutricional - Quando? (pré e/ou pós-operatório)
- Quanto? (calorias, proteínas, vitaminas,
III. Avaliação Nutricional eletrólitos)
- Avaliação clínica - ASEN (Avaliação Subjetiva do - Por Onde? (enteral? parenteral?)
Estado Nutricional): história e exame físico
- Avaliação objetiva: antropometria e laboratório
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Conduta Nutricional no Pré-operatório 35 Kcal/Kg/dia - estresse grave (sepses, trauma,
- Diminuição dos índices de morbidade e pancreatite, queimado)
mortalidade *Calorias fornecidas por carboidratos (70%) e
- Amplamente aceita, exceto na urgência do ato gorduras (30%)
operatório - Gasto Energético de Repouso (GER) – Harris
- Parâmetros Benedict e fator de correção para o grau de
Peso - perda de peso (>30%) estresse
Albumina sérica (< 2,5mg%)
Teste imunológico (anergia) Mulher = 65,5+9,7.peso(Kg) + 1,8.Altura(cm) - 4,7.Idade(anos)
Homem = 66 + 13,7.peso(Kg) + 5.Altura(cm) – 6,8.Idade(anos)
- Terapêutica Nutricional adequada (enteral /
parenteral)
Fator de correção:
Conduta Nutricional no Pós-operatório - cirurgia eletiva, infecção leve, pneumonia, AVC =>
1,2 - 1,3.GER
- Expectativa de realimentação
- infecção grave, pós operatório complicado => 1,4 -
- precoce (até 5 dias) – 100g glicose/dia (evitar
a cetose, diminuir catabolismo proteico) 1,5.GER
- Estado nutricional prévio e suporte nutricional pré - SIRS, trauma, queimado, pancreatite => 1,6 -
1,7.GER
- Complicações pós-operatória (fístulas/infecções)

Estimativa das necessidades nutricionais - Cálculo das necessidades de proteínas


- Peso corporal Estimativa inicial pela condição clínica
- Manutenção, sem estresse: 0.8 – 1g/Kg/dia
*Peso atual = Peso do Paciente – Edema
- Estresse leve a moderado: 1,2 – 1,5g/Kg/dia
+ = tornozelo: – 1 Kg / ++ = joelho: – 3-4Kg
- Estresse grave: 1,5 – 2,0g/Kg/dia
+++ = coxa: – 5-6Kg / ++++ = anasarca: – 10-12Kg
*Peso ideal = IMC x A2 (A = altura)
Cal/N (caloria/gramas de nitrogênio) = 150/1 –
*Peso ajustado (para pacientes obesos > 125% do
nutrição parenteral total
peso ideal)
peso ajustado = (peso atual – peso ideal) . 0,25 + peso ideal
Ajuste do aporte de proteínas – Balanço
- Grupo de pacientes Nitrogenado: BN = N ingerido – N excretado
- Estresse leve = Operações eletivas, infecções N ingerido = Proteínas(g) ÷ 6,25
leve; N excretado = [Uréia(g)] urina de 24h . 0,46 + 4(g)
- Estresse Moderado = Infecções grave, pós-
operatório complicado; - Cálculo das necessidades de carboidratos
- Estresse Grave = Sepses, pancreatite, grande - 100 – 150g de glicose/dia - necessidade mínima
queimado, trauma grave. (SNC, tecido de reparação, hemácias e
leucócitos)
- Os requerimentos de nutrientes dependem: - 1g por via enteral = 4 Kcal; via parenteral = 3,4
- Objetivo nutricional: recuperação ou Kcal
manutenção do estado nutricional - 70% das calorias não proteicas
- Tolerância individual dos aportes – os aportes - Cal total ÷ 4 . 0,7 = Xg de glicose (quando
podem ser limitados em proteínas (insuficiência administrar gordura)
renal / hepática), carboidratos (diabéticos) ou - Cal total ÷ 4 = Xg de glicose ( quando não
lipídeos (dislipidemias) administrar gordura)
- Taxa de infusão: 4 - 5 mg/Kg/min; não exceder
- Cálculo das necessidades calóricas totais a 7mg/Kg/min
25 Kcal/Kg/dia - estresse leve (infecção leve,
cirurgia eletiva)
30 Kcal/Kg/dia - estresse moderado (inf. grave,
pós-operatório complicado)
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- Cálculo das necessidades de gorduras
- 20 – 30% das calorias
- 1g = 9 Kcal – fonte energética por excelência
(componentes essenciais das membranas
celulares; resposta inflamatória)
- Regimes nutricionais sem lipídeos => deficiência
de ácidos graxos essenciais => síndrome clínica
característica (dermatite, perda de cabelo e
retardo no processo cicatricial)
- Suplementação 1 a 2 vezes por semana é - Vias de administração
suficiente para evitar a síndrome (500ml de - Se a função gastrointestinal está preservada:
emulsão 10% de gordura). via oral - 70% do requerimento: otimizar com
- Suplementação diária é necessária: intolerância suplementos (ex. ensure)
à glicose, estresse grave, NP periférica - Dieta enteral por sonda
- Na suplementação diária administra-se 0,5 – - Sonda 8 - 12 F (estômago, duodeno ou jejuno)
1,0g/Kg/dia de lipídeos sob a forma de emulsão a - Transposição do piloro essencial - risco de
10% ou 20% broncoaspiração
- Jejuno em caso de pancreatite
- Cálculo das necessidades de água - No pós-operatório pode ser enteral -
- O requerimento básico de água do adulto é de jejunostomia
30 – 40ml/Kg/dia
- Criança: 100ml/Kg nos primeiros 10 Kg, 50ml/Kg - Parenteral: suplementar de alguns nutrientes;
para os próximos 10Kg e 20ml/Kg para cada quilo completa por via periférica ou central
de peso adicional. - Parenteral periférica: em pacientes sem
- Perdas extras por sonda nasogástrica, diarreia, grandes demandas nutricionais; quando o suporte
sudorese excessiva devem ser medidas ou se fará no máximo por 10 dias
estimadas e acrescidas ao requerimento básico. - Enteral X Parenteral
- Enteral menor custo
- Cálculo de eletrólitos e micronutrientes - Enteral mantém barreira mucosa
- Enteral melhor efeito sobre o sistema imune
- Podem ser complementares

V. Nutrição Parenteral Total


- Stanley Dudrick (anos 70): “Não podem, não
devem, não conseguem, não querem comer ou
apresentam necessidades metabólicas especiais.”
- Via enteral não pode ser usada
- Via enteral isolada é insuficiente
- Fornece provisão adequada: calorias, proteínas,
eletrólitos e vitaminas
- Indicação: desnutrição; fístulas digestivas;
ressecções intestinais amplas; síndrome de má
absorção; diarréia crônica; doença de Crohn;
retocolite ulcerativa; diverticulite; malformações
congênitas; vômitos; obstrução gastrintestinal;
pancreatite; coma hepático; anorexia nervosa;
estados hipermetabólicos; queimaduras; trauma
com complicações; tumores malignos; insuficiência
renal.
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Preparo das soluções - Glicemia capilar diariamente
- aa10% + Glicose 50% proporção 1:1 - Na+, K+, pH, pCO2, a cada 3 dias
- Solução final - 25% de glicose e 5% proteínas (aa) - Hemograma, TAP, uréia, creatinina, Ca+2, PO4-3
- aa contém sorbitol - 4Kcal/g semanalmente
- 1L de solução = 1200kcal (cal:N = 150:1)
- Eletrólitos e micronutrientes são aditivados à Complicações
solução
- Preparadas em locais pré-estabelecidos
(asséptico)
- Vitaminas: de preferência não aditivar

Administração de vitaminas e ácidos graxos

VI. Nutrição Enteral


- Utilizar sempre que possível
- Problemas da via oral: nem sempre ingere a
quantidade prescrita; hábito alimentar no hospital
diferente; psíquico; procedimentos diagnósticos;
anorexia ligada a doença base; alterações
Modo de infusão neurológicas
- 35 a 50 mL/kg/dia - dependendo da necessidade - Sondas enterais (estômago, duodeno ou jejuno)
- Administração em veias do sistema venoso central
- Velocidade uniforme nas 24 horas (bomba de Contraindicações
infusão) - Instabilidade hemodinâmica
- Iniciar com 500 a 1000 mL de solução/dia - Obstrução intestinal
- Na hiperglicemia acrescentar insulina - Peritonite severa
- Na suspensão, continuar com glicose a 10%/24h - Anastomose gastrintestinal recente
- Sangramento digestivo maciço
Controle do paciente
- Acompanhamento rigoroso nas 48-72 h iniciais Seleção das formulações enterais
- Controle de peso diário - Estado nutricional do paciente: necessidades de
- Rigoroso balanço hídrico calorias, proteínas, líquidos e eletrólitos; restrições
- Resultado esperado BN + de 5 a 7g de N/dia (ganho causadas pela doença de base.
de 200g de massa proteica/dia) - Deve se analisar a densidade calórica,
- Não sobrepor aporte de glicose > 7mg/Kg de osmolaridade, conteúdo dos macronutrientes,
peso/min vitaminas e eletrólitos
- Controlar glicemia < 200 mg/dL
- Exames iniciais (antes de iniciar) Características das formulações enterais
- Hemograma completo, Na+, K+, Ca+2, PO4-3, Mg+2, - Artesanais ou naturais – preparados com alimentos
pH, pCO2 “in natura”, ou industrializados totalmente na sala
- Glicemia, uréia, creatinina, proteínas totais e de manipulação de NE;
frações - Industrializada ou quimicamente definida –
- Tempo de protrombina, bilirrubinas, TGO, TGP, preparada pela indústria farmacêutica (pó ou
- Fosfatase alcalina líquida)
- Exames (período de estabilização) - Poliméricas – nutrientes na sua forma intacta,
- Glicemia capilar a cada 6 horas, nas 24-48 horas resultado em uma solução de baixa osmolaridade e
- Na+, K+, pH, pCO2, diariamente menor custo. Com ou sem sacarose e/ou lactose.
- Ca+2, PO4-3 a cada 3 dias Densidade calórica e 1,0 Kcal/ml. Em pacientes com
- Exames (após estabilização)
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IR, IH, IP, podem sofrer acréscimo, diminuição ou
modificações em seus nutrientes.
- Oligoméricas ou com proteínas hidrolisadas – Os
nutrientes estão numa forma mais simples ou
hidrolisados como oligossacarídeos e
oligopeptídeos. Requer menor digestão.
- Elementares ou monoméricas – constituídas de
aminoácidos, açucares simples, ácidos graxos
essenciais, vitaminas e minerais.

Complicações

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