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Diegese

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Diegese é um conceito de narratologia, estudos literários, dramatúrgicos e


de cinema que diz respeito à dimensão ficcional de uma narrativa. A diegese é
a realidade própria da narrativa ("mundo ficcional", "vida fictícia"), à parte da
realidade externa de quem lê (o chamado "mundo real" ou "vida real").
O tempo diegético e o espaço diegético são, assim, o tempo e o espaço que
decorrem ou existem dentro da trama, com suas particularidades, limites e
coerências determinadas pelo autor.

No cinema e em outros produtos audiovisuais, diz-se que algo é diegético


quando ocorre dentro da ação narrativa ficcional do próprio filme. Por exemplo,
uma música de trilha sonora incidental que acompanha uma cena faz parte do
filme mas é externa à diegese, pois não está inserida no contexto da ação. Já a
música que toca se um personagem está escutando rádio é diegética, pois está
dentro do contexto ficcional.

O termo "diegese" é de origem grega e foi divulgado


pelos estruturalistas franceses para designar o conjunto de acções que formam
uma história narrada segundo certos princípios cronológicos. O termo já
aparece em Platão (República, Livro III) como simples relato de uma história
pelas palavras do próprio relator (que não incluía o diálogo), por oposição a
mimesis ou imitação dessa história recorrendo ao relato de personagens. Por
outras palavras, o sentido da oposição que Sócrates estabelece entre diegese
e mímese corresponde, respectivamente, à situação em que o poeta é
o locutor que assume a sua própria identidade e à situação em que o poeta cria
a ilusão de não ser ele o locutor. De notar que a teoria de Sócrates diz respeito
à diferença entre o drama (que é sempre mímese) e o ditirambo (que é sempre
diegesis), salvaguardando-se a natureza da épica (que é ambas as coisas).
Divergindo desta oposição clássica, a partir dos estudos da narrativa
cinematográfica de Étienne Souriau (que chamava diegese àquilo que os
formalistas russos já haviam chamado de fábula) aplicados por Gérard
Genette à narrativa literária, considera-se diegese o conjunto de
acontecimentos narrados numa determinada dimensão espaço-temporal
("l'univers spatio-temporel désigné par le récit"), aproximando-se, neste caso,
do conceito de história ou intriga. Não se confunde com o relato ou o discurso
do narrador nem com a narração propriamente dita, uma vez que esta constitui
o "acto narrativo" que produz o relato.

Referências bibliográficas

 BRANDT, Per Aage: "La diegesis", in Prada Oropeza Renato. Linguistica y


literatura (Xalapa, México: Univ. Veracruzana, 1978).
 GENETTE, G.: Figures III (1972); id.: Nouveau discours du récit (1983).
 JOFRE, Manuel Alcides: "Analisis textual de la diegesis", Alpha: Revista de
Artes, Letras y Filosofia, 3 (1987).
 LODGE, David: "Mimesis and Diegesis in Modern Fiction", in Essentials of
the Theory of Fiction, org. por Michael J. Hoffman e Patrick D. Murphy (2ª.
edição, 1996).
 SOURIAU, Étienne (org.): L'Univers filmique (1953).

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