Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

COLEGIADO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO

PROFESSOR: Nilton de Almeida Araújo

ALUNO: Demétrio Cardoso da Silva

RESUMO

MENDONCA, Sonia Regina. O Ruralismo Brasileiro: 1888-1931. Capítulos II e V.


Editora Hucitec, São Paulo, 1997.

No segundo Capítulo, sob o título: “Conservar, Ampliando e Aumentando” – a autora


faz uma profunda análise em torno da associação de classe que se constituiu, por
excelência, como representação do movimento ruralista, a se destacar a Sociedade
Nacional de Agricultura (SNS). O estudo da autora, a partir da escolha dessa entidade
tem como justificativa, tem sua abrangência em nível nacional, pontificando o
ruralismo do Brasil, numa contraposição às associações paulistas que representavam
especialmente os interesses dos exportadores de café, apesar de se intitulares como
entidades nacionais, a exemplo da Sociedade Rural Brasileira. Numa iniciativa
pioneira, autora faz um trabalho onde ressalta, durante todo o seu estudo, a formação
do Estado republicano na sua concepção de construção e dinâmica de funcionamento.
Mendonça tece uma reflexão, no decorrer de todo o capítulo, fazendo-se autêntica na
eficácia de sua ação metodológica, como pioneira, apresentando um histórico em torno
do surgimento e do desenvolvimento da Sociedade Nacional de Agricultura, onde
procura mostrar como se constituiu a base social da SNA e como a entidade residia em
setores agrários vinculados aos mercados internos do País, marcadamente na
representatividade das regiões Norte, Nordeste e Sul do País. Segundo a autora, essa
base social refletia-se tanto na composição social das diretorias da Sociedade Nacional
de Agricultura, quanto nas bandeiras defendidas pela associação, principalmente no
que estava sedimentado nas suas ações como entidade representativa. A
representatividade daquela entidade é justificada pela autora em função de seu caráter
nacional, do seu pioneirismo na conjuntura e de sua efetiva expressão política. Dessa
análise emerge a representatividade e o peso político de uma entidade que logrou êxito
em ampliar o nível de associativismo entre frações da classe dominante proprietária,
em quase todo o território nacional, tendo como bandeiras a diversificação e
modernização da agricultura e a difusão da pequena propriedade como estratégia de
fixação do homem ao campo, além da bem sucedida pressão pela criação de agências
do aparelho de Estado com as quaisesses segmentos pudessem estabelecer canais mais
diretos de relacionamento, o que se concretiza em 1909 com a criação do Ministério da
Agricultura Indústria e Comércio.

No quinto Capítulo, sob o título “Ceres e a Política”, a autora procura mostrar como o
movimento ruralista teve ressonância no espaço de governo, mais especificamente
como um movimento ruralista que se inscreveu no âmbito da sociedade política
daquele momento histórico, o papel da SNA na criação e gestão do ministério e as
políticas por ele formuladas e geradas. No capítulo, Sonia Mendonça demonstra com
clareza os conflitos de interesses das diferentes frações da classe dominante no interior
do aparelho de Estado, na disputa pela formulação das políticas públicas e na definição
das agências capazes de implementá-las. A autora coloca no centro como objeto de
estudo a história de constituição do MAIC, por que, segundo ela, este ramo do
aparelho estatal brasileiro constitui-se no lócus dos interesses das frações agrárias
nacionais dominantes, porém não hegemônicas, que siginificavam aquelas frações
desvinculadas do complexo cafeeiro paulista. No decurso do capítulo, a autora analisa
um momento importante no processo de constituição da chamada hegemonia durante a
Primeira República, na medida em que a criação e consolidação do MAIC contribuiu
para a sedimentação de uma ideologia do bloco dominante no poder. Ela constrói seus
argumentos através de um estudo da gênese do MAIC e da composição de seus
quadros. A autora procura mostrar que os interesses que se amontoavam por detrás
daquele processo são os mesmos da representação, digo melhor, aqueles representados
pela Sociedade Nacional de Agricultura, totalmente enfronhados no eixo que ligava o
Rio de Janeiro, Sul e Nordeste do País.

Você também pode gostar