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CANDOMBLÉ

RELIGIÃO E SEITA — A ESTRUTURA ESPACIAL

O TERREIRO

Candomblé1 é uma estrutura de culto às forças da natureza, à um hino


à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos Orixás2,
nos elementos sacramentais. Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados
na sua forma pública, o Candomblé é sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos
filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (Ogan)3, que entoam os cantos sagra dos
possibilitando a vinda do , com a participação da comunidade dos mais velhos às
criancinhas. Todos cantam e saúdam os Orixás, executam a dança sagrada, num hino à
Alegria, Amor e Partilha.
O Candomblé expressa-se nos terreiros ou roças, onde se cultuam os
Orixás e os ancestrais ilustres. O terreiro contém dois espaços, com características e
funções diferentes: (a) um espaço urbano, construído, onde se dá a dança; (b) um espaço
virgem (árvores e uma fonte, equivalentes à floresta africana), que é considerado
sagrado. O chefe supremo do terreiro é o Babalorixá4 ou Iyalorixá5 (pai ou mãe). Eles

1
CANDOMBLÉ — é uma estrutura de culto às forças da natureza, à um hino, à vida como Eterno
Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos ORIXÁS, nos elementos sacramentais.
Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é
sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos Filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque
(OGAN), que entoam os cantos sagra dos possibilitando a vinda do, com a participação da
comunidade dos mais velhos às criancinhas. Todos cantam e saúdam os ORIXÁS, executam a dança
sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha. A palavra Candomblé possui dois significados entre
os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de "Candonbé", um tipo de atabaque
usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de "Candonbidé", que quer dizer "ato de louvar,
pedir por alguém ou por alguma coisa".
2
ORIXÁ — do original ÒRÌSÀ — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam ancestrais
míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses ou divindades do
Candomblé. A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em
Iorubá “cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza.
No Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de
Olorum”.
3
OGAN — do original ÒGÁ — pronúncia correta OGÃ deveria ser OGÁ, grifo nosso) — homem
que não entra em transe, iniciado para tocar os atabaques, fazer sacrifícios ou cuidar dos
assentamentos rituais dos Orixás; grande autoridade dentro do terreiro. O Ogan é uma pessoa
escolhida diretamente pelo Òrìsà para exercer a função. Após ser iniciado é denominado Ogan
“confirmado”, passando a ter direito à sua cadeira. A palavra vem do yorubá Ògá, significando
mestre e senhor.
4
BABALORIXÁ — do original BABALORISÁ — sacerdote do Candomblé; pai (no culto de)
Orixá; dirigente masculino. Para uns, Babalaô e Babalorixá são diferentes. Para uns, Babalaô é o
Senhor predestinado à adivinhação e o Babalorixá é predestinado ao meridilogun, ou seja, Senhor
do Segredo dos Orixás; logo, são diferentes (grifo, nosso).
são detentores de um poder sobrenatural — o Axé6, a força propulsora de todo
Universo. O Axé impulsiona a prática sagrada que, por sua vez, realimenta o Axé,
pondo todo sistema em movimento. O Axé sendo principio e força é neutro. Transmite-
se, aplica-se e combina-se aos elementos naturais, que contém e expressam o Axé do
terreiro, que pode ser: (a) o Axé de cada, realimentado através das oferendas e do ritual;
(b) o Axé de cada membro do terreiro, somado ao do seu , recebido na iniciação, mais o
Axé do seu destino individual (Odu)7 e o herdado dos próprios ancestrais; (c) o Axé dos
antepassados ilustres. O Axé como força pode diminuir ou aumentar dependendo da
prática litúrgica e rigorosa observância dos deveres e obrigações. A força do Axé é
contida e transmitida através de elementos representativos do reino vegetal, animal e
mineral (oferendas) e podem ser agrupados em três categorias: (a) sangue vermelho do
reino animal (sangue), vegetal (azeite de dendê) e mineral (cobre); (b) sangue branco do
reino animal (sêmem, a saliva), vegetal (seiva), mineral (giz); (c) sangue preto do reino
animal (cinzas de animais), vegetal (sumo escuro de certos vegetais) e mineral (carvão,
ferro). Estes três tipos de sangue, por onde veicula o Axé, com sua coloração, vai
determinar a fundamental importância da cor no culto. Resumindo: o Axé é, portanto,
um poder que se recebe, partilha-se e distribuí-se através da prática ritual, da
experiência mística e iniciática, conceitos e elementos simbólicos servindo de veículo. É
a força do Axé que permite que o venha e realize-se.
A existência transcorre em dois planos: o Aiyé8 (mundo, habitação do
homem) e o Orun9 (além, habitação dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que
coexiste com todos os conteúdos deste). Cada indivíduo, árvore, animal, cidade, etc,
possui um duplo espiritual e abstrato no Orun. Os mitos revelam que em épocas
remotas, o Aiyé e o Orun estavam ligados, e os homens podiam ir e vir livremente de
um local a outro. Houve, porém, a violação de uma interdição e a conseqüente
separação e o desdobramento da existência. Um mito da criação nos conta que nos
primórdios, nada existia além do ar. Quando Olorun10 começou a respirar, uma parte do
ar transformou-se em massa de água, originando Orixalá11 — o grande Orixá Funfun12
5
IYALORIXÁ — ou IALORIXÁ — do original ÌYÁLÓRÌSÀ — sacerdotisa do Candomblé; mãe
(no culto de) Orixá. Dirigente Feminina.
6
AXÉ — do original ÀSE — é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas que a
natureza produz; grande frente de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos ritos
que se processam nos Candomblés. Axé significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que isto
aconteça”. É uma palavra sagrada tão importante quanto Amém, Assim Seja, Aleluia e tantas
outras.
7
ODU — pronúncia ODÚ — caminho, destino.
8
ÀIYÉ — pronúncia correta AIÊ — de acordo com o Candomblé, o universo está dividido em duas
dimensões: o aiyé corresponde ao mundo físico, ou seja o mundo dos homens.
9
ORUN — do original ÒRUN — pronúncia ÔRUN — o outro plano do universo, o mundo dos
deuses. Além, habitação dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os
conteúdos deste.
10
OLORUN — pronúncia ÓLÓRUN — o Deus Supremo. O mesmo que Olódùmarè. — segundo
dizem é um título conferido a Olodumaré e que quer dizer “O Rei do Céu — Sua habitação é o Céu,
como majestade única e incomparável”.
11
ORIXALÁ — do original ÒRÌSÀLÁ — o grande Orixá Funfun, Orixá do branco. O mesmo que
Oxalá. Segundo dizem é uma qualidade de Oxalá do meio-dia.
12
FUNFUN — branco.
do branco. O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles transformou-se
em bolha ou montículo uma matéria dotada de forma — um rochedo avermelhado e
lamacento. Olorun soprou vida sobre ele e com seu hálito deu a vida a Exu13, o primeiro
nascido, o procriado, o primogênito do Universo.
Olorun abrange todo espaço e detém três poderes que regulam e
mantém ativos a existência e o Universo: Iwá14, que permite o Universo genérico o ar, a
respiração; Axé, que permite a existência advir dinâmica; Abá15, que outorga propósito
e dá direção. Ou como diz o poeta Moraes Moreira em "Pensamento Iorubá16”:

“Para tudo ser tem que ter IWA


Para vir a ser tem que ter AXÉ
Para o sempre ser tem que ter ABÁ”.

Ao combinar esses três poderes de forma específica, Olorun


transmite-os aos Irunmalé17, entidades divinas que remontamos primórdios de universo,
encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. Os Irunmalé seriam
em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes
masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras)18, detentores dos poderes femininos).
Vimos que quando Olorun começou a respirar, gerou Orixalá e Exu, o
procriado. Na qualidade de procriado, Exu não pode ser isolado nem classificado em
qualquer categoria. Minha homenagem ao meu BARA19! Nestes escritos sobre os
Orixás, Exu com seu perfil psicológico e o tipo determinante dos seus filhos, abrirão os
caminhos sendo o primeiro a ser evocado.
13
EXU — do original ÈSÙ — pronúncia correta ÊXÚ — o primeiro Orixá a ser cultuado em
qualquer ocasião.
14
IWÁ — pronúncia? — um dos poderes usados por Olorun para regular e manter ativo a
existência e o Universo. O IWÁ permite o Universo genérico o ar, a respiração.
15
ABÁ — um dos poderes usados por Olorun para regular e manter ativo a existência e o Universo.
O ABÁ que outorga propósito e dá direção.
16
IORUBÁ — ou YORUBÁ — do original YORÙBÁ — etnia predominante na região da Nigéria.
17
IRUNMALÉ — do original IRÚNMÀLÈ — entidades divinas que remontamos primórdios do
universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. Os Irunmalé seriam em
número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás, detentores dos poderes masculinos) e
duzentos da esquerda (os Eboras, detentores dos poderes femininos). Segundo outro autor, os
Irunmalé seriam os quatrocentos deuses da esquerda (e não da direita, como vimos acima, grifo
nosso) que, após a destruição do Igbá Imolé foram conduzidos por Ogum. Segundo outros autores,
ainda, com suas variantes Imalè e Imolè, a denominação dada às divindades nos textos de Ifá. Sua
origem está conectada com as divindades ou espíritos específicos da Terra, uma categoria diferente
da de Òrìsà.
18
EBORA — do original EBORA — pronúncia correta EBORÁ ? — Os Irunmilá são entidades
divinas que remontamos primórdios do universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas
de seu domínio. Os Irunmalé seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os Orixás,
detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os Eboras, detentores dos poderes
femininos). Segundo outro autor, os Irunmalé seriam os quatrocentos deuses da esquerda (e não da
direita, como vimos acima, grifo nosso) que, após a destruição do Igbá Imolé foram conduzidos por
Ogum.
19
BARA — do original BÁRA — pronúncia correta BÁRÁ ? — significa “no corpo”, ou seja, preso
a ele. Refere-se a Exu.
Os Orixás — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam
ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Cada
Indivíduo tem um principal que é o "dono da cabeça", e outros três que exigem
cultuação e que também oferecem proteção. A tradição afirma que cada ser humano, no
momento em que é criado, escolhe livremente sua cabeça (Ori)20 e seu destino (Odu).
Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte
divina à situada dentro da cabeça. A substância de origem divina (Ipori)21 torna
manifesta a filiação a um deus especifico — o Eledá22, por isso chamado o dono da
cabeça. Conhecer seu Eledá possibilita ao homem ser artífice de seu próprio destino,
cumprindo as obrigações ou interdições que seu Eledá determina. Saber manipular tais
influências eqüivale ao conhecimento do horóscopo natal com as melhoras de vida, que
se pode obter sabendo ouvir os astros. O "dono da cabeça" (Eledá) determina o tipo
psicológico de seu filho e responde, também, por suas características físicas e seu
destino. Tradicionalmente, sabe-se qual o da cabeça, pela leitura de búzios Orixá-forma
divinatória na qual se lê o Odu. Para isso, usa-se búzio africano (Cauri)23 previamente
preparado para esse fim. Voltaremos, após uma visão geral da estrutura do Candomblé
aos Orixás e tipos psicológicos.

Os praticantes do Candomblé ainda costumam se definir como


praticantes de uma seita e não religião.
Os integrantes do Candomblé do grupo yorubá24, definem a prática
religiosa como um conjunto de crenças — Ìgbàgbó25 —, obrigações — Orò26, e práticas
— Ìlò27, através das quais se reconhece o mundo divino — Òrun28 — cumprem-se seus
preceitos — Rúbo29 —, e pedem seus favores — Àse30. Como todas as religiões, se
baseiam na crença de divindades subalternas — Òrìsà31—, e na fé de um Ser Supremo
20
ORI — pronúncia ORI — cabeça, manteiga vegetal.
21
IPORI — Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte
divina está situada dentro da cabeça e chama-se IPORI.
22
ELEDÁ — do original ELEDÁ — Orixá dono da cabeça, ou seja, “o dono da cabeça”. Segundo
Beniste é um título atribuído a Oxalá e que quer dizer “O criador”.
23
CAURI — búzio africano, com o qual se faz “O Jogo de Búzios”.
24
YORUBÁ — ou IORUBÁ — do original YORÙBÁ — etnia predominante na região da Nigéria.
25
ÌGBÀGBÒ — pronúncia correta IBÁBÓ ? — conjunto de crenças com a qual os integrantes do
Candomblé do grupo Yorubá definen a prática religiosa.
26
ORÒ — pronúncia correta ÔRÔ — obrigações. Consagração, sacrifício, ritual.
27
ÌLÒ — pronúncia correta ÍLÔ ? — práticas através das quais se reconhece o mundo divino: o
ORUN.
28
ÒRUN — pronúncia ÔRUN — o outro plano do universo, o mundo dos deuses. Além, habitação
dos Orixás, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste.
29
RÚBO — pronúncia correta RUBÓ — preceitos do Candomblé.
30
ÀSE — pronúncia correta AXÉ — é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas
que a natureza produz; grande frente de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos
ritos que se processam nos Candomblés. Axé significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que
isto aconteça”. É uma palavra sagrada tão importante quanto Amém, Assim Seja, Aleluia e tantas
outras.
31
ÒRÌSÀ — pronúncia correta ÔRIXÁ — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam
ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses do Candomblé.
— Olórun —, na existência e sobrevivência da alma Èmí Kéhìn32, na reencarnação —
Àtunwa33, no mérito — Ìwà34 —, e no demérito — Enikeni35 — das ações humanas.
São verdades encontradas em qualquer religião.
O exercício dos atos da religião — Èsin36 — é determinado pelo
37
culto — Ìborìsà . Para expressar suas convicções criam-se os símbolos e insígnias —
Àmi (n)38 — como objeto de crença, aliados a cânticos — Orin39 — e danças — Ijó40
— como forma de demonstrar seus sentimentos. Esses símbolos, por analogia,
sintetizam histórias das divindades cultuadas e seus atributos, juntamente com outros
elementos extraídos da natureza. Relacionamos alguns deles:

Òkúta Òrìsà41 — pedras colhidas e devidamente selecionadas para compor os


assentamentos das divindades, mediante banhos de ervas,
sacrifícios e cânticos que irão produzir a energia necessária.

A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em Iorubá
“cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza. No
Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de
Olorum”. Segundo outros autores, Oxalá é considerado o pai de todos os Orixás; e foi ele que os
denominou Orixá. Este título de “pai”, neste caso, sugere a sua relação com as outras divindades no
caso de muitas delas terem sido emanadas dele. A fragmentação do de seu corpo, e posterior
recolhimento de todos os seus “pedaços” espalhados pela Terra, fez surgir a palavra Òrìsà, uma
contração da expressão “OHUN TI A RI SÀ”, o que foi achado e juntado, fazendo, assim, surgir as
demais divindades que foram denominadas Òrìsà.deuses Iorubás na África e no Novo Mundo —
seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses do
Candomblé. A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em
Iorubá “cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza.
No Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de
Olorum”. Segundo outros autores, Oxalá é considerado o pai de todos os Orixás; e foi ele que os
denominou Orixá. Este título de “pai”, neste caso, sugere a sua relação com as outras divindades no
caso de muitas delas terem sido emanadas dele. A fragmentação do de seu corpo, e posterior
recolhimento de todos os seus “pedaços” espalhados pela Terra, fez surgir a palavra Òrìsà, uma
contração da expressão “OHUN TI A RI SÀ”, o que foi achado e juntado, fazendo, assim, surgir as
demais divindades que foram denominadas Òrìsà.
32
ÈMÍ KÉHÌN — pronúncia correta ÉMÍ KÉHIN ? — existência e sobrevivência da alma.
33
ÀTUNWA — pronúncia correta ÁTÚNUÁ ? — reencarnação.
34
ÍWÀ — pronúncia correta ÍUÁ ? — mérito das ações humanas.
35
ENIKENI — pronúncia correta ÉNÍKÉNÍ ? — demérito das ações humanas.
36
ÈSIN — pronúncia correta ÉSSIN ? — é o exercício dos atos da religião.
37
ÌBORÌSÀ — pronúncia correta ÌBÓRÍXÁ — culto.
38
ÀMI (N) — pronúncia correta ÁMIN — símbolos e insígnias.
39
ORIN — pronúncia correta ÔRIN — cânticos.
40
IJÓ — pronúncia correta IJÔ ? — dança.
41
ÒKÚTA ÒRÌSÀ — pronúncia correta ÔKUTÁ ÔRIXÁ — são pedras colhidas e devidamente
selecionadas para compor os assentamentos das divindades, mediante banhos de ervas, sacrifícios e
cânticos que irão produzir a energia necessária.
Ìko42 — é a palha-da-costa, um tipo de ráfia extraída de uma palmeira africana — Igi
Ògòrò43, que, dentre as diversas finalidades, é utilizada na confecção do capuz
que cobre o corpo de Omolu44 para esconder suas doenças da pele e que é
denominado de Fìlà45.

Òfà46 — é a representação do arco e flecha, feito em metal, indicando funções


caçadoras das divindades que o têm como símbolo, como Òsóòsì47, Lógun48
e Iyewa49.

Ìrùkéré50 — literalmente, cauda pequena, feita dos pêlos do rabo do touro ou do boi,
utilizado por Yánsàn51, que o agita no sentido de afastar os maus
espíritos desencarnados. Um outro modelo denominado Ìrùesin52, feito
do rabo do cavalo, é mais comprido e utilizado por Òsóòsì, para afastar
os maus espíritos das florestas.
42
ÌKO — pronúncia correta ÍKÔ ? — é a palha-da-costa, um tipo de ráfia extraída de uma
palmeira africana — Igi Ògòrò, que, dentre as diversas finalidades, é utilizada na confecção do
capuz que cobre o corpo de Omolu para esconder suas doenças da pele e que é denominado de Fìlà.
43
IGI ÒGÒRÒ — palmeira africana .
44
OMOLU — pronúncia correta OMÓLÚ — Omolu é uma flexão dos termos: Omo= filho; Oluwô=
senhor. Omolu quer dizer "filho e senhor”.
45
FILÁ — do original FÌLÀ — capuz que cobre o corpo de Omolu para esconder suas doenças da
pele; ou seja, cobertura feita de Ìko, a palha-da-costa que cobre o rosto de Omolu. Também chama-
se FÌLÀ o boné branco usado pelos Ogans confirmados, símbolo de sua posição. Também chamado
de Àketè. Essa cobertura (ou capuz) também é chamado de AZE, nos Candomblés Jeje).
46
ÒFÀ — pronúncia correta ÓFÁ — é a representação do arco e flecha, feito em metal, indicando
funções caçadoras das divindades que o têm como símbolo, como Òsóòsì, Lógun e Iyewa. E, segundo
alguns autores, também, Obá.
47
ÒSÓÒSÌ — pronúncia correta OXÓSSI — Oxóssi vem de Oxo: caçador; Ossi: noturno). Orixá
da caça e da alimentação, o rei de Kêtu.
48
LÓGUN — do original LÓGUN ÈDE ou LÓGUNÈDE — pronúncia correta LÔGUN EDÉ —
Orixá das águas doces e da floresta; filho de Oxum e Oxóssi. Logun quer dizer “príncipe
aclamado”.
49
IYEWA — também chamada EWÁ — pronúncia correta IEUÁ — Orixás das constelações e do
céu cor-de-rosa.
50
ÌRÙKÈRÉ — ou ÉRÙKÈRÈ — pronúncia correta ÊRÚKÊRÊ — insígnia de Oxóssi. Símbolo da
realeza. Grifo nosso: segundo alguns autores o Èrukèrè ou Ìrukèrè é o símbolo de Iansã; o de
Oxóssi é diferente, pois é mais longo e chama-se Ìrùesin. Segundo outros autores, ainda, é um
Símbolo também de Ewá.
51
YÁNSÀN — pronúncia correta IANSÃ — Orixá das tempestades. Rainha dos raios, ciclones,
furacões, tufões e vendavais. Orixá do fogo.
52
ÌRÙESIN — ou ÈRÙESIN — pronúncia correta ÊRÚÊXIN — instrumento de Iansã feito com
rabo de cavalo com o qual controla os Eguns.
Em outra pesquisa, diz que o instrumento de Iansã é o Ìrùkéré ou Èrùkéré e o de Oxóssi o Ìrùesin
ou Èrùesin. Ìrùkéré: literalmente, cauda pequena, feita dos pêlos do rabo do touro ou do boi, que,
segundo alguns, é utilizado por Yánsàn, que o agita no sentido de afastar os maus espíritos
desencarnados. Um outro modelo denominado Ìrùesin, feito do rabo do cavalo, é mais comprido e
utilizado por Òsóòsì, para afastar os maus espíritos das florestas. Ìrùesin: um cetro feito de longos
fios da cauda do touro ou cavalo presos num pedaço de couro e que serve para controlar os espíritos
das matas quando agitado. É um símbolo da realeza, ainda usado pelos reis tribais da Nigéria.
Ìdá ou Adá53 — alfanje feito de metal, usado pelas divindades com características
guerreiras, como Ògún54 e Yánsán.

Osé55 — símbolo de Sàngó56, representação de um machado com corte duplo, numa


indicação das diferentes e imprevisíveis direções que os raios tomam no
espaço.

Bílala57 — pequeno chicote feito de tiras de couro com que Ibúalámo(n)58, bate em seu
corpo, mostrando as peles de couro que são de animais selvagens, e não de
animais domésticos com que está paramentado.

Iba59 — miniaturas de pequenos símbolos, como pente, colher, coração, peixe, facão,
ave, etc. presos numa corrente dourada ou de ouro, que faz parte do
assentamento de Òsun60, como forma de ativar suas energias.

Esses e outros símbolos reunidos sob uma idéia religiosa constituem


o rito — Òrò61 —, que por sua vez se agrupa numa série de cerimônias, constituindo a
liturgia do grupo. Essas práticas religiosas podem ser assim resumidas:

53
ÌDÁ — ou ADÁ — alfanje feito de metal, usado pelas divindades com características guerreiras,
como Ògún e Yánsán. Iemanjá também usa o Adá (acredito, grifo nosso, que seja a Iemanjá
guerreira “ogunté” que use o Adá). O Adá de Iemanjá é em metal branco. Segundo alguns autores,
é também um Símbolo de Ewá e Obá.
54
ÒGÚN — pronúncia correta ÔGUM — Gum: guerra — Orixá guerreiro da tecnologia e da
metalurgia. Também nome de um rio que cruza Abeokutá, no Novo Mundo e que segundo a lenda,
é o rio da Deusa Yemanjá.
55
OSÉ — pronúncia correta ÓXÊ — símbolo de Sàngó, representação de um machado com corte
duplo, numa indicação das diferentes e imprevisíveis direções que os raios tomam no espaço; ou
seja, a dupla machadinha que representa o raio e que pode ser em madeira ou bronze-metal — pela
cor avermelhada, é consagrado a ele.
56
SÀNGÓ — pronúncia correta XANGÔ — Orixá da justiça, do poder e do trovão. Rei de Oió.
Xangô significa “aquele que se destaca pela força e revela seus segredos”.
57
BÍLALA — do original ? — pronúncia correta BÍLÁLÁ ? — pequeno chicote feito de tiras de
couro com que Ibúalámo(n), bate em seu corpo, mostrando as peles de couro que são de animais
selvagens, e não de animais domésticos com que está paramentado.
58
IBÚALÁMO(N) — pronúncia correta IBUALÁMON; pois alguns pronunciam e escrevem
IBUALAMA ou IBUALAMO, grifo nosso — Segundo alguns, o mesmo que ENRINLÈ e o mesmo
que Inlé (do original INLÈ) e, também conhecido como Age. Qualidade de Oxóssi. O caçador de
elefantes, cultuado nos locais mais profundos dos rios (ibú).
59
IBA — do original ? pronúncia correta IBÁ — miniaturas de pequenos símbolos, como pente,
colher, coração, peixe, facão, ave, etc. presos numa corrente dourada ou de ouro, que faz parte do
assentamento de Òsun, como forma de ativar suas energias.
60
ÒSUN — pronúncia correta OXUM — deusa das águas doces e cristalinas, do amor e da
fertilidade das mulheres.
61
ÒRÒ — pronúncia correta ÔRÔ ? — rito.
Igbèrè62 — iniciação.

Bori63 — oferenda à cabeça.

Ìpètè64 — festa de Òsun.

Ìpàdé65 — cerimônia de Èsù66.

Lórògun67 — encerramento.

Wé’wé68 — banho de ervas.

Sàsányìn69 — maceração de ervas.

Orò Odún70 — obrigação anual.

Odún’je71 — obrigação de 7 anos.

Olúbaje72 — festa de Omolu e Nàná73.

Pana(n)74 — quebra de kizilas

62
Igbèrè — pronúncia correta IBÊRÊ ? — iniciação.
63
BORI — do original BORI — pronúncia correta BÓRÍ ou BÔRÍ ? — A palavra vem de bo + ori:
adorar a cabeça; cerimônia através da qual a pessoa passa a ser consagrada aos Orixás. Oferenda à
cabeça. Ritual no qual é cultuado o ori (cabeça), o princípio da individualidade, considerado por
muitos sacerdotes como a grande iniciação. Bori significa “alimentar o Orí”, é uma cerimônia onde
nós homenageamos (alimentamos) um dos mais importantes Orixás. O Bori é feito em muitas
situações, tais como: antes de qualquer grande oferenda ao nosso Orixá (incluindo iniciação),
quando nos sentimos enfraquecidos — sem poder de concentração, confusos, quando os búzios nos
dizem para que o façamos, etc.
64
ÌPÈTÈ — pronúncia correta IPÉTÉ — denominação da comida oferecida a Oxum e que dá nome
à festividade. Faz parte do ciclo final da festa das Àyaba. Festa de Òsun.
65
ÌPÀDÉ — pronúncia correta IPÁDÊ — cerimônia de Èsù. O Padé é a comida de Exu.
66
ÈSÙ — pronúncia correta ÊXÚ — o primeiro Orixá a ser cultuado em qualquer ocasião.
67
LÓRÒGUN — pronúncia correta LÔRÔGÚN — encerramento.
68
WÉ’WÉ — pronúncia correta UÊ’UÉ — banho de ervas.
69
SÀSÁNYÌN — pronúncia correta SÁSSÁNIN ? — maceração de ervas.
70
ORÒ ODÚN — pronúncia correta ÔRÔ ÓDUN — obrigação anual.
71
ODÚN’JE — pronúncia correta ÓDUNJÊ ? — obrigação de 7 anos.
72
OLÚBAJE — pronúncia correta ÔLUBAJÉ — festa de Omolu e Nanã.
73
NÀNÁ — pronúncia correta NANÃ — pronúncia correta NANÃ (vogal precedida de N) — Entre
os jeje, Nanã significa “Mãe”. Orixá mais antigo do Candomblé que domina a vida, a morte e o
renascimento. Senhora do portal da vida e da morte.
74
PANA — pronúncia correta PANAN (vogal precedida de N) — quebra de kizilas; o final do
castigo. PANA(N) vem de PA ÌNA(N).
Rúbo Òrìsà75 — oferendas.

A partir de um ponto fixo estabelecido, o templo — Ilé Àse76 — é o


espaço mágico — sagrado para o desenvolvimento das atividades religiosas, onde o
exercício do culto é ministrado pelo seu dirigente — Bàbálórìsà77 —, e seus seguidores
que formam a sociedade — Egbé78.

A HIERARQUIA NO CANDOMBLÉ

A hierarquia é composta de cargos específicos, alguns aqui


relacionados:

Cargo Função

Bàbàlórìsà dirigente masculino

Ìyálórìsà79 dirigente feminino

Ègbónmí80 iniciada com mais de 7 anos

Ìyá Kékeré81 mãe pequena

Ìyá Efun82 a que faz a pintura de Ìyàwó83

75
RÚBO ÒRÌSÀ — oferendas.
76
ILÉ ÀSE — pronúncia correta ILÊ AXÉ — ILÉ = casa; no sentido mais amplo, a Terra — ÀSE =
é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas que a natureza produz; grande fonte
de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos ritos que se processam nos Candomblés
— ILÉ ÀSE é o espaço mágico — sagrado para o desenvolvimento das atividades religiosas, onde o
exercício do culto é ministrado pelo seu dirigente. Para outros, o mesmo que Hunko.
77
BÀBÁLÓRÌSÀ — sacerdote do Candomblé; pai (no culto de) Orixá. Dirigente masculino.
78
EGBÉ — pronúncia correta ÉBÉ — sociedade formada pelos seguidores do Candomblé.
79
ÌYÁLÓRÌSÀ — pronúncia correta IÁLÔRIXÁ — sacerdotisa do Candomblé; mãe (no culto de)
Orixá. Dirigente Feminina.
80
ÈGBÓNMÍ — pronúncia correta ÊBÔNMÍ ? — iniciada com mais de 7 anos no Candomblé.
81
ÌYÁ KÉKERÉ — pronúncia correta IYÁ KÊKÊRÊ ? — mãe pequena.
82
ÌYÁ EFUN — pronúncia correta ÍYÁ ÉFUN — a que faz a pintura de Ìyàwó.
83
ÌYÀWÓ — pronúncia correta IAÔ — adepto do Candomblé que ainda não completou os 7 anos
de iniciação. Iniciada, Iniciado.
Ìyágbasè84 responsável pela cozinha

Ajíbóna(n)85 mãe criadeira

Bàbálósányin 86 colhedor de folhas

Ekedi87 auxiliar

Asògún88 responsável pelos sacrifícios

Ìyáwó89 iniciada, iniciado

Abíyan90 iniciante

O terreiro de Candomblé é o espaço religioso onde são revividas as


coisas sagradas e estabelecidos os contatos diretos com as divindades. Não é a sua
dirigente que escolhe o espaço onde irá instalar suas dependências, mas sim o espaço
que a escolhe através de seu Òrìsá91. Nada é feito sem a sua anuência, esta é a regra e o
84
ÌYÁGBASÈ — pronúncia correta IYÁBÁSSÊ — responsável pela cozinha.
85
AJÍBÓNA(N) — pronúncia correta ÁJÍBÓNAN (vogal precedida de N) — mãe criadeira.
86
BÀBÁLÓSÁNYIN — pronúncia correta BÁBÁLÓSSÁNIN ? — colhedor de folhas.
87
EKEDI — pronúncia correta ÉKÉDI — auxiliar.
88
ÀSÒGÚN — pronúncia correta AXÓGUN — título conferido ao Ogan confirmado que tem a
função de sacrificar os animais”, literalmente, aquele a quem foi outorgado o Axé de Ogum.
Geralmente, é filho de Ogum.
89
ÌYÀWÓ — pronúncia correta IAÔ — adepto do Candomblé que ainda não completou os 7 anos
de iniciação. Iniciada, Iniciado.
90
ABÍYAN — do original ABÍYÁN ? — pronúncia correta ABIAN — iniciante.
91
ÒRÌSÀ — pronúncia correta ORIXÁ — deuses Iorubás na África e no Novo Mundo — seriam
ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses do Candomblé.
A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em Iorubá
“cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza. No
Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de
Olorum”. Segundo outros autores, Oxalá é considerado o pai de todos os Orixás; e foi ele que os
denominou Orixá. Este título de “pai”, neste caso, sugere a sua relação com as outras divindades no
caso de muitas delas terem sido emanadas dele. A fragmentação do de seu corpo, e posterior
recolhimento de todos os seus “pedaços” espalhados pela Terra, fez surgir a palavra Òrìsà, uma
contração da expressão “OHUN TI A RI SÀ”, o que foi achado e juntado, fazendo, assim, surgir as
demais divindades que foram denominadas Òrìsà.deuses Iorubás na África e no Novo Mundo —
seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Os deuses do
Candomblé. A palavra Orixá vem do sânscrito e é composta de OR ou ORI que significa “luz” e em
Iorubá “cabeça”; XA que significa “senhor, chefe, dono”. São pois, as forças criativas da natureza.
No Candomblé significa, dono da cabeça. A palavra “Orixá” significa, em iorubá “Ministro de
Olorum”. Segundo outros autores, Oxalá é considerado o pai de todos os Orixás; e foi ele que os
denominou Orixá. Este título de “pai”, neste caso, sugere a sua relação com as outras divindades no
caso de muitas delas terem sido emanadas dele. A fragmentação do de seu corpo, e posterior
motivo de oferendas feitas ao chão. Na realidade, está se considerando o respeito ao
local, invariavelmente morada de espíritos, os Onílè92, os Senhores da Terra, e a eles
devem ser feitas as reverências. Nos ritos de oferendas e sacrifícios, os primeiros
líquidos são destinados à terra.
Há lugares em que todos podem transitar, há outros, porém, onde só
alguns podem permanecer. São os locais sagrados e preparados para tal fim. Um bosque,
uma árvore, um monte de terra podem vir a ser plenos de significados, locais dos quais
só se deve aproximar com cuidado e respeito.
Um templo é o símbolo do espaço sagrado e suas portas separam este
espaço, que é inviolável, do espaço profano. O lugar principal transforma-se num centro
de força, no centro do mundo. No alto, o Òrun, embaixo, o Àiyé, e à volta o mundo
circundante com seus atributos, vegetações, o poço encantado, animais e seus
habitantes. Um poste central por onde circulam as diferentes formas de danças votivas
revela o elemento que une os dois espaços.
É neste ambiente que se produz a intimidade com as divindades e
onde se protege e garante a vida e o bem-estar de um povo.
Qualquer pessoa pode assistir às cerimônias comuns de Candomblé,
como visitante, sem participação, bastando solicitar permissão ao babalaô93, ou pedigã94
(chefe do cerimonial), ou mesmo a qualquer iniciado.
Os que tomam parte nas cerimônias de Candomblé são chamados
filhos-de-santo. Aquele que, embora compareça com regularidade às suas práticas, não
se tenha ainda iniciado no culto, dá-se o nome de abiã95.
A iniciação no culto pode dar-se por livre vontade do abiã, mas
também ocorre através de chamado do Orixá. Esse chamado denomina-se "bolar para o
santo". Recolhe-se então ao roncó96 aquele que vai cumprir o estágio da iniciação.
Completada a iniciação (feitura do santo na cabeça), o filho-de-santo,
antes abiã, passa à condição de iaô97.
Os iaôs levam sete anos de aprendizado para completar seu estágio.
Durante este tempo, recebem várias funções, que os vão preparando para se tornarem
babalorixás, ou, se femininos, ialorixás.

recolhimento de todos os seus “pedaços” espalhados pela Terra, fez surgir a palavra Òrìsà, uma
contração da expressão “OHUN TI A RI SÀ”, o que foi achado e juntado, fazendo, assim, surgir as
demais divindades que foram denominadas Òrìsà.
92
ONÍLÈ — pronúncia correta ÔNÍLÊ ou ONILÉ ? — Senhores da Terra.
93
BABALAÔ — ou BABALORIXÁ — do original BABALORISÁ — sacerdote do Candomblé; pai
(no culto de) Orixá; dirigente masculino.
94
PEDIGÃ — do original ? — chefe de cerimonial dentro do Candomblé. É um cargo do
Candomblé.
95
ABIÃ — ou ABÍYAN — do original ABÍYÀN — pronúncia correta ABIAN — iniciante.
96
RONCÓ — do original HUNKO — pronúncia correta RUNCÓ — também conhecido como
Roncó ou Camarinha — local onde se realiza o recolhimento e iniciação da Ìyàwó.
97
IAÔ — do original ÌYÀWÓ — pronúncia correta IAÔ — adepto do Candomblé que ainda não
completou os 7 anos de iniciação. Iniciada, Iniciado.
Equede98: Zela pelos assentamentos e quartinha do roncó e do Exu,
ajuda a mãe criadeira e transmite os ensinamentos aos abiãs.

Ebâmi99: Após sete anos de aprendizado como iaô, o iniciado é


levantado ebâmi, isto é, atinge a situação de ebâmi. Poderá, entretanto, receber o
decá100, ordem para fazer santo, e assim iniciará outro barracão, sob sua direção.

Babalorixá: É um ebâmi que foi levantado a esta posição depois de


sete anos de feito no santo, nunca menos.

Babalaô: É o sacerdote qualificado para ministrar o Culto dos


Orixás. Chama-se também Pai-de-santo. É um babalorixá que recebeu de um babalaô
dois poderes: o poder de fazer santo (comumente, fazer cabeça), e o poder de mão-de-
búzios.

O Babalaô é um criador de iaôs e futuros babalaôs. Assim, é um


patriarca espiritual, que forma verdadeiras famílias, ou clãs, de babalaôs, que o
reverenciam por toda a vida e o chamam respeitosamente de grande Pai, Mestre ou
chefe. Não sendo necessariamente um homem para ocupar tal cargo.
Ainda dentro dessa divisão, é prerrogativa do babalaô fazer
indicações para certos cargos religiosos, não sendo necessariamente obrigatório que as
pessoas indicadas sejam iaôs.

Axogum101: Sacrificador de animais de dois ou quatro pés;

Alabê102: "puxador" das cantigas dos santos;

Ogã103: tocador de atabaque, podendo também ajudar a cantar.

O planejamento de um terreiro tem as suas normas fixadas


inicialmente nos assentamentos de determinados Òrìsà, entre eles, Èsù, e a instalação de
seu Barracão para o desenvolvimento dos rituais públicos.
98
EQUEDE — do original EKEDI — pronúncia correta ÉKÉDI — auxiliar.
99
EBAMI — do original ÈGBÓNMI — pronúncia correta ÊBÔNMÍ ? — iniciada com mais de 7
anos no Candomblé.
100
DECÁ — do original ? — ordem para fazer santo.
101
AXOGUM — do original ÀSÒGÚN — pronúncia correta AXÔGUN ? — responsável pelos
sacrifícios.
102
ALABÊ — "puxador" das cantigas dos santos.
103
OGÃ — ou OGAN — do original ÒGÁ — pronúncia correta OGÃ (deveria ser OGÁ, grifo
nosso) — homem que não entra em transe, iniciado para tocar os atabaques, fazer sacrifícios ou
cuidar dos assentamentos rituais dos Orixás; grande autoridade dentro do terreiro. O Ogan é uma
pessoa escolhida diretamente pelo Òrìsà para exercer a função. Após ser iniciado é denominado
Ogan “confirmado”, passando a ter direito à sua cadeira. A palavra vem do yorubá Ògá,
significando mestre e senhor.
Os Òrìsà são a razão de ser de uma Casa e possuem seus espaços,
onde são instalados com os símbolos de seus cultos devidamente preparados para
transmitirem suas energias, seu Àsè, em benefício da comunidade. Essas dependências
são denominadas de Ilé Òrìsà104, quarto de santo, podendo ser instaladas no espaço
interno ou no lado de fora da construção principal, conforme a natureza de cada um,
assim definidas:
Òrìsà Inú105(internos) — Òsàlá, Sàngó106, Yánsàn, Yemojá107,
108 109
Iyewa , Obà .
Òrìsà Òde 110(externos) — Èsù, Òsóòsì, Ògún, Omolu, Nàná111,
Òsùmàrè , Òsányìn113, Lógun, Ìrókò114.
112

Há alguns critérios com relação à “feitura” de certas divindades, que


embora sejam assentadas, não passam por este processo,.

104
ILÉ ÒRÌSÀ — pronúncia correta ILÊ ÔRIXÁ — dependências onde são instalados os Òrì sà
com os símbolos de seus cultos devidamente preparados para transmitirem suas energias, seu Àsè,
em benefício da comunidade: ou seja, “quarto de santo”.
105
ÒRÌSÀ INÚ — pronúncia correta ORIXÁ INÚ — são assim chamados os Orixás internos, ou
seja, os Orixás que são assentados na parte interna do terreiro de Candomblé; ou seja, no espaço
interno da Casa, da construção.
106
SÀNGÓ — pronúncia correta XANGÔ — Orixá da justiça, do poder e do trovão. Rei de Oió.
Xangô significa “aquele que se destaca pela força e revela seus segredos”.
107
YEMOJÁ — YEMANJÁ ou IEMANJÁ — pronúncia correta YEMANJÁ (deveria ser YEMOJÁ
— grifo nosso) — Orixá do mar. O nome Iemanjá, ou seja, Yemojá deriva de Yèyé omo ejá que vem
de iya: "mãe"; omo: "filho"; eja: "peixe" e que quer dizer "Mãe cujos filhos são peixes". Na África
Iemanjá é a Rainha dos Rios; daí é o Orixá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio
Yemoja e o rio Ògún — não confundir com o Orixá Ògún, Deus do ferro. Daí Yemojá estar
associada à expressão Odò Iyá, ou seja, "Mãe dos Rios".
108
IYEWA — também chamada EWÁ — pronúncia correta IEUÁ — Orixás das constelações e do
céu cor-de-rosa.
109
OBÁ — do original OBÀ — divindade guerreira, considerada até como uma Oia-Iansã velha.
Nome da 3ª esposa de Xangô. Obá quer dizer “rainha” ou “rei”. Nome do Rio Obá.
110
ÒRÌSÀ ÒDE — pronúncia correta ORIXÁ ODÉ ou ÔDÊ ? (pois não tem ponto embaixo do O e
nem do E) — são assim chamados os Orixás externos, ou seja, os Orixás que são assentados na
parte externa do terreiro de Candomblé; ou seja, no espaço externo da Casa, da construção.
111
NÀNÁ — pronúncia correta NANÃ (vogal precedida de N) — Entre os jeje, Nanã significa
“Mãe”, para os Jeje ou “Respeitável Senhora, para os Fons e Ewes. Orixá mais antigo do
Candomblé que domina a vida, a morte e o renascimento. Senhora do portal da vida e da morte.
112
ÒSÙMÀRÈ — pronúncia correta OXUMARÊ ? (Outros pronunciam OXUMARÉ; porém o
último “E” não tem ponto embaixo, logo a pronúncia não é aberta e sim, fechada, grifo nosso) —
Orixá do arco-íris e dos ciclos. Oxumaré significa “aquele que se desloca com a chuva e retém o
fogo os seus punhos”.
113
ÒSÁNYÌN — pronúncia correta OSSAIN — Orixá das folhas. O deus das ervas, dono das matas,
da medicina, da cura, da convalescença.
114
ÌRÓKÒ — pronúncia correta IRÔKÔ — também conhecido como LOKO — Orixá da árvore do
mesmo nome.
Òrìsà que não são feitos: Òrúnmìlà115, Baáyànni116, Dada117,
Òsòròngà , Odùdúwà119 (este é substituído por Ògún ou Ògiyán120), Ògún Sorókè121
118

(dono da porteira dos Candomblés Jeje), Ajé Sàlúgà122, Ibéji123, Òrànmíyàn124, Baru ou
Igbaru125 (em certos Candomblés possuem feitura ou são substituídos por outra
qualidade de Sàngó), Akajapriku126, Apáòká127, Yemòwo128.
Alguns Òrìsà possuem um limite para feitura: Òsányìn, Lógunède129 e
Òsùmàrè são feitos apenas um em cada Candomblé. Caso existam Ekedi ou Ogan
desses Òrìsà, eles poderão ser aceitos, pois serão apenas assentados. Algumas Casas não

115
ORUNMILÁ — do original ÒRÚNMÌLÀ — pronúncia correta ÔRUNMILÁ — deus criador do
oráculo de Ifá. A testemunha do Destino.
116
BAÁYÀNNI — pronúncia correta BAÁNÍ ou BAIANÍ ?— ???
117
DADA — Também conhecido como DADÁ-AJAKÁ — do original ? — filho mais velho de
Oranian, irmão consangüíneo de Xangô. Dadá é o nome dado pelos iorubás às crianças cujos
cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente. Segundo alguns, uma das qualidades de
Xangô. Filho mais velho de Oranian, irmão consangüíneo de Xangô. Dadá é o nome dado pelos
iorubás às crianças cujos cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente. Segundo alguns,
uma das qualidades de Xangô.
118
ÒSÒRÒNGÀ — pronúncia correta ÔXÔRONGÁ — Pássaro africano relacionado às feiticeiras:
as Iyá-Mi. ÌYÁ-MI — v. Iyá-Mi Oxorongá — do original Ìyá-mi Òsòròngà — pronúncia correta
Iá-Min Oxorongá? — (ancestrais femininos cultuados coletivamente; é a representação do poder
feminino expresso na possibilidade de gerar filhos). As temíveis feiticeiras. As Grandes Mães. As
Iyá-Mi são a representação das mulheres ancestrais. Todas as Grandes Mães que passaram
pela terra integram o corpo das Ìyá-Mi.
119
ODÙDÚWÀ — ODUA ou ODUDUA — pronúncia correta ÔDUDUÁ ? — Orixá que tomou para
si a importante missão de criar a Terra. Para alguns autores, é uma qualidade de Oxalá.
120
ÒGIYÁN — pronúncia correta ÔGUIAN — acho que seja o mesmo que OXAGUIÃ ??? —
OXAGUIÃ: do original ÒSÀGIYÁN — Orixá funfun (do branco) guerreiro; rei da cidade de
Ejigbó. Qualidade de Oxalá. Jovem, guerreiro. Oxaguiã é o nascer do Sol. É o dono do pilão e do
inhame.
121
ÒGÚN SORÓKÈ — pronúncia correta ÔGUM XÔRÔKÊ — qualidade de Ogum: dono da
porteira dos Candomblés Jeje).
122
AJÉ SÀLÚGÀ — pronúncia correta AJÉ ou AJÊ XÁLÚGÁ ? — ????? — AJÉ: o mesmo que
Eleiye. São as Iyá-Mi. A Ajé-Mãe mais conhecida é Iyá-Mi-Oxorongá.
123
IBEJI — do original IBÉJI — pronúncia correta IBÊJÍ — IBÉJI vem de IB= nascer; EJI= dois.
Ibeji quer dizer “gêmeos” — Orixá protetor das crianças. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança.
ÊRÊ — segundo alguns vem do original ERE e segundo outros, vem do yorubá ÌYERE (logo, a
pronúncia deveria ser IÊRÊ, grifo nosso) — entidade infantil ligada a todos os Orixás. É uma
vibração especial dos Orixás; é o mediador entre o iaô, o babalaô e um Orixá. O iaô recebe Erê
tomando a vibração infantil ordenada.
124
ÒRÀNMÍYÀN — ou ÒRÀNNÍYN — pronúncia correta ÓRANIN ? — visto como o pai de
Xangô. Também denominado “ÒRÀNMÍYÀN” e pronúncia correta ÓRANMÍAN ? — Alguns
também usam o termo “ORANIAN” — pai de Xangô, no aspecto histórico e divinizado. Segundo
dizem, Oranmian é uma qualidade de Oxalá, filho de Odùdùwà e Obatalá (que, segundo o mesmo
autor, também são qualidades de Oxalá).
125
BARU ou IGBARU — pronúncia correta BARÚ ou IBARÚ — uma das qualidades de Xangô.
126
AKAJAPRIKU — pronúncia correta AKÁJÁPRIKÚ — ????
127
APÁÒKÁ — pronúncia correta APÁÓKÁ ? — jaqueira, de quem OXÓSSI é considerado filho.
128
YEMÒWO — pronúncia correta IEMÔUÔ ? — também conhecida como ÀWÒYÒ qualidade de
Iemanjá que, na África, é mulher de Oxalá
seguem este princípio, no caso de Òsùmàrè e o seu enredo com a cobra, por entenderem
as características macho e fêmea como justificativa.
Esses quartos de santo, de construção simples, com um só
compartimento, são destinados ao culto de cada Òrìsà, entrega de oferendas e
sacrifícios. No seu interior estão os símbolos das divindades, pedras, conchas, contas
coloridas, insígnias e elementos de iniciação das pessoas do Candomblé, quartinhas com
água, comidas, nada figurativo do que seja o Òrìsà, nada semelhante ao santo católico.
Como entrar e sair: para se entrar, bater três vezes na porta pedindo
licença. Entrar de frente e sair de costas. Se a pessoa estiver manifestada com o seu
Òrìsà, ela sai de frente para os assentamentos.
Cada Òrìsà possui seus assentamentos, denominados Ìdí Òrìsà130.
Esses assentamentos têm por objetivo fixar uma parte da energia do Òrìsà dentro de
certos objetos que se estabelecem dentro da iniciação, e que podem ser pedras, ferros,
búzios e outros elementos, que irão ligar o Òrìsà, força viva da natureza, com a cabeça
da Ìyàwó. Esse assentamento servirá para captar esta energia e torná-la sempre presente
dentro do Candomblé.
Quando não houver uma pessoa iniciada para determinado Òrìsà, é
feito um assentamento coletivo. Em outros casos, o Òrìsà assentado pode ser de herança
de alguém falecido e que o jogo determinou que permanecesse no Candomblé e não
fosse despachado.
Os assentamentos são centros de força do Candomblé, devidamente
alimentados para a manutenção do Àse. A palavra Àse possui diferentes interpretações,
mas todas se interligam por força do que representam. Como fluido mágico que não tem
forma, não tem medida, mas é sentido, e que dá vida a tudo que existe. Em sua ação de
criar e recriar, se desgasta e precisa ser revivido com preceitos, ervas e cânticos, com
rituais diversos que permitirão a relação constante com o plano divino. O próprio ser
humano representa o Àse de Vida.
O Candomblé utiliza-se do sistema de troca — comida pela energia. O
Orixá alimenta-se da essência e pode dividi-la com todos. As partes dos animais que são
cozinhadas são postas aos pés do Òrìsà, para que no dia seguinte sejam divididas entre
os membros do Candomblé. Sentados no chão, sobre esteiras, e em silêncio, absorvem a
energia do Òrìsà, que passa para todos. Este ritual é conhecido como Léhìn131, que
significa “o que vem depois”. Depois de tudo é feito o carrego para a fertilização da
terra. Nada se perde.

129
LÓGUNÈDE — ou LÓGUN ÈDE — pronúncia correta LÔGUN EDÉ — Orixá das águas doces
e da floresta; filho de Oxum e Oxóssi. Logun quer dizer “príncipe aclamado”.
130
ÌDÍ ÒRÌSÀ — pronúncia correta IDÍ ÔRIXÁ — são os assentamentos pertencentes a cada
Orixá.
131
LÉHÌN — pronúncia correta LÉRRIN — Ritual do Candomblé onde as partes dos animais que
são cozinhadas são postas aos pés do Òrìsà, para que no dia seguinte sejam divididas entre os
membros do Candomblé. Sentados no chão, sobre esteiras, e em silêncio, absorvem a energia do
Òrìsà, que passa para todos. LÉHÌN significa “o que vem depois”. Posterior repasto comunitário.
O Ilé Ìbó Akú132, literalmente Casa de Adoração aos Mortos, é uma
dependência externa construída para centralizar o culto aos ancestrais da religião,
denominados Ésà133. Da mesma forma como Èsù é reverenciado antes de qualquer
cerimônia, os ancestrais também recebem uma forma de culto especial, feita somente
pelos homens graduados da Casa. A porta de entrada é cortada no sentido da largura,
significando a vida que se partiu. Diante de cada ancestral representado por laços e tiras
de tecido de tecido branco, são feitas saudações e apresentadas oferendas brancas, vela,
dinheiro, mimgau de creme de arroz com mel bem ralinho, farinha de àkàsà134, obì135,
àbàrà136, àkàra137. Depois de tudo feito, todos vão pedir a bênção à Ìyálórìsà.
O Baluwè138 é uma dependência montada na medida em que é
realizada a festa das Águas de Òsàlà139, e posteriormente desmontada. É a prisão onde
este Òrìsà fica e local dos banhos de purificação.
O Igbó140 é a mata onde estão algumas plantas e árvores como o Igi
Òpè , o dendezeiro, de extrema necessidade em todos os rituais, Òkikà142, a cajazeira,
141

Ápáóká, a jaqueira, que são devidamente paramentadas por serem morada de


divindades. Outras plantas importantes como o Pèrègún143, nativo, Alékèsi144, aroeira,
Ogbó145, rama-de-leite, Òdúndún146, saião, e outras.

132
ILÉ ÌBÓ AKÚ — pronúncia correta ILÊ IBÓ AKÚ — literalmente Casa de Adoração aos
Mortos, é uma dependência externa construída para centralizar o culto aos ancestrais da religião,
denominados Ésà. KÚ = morrer; ÌKÚ = morte; AKÚ = mortos; ÒKÚ = cadáver; ÒKÚ ÒRUN =
espírito dos mortos.
133
ÉSÀ — pronúncia correta ÊSSÁ ? — ancestrais da religião.
134
ÀKÀSÀ — pronúncia correta ACAÇÁ — o mesmo que Ekó; massa de farinha de milho branco
enrolada em folha de bananeira.
135
OBÌ — pronúncia correta ÔBÍ — noz de cola; fruto africano tão importante para o Candomblé
quanto a hóstia para a Igreja Católica.
136
ÀBÀRÀ — pronúncia correta ABARÁ — comida votiva de Obá e outros Orixás.
137
ÀKÀRA — pronúncia correta ACARÁ — é sinônimo de fogo vivo. É com este nome que as
bolinhas de feijão-fradinho fritos no azeite-de-dendê são conhecidos na África. No Brasil, é
chamada de acarajé, e seu preparo observa o mesmo rigor que as negras africanas emprestavam à
receita original.
138
BALUWÈ — é uma dependência montada na medida em que é realizada a festa das Águas de
Òsàlà, e posteriormente desmontada. É a prisão onde este Òrìsà fica e local dos banhos de
purificação.
139
ÒSÀLÁ — pronúncia correta OXALÁ — v. Oxalufã (do original Òsàlùfón = qualidade de Oxalá,
o mais velho que carrega um cajado Òpá Sóró para ajudá-lo a caminhar).
140
IGBÓ — pronúncia correta IBÔ ? — é a mata onde estão algumas plantas e árvores de extrema
necessidade em todos os rituais do Candomblé. Também, localidade da África.
141
IGI ÒPÈ — pronúncia correta IGUÍ OPÉ — palmeira de que se extrai o vinho de palma e o
azeite-de-dendê. Dendezeiro.
142
ÒKIKÀ — pronúncia correta ÔKÍKÁ ? — cajazeira.
143
PÈRÈGÚN — pronúncia correta PÊRÊGÚN ? — nativo.
144
ALÉKÈSI — pronúncia correta ALÊKÊSSÍ ? — aroeira.
145
OGBÓ — pronúncia correta ÓBÓ — rama-de-leite.
146
ÒDÚNDÚN — pronúncia correta ÓDUNDUN ? — saião.
Outros locais são o Hunko147, mais conhecido como Ronco (roncó,
grifo nosso) ou Camarinha, onde se realiza o recolhimento e iniciação da Ìyàwó.
Ilé Ìdá ná(n)148 é a cozinha onde são preparadas as oferendas e os
animais sacrificados.
O local principal e maior é denominado Barracão, uma expressão
antiga, mas ainda perfeitamente usada. O Barracão domina todas as áreas construídas, e
lá são realizadas as festas públicas e algumas reservadas. Lá são colocados os atabaques
para os toques que motivarão danças e posteriores manifestações de divindades, além
das cadeiras que entronizam seus donos, somente ocupadas por eles, sendo a mais
destacada e imponente a da Ìyálórìsà. Seu posicionamento é estratégico, de frente para a
porta de entrada, para o acompanhamento de tudo que ocorra num dia de festa. Outras
cadeiras são recomendadas aos convidados especiais. O Barracão tem sua construção
identificada com um conjunto de ritos de segurança e fortalecimento para a realização
dos ritos. No centro é aberto um buraco e nele colocadas oferendas, comidas secas,
elementos dos animais sacrificados, e depois lacrado em definitivo, ficando assim
“plantado” o Àse da Casa. A cumeeira leva os preceitos idênticos aos que leva o Orí149, a
cabeça, de uma Ìyàwó, Efun150, Osùn151, Wàji152, Orógbó153, Obì, pombo, etc. Dar
comida ao chão e à cumeeira são os elementos de segurança e sucesso do Candomblé e
de todos os que fazem parte da comunidade. O uso de um alguidar com um Àkàsà
desfeito em água é sempre posicionado na entrada do Barracão, com uma quartinha com
água, para despachar a rua quando as pessoas forem chegando.
Dentre esses sistemas de segurança e proteção à comunidade é
colocado na parte superior das portas o Màrìwò154, o símbolo do pacto de Ògún com os
homens. É a denominação da folha nova da palmeira do dendezeiro, devidamente
preparada. O Màrìwò só pode ser desfiado por homem devidamente sentado.
Em alguns Candomblés, o Barracão possui um pilar de madeira ou
alvenaria onde se apoia a cumeeira e na parte de baixo é plantado o Àse. Em alguns
casos, é uma pequena coluna sem qualquer função estrutural. É em torno deste poste
central que dançam as filhas-de-santo durante as festas públicas e privadas. Dançam no

147
HUNKO — pronúncia correta RUNCÓ — também conhecido como Roncó ou Camarinha —
local onde se realiza o recolhimento e iniciação da Ìyàwó.
148
ILÉ ÌDÁ NÁ(N) — pronúncia correta ILÊ IDÁ NAN (vogal precedida de N) — é a cozinha onde
são preparadas as oferendas e os animais sacrificados.
149
ORÍ — pronúncia correta ÔRÍ — cabeça, manteiga vegetal. É a cabeça física que se presta para
o suporte das obrigações iniciáticas. Também chamada de ORÍ ÒDE (pronúncia correta ÔRÍ
ÔDÊ ? ). O orí, que nós chamamos de cabeça e que contém a individualidade e o destino,
desaparece com a morte, pois é único e pessoal, de modo que ninguém herda o destino de outro.
Cada vida será diferente, mesmo com a reencarnação.
150
EFUN — pronúncia correta ÉFUN — tintura branca, de origem mineral, feita com a nervura do
dendezeiro. Pintura feita na Ìyàwó.
151
OSÙN — pronúncia correta ÔSSUN — tintura vermelha de origem mineral. Pintura feita na
Ìyàwó.
152
WÁJI — pronúncia correta UÁJÍ ? — tintura azul de origem mineral. Pintura feita na Ìyàwó.
153
ORÓGBÓ — fruto africano consagrado a Xangô.
154
MÀRÌWÒ — folhas de dendezeiro recém-brotadas e desfiadas que enfeitam as portas do terreiro
e vestem o Orixá Ogum. Símbolo do pacto de Ogum com os homens.
sentido contrário aos ponteiros do relógio e no mesmo sentido da rotação da Terra. Este
poste central, que alguns denominam de Òpá Sóró155, o cajado de Òsàlúfón156, não
possui finalidade decorativa. Na realidade, é a representação material do elemento de
ligação do Àiyé o mundo dos vivos, com o Òrun, o mundo divino, relacionando-se com
o mito da união entre o Céu, Obàtálá157, e a Terra, Odùdúwà158. Nos ritos de saudação
cumpridos pelos iniciados do Candomblé ao ingressarem no salão, esse poste central
constitui um dos pontos onde devem ser feitos reverências especiais, com a pessoa
tocando com os dedos o chão e logo em seguida a sua fronte.
Todo conjunto de obras construídas num Candomblé possui a cor
branca, com um mastro alto e uma bandeira branca tremulando, indicando que ali está
uma Casa de Òrìsà. Nos Candomblés Kétu159, a bandeira é a representação de Òsàlà, e
trocada uma vez por ano durante a cerimônia das Águas de Òsàlà. Nos Candomblés de
Angola, a bandeira no mastro representa a divindade Tempo (kitembo). Em ambos os
casos, foi um hábito adotado em fins do século 19 pelos antigos moradores do Morro da
Saúde, próximo ao porto do Rio.

155
ÒPÁ SÓRÓ — pronúncia correta ÔPAXÔRÔ — é o cajado de Òsàlúfón. Cetro do mistério;
insígnia de Oxalufã. É um bastão de prata que Oxalufã usa para se apoiar.
156
ÒSÀLÚFÓN — pronúncia correta OXALUFÃ — qualidade de Oxalá, velho apoiado num bastão
de prata, chamado Opaxorô, que o ajuda a caminhar, sendo porém uma poderosa arma. É o pôr-
do-Sol; segundo alguns, é o Oxalá mais velho.
157
OBÀTÁLÁ — pronúncia correta OBÁTALÁ — Oxalá. Significa, também, o Céu. Para alguns,
Obatalá é uma qualidade de Oxalá. OBA TI ÀLÀ = quer dizer “o rei cuja roupa é branca” ou OBA
TI OLÁ = o rei que possui honra.
158
ODÙDÚWÀ — ODUA ou ODUDUA — pronúncia correta ÔDUDUÁ ? — Orixá que tomou para
si a importante missão de criar a Terra. Significa, também, a Terra.
159
KÉTU — ou KETU — pronúncia correta Kêtú — nação do Candomblé em que predomina o rito
Iorubá. Kêtu — a cidade de Oxóssi.

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