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BENJAMIM DE OLIVEIRA E MOACYR TEIXEIRA:

Os pontos de convergência entre dois artistas populares

Sérgio Roberto dos Passos Telles

Tu, menino.
Deve ser filho de Exu.
Futriqueiro e brincalhão como o quê.
Orixá que gosta de fingir, que gosta de brincar igual palhaço.1

1
Trecho do espetáculo “Palhaço Negro: A história de Benjamim de Oliveira” produzido pelo NEPAA in LIGIÉRO, 2014.p.152
NTRODUÇÃO

Respeitável público! Preparem vossos corações, porque em poucos


segundos vocês serão apresentados a um drama sem igual. A história
arrebatadora de um palhaço que se tornou um Otelo no teatro popular,
que foi um Peri negro no cinema e que, acima de tudo, foi um dos
maiores palhaços deste país.2

Maurício Tizumba3

O presente trabalho visa estabelecer um paralelo entre a trajetória de Benjamim de


Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil que se tornou um dos mais significativos nomes
de nosso circo-teatro atuando, aproximadamente, de 1892 a 1940 e Moacyr Teixeira, diretor-
fundador do Elenco Teatral Amantes da Arte, grupo de teatro amador de Santa Cruz,
subúrbio da Zona Oeste do Rio de Janeiro que, de 1960 a 1999 atuou ininterruptamente
naquela região. Tal proposição será apresentada com base nas discussões ocorridas durante os
encontros do Curso “Outro Teatro: Do Ritual à Performance” ministrado pelo Prof. Dr. Zeca
Ligiero durante o semestre 2016.1 como disciplina integrante do curso de mestrado em artes
cênicas do programa de pós-graduação em artes cênicas da UNIRIO.
Esta empreitada foi dividida em três momentos: O primeiro, O CIRCO-TEATRO E A
PEREGRINAÇÃO, que apresenta as similaridades e pontos de contato nas histórias de vida
dos pesquisados, tratando do circo-teatro onde, tanto Benjamim de Oliveira, um garoto de
doze anos que, “nas ‘horas vagas’ é que vendia bolo nas portas dos circos, que de tempos em
tempos passavam pelo Arraial” (SILVA, 2007, p.90), quanto o garoto Moacyr Teixeira que,
também aos doze anos, vendia ferro-velho para assistir às apresentações de circo que “vez em
quando” chegava a Santa Cruz. Aqui também será trazido o que chamarei de “peregrinação”,
por assim dizer, estabelecendo alguns momentos de ruptura, através dos quais, de uma forma
ou de outra, os dois “Benjamins” tiveram que se reposicionar para seguir adiante.
Utilizo aqui a afirmação de Erminia Silva (2007) da existência de vários “Benjamins”
que precisam ser considerados para se ter um panorama da trajetória do circo-teatro pois:

A própria trajetória de Benjamim de Oliveira - assim como os vários


“Benjamins”, entre os quais Albano Pereira, Polydoro, François e
Eduardo das Neves - interroga concepções que veem a presença de
cantores, dançarinos, artistas e autores como “estranhos” ou
“aventureiros”. Ela revela que o circo-teatro não pode ser limitado ao
papel exclusivo de buscas de soluções de crises, pelos empresários
circenses, como as econômicas, por exemplo, vividas por eles; e,

2
Texto retirado do vídeo “Benjamin de Oliveira por Maurício Tizumba” episódio da série “heróis de todo mundo”, programa do site a cor da
cultura, disponível em: http://antigo.acordacultura.org.br/herois/interprete/benjaminde-oliveira
3
Maurício Tizumba é ator, cantor e compositor, que desenvolve importantes trabalhos na área da cultura negra em Minas Gerais e no Brasil.
Representou o mestre de cerimônia (Benjamim de Oliveira) no episódio da série “heróis de todo mundo”.
muito menos, imputar àquela teatralidade a responsabilidade por uma
possível decadência do circo, como apregoam vários estudos e muitos
circenses em suas memórias (Idem, p.287).

Considerarei, neste momento, o livro da Erminia Silva: “Circo-Teatro: Benjamin de


Oliveira e a teatralidade circense no Brasil” (2007) como a principal fonte de pesquisa sobre
a trajetória de Benjamim de Oliveira, levando em consideração, inclusive, a recorrência de
sua referência como tal, em variadas outras fontes.
No segundo momento, UMA DRAMATURGIA DE RESISTÊNCIA trarei um
levantamento dos textos produzidos por esses dois artistas, com o intuito de fazer um registro
desta obra que, segundo creio, deve se colocar disponível para pesquisas futuras, além de
realizar uma análise das similaridades presentes nos textos dos dois artistas.
Para tal realização lançarei mão da Tese de Doutorado de Daniel Silva: “O palhaço
negro que dançou a chula para o Marechal de Ferro: Benjamim de Oliveira e a
consolidação do circo-teatro no Brasil - mecanismos e estratégias artísticas como forma de
integração social na Belle Époque carioca” (2004), por trazer um minucioso estudo dos
textos de Benjamim de Oliveira.
No terceiro e último momento, O APRENDER FAZENDO, tratarei das similaridades
entre as práticas artísticas de Benjamim de Oliveira e Moacyr Teixeira, que desenvolveram,
através do próprio fazer constante, sua forma de aprender e de ensinar a fazer.
Aqui o diálogo se dará com a Tese de Zeca Ligiéro: Outro Teatro - Do ritual à
performance (2014), onde, na Parte II: Performance, Encenação e Narrativa, o capítulo 6,
Benjamin de Oliveira: o Palhaço Negro no salão do branco traz um registro detalhado do
processo de criação do espetáculo O palhaço Negro - A História de Benjamin de Oliveira,
com texto e direção do próprio Zeca Ligiéro.
E, para a reconstrução da trajetória de Moacyr Teixeira, o estudo de seus textos e sua
forma de montagem, recorrerei à relatos pessoais, jornais de diferentes épocas, à Dissertação
de Pós-Graduação de Cristiane Brás Oliveira Duarte ETAA: um projeto político-cultural na
Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro (2004) e à meu próprio Trabalho de Conclusão de
Curso: Elenco Teatral Amantes da Arte: ETAA - Reflexões sobre o caráter pedagógico de
uma experiência com o teatro amador (2011).
Importante ressaltar que este trabalho, longe de ser uma afirmação conclusiva é, antes,
um observar de uma possibilidade. É o registro de uma ideia que será aprofundada, terá sua
bibliografia ampliada e será proposta à abertura de novas fontes de discussão e pesquisa para
que este se torne um capítulo em minha dissertação de Mestrado. Assim como “ter
acompanhado a vida dos vários Benjamins possibilitou compreender a produção da
linguagem circense como uma forma coletiva do fazer artístico nos sentidos político, cultural
e social” (SILVA, 2007, p.290), tentarei estabelecer algumas similaridades entre o Benjamim
de Oliveira e o “Benjamim” Moacyr Teixeira para compreender a produção de sua
linguagem.

O CIRCO TEATRO E A PEREGRINAÇÃO

O fascínio que o circo exercia nas pessoas, nos seus desejos de se


tornarem artistas, de pertencerem a um grupo que percorria o mundo,
além das possíveis imagens de que a vida nômade seria oposta ao
trabalho fixo e às pressões de uma vida cotidiana familiar, fazia com
que muitas delas, de várias idades, fugissem com as companhias
circenses. (...) fugir com o circo possibilitava ir em direção às
fantasias de uma nova vida, mas antes de tudo recusar a que vivia e os
temores gerados por ela. Não era só uma aventura romantizada que
buscava, era a chance de sobreviver de uma nova maneira. (SILVA,
2007, p.90,91).

Esta definição que Erminia Silva traz do fascínio exercido pelo circo nas pessoas
“comuns” ao nos apresentar os motivos - além dos maus tratos do pai - que teriam levado
Benjamim de Oliveira a fugir com o circo Sotero, podem nos dar uma ideia de como seria,
para um menino de doze anos, vender bolo na porta do circo e conviver com várias daquelas
figuras que deviam povoar seu imaginário durante todo o tempo em que a vida voltava ao
normal. Segundo a historiadora, seguir com o circo aguçava o imaginário em duas frentes
bastante poderosas: a do não querer ser o que se é, da insatisfação com a sua realidade; e a do
desconhecido. Esta, talvez, ainda mais arrebatadora. A possibilidade de, como ela nos diz:
“viver de uma nova maneira”. Ainda que, para isso, tivessem que desconsiderar um medo
bastante comum para a época:

O temor que relacionava grupos nômades a roubos de crianças. (...)


Muitos relatos descrevem crianças que foram roubadas por ciganos
ou por circenses, grupos frequentemente confundidos pela população
e pelas autoridades. Há que se reconhecer que os temores não eram
infundados. Houve, inclusive, vários casos de denúncias contra
grupos de ciganos que roubavam, além de objetos de valor e dinheiro,
também “crianças e adultos”, se isso lhes “aprazia”. (SILVA, 2007,
p.92)

Este mesmo fascínio pelo circo que foi capaz de arrebatar um jovem negro, alforriado
ao nascimento, a ponto de fazê-lo - aos doze anos - seguir com uma trupe e, apenas seis
meses depois, estrear como artista circense nos idos de 1882, também atingiu, sessenta e um
anos depois, a um garoto, também de doze anos, em Santa Cruz, último bairro da Zona Oeste
da cidade do Rio de Janeiro, nos idos de 1943.
Nascido em 1931, Moacyr Teixeira, aos doze anos de idade morava no número 80 da
Rua Macapá, casa de sua avó, para onde foi após a morte de sua mãe, em função de seu
complicado relacionamento com o pai, com quem tinha brigas constantes e de quem não
aceitava o segundo casamento. Da infância difícil uma lembrança traz riso ao enrugado rosto
do ex-policial de oitenta e cinco anos: Quando catava alumínio e ferro-velho para vender com
o único objetivo de assistir às apresentações do Circo Olimecha que, periodicamente, se
instalava na Rua Dom Pedro Primeiro, no Centro de Santa Cruz.
Mais do que a simples coincidência da conturbada relação paternal, pode-se dizer que,
indiretamente, Moacyr Teixeira passa a ser um admirador do trabalho de Benjamim de
Oliveira pois, durante o período em que foi sócio de Affonso Spinelli, Benjamim começou a
dirigir uma equipe de circenses, antigos empresários/artistas, entre os quais se encontravam
os Ozon, os Olimecha, a família Pery e os Temperani (SILVA, 2007, p.224 - Grifo meu).
Neste sentido, acredito caber a seguinte investigação: Pode-se intuir, a partir da observação
da atuação emblemática de Benjamim de Oliveira, que sua direção artística estabelecia uma
identidade tal que, ao assistir a estes espetáculos, Moacyr Teixeira teria, de alguma forma,
entrado em contato com a arte de Benjamim de Oliveira, ainda que pelo filtro do circo
Olimecha?
De toda forma, é certo que o circo-teatro, a manifestação popular do artista circense
forjou, dentre tantos, também os irrequietos Benjamim de Oliveira e Moacyr Teixeira que
tiveram também como um traço coincidente de suas trajetórias, aquilo que, aqui, trataremos
por peregrinação, que é o registro de uma necessidade forçada de deslocamento tanto de
Benjamim de Oliveira quanto de Moacyr Teixeira que acabaram por interferir em sua arte.
Em sua realização e sua forma.
Embora compreenda que foram deslocamentos diferenciados tanto no que tange a
questões de estímulos quanto de espaço, acredito relevante a percepção desta dificuldade para
identificação do valor de suas conquistas artísticas, uma vez que, reféns de suas situações
sociais, e mesmo sem um espaço próprio ou fixo de experimentação, conseguiram atingir
resultados extremamente relevantes em suas práticas.
Por parte de Benjamim de Oliveira, três deslocamentos que compõem sua
peregrinação foram fundamentais para sua formação e, segundo podemos deduzir a partir dos
apontamentos de Ermínia Silva, devem ter tido um impacto profundo na formação de sua
personalidade: O primeiro, aquele que ultrapassa as razões do encantamento circense, um
deslocamento que compreendia que o:

fascínio que o circo exercia nas pessoas, nos seus desejos de se


tornarem artistas, de pertencerem a um grupo que percorria o mundo,
além das possíveis imagens de que a vida nômade seria oposta ao
trabalho fixo e às pressões de uma vida cotidiana familiar, fazia com
que muitas delas, de várias idades, fugissem com as companhias
circenses. Pelo menos o modo como Benjamim e outros relatam suas
fugas nos permite depreender essa ideia. A combinação dessas
emoções com o desejo de fuga, da conflitante figura do pai, de sua
ocupação e do modo como era tratado, encorajavam Benjamim a
enfrentar as consequências de possíveis punições para um negro
fugido, filho de um caçador de escravos. (SILVA, 2007, p.90)

Sua segunda peregrinação, que também diz respeito a maltratos sofridos, desta vez no
circo Sotero deve, além do desalento natural, ter causado uma certa mágoa em Benjamim,
pois:
Depois de quase três anos trabalhando no Circo Sotero, percorrendo o
sertão mineiro, fugiu pela segunda vez na vida. Duas razões distintas
são relatadas por ele para esta fuga: a primeira, porque o dono o
espancava muito, e a segunda era uma “suspeita infundada” de
Sotero, de que sua mulher o estivesse traindo com Benjamim. Ambas
as versões eram plausíveis, sendo que a do espancamento é a mais
utilizada quando a história de sua vida é mencionada. (SILVA, 2007,
p.96)

E, por fim, podemos ressaltar como a última peregrinação de Benjamim, a fuga do


grupo de ciganos para onde foi depois de fugido do circo Sotero. Sabia-se, de toda forma, que
“Havia, de fato, uma suspeição contra escravos e libertos, ou melhor, contra todas as
pessoas que traziam na cor da pele a marca da escravidão” (SILVA, 2007, p.97). E, desta
vez, sua partida se deu para não ser trocado por um cavalo.

Mesmo que Benjamim não fale como era o seu cotidiano entre os
ciganos, é de se supor que tenha vivenciado uma relação escrava, pois
descobre, através de uma moça do grupo, que iriam vendê-lo, ou
melhor, trocá-lo por um cavalo. Mas ele consegue, por meio de uma
combinação com a menina, fugir dos ciganos, fato na época, segundo
a bibliografia, tão ou mais difícil e perigoso do que fugir de
proprietários não nômades (SILVA, 2007, p.98).

Já por parte de Moacyr Teixeira as dificuldades que geraram suas necessidades de


mudanças, sua peregrinação foram, via de regra, questões administrativas dos espaços
ocupados pelo Elenco Teatral Amantes da Arte.
Desde sua fundação, a busca por um espaço fixo e permanente para desenvolver seus
trabalhos sempre foram a grande dificuldade do ETAA. Fundado em 1960 para montar um
espetáculo por ocasião das comemorações do São João no Oriente Atlético Clube, o grupo
fundado por Moacyr Teixeira ali residiu por pouco mais de um ano até que, uma mudança
de diretoria determina que o grupo de teatro não mais faria parte do clube.
Sem um local específico para seus encontros, o grupo passa a se reunir embaixo de
uma mangueira, até que Genésio Passos, pai de uma integrante do grupo, oferece sua própria
casa, onde se realizam os encontros de 1963 até 1966, quando o grupo passou a se reunir na
Sociedade Musical Francisco Braga.

Do ano de 1963 até 1966, o grupo teatral ateve seus encontros na


sociedade musical Francisco Braga, trabalhando a arte cênica em prol
da comunhão da arte pela arte. As peças encenadas diversificavam-se
em: “Minha casa é um Paraíso” (Luiz Iglesias) - “Felisberto do
Café” (Gastão Tojeiro) - “Irene” (Pedro Bloch) - “Chica Boa” (Paulo
Magalhães) e outras (DUARTE, 2004. p. 22).

Em 1967 o grupo se transfere para o Grêmio Procópio Ferreira e, em 1970, a diretoria


da extinta Sociedade Musical Carlos Gomes, convida o grupo para ocupar sua sede, que se
encontrava desativada.
Em 1982, com a morte de um dos diretores daquela Sociedade, o ETAA se vê, mais
uma vez, sem espaço e vai abrigar-se, novamente, na Sociedade Musical Francisco Braga até
1990, quando é convidado pela diretoria do Grêmio Procópio Ferreira para reativar o espaço
artístico do clube. Alguns anos depois, o Grêmio Procópio Ferreira é vendido e o Elenco
Teatral Amantes da Arte se vê, novamente, sem espaço para seus encontros.

A falta de um espaço próprio, mazela crônica da Zona Oeste, foi


sempre o problema maior do ETAA, mas nunca sinal de
esmorecimento. Durante esse tempo, o grupo percorreu auditórios e
palcos de colégios, clubes, salões, etc. forjando atores sob a disciplina
e orientação de Moacyr (PRIOSTI, 1998 in: DUARTE, 2004).

Certamente é possível afirmar que manter um grupo ativo, ininterruptamente, por


quarenta e nove anos, sem possuir um lugar fixo de concentração, além de uma agressiva
peregrinação é, também, um ato de coragem merecedor de aplausos. Como um último e
cínico golpe (Anexos 01 e 02),

Em 1999 e 2000 dois espaços culturais foram inaugurados em Santa


Cruz: O “Quarteirão Cultural”, que compreende a reforma de um
palacete que pertenceu à Princesa Isabel em espaço cultural e uma
“Lona Cultural”, que consta da estruturalização de uma lona
remanescente do evento ECO 92 - que ocorreu no Rio de Janeiro
naquele ano - para sua utilização como teatro e espaço para shows.
Ironicamente, o Elenco Teatral Amantes da Arte, grupo de teatro de
maior expressão daquela região, não encontra espaço nesses locais,
os quais passam a ser ocupados e geridos por pessoas que, mais do
que uma relação real com as atividades artísticas locais, possuem
contatos com políticos que desconheciam aquela história, chegando a
nomear a lona cultural de Santa Cruz de “Lona Cultural Sandra de
Sá”, artista de indiscutível talento, mas que em nada representa a
cultura e a comunidade de Santa Cruz (TELLES, 2011, p.39).

UMA DRAMATURGIA DE RESISTÊNCIA

Ao pesquisar o teatro popular - de origem popular tradicional ou


teatro chamado popular por ser de forte apelo comercial - o
pesquisador deve, portanto, se debruçar sobre seu objeto com o olhar
despido das categorias com que usual e tradicionalmente se leem
obras literárias, dramáticas ou não. Não vinculados às produções
artísticas da cultura hegemônica, sendo, portanto, heterogêneos,
deixados à margem, deslocados, estes textos apresentam-se como
riquíssimos e fecundos campos para avaliar-se as relações que seus
produtores e consumidores estabelecem com esta mesma cultura
hegemônica, como o possível diálogo, em que muitas vezes estas
poderosas vozes ecoam em ouvidos surdos (SILVA, 2004, p. 81-82).

Benjamim de Oliveira tem seus textos identificados e profundamente estudados no


capítulo “A dramaturgia escrita por um circense: os textos de Benjamin de Oliveira”, o
terceiro da Tese de Doutorado “O palhaço negro que dançou a "chula" para marechal de
ferro: Benjamin de Oliveira e a consolidação do circo-teatro no Brasil-Mecanismos e
estratégias artísticas como forma de integração social na Belle Èpoque carioca” de Daniel
Silva (2004), que pesquisa os dez textos deixados pelo autor.
O pesquisador estabelece os seguintes sub-itens que descrevem detalhadamente todas
as questões acerca de:
III.1 - Localização da peça (acervo) - Onde estão registrados os dez textos
encontrados de Benjamim de Oliveira e o acervo onde estão guardados, na Biblioteca da
FUNARTE, ou na Segunda Delegacia Auxiliar de Polícia do Rio de Janeiro, localizado no
Arquivo Nacional;
III.1.a - Textos localizados na Biblioteca da Funarte: O negro do frade, O punhal de
ouro, A escrava Marta, A Ilha das Maravilhas, Os bandidos da Rocha Negra e Gaspar, o
serralheiro.
III.1.b - Textos localizados no Arquivo Nacional: A mancha na Corte, O grito
nacional ou A história de um voluntário, Sai Despacho! e Olho Grande!
III.2 - Suporte: Ítem descreve as condições físicas em que se encontram os textos
pesquisados.
III.3 - Folha de rosto: Ítem que transcreve e relaciona as informações contidas nas
folhas de rosto dos exemplares dos textos estudados.
III.4 - Gênero: Levantamento dos gêneros relativos às peças estudadas que tem por
objetivo perceber que estruturas dramáticas são empregadas nos espetáculos de circo-teatro.
III.5 - Tema: Tópico que se divide em:
III.5.a - Linha temática: Apresenta as palavras-chave nas quais gravitam as tramas das
peças e
III.5.b - Trama: onde verifica-se a linha narrativa do entrecho dos textos estudados,
sintetizando a sequência dos acontecimentos.
III.6 - Personagens: Tópico que relaciona e analisa os personagens desta dramaturgia
tencionando estabelecer semelhanças e modos de elaboração análogos.
III. 7 - Rubricas: Apresenta as funções convencionais que se esperam deste recurso.
Desta pesquisa detalhada e bastante contundente da dramaturgia de Benjamim de
Oliveira, geramos um quadro simplificado levando em consideração apenas dois itens: III.4 -
Gênero e III.5.a - Linha temática para estabelecermos um demonstrativo prático das
similaridades entre o teatro praticado pelos dois autores:

Texto Gênero Linha Temática


O negro do frade Preconceito racial e dicotomia bem/mal
Preconceito racial - Paixão impura/amor
A escrava Marta
puro
O punhal de ouro Dicotomia bem/mal - Justiça e Injustiça
Melodrama
A ilha das maravilhas Dicotomia bem/mal
Os bandidos da rocha negra Crime e punição
A mancha na corte Justiça e Injustiça
Olho grande Crime e punição
O grito nacional ou a história Variada (patriotismo e passado
Burleta
de um voluntário vergonhoso, por exemplo)
Amor impossível e jogo de opostos
Sai, Despacho! Revista
inferno/terra

Já Moacyr Teixeira, que ainda não teve seus textos4 avaliados com tal profundidade,
sempre teve como força motriz de sua escrita retratar os costumes de Santa Cruz e, em suas
montagens, sempre optava pela manutenção do discurso cênico do Elenco Teatral Amantes
da Arte - ETAA como uma espécie de arauto daquele local.
Segue o texto “O poeta do Bodegão”5, cena integrante do espetáculo “Santa Cruz na

4
“Santa Cruz na lona”, “Santa? Cruz!!!”, “Santa Cruz em marcha... à ré!”, revistas que retratavam o cotidiano do bairro, “E a história não
contou”, uma revista histórica, o religioso “Ressurreições”, além dos infantis “A abóbora de ouro” e “O Bicho-Homem”, que aqui não
levaremos em consideração por não poderem ser comparados aos textos de Benjamim
5
Referência ao Largo do Bodegão que fica localizado em Santa Cruz, no encontro das avenidas Areia Branca e Isabel com as ruas Ferreira
Nobre e Álvaro Alberto, além da estrada Vítor Dumas. Tem esse nome porque havia no local uma grande "bodega", que significa armazém.
lona”, de 1994, que questionava o porquê de não se ter instalado ainda, em Santa Cruz, uma
lona Cultural como a de Campo grande, que foi instalada em 1993, fruto de uma luta conjunta
de Ives Macena, diretor do Teatro de Arena Elza Osborne, em Campo Grande, Moacyr
Teixeira e diversos outros artistas da Zona Oeste do Rio de Janeiro desde 1986.

O POETA DO BODEGÃO
Moacyr Teixeira

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o urubu
Bem pertinho de um prédio em ruínas6
Motivo de toda a minha amargura
Pois as autoridades competentes
Prometeram que ali, seria o palácio da cultura.

Parece que a maldição desta terra é mesmo o número três


De acordo com a profecia de nossos antepassados
Que devem ser por nós também respeitadas
Nossa terra deve ter com certeza
Três caveiras de burros enterradas.

Três praias: Sepetiba, D. Luiza e a do Cardo7


Outrora recanto de lazer...
Hoje, completamente abandonadas
E vão acabar secando.
Pois a pouca água que ainda resta
Já está com cheiro de mijo
E cheia de cocô boiando.

Três supermercados8.
Cada qual vendendo mais barato.
Fui fazer as compras do mês,
Levei todo o meu salário
Mas o dinheiro não deu.
Voltei durinho, sem um centavo.
Carregando em um só dedo
Um saquinho, menor que o meu.

Três bandas de música9


Animavam as festas nas igrejas.
As retretas nos coretos, dava gosto de se ver.
Hoje só restam duas

No Largo do Bodegão, está localizada a Capela de São Jorge e é onde ocorre, todo ano, a tradicional festa do Santo Guerreiro.
6
Referência ao palacete Princesa Isabel que levou mais de vinte anos para ser restaurado e transformado em Centro Cultural.
7
Realmente, estas praias foram um recanto de lazer. Tanto que algumas novelas foram gravadas nessa região. A mais famosa foi O Bem
Amado, de Dias Gomes, com Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu, gravada em Sepetiba. Hoje estas praias foram aterradas, fizeram
calçadões, mas o banho continua proibido.
8
Casas da Banha, Disco e Rainha.
9
Sociedade Musical Francisco Braga, Sociedade Musical Carlos Gomes e Grêmio 24 de Fevereiro.
Que juntas não fazem uma.
Lutando desesperadas, tentando sobreviver.

Bons músicos...
Com muito talento ritmo e aptidões.
Hoje, por ironia do destino
Só destacam nas portas das lojas
Nas liquidações.

Progressista, Furrecas e Democratas10


Das três lindas sociedades
Só resta uma grande saudade.
Depois que elas morreram
Que merda ficou o carnaval desta pobre cidade11.

Três bons cinemas12.


Bons filmes e grandes filas.
O primeiro, era o mais modesto
Mas nos deixou boas recordações.
E por não conseguir vencer a força da ganância
Acabou por virar ponto de vendas
De milagres, curas e salvações.

O segundo,
Administrado por forças religiosas,
Também fechou.
Depois de muitos perdes e ganhas
Acabou virando reduto de ratos, morcegos e aranhas.

O terceiro era o mais importante


Mas nem assim conseguiu resistir
À força do dinheiro poderoso
E da noite para o dia
Transformou-se em um banco famoso.

Toda cidadezinha tem seu time de futebol.


Nós também tivemos. Três13.
Hoje só resta um, quase esquecido.
Nem isso a maldição poupou.
Muitos cartolas e pouca competência.
Mas o certo é que o futebol dançou.

São sempre os mesmos coveiros


Dirigindo nosso esporte, cultura e lazer.
Incompetentes e completamente leigos
Não faz diferença. O importante é aparecer.

10
Nova citação das três Sociedades Carnavalescas
11
Como André Villon, Moacyr Teixeira também eleva o bairro ao status de cidade.
12
Cine Santa Cruz, Cine Fátima e Palácio Santa Cruz.
13
Distinta Atlético Clube, Esporte Clube Guanabara e Oriente Atlético Clube.
Tivemos também três deputados
E três vereadores14.
Todos eleitos pelo povo de Santa Cruz.
Mas vamos poupar-lhes as críticas
Porque o povo já lhes disse
Tudo a que fizeram jus.

Grande cidade industrial


Para o orgulho de nossa gente.
Mas o que mais me satisfaz
É saber que a indústria que mais cresce
É a de cachorro quente.

Terra minha, adorada.


Tamanho abandono eu nunca vi.
Tanto que o povo já admite
Que se o Rio de Janeiro tem cu
O cu do Rio é aqui!

Baseado nos mesmos critérios adotados por Daniel Silva para análise dos textos de
Benjamim de Oliveira, podemos estabelecer um quadro simplificado dos textos de Moacyr
Teixeira, exemplificando como os temas utilizados pelos dois autores é de uma proximidade
significativa15:

Texto Gênero Linha Temática


Variada (Amor impossível e jogo de
Uma noite no sertão Burleta opostos - Relações de poder e
regionalismo)
Santa Cruz na lona Variada (Preconceito racial - dicotomia
Santa? Cruz!!! bem/mal - Paixão impura/amor puro -
Revista Justiça e Injustiça - Crime e punição, por
Santa Cruz em marcha... à ré
exemplo)
E a história não contou... História do Brasil
Ressurreições Melodrama Religião

14
Conseguimos identificar os vereadores Julio Cesário de Melo e Itagoré Barreto e os deputados Pedro Ferreira e Willer Brilhante.
15
Reconhecendo a necessidade de me debruçar com mais minúcia sobre os textos de Moacyr Teixeira - tal como Daniel Silva debruçou-se
sobre os de Benjamim de Oliveira - para não deixar qualquer fresta de dúvida sobre o diálogo existente entre o teatro praticado por eles,
acredito estar dado o primeiro passo em direção ao estabelecimento desta relação que, em meu entendimento, se configura quando os dois
artistas questionam sua época e sua sociedade, aprimoram-se por seus meios, motivam seus pares e se tornam fundamentais na trajetória que
decidiram traçar e que permanece, ainda hoje, como um caminho aberto à foice para os que continuam vindo por essas trilhas.
O APRENDER FAZENDO

Durante os anos de 1970, dividi com João16 vários momentos na luta


por um espaço para o teatro experimental carioca em reuniões,
debates, encontros com o antigo Serviço Nacional de Teatro, depois
Inacen e hoje Funarte (LIGIÉRO, 2014.p.143).

Esta pequena apresentação de João Siqueira por Zeca Ligiéro já traz, em si, para este
trabalho, a afirmação de que, de um jeito ou de outro, o estabelecimento de um artista popular
real, verdadeiro, pode se dar, ainda que em diferentes lugares e situações, de um mesmo
modo.
Morei por dezessete anos em Salvador e fiz, dentre tantos amigos, um amigo/mestre
muito especial, uma espécie de preto velho branco (na linha direta de xangô. Saravá!), um
dos maiores professores, diretores e atores do Brasil, Harildo Déda. Em seu carinho
sarcástico, sempre sarcástico, Harildo repete a mesma frase todas as vezes que alguns bons
amigos se encontram ao acaso: “Deus faz, o vento espalha e o diabo junta”. E, como “Mestre
João Pereira diz que Exu é o diabo” (idem p.152), me permito a brincadeira de iniciar
esta parte final observando que não tem jeito: Deus faz, o vento espalha e Exu, o “grande
Orixá, senhor do tempo, dono das encruzilhadas, senhor da palavra entre os homens e
os Orixás” (idem), junta.
Iniciei a leitura de Benjamin de Oliveira: o Palhaço Negro no salão do branco,
(2014) no intuito de conhecer seu processo de montagem do espetáculo sobre a vida de
Benjamim de Oliveira para compará-la com os processos de Moacyr Teixeira e os possíveis
processos de Benjamim de Oliveira.
Acontece que me deparei com um daqueles sujeitos que Erminia Silva chamou de
“Benjamins”, um daqueles artistas que, como Benjamim e Moacyr, teve que peregrinar por
seu espaço, que pensar, construir, adaptar, planejar, escrever, seu próprio espetáculo, sua
própria arte. Assim como Zeca Ligiéro nos conta que o grupo formado para montar o
espetáculo no NEPPA sentia que:

o texto nos fascinava por trazer à vida este tão importante


personagem da história do entretenimento popular brasileiro e tão
desconhecido dos livros de teatro e de circo no Brasil. (...) cada vez
mais, queríamos nos aproximar de quem realmente era aquele palhaço
negro, filho de uma ex-escrava e de um capataz caçador de escravos,
e que foge com o circo na idade de 12 anos e só abandona a profissão

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João Reinaldo de Siqueira (1941-1998) é dramaturgo, ator e diretor e pesquisador teatral. Tornou-se um dos maiores entusiastas de
um teatro de forte penetração popular, unindo-se nesse esforço aos teatrólogos Amir Haddad, Augusto Boal e Luís Mendonça,
promovendo encenações em espaços abertos e não-convencionais com temáticas que discorriam sobre o cotidiano popular com forte
conteúdo de crítica social. (idem)
já bem idoso, quando já estava praticamente cego. Interessava-nos o
personagem e, claro, o contexto vivido por ele: como conseguira
impor-se, ainda durante o período escravocrata, na indústria de
entretimento no circo sendo negro, filho de escravos, e nos dois
primeiros governos republicanos consagrar-se como um dos palhaços
mais famosos do Brasil (LIGIÉRO, 2014.p.145-146).

Assim, também fascinado pela história, agora entendo que esta parte de meu trabalho,
mais do que de um modo de fazer do Benjamim, de Moacyr, ou de quem quer que seja,
deveria tratar de “Benjamins”.
Agora percebo que a ligação que busco sustentar entre Benjamim de Oliveira e
Moacyr Teixeira é uma grande rede engendrada por Benjamins Haddad, Benjamins Siqueira,
Benjamins Ligiério, Benjamins Krugli, Benjamins Déda, Benjamins Aderne, Benjamins
Chocolat e tantos outros.
“Tal constatação nos trouxe a certeza da forte ligação de Benjamin com o ofício de
dramaturgo, de ator, diretor e produtor de teatro no circo” (LIGIÉRO, 2014.p.148). Esse,
me parece, é o modus operandi. Há aí um elemento que precisa ser percebido de
transformação para além da técnica e do fazer artístico que se traduz na prática teatral. É
possível, depois de determinado tempo de estudo e pesquisa, estabelecer quais foram as
alterações, as adaptações, as opções estéticas que levaram Benjamim a conceber seu Peri.
Essas escolhas fazem parte do dia-a-dia do fazer teatral. Do trabalho do artista.

e assim fui trabalhando “em cima” da dramaturgia proposta por João


Siqueira, pinçando o que me parecia vital e descartando o que me
parecia à parte do que seria realmente o legado de Benjamin. O
resultado foi uma espécie de colagem dos diversos materiais com as
cenas que funcionavam no palco do texto original (LIGIÉRO,
2014.p.149).

Mas o que levou aquele negro Benjamim a ousar ser Peri, Otelo, artista e ainda pago?
O que levou um policial militar a reunir um grupo de jovens debaixo de uma mangueira e
sustentar por quarenta e nove anos um grupo de teatro, sem quaisquer condições, e ainda
denunciando os desmandos do local? O que levou um Professor Doutor, de uma das mais
respeitadas instituições acadêmicas de artes cênicas do país a olhar nos olhos dela, por dentro,
e perguntar cadê seus negros?

Por que a escolha do texto de Benjamin de Oliveira? Por que a


história de um palhaço negro, dentro de uma escola com
pouquíssimos afrodescendentes? A resposta era simples: justamente,
por isso. A proposta era questionar não somente a falta de atores
negros na Escola da UNIRIO, como também a falta de uma
formação que abrangesse o circo e o teatro musical. Além disto,
oferecer ao jovem grupo de teatro do NEPAA a opção de trabalhar
com uma estética desconhecida do circo e da música representava
uma imersão do grupo na própria história do Brasil pelo viés do
artista popular negro. (Idem)

Este me parece o segredo do aprender fazendo: Ao se deparar com as questões ao


longo do percurso, o próprio percurso vai te apontando o caminho e respondendo a questões
que escapam à pratica diária do trabalho objetivo. Acho que esta surpresa que me atacou está
presente na montagem do espetáculo do NEPAA, na trajetória de Moacyr Teixeira que - essa
resposta eu tenho - só tinha o intuito de montar um espetáculo comemorativo, e também na
escolha de Benjamim, o menino que viu, se encantou e, apenas, foi... viveu o percurso.
Aceitou o que estava por vir. E jogou-se. Fez. E, fazendo, aprendeu a fazer

CONCLUSÃO

Embora espere poder voltar a este tema e desenvolvê-lo de forma a incluí-lo em


minha Dissertação, pode-se afirmar a importância do circo-teatro para a formação de diversos
profissionais brasileiros tanto do circo, como Benjamim de Oliveira, quanto do teatro, como
Moacyr Teixeira.
Em sua Tese de Doutorado em Artes, Metodologia de Ensino para um Teatro
Instrumental, o Prof. Dr. Sérgio Farias afirma que:

Aprender arte por meio apenas da linguagem e da palavra,


envolvendo a questão da lógica, da articulação e dos símbolos é algo
muito parcial. Não que a parte da habilidade mental deva ser
eliminada. No fazer artístico as capacidades do ser humano estão
presentes, são articuladas e acontecem todas ao mesmo tempo,
variando o grau de intensidade. Portanto, o aprender fazendo é uma
característica da produção do conhecimento em Arte (FARIAS,
1990. p. 57).

Acredito nisto. Formado em um grupo de teatro amador que foi fundado por um
policial militar, sem qualquer formação artística, não poderia desacreditar. Acredito na
prática teatral como forma de conhecimento e acredito no conhecimento pela prática mais do
que em qualquer outro.
Acho que é, fundamentalmente, este aprender fazendo, que junta Moacyr Teixeira e
Benjamim de Oliveira. Acho que é a descoberta do novo no desdobramento do fazer que
junta o Zeca Ligiéro aos dois primeiros e milhões de outros “Benjamins” a esses três.
E, honestamente, também me sinto um desses milhões de “Benjamins”, afinal...
É claro que projetei a minha história pessoal no texto, mesmo sendo
muito diferente. Tive também uma preta velha em minha vida,
chamada Sá Antonina, e que me contava histórias quando eu era
muito pequeno, mas ela não era minha parente, vinha de tempos em
tempos e se hospedava na grande casa da minha família no interior de
Laje do Muriaé (LIGIÉRO, 2014.p.153).

BIBLIOGRAFIA

- DUARTE, Cristiane Braz de Souza. ETAA: Um Projeto Político Cultural na Zona Oeste
da Cidade do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro: Dissertação (Pós-Graduação) apresentada à
Coordenadoria de Pós-graduação em História do Brasil da FEUC - Fundação Educacional
Unificada Campograndense, 2004.

- FARIAS, Sérgio Coelho Borges, Metodologia de Ensino para um Teatro Instrumental.


1989. 260 f. Tese (Doutorado em Artes) - Escola de Comunicação e Artes, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1990.

- LIGIERO, Zeca. Outro Teatro: Do ritual à performance. UNIRIO - Rio de Janeiro: Tese
(Obtenção da progressão ao nível E - Professor Titular em Estudos da Performance), 2014.

- TELLES, Sérgio Roberto dos Passos. Elenco Teatral Amantes da Arte - ETAA: Reflexões
sobre o caráter pedagógico de uma experiência com o Teatro Amador - Escola de Teatro da
UFBA - Salvador, Trabalho de Conclusão de Curso, 2011.

- SILVA, Daniel Marques da. O palhaço negro que dançou a "chula" para marechal de
ferro: Benjamin de Oliveira e a consolidação do circo-teatro no Brasil-Mecanismos e
estratégias artísticas como forma de integração social na Belle Èpoque carioca. UNIRIO -
Rio de Janeiro: Tese (Doutorado em Artes Cênicas), 2004.
- SILVA, Erminia. Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil -
São Paulo: Altana, 2007.

- SOUZA, Moacyr Teixeira de. O poeta do bodegão. Rio de Janeiro, 1994.

Vídeos assistidos pela internet:


- O Palhaço Negro. A história de Benjamim de Oliveira disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=puhmRTsIgpI acesso em 19/08/2016.

- O circo Negro: Benjamim de Oliveira disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=vgKUh_fliNg
https://www.youtube.com/watch?v=2K7AVK0H9is
https://www.youtube.com/watch?v=CjO3XRVUrBE acesso em 19/08/2016.

- Benjamim de Oliveira por Mauricio Tizumba disponível em:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/episodio/benjaminde-oliveira acesso em 19/08/2016.

- Erminia Silva no Programa do Jô disponível em:


https://globoplay.globo.com/v/1800436/ acesso em 19/08/2016.

ANEXOS

01 - Jornal O QUARTEIRÃO, Maio/Junho de 1998


02 - Carta de solicitação de apoio de Moacyr Teixeira após acreditar que receberia
apoio da igreja - 1996

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