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EXPEDIENTE. Roga-se_aos Srs. Assignontes das provincias, aque vecebem a Revista por via de nossos corres- pondentes, queiram mandar renovar suas assigna= furas, para nosolfrerem interrupeao na remessa, podendo 0s dictos Srs, Assignantes reenviar aos corrrespandeutes os programmas que com a Ke~ vista Ihes teem sido remettidos, com a designa~ ¢0 do tempo por que renovam a assigneturi. ‘Aos mais Sirs. Assignantes, a quem esta admi- nistracdo continda a remetter a Revista se thes roge, queiram mandar satisfazer a serie, ou se~ ries comecadas no 1." n° do 42 vol., © exual- mente algumas series que ainda estejam a dever do 3.* vol. =A perqueus parse, que tinlsimos de semente de cone de Alperce, fol deapentida toda , ein salefazer aos prieitus as dignantes, que a pediram, “Por fila de campo ato havemos ainla podido publicar ‘as daas promttidas memerinr sobre ferrariue;. alguns intecce- ‘pants afligos do nosto callaborador ¢ amigo 0 St. Sousa Tel. Tes e outros. ‘Pls moma razio, se tem mettido tho largo laterrallona. Simpreto daviogeoe de duas mil lepnes. ‘Tormaremas alla pre ra to mais a iatecrompermor, logo que hajamoe conclu, to sequinte numero a Fiagem a S. Marcos, Nhs teflesies doar. sem nome coaira os Cone bone amigos “depois, am tudo madade loeie ‘lemenios de eivilidae talved entio. nos possamos inteader 88 CONHECIMENTOS UTEIS. SALVAMENTO DE AFOGADOS. 3278. A nravsociedade ingleza estabelecida em Hyd-Park, para promover com todo 0 genero desoe eorros, o Salvamento dos afogados, distribuiv grat tamente, pelos fins do mex passado, um folheto, onde s¢ ensioam 05 remedios mais eflicazes para tal (im. Em primeiro logar, prohibe os meios violentos, ta ‘como © virarem o afogaio com a cabeca para baixo; © esfregarem-n'o com saes, 04 espiritos; empregar famignedes ou infusoes de tabasco, Depois recommenda , como condigies mecessarias para so chegar # boni éxito, que logo que se tira da agua 0 corpo, se deve levat com toda a pressa, mas tambem com todooeuidado, paraa primeira cata que fe encoutrar, indo a parte superior do corpo levan- tada;—se esté vestido, despe-se logo; e enxuga-se aauito bem ;—embralha-se em cobertores quentes , ‘ow mette-se em uma cama quente ; — estrega-se todo © corpo com a mio muitodepressa;—limpa-se-tbe a Bocea eas ventas ; —corre-se-lhe o espinhago com om ‘esquentador ; —pue-se-lhe bexigas ott botijas cheias de agua quente em cima do estomago, nos sovacos , entre as ecas . e nas sollas dos pés : —fomenta-se o ‘corpo com flauellos bem quentes: e, podendo ser met- te-se ei um banho quente, tao quente quanto a mao ossa suportar; sendo este’ o meio mais prompto paca AGosto — 15 — 1843. to baste; eapparege : REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE. Ty revoear calor vital; —ayplicam-se is ventas sacs yor lateis, ou fumo de raspas de veado ; — logo que torna fem $i, far-se-the beber um pouco de viaho quente , fou agua quente com agua-ardente ; —deita-se 0 enfer= mo na cama em posiga commoda para adormecer, © procurase quedo haja nada que o incommede, nem Deve-se teimar na. applicacdo dos meios sobredict por espago de tres ou quatroboras, porque ¢ uma opi- hido eerada a que tem muita gente, que diz,—que se m’esse tempo nao apparecem signaes de vida, ji rio a que esperar: —muitas vezesse tem visto tea lisar-se mais tarde a ressurreigio. Nieste falhoto se contém de mais os remedios, que se hio-de empregar nos casos de asphyxia, resullante de estranguiagio , de ar mepbitico, de apoplexia, de embriaguer , ete. TE’ uma d'aquellas obras que todos os governos de~ veriam espalhar gratuitamente, e todos os jormalistas annunciar ¢ extractar. Por falta de tio faccis conhe= cimentos, muita gente morre,todos os dias: zquantos os alogados em tis on no mar, de quem nosprece- dentes numeros havemos dado noticia, se nav have~ rinm talvez.salvado se algnem, dos que ahi se acha- ram presentes, houvesse noticia d’isto? Agora pi tamos nds a alguns. srs. parochos, —anio sera poe ventura obrigagao de cons seus fregaezes esta instracedo , nas conversacies 5 ji quando © povoesta janclo na estario da missa a0 domingo?! ; 40 ensiuar a preencher deveres de ex dade. serd nunca estranho ao seu ministerio? ! um parocho nao é um bomen, qua tem uma cordae ama cestola © mais. nada; » pide deixar de-ser, um ‘mestre, um conselheiro, wim amigo eum pie ;,0 povo percebe e distingue ji isto maravilbosamente, ; De- cidi-vos a ser paes, que isso quer dizer padres, ow deixae 0 officio! PROVIDENCIAS SOBRE INCENDIO! 3979 A waxta de abunudantes depusitos de agua para accudir a incendios , se tem muitas vezes a Daido, em Lisboa, 0 nio se atalharem elles no seu principio, ¢ chegarem depois 2 um grandeauge: por outra, a falta de taes deposites deve ter causado € has de necessariamente causar, ainda grandes perdas de ©, aque 6 peior, perda de vides. Para ree embra um amigo nosso uma pro- videncia, facil ¢ sem dispendio, que nos parece sem objeegio, © que por isso esperamos ver quanto antes abragada, Ha no aqueducto das aguas livres registos para os differentes chafarizes. que delle se alimentaim ; ape~ nas tocar a.fogo, tapem-se todos estes registos, € a ‘agua que por elles se havia de divertir, ajsncte-se to- da para o d’aquelle ou d’aquelles , que, por mais isinhos ao logar do fogo, deverem ser n’essa hora us procurados : agua, que cm taes lances val viro, abun~ Gari aonde é mistér, emvez,de estar corrento. a0 Tonge sobrelageas desertas: no verao principalmente 6 que esta economia se torna indispensayel pela gran- deescacez, a que chegam aqui asaguas nesta estig Quem pide caleular, que devastacio haveria feito re~ cente incendio do Pelourinho, se nao occorresse que a visinba cisterna do 8. Francisco. encerrava. alguns ‘centenares de pipas d’agua, com que se ubvivu 4 lata VOL. 1Y, SHIRE 1. 38 REVISTA UNIVERSAL LISBONENS ‘demora que teve em chegar a insuficientissima dos chafarizes menos remotos. Sobre 0 modo de condusit a agva paraos fogos, tam- bem nos parece que ha importantes melhoramentos que fazer, dos quaes n’outro numero fallaremos. AGUAS LIVRES. (Carta.) 3980 Lexpo, na Revista o artigo $180 nio pude resistir ao desejo de dizer'o que inlendo, sobre a sua doctrina. Nao é minha intengao impugnal-a, mas sim expender algumas razGes dedusidas de factos. A agua livre ja foi analysada, e sua analyse vem no quadro analytieo das aguas potaveis da capital , publicado no forttal da sociedade pharmaceutica lusita- na, tomo f.° pag. 122. A analyse porém, demostra os contentos da agua, e mao melhora a sua qualida- de. Se é mi { como serd possivel subtituil-a por ou- tra melhor? As aguas das immediagdes de Lisboa a- bundam pela maior parte, em saes terreos e cal- careos ; defeito que provém dos terrenos que precor- rem. Este defeito nao € novo, ném o é 0 deposito que ellas deixam nas cafetciras em que se fervem: verdade é que por ser antigo, nao deixa de ser um mal, quese for possivel, se deve remediar. Entre tanto as aguas sao limpidas. innodéras, ¢ sem sa- Dor, pelo menos mui sensivel. Dissolvem © soffrivel- mente o sabio; cosem os legumes, nio abundam em Substancias organics, e conservam, por muito tem- po, a sua incdrruplibilidade. Alé as novas aguas, que aos particulares tem sido permittido’ introduzir nos aqueductos, em vanlagem commum, sao sempre pre- viamente analysadas e declaradas competentemente boas, © potaveis. Parece que s6 s¢ podem melhorar, umas'e outras, por meio de providencias policines. Nomeando-se ho- mens intendidos ¢ officiososque vigiem sobre oaccio dos barris, sempre expostos 4 poeira, e sem as ne- cessarias lavagens, de tempos a tempos, sobre alim- pesa das calhas, ¢ chafarises; e alé sobre a possivel inquinacao das aguas, por substancias langadas pelo vento, @ eenrretadas pela corrente, antes de entra- Tem para os canes geraes. Estabelecendo-se ventila- dores , ¢ fillracdes artificives em cerlas distancias , e depositos; melthorando a naturesa Jas calhas , fazen- do-as de materia, sobre que a agua em continuo flu- xo 110 tenha aecao alguma dissolvente. Bem sabido é de todos, o que succede com a pedra calcarea ¢ com as argamassas. Ouvindo finalmente, sobre esta materia, o parecer de ingenheiros e chimicos habeis , ¢ efectuando as providencias, por elles sugeridas. E’ para sentir, se isto se nao fizer; mas nem por isso a ex.* camara péde, ou deve ser arguida: ca- sos ha que podem mais que as leis. Antigamente ha- Via, em continuo trabalho, uma mullidio de opera- rios nas obras das aguas livres: canteiros picando as pedras; trabalhadores limpando as ealias, e obstan- 46 a0 accumulamento das incrustacdes calcareas ete. Esta gente foi despedida ¢ desde entao aquellas lim- pezas diminuiram , e assim havia de ser necessaria- mente. A camara nao pide satisfazer aquelle custea- mento, Algum dia entrava 0 real da agna nos co- fres das aguas livres, para d’elle se satisfazere ani- €0 objecto para que se devia applicar, Associou-se depeis , 4 fabrica de seda, emuitas vezes Ihe foi de proficoo seccorro. A final, passon para o thesoiro, e entrou na massa commum dos mais tributos, e seguiu egnal destino. A camara tendo de receber d’alli os mcivs para sustentar aquellas despezas. nem sempre os pode haver; ge n’este caso que ha-de fazer? Ahi temos nos outra providencia de que urgente- mente se necessita; mas que topa nas mesmas insu- peraveis difficuldades. A capital vae experimentande falta de agua, Consta-me dé uma aucloridade, que tenciona, dirigir-se aos seuhorios de predios, que teem pocos, no seu districlo para os convencer afa- cilitarem ao publico a extracdo de agua, para maior commodidade , e quando elles, a isto se neguem, representar a superior instancia. Ista parece bem lem- brado. Porém escusar-se- esta pratica, se a camara livesse meios para concluir 0 pouco que falta na en- canacdo das exeellentes e copiosas vertentes de Car- naxide. ; Que ebra! que formosura ! que ulilidade! Lisboa 17 de julho de 1844, Henriques José de Sousa Telles, PRESERVATIVO CONTRA AS PULGAS. 3281 Tome se uma onga de camphora, reduza-se a po grosso com mistura de meia oitava de alcvol; feche-se n’uma caixinha de folha de Flandres, coma tampa erivada de buraquinhos mindos; @ tenha-se, todo 6 dia, dentro na cama alé 4 hora do recolher, em que se deve relirar e por para longe. ‘A camphora, deve ser renovada de mez-a mez. Se= c4 bom que o inimigo de pulgas nao cemmetla esta tarefa a criados, que podem, por de deixar de acumprir, e expondo-0 a insomnivs escusadus, desacreditar uma receita tao facil e tiv util, Braga 5 d’agosto de 1844. José Joaquim Lopes da Silva, VARTEDADES, COMMEMORACOES. 8. BERNARDO. — 20 pr acosto. 3282 Nio ha ainda muitos annoso que dia d’este glorioso doctor da egteja , ¢ fundador de uma das mais possantes ordens religiosas, era solemnisado com a mair pompan’este Portugal em muitos conventos reaes, populosos como boas villas, ricos e opulentos como cidades , e havidos entao por inexpugnayeise clernos, S$. Bernardo foi contemporaneo de D. Affonso Hen- riques {a sua ordem, favorecida por todos os nossos monarchas, cresceu aqui por espaco de septe seculos, e escreveu o seu nome largamente nos fastos da p: tria, como fautora da agricultura dos bons costumes, das lettras, das artes e da civilisagao segundo a in- dole ¢ idéas de cada seculo. {Que resta de Aleobaca, que chegon a contar no- veceptos e noventa e nove religiosos? D’essa Alcoba= ¢a,, esplendida capital de tao florente povo claustra- do! —Esta deserta; desala-se em ruinas; nevhoma voz, nenhuma Juz Ihe recordara o seu dia grande: as suas riquezas estao dispersas; as suas estatuas dex goladas ; 0s seus filhos comem o escasso pauda esimo- da debaixo do teclo dos profanos. REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE. 39 ADVERTENCIA. A Viagem a S. Marcos poderia ser taxada , talvez, de nimio extensa ¢ prolixa em relagaeo ao objecto, se © empenho que n’ella teve o joven auctor, imagino- so e poeta, e com que tao bem saiu, nao fosse 0 mui louvavel de nos fazer assistir auma d’essas func- goes campestres, folgasas e religiosas, que semeiam longas saudades, ‘sendo ja saudades ellas mesmas, ¢ que a secularidade do nosso tempo, até li pelas pro- Yincias, tem quasi abolido, Se todos folgam de ler o que viu e@ pensou um estrangeiro, viajando em sua terra ou nas terras apartadas, entre gentes com quem nada temos, nem havemos deter nunca, incoherencia fora, e grande, desdenhar a relagdo de uma curla ¢ quasi doméstica jornada, que nos mostra, bem pinta~ dos, sitios dos mais amenos do nosso Portugal, trajos € costumes, nao da Ukrania ou do Egypto, mas dos nossos aldedes de diversas partes. Aquelles a quem estes povos ¢ logares forem ja conhecidos , encantar- se-hav com a fidelidade do retrato; aos restantes (que $40 0 maior numero) deleital-os-ha anovidade da coisa, realcada pelo phantasiose do estylo, UMA VIAGEM A S. MARCOs EM MAIO DE 1843. 3283 Ena no desfazer d’um baile, ao alto da es- eadaria do portal. Um grupo de cayalbeires, desl xadamente encostados aos umbraes da porta, esprei- tava os semblantes pallidos e gastados das bellas dan- ¢cadeiras da noile, que passayam involtas em seus Jongos chailes, tao languidas, como os desenrolados anneis do seu cabelio, que pelas faces se lhes fam mollemente espreguicando. E mais de uma olhadura meiga e suayissima se trocaya n’aquella passagem ra- pida, e tao galantemente saudosa. E no grupo dos mancebos trocava-se tambem uma palayra suave ccomoque mysteriosa : — ; 5. Marcos! — E bem mysteriosa para mim’ que ignoravacuja se- nha fosse, se o era. «S. Marcos! Ihes disse,... ¢que S. Marcos ¢ 0 vosso?» E aqui foi o rir dos mocos descompassado, cercaram-me, e me interrogaram, attonitos d’esta ignorancia: «gPois mao sabes da re- magem da Ascensao? do Cruzeiro Sancte? dos ledes de pedra? dos freixos gigante E eu nada sabia de tudo isso, — «Mas como ha 1a uma cruz que se adora, um freixo, que nos dé sombra, uma romagem onde se dance; seja o que for, serei dos vossos. » E alli ajustamos a nos- sa cavalgada para 4s 6 da madrugada em direitura a S. Marcos no dia da Ascensao, e das flores. Eis-abi como vae tudo pelo nosso Portugal, queas belleza , € os prodigios da nossa terra, somos os pri- meiros a ignoral-as. Alli, a dois passos da cidade, a formosa maravilha de S. Marcos, ¢ eu sem a conhe- cér. Coimbra, com os seus campos vigosos, com o seu placide Mondego, com o seu clima de'rosas, ¢ um dos mais bellos flordes da coréa portugueza; S. Marcos é das perolas mais gentis d’esse florio; e eu nao sei d’essa perola. Pois hei de yél-a e exami- nal-a; ¢ se Deus for servido hei-de celebral-a em mipha humilde prosa, ¢ cantal-a em minha frouxa Fima. Batiam as 6 horas da manha na torre de Sancta Cruz , em quinta-feira de Ascenso , de maio de 1843. E uma comprida, e vistusa cavalgata enfiava a trotar pela rua de Sancta Sophia, e se enderceava ao campo de Bolao.— ; Oh! como é formoso aquelle campo em uma fresca manhi de primavera, com as suas verdes messes em botio, a desabroxar vicosas da terra, e a malisar © roxo d’aquelle torrao egual e forte! j como sao gentis essas duas fileiras immensa de alamos agigantados, por entre cujas folhas bulicosas se ¥é 0 Mondego a lusir em espadanas de diamantes ! ; Como sao lindos esses chordes, e esses salgueiros , adebragar-se nas aguas crystalinas; ¢ essa relva tio vivente a matisar 0 caminho; e essas boninas avice- jarem a través dos caramanchdes macios; e essaaréa do leito velho , a espreguicar-se pelo campo im- menso, em linguetas informes, e successivas; ¢ es- sas yelbas arvores do choupal antigo, como sentinel- las perdidas dos antigos tempos no meio do areal de- serto! E 4 direita 0 valle estreito esombrio de Cose- Ihas, com seus odoriferos pomares de larangeiras , suas quintas a alvejar entre o verdor das arvores, seus jorros d’agua a precipar-se das caldeiras, e dos assudes, € logo o valle mais largo, e mais espacoso da Espertina com as suas variadas povoacées, equin> tas, a perder-se entre collinas escuras de oliveiras, ¢acontrastar com os oiteiros calvos, ¢ pardos do Loreto, e da Pedrulha; eo outro valle mais mimoso de Alcarracas, com as suas vallas encrusadas a lusir entre alamos e salgueiros, assombrado com a mata antiquissima da quinta dos Varejoes, e a expirar lé no cabo entre dois pinhaes melancelicos na elegan- te quinta da Zombaria, que ao largo se devisa a co- roar genlilmente este quadro. Ea cidade a ficar-nos la nas costas voluptuosamente recostada no declivio do oiteiro , a banhar as suas plantas. a beira das a+ guas, — lio nilida , tao resplendente, tao louga, a campear com wv seu bairro alto, e seus pacos, @ torres da universidade, e da cathedral no cume da montanha ; —e a espreitar-nos com.o seu bairro bai- XO, por entre as arvores corpulentas, que o cercam do lado do campo. E d'além da cidade, bem longe, como atalaia do Mondego, a bella quinta da Boavis- ta no mais suave dooiteiro circular, a fechar.o rever- so do quadro, e a.indicar o termo das aguas, que parece se somem 4 sua fralda entre rosaes e Jaran- geiras. E na opposta. margem a lapa dos Esteios tio celebrada dos poetas, toda coberta de umbroso bos- que de freixos a segurar as montanhas empinadas d’aquella banda. E logo os torredes da Varzea, mal distinctos ao nivel da ponte: ¢ os cedros antigos de Ignez melancolicos e sombrios. E no alto, la bem no cimo de monte, em frente da cidade risonha, os- tentando-se rival das suas torres © mosleiro vistoso e real de Sancta Clara, E seguindo a margem, rio abaixo, S$. Francisco, e as quintas do Almegue até que o rio se perde na volta do monte, para mais nao ser visto, E nés pardmos a yer tudo isto, e arrobar-nos com este mimoso quadro das cercanias da cidade ; — mais mimoso, e mais arrobado ao clarao do sol da primavera, a transparecer entre a purpura do horisonte do cé: —d’esse céu tao mesclado aqui e acola de cem dia- fanas brancas nuyens, que coroavam o campo, e se perdiam a pouco é@ pouco no asul da abobeda. Nio yao mui longe as eras, em que todo este qua~ dro se ostentava com dobrada lougania. Jd nao fui dessas eras, e tenho. pena. O formoso Mondego , 4s

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