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e
CONVERSÃO
FOTOVOLTAICA DA
ENERGIA SOLAR
Apostila editada a partir de textos de trabalhos, teses e
dissertações do Grupo de Energia Solar da UFRGS.
Porto Alegre, 2010.
Organizadores:
Arno Krenzinger
Cesar Wilhelm Massem Prieb
Fabiano Perin Gasparin
Rafael Haag
1.1 O Sol
1.1
encontra a zona radiativa, onde a energia produzida no núcleo é transferida para as
regiões superiores através da radiação.
A zona convectiva, possui este nome em função dos processos de convecção que
dominam o transporte de energia das regiões mais internas do Sol para a superfície
solar.
A fotosfera, primeira região da atmosfera solar, com 330 km de espessura e
temperatura de 800 K, é a camada visível da nossa estrela mais próxima. Esta zona tem
a aparência da superfície de um líquido em ebulição, repleta de bolhas, que são
chamadas de grânulos fotosféricos. Estes grânulos têm em torno de 1500 km de
diâmetro e duram cerca de 10 minutos cada. Estas zonas granulares representam os
processos convectivos do gás quente, que emerge da camada convectiva para a
fotosfera. As regiões mais escuras entre os grânulos são zonas onde o gás mais frio e
mais denso escorre novamente para o interior do Sol. A fotosfera é a fonte da maior
parte da radiação visível que é emitida pelo Sol. Um dos fenômenos fotosférico mais
notável é o das manchas solares, que são regiões mais frias que a fotosfera solar,
possuindo uma temperatura de cerca de 3800 K na região central chamada de umbra e
pouco mais elevada na parte periférica denominada de penumbra. As manchas solares
são indicadoras da intensa atividade magnética presente no Sol e seguem um ciclo de
onze anos em que o número de manchas varia entre máximos e mínimos. Este ciclo
provoca alterações na radiação emitida pelo Sol e também apresenta conseqüências no
nosso planeta, alterando o comportamento da atmosfera terrestre.
A cromosfera do Sol normalmente não é visível, porque sua radiação é muito
mais fraca do que a da fotosfera. A temperatura na cromosfera varia de 4300 K na sua
base a mais de 40000 K a 2500 km de altura. Durante um eclipse solar, quando a Lua
esconde o disco da fotosfera, a cromosfera pode ser observada por alguns instantes e
apresenta-se com uma coloração avermelhada. Isto é devido ao fato que o espectro da
cromosfera é constituído de linhas de emissão brilhantes, originadas por gases a alta
temperatura que compõe a cromosfera. Uma das linhas de emissão mais brilhantes é
conhecida como linha de Balmer Hα, no comprimento de 656,3 nm, que no espectro
solar normal aparece como uma linha de absorção. Na cromosfera se observa também
estruturas chamadas de espículas, que são jatos de gás que se elevam até 10 mil km
acima da borda da cromosfera, e duram apenas poucos minutos. Observadas durante um
eclipse, aparecem como pequenas nuvens vermelhas na atmosfera solar.
1.2
A camada mais externa e rarefeita da atmosfera solar é chamada de coroa.
Apesar do brilho da coroa solar ser equivalente ao da lua cheia, ela somente é
visualizada na ocorrência de um eclipse em virtude do alto brilho da fotosfera.
O espectro emitido pela coroa solar mostra linhas muito brilhantes, produzidas
por átomos de ferro, níquel, neônio e cálcio altamente ionizados. Estes elementos
tornam-se ionizados devido à alta temperatura presente nesta região do Sol, que pode
atingir mais de 1 milhão de graus kelvin. Acredita-se que esta elevada temperatura tem
origem no transporte de energia por correntes elétricas induzidas através de campos
magnéticos variáveis. É nesta região que emana o vento solar, um fluxo contínuo de
partículas carregadas que é liberado pela atmosfera solar e que durante períodos de
intensa atividade do Sol atinge a alta atmosfera terrestre provocando o surgimento das
auroras polares, fenômenos luminosos e excitação e desexcitação dos átomos de
oxigênio.
Em função dos gradientes de temperatura encontrados na atmosfera solar e a
presença de várias linhas de emissão e absorção, pode-se apenas aproximar o
comportamento da radiação emitida pelo Sol ao de um corpo negro de temperatura
próxima de 5800 K. A partir da potência (energia/tempo) recebida no topo da atmosfera
terrestre, que é próxima de 1400 W/m2, determina-se a luminosidade do Sol por unidade
de área em 4 x 1026 watts. Este valor é equivalente a mais de 10 milhões de vezes a
produção anual de petróleo da Terra. Anteriormente, acreditava-se que a energia do Sol
era originada na combustão, mas foi apenas em 1937 que o físico Hans Albrecht Bethe
propôs a teoria que é aceita atualmente. Segundo ela, a energia é liberada em reações
termonucleares, onde quatro prótons são fundidos em um núcleo de hélio, com a
liberação de energia. O Sol tem reserva de hidrogênio suficiente para alimentar essas
reações nucleares por mais 5 bilhões de anos. As principais características do Sol estão
descritas na Tabela 1.1:
1.3
Temperatura efetiva 5785 K
Temperatura central 1 x 107 K
Composição química principal Hidrogênio = 92%
Hélio = 7,8%
Oxigênio = 0,061%
Carbono = 0,039%
Nitrogênio = 0,0084%
Período rotacional no equador 25 dias
Período rotacional na latitude 60° 29 dias
A Terra gira ao redor do Sol descrevendo uma órbita elíptica na qual o Sol ocupa
um dos focos, tal como se vê na Figura 1.3. Como a excentricidade da elipse é muito
pequena, a posição do Sol é praticamente o centro de um círculo e a órbita é quase
circular.
1.4
O plano que contém esta órbita é chamado eclíptica e o tempo que a Terra tarda
em percorrê-la é um ano. A excentricidade desta órbita é tal que a distância entre o Sol e
a Terra varia 1,7%. Esta excentricidade pode ser calculada da seguinte maneira:
Γ = 2 π ( d n − 1) / 365 (1.2)
até 365 (31 de dezembro). Outra equação mais simples é dada da seguinte maneira:
A Equação 1.3, apesar da sua simplicidade, pode ser utilizada na maioria das
aplicações de engenharia.
1.5
A uma distância de uma unidade astronômica (UA), que é a distância média
entre o Sol e a Terra e que equivale a 1 UA=1,49x108 km, o Sol subentende um ângulo
de 32'.
A Terra, por sua vez, gira ao redor de um eixo central, chamado eixo polar,
completando uma volta por dia (sucessão dia-noite). Este eixo gira ao redor da normal
ao plano da eclíptica com um ângulo constante e igual a 23,45°, conforme pode ser
observado na Figura 1.4.
(a) (b)
Figura 1.4: (a) Rotação da Terra em torno de seu eixo polar. A linha vertical é perpendicular ao
plano da eclíptica. (b) Considerando a Terra como referência, observa-se a inclinação entre o
plano da eclíptica (caminho do Sol) e o equador como constante.
Desta forma, e de acordo com as Figuras 1.5 e 1.6, o ângulo formado entre o
plano equatorial e a linha que une os centros da Terra e do Sol muda continuamente
(sucessão das estações do ano). Este ângulo é conhecido como declinação solar, δ, e
pode ser estimado pela seguinte equação, com um erro inferior a 3':
1.6
Figura 1.5: Posições da Terra em torno do Sol ao longo do ano. Para uma melhor visualização
as relações de tamanho entre o Sol e a Terra estão fora de escala.
1.7
solar pode ser determinada pela seguinte expressão (este mesmo raciocínio produziu a
Equação 1.3):
⎡ 360 ⎤
δ = 23,45 sen⎢
⎣ 365
( d n + 284) ⎥, em graus
⎦
(1.5)
1.8
Nesta equação, o termo entre parênteses da esquerda representa a equação do
tempo e o termo multiplicador da direita a conversão para minutos.
O movimento da Terra ao redor do Sol pode ser descrito, desta maneira, como o
movimento do Sol ao redor da Terra seguindo o maior círculo que forma um ângulo de
23,45° com o equador celeste (a eclíptica). Desta forma, o Sol descreve diariamente e
ao redor da Terra, um círculo cujo diâmetro varia dia a dia, sendo máximo nos
equinócios e mínimos nos solstícios, de acordo com a representação da Figura 1.8.
Para calcular a radiação solar que atinge uma superfície horizontal na Terra, é
necessário estabelecer algumas relações geométricas entre a posição do Sol no céu e as
1.9
coordenadas desta superfície na Terra. Para isto, utilizaremos a Figura 1.8 como
referência.
A vertical (normal) de um lugar (observador) na Terra intersecta a esfera celeste
em dois pontos, chamados zênite e nadir. O ângulo que forma esta reta com o plano do
equador celeste é chamado latitude geográfica, φ, sendo positiva ao norte e negativa ao
sul deste plano.
O horizonte do observador é o círculo máximo na esfera celeste cujo plano passa
através do centro da Terra, normal a uma linha unindo o centro da Terra e o zênite. O
ângulo de zênite, referido como θz a partir de agora, é o ângulo entre o zênite local e a
linha que une o observador e o Sol. A altitude solar, α, (também chamada elevação
solar) é a altura angular do Sol acima do horizonte celeste do observador. Este ângulo
nada mais é que o complemento do ângulo de zênite.
O ângulo de azimute solar, γs, é o ângulo (no zênite local) entre o plano do
1.10
Figura 1.8. Caminho do Sol através do céu, visto por um observador no ponto de intersecção
dos eixos.
Figura 1.9: Esfera celeste e coordenadas do Sol relativas a um observador na Terra, no ponto O.
1.11
onde θz é o ângulo de zênite, em graus; α é a altitude solar (α=90-θz); ω é o ângulo
horário, meio-dia igual a zero e manhãs negativo; γs é o ângulo de azimute solar, sul
Figura 1.10: Definição dos ângulos de zênite θz e azimute γs. DAN é o desvio azimutal do
Norte, um ângulo azimutal com referência no Norte em vez do Sul.
Para encontrar ωs, o ângulo de nascimento do Sol, basta resolver a Equação 1.8
1.12
ω s = cos −1 (− tan φ tan δ ) (1.10b)
2
Nd = cos−1 ( − tan φ tanδ ) (1.11)
15
1.13
emissão solar eletromagnética possuía variações ao longo do tempo. Este termo era
adotado para a denominação da radiação solar incidente em um plano perpendicular ao
feixe solar a uma distância de uma unidade astronômica (1 UA = 149 x 106 km) do Sol.
A determinação da “constante solar” e suas possíveis variações teve um
interesse considerável no inicio do século vinte e motivaram o trabalho de pioneiros no
campo da radiação solar como Langley e Abbott. Atualmente o termo “constante solar”
é melhor definido por irradiância solar extraterrestre total (W m-2) abreviada na
literatura por TSI (do inglês Total Solar Irradiance). A palavra “constante solar” deve
referir-se apenas ao valor médio ao longo de vários anos da TSI. Na Figura 1.11 é
observado a variação da TSI durante um período de aproximadamente 30 anos medida
através de vários instrumentos a bordo de satélites. Observa-se a correlação entre a
variação do número de manchas solares e o valor da TSI.
Figura 1.11: Irradiância solar extraterrestre total (TSI) medida através de vários instrumentos no
espaço durante aproximadamente 30 anos (1980-2009). O número médio de manchas solares é
mostrado na parte inferior do gráfico.
1.14
alterações. Manchas solares tendem a reduzir o valor da TSI, enquanto outros
fenômenos na atmosfera solar como fulgurações e fáculas provocam um aumento no seu
valor. A variação da TSI também acompanha o período de rotação solar médio de 27
dias. Usando os valores suavisados pelo período de 27 dias, é obtido um valor médio
de 1366,1 W m-2 e uma variação média de 1,1 W m-2, ou seja, 0,08% em relação ao
valor médio. Esta intensidade está de acordo com o valor da constante solar que foi
padronizada pela ASTM (American Society for Testing and Materials) igual a 1366,1
W m m-2 e apenas 0,9 W m-2 menor que o valor de 1367 W m-2 recomendado pela
Organização Meteorológica Mundial (WMO) em 1981.
Estudos teóricos e experimentais revelam que a maior variação da radiação
solar ocorre no segmento extremo do ultravioleta (abaixo de 200 nm). A variabilidade
nesta parte do espectro eletromagnético aumenta consideravelmente com a redução do
comprimento de onda, ao ponto onde a relação entre o máximo e mínimo da irradiância
solar atinge um fator de 100 em 0,5 nm. Na região de maior interesse para estudos na
área de energia que compreende o segmento do ultravioleta até o infravermelho
próximo (300-4000 nm), a variabilidade da irradiância solar total em condições de fraca
atividade solar possui uma amplitude muito pequena (0,1%). Esta variação é da ordem
da precisão dos instrumentos utilizados para a sua medida. No entanto, deve ser
salientado que a variabilidade do espectro solar extraterrestre não deve ser desprezada
em certos comprimentos de onda específicos, principalmente no visível e no
infravermelho próximo. Estes comprimentos de onda correspondem às linhas de
absorção existentes na atmosfera solar, como a linha Ca K em 393,5 nm e a linha He em
1083 nm. Nesta última, a amplitude de variação ao longo do ciclo de atividade solar
pode ser maior que 200%.
1.15
Esta distribuição espectral é muito similar à do espectro de um corpo negro a
5900 K, também representado na mesma figura. Na Tabela 1.2 é apresentada a
distribuição do espectro solar extraterrestre em diferentes bandas de cores.
Aproximadamente a metade da energia solar se encontra na região do visível e quase a
mesma quantidade se encontra no infravermelho.
Figura 1.12: Distribuição espectral da radiação extraterrestre AM0 em vermelho, AM1 em azul
e distribuição espectral de um corpo negro a 5900 K mostrada em verde.
1.16
Desta forma, aproximadamente 95% da energia do Sol está dentro do intervalo
0,3-2,4 μm, 1,2% no intervalo < 0,3 μm e 3,6% no intervalo > 2,4 μm.
1.17
que incide sobre uma unidade de área em função do comprimento de onda. Nestes
casos, estuda-se a irradiância espectral solar. A irradiância mede a densidade do fluxo
de radiação que incide sobre uma superfície, podendo ser definida como a taxa de
energia solar incidente numa superfície por unidade de tempo e por unidade de área.
Portanto, tem como unidades W/m2. A irradiância depende da orientação da superfície
sobre a qual a radiação incide. Para uma determinada intensidade de radiação, a
irradiância é proporcional ao co-seno do ângulo entre a direção do fluxo e a direção da
normal a superfície na qual incide o fluxo.
∫ ρdl
m= 0
∞
≅ sec( Z ) (1.12)
∫ ρdz
0
1.18
Figura 1.14. Exemplo de três valores distintos de massa de ar; AM 1, AM 1,5 e AM 2. Para
cada massa de ar é mostrado o respectivo ângulo zenital do Sol (Z).
−1 / 2
∞
ρ ⎧⎪ ⎡ ⎛ ρ ⎞⎤⎛ sin( Z ) ⎞ ⎫⎪
2
[
mi = cos( z ) + ai1 Z ai 2 (ai 3 − Z ) i 4
a
]
−1
(1.14)
1.19
estão mostrados na Tabela 1.3, juntamente com os valores de mi para Z=90°, que
apresentam uma grande dispersão entre 16,6 e 71,4. A Equação 1.14 Deve ser
empregada quando é necessário conhecer a massa de ar com boa precisão para elevados
ângulos zenitais, pois nestes casos, o cálculo da massa óptica de ar deve ser associado a
uma correção do ângulo zenital solar aparente, ou seja, o ângulo que é originado em
função da refração atmosférica que altera a posição real do disco solar. A Figura 1.15
mostra a variação do valor de massa de ar para diferentes constituintes atmosféricos
quando o ângulo zenital solar é maior que 78°.
Figura 1.15: Variação do valor de massa de ar para diferentes componentes atmosféricos para
ângulo zenital acima de 78°.
1.20
processos podem ocorrer simultaneamente, para um determinado componente
atmosférico ou mesmo para um certo grupo de componentes, por exemplo: as nuvens,
além de refletir, absorvem e espalham a radiação incidente. De acordo com a
importância desempenhada e com os objetivos a serem atingidos, o modelo empregado
pode enfatizar apenas o processo mais significativo, desprezando os demais.
A absorção ocorre quando as partículas que compõem a atmosfera terrestre
removem uma parte da energia incidente e a convertem em energia interna. Em
conseqüência, ocorre um aumento na movimentação dessas partículas ou de seus
componentes, por exemplo, átomos e elétrons. O processo de absorção molecular
depende do estado de energia da molécula, sendo a radiação absorvida durante a
transição de um estado de energia para outro. Esse processo ocorre somente para
comprimentos de onda discretos. Dessa forma, cada gás atmosférico absorve radiação
em determinados comprimentos de onda, sendo transparente para os demais. Por isso
são chamados de absorvedores seletivos.
O espalhamento é um caso particular de difusão da radiação que,
geralmente, está associado às posições irregulares das partículas num gás. O processo
pode ser pensado como se parte da radiação incidente fosse, momentaneamente,
capturada e, em seguida, emitida em todas as direções, sem alteração do comprimento
de onda. Esse processo se repete, ou seja, a radiação espalhada por uma molécula pode
ser novamente espalhada por outra, dando origem ao que se chama de múltiplos
espalhamentos. Na atmosfera, o espalhamento ocorre quando a radiação incide nos
aglomerados - formados por flutuações ocasionais da densidade - de moléculas de ar.
Como a radiação é enviada em todas as direções, resulta que parte da radiação difusa
retorna ao espaço, enquanto outra parte, proveniente de todas as regiões do céu, atinge o
solo. Muitos fenômenos são observados devido ao espalhamento atmosférico. Por
exemplo, a claridade do dia se deve a esse tipo de difusão da radiação. Na ausência de
atmosfera, o céu teria aspecto completamente diverso: seria totalmente negro, exceto
nas posições ocupadas pelos astros. O azul do céu se deve à existência de pequenas
partículas que difundem maiores proporções de radiação nesse intervalo de
comprimento de onda.
Quando o céu está nublado, a atmosfera passa a conter uma grande quantidade
de água e, portanto, uma grande quantidade de partículas difusoras maiores. Essas
partículas se caracterizam por difundir proporções aproximadamente iguais para todos
os comprimentos de onda, causando superposição entre as cores. Como conseqüência, a
1.21
abóbada celeste torna-se branca; pela mesma razão são brancas as nuvens e a luz que
atravessa um nevoeiro. As mudanças diárias no aspecto de uma mesma paisagem se
devem, em grande parte, ao processo de espalhamento. Além disso, é o espalhamento
atmosférico que limita o alcance da visão de objetos distantes, observados por meio de
instrumentos ópticos como lunetas de grande alcance.
A reflexão difusa é observada sempre que a radiação encontra alguma superfície
irregular e é espalhada em determinadas direções, que variam de acordo com as
irregularidades da superfície e com o ângulo de incidência da radiação. O solo, embora
não sendo um componente atmosférico, desempenha um papel relevante na
determinação da radiação difusa. De acordo com o tipo de cobertura característico da
superfície a ser estudada - neve, areia, floresta, etc. - e mesmo da região - proximidade
de uma superfície com água, um rio, por exemplo - , uma quantidade maior ou menor de
radiação será refletida. As nuvens são os componentes atmosféricos responsáveis por
esse tipo de difusão da radiação solar; sua importância pode ser melhor percebida nos
dias em que o céu se encontra completamente nublado. Nessas condições, uma grande
quantidade da radiação incidente é refletida pelas nuvens, retornando ao espaço.
Na Figura 1.16, é observada a importância dos processos de absorção e de
difusão sofridos pela radiação solar, através da representação do balanço global da
energia solar recebida pelo planeta durante um ano. A radiação solar média recebida
anualmente pela Terra é representada por 100 unidades. Dos 100% recebidos, 35%
retornam ao espaço por algum processo de difusão (7% pelo espalhamento atmosférico,
24% devido à reflexão das nuvens e 4% por reflexão da superfície) e 65% é absorvido
(17,5% pela atmosfera e 47,5% pelo solo).
1.22
1.8 Determinação da irradiância solar na superfície
Ho = ∫n I o dt
ps
(1.18)
s
Ho =
24
π
[
I sc Eo ωs ( sinδsinφ ) + ( cosδ cos φsinωs ) ] (1.19)
com ωs, o ângulo horário do pôr-do-sol, expresso em radianos. Na Tabela 1.4 se pode
1.23
Tabela 1.4: Variação da irradiação extraterrestre diária em uma superfície horizontal,
Ho (MJm-2 dia-1).
Latitude (Sul)
Mês 0° 15° 30° 45° 60° 90°
Jan 36,32 40,87 43,04 42,89 41,05 43,32
Fev 37,53 39,83 39,57 36,84 32,07 27,06
Mar 37,90 37,14 33,85 28,28 20,83 5,49
Abr 36,75 32,99 27,08 19,45 10,75 0,00
Mai 34,78 28,92 21,42 12,91 4,47 0,00
Jun 33,50 26,76 18,68 10,02 2,15 0,00
Jul 33,89 27,57 19,76 11,19 3,07 0,00
Ago 35,56 30,89 24,29 16,28 7,66 0,00
Set 37,07 35,03 30,62 24,16 16,09 0,69
Out 37,34 38,42 36,95 33,07 27,16 17,86
Nov 36,47 40,28 41,66 40,66 37,83 37,96
Dez 35,74 40,91 43,80 44,44 43,61 47,66
Media 36,07 34,97 31,73 26,68 20,56 15,00
Jan 17 -20,84 17
Fev 14 -13,32 45
Mar 15 -2,40 74
Abr 15 +9,46 105
Mai 15 +18,78 135
Jun 10 +23,04 161
Jul 18 +21,11 199
Ago 18 +13,28 230
Set 18 +1,97 261
Out 19 -9,84 292
Nov 18 -19,02 322
Dez 13 -23,12 347
1.24
1.9 Posição do Sol para superfícies arbitrariamente inclinadas
1.25
cos θ s = sin δ sin φ cos β − sin δ cos φ sin β cos γ + cos δ cos φ cos β cos ω
(1.20a)
+ cos δ sin φ sin β cos γ cos ω + cos δ sin β sin γ sin ω
ou
Para uma superfície orientada ao equador, a equação (1.1a) pode ser simplificada
utilizando-se a representação da Figura 1.18.
Esta figura mostra que uma superfície localizada em uma latitude φ e inclinada β
graus da horizontal e orientada ao equador é paralela a uma superfície horizontal
localizada em uma latitude (φ-β), isto é, o ângulo θs em uma latitude φ é igual ao ângulo
1.26
Da mesma forma que encontramos o ângulo de nascimento do Sol, ωs, para uma
para uma superfície inclinada. Isto é obtido da Equação 1.18 fazendo-se θs=90°:
ω s' = π / 2 (1.20)
ii) durante o inverno, δ >0, resultando em ωs > ωs'. Isto significa que o Sol surge antes
iii) durante o verão, δ<0, resultando, matematicamente, que o Sol surge para uma
superfície inclinada antes que para uma horizontal. Como isto não é possível
fisicamente, estabelece-se uma expressão geral para ωs':
1.27
Em muitos lugares o número de horas de Sol (n), medido com os heliógrafos, é o
único dado que se registra, sendo então necessário conhecer as correlações entre este
número e a radiação global diária (H), ainda que estes valores somente possam ser
utilizados como valores médios mensais.
Os pesquisadores Prescott e Col propuseram a utilização da seguinte equação
1.28
A radiação direta diária (Hb) obtém-se como a diferença entre a radiação global e a
radiação difusa:
Hb = H –Hd (1.25)
Assim como no caso da radiação diária, a radiação difusa horária (Id) incidente em
uma superfície se relaciona com a radiação global horária (I). Neste caso, utiliza-se o
índice de transparência atmosférico horário kt, que se entende como o quociente entre a
radiação global horária e radiação extraterrestre horária. A expressão usada divide o céu
em três tipos, segundo o valor de kt :
O valor obtido para Id não é muito exato, já que é difícil fazer a previsão somente
com o valor da radiação global; o mesmo ocorrerá usando qualquer das outras
correlações.
A radiação direta se obtém com a diferença entre a radiação global e a radiação
difusa:
Ib = I – Id (1.27)
A radiação global diária incidente sobre uma superfície inclinada pode ser
calculada como a soma das parcelas horárias da radiação global.
Hβ = Σ I β (1.28)
horas
onde I β pode ser obtida como a soma horária da radiação direta, difusa e refletida
1.29
I β = Ibβ + I dβ + I rβ (1.29)
Conhecendo a radiação direta sobre uma superfície horizontal pode ser calculada
a radiação direta sobre uma superfície inclinada através da seguinte expressão:
I bβ = Ib rb (1.30)
⎡ ⎛ cosθ s ⎞ ⎤
I dβ = I d ⎢ 0,5(1 + cos β ) ( 1 − F1 ) + F1 ⎜ ⎟ + F2 sen β ⎥
⎣ ⎝ cosθ z ⎠ ⎦ (1.33)
1.30
do céu, ângulo de zênite, a claridade ε e o brilho Δ , obtidos através das equações
empíricas:
I d ⋅ ma
Δ= (1.36)
I on
I d + I bn
ε= (1.37)
Id
Tabela 1.6: Coeficientes “F” para determinação da radiação difusa através do modelo de
Perez.
Faixa de ε F11 F12 F13 F21 F22 F23
1 a 1,056 -0,042 0,55 -0,044 -0,12 0,138 -0,034
1,0561 a 1,253 0,261 0,559 -0,243 -0,019 0,083 -0,081
1,253 a 1,586 0,481 0,46 -0,354 0,077 0,006 -0,116
1,5861 a 2,134 0,825 0,187 -0,532 0,172 -0,05 -0,151
2,1341 a 3,23 1,102 -0,299 -0,586 0,35 -0,398 -0,171
3,231 a 5,98 1,226 -0,451 -0,617 0,444 -0,949 -0,073
5,981 a 10,08 1,367 -0,838 -0,655 0,431 -1,75 0,094
10,08 a ∞ 0,978 -0,812 -0,393 0,335 -2,160 0,106
1.31
2. Instrumentação para medida da radiação solar
2.1
à medida da radiação solar que adotam estes tipos de sensores geralmente empregam
uma combinação de cobre-constantan, sendo que apenas uma das junções é exposta ao
feixe solar. A tensão presente nos terminais de um sensor termoelétrico é muito baixa,
por isso, costuma-se associar vários sensores em série para obtenção de uma tensão
mais elevada. Este arranjo de vários sensores termoelétricos é denominado de
termopilha.
Os sensores fotovoltaicos estão dentre os sensores fotoelétricos mais
empregados para medida da energia solar. Um dispositivo fotovoltaico é composto por
um material semicondutor, geralmente silício. Um átomo de silício possui quatro
elétrons de valência formando uma estrutura cristalina contendo outros quatro átomos
na sua vizinhança. Quando uma impureza é adicionada nesta estrutura, como, por
exemplo, um átomo de fósforo, arsênio ou antimônio que possuem cinco elétrons de
valência, o elétron em excesso pode ser facilmente liberado tornado-se um elétron
condutor. Um semicondutor com excesso de elétrons é denominado de semicondutor
tipo N. Quando é adicionada à estrutura cristalina uma impureza como alumínio, boro
ou índio, que possui três elétrons na banda de valência, cria-se uma lacuna nesta
estrutura. Um semicondutor com estas características é chamado de tipo P. Quando há a
união destas duas junções é formado um semicondutor do tipo P-N. A incidência de
uma radiação luminosa com energia capaz de remover elétrons de ligação nas
proximidades da junção P-N provoca um contínuo movimento dos elétrons e lacunas
em excesso, ocasionando o surgimento de uma corrente elétrica. A utilização de
sensores fotovoltaicos apresenta várias vantagens em relação aos demais tipos de
sensores, entre elas destacam-se o baixo custo, tempo de resposta extremamente rápido
(cerca de 10 μs), elevada corrente de saída, proporcionalidade entre a corrente de saída
e a radiação incidente e baixa degradação ao longo do tempo. Apesar destas
características favoráveis, os sensores fotovoltaicos possuem algumas limitações. A
principal é originada na resposta espectral seletiva deste tipo de sensor. Este fator está
relacionado com o tipo de semicondutor utilizado. A Figura 2.1 apresenta a curva de
resposta espectral de um sensor de silício. Observa-se na Figura 2.1 que a resposta do
sensor fotovoltaico de silício é extremamente pequena para comprimentos de onda
abaixo de 400 nm e maiores que 1100 nm possuindo uma resposta máxima em torno de
950 nm. Esta característica de resposta espectral seria insignificante caso a distribuição
espectral da radiação solar fosse constante. No entanto, é conhecido que a distribuição
espectral da radiação solar que atinge a superfície terrestre é variável e depende da
2.2
elevação solar, turbidez atmosférica, quantidade de água precipitável, entre outros
diversos fatores.
2.3
instrumentos dedicados à medida da irradiância solar direta foram desenvolvidos nos
dois últimos séculos.
Herschel desenvolveu em 1825 o primeiro instrumento usado para medir o
aquecimento causado pela radiação solar. Este instrumento denominado de actinógrafo
era composto por um termômetro com um extenso tubo preenchido por um líquido com
coloração azul escuro para uma melhor absorção da radiação solar. Este medidor era
exposto à luz solar por 1 minuto, após este período a radiação era bloqueada por um
anteparo pelo mesmo tempo, ao final deste período, o anteparo era retirado e o medidor
era novamente iluminado pelo Sol. A leitura obtida pelo termômetro durante estas
etapas era relacionada com a energia recebida pelo Sol. Apesar de extremamente
rudimentar este medidor serviu como base para os instrumentos mais precisos que o
sucederam.
As primeiras medidas absolutas da constante solar foram realizadas na França
em 1837, por Pouillet, com auxílio de um pireliômetro por ele desenvolvido. Este
instrumento é constituído por dois discos. Um destes discos contém água no seu interior
e possui a face superior pintada de preto e pode ser orientado diretamente para o Sol. O
outro disco possui as mesmas dimensões, mas possui uma superfície prateada e polida,
visando diminuir a absorção da radiação solar. Conhecendo a capacidade calorífica do
disco com água é possível determinar a quantidade de energia solar absorvida pela face
enegrecida por meio de um termômetro. Desta forma é calculada a potência média por
unidade de área da radiação solar incidente.
No início do século 20, Charles Greeley Abbot construiu um pireliômetro
absoluto que se tornou o primeiro radiômetro padrão de referência reconhecido
internacionalmente. Este instrumento construído por Abbot, utiliza um fluxo de água
destilada para remover o calor gerado pela absorção de energia solar em um absorvedor
de forma cônica, cujo o seu interior é pintado com tinta preta de alta absorção. A
superfície cônica é instalada dentro de um tubo colimador e mantida isolada
térmicamente por meio de um recipiente evacuado. A variação da temperatura da água é
medida através de um termômetro diferencial de platina. Dentro da superfície cônica
absorvedora há uma resistência que é aquecida fazendo passar por esta uma corrente
elétrica. A determinação da intensidade de radiação solar é feita produzindo-se o seu
bloqueio na entrada do tubo colimador e medindo-se a potência elétrica necessária para
provocar a mesma elevação de temperatura da água. Este pireliômetro é denominado de
absoluto, pois determina diretamente a quantidade de energia recebida do Sol.
2.4
Abbot também desenvolveu o pireliômetro de disco de prata. Neste instrumento
o sensor é composto por um disco de prata onde é inserido o bulbo de um termômetro.
Para assegurar um bom contato térmico entre o disco de prata e o termômetro, a região
de contato entre estas duas superfícies é preenchida com mercúrio líquido. O disco de
prata é pintado com tinta preta altamente absorvedora e alojado dentro de um tubo
colimador com isolação térmica. Após um determinado intervalo de tempo de
incidência da radiação solar sobre o disco (cerca de um minuto), a entrada do tubo
colimador é bloqueada e é realizada a medida da razão de crescimento e decréscimo da
temperatura do disco. A partir de dados sobre o coeficiente térmico específico do
instrumento empregado, determina-se a intensidade da radiação solar incidente.
Quase na mesma época em que Abbot desenvolvia seu pireliômetro, Knut
Ångström1, na Suécia, construiu o primeiro medidor verdadeiramente preciso para
medida da radiação direta normal. Este pireliômetro utiliza duas pequenas lâminas de
manganin cobertas por uma tinta escura e colocadas lado a lado no fundo de um tubo
colimador.
Um sistema de bloqueio da radiação solar incidente é instalado na parte superior
do tubo colimador de tal forma que apenas uma das duas lâminas é atingida pela
radiação solar, enquanto a outra lâmina é aquecida através da passagem de uma corrente
elétrica contínua. Cada lâmina possui termopares que estão fixados na sua parte inferior
e ligados a um galvanômetro. Uma chave permite inverter o papel desempenhado pelas
lâminas, deste modo, pode-se determinar com bastante exatidão a corrente média
necessária para que ambas as lâminas estejam em equilíbrio térmico. A potência elétrica
fornecida à lâmina nesta situação terá o mesmo valor da intensidade da radiação solar
incidente e haverá uma indicação nula de corrente no galvanômetro. Este pireliômetro
de compensação elétrica mostrado na Figura 2.2 é um instrumento absoluto de medida
da radiação solar, pois não exige outro pireliômetro como referência para a sua
calibração.
1
Knut Ångström (1857-1910) era filho do famoso astrônomo e físico sueco Anders
Jonas Ångström (1814-1874) que leva seu nome na unidade usualmente empregada para
medida de comprimento de onda. Anders Ångström (1888-1981), filho de Knut
Ångström, desenvolveu as formulações para o cálculo de turbidez atmosférica e
correlações de irradiância com dados de insolação solar.
2.5
Figura 2.2: Fotografia do pireliômetro absoluto desenvolvido por Knut Ångström.
2.6
Figura 2.3: Fotografia do pireliômetro NIP produzido pela empresa Eppley.
2.7
preta tipo black velvet da empresa 3M. O hemisfério é feito com vidro especial (Schott
WG295) que apresenta uma transmitância aproximadamente constante entre 285 e 2800
nm. Este piranômetro possui um circuito de compensação térmica que assegura uma
estabilidade na sensibilidade do instrumento para uma faixa de temperatura ambiente
entre -20 e + 40°. A Figura 2.4 apresenta alguns modelos de piranômetros.
Há também um grande número de piranômetros que utilizam dispositivos
fotovoltaicos como sensores. Apesar da resposta espectral limitada apresentada por
estes tipos de piranômetros sua utilização é compensada pelo baixo custo, resposta
virtualmente instantânea e alta corrente de saída. Este tipo de sensor exige o uso de um
dispositivo difusor, pois geralmente os detectores empregados (células fotovoltaicas,
fotodiodos, etc.) possuem um campo de visão com resposta reduzida em relação às
termopilhas.
2.8
A medida da componente difusa da irradiância solar pode ser efetuada utilizando
dois instrumentos; um piranômetro para determinação da componente global e um
pireliômetro que mede a componente direta. A parcela difusa da irradiância pode ser
encontrada pela relação:
2.9
concentrar os raios de sol em uma superfície côncava, o foco, onde se coloca uma tira
de papel. Quando a intensidade da radiação ultrapassa certo nível, o papel queima
produzindo uma marca. A Figura 2.5 mostra um registrador Campbell-Stokes.
2.10
Figura 2.6: Imagem de um actinógrafo.
2.11
com resposta espectral entre 300 – 1100 nm. O anel de sombra possibilita medir a
radiação global e difusa. A componente direta da radiação é encontrada a partir das
componentes obtidas.
2.12
Figura 2.8: Espectrorradiômetro modelo RSS produzido pela empresa YES. Este
espectrorradiômetro possui um anel de sombra rotativo para medida espectral das componentes
global, direta e difusa da irradiância solar.
2.13
espectral, fragilidade, entre outras. Atualmente, espectrorradiômetros empregam um
arranjo com um grande número de fotodiodos, montados sobre o mesmo substrato
semicondutor, assegurando uma excelente estabilidade espectral. A Figura 2.9 mostra a
imagem do espectrorradiômetro portátil SPEC-PAR/NIR da empresa APOGEE. Este
espectrorradiômetro é capaz de caracterizar a irradiância solar entre 350 - 1000 nm com
resolução aproximada de 4 nm usando um arranjo de 2048 pixeis. Observa-se a unidade
detectora com o difusor de teflon que é conectada ao instrumento através de uma fibra
óptica.
2.14
um baixo número de filtros seletivos. A resolução espectral neste caso é dependente do
número de filtros utilizados. A Figura 2.10 mostra um exemplo de medida realizada por
um piranômetro que emprega seis filtros.
Figura 2.10: Distribuição espectral da irradiância solar obtida através de um piranômetro que
emprega seis filtros seletivos.
2.15
do próprio satélite. Outras informações como altitude e turbidez atmosférica também
são empregadas nos modelos.
A precisão e confiabilidade destes modelos estão fortemente associadas à
determinação, a partir de imagens de satélite, do índice de cobertura de nuvens que é o
principal fator de modulação da irradiação solar que incide na superfície do planeta e a
principal fonte de erro nas estimativas obtidas com o uso de modelos de transferência
radiativa.
O coeficiente de cobertura efetiva de nuvens, abreviado por CCI (do termo em
inglês Cloud cover index) em um determinado pixel da imagem, em um dia e horário
específicos, é determinado a partir do valor de radiância visível do pixel medido pelo
satélite (Lr) e dos valores de radiância visível associados às condições de céu claro (Lclr)
e céu encoberto (Lcld) para o mesmo pixel, conforme descrito na Equação 2.2.
Lr − Lclr
CCI = (2.2)
Lcld − Lclr
A determinação dos valores de Lclr e Lcld pode ser realizada a partir da análise
espacial e/ou temporal das imagens obtidas por satélite. As técnicas desenvolvidas
podem ser separadas em dois grupos: i) técnicas que estabelecem valores limiares para a
detecção de nuvens e trabalham pixel a pixel da imagem de um ou mais canais
espectrais do satélite e ii) técnicas que analisam propriedades estatísticas das radiâncias
visível e/ou infravermelha em grupos de píxeis ou segmentos de imagens.
Uma técnica de valores limiares bastante utilizada adota os valores mínimo e
máximo de radiância visível para determinação de Lclr e Lcld, respectivamente. Como o
albedo de superfície e as propriedades atmosféricas variam no decorrer do ano devido à
geometria Sol/Terra e devido a alterações de propriedades e características da cobertura
do solo, os valores extremos de radiância medidos por satélite devem ser corrigidos ou
sua aplicação deve ser limitada temporalmente. Quando a determinação dos valores
extremos é limitada em um intervalo de tempo específico, os valores de Lclr e Lcld são
válidos apenas para esse período que deve ser definido de forma tal que o albedo de
superfície não apresente uma variação significativa e as diferenças na geometria do
sistema Sol/Terra/Satélite sejam pequenas a fim de que apresente pouca influência na
variabilidade da radiância visível medida pelo satélite.
2.16
A adoção de valores extremos de radiância visível para a determinação do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens apresenta alguns inconvenientes. A
dificuldade primária deste método reside no fato de que no intervalo de tempo
necessário para garantir a ocorrência de pelo menos uma situação sem contaminação de
nuvens no pixel da imagem podem ocorrer muitos fenômenos que geram um valor de
radiância menor do que o valor correspondente à condição céu claro. Sombras
produzidas por nuvens (“broken clouds”), movimentos do pixel causados por incerteza
da navegação, variações na estrutura da vegetação devido a variações de umidade são
exemplos de eventos que podem reduzir os valores radiância observados por satélite
para um pixel da imagem. Quanto maior o intervalo de tempo utilizado para a obtenção
do valor mínimo de radiância visível, maior a probabilidade de ocorrência de um dos
eventos de “ruído” atmosférico ou radiométrico, ou seja, o uso de um intervalo de
tempo grande aumenta a sensibilidade do método a eventos raros e adiciona um erro
sistemático na determinação da radiância de céu claro.
Outro fator de grande importância é a ocorrência de nebulosidade por períodos
maiores do que o intervalo de tempo utilizado no método. A ocorrência de
nebulosidade persistente é comum em regiões sob o efeito da zona de convergência
intertropical, por exemplo, nas florestas tropicais como a Floresta Amazônica e na
região do Atlântico Sul.
De modo similar, a falta de ocorrência de nuvens durante o intervalo de tempo
adotado para a determinação do valor de Lclr, também, acarretará imprecisão na
determinação do índice de cobertura de nuvens. Na região semi-árida nordestina
caracterizada pela baixa precipitação anual, a persistência de céu claro ocorre ao longo
do ano e produz valores irreais de cobertura de nuvens que, quando usados como dado
de entrada em modelos de transferência radiativa, produzem valores subestimados de
irradiação solar na superfície.
O projeto SWERA (INPE/CPTEC e LABSOL-UFSC) elaborou em 2006 um
mapa bastante detalhado apresentando características sobre a distribuição da radiação
solar no território brasileiro a partir de dados de satélites. O modelo utilizado para a
elaboração destes mapas é baseado no método de “Dois-Fluxos” e foi denominado de
BRASIL-SR. O modelo assume que fluxo de radiação solar no topo da atmosfera está
linearmente distribuído entre as duas condições atmosféricas extremas céu claro e céu
encoberto. Este modelo também assume a existência de uma relação linear entre a
2.17
irradiância global na superfície e o fluxo de radiação refletida no topo da atmosfera, de
modo que se pode escrever:
Figura 2.11: Mapa da radiação solar média anual para superfícies inclinadas no território
brasileiro produzido pelo projeto SWERA.
2.18
3. Softwares para análise da Radiação Solar
3.1 Introdução
3.1
Figura3.1: Imagem de abertura do programa RADIASOL
3.2
Figura 3.2: Interface principal do programa RADIASOL, mostrando um gráfico da distribuição
de radiação solar ao longo de um dia típico de abril para Porto Alegre. Indica-se acesso à
AJUDA.
Figura 3.3: Dados de irradiação solar horária para dias típicos de cada mês do ano.
Como exemplo, podemos indagar qual é a energia solar que se espera (em
média) receber entre 10h e 12h em uma parede de 4 m² voltada para Leste, em Rio
Grande, no dia 02 de março. Para solucionar abre-se o RADIASOL escolhendo a
estação "Rio Grande", ajusta-se o ângulo de inclinação para 90º, o Desvio Azimutal do
Norte para 90º (ver que indique Leste) e o mês de MARÇO e a data para dia 02/03. O
gráfico de linhas, representando a irradiância ao longo do dia, aparece na Figura 3.4.
Seleciona-se agora a apresentação de TABELA (ícone de planilha) e o resultado é o
mostrado na Figura 3.5. Para visualizar toda a planilha é utilizado o ícone da planilha,
resultando na Figura 3.6. A irradiação indicada no horário da 10:30 corresponde da hora
3.3
entre 10h e 11h (306Wh) e a irradiância no horário das 11:30 corresponde à hora entre
11h e 12h (258Wh). O total das duas horas será, portanto: 564Wh/m², que, para 4 m²
corresponde a 2256 Wh ou 8121 kJ.
Figura 3.5: Idem ao visto na Figura 3.4, mas com opção de tabela.
3.4
Figura 3.6: Tabela destacada do exemplo.
3.5
programa Radiasol na parte da radiação solar, com exceção de que gera apenas um ano
de dados. Por outro lado, incorpora um sintetizador de dados de temperatura ambiente.
O resultado é gravado em um arquivo, que pode ser manipulado de forma externa por
um usuário com experiência com programação, ou simplesmente ser importado por um
programa de apresentação de gráficos. A interface do programa é vista na Figura 3.7.
3.6
Figura 3.8: Selecionado o Estado do Rio Grande do Sul.
Para obter dados para um determinado ponto geográfico, marcado pela posição
do mouse, o usuário deve optar por utilizar dados originais de MAPAS ou utilizar uma
interpolação com os dados do Banco de Dados, como é mostrado na Figura 3.9.
3.7
e clicar. A seguir deve-se pressionar o botão Entrada Manual de Dados, com o que
aparecerá uma tela como na Figura 3.10, onde se digita o nome da nova estação e
verifica-se se os dados realmente correspondem ao que se deseja. Observe que os dados
mudam conforme se clica em "capturar pelos mapas" ou "capturar pela
interpolação". Depois de selecionados os dados, clica-se sobre o botão INSERIR, e
uma nova estação será inserida no banco de dados, aparecendo um ponto amarelo
correspondente no mapa.
3.8
Energy Resource Assessment), que proporcionam valores de irradiação solar global
horizontal em média mensal, calculados a partir de imagens obtidas por satélites.
Com a interpolação selecionada, o cálculo dos valores dos dados climáticos é feito
pela média ponderada dos valores que existem nas localidades pertencentes ao banco de
dados. Esta média é feita utilizando apenas as três localidades mais próximas ao ponto
representado pelo mouse e de forma que o peso seja inversamente proporcional à
distância. Cada variável é tratada de forma separada. Assim, os dados de uma variável
climática podem ser o resultado de um conjunto de 3 cidades que não necessariamente
sejam as mesmas consideradas para outro dado. Quando uma nova estação é inserida no
banco de dados, ela passa a integrar o banco com a mesma hierarquia dos dados
existentes anteriormente e, portanto, a ser considerada na interpolação de outros pontos.
Deve-se ainda selecionar o valor do albedo, o ângulo do desvio azimutal e a
inclinação do módulo, para somente depois prosseguir com o cálculo da seqüência
meteorológica. As interfaces da Figura 3.11 mostram aspectos destes ajustes.
Figura 3.11: Ajustes para Desvio Azimutal do Norte, Inclinação e Albedo do Solo.
3.9
Figura 3.12: Caixa para confirmar a gravação do arquivo climático.
3.10
Como exemplo de resultados obtidos, o gráfico da Figura 3.14 mostra a
irradiação solar horária e a temperatura ambiente reproduzida por um programa gráfico,
entre os pontos 4000 e 4200 de uma seqüência de um ano (8760 pontos).
50 1000
40 800
IRRADIÂNCIA (W/m²)
)
30 600
(
p
20 400
10 200
0 0
3.11
Como explicado no texto de “ajuda” do software, o RADIASOL 2 (assim como
o Radiasol e o SEQMETBR) não é um programa fonte de dados meteorológicos ou
climáticos, apenas ajuda a lidar com dados que o próprio usuário deve inserir no
programa. Apenas para facilitar a utilização enquanto o usuário ainda não dispõe dos
dados mais específicos, o programa disponibiliza dados em média mensal para permitir
a sintetização das sequências.
Para mostrar os dados de irradiação em média mensal sobre um plano inclinado,
diferentemente do programa Radiasol (versão anterior), o RADIASOL 2 faz a média
dos dados estocásticos obtidos de forma horária, mantendo coerência entre os dados
seqüenciais e os dados médios, mas permitindo certas assimetrias na distribuição
horária média ao longo do dia.
Os dados horários são sintetizados ao longo de um ano, tentando fazendo com
que a média de irradiação para cada mês seja parecida com a média mensal utilizada
para alimentar o programa. Desta forma os dados devem ser encarados como dados
típicos, e não extremos. Isto porque os dados médios inseridos para dar início à
sintetização em geral correspondem à uma média de vários anos e não uma média
mensal referida a apenas um ano.
A Figura 3.15 mostra a interface da seleção do estado do Brasil para inicial o
programa RADIASOL 2. Arrastando o mouse pelo mapa do Brasil é possível ver uma
estimativa das diferenças climáticas. Clicando em um círculo vermelho se seleciona um
estado.
A Figura 3.16 mostra a interface com o estado da Bahia selecionado.
Exatamente como no programa SEQMETBR, os pontos representam localidades que
constam do Banco de Dados, podendo-se inserir novas localidades, ou editar os dados a
qualquer momento. Selecionando a cidade de Salvador e clicando em CONFIRMAR,
são gerados os dados seqüenciais e apresentados em gráfico em função do tempo,
conforme exibe a Figura 3.17. Este gráfico pode ser examinado com facilidades de
diversas modalidades de ZOOM e deslocamento vertical e horizontal. Também é
possível alternar entre dados de radiação solar e temperatura ambiente.
Na parte inferior da imagem apresentada na Figura 3.17 aparecem opções de
continuidade do programa. Uma delas é a opção de gráficos de barras, que permite realizar
médias mensais diárias e horárias. Ao selecionar esta opção, uma janela como a que aparece na
Figura 3.18 é exibida.
3.12
Figura 3.15 Interface da seleção do estado do Brasil no programa RADIASOL 2.
3.13
No caso da Figura 3. 18 são apresentados dados diários em média mensal para cada mês
do ano, mas selecionando um determinado mês se visualizam os dados de cada componente
organizados (Figura 3.19) como média horária ao longo de um dia.
3.14
Figura 3.19 Gráfico da irradiação horária em média mensal.
Os dados exportados podem ser utilizados pelo usuário em outros programas ou planilhas de
cálculo comerciais, já que são gravados em formato acessível como dados separados por
vírgula.
3.15
instaladas algumas informações com as tabelas de transmitância e refletância de alguns
materiais.
O programa ESPECTRO foi elaborado no Laboratório de Energia Solar da
UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul .
A Tabela 3.1 mostra a lista de parâmetros solicitados pelo programa, sendo que
os ângulos Azimutal e Zenital são calculados pelo programa a partir dos dados de tempo
(data e hora) e da latitude. Como alguns destes parâmetros podem ser de difícil
obtenção, o programa sugere valores típicos para começar a trabalhar. A Figura 3.20
mostra a interface gráfica onde os parâmetros são ajustados e o gráfico do espectro solar
é apresentado.
Tabela 3.1 Parâmetros necessários para o programa Espectro Solar
Altura da camada de ozônio Albedo de Superfície
Coeficiente de Aerossóis Albedo de Espalhamento
Temperatura Ambienete Ângulo Azimutal
Umidade Relativa Ângulo Zenital
Hemisfério (Norte ou Sul) Mês
Visibilidade Dia
Altitude Local Hora
Latitude Minuto
3.16
O programa ESPECTRO funciona da seguinte maneira: dados determinados parâmetros
atmosféricos, é possível estimar o grau de absorção da atmosfera para determinados
comprimentos de onda. O programa parte de um espectro típico da radiação solar direta fora da
atmosfera e calcula a absorção e a dispersão da luz, gerando espectros resultantes separados em
radiação difusa e radiação direta. A integral destes espectros produz um valor estimativo de
radiação difusa e direta que, somados, dão a radiação global. O programa apresenta de forma
gráfica os espectros das componentes difusa e direta e sua soma no gráfico da distribuição
espectral de radiação global. Mostra também a distribuição espectral da radiação extraterrestre
normal e horizontal. A interface de opções de qual gráfico será representado aparece na Figura
3.21, sendo (a) para seleção com “check list” e (b) para opção na barra de ferramentas.
(a) (b)
Figura 3.21 Opções de escolha do espectro a ser representado.
3.17
Figura 3.22 Operações entre funções permitem calcular efeito de mais de um material refletindo
ou transmitindo a radiação solar.
3.18
4. CÉLULAS FOTOVOLTAICAS
4.1
Cada um destes átomos, por sua vez, compartilha um de seus elétrons com o primeiro
átomo, formando assim uma rede tridimensional de átomos onde todos os elétrons estão ligados.
Isto indica que uma rede ideal deste material seria um isolante elétrico, dada a ausência de
elétrons livres para a condução elétrica. O silício, no entanto, é classificado como um
semicondutor porque, à temperatura ambiente, uma pequena fração de seus elétrons escapa das
ligações interatômicas e passa a integrar um grupo de elétrons com energia maior que os elétrons
de ligação e que se distribuem pelo cristal com movimentos aleatórios em todas as direções, os
elétrons livres. A cada elétron que se libera de suas funções de ligação, corresponde uma ligação
incompleta, uma região em que um átomo se vê cercado por apenas sete elétrons, havendo assim
uma "lacuna" ou posição de ligação não preenchida por um elétron.
A fração de elétrons livres no silício à temperatura ambiente é de 7 x 10-14 . Havendo
5x1028 átomos por metro cúbico e quatro elétrons de valência por átomo, haverá 1,4x1016
elétrons livres e igual número de lacunas por metro cúbico. Quando um campo elétrico é
aplicado ao cristal, circulará neste uma corrente causada parcialmente pela aceleração dos
elétrons livres na direção do campo e parcialmente pelo deslocamento dos elétrons de ligação,
que saem dos átomos com a camada de valência completa para as lacunas existentes, deixando
assim novas lacunas para que um processo sucessivo de transferências eletrônicas se desenvolva.
O deslocamento de elétrons de ligação entre átomos vizinhos pode ser descrito, da mesma forma,
por um "movimento" das lacunas no sentido contrário. Diz-se assim que o processo de condução
elétrica em um semicondutor se dá por uma corrente de elétrons e uma "corrente de lacunas",
atribuindo-se uma carga positiva às lacunas que se deslocam no sentido contrário aos elétrons.
Se uma pequena fração, por exemplo, uma parte por milhão, de átomos com cinco
elétrons de valência (pentavalentes) for introduzida na rede cristalina do Si, substituindo átomos
deste na mesma proporção, então haverá, depois de estabelecidas as ligações com seus quatro
vizinhos, um quinto elétron não ligado. Este elétron tenderia a orbitar em torno da região do
átomo pentavalente, porém estaria tão fracamente ligado nesta órbita que a própria energia
térmica à temperatura ambiente lhe daria condições de se libertar desta ligação e integrar o grupo
dos elétrons livres. Se for considerada uma dopagem de 5x1022 átomos de fósforo (P) por metro
cúbico num cristal de Si, uma densidade igual de elétrons passaria a integrar o grupo dos elétrons
livres. Note-se que uma dopagem em uma fração da ordem de um milionésimo de átomos
pentavalentes implica em um aumento do número de elétrons livres na ordem de um milhão de
vezes, com a conseqüente alteração drástica na condutividade do semicondutor.
4.2
Se, por outro lado, uma fração similar de átomos trivalentes como os de Boro (B) for
introduzida num cristal de silício, haverá um aumento da ordem de um milhão de vezes na
densidade de lacunas do cristal, sendo então a condutividade por lacunas predominante.
Os cristais dopados com átomos pentavalentes (também chamados de doadores de
elétrons) são chamados de semicondutores do tipo N e os dopados com átomos trivalentes
(também chamados aceitadores de elétrons) são denominados semicondutores do tipo P.
O efeito de profundas modificações no comportamento eletrônico dos cristais com
pequenas dopagens de impurezas demonstra que nos processos de fabricação de dispositivos
eletrônicos é necessário utilizar semicondutores previamente purificados a um alto grau.
Figura 4.2 – Diagrama esquemático de uma estrutura cristalina de silício dopado a fim de
produzir semicondutores do tipo N e do tipo P.
Um mesmo cristal pode abrigar uma região dopada do tipo P em contato com uma
região dopada do tipo N. Na interface das duas regiões haveria uma difusão de elétrons da região
N para a região P e uma difusão de lacunas da região P para a região N, devido aos fortes
gradientes de concentração. Em conseqüência desta difusão, a região N próxima à interface
ficaria com deficiência de elétrons, isto é, ficaria com cargas positivas, e a região P próxima à
interface ficaria com cargas negativas. Esta polarização de cargas elétricas gera um campo
elétrico interno no material, o qual origina uma força elétrica que se opõe à força de difusão
original. No equilíbrio, a corrente devida ao campo formado compensa a corrente devida à
difusão que flui no sentido oposto, tornando nula a corrente através da interface. O campo
elétrico formado existe apenas na região das junções e seu alcance define a "zona de depleção",
cuja largura depende das dopagens do lado N e do lado P.
4.3
Figura 4.3 – Representação esquemática de um junção PN
cuja demonstração pode ser obtida em qualquer livro sobre dispositivos eletrônicos. Io é a
corrente de saturação reversa, V a tensão aplicada, k a constante de Stefan-Boltzmann, T a
temperatura do cristal e m um fator com valor entre 1 e 2 (2 para tensões muito baixas e
tendendo a 1 para tensões acima do "joelho" da curva). A Figura 0.4 representa a Equação 1 e é
chamada "característica no escuro" de um diodo semicondutor.
4.4
Figura 0.4 – Curva característica de um diodo.
Observa-se que quando uma junção P-N é iluminada, a curva característica se desloca
como indicado na Figura 4.5.
O fato de aparecer uma tensão nos terminais do diodo iluminado foi denominado efeito
fotovoltaico, e a explicação do fenômeno é possível com considerações da mecânica quântica. A
luz é constituída de fótons, que podem ser absorvidos por elétrons que estejam participando das
ligações (elétrons de valência) entre os átomos de silício. Quando um elétron absorve um fóton,
passa a um estado de energia igual à que tinha anteriormente mais a energia do fóton, o que
4.5
implica na sua liberação, criando assim um elétron livre e uma lacuna onde havia antes uma
simples ligação entre átomos. Denomina-se este fato de geração de um par elétron-lacuna a partir
de um fóton. Os elétrons gerados na região P serão acelerados pelo campo elétrico localizado na
região da junção para o lado N. As lacunas geradas na região N tendem a cruzar a junção para o
lado P, como pode ser observado na Figura 4.6.
Ocorre assim um desequilíbrio nas correntes da junção que transferem uma diferença de
potencial para os terminais do dispositivo. Se o circuito externo é fechado por um fio, uma
fotocorrente passa a circular e se mantém enquanto incidir luz sobre a junção. Quando a
polarização do diodo é reversa (positivo do lado N), é fácil entender a corrente que circula no
sentido reverso se for lembrado que, no escuro, esta corrente é pequena por escassez de elétrons
no lado P e que, em condições de iluminação, os elétrons no lado P são gerados por fótons
incidentes.
Também é fácil prever uma proporcionalidade entre a corrente reversa e a intensidade de
luz, já que a última determina o número de fótons incidentes e o número de pares elétrons-lacuna
gerados (e, portanto, a corrente) depende deste fato.
4.6
constituídas. Desta forma a estrutura atômica pode ser do tipo cristalina ou do tipo amorfa. A
estrutura cristalina pode ser ainda monocristalina ou multicristalina.
Quanto ao material utilizado para a fabricação das células, este pode ser composto por
ligas, como sulfeto de cádmio e arsenieto de gálio entre outros ou por apenas um elemento como
o silício, germânio ou selênio. Na parte frontal das células é acrescentada uma camada de um
material, geralmente TiO2 ou SiO2, a fim de minimizar as perdas por reflexão. A Fig. 4.7
apresenta uma representação de uma célula de silício típica. Normalmente a camada de Silício
tipo N tem uma espessura compreendida entre valores da ordem de 0,3 μm até 1 μm enquanto a
camada de silício tipo P apresenta uma espessura de aproximadamente 300 μm.
4.7
3. Perdas pela utilização parcial da energia dos fótons na criação dos pares
elétron-lacuna;
4. Perdas pelo não aproveitamento de todos os pares elétron-lacuna e pela
recuperação somente parcial da energia destes portadores;
5. Perdas pelos efeitos de resistência série e paralela, contatos, etc.
O segundo fator, as perdas por seletividade, tem origem em dois efeitos: os fótons com
energia menor que a necessária para liberar elétrons de valência da sua ligação entre átomos de
silício não são aproveitados e os fótons com energia maior que a necessária são absorvidos ao
longo da profundidade do cristal e podem atravessá-lo sem ser absorvidos. Como conseqüência
destes efeitos e outros fatores de funcionamento, as células de Si são insensíveis à luz fora da
banda visível e infravermelho próximo.
A resposta espectral de uma célula convencional de Si pode ser vista na Erro! Fonte de
referência não encontrada.4.8 A não coincidência dos máximos das duas curvas infelizmente
reduz a quantidade de energia aproveitável. Existe a alternativa de outros materiais que podem
alcançar eficiências mais altas, porém sua tecnologia não tem ainda a estabilidade obtida pelas
células de silício.
4.8
1200 1.2
800 0.8
Resposta Relativa
Curva 1 - Resposta espectral da célula
Curva 2 - Espectro solar (AM 1,5 G)
600 0.6
400 0.4
200 0.2
0 0.0
4.9
O material mais utilizado para a fabricação de células fotovoltaicas é o silício. Ele não é
encontrado na natureza como um elemento químico puro, mas um composto química em forma
de dióxido de silício. Para a obtenção do silício, em primeiro lugar é necessário separar o
oxigênio não desejado do dióxido de silício. Para conseguir isto, a areia de sílica é aquecida e
fundida num cadinho, junto com pó de carvão. Durante este processo é criado o silício
metalúrgico, com uma pureza de 98 %.
No entanto, 2 % de impurezas no silício é demasiado para aplicações eletrônicas. É
apenas admissível um bilionésimo por cento. Por este motivo, o silício em estado bruto é ainda
purificado através de um processo químico. É cuidadosamente depositado num forno com ácido
clorídrico. Como resultado, são produzidos as substâncias hidrogênio e triclorosilano. Este
último é destilado em várias e sucessivas etapas, durante as quais é reduzida a percentagem de
impurezas em cada estágio da destilação. Quando se consegue a percentagem de pureza
necessária, o triclorosilano é reduzido a silício com a ajuda do hidrogênio a 1.000 ºC. Este silício
de elevada qualidade pode agora ser processado de diferentes modos, como por exemplo para
produzir células monocristalinas ou células policristalinas.
4.2.1 Células de silício monocristalino
4.10
O processo de zona flutuante consiste noutro processo de produção de silício
monocristalino, sendo utilizado para a produção de células solares de maior pureza e de maior
eficiência.
4.2.2 Célula de silício policristalino
4.11
assim criados os blocos de silício de 40x40 cm com uma altura de 30 cm. Os blocos são primeiro
serrados em barras e depois em pastilhas com uma espessura de 0,3 mm. Durante o corte,
perdem-se partes do silício na forma de pó de serragem. Depois da introdução de impurezas de
fósforo, a camada posterior de contato é unida à pastilha. Por último, os contactos elétricos são
fixados no lado frontal juntamente com uma camada de anti-reflexão (AR)
Fabricantes de células: BP Solar, Eurosolare, ErSol, GPV, Kyocera, Photowatt, Q-Cells, RWE
Solar,Sharp, Shell Solar, Sunways.
4.2.3 Células de filmes finos
Células de filmes finos são resultado das investigações feitas para possibilitar a produção
de células confiáveis utilizando pouco material semicondutor, e que seja plausível a produção em
grande escala, com custos mais baixos de produção e, em conseqüência, da energia gerada.
4.12
Os dispositivos de filme fino produzem tensão mais elevada que os monocristalinos e
policristalinos, e os módulos podem ser feitos com menos de 28 células; além de apresentarem
tamanhos e formas livres, podendo adaptar-se a superfícies como telhas, janelas, etc.
Entre os materiais trabalhados figuram diferentes semicondutores, e o tratamento consiste na sua
deposição em camadas finas na superfície, da ordem de poucos micrometros. Na Figura 4.11 se
mostra uma célula flexível desenvolvida na University of Linz (Austria).
O silício amorfo é um destes materiais e caracteriza-se por ter maior desenvolvimento na
área, ainda que não apresente o mesmo nível de confiança nem de estabilidade que as células
cristalinas; mas junto aos outros materiais, tem o futuro assegurado, por permitir a fabricação de
produtos de baixo custo em grande escala e permitir sua deposição sobre diferentes superfícies.
Neste tipo de tecnologia também se encontram os filmes finos de telureto de cádmio (CdTe),
disseleneto de cobre e índio, e disseleneto de cobre, gálio e índio (CIS e CIGS) (Rüther, 2004).
4.13
Figura 4.12 Célula de múltiplas camandas de a-Si.
4.2.4 Células orgânicas e de corantes.
Também conhecidas pela sigla DSC (Dye-Sensitized Solar Cells - células solares
sensibilizadas por corantes) essas células solares foram inventadas pela equipe do professor
Michael Gratzel, na Suíça, nos anos 1990 - por isso, também são conhecidas como células
solares Gratzel. Uma célula solar Gratzel é composta por uma camada porosa de nanopartículas
de um pigmento branco, o dióxido de titânio, coberta por um corante molecular que absorve a
luz solar, como a clorofila nas folhas verdes.
O dióxido de titânio revestido com pigmento é imerso em uma solução eletrolítica, e
um catalisador à base de platina completa a estrutura. Como em uma célula eletroquímica
convencional - uma pilha alcalina, por exemplo - dois eletrodos (o anodo de dióxido de titânio
e o catodo de platina na célula Gratzel) são colocados em cada um dos lados de um condutor
líquido (o eletrólito).
A luz solar passa através do catodo e do eletrólito e, em seguida, retira elétrons do
anodo de dióxido de titânio, que é um semicondutor e fica na parte inferior da célula. Esses
elétrons viajam ao longo de um fio a partir do anodo até o catodo, criando a corrente elétrica.
4.14
Desta forma, a radiação solar é convertida em eletricidade. A maioria dos materiais usados
para construir esta célula solar são de baixo custo, de fácil fabricação, e são flexíveis,
permitindo a integração dos painéis solares em uma grande variedade de objetos e materiais.
As células de corante ainda não atingiram um nível comercial devido à sua baixa
eficiência e pouca durabilidade (eficiência pode chegar a 6 ou 7%, mas duram muito menos
que uma célula de silício amorfo).
4.15
I
+
IL ID
(4.3.2
I = IL − ID
)
A corrente que flui através de um diodo, em função da tensão, pode ser descrita pela
equação (4.3.3), a qual pode ser encontrada em diversas bibliografias de física do estado sólido.
⎧ ⎡ eV ⎤ ⎫
I D = I 0 ⎨exp ⎢ ⎥ − 1⎬ (4.3.3
⎩ ⎣ m k Tcel ⎦ ⎭ )
onde I0 é a corrente de saturação reversa do diodo no escuro, V é a tensão aplicada aos terminais
do diodo, e é a carga do elétron, m é o fator de idealidade do diodo (entre 1 e 2 para o silício
monocristalino), k é a constante de Boltzmann e Tcel é a temperatura absoluta da célula
fotovoltaica.
Assim tem-se que a corrente da célula fotovoltaica, em função da tensão, pode ser
expressa por:
⎧ ⎡ eV ⎤ ⎫
I = I L − I 0 ⎨exp ⎢ ⎥ − 1⎬ (4.3.4
⎩ ⎣ m k Tcel ⎦ ⎭ )
4.16
série RS, representando a resistência efetiva da célula, e uma resistência paralela RP, associada às
correntes de fuga. Este circuito equivalente também é válido para módulos fotovoltaicos, como
será visto posteriormente.
I
RS
+
IL ID IP
RP V
I = IL − ID − IP (4.3.5
)
⎧ ⎡ e (V + I RS ) ⎤ ⎫ V + I RS
I = I L − I 0 ⎨exp ⎢ ⎥ − 1⎬ − (4.3.6
⎩ ⎣ m k Tcel ⎦ ⎭ RP )
onde RS é a resistência série e RP é a resistência paralela.
4.17
série, resultando na equação Erro! Fonte de referência não encontrada.. Aqui RS e RP
representam as resistências série e paralela totais do módulo.
⎧ ⎡ e (V + I RS ) ⎤ ⎫ V + I RS
I = I L − I 0 ⎨exp ⎢ ⎥ − 1⎬ − (4.3.7
⎩ ⎣ N S m k Tcel ⎦ ⎭ RP )
⎡ ⎛ IR ⎞ ⎤ ⎛R ⎞
IL >> I0. ⎢exp⎜ S
⎜ ⎟⎟ − 1⎥ e que a relação ⎜⎜ S ⎟⎟ é muito pequena, pode-se demonstrar a que a
⎣ ⎝ Vt ⎠ ⎦ ⎝ Rp ⎠
equação (4.3.7) ficará:
ISC = IL (4.3.8
)
onde ISC é a corrente de curto-circuito do módulo. Esta aproximação é aceita pela maioria dos
autores e foi demonstrada sua validade (Rauschenbach, 1980).
No caso em que o módulo fotovoltaico não está conectado a carga alguma, a corrente nos
seus terminais é nula. Se o módulo permanece em circuito aberto, este se polariza em uma tensão
chamada de tensão de circuito aberto (VOC), na qual a corrente fotogerada é compensada quase
⎛ Voc ⎞
em sua totalidade pela corrente de polarização do diodo. Assim, levando em conta que ⎜ ⎟é
⎜ R ⎟
⎝ p ⎠
⎛V ⎞
muito menor que IL , e I0 exp ⎜⎜ OC ⎟⎟ , a equação para a tensão de circuito aberto terá a forma:
⎝ Vt ⎠
⎛I ⎞
Voc = Vt ln⎜⎜ L + 1⎟⎟ (4.3.9
⎝ I0 ⎠ )
4.18
Os módulos fotovoltaicos podem estar polarizados entre o ponto de curto-circuito e circuito
aberto, em um ponto que vai depender do valor da carga elétrica conectada nos seus terminais.
Se para essa carga, o módulo está fornecendo a sua máxima potência, se diz que está operando
no seu ponto de máxima potência, obtendo-se assim valores de tensão e correntes tais que seu
produto seja máximo. Estes valores são denominados respectivamente, tensão de máxima
potência (Vmp) e corrente de máxima potência (Imp). Neste ponto, demonstra-se que (Krenzinger,
1993):
Vmp − I mp RS
RP =
I0 ⎡ ⎛ Vmp + I mp Rs ⎞⎤
⎢(I mp Rs − Vmp )exp⎜⎜
(4.3.10
⎟⎟⎥ + I mp )
Vt ⎣⎢ ⎝ Vt ⎠⎦⎥
⎧ ⎛ Vmp ⎞ ⎫
⎪ ⎜⎜ ⎟⎟ − RS ⎪
⎪ ⎝ I mp ⎠ ⎪
⎪ ⎬
RS = ⎨ ⎡ I 0 ⎤ ⎡ ⎛ Vmp + I mp ⋅ RS ⎞⎤ ⎪
⎪ ⎢ ( I mp ⋅ RS ) ⎥ ⋅ ⎢exp ⎜ ⎟ ⎥ + I mp ⎪
⎪ ⎣ Vt ⎦ ⎢⎣ ⎝ Vt ⎠ ⎥⎦ ⎭ (4.3.1
⎪ )
⎩
⎪⎧ ⎡ ⎛ Vmp + I mp ⋅ RS ⎞ ⎤ ⎪⎫ Vmp
⎨ I L − I mp − I 0 ⋅ ⎢ exp ⎜ ⎟ − 1⎥ ⎬ −
⎢⎣ ⎝ Vt ⎠ ⎥⎦ ⎭⎪ I mp
⎩⎪
4.19
Para escolher o parâmetro m poderia ser utilizada uma expressão empírica que relaciona m
com o fator de forma da curva I-V.
I mpVmp
m = 2.8 − 2.3 (4.3.12
I scVoc )
Para condições diferentes da standard, calcula-se Isc e Voc, mantendo constante m, Rs e Rp,
segundo:
G
I SC = I scs [1 + α (Tc − 298 K )] (4.3.13
1000 W m − 2 )
⎛ G ⎞
Voc = Vocs + N s β (Tc + 298 K ) + Vt ln⎜⎜ −2
⎟⎟ (4.3.14
⎝ 1000 W m ⎠ )
4.20
5. MÓDULOS FOTOVOLTAICOS
Atualmente, a grande maioria dos módulos fotovoltaicos são montados para operarem
com tensão nominal de 12 V. Dependendo do tipo de células que os constituem, apresentam mais
ou menos células associadas em série. Entre os tipos de células mais utilizados estão a de silício
monocristalino (módulos com 30 a 36 células), silício policristalino (geralmente módulos com
36 células) e silício amorfo (módulos de 27 ou 28 células).
Em sistemas fotovoltaicos é freqüente utilizar-se componentes elétricos de consumo que
apresentam tensões nominais de 12, 24 ou 48 V. As tensões de 24 V e 48 V são obtidas
associando-se em série um maior número de células fotovoltaicas.
A Figura 5.1 apresenta o circuito elétrico de N células associadas em série.
5.1
R
Como principais características de uma associação série, tem-se que a corrente que
circula por uma célula é a mesma que circula pelas demais células associadas e a tensão, nos
extremos da associação, é dada pela soma das tensões de cada célula.
Supondo que as N células mostradas na Figura 5.1sejam idênticas, tem-se que a tensão de
circuito aberto da associação VOCA é igual a N vezes a tensão de circuito aberto VOCCN de uma
célula qualquer, visto que todas elas apresentam uma mesma tensão de circuito aberto. Logo,
VOCA = VOCC1 + VOCC2 + ..... + VOCCN
onde VOCA é a tensão de circuito aberto da associação e VOCCN é a tensão de circuito aberto da
célula N e sendo
VOCC1 = VOCC2 =...... = VOCCN
tem-se que
VOCA = N S ⋅ VOCC1 = N S ⋅ VOCC2 = ...... = N S ⋅VOCCN
Figura 5.2 - Curva característica I-V de N células fotovoltaicas idênticas associadas em série.
Observa-se que, para qualquer carga que seja conectada nos extremos da associação,
todas as células comportam-se como geradores de energia elétrica.
O ponto P2 indica o ponto de máxima potência da associação no qual se tem que
VmpA = VmpC1 + VmpC2 + ...... + VmpCN
onde VmpA é a tensão do ponto de máxima potência da associação e VmpCN é a tensão do ponto de
máxima potência da célula N
5.3
e sendo
VmpC1 = VmpC2 = ...... = VmpCN
e
I mpA = I mpC1 = I mpC2 = ...... = I mpCN
onde ImpA é a corrente do ponto de máxima potência da associação e ImpCN é a corrente do ponto
de máxima potência da célula N.
Células fotovoltaicas que apresentam curvas características I-V não idênticas, quando
associadas em série, podem funcionar em pontos de operação que prejudicam o desempenho de
toda a associação. Situações não desejadas, como a de sombreamento de células e curto-circuito
da associação podem danificar células e, em determinadas situações, até tirar de funcionamento
o sistema de geração de energia elétrica.
Considerem-se, para efeito de análise do comportamento de células fotovoltaicas não
idênticas associadas em série, duas células idênticas e uma terceira com menor eficiência.
Na Figura 5.3 são mostradas as curvas características I-V da célula menos eficiente (1),
da curva resultante da associação das duas células idênticas (2) e da associação (3).
Observa-se que no ponto P1, a associação encontra-se em circuito aberto (IA = 0) com
uma tensão VOCA igual a soma das tensões de circuito aberto de cada célula, de tal modo que
VOCA = VOCC1 + VOCC2 + VOCC3
À medida que a carga ligada nos extremos da associação aumenta (R tendendo a zero), o
seu ponto de operação começa a deslocar-se em direção ao ponto P4.
Enquanto a corrente da associação é menor que a corrente de curto-circuito de cada
célula associada (região entre os pontos P1 e P3), todas as células comportam-se como geradores
de energia elétrica.
5.4
Figura 5.3 – Curva Característica I-V de células fotovoltaicas não idênticas associadas em série
5.5
operem em pontos de temperaturas mais elevadas que as demais células, podendo ocorrer danos
parciais ou até mesmo irreversíveis à célula e, conseqüentemente, à associação.
5.6
Neste tipo de associação, a corrente de curto-circuito da associação ISCA é igual a N vezes
a corrente de curto-circuito de uma qualquer das células, visto que todas células apresentam uma
mesma corrente de curto-circuito. Logo,
I SCA = I SCC1 + I SCC2 +......+ I SCCN
e sendo
I SCC1 = I SCC2 =...... = I SCCN
tem-se que
I SCA = N P ⋅ I SCC1 = N P ⋅ I SCC2 = ...... = N P ⋅ I SCCN
Para qualquer outro ponto de operação da associação, diferente dos pontos das situações
de circuito aberto e curto-circuito, a corrente fornecida pela associação a uma carga qualquer,
submetida a uma tensão VA, é dada como sendo a soma das correntes de cada célula.
Para VA, tem-se que
I A = I C1 + I C2 +......+ I CN
onde IA é a corrente elétrica da associação e ICN á a corrente elétrica da célula N.
Na Figura 5.5 são mostradas as curvas características de uma das células fotovoltaicas
associadas e a curva da associação das N células idênticas.
5.7
Figura 5.5 Curva característica I-V de N células fotovoltaicas idênticas associadas em paralelo.
Observando a Figura 5.5, verifica-se que, para qualquer carga que seja conectada nos terminais
da associação, todas as células comportam-se como geradores de energia elétrica.
O ponto P2 da Figura 5.5 indica o ponto de máxima potência da associação no qual tem-
se que
I mpA = I mpC1 + I mpC2 + ...... + I mpCN
e sendo
I mpC1 = I mpC2 = ...... = I mpCN
e
VmpA = VmpC1 = VmpC2 = ...... = VmpCN
5.8
Considere-se, para efeito de análise do comportamento de células fotovoltaicas não
idênticas associadas em paralelo, duas células idênticas e uma terceira com menor eficiência
associadas.
Na Figura 5.6 são mostradas as curvas características I-V da célula menos eficiente (1),
da curva da associação paralelo das duas células idênticas (2) e a da associação paralela de todas
as células (3).
I
( 3 ) P1
P2
( 2 )
R
P3
( 1 )
P4
Figura 5.6 - Curva característica I-V de células fotovoltaicas não idênticas associadas em paralelo
5.9
correntes das duas células mais eficientes é igual, em módulo, à corrente que circula pela célula
menos eficiente. Logo, para IA = 0, tem-se que
I A = 0 = I C1 + I C2 + I C3
Portanto
I C2 + I C3 = − I C1
Isto equivale a dizer que toda a potência gerada pelas células mais eficientes é dissipada
na célula menos eficiente. Os mesmos problemas de aquecimento e, conseqüentes danos as
células, observados em associações série, acontecem também em associações paralelo de células
fotovoltaicas.
Caso tenha-se uma associação com N células conectadas em paralelo, a potência gerada
por (N-1) células pode ser dissipada em uma única célula menos eficiente, sombreada ou
danificada.
• Cobertura frontal: usualmente um vidro de com baixo teor de ferro, para reduzir as
perdas por absorção. Um acabamento texturado opcional contribui para minimizar as perdas por
reflexão.
• Encapsulante: polímero termoplástico transparente, eletricamente isolante e resistente à
umidade, à fadiga mecânica e à ação da radiação solar (principalmente raios ultravioleta). O
material mais utilizado é o EVA (etil vinil acetato).
5.10
• Células fotovoltaicas, interconexões elétricas e caixa de bornes: conjunto elétrico do
módulo.
• Cobertura posterior: o material mais comumente empregado é o PVF (fluoreto de
polivinil), comercialmente conhecido por Tedlar, embora existam módulos que utilizem um
segundo vidro.
• Moldura metálica: usualmente de alumínio anodizado, confere rigidez mecânica ao
módulo e facilita sua fixação.
Figura 0.8 - Uma célula fotovoltaica sob diversas condições de iluminação: (a) no escuro a célula tem as
mesmas características elétricas de um diodo. (b) quando a célula é iluminada, sua curva I-V se desloca
para o 4º quadrante. (c) quanto maior a intensidade da radiação, maior é o deslocamento da curva. (d) a
curva é, por convenção rebatida sobre o eixo das tensões, tornando o 1º quadrante o quadrante de geração
A Figura 5.9 apresenta a curva de uma célula fotovoltaica, identificando três pontos
notáveis:
5.12
• Corrente de curto-circuito ISC: corrente que circula por uma célula iluminada quando a
tensão em seus terminais é nula.
• Tensão de circuito aberto VOC: tensão entre os terminais uma célula iluminada quando a
corrente que circula por ela é nula.
• Ponto de máxima potência PM: ponto da curva I-V para o qual o produto tensão x corrente
é máximo.
A tensão de circuito aberto VOC e a corrente de curto-circuito ISC são,
respectivamente, as máximas tensão e corrente possíveis de serem obtidas de uma célula
fotovoltaica. Entretanto, em ambos os pontos, a potência de saída é zero. O fator de forma (em
inglês fill factor= fator de preenchimento) é um parâmetro que, juntamente com VOC e ISC,
determina a máxima potência do módulo fotovoltaico. Matematicamente é definido como a razão
entre a potência máxima e o produto da corrente de curto-circuito e a tensão de circuito aberto.
Graficamente, o fator de forma pode ser definido pela relação entre as áreas A e B da Figura 5.9.
Figura 0.9 - Curvas da corrente (em vermelho) e potência (em azul) de uma célula fotovoltaica em
função da tensão. Na figura também são destacados os pontos de corrente de curto-circuito ISC, tensão
de circuito aberto VOC e máxima potência PM (VMP, IMP) (adaptado de Honsberg e Bowden, 1999).
5.13
Figura 0.10 - Curva característica da célula sob diferentes intensidades de radiação
∂ I SC
α = (0.1)
∂T
aT 2
E g (T ) = E g (0 ) − (0.2)
T +b
onde Eg(T) é a energia do gap do material a uma dada temperatura, Eg(0) é uma energia de
referência e a e b são constantes do material. A Tabela 0.1 apresenta os valores das constantes a
e b e as energias o gap para dois materiais, silício e arsenieto de gálio.
Tabela 0.1- Energia do gap para Si e GaAs com os valores das constantes a e b da Equação (0.2)
(Lasnier, 1990).
5.14
1,16 7 1100
Si
1,52 5,8 300
GaAs
A tensão, por sua vez, apresenta uma variação linear com a temperatura. Tipicamente,
para módulos de silício monocristalino, a tensão decai de acordo com um coeficiente (β) que
apresenta valores da ordem de -2,3 mV/ °C por célula. O coeficiente da variação da tensão de
circuito aberto com a temperatura pode ser definido pela Equação (0.3).
∂ V OC
β = (0.3)
∂T
.
Figura 0.11 - Curvas características de uma célula para diversas temperaturas
5.15
Figura 0.12 - Variação de ISC e de VOC com a temperatura
Como foi visto na representação da célula por seu circuito equivalente, devem ser
incluídos elementos resistivos em série e em paralelo. A resistência em paralelo é originada por
fugas na superfície das bordas da célula, microdefeitos do cristal que possam ocasionar curto-
circuitos, etc.
O ideal seria que RP tivesse um valor muito elevado, tendendo a infinito. As boas células
de Si monocristalino permitem, com a atual tecnologia de fabricação, que se possa desprezar este
efeito. A resistência em série é devida à resistência do próprio semicondutor dopado, mais a
resistência da grade metalizada e dos contatos necessários para que a corrente flua. O ideal seria
que RS fosse igual a zero, porém o aumento da área de metalização na superfície frontal de uma
célula reduziria na mesma proporção a penetração de luz, sendo necessário um estudo de
otimização no projeto destas grades. A Figura 5.13 exemplifica os efeitos que diferentes valores
de RS e RP causam sobre as curvas de uma célula.
5.16
(a)
(b)
Figura 0.13 - Efeito de Rs (a) e Rp (b) sobre a curva característica
5.17
6. ACUMULADORES E CONTROLADORES
6.1 BATERIAS
A função destes elementos nos sistemas fotovoltaicos é armazenar a energia produzida pelo
gerador fotovoltaico e entregá-la à carga quando a geração seja nula como à noite, ou
insuficiente como em períodos de baixa irradiância. As baterias podem estar formadas por uma
única célula ou vaso, ou por um grupo delas, conectados em série ou em paralelo, constituindo
assim um sistema de armazenamento eletroquímico completo.
Segundo o tipo de célula que compõe uma bateria, esta pode ser classificada como
recarregável ou não recarregável.
As baterias não-recarregáveis podem ser usadas uma única vez. Estão compostas de células
denominadas primárias que uma vez descarregadas ficam inutilizadas. Usam-se comumente
como fontes de energia de baixa potência, para relógios, calculadoras, etc.
As baterias recarregáveis, compostas por células conhecidas como secundárias, podem ser
carregadas e reutilizadas várias vezes, e servem para aplicações de longos períodos de tempo.
Nos sistemas fotovoltaicos, as baterias de acumulação funcionam continuamente em ciclos de
carga e descarga como resultado da superposição do efeito produzido pela energia diária
fornecida pelo gerador fotovoltaico e a requerida pelo consumo.
Segundo sua aplicação, estas baterias podem classificar se como:
• Automotivas ou “de partida”: são baterias desenhadas para descargas velozes, com
altas taxas de correntes e baixas profundidades de descarga, condições comuns para
partida de motores de automóveis.
• Tração: indicadas para o funcionamento de aparelhos móveis elétricos, são projetadas
para operar em regime de ciclos diários profundos com taxa de descarga moderada.
• Estacionárias: projetadas para ocasiões em que se trabalha com ciclos lentos de carga
/ descarga. Por exemplo, sistemas de backup.
6.1
• Fotovoltaicas: são aquelas pensadas para ciclos diários com taxas de descarga
reduzidas e que devem suportar descargas profundas esporádicas devido a uma possível
falta de geração (condições climáticas).
Segundo sua forma de confinamento do eletrólito, podem ser:
• Abertas, precisam de uma verificação periódica do nível do eletrólito. O eletrólito é
liquido e não está encerrado no separador, motivo pelo qual devem ficar em posição
vertical.
• Seladas, nas quais o eletrólito está confinado no separador ou tem consistência de gel.
Chamam-se também de “sem manutenção”, porque não precisam da adição de água.
As formas de avaliação das baterias recarregáveis são: densidade de energia, volumétrica
ou por peso; eficiência, vida cíclica, taxa de autodescarga, reciclabilidade dos materiais e custo,
termos que serão tratados adiante. A seguir, é dado um enfoque específico aos acumuladores
eletroquímicos de chumbo-ácido (Pb-ácido), por serem estes os mais usualmente utilizados em
sistemas fotovoltaicos autônomos devido a seu baixo custo e disponibilidade no mercado.
no cátodo
6.2
resultando como reação global
Durante o processo de carga, uma corrente elétrica entra na bateria pelo ânodo, formando
óxido de chumbo (PbO2) no ânodo e chumbo puro (Pb) no cátodo. Neste processo, ácido
sulfúrico (H2SO4) é liberado na solução aquosa (eletrólito), aumentando sua densidade. Já na
descarga, a corrente elétrica sai pelo ânodo, formando sulfato de chumbo (PbSO4) nos dois
eletrodos absorvendo o ácido sulfúrico do eletrólito, com uma correspondente diminuição da
densidade deste último. Assim, é possível determinar o estado da carga de uma bateria de forma
bastante simples, medindo a densidade do eletrólito, ou a tensão em seus pólos.
Na prática, para as baterias carregadas, a densidade do eletrólito varia entre 1,20 e 1,28
g/cm3, os quais correspondem respectivamente a valores, em estado de repouso, entre 2,04 e 2,12
V por célula.
Recipiente
Com respeito às baterias em geral, existe uma série de termos a conhecer que fornecem a
informação de suas principais características.
Autodescarga: define o processo no qual as baterias descarregam gradual e
espontaneamente, quando não estão em uso. As baterias de chumbo-ácido têm uma alta taxa de
6.3
autodescarga mensal, de 5 a 30% de sua capacidade, dependendo da temperatura e composição
da célula, e assim deve-se evitar que as baterias fiquem em repouso por tempos prolongados.
A palavra capacidade define a quantidade de energia que a bateria pode entregar durante
uma descarga completa, em Ampères-hora. A capacidade é influenciada pela velocidade de
carga e descarga e pela temperatura de operação da bateria. Quanto maior a intensidade de
corrente de descarga, menor é o valor da capacidade da bateria e com menores intensidades de
descarga aumenta a capacidade. Temperaturas baixas reduzem a capacidade e o aumento da
temperatura traz um incremento da capacidade, mas com este incremento de temperatura vem
associada uma perda de água e diminuição da vida útil.
Figura 6.3 - Variação da capacidade da bateria com a corrente de descarga , e com variação de
temperatura.
6.4
O regime de carga / descarga (Cn) representa a corrente fornecida à bateria para
restabelecer a capacidade máxima em um determinado tempo, ou extraída da mesma a partir da
plena carga para esgotar a capacidade em um determinado tempo. É um valor normalizado para a
capacidade da bateria, e sua expressão é dada pela relação entre a Capacidade Nominal e o
Tempo de Descarga. Este regime poderia ser expresso em ampères, mas o mais normal é
expressar o regime em forma normalizada com a capacidade, ou seja, para n horas de descarga se
representara como Cn. Por exemplo, se uma descarga completa de uma bateria de 100 Ah, com
uma corrente de 20 A, dura 5 horas, então indica um regime de C5.
Descarga é o processo de extrair a corrente de uma bateria através da conversão de energia
eletroquímica em energia elétrica.
O processo de descarga a corrente constante pode dividir-se em 3 zonas das curvas da
Erro! Fonte de referência não encontrada., uma queda brusca da tensão inicialmente, logo se
estabilizando e diminuindo quase linearmente com o tempo e finalmente uma fase em que a
tensão cai rapidamente até um valor que indique que a descarga finalmente chegou ao fim.
Para sistemas fotovoltaicos, geralmente trabalha-se com regimes baixos de corrente, que
correspondem a descargas por mais de 100 horas (C 100).
Figura 6.4 - Curvas de descarga e carga para uma bateria de 12 Volts a 25ºC.
6.5
Por Carga entende-se a conversão de energia elétrica em potencial eletroquímico na célula.
Os métodos de carga para aplicações fotovoltaicas são de difícil controle devido à variação de
irradiância solar, mas geralmente os métodos utilizados em laboratório são a corrente constante ,
variando o valor da tensão, ou a tensão constante, variando a corrente.
No processo de carga a corrente constante pode ser dividida em 3 partes fácies de perceber
nas curvas da Figura 6.4 um aumento brusco da tensão inicialmente, logo se estabilizado e
aumentando quase linearmente com o tempo e por último uma fase em que a tensão aumenta
rapidamente até um valor constante. Esta última fase se conhece com o nome de sobrecarga
aonde se produz una gaseificação devido a que parte da corrente é empregada para a
decomposição e liberação de gases (Oxigeno e Hidrogênio) e, por conseguinte, ocorre perda de
água e elevação de temperatura.
A Profundidade de descarga indica a porcentagem da capacidade nominal da bateria que
foi retirada a partir do estado de plena carga. É o valor que complementa o estado de carga.
A Tensão de corte corresponde ao valor de tensão no qual a descarga da bateria é
interrompida. Pode ser função do regime de operação, ou pode ter um valor determinado pelos
fabricantes como tensão de final de descarga, que indica o momento em que danos irreversíveis
podem ser causados à bateria.
Na Figura 6.4 se verifica que o critério de escolha da tensão de corte corresponde ao
“joelho” da curva tensão-tempo e quanto mais rápida a descarga, menor a tensão de corte. Para
sistemas fotovoltaicos dotados de acumuladores de Pb-ácido, costuma-se utilizar para a tensão
de corte o valor de 1,9 Volts/elemento.
Chama-se Ciclo à seqüência de carga-descarga de uma bateria até uma determinada
profundidade.
6.6
A Vida útil é o período de tempo no qual uma bateria opera normalmente sob
determinadas condições, mantendo a capacidade e o rendimento. Nas baterias de chumbo-ácido,
costuma-se assumir o fim da vida como o momento em que, estando totalmente carregada, pode
fornecer somente 80% de sua capacidade nominal. A perda da capacidade tem a ver com a idade
(o envelhecimento se relaciona com a temperatura de operação e com a temperatura e a forma de
armazenamento) e com a ciclagem da bateria.
A Eficiência pode ser expressa de duas maneiras diferentes, a eficiência faradaica ou
eficiência energética. A primeira é a relação entre a quantidade de Ah retirada de uma bateria
durante a descarga e quantidade necessária de Ah para restaurar o estado de carga inicial.
Calcula-se como a razão entre a integral da corrente ao longo do tempo de descarga e carga. O
valor é da ordem de 90 – 95 %. Por eficiência energética entende-se a relação entre a energia
retirada da bateria durante o processo de descarga e a energia necessária para restaurar o estado
de carga inicial. O valor é da ordem de 75 – 80 % .
6.7
Vi
Quando a bateria se encontra em repouso, isto é, em circuito aberto, ela tem uma tensão
diferente à de carga ou de descarga. Vários autores fizeram diferentes ensaios mostrando que,
durante interrupções da carga e da descarga a tensão do circuito aberto (VCA) tem uma variação
linear com o estado de carga, sendo que se pode relacionar o valor do estado de carga com a
tensão de repouso como se mostra na Figura 6.7.
13.25
13.00
Tensão de Circuito Aberto (V)
12.75
12.50
12.25
12.00
11.75
11.50
11.25
11.00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Estado de Carga (%)
6.8
sendo a corrente de carga da bateria
I carga = I gerada − I cons (6.2)
Para a descarga
Vmed = VCA − Ri I desc arg a (6.3)
Analisando as equações anteriores pode-se obter uma equação para o processo de carga e
descarga, onde a tensão segue a seguinte expressão:
Vmed = VCA + Ri ⋅ ( I gerada − I cons ) (6.5)
Dado que Ri não é concentrada nem constante ao longo do tempo, a equação (6.5) não é
representativa do que em realidade acontece em uma bateria e, sendo assim, tem apenas um valor
didático. Para a obtenção da tensão de trabalho das baterias aplicou-se o modelo proposto por
Macomber (conforme citado em Wagner, 1991, mestrado www.solar.ufrgs.br) que desenvolveu
duas expressões que consideram a variação da resistência interna de um elemento de bateria com
o estado de carga.
Nos processos de descarga a expressão proposta é:
I desc arg a ⎛ 18,9 ⎞ (6.6)
Vmed = VCA − NV ⎜ + Ri ⎟
C ⎝ % EC ⎠
6.9
Macomber propõe um valor constante de VCA, mas e mais conveniente fazer este valor
variar em função do estado de carga, como se apresentou na Figura 6.7. Para baterias de
diferentes tensões o valor de VCA se pode tomar como base os valores da Figura 6.7 para 6 vasos,
e fazer a relação para um número de vasos diferentes.
Substituindo os valores de Idescarga e Icarga das equações (6.2) e (6.4) nas equações (6.6) e
(6.8), obtem-se que para carga:
I gerada − I consumida ⎛ 18,9 ⎞ (6.9)
Vmed = VCA + NV ⎜ + Ri ⎟
C ⎝ 114.2 − % EC ⎠
e para descarga
I consumida − I gerada ⎛ 18,9 ⎞ (6.10)
Vmed = VCA − NV ⎜ + Ri ⎟
C ⎝ % EC ⎠
Para o caso em que a bateria não esteja alimentando nenhuma carga, ou seja que esteja em
circuito aberto, a tensão de trabalho será igual a de repouso.
Vmed = VCA (6.11)
Este modelo é linear e assim não reflete o que acontece no começo da carga ou descarga
da bateria, o que para um modelo em base horária não tem um efeito considerável, tendo em
vista que a variação acentuada, nestes eventos, acontece em tempos bem menores que uma hora.
Também não se leva em conta o estado de sobrecarga.
Dados obtidos da aplicação deste modelo, para uma simulação anual que não apresenta falhas,
são apresentados na Figura 6.8, com as correspondentes energias consumidas , geradas e cortes
pelo uso de controlador de carga.
6.10
15 Tensão da bateria 250
14.5 Consumo 230
Energia dos panéis 210
14
190
Potencia (W e W/m²)
13.5 170
Tensão (V)
13 150
130
12.5
110
12 90
11.5 70
50
11
30
10.5 10
10 -10
1 48 95 142 189 236 283 330 377 424 471 518 565 612 659 706
Horas
Figura 6.8. Tensão obtida pelo modelo de Macomber nos terminais da bateria para o mês de junho na
cidade de Porto Alegre, para uma carga diária constante de 775 Wh/dia.
Figura 6.9 Curvas de descarga (a) e carga (b) com ajuste de modelos para
carga normalizada a 25ºC. (Moura, 1996-mestrado www.solar.ufrgs.br)
6.11
Normas Técnicas (ABNT, NBR 5376) estipula como capacidade real a capacidade em um
regime de descarga de 20 horas (C20)
Tendo em conta a o tempo de descarga e a capacidade da bateria dada pelo fabricante para
condições diferentes às estipuladas pela norma, pode-se determinar a taxa de descarga (Ii).
(6.13)
FC =
1,25
(1 + 0.07 ⋅ ΔT )
1 + 0,22 (I / I i )
0,9
onde a fração I / Ii faz referência à corrente de descarga relativa ao regime de descarga dado
pelo fabricante e a taxa de descarga real, e ΔT é o desvio da temperatura nominal de 25ºC. A
equação (6.13) é a sugerida por Moura e modificada para taxas de descarga diferente da
condição padrão. Para levar em conta estas variações com a temperatura se aceita a hipótese de
que a bateria esteja à temperatura ambiente.
A capacidade corrigida (C’) fica:
C’ = C. FC (6.14)
6.12
O controlador de carga deve permitir o ajuste dos seus parâmetros e a escolha do método
de controle para adaptá-los aos diferentes tipos de baterias.
No momento de especificar um controlador de carga, devem conhecer-se as características
da bateria e o regime operativo do sistema; depois, determinam-se a tensão e corrente de
funcionamento do sistema.
Os reguladores trabalham tomando como base os valores de tensão instantâneos nos
terminais da bateria. Os fabricantes fornecem geralmente os limites de aplicação do controlador,
como correntes de carga, temperaturas de operação, perdas, etc.
A tensão da bateria varia lentamente em função do estado de carga e com isto, se a
descarga da bateria deve ser limitada em uma determinada porcentagem, resultará difícil
determinar um único valor de tensão que represente este estado de carga. O fato será ainda mais
difícil se forem considerados os efeitos de envelhecimento, temperatura, etc. Variações bruscas
de corrente também produzem modificações na tensão da bateria, difíceis de prever.
Outro problema consiste em determinar o ajuste ideal do set point indicativo da tensão de
desconexão (LVD, low voltage disconection). Se o valor é fixado em uma pequena profundidade
de descarga, provavelmente a vida útil da bateria se prolongará, mas freqüentemente o
controlador poderá interromper a energia que alimenta a carga sem que seja realmente
necessário. No caso contrário, se aumentar a profundidade de descarga, poderá haver diminuição
da vida útil da bateria.
Os controladores de carga classificam-se em dois tipos fundamentais, em paralelo ou série.
Os reguladores tipo paralelo (Figura 6.10) mantém constante a tensão da bateria no estado
final da carga. São conhecidos também como reguladores tipo shunt, e consistem em
dispositivos eletrônicos ou relés eletromecânicos que desligam ou reduzem o fluxo de corrente
para a bateria quando está totalmente carregada, com o qual uma fração da corrente gerada pelo
arranjo é desviada através de um dispositivo conectado em paralelo com a bateria, e assim só
uma pequena parte desta corrente continua carregando a bateria. Alguns também possuem um
interruptor que controla a descarga da bateria.
Interruptor para sub-descarga
6.13
Figura 6.10. Diagrama esquemático de um regulador tipo paralelo.
Os reguladores tipo série (Figura 6.11) funcionam como um elemento de controle que
desconecta o arranjo fotovoltaico quando a bateria está completamente carregada (interruptor
série). Quando o estado de carga da bateria diminui, o regulador detecta e volta ao seu estado
ativo.
6.5.3 Autorregulação
Como forma opcional de regulação, os próprios módulos podem ser utilizados como
dispositivo regulador, prescindindo de um dispositivo especial, o que simplificaria o desenho do
sistema. Os módulos, assim chamados módulos autorreguláveis, devem ser dimensionados com
um determinado número de células, por exemplo 30, de tal modo que a região sensitiva de tensão
dos módulos coincida com a região crítica das baterias, quando estão praticamente carregadas.
Em módulos com menor número de células, quando as baterias alcançam o estado de carga entre
90 e 100%, o ponto de trabalho do gerador se translada para além do joelho da sua curva
característica I-V e, em consequência, é gerada uma corrente cada vez menor, desta forma sendo
6.14
possível conseguir manter a carga idônea sem produzir evaporação. Este efeito pode ser mais
acentuado quando aumenta a temperatura, a qual diminui o valor da tensão de circuito aberto do
gerador. Na prática, seu funcionamento é influenciado pelas condições de temperatura, tamanho
da instalação, capacidade do acumulador, etc., que faz com que muitas vezes não funcione como
seria esperado.
O sistema de autorregulação pode ser o meio menos efetivo para extrair energia do
gerador fotovoltaico, já que as exigências de tensão das baterias forçam a operação do gerador a
maior porte do tempo longe do ponto de máxima potência.
Conectado
Carregando Descarregando
Es ta do do a c iona dor
Es ta do do a c iona dor
Desconectado
Desconectado
Vm c VM c Vm d VM d
Tens ã o da bate ria (V) Tens ã o da ba te ria (V)
(a) (b)
Figura 6.12. Representação das tensões de corte dos controladores de carga.
a) para carga b) para descarga.
onde os parâmetros P1, P2, P3, e P4 provêm dos bancos de dados ou são introduzidos pelo
usuário.
6.15
O regulador de descarga está também definido por Vmd que desliga as baterias do consumo
se a tensão delas é menor que este valor, e VMd que volta a ligá-la quando a tensão da bateria é
menor que este valor (Figura 6.12 (b)). Também as tensões poderão ser fixas ou dependentes da
temperatura, sendo definidas no programa de igual maneira que as equações do regulador de
carga.
Resulta conveniente a divisão do regulador de carga em dois componentes porque existem
reguladores que não proporcionam a proteção à descarga e o regulador de carga poderia ser
definido em um sistema como um elemento de proteção do inversor ou outro elemento do
sistema.
6.16
6.6.1 Seguidores do ponto de máxima potência
Figura 6.14– Conversor CC/CC como seguidor do ponto de máxima potência (MPPT)
6.17
Figura 6.15 – Princípio de funcionamento de um seguidor do ponto de máxima potência: pontos de
trabalho sem (T1) e com conversor (T2). As hipérboles (linhas tracejadas) são o lugar geométrico dos
pontos P=VI =constante
6.18
Como a curva I-V do gerador é variável em função da radiação e da temperatura dos
painéis, o fator k das equações deve ser continuamente adaptado.
A conveniência na utilização de seguidores do ponto de máxima potência limita-se aos
casos em que o ganho de energia na carga permita o retorno econômico do investimento. Há
algum tempo, em sistemas com baterias isto só era possível para aqueles com capacidade de
geração superiores a 10 ou 20 kWp e em sistemas para acionamento direto de motores, este
limiar situava-se em torno de 1 kWp, mas com novos sistema eletrônicos mais baratos estes
limites estão diminuindo.
Existem algumas aplicações nas quais é preciso alimentar várias cargas e ocorra a não
coincidência das tensões de funcionamento do equipamento e do sistema. Nestes casos o uso de
um conversor CC/CC pode ser indicado. Tomar tensões parciais do grupo de baterias não seria
conveniente, pois a circulação de corrente entre seus elementos encurtaria a vida útil das
mesmas. O conversor CC/CC transformaria a tensão contínua em tensão alternada, mediante um
inversor, e logo a tensão seria elevada ou reduzida através de um transformador até o valor
adequado, para então ser convertida em contínua. Na Figura 6.16 pode-se observar um sistema
fotovoltaico a 24 V com uma saída de 12 V.
O uso de conversores CC/CC permite que a descarga das baterias se realize por igual e
também que se consiga uma tensão totalmente estável no equipamento a ser alimentado.
6.19
7. INVERSORES OU CONVERSORES CC/CA
100 100
Tensão (V)
Tensão (V)
0 0
-100 -100
-200 -200
0 4 8 12 16 20 0 4 8 12 16 20
Tempo (m s) Tem po (ms)
(a) (b)
Figura 7.1. Tipos de onda de saída de conversores CC/CA. (a) Onda quadrada, retangular e
senoidal, (b) Onda senoidal e ajuste através de PWM.
80
70
Rendimentto (%)
60
50
MT -300
40
AC-200
30
SM-500
20 MT -1200
10 SE-600
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Taxa de utilização: é o número de horas que o inversor poderá fornecer energia operando
com potência máxima; às vezes, se o inversor exceder este valor, produzir-se-ão falhas no
sistema.
Tensão de entrada: é função da potência nominal fornecida pelo inversor às cargas CA.
Geralmente, a tensão nominal de entrada do inversor aumenta com o aumento da demanda de
carga. A tensão de entrada CC pode ser abastecida por baterias, que deverão ser compatíveis
com os requisitos de entrada do inversor. Se a bateria se descarrega e a tensão diminui abaixo do
valor mínimo especificado, alguns inversores desligam-se automaticamente.
Tensão de saída é regulada na maioria dos inversores, e sua escolha depende da tensão de
funcionamento das cargas.
P' saída
η inv = (7.2)
K 0 + K 1 P' saída + K 2 P ' saída
2
Psaída
P' saída = (7.3)
Pnom
8.2
Figura 8.2 - Associação em paralelo de módulos fotovoltaicos com diodos de bloqueio
Os diodos de bloqueio ocasionam uma queda de tensão menor que 1 V (valor este que
depende do tipo de diodo utilizado), o que pode ser importante em sistemas de menor porte. Para
reduzir significativamente esta queda de tensão, pode-se substituir o diodo de bloqueio por
fusíveis. Com o fusível, as células do módulo do ramo de menor tensão não correm o risco de
serem danificadas mas não se evita a perda de potência do sistema visto que por este ramo
circulará uma corrente reversa.
Quando a energia elétrica do sistema fotovoltaico é armazenada em baterias, pode-se
utilizar um diodo de bloqueio com o seu cátodo ligado no terminal positivo do banco de baterias,
com o objetivo de não permitir a sua descarga em períodos de escuridão ou de baixa radiação
solar (células fotovoltaicas comportando-se como diodos polarizados diretamente). O
inconveniente desta solução é que se tem, nos períodos em que o sistema está gerando energia
elétrica, uma perda de potência que é dissipada no próprio diodo de bloqueio. Além disto, a
aplicação do diodo também é questionada, pois a queda de tensão que ele provoca durante o dia
proporciona uma perda de energia que pode ser, em determinados casos, maior que a perda de
energia durante a noite sem a sua presença.
Com o objetivo de minimizar estas perdas, podem-se utilizar diodos do tipo Schottky, os
quais apresentam uma queda de tensão, quando polarizados diretamente, na ordem de 0,2 V. Em
sistemas que operam com tensões superiores a 24 V, torna-se necessário utilizar diodos de
junção P-N que suportam tensões reversas maiores, embora provoquem uma perda de potência
maior, pois a queda de tensão quando em polarização direta é na ordem de 0,7 V (diodos de
silício).
8.3
A proteção de módulos fotovoltaicos que compõem um sistema faz-se preferencialmente
com o uso de diodos de bypass e de bloqueio, evitando assim o aparecimento de pontos
excessivamente quentes nos módulos, o que poderia vir a prejudicar o funcionamento do sistema.
Quando se tem módulos associados em série, a proteção é feita colocando-se em anti-
paralelo com cada módulo um diodo de bypass. Para módulos (ou fileiras de módulos)
associados em paralelo, liga-se em série com cada módulo (ou fileira) um diodo de bloqueio.
Em sistemas que utilizam um número maior de módulos, tendo-se associações em série e
em paralelo, a proteção dos módulos é conseguida utilizando-se, simultaneamente, os diodos de
bypass e de bloqueio.
A Figura 8.3 mostra como devem ser ligados os diodos de proteção em um sistema
composto por módulos ligados em série-paralelo.
8.5
Nos sistemas fotovoltaicos autônomos (SFA) a energia flui desde a fonte (gerador FV)
até um conjunto de cargas (demanda) através da bateria (dispositivo de armazenamento). No
caso em que a fonte de energia não consiga suprir a carga demandada, a bateria é quem se
encarrega disto. A falta de simultaneidade entre demanda e geração implica a necessidade de
avaliar a melhor estratégia entre fornecimento e demanda de energia. Estes cálculos podem ser
realizados, estimativamente, através de métodos simples, ou existem programas computacionais
que apresentam estratégias para atingir este objetivo mediante diferentes metodologias. Para o
dimensionamento e a análise de sistemas fotovoltaicos, atualmente existe uma grande variedade
de softwares, que vão desde pacotes com cálculos simples até programas sofisticados de
simulação.
8.6
componentes do sistema, mas também a radiação solar, a tensão da instalação e quantidade de
energia demandada ao longo do ano. Os sistemas fotovoltaicos autônomos são normalmente
compostos por três partes básicas: o gerador fotovoltaico, os elementos de condicionamento de
potência e proteção, e as baterias que armazenam a energia.
O sistema de geração é formado por módulos fotovoltaicos responsáveis pela conversão
de energia solar em energia elétrica. O subsistema de condicionamento e controle de potência
pode ser formado pelo controlador de carga, o inversor, e o seguidor do ponto de máxima
potência (MPPT), estes elementos são encarregados de controlar a energia enviada às cargas e ao
sistema de armazenamento. Este último é geralmente composto por baterias de chumbo ácido. A
existência ou não de algum destes elementos depende do tipo de sistema.
8.7
Três tipos diferentes de inversores dominam o mercado:
1. Onda senoidal
Os requisitos para um bom inversor são melhores contemplados por este tipo. Estes
dispositivos trabalham com o princípio de modulação da largura de pulso (PWM) e são
adequados mesmo para equipamentos eletrônicos sensíveis. Comparados com inversores
de onda quadrada, possuem custo mais elevado como resultado da maior complexidade
dos circuitos.
2. Onda senoidal modificada
Atende uma grande parte dos requisitos necessários, mas não todos. Como a tecnologia
dos inversores de onda senoidal evolui muito, os principais fabricantes estão
descontinuando sua fabricação. Antes de utilizá-los, é conveniente verificar a
compatibilidade com as cargas utilizadas.
3. Inversor de onda quadrada
Os inversores de onda quadrada são muito comuns e baratos. A corrente alternada é
chaveada em 50 ou 60 Hz, com características de onda quadrada e elevada utilizando um
transformados para a tensão desejada, 127 ou 220 V. Normalmente são muito
ineficientes, inadequados para algumas cargas (motores por exemplo) e podem danificar
equipamentos sensíveis.
8.3.1 Introdução
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) não utilizam armazenamento de
energia, pois toda a geração é entregue diretamente na rede. Este sistema representa uma fonte
complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual está conectado. Todo o arranjo é
conectado em inversores onde a saída é diretamente conectada na rede. Estes inversores devem
satisfazer as exigências de qualidade e segurança para que a rede não seja afetada.
Os SFCR podem ser montados em basicamente duas maneiras: instalados diretamente no
ponto de consumo do usuário final, tais como os instalados em telhados, ou como uma grande
central fotovoltaica. Os SFCR superaram os sistemas fotovoltaicos autônomos (SFA) como
maior setor no mercado global de energia fotovoltaica em 2000 (Solarbuzz, 2004a; IEA-PVPS,
2004a)
Uma típica instalação de SFCR está ilustrada de forma esquemática na Figura 8.7, para
ilustração dos componentes deste sistema. Esta figura não deve ser utilizada para o projeto de
8.8
uma instalação específica, os aspectos de dimensionamento são particulares para cada sistema,
mas dá um exemplo do diagrama de um sistema.
Os sistemas fotovoltaicos podem ser utilizados de diversas maneiras em uma construção:
1. Arquitetonicamente pode ser instalado para simultaneamente gerar eletricidade e servir
de telhado, janelas, paredes, etc
2. Gerenciamento da demanda em horários de pico durante o dia
3. Sistema suplementar para alimentar ventiladores, bombas e outros equipamentos
utilizados durante o dia como condicionadores de ar.
8.9
entre 20 e 40 m2. A Figura 8.8 fornece uma estimativa da área para a instalação de 1 kWp
levando em consideração diversos tipos de células. Deve-se levar em consideração uma área
extra para instalação e futura manutenção, o que pode aumentar em até 20% a área ocupada pela
instalação.
Silício multicristalino
8 - 11 m2
Silício Amorfo
16 - 20 m2
Este tipo de montagem ilustrada na Figura 8.9 é a forma mais utilizada em grandes
instalações ocupando uma grande área livre. Possui uma estrutura mais robusta, facilidade de
acesso à manutenção e mínima influência do vento. Em áreas urbanas este tipo de instalação tem
8.10
como desvantagem a ocupação de áreas de solo, além de problemas com sombreamento devido a
elementos adjacentes do meio urbano tais como árvores e edificações.
8.11
distância de alguns centímetros entre o telhado e os módulos para permitir o resfriamento. Um
exemplo típico deste tipo de instalação está ilustrado na Figura 8.11.
Dependendo da inclinação do telhado a estrutura de suporte projetada deve ser construída
para adaptar o ângulo de inclinação dos painéis. Caso a estrutura do telhado não tenha condições
de suportar a carga extra, a adaptação pode ser trabalhosa e inviabilizar a instalação.
Considerações quanto à vedação do telhado nos pontos de apoio da estrutura são importantes
para não gerar infiltrações.
8.12
Figura 8.12 – Cobertura com arranjo FV instalado
8.13
O inversor central, ilustrado na Figura 8.14, evidencia um tipo de planta onde um único
inversor é instalado com vários painéis de módulos ou strings associados em paralelo e
conectados em sua entrada de corrente contínua, formando um gerador de alta potência (>10
kW). Os inversores centrais oferecem uma alta eficiência e também redução de gastos
específicos. A desvantagem está na adaptação de módulos com características diferentes ou com
defeitos, o que reduz o aproveitamento ótimo de cada painel, diminuindo a eficiência energética
do gerador. A confiabilidade está limitada pela dependência de um único inversor, onde em caso
de falhas do mesmo toda instalação fica comprometida [SMA Technologie AG, 2005].
8.14
O inversor multi-string, ilustrado na Erro! Fonte de referência não encontrada.8.16,
permite a conexão de vários strings ou painéis, os quais funcionam no ponto de máxima potência
por meio de um conversor CC/CC em um elemento inversor de corrente contínua em corrente
alternada conectado à rede elétrica. Está técnica utiliza todas as vantagens das demais e pode
funcionar com ótimo rendimento energético. instalações deste tipo estão na faixa de potência
média de 3 até 10 kW [SMA Technologie AG, 2005].
O inversor com módulo integrado, visto na Erro! Fonte de referência não
encontrada.8.17, recebe em sua entrada um único módulo. Esta configuração não produz
nenhum tipo de perda por adaptação e é empregada em baixas potências, de 50 até 400 W. No
entanto, a eficiência deste inversor é menor do que a eficiência do inversor string. Também esta
topologia necessita de cabos maiores na conexão com a rede elétrica, uma vez que os mesmos
são ligados diretamente a ela [SMA Technologie AG, 2005].
8.15
Figura 8.17 – Módulos com inversores integrados ou módulos CA
8.3.4.1 Islanding
Os SFCR poderiam operar continuamente quando a rede é desligada, e este fenômeno é
conhecido como islanding. Enquanto este fenômeno pode parecer uma vantagem em áreas onde
a confiabilidade da rede elétrica é baixa, ele gera um problema sério para as equipes de
manutenção de linhas de transmissão, que podem ser surpreendidas com uma linha energizada
durante o trabalho. Além disto, se a rede é reconectada durante o fenômeno, isto é, quando o
SFCR estava funcionando, sobrecorrentes transientes podem ocorrer afetando o inversor.
Há duas maneiras básicas para controlar o fenômeno de islanding, via inversor ou via
rede de distribuição. A técnica que utiliza o inversor envolve a detecção de variação da tensão e
frequência da rede ou aumento de componentes harmônicos ou ainda monitorando a impedância
da rede. O código da Alemanha para sistemas monofásicos menores que 5 kW recomenda dois
mecanismos independentes, um deles com uma chave mecânica, como um relé, empenhado em
monitorar a impedância da rede e a frequência.
Enquanto a capacidade instalada de SFCR for pequena, o problema é melhor gerenciado,
porém com uma alta participação de SFCR no futuro, um método de proteção ativo poderá ser
necessário, uma vez que métodos passivos não são efetivos para manter condições da rede
perfeitamente balanceadas. Problemas podem potencialmente surgir se um grande número de
inversores em uma seção da rede interferirem-se mutuamente no momento de medir as condições
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da rede. A legislação anti-islanding de cada país especificamente devem ser consultadas na hora
de projetar sistemas.
A proteção pode ser feita com um dispositivo de chaveamento eletromecânico, ou com
uma isolação galvânica (um transformador, por exemplo) caso o inversor tenha um sistema que
não possa fornecer energia a uma rede não energizada. Chaves semicondutoras podem ser
aceitáveis em casos onde haja isolação galvânica. Proteção anti-islandind passiva e ativa são
necessárias para prevenir a situação onde o fenômeno pode ocorrer devido a diversos inversores
fornecendo tensão um para o outro. A desconexão deve ocorrer em até 2 s (dependendo da
legislação) a partir do início da condição de islanding.
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