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Curso de Integridade Estrutural

Adequação ao Uso

Fábio de Castro Marangone


Ediberto Bastos Tinoco
API 579-1/ASME FFS-1 - Parte 9
Avaliação de Defeitos Planares
(Trincas)
Generalidades

• A Parte 9 apresenta um procedimento para avaliar se equipamentos


pressurizados contendo defeitos tipo trinca (crack-like flaws) estão
adequados para operação sem falhar por fratura frágil ou por colapso
plástico.
• Metodologia baseada no Diagrama de Avaliação de Falha (FAD).
• Defeitos tipo trinca são defeitos planares predominantemente
caracterizados por um comprimento e uma profundidade. Podem ser:
– superficiais (surface breaking);

– embebidos (embedded);

– passantes (through-wall).

• Exemplos de defeito planares: trincas planares, falta de fusão e falta


de penetração em soldas, corrosão localizada do tipo groove (com
raio muito pequeno), etc.
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Aplicabilidade e Limitações (Níveis 1 e 2)

• O projeto do equipamento está de acordo com códigos reconhecidos.


• O equipamento não opera no regime de fluência. Se operar no
regime de fluência, a Parte 10 do API 579-1/ASME FFS-1 deve ser
utilizada.
• Os efeitos de carregamento dinâmico não são significativos (ex:
impacto, terremoto, etc).
• As condições de carregamento não resultam na propagação da
trinca. Se for esperada a propagação da trinca, o Nível 3 deve ser
utilizado.

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Aplicabilidade e Limitações (Níveis 1 e 2)

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Aplicabilidade e Limitações (Níveis 1 e 2)

Condições a serem satisfeitas para avaliação pelo Nível 1:


• Limitações de carregamentos:
– As tensões atuantes são exclusivamente tensões de membrana.
Componentes pressurizados que resultam em tensões de flexão
e/ou componentes sujeitos a carregamentos suplementares
devem ser avaliados pelo Nível 2 ou Nível 3.
– As tensões de membrana durante a operação estão dentro dos
limites estabelecidos pelo código original de projeto.
– Se o teste de pressão for necessário, o mesmo deverá ser
realizado com temperatura acima da MAT (temperatura mínima
admissível, ver Part 3) e as trincas deverão ser reexaminadas
após o teste.
– Juntas soldadas devem ser do tipo single-V ou double-V. Tensões
residuais de acordo com o Apêndice E.

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Aplicabilidade e Limitações (Níveis 1 e 2)

Condições a serem satisfeitas para avaliação pelo Nível 1:


• Limitações de materiais:
– Material é aço carbono (P1, gr 1 e 2) com tensão admissível
S≤172MPa
– Limite de escoamento Sy≤276MPa e limite de resistência
Su≤483MPa.
– A tenacidade do material é maior ou igual ao valor obtido pela
metodologia Lower Bound do Apêndice F.
K IC = 36,5 + 3,084 ⋅ exp[0,036(T − Tref + 56)] (MPa m, oC )
K IR = 29,5 + 1,344 ⋅ exp[0,026(T − Tref + 89 )] (MPa m, o
C)

• KIC: tenacidade mínima do material – carregamento estático


• KIR: tenacidade mínima do material – carregamento dinâmico
• T: temperatura de avaliação do material
• Tref: temperatura de referência do material
• Valor máximo: 110 MPa√m para materiais com composição química
desconhecida 7
Aplicabilidade e Limitações (Níveis 1 e 2)

Determinação de Tref pelo código ASME VIII-1:

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Dados Necessários

• Nível 1:
– Dados originais de projeto do equipamento
– Histórico de operação, manutenção e inspeção
– Temperatura de referência do material (curva de tenacidade)
– Caracterização do defeito
• Nível 2 (além dos dados necessários para o Nível 1):
– Cargas e tensões na região das trincas, e classificação das
tensões
– Propriedades do material: Su, Sy e KIC (Apêndice F)
• Nível 3 (além dos dados necessários para o Nível 2):
– Análise de tensões detalhada e subsequente classificação de
tensões
– Modelo de propagação de trinca (da/dN e/ou da/dt).

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Caracterização dos Defeitos

• Identificar o tipo de trinca:


passante, superficial, embebida,
de borda ou de canto.
• A trinca real é “modelada” por
uma geometricamente mais
simples
• c ou 2c corresponde ao
comprimento da trinca,
enquanto que a, 2a ou t
corresponde à sua profundidade.
• t corresponde à espessura da
chapa e d à distância mínima da
trinca à superfície livre.

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Caracterização dos Defeitos

• Recategorização dos defeitos é necessária para:


– Trincas embebidas com ligamento pequeno: d/t < 0,2

– Trincas superficiais onde a/t > 0,8

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Critérios de Aceitação

• Nível 1: limitado a trincas em regiões distantes de descontinuidades


estruturais
• Nível 2: inclui regiões localizadas em descontinuidades estruturais.
São necessárias informações detalhadas sobre propriedades do
material e condições de carregamento incluindo análise de tensões. A
análise de tensões pode ser baseada em equações do código de
projeto ou solução numéria.
• Nível 3: usada nos casos não aprovados pelos Níveis 1 e 2. Deve ser
utilizada para defeitos que podem se propagar em serviço por causa
do carregamento ou meio.

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Avaliação Nível 1

• Passo 1: determinar os casos de carga e temperaturas a serem


utilizadas na avaliação baseadas nas condições de projeto.
• Passo 2: determinar o comprimento, 2c, e a profundidade, a, da
trinca a partir dos dados de inspeção.
• Passo 3: determinar a figura a partir da lista abaixo para se usada na
avaliação:
– Chapa plana, defeito paralelo à junta (Fig. 9.12)
– Cilindro, junta longitudinal, trinca paralela à junta (Fig. 9.13)
– Cilindro, junta longitudinal, trinca perpendicular à junta (Fig.
9.14)
– Cilindro, junta circunferencial, trinca paralela à junta (Fig. 9.15)
– Cilindro, junta circunferencial, trinca perpendicular à junta (Fig.
9.16)
– Esfera, junta circunferencial, trinca paralela à junta (Fig. 9.17)
– Esfera, junta circunferencial, trinca perpendicular à junta (Fig.
9.18)
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Avaliação Nível 1

• Chapa plana, defeito paralelo à junta (Fig. 9.12)

14
Avaliação Nível 1

• Cilindro, junta longitudinal, trinca paralela à junta (Fig. 9.13)

15
Avaliação Nível 1

• Cilindro, junta longitudinal, trinca perpendicular à junta (Fig. 9.14)

16
Avaliação Nível 1

• Cilindro, junta circunferencial, trinca paralela à junta (Fig. 9.15)

17
Avaliação Nível 1

• Cilindro, junta circunferencial, trinca perpendicular à junta (Fig. 9.16)

18
Avaliação Nível 1

• Esfera, junta circunferencial, trinca paralela à junta (Fig. 9.17)

19
Avaliação Nível 1

• Esfera, junta circunferencial, trinca perpendicular à junta (Fig. 9.18)

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Avaliação Nível 1

• Passo 4: Determinar a curva a ser utilizada a partir da figura do


Passo 3 observando-se:
– Se a profundidade da trinca puder ser determinada através de
END, a curva ¼-t pode ser usada através do critério abaixo, caso
contrário, usar a curva 1-t.
• Para t≤25mm:
– a≤t/4, usar curva 1/4-t
– a>t/4, usar curva 1-t
• Para 25<t≤38mm:
– a≤6mm, usar curva 1/4-t
– a>6mm, usar curva 1-t
– Para defeitos localizados na solda ou dentro de uma distância de
2t medida a partir da linha de centro da solda, deve-se usar as
curvas para o metal de solda.
– Se houver dúvidas quanto ao tipo ou qualidade do PWHT, deve-se
utilizar a curva C.

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Avaliação Nível 1

• Passo 5: Determinar a temperatura de referência.


– Determinar curva isenção do teste de impacto (Tab 3.2) e o MYS
(código de projeto)

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Avaliação Nível 1

• Passo 5: Determinar a temperatura de referência.


– Determinar a temperatura de referência através da Tab 9.2

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Avaliação Nível 1

• Passo 6: Determinar o comprimento máximo admissível (2c) para o


defeito.
• Passo 7: Avaliar os resultados.
– Se o tamanho admissível for maior ou igual ao comprimento do
defeito determinado no passo 2, o defeito é aceitável pelo Nível
1.
– Caso o defeito não atenda ao Nível 1, as seguintes ações (ou a
combinação delas) podem ter tomadas:
• Refinar os dados usados na avaliação pelo Nível 1 (END adicionais
para caracterizar melhor as dimensões do defeito).
• Rerate, reparar ou substituir o componente.
• Conduzir a avaliação pelo Nível 2 ou Nível 3.

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Exercício

Uma trinca foi encontrada no costado de um vaso de pressão durante uma


parada programada. Determine se o vaso pode continuar a operar, usando o
procedimento Nível 1.
Dados:
• código de projeto: ASME VIII-1, ed. 2001
• material: SA-516 Gr.70
• diâmetro interno: 2440 mm
• pressão de projeto: 21,1 kgf/cm2 (2,1 MPa)
• temperatura de projeto: 340 ºC
• espessura nominal: 31,5 mm
• perda de espessura uniforme (interna): 2,0 mm
• sobre-espessura de corrosão: 3,0 mm
• radiografia total (E=1)
• TTAT: sim
• carregamentos adicionais: desprezíveis
• tensão admissível do material @340 ºC: 137,9 MPa (20000 psi)

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Exercício

Dados (continuação):
• condições de operação: o vaso não é totalmente pressurizado até que a
temperatura seja igual a 40 ºC. Abaixo dessa temperatura, a pressão de partida
permanece abaixo de 10 kgf/cm2. Na parada do equipamento a pressão diminui
até 10 kgf/cm2 antes da temperatura abaixar de 40 ºC.

Dados de inspeção:
• Trinca localizada em uma solda longitudinal na superfície interna do costado
cilíndrico e paralela ao cordão.
• O chanfro da junta é do tipo duplo-V
• A distância da trinca à descontinuidade estrutural mais próxima é 1500 mm.
• Profundidade máxima da trinca: 5 mm (determinado por UT)
• Comprimento da trinca: 28,0 mm (determinado por MT)

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