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PROF.

RODRIGO MENEZES DIREITO CONSTITUCIONAL


A NOVA CONSTITUIÇ
CONSTITUIÇÃO E
CONSTITUIÇÃO
O DIREITO ANTERIOR
¨ Teoria da Revogaç
Revogação
 Uma nova Constituição revoga totalmente a antiga;
 As normas infraconstitucionais posteriores revogam as anteriores.

¨ Teoria da Recepç
Recepção
 Pelo princípio da continuidade do direito, as normas infraconstitucionais que
sejam materialmente (o seu conteúdo) compatíveis com a nova Constituição
serão recepcionadas, independentemente se a forma (procedimento e tipo
de norma) utilizada para sua aprovação foi diferente da atualmente exigida.
Assim, a norma materialmente recepcionada ganhará a “roupagem” da nova
forma exigida para a matéria de que ela trata. Já as normas
infraconstitucionais que sejam materialmente incompatíveis com a nova

Prof. Rodrigo Menezes


Constituição serão consideradas não-recepcionadas e, portanto, serão tidas
por revogadas, e não integrarão o novo ordenamento jurídico (não se admite
a inconstitucionalidade superveniente da norma pré-constitucional em face
http://br.groups.yahoo.com/group/professorrodrigomenezes/ da nova Constituição).
http://www.concursovirtual.com.br  A teoria da recepção (ou da novação) é tradicionalmente admitida no direito
brasileiro, independentemente de qualquer determinação expressa.

A NOVA CONSTITUIÇ
CONSTITUIÇÃO E
CONSTITUIÇÃO A NOVA CONSTITUIÇ
CONSTITUIÇÃO E
CONSTITUIÇÃO
O DIREITO ANTERIOR O DIREITO ANTERIOR
revogação ¨ Teoria da desconstitucionalizaç
desconstitucionalização
 Desconstitucionalização, como o próprio nome sugere, é a perda do status
CF/69 05/10/1988 - CF/88 das normas da Constituição antiga que, diante de nova Constituição, sendo
com ela materialmente compatíveis, serão recepcionadas com status de
norma infraconstitucional.
Se houver
Normas Infra- compatibilidade Normas
RECEPÇÃO CF/69 05/10/1988 CF/88
constitucionais material com a Infraconstitucionais
DESC
nova CF ONS
TITU
CION
Se houver compatibilidade ALIZ
com status de lei complementar AÇÃ Normas
Ex.: CTN – lei ordinária RECEPÇÃO O
– CTN – art. 146, CF material com a nova CF Infraconstitucionais

Se NÃO houver
compatibilidade
 Porém, tradicionalmente no direito brasileiro, a superveniência da
NÃO RECEPÇÃO
material com a Constituição revoga imediatamente a anterior e as normas não
(REVOGAÇÃO)
CF/88 contempladas na nova Constituição perdem sua força normativa, salvo na
hipótese de a própria Constituição superveniente prever a
desconstitucionalização expressamente.

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A NOVA CONSTITUIÇ
CONSTITUIÇÃO E
CONSTITUIÇÃO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
O DIREITO ANTERIOR 1. NOÇÕES PRELIMINARES
¨ Teoria da repristinaç
repristinação D A rigidez da Constituição tem como conseqüência a sua supremacia formal, ou
seja, pelo fato de o procedimento de modificação da Constituição ser mais
 Repristinação é o retorno da vigência de uma lei revogada, em razão da dificultoso que o de aprovação das leis, a norma constitucional situa-se no topo
revogação da lei revogadora. Esta teoria só é admitida no Brasil se, do ordenamento jurídico e serve de parâmetro de validade de todas as demais
expressamente, a nova Constituição ou a nova lei a estabelecerem, normas.
conforme prevê a Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), art. 2º, § 3º
D Em razão da supremacia constitucional, todos os atos e normas jurídicos devem
(“Salvo disposição em contrário, lei revogada não se restaura por ter lei
estar de acordo com as regras e princípios constitucionais, caso contrário, haverá
revogadora perdido a vigência”). inconstitucionalidade.
D Para garantir a supremacia constitucional, os Estados com constituições rígidas
instituem um mecanismo de proteção da Constituição e das pessoas contra
normas e atos inconstitucionais, denominado Controle da Constitucionalidade.
revogação revogação
Lei A Lei B Lei C
2. PRESSUPOSTOS
CF parâmetro
repristinação a) Supremacia formal da Constituição
relação vertical
b) Rigidez Constitucional
c) Existência de órgão competente LEIS objeto
para realizar o controle

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3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE 3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

orgânica a.1) Inconstitucionalidade por ação (comissiva)


formal subjetiva
D quando uma lei ou ato do Poder Público é contrário à Constituição
a.1) Por ação (nomodinâmica) stricto sensu
material (propriamente dita) objetiva órgão competente
(nomoestática) * Toda norma jurídica tem 3 elementos básicos procedimento adequado
a.2) Por omissão
declaração prescritiva

b.1) Total a.1.1) Inconstitucionalidade formal orgânica


b.2) Parcial  quando desrespeita as regras de competência entre os entes federativos

a.1.2) Inconstitucionalidade formal stricto sensu


c.1) Direta  quando desrespeita formalidades ou procedimentos:
c.2) Indireta (reflexa) a.1.2.1. subjetiva: vício de iniciativa;
a.1.2.2. objetiva: vício no tipo de norma, quórum, turnos, etc.
d.1) Originária
a.1.3) Inconstitucionalidade material
d.2) Superveniente
 quando a declaração prescritiva da norma desrespeita o conteúdo da CF

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CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE


3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE 3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

a.2) Inconstitucionalidade por omissão b.1) Inconstitucionalidade total (absoluta)


D quando o Poder Público deixa de editar lei ou ato normativo exigido pela
b.1.1) Por ação
Constituição, dentro de um prazo razoável.
D A íntegra da norma impugnada é inconstitucional;
D Em regra, decorre de vício formal, podendo também ser por vício material.
¨ Configuração da inconstitucionalidade por omissão legislativa:
D Pressuposto: norma constitucional de eficácia limitada
D Requisito: inércia do Poder Estatal competente durante um tempo razoável b.1.2) Por omissão
D O legislador abstém-se inteiramente fazer o que manda a Constituição,
deixando um vazio normativo na matéria.
¨ Instrumentos constitucionais para combater a inércia estatal:
D Mandado de Injunção – art. 5º, LXXI
D Ação de Inconstitucionalidade por Omissão – art. 103, § 2º

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3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE 3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

b.2) Inconstitucionalidade parcial (relativa) c.1) Inconstitucionalidade direta (frontal)


D Quando há entre o ato impugnado e a CF uma antinomia frontal, imediata.
b.2.1) Por ação
c.2) Inconstitucionalidade indireta (reflexa)
D A inconstitucionalidade recai sobre um ou vários dispositivos, ou sobre
fração de um deles, inclusive uma única palavra. D Quando antes de contrastar com a CF, conflita com uma lei.
D O STF não admite o controle de constitucionalidade de atos normativos
D Em regra, decorre de vício material e excepcionalmente, de vício formal.
secundários (inaptos para criar direito novo: regulamentos, portarias,
instruções normativas, etc.) por meio de ADI, ADC ou RE, pois, antes de
b.2.2) Por omissão haver lesão à CF, há violação à lei, o que enseja controle de legalidade.
b.2.2.1) Omissão relativa – quando a lei exclui do seu âmbito de incidência d.1) Inconstitucionalidade originária
determinada categoria que nele deveria estar abrigada, privando-a de um
benefício, em violação ao princípio da isonomia. (STF: Súm. 339 e RMS 22.307) D Decorre de defeito congênito da lei: no momento de seu ingresso no
ordenamento jurídico ela já era incompatível, formal ou materialmente, com
b.2.2.1) Omissão parcial propriamente dita – quando o legislador atua sem a Constituição em vigor.
ferir o princípio da isonomia, mas de modo insuficiente ou deficiente
relativamente à obrigação que lhe era imposta. (STF: ADI 1.458-7) d.2) Inconstitucionalidade superveniente
D Quando uma norma infraconstitucional fica em desacordo com a nova
Constituição ou com uma nova emenda. (Obs.: não se admite no Brasil).

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3. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE 4. MODALIDADES DE CONTROLE
e) Inconstitucionalidade de normas constitucionais originárias
a.1) Controle político
D A teoria das normas constitucionais inconstitucionais é defendida pelo
alemão Otto Bachof, que reconhece hierarquia entre princípios e regras a) Quanto à natureza do a.2) Controle judicial
definidos no texto originário da Constituição. órgão de controle
a.3) Controle misto
D Essa teoria NÃO é aceita no Brasil. Veja a decisão do STF na ADI 815-DF:
“Ementa: Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafos 1º e 2º do artigo 45 da CF. A tese
de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando azo à declaração de b) Quanto ao momento de b.1) Controle preventivo
inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível com o sistema de
Constituição rígida. - Na atual Carta Magna ‘compete ao Supremo Tribunal Federal, exercício do controle
precipuamente, a guarda da Constituição’ (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa
b.2) Controle repressivo
jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição como um todo, e
não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim
de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que ele c) Quanto ao nº de órgãos c.1) Controle difuso
próprio havia incluído no texto da mesma Constituição. - Por outro lado, as cláusulas
pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de judiciais que exerce o controle
normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto c.2) Controle concentrado
a Constituição as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao
emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como
abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com d.1) Controle concreto
relação as outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam
d) Quanto à forma ou modo
ser emendadas. Ação não conhecida por impossibilidade jurídica do pedido”. (ADI 815-DF, de controle judicial
Min. Rel. Moreira Alves, em 28/03/1996) d.2) Controle abstrato

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4. MODALIDADES DE CONTROLE 4. MODALIDADES DE CONTROLE
a) Quanto à natureza do órgão de controle b) Quanto ao momento de exercício do controle
a.1) Controle Político b.1) Controle Preventivo
D É exercido por órgãos políticos, não judiciais (ex.: França – Conselho D É exercido sobre o projeto de lei ou de emenda visando impedir a
Constitucional); promulgação de lei ou emenda que atente contra a Constituição.
D No Brasil, atualmente, pode ser exercido pelos Poderes Legislativo e ¨ REGRA: Controle Político:
Executivo. D pelo Poder Legislativo:
a.2) Controle Judicial (Jurisdicional) 1) apreciação da constitucionalidade dos projetos de lei pelas CCJs do das
D É exercido por vários órgãos judiciais (ex.: EUA), ou por um órgão judicial, Casas do Poder Legislativo (arts. 58, CF; 32, III , RICD e 101, RISF);
ou ainda por uma Corte Constitucional (ex.: Áustria). 2) rejeição do veto à projetos de lei (art. 66, § 4º).
D No Brasil, o controle judicial é eclético, pois em certos casos pode ser D pelo Poder Executivo: veto por inconstitucionalidade a projetos de lei
exercido por qualquer juiz ou tribunal e, em outros, só pelo STF (ou TJs). aprovados pelo Legislativo (veto jurídico - art. 66, § 1º)

a.3) Controle Misto (eclético ou híbrido) ¨ EXCEÇÃO: Controle Judicial (incidental): Deputado Federal ou Senador pode
impetrar Mandado de Segurança no STF contra a Mesa da Casa para impedir a
D Exercido por órgão misto: membros do Judiciário e outras pessoas; ou deliberação de PEC tendente a abolir cláusula pétrea (art. 60, § 4º) ou de projeto
D Controle político p/ as leis nacionais e judicial p/ as locais (ex.: Suíça); ou de lei flagrantemente inconstitucional, visando garantir o seu direito líquido e
certo ao devido processo legislativo constitucional (MS 20.257).
D Controle político em certos momentos e judicial em outros (ex.: Brasil).

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4. MODALIDADES DE CONTROLE 4. MODALIDADES DE CONTROLE
b) Quanto ao momento de exercício do controle c) Quanto ao nº de órgãos judiciais que exercem o controle
b.2) Controle Repressivo c.1) Controle Difuso
D Exercido sobre ato normativo promulgado visando paralisar-lhe a eficácia. D Qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário poderá realizar o controle da
¨ REGRA: Controle Judicial. EXCEÇÃO: Controle Político: constitucionalidade;
D pelo Poder Legislativo: D Tem origem nos EUA – judicial review – Marbury vs. Madison, em 1803;
1) sustação de atos normativos do Poder Executivo exorbitantes (art. 49, V);
2) rejeição das medidas provisórias inconstitucionais (art. 62, § 5º); D Existe no Brasil desde a 1ª constituição republicana – 1891.
3) controle da constitucionalidade pelos Tribunal de Contas (Súm. 347, STF);
4) revogação de lei inconstitucional com efeitos ex nunc; c.2) Controle Concentrado
5) aprovação de EC superadora da interpretação fixada pelo STF; D É exercido por único órgão ou por um número limitado de órgãos criados
6) propositura de ADI, ADC, ADIO e ADPF (art. 103, II, III e IV); especificamente para esse fim (Corte Constitucional – Áustria) ou tendo
7) suspensão, pelo Senado Federal, da lei declarada inconstitucional por nessa atividade a sua função principal (STF – Brasil);
decisão definitiva do STF no controle concreto (art. 52, X).
D Idealizado por Hans Kelsen, Constituição da Áustria de 1920;
D pelo Poder Executivo:
1) descumprimento de lei inconstitucional e determinação que seus órgãos D Existe no Brasil desde a CF 1934 (ADIn Interventiva promovida pelo PGR
subordinados não a apliquem administrativamente, até uma decisão definitiva perante o STF). A partir EC 16/1965 instituiu a ADIn genérica promovida
do Judiciário (STF, ADI 221-DF); pelo PGR perante o STF. A CF/88 promoveu outras mudanças significativas.
2) propositura de ADI, ADC, ADIO e ADPF (art. 103, I e V).

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4. MODALIDADES DE CONTROLE 4. MODALIDADES DE CONTROLE
d) Quanto à forma ou modo de controle judicial CCJ
preventivo Legislativo
d.1) Controle Concreto - por via incidental, por via de exceção, por via de rejeição do veto
(regra) Executivo veto jurídico
defesa, incidenter tantum, controle indireto.
D A apreciação da inconstitucionalidade se dá de maneira acessória, para que sustação de atos do Executivo
seja resolvido o caso concreto em análise pelo Judiciário. Controle rejeição das MPs
D A eficácia da decisão é “inter partes”, ou seja, a norma declarada político controle pelos Tribunais de Contas
inconstitucional não tem sua eficácia paralisada além do caso julgado. Legislativo revogação de lei inconstitucional
D No Brasil é, em regra, difuso, a exemplo do que acontece nos EUA. repressivo EC superadora de interpretação do STF
(exceção) suspensão de lei pelo Senado Federal
d.2) Controle Abstrato - por via principal, por via de ação, propositura de ADI, ADC, ADPF e ADIO
por via direta, controle em tese, objetivo. Executivo
descumprimento de lei inconstitucional
D Apreciação em tese da compatibilidade de um ato normativo com a
Constituição. Trata-se de análise abstrata, com o fim de resguardar a preventivo MS no STF: devido processo legislativo
harmonia do ordenamento jurídico; Controle (exceção)
D A eficácia da decisão é “erga omnes”, ou seja, para todos;
judicial
repressivo concreto – modelo difuso (qq juiz ou tribunal)
D No Brasil é concentrado: STF (defesa da CF) e TJs (defesa da CE/LOD). (regra) abstrato – modelo concentrado (STF ou TJ)

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5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO 5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO


a) Primeiro precedente: c) Características:
Marbury vs. Madison, julgado em 1803 pela Suprema Corte Americana, c.1) Não há ação específica para o controle concreto – a apreciação da
com John Marshall como Chief Justice. Houve um conflito entre a Lei constitucionalidade da lei ou do ato normativo ocorre no desempenho
(Judiciary Act, de 1789, Seção 13) e a Constituição Americana de 1787. normal da função jurisdicional (em ação de rito ordinário, sumário,
especial, constitucional, recurso ordinário, recurso extraordinário, etc.)
Em sua decisão, Marshall deixou assentes três grandes fundamentos do
controle judicial de constitucionalidade (judicial review): c.2) O objeto da ação – é a defesa de um direito, e não a declaração da
1º) A supremacia da Constituição: Todos aqueles que elaboram constituições inconstitucionalidade da lei, que é uma questão prejudicial.
escritas encaram-na como a lei fundamental e suprema da nação (...). Se a lei c.3) Questão Prejudicial – em geral, a inconstitucionalidade é a causa de pedir
estiver em oposição à Constituição a Corte terá de determinar qual dessas do autor da ação ou é o argumento de defesa do réu, constituindo questão
normas conflitantes regerá a hipótese. E se a Constituição é superior a qualquer prejudicial, porque ela precisa ser decidida previamente, como
ato ordinário emanado do legislativo, a Constituição, e não o ato ordinário, deve pressuposto lógico e necessário da solução do problema principal.
reger o caso ao qual ambos se aplicam.
c.4) Legitimidade para argüir – qualquer parte do processo pode suscitar a
2º) A nulidade da lei que contrarie a Constituição: Um ato do Poder Legislativo
inconstitucionalidade (autor, réu, Ministério Público e terceiros
contrário à Constituição é nulo.
intervenientes) e o juiz ou tribunal também pode reconhecê-la de ofício.
3º) O Poder Judiciário é o intérprete final da Constituição: É enfaticamente
competência e dever do Poder Judiciário dizer o Direito, o sentido das leis. c.5) Controle difuso – qualquer juiz ou tribunal, dentro do julgamento de ação
de sua competência, poderá exercer o controle de constitucionalidade de
b) Origem no Brasil: Constituição da República de 1891. leis ou atos normativos federais, estaduais, distritais ou municipais.

5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO 5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO


d) Cláusula de Reserva de Plenário – art. 97, CF: d) Cláusula de Reserva de Plenário – art. 97, CF:

¨Conceito: Tanto no controle concreto quanto abstrato, os tribunais DCisão funcional:


somente poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato No controle incidental realizado perante tribunal, opera-se a cisão funcional
normativo do Poder Público pelo voto da maioria absoluta de seus da competência, pela qual o pleno (ou o órgão especial) decide a questão
membros ou dos membros do respectivo órgão especial. constitucional e o órgão fracionário julga o caso concreto, fundado na
premissa estabelecida no julgamento da questão prejudicial.
Ressalte-se que essa regra só é exigida para declarar uma norma
inconstitucional e não para declará-la constitucional, já que a sua DSúmula Vinculante 10:
constitucionalidade é presumida. Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão
fracionário de Tribunal que, embora não declare expressamente a
Se for argüida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
Poder Público a órgão fracionário de um tribunal (turma, câmara ou incidência, no todo ou em parte.
seção) e este rejeitar a argüição, prosseguirá o julgamento.
Entretanto, se entender que a lei ou o ato é inconstitucional, DExceção à Reserva de Plenário: art. 481, parágrafo único, do CPC.
submeterá a questão à apreciação do tribunal pleno ou do órgão Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao
especial e, só após o pronunciamento deste, prosseguirá o órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver
julgamento. pronunciamento destes ou do plenário do STF sobre a questão.

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5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO 5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO


e) Efeitos da declaração da inconstitucionalidade: f) Recurso Extraordinário – art. 102, III e § 3º, CF
¨Inter partes (entre as partes) f.1) Conceito – mecanismo processual que viabiliza a análise, pelo STF, de
questões constitucionais de determinados casos concretos.
A declaração da inconstitucionalidade da lei atingirá apenas as partes do
processo, não atingindo terceiros nem paralisando a eficácia da norma. f.2) Hipóteses constitucionais de cabimento
*Entretanto, o Senado Federal poderá suspender, no todo ou em parte, a lei “Art. 102. Compete ao STF (…) III - julgar, mediante recurso extraordinário, as
declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF (art. 52, X), causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
conferindo a ela efeitos erga omnes (contra todos). a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
¨Ex tunc (efeitos retroativos) c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta CF.
Lei inconstitucional é nula de pleno direito e, portanto, a declaração da d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”.
inconstitucionalidade atingirá a norma desde a sua edição.
f.3) Requisitos de admissibilidade
O STF admite, excepcionalmente, a modulação dos efeitos da declaração
a) Descabimento de recurso ordinário na justiça de origem (Súm. 281);
de inconstitucionalidade, permitindo efeito ex nunc ou pro futuro (RE
197.917, inf. 341/STF), por analogia ao art. 27 da Lei 9.868/99. b) Prequestionamento – a questão constitucional deve ter sido ventilada no
acórdão recorrido (Súm. 282);
A suspensão da norma pelo Senado terá efeitos prospectivos (ex nunc).
Porém, o Decreto Presidencial 2.346/97 estabelece que no âmbito da c) Ofensa direta e frontal à Constituição, e não indireta ou reflexa (Súm. 636);
Administração Pública federal, a suspensão da lei terá efeitos ex tunc. d) Repercussão Geral (art. 102, § 3º e Lei 11.418/06)

5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO 5. CONTROLE JUDICIAL CONCRETO


f) Recurso Extraordinário – art. 102, III e § 3º, CF f) Recurso Extraordinário – art. 102, III e § 3º, CF
f.4) Repercussão Geral – art. 102, § 3º e Lei 11.418/06 – art. 543-A e B, CPC f.4) Repercussão Geral e o Filtro recursal – arts. 543-A e 543-B, CPC
¨ No RE o recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, a ¨ Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo
termos da lei, a fim de que o STF, com exclusividade, examine a admissão revisão da tese.
do recurso, somente podendo recusá-lo por 2/3 de seus membros (8 Min.). ¨ Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica
¨ Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do
questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou RISTF, observado o disposto a seguir:
jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. D Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos
¨ Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária representativos da controvérsia e encaminhá-los ao STF, sobrestando os
a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. demais até o pronunciamento definitivo da Corte.
D Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados
Intervenção do amicus curiae – art. 543-A, § 6º, CPC
considerar-se-ão automaticamente não admitidos.
¨ O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação
D Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão
de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento
apreciados pelos Tribunais ou Turmas, que poderão declará-los
Interno do STF.
prejudicados ou retratar-se.
¨ O STF tem entendido que a presença do amicus curiae no momento em que
se julgará a questão constitucional cuja repercussão geral fora reconhecida D Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o STF cassar ou reformar,
não só é possível como é desejável. liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada.

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6. CONTROLE POR VIA DE AÇÃO 6. CONTROLE POR VIA DE AÇÃO


a) Origem: c) Características:
¨ Constituição da Áustria de 1920, aperfeiçoado por emenda em 1929; c.1) É exercido através de ações judiciais específicas – o controle abstrato é
D Modelo idealizado por Hans Kelsen, foi adotado inicialmente nos países exercido em uma ação cuja finalidade é, precisamente, o exame da
europeus, que optaram pela criação de um órgão específico – o Tribunal validade da lei em si, sem guardar vínculo com qualquer caso concreto.
Constitucional – para exercer o controle da constitucionalidade das leis; c.2) Objeto da ação – apreciação em tese (em abstrato) da compatibilidade de
D Na visão dos juristas e legisladores europeus, o juízo de um ato normativo com a Constituição, com o fim de resguardar a
harmonia do ordenamento jurídico. Trata-se de processo objetivo, sem
constitucionalidade acerca de uma lei não tinha natureza de função
partes, que não se presta a tutela de direitos subjetivos.
judicial, já que não buscava solução de litígio, mas apenas a atuação
como legislador negativo, com o poder de retirar uma norma do sistema. c.3) Questão Principal – a (in)constitucionalidade é o próprio pedido da ação, e
o judiciário está limitado a analisá-lo. Já a causa de pedir é aberta, ou seja,
b) Origem e evolução no Brasil: o judiciário pode invocar fundamentos diferentes dos apresentados para
tomar a sua decisão.
¨ CF 1934 – Representação Interventiva promovida pelo PGR perante o STF;
c.4) Legitimidade para argüir – como não há interesses subjetivos a serem
¨ EC 16/1965 – criou a ADIn genérica promovida pelo PGR perante o STF;
tutelados, o art. 103 da Constituição confere a certas autoridades e
¨ A partir da CF/88 o controle concentrado no Brasil sofreu muitas mudanças: instituições a legitimidade para promover o controle abstrato.
a) ampliação dos legitimados da ADIn e criação da ADIO e da ADPF (CF/88);
c.5) Controle concentrado – só o STF, na defesa da Constituição Federal, e os
b) criação da ADC e o efeito vinculante (EC 03/93); TJs, na defesa das Constituições Estaduais e da Lei Orgânica Distrital,
c) regulamentação da ADI, ADC e ADPF (Leis 9.868/99 e 9.882/99); podem realizar o controle abstrato da constitucionalidade, observada a
d) ampliação dos legitimados da ADIn e da ADC (EC 45/04) cláusula de reserva de plenário.

6. CONTROLE POR VIA DE AÇÃO 6. CONTROLE POR VIA DE AÇÃO


d) Ações no controle concentrado: e) ADI genérica
e.1) Amparo jurídico  art. 102, I, “a” e Lei 9.868/99
d.1) Perante o STF, na defesa da Constituição Federal: e.2) Modelo de controle  abstrato concentrado no STF (processo objetivo)
¨ ADI genérica (ação direta de inconstitucionalidade genérica) e.3) Pedidoinconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
 CF, art. 102, I, “a” e Lei 9.868/99 e.4) Desistência  ADI não admite desistência (princípio da indisponibilidade)
¨ ADC (ação declaratória de constitucionalidade) e.5) Prescrição e decadência  inconstitucionalidade não prescreve nem decai
 CF, art. 102, I, “a” e Lei 9.868/99 e.6) Legitimados ativos  art. 103, CF
¨ ADIO (ação de inconstitucionalidade por omissão)  CF, art. 103, § 2º e.7) Legitimados passivos  órgãos ou autoridades responsáveis pela lei ou ato
normativo impugnado.
¨ ADPF (argüição de descumprimento de preceito fundamental)
e.8) Parâmetro – bloco de constitucionalidade  CF + EC + TIDH≈EC vigentes
 CF, art. 102, § 1º e Lei 9.882/99
e.9) Objeto do controle  lei ou ato normativo federal ou estadual pós-CF/88
¨ ADI interventiva  CF, arts. 36, III; 34, VIII e Lei 4.337/64
e.10) Fiscal da lei  o PGR sempre será previamente ouvido (art. 103, § 1º)

d.2) Perante o TJ, na defesa da Constituição Estadual: e.11) Defesa da lei  cabe ao AGU atuar como curador da lei, seja ela federal ou
estadual (art. 103, § 3º), devendo promover sua defesa incondicional.
¨ Representação de Inconstitucionalidade (ADI estadual) – CF, art. 125, § 2º Exceção: se o STF já houver declarado a inconstitucionalidade in concreto.

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e.6) Legitimados ativos (art. 103, CF): e.9) Objeto do controle
Legitimados  Presidente da República Leis ou atos normativos  pós-constitucionais
universais  Mesa do Senado Federal Possuem federais ou estaduais  abstratos, gerais e normativos requisitos
(podem impugnar  Mesa da Câmara dos Deputados capacidade
(ou distritais de  cuja ofensa seja direta, frontal à CF simultâneos
qualquer matéria,  Procurador-Geral da República postulatória
competência estadual)  vigentes no momento do julgamento
independentemente de  Conselho Federal da OAB
comprovação de  Partido político com representação ¨ Podem ser impugnados(as) por ADI, se cumprirem os requisitos acima:
interesse) no Congresso Nacional ¹ Precisam de ¬ emendas à CF, Constituições estaduais e suas emendas;
representação
Legitimados  Confederação sindical² ou Entidade por advogado ¬ tratados internacionais, leis ordinárias, leis complementares e leis delegadas;
especiais de classe³ de âmbito nacional⁴ ¬ medidas provisórias, decretos legislativos e decretos autônomos;
(só podem impugnar  Governador de Estado e do DF Possuem ¬ resoluções dos Tribunais, do CNJ, do CNMP, do Pod. Leg. (reg. interno, etc.);
matérias que afetem capacidade
situações de seu  Mesa de Assembléia Legislativa e ¬ resoluções e deliberações administrativas;
de Câmara Legislativa do DF postulatória
interesse) ¬ sentenças normativas dos TRTs e do TST quando regulem norma da CF;
¬ parecer da Consultoria-Geral da República, aprovado pelo Pres. da República.
¹ A perda de representação após a impetração não prejudica a ação (ADI 2159).
¨ Inconstitucionalidade conseqüencial ou por arrastamento: a dependência ou
² Confederação agrega, no mínimo, 3 Federações, que agregam, no mínimo, 5 sindicatos.
a interdependência normativa entre os dispositivos de lei pode justificar a extensão
³ Classe profissional ou econômica. Pode ser “associação de associações” (ADI 3153).
da declaração de inconstitucionalidade in abstracto, mesmo nos casos em que estes
⁴ Tem de ter filiados em, pelo menos, 9 estados do Brasil (ADI 108-DF)
dispositivos não estejam incluídos no pedido inicial. (Ex.: lei e seu regulamento)

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e.9) Objeto do controle e.9) Revogação do objeto ou do parâmetro
¨ Em caso de revogação da lei ou ato normativo impugnado, ou do
¨ NÃO podem ser impugnadas por ADI:
dispositivo constitucional parâmetro do controle, a ADI proposta será
¬ normas constitucionais originárias (CF + ADCT) considerada prejudicada, extinguindo-se o processo sem julgamento de
mérito (decisão terminativa), em virtude da perda do objeto.
¬ leis ou atos normativos pré-constitucionais;
¨ Havendo revogação e sendo proposta nova ADI no STF, ação não será
¬ leis ou atos normativos municipais; conhecida, por ausência de objeto;
¬ leis ou atos normativos distritais de competência legislativa municipal; ¨ O prejudicado pela lei ou ato normativo poderá defender seus direitos
¬ propostas de emenda ou projetos de lei; por meio do controle incidental difuso, no qual pode ser reconhecida a
inconstitucionalidade de norma revogada inter partes.
¬ decretos regulamentares ou de execução;
¬ convenções e acordos coletivos de trabalho;
e.12) Procedimento da ADI – arts. 3º a 9º da Lei 9868/99
¬ atos privados, como regulamentos de empresas, condomínios, etc; ¨PETIÇÃO INICIAL
¬ enunciados de súmula de jurisprudência predominante; D A petição indicará: I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e
os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das
¬ respostas do Tribunal Superior Eleitoral; impugnações; II - o pedido, com suas especificações.
¬ interpretação e aplicação do regimento internos (atos interna corporis). D O relator indeferirá liminarmente a petição inicial inepta, não fundamentada
e a manifestamente improcedente, cabendo agravo desta decisão.

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e.12) Procedimento da ADI – arts. 3º a 9º da Lei 9868/99 e.12) Medida Cautelar (Liminar) em ADI – arts. 11 e 12 da L.9868
¨ MEDIDA CAUTELAR
D Se houver pedido de medida cautelar, será apreciada por, no mínimo, 8  “Fumus boni iuris”
¨Pressupostos
Ministros e concedida por decisão de 6, após a audiência dos órgãos ou  “Periculum in mora”
autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão
pronunciar-se no prazo de 5 dias. Se o relator julgar indispensável, ouvirá o
 Aprovação de 6 Ministros, desde que presentes 8.
AGU e o PGR, em 3 dias. ¨Quórum
D No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral  No recesso: por decisão do relator, ad referendum
aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos
responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no RISTF.  Suspende a eficácia e a vigência da norma impugnada até
¨Força da o julgamento do mérito pelo STF
D Em caso de excepcional urgência, o STF poderá deferir a medida cautelar sem a
audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato medida
 Se desrespeitada, cabe reclamação ao STF
normativo impugnado.
D Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção especial do DOU e
do DJU a parte dispositiva da decisão, no prazo de 10 dias, devendo solicitar as  Erga omnes (contra todos)
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato.  Vinculante (demais órgãos do Judiciário e Adm. Pública)
D Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria
¨Efeitos
 ex nunc, salvo manifestação expressa do STF (ex tunc)
e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá,
após a prestação das informações, no prazo de 10 dias, e a manifestação do  repristinatório, salvo manifestação em contrário do STF
AGU e do PGR, sucessivamente, no prazo de 5 dias, submeter o processo
diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. Obs.: A negativa da medida cautelar não tem efeito vinculante

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e.12) Procedimento da ADI – arts. 3º a 9º da Lei 9868/99 e.12) Intervenção de terceiros e o Amicus Curiae
¨ PROCESSO E JULGAMENTO ¨ Não se admitirá
admitirá intervenç ADI mas o relator,
intervenção de terceiros no processo de ADI,
D Prosseguindo o julgamento, o relator pedirá informações aos órgãos ou às considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,
autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, que se poderá, por despacho irrecorrível, admitir a manifestação de outros órgãos
manifestarão no prazo de 30 dias do recebimento do pedido. A ausência de ou entidades, chamados: AMICUS CURIAE (art. 7º, Lei 9.868/99) .
manifestação não gera revelia, já que a norma presume-se constitucional.
¨ “A admissão de terceiro, na condição de amicus curiae, no processo objetivo
D Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ADI, mas o relator, de controle normativo abstrato, qualifica-se como fator de legitimação social
considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, das decisões da Suprema Corte, enquanto Tribunal Constitucional, pois
poderá, por despacho irrecorrível, admitir manifestação de outros órgãos ou viabiliza, em obséquio ao postulado democrático, a abertura do processo de
entidades: amicus curiae. fiscalização concentrada de constitucionalidade, em ordem a permitir que
D Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o AGU, como nele se realize, sempre sob uma perspectiva eminentemente pluralística, a
curador da lei, e o PGR, como custos legis, que deverão manifestar-se, cada qual, possibilidade de participação formal de entidades e de instituições que
no prazo de 15 dias. Em seguida, o relator lançará o relatório, com cópia a todos efetivamente representem os interesses gerais da coletividade ou que
os Ministros, e pedirá dia para julgamento. expressem os valores essenciais e relevantes de grupos, classes ou estratos
D Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato sociais. Em suma: a regra inscrita no art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99 - que
ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator contém a base normativa legitimadora da intervenção processual do amicus
requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para curiae - tem por precípua finalidade pluralizar o debate constitucional.” (ADI
que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir 2.130-MC, rel. min. Celso de Mello, DJ 02.02.2001)
depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. Poderá, ainda, ¨ O STF tem admitido sustentação oral do amicus curiae (ADI 2.548/PR)
solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos
Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua ¨ O amicus curiae não tem legitimidade para interpor recurso, salvo para
jurisdição, tudo no prazo de 30 dias. impugnar decisão de não-admissibilidade de sua intervenção (ADI 3.615-ED)

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e.12) Decisão definitiva de mérito em ADI – arts. 22 a 28 da L.9868 obs.: TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

¨Quórum  Para a declarar a (in)constitucionalidade são necessários


¨O efeito vinculante das decisões do STF atinge,
6 votos, desde que presentes, no mínimo, 8 Ministros
além da parte dispositiva do julgado, os:
 É irrecorrível, salvo embargos declaratórios (obscuridade,
¨Força da omissão ou contradição), e não cabe ação rescisória
decisão fundamentos determinantes da decisão (“ratio decidendi”
decidendi”)
 Se desrespeitada, cabe reclamação ao STF
 Proclamação da inconstitucionalidade da norma impugnada (STF:
STF: Rcl 1.987-
1.987-0 DF, Rel. Min. Maurí
Maurício Corrêa, DJU, 21-
21-5-2004 e
Rcl 2.986, Rel. MIn. Celos de Mello, Inf. 379-
379-2005)
¨Ação  Erga omnes – exceção: por 2/3 do STF (art. 27, L.9868/99)
procedente  Vinculante (demais órgãos do Judiciário e Adm. Pública)
(efeitos)  Ex tunc – exceção: ex nunc ou pro futuro, por 2/3 do STF Assim, a administração pública, os juízes e tribunais estão vinculados não
 Repristinatório, salvo manifestação em contrário do STF apenas à conclusão do acórdão, mas igualmente às razões da decisão.

 Proclamação da constitucionalidade da norma impugnada


¨Ação im- ¨ Contra o ato administrativo ou judicial que contrarie o dispositivo ou
procedente  Erga omnes os fundamentos determinantes da decisão cabe RECLAMAÇÃO ao
(efeitos)  Vinculante
STF, que poderá ser proposta por qualquer pessoa interessada.
 Ex tunc

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f) AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE f.13) Procedimento da ADC – arts. 14 a 20 da Lei 9868/99
f.1) Amparo jurídico  art. 102, I, “a” (EC 03/96) e Lei 9.868/99 ¨PETIÇÃO INICIAL – deverá indicar:
f.2) Modelo de controle  abstrato concentrado no STF (processo objetivo) I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos
jurídicos do pedido;
f.3) Pedido constitucionalidade de lei ou ato normativo federal
II - o pedido, com suas especificações;
f.4) Cabimento  só cabe ADC se houver controvérsia judicial relevante sobre a controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da
III - a existência de contrové
aplicação da disposição objeto da ação declaratória. disposição objeto da ação declaratória.
D O relator indeferirá liminarmente a petição inicial inepta, não fundamentada e a
f.5) Desistência  ADC não admite desistência (princípio da indisponibilidade) manifestamente improcedente, cabendo agravo desta decisão.
f.6) Prescrição e decadência  constitucionalidade não prescreve nem decai ¨PROCESSO E JULGAMENTO
f.7) Legitimados ativos  art. 103, CF – os mesmos da ADI D Prosseguindo o julgamento, será ouvido o PGR, como custos legis, que deverá
pronunciar-se no prazo de 15 dias. Em seguida, o relator lançará o relatório,
f.8) Intervenção de terceiros  não cabe, salvo o amicus curiae com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.
f.9) Parâmetro – bloco de constitucionalidade  CF + EC + TIDH≈EC vigentes D Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato
ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o
f.10) Objeto do controle  o mesmo da ADI, excluídas as estaduais. relator requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de
peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em
f.11) Fiscal da lei  o PGR sempre será previamente ouvido (art. 103, § 1º) audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade
na matéria. Poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos
f.12) Defesa da lei  diferentemente da ADI, na ADC não há participação do AGU Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma
na defesa da lei, pois o pedido da ação é a constitucionalidade impugnada no âmbito de sua jurisdição, tudo no prazo de 30 dias.

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f.13) Medida Cautelar (Liminar) em ADC – art. 21 da L.9868 f.13) Decisão definitiva de mérito em ADC – art. 22 a 28 da L.9868
 “Fumus boni iuris” ¨Quórum  Para a declarar a (in)constitucionalidade são necessários
¨Pressupostos 6 votos, desde que presentes, no mínimo, 8 Ministros
 “Periculum in mora”
 Aprovação de 6 Ministros, desde que presentes 8.  É irrecorrível, salvo embargos declaratórios (obscuridade,
¨Quórum ¨Força da omissão ou contradição), e não cabe ação rescisória
 No recesso: por decisão do relator, “ad referendum” decisão
 Se desrespeitada, cabe reclamação ao STF
 determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o
¨Força da julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei  Proclamação da inconstitucionalidade da norma defendida
medida ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento ¨Ação im-  Erga omnes – exceção: por 2/3 do STF, art. 27 da L.9868/99
definitivo. procedente  Vinculante
 erga omnes (efeitos)  Ex tunc – exceção: ex nunc ou pro futuro, por 2/3 do STF
¨Efeitos  efeito vinculante  Repristinatórios, salvo manifestação expressa do STF
 ex nunc  Proclamação da constitucionalidade da norma defendida
¨Ação
¨Prazo da  Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção procedente  Erga omnes
cautelar especial do DOU a parte dispositiva da decisão, no prazo de (efeitos)  Vinculante
10 dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação  Ex tunc
no prazo de 180 dias,
dias sob pena de perda de sua eficácia.

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