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Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Goiás – IFG


Campus Goiânia

Barragens e Obras de Terra


Prof. João Carlos
FINALIDADES OU APLICAÇÃO DAS BARRAGENS – CRIAÇÃO
DE RESERVATÓRIOS PARA:

• Geração de energia
• Abastecimento de água
• Irrigação
• Controle de Cheias
• Pesca
• Recreação
• Etc.
Barragem de Itaipu - Paraná
Barragem de Itaipu - Paraná
Pequena Barragem de terra
Barragem de grande porte (segundo Massad ,2010):

• Altura superior a 15 m
• Altura entre 10 e 15 m, satisfazendo uma das seguintes
condições:
- comprimento de crista igual ou superior a 500 m;
- reservatório com volume total superior a 1.000.000 m3;
- vertedouro com capacidade superior a 2000 m3/s;
- barragem com condições difíceis de fundações;
- barragem com projeto não convencional.
Evolução
Histórica
(Massad, 2010)
Principais tipos de barragens:

Arco

Gravidade
• Concreto
(convencional Contrafortes
ou tipo CCR)

Seção homogênea
Seção heterogênea ou zonada
• Barragem de Terra e
Seção mista
Enrocamento Enrocamento com face
impermeável a montante
Barragem de concreto estrutural com contrafortes
Barragem de concreto gravidade
Barragem de concreto em arco
DEFINIÇÃO DO TIPO DE BARRAGEM

A escolha do tipo de barragem dependerá,


principalmente, da existência de material
qualificado para sua construção, dos aspectos
geológicos e geotécnicos e da conformação
topográfica do local da obra. Outros fatores
igualmente importantes para a seleção são:

- disponibilidade de solo ou rocha: proveniente


de escavações requeridas, disponíveis em
quantidade e qualidade adequadas, segundo um
fluxo compatível com a construção do arranjo
proposto;
- natureza das fundações: barragens de
enrocamento e de concreto somente
deverão ser colocadas sobre fundação em
rocha, enquanto que as de terra poderão ser
colocadas em solo;

- condições climáticas: a existência de


períodos chuvosos razoavelmente prolongados
traz complicações para a construção de aterro
de solo compactado ou núcleos de argila.
O arranjo de um aproveitamento hidrelétrico é
muito influenciado pelo tipo de vale:

• Encaixado e estreito (Barragem de concreto do


tipo arco);
• Semi-encaixado (Barragens do tipo gravidade,
com contrafortes ou Barragens de enrocamento);
• Aberto (Barragens de terra).
Seções típicas geotécnicas

• Barragem de terra do tipo homogênea:


-indicada quando a rocha se encontra a grandes
profundidades na área em consideração;
-é um tipo de barragem que exige menor
declividade nos paramentos de montante e
jusante e, portanto, resulta em maiores volumes
compactados.
NAmax
B
NAmin

2,5 Hba

3,0 1
1

filtro
aterro

Seção típica de barragem homogênea de


terra
Miranda - MG: Seção
Homogênea
• Barragem de enrocamento com núcleo argiloso ou
com face de concreto :
- indicada quando, na área selecionada, existir rocha
sã e de boa qualidade ao longo do eixo, à pequena
profundidade;
- grandes volumes de escavação em rocha na casa de
força, em canais e vertedouros são um bom
indicativo para a utilização deste tipo de barragem;
- se existirem períodos chuvosos que prejudiquem a
execução de núcleos de argila, ou a dificuldade na
obtenção de material adequado para o núcleo, a
solução com face de concreto é a mais indicada.
transição
10,0

NA
B

0,2 0,2

1
1 1 H ba

El te

enrocamento núcleo de argila

Seção típica de barragem de


enrocamento com núcleo de argila
vertical
transição

Elcr
NAmax
B

1 1
0,8
Hba
1
1
0,5
Elte

núcleo de argila

enrocamento

Seção típica de barragem de


enrocamento com núcleo de argila
inclinado
Serra da Mesa
• Barragem de Terra e
Enrocamento
– H = 154 m
– L = 1.500 m
– V = 12 x 106 m3
Miranda: Seção Mista

• Barragem de Terra e Mista


– H = 80 m
– L = 1.060 m
– V = 8 x 106 m3
NAmax
B
laje de concreto

1 Hba

enrocamento
Elte

plinto transição

Seção típica de barragem de enrocamento


com face de concreto
Foz do Areia: BEFC

• Barragem de Enrocamento
com Face de Concreto
– H = 160 m
– L = 830 m
– V = 14 x 106 m3
• Barragem de concreto :
- Indicada quando o reconhecimento de campo
garantir, na área selecionada, a existência de rocha
sã e com compressibilidade pequena ao longo de todo
o eixo, já que estas exercem maiores pressões nas
fundações, a pequena profundidade.
- A estabilidade, neste tipo de barragem, é garantida
principalmente pelos esforços de gravidade.
8,0

Elcr
NAmax
Hbl

1
Hba

Elte

Seção típica de barragem de


concreto convencional a
gravidade
Detalhes construtivos
- CCR (Barragens tipo gravidade, consumo de
cimento, equipamento de compactação);
- Proteção dos taludes nas barragens de terra;
- Borda livre (altura de onda, dissipação da
onda e recalques);
- Crista de barragens (4 a 12 m);
- Bermas;
- Desvio do rio: vales fechados e semi-
encaixados (túneis por ombreiras rochosas) e
no caso de vales abertos (desvio em etapas ou
por meio de adufas);
Questões para estudo
1. Cite e comente 03 finalidades da execução
de barragens.
2. Segundo Massad (2010), como pode ser
definida uma barragem de grande porte?
3. Cite e comente alguns elementos que
influenciam na escolha do tipo de
barragem.
4. Cite e comente 04 tipos de seções
transversais típicas de barragens.
FASES DE PROJETO –
PLANEJAMENTO INTEGRADO
DE UMA BACIA
HIDROGRÁFICA
1 – INTRODUÇÃO
Construção de Usinas Hidrelétricas
São determinantes para a implantação de um
parque gerador de energia elétrica de base
predominantemente hidráulica:
• As características físicas do Brasil, em especial a
grande extensão territorial e a existência de rios
caudalosos;
• A capacitação atual da engenharia, aliada às
dimensões relativamente reduzidas das reservas de
petróleo e carvão mineral.
Observação:
•Apenas cerca de 25% de todo o potencial
hidrelétrico conhecido corresponde a usinas
em operação e em construção;
• Estima-se que as fontes hidráulicas
continuarão a desempenhar importante
papel no atendimento à crescente demanda
de energia elétrica, pelo menos ao longo das
duas próximas décadas.
Aproveitamentos Hidrelétricos com Potência >
300 MW Previstos a serem Construídos
Belo Monte - 11000 MW - 2008

Tucuruí (2a Etapa) - 4125 MW - 2002

Serra Quebrada - 1328 MW - 2007

43% Estreito - 1200 MW - 2009


10%
Tupiratins - 1000 MW - 2008
Lajeado - 850 MW - 2001
Ipueiras - 960 MW - 2009
Peixe - 450 MW - 2005
Cana Brava - 450 MW - 2002
Santa Isabel - 1080 MW - 2007 31%
Itapebi - 450 MW - 2002
Mauá - 388 MW - 2009
Irapé - 360 MW - 2006
São Jerônimo - 331 MW - 2005
Aimorés - 330 MW - 2003
Itaipu (maq.19 e 20) - 1400 MW - 2004
S.Santiago (ampl.) - 710 MW - 2002
Foz do Chapecó - 840 MW - 2006
Machadinho - 1140 MW - 2002
Barra Grande - 690 MW - 2007 Campos Novos - 879 MW - 2006
16%
2. FASES DE PROJETO

• Estudo de Inventário Hidrelétrico - 02 a 04 anos


• Estudo de Viabilidade – 01 a 02 anos
• Projeto Básico – 01 a 02 anos
• Projeto Executivo – 04 a 06 anos
2.2 Estudos de Inventário Hidrelétrico
Etapa em que se determina o potencial hidrelétrico
de uma bacia hidrográfica e se estabelece a melhor
divisão de queda, mediante a identificação do conjunto
de aproveitamentos que propicie um máximo de energia
ao menor custo, aliado a um mínimo de efeitos negativos
sobre o meio ambiente.
Realizado a partir de dados secundários,
complementados com informações de campo, e pautado
em estudos básicos (energéticos, hidrometeorológicos,
geológicos, ambientais e de outros usos da água),
apresenta um conjunto de aproveitamentos, suas
principais características, estimativas de custo, índices
custos-benefícios e índices ambientais.
2.1 Estimativa do Potencial Hidrelétrico

O potencial hidrelétrico de uma bacia


hidrográfica corresponde ao potencial que
pode ser técnica, econômica e
ambientalmente aproveitado, em relação a
uma determinada configuração específica
de um sistema elétrico, considerando-se as
usinas em operação, em construção ou
planejadas, e levando-se em conta cenários
de utilização múltipla da água.
Utilização Múltipla da Água
Aproveitamento hidrelétrico – A formação de
desnível, propiciada pela regularização, favorece
a criação de energia potencial hidráulica, que é
transformada em energia elétrica.
Navegação – Esta é favorecida a jusante por
meio da regularização das vazões no período de
estiagem e para montante por meio do
afogamento de eventuais corredeiras e
cachoeiras.
Abastecimento d´água – Para fins de irrigação,
consumo industrial, doméstico etc.
Outras finalidades – Criação de peixes,
recreação, turismo etc.
É a etapa dos estudos em que se
procede à análise preliminar das
características da bacia hidrográfica,
especialmente quanto aos aspectos
topográficos, hidrológicos, geológicos e
ambientais, no sentido de verificar sua
vocação para geração de energia elétrica.
Essa análise, exclusivamente pautada
nos dados disponíveis, é feita em escritório e
permite a primeira avaliação do potencial e
estimativa de custo do aproveitamento da
bacia hidrográfica e a definição de
prioridades para a etapa seguinte.
Objetivos do Inventário:
• Identificar a melhor alternativa de divisão de
quedas para aproveitamento do potencial
hidrelétrico da bacia estudada através de
avaliações e análises baseadas nos benefícios
energéticos oriundos da sua implementação, nos
custos de construção e operação dos
empreendimentos, no uso múltiplo da água e nos
efeitos sobre o meio-ambiente na bacia;
• Caracterizar um elenco de aproveitamentos que
possam ser incluídos nos planos de investimento de
médio prazo e programas de estudos de viabilidade
do setor de energia elétrica;
• Constituir um documento hábil que defina
tecnicamente a alternativa de partição de queda
escolhida, objetivando a definição do objeto de
licitações de concessão de aproveitamento
hidrelétrico com potência superior a 10MW na
bacia estudada;
• Constituir um documento de apoio aos Estudos de
Viabilidade de empreendimentos hidrelétricos na
bacia estudada;
• Constituir um documento de apoio à ações junto a
órgãos públicos e privados, visando otimizar de
forma ordenada e racional, o aproveitamento dos
recursos naturais na bacia estudada.
2.3 Estudos de Viabilidade
É a etapa de definição da concepção global de um
dado aproveitamento, da melhor alternativa de
divisão de queda estabelecida na etapa anterior,
visando sua otimização técnico-econômica e
ambiental e a avaliação de seus benefícios e custos
associados.
Objetivos:
• Concluir sobre a exeqüibilidade ou não do
aproveitamento através de avaliações, análises e
definições fundamentadas nos custos e nos
benefícios múltiplos que podem ser obtidos;
• Subsidiar a tomada de decisões quanto à época de
início de construção do aproveitamento
hidrelétrico;
• Subsidiar a elaboração dos documentos
necessários para licenciamento ambiental;
• Subsidiar as ações junto a órgãos públicos e
privados, visando otimizar a utilização dos
recursos naturais existentes na área do futuro
aproveitamento e promover sua inserção na
região.
Etapa de Viabilidade

• Análise técnico-econômica dos possíveis eixos, dentro do trecho definido na


fase de Inventário;

• Definição da melhor alternativa do eixo para a barragem;

• Definição do arranjo geral.

Para tal, faz-se necessário:

- Ensaios de caracterização;

- Verificação superficial de materiais disponíveis;

- Verificação de fuga geológica;

- Verificação de estabilidade de taludes naturais;

- A possibilidade de assoreamento.
2.4 Projeto Básico
É a etapa em que o aproveitamento, como
concebido nos estudos de viabilidade, é detalhado e
tem definido seu orçamento, com maior precisão,
de forma a permitir à empresa ou ao grupo
vencedor da licitação de concessão a implantação
do empreendimento diretamente ou através de
contratação de outras companhias para a execução
das obras civis e do fornecimento e montagem dos
equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos.
No desenvolvimento do Projeto Básico deverão
ser mantidos os principais itens fixados no edital de
licitação do empreendimento e que foram definidos
na fase de Estudos de Viabilidade, de modo a
manter, nesta fase de projeto, sua energia
assegurada.
Principais itens que não deverão ser alterados:
• NA Max Montante;
• NA Jusante;
• Potência Mínima;
• Coordenadas Geográficas.
Nesta etapa são detalhados os programas
sócio-ambientais definidos nos Estudos de
Viabilidade.
Trata-se, portanto, de aprofundar o
conhecimento sobre as medidas necessárias à
prevenção, mitigação ou compensação aos impactos
identificados, até o nível de projeto, preparando-os
para a imediata implantação.
Etapa – Projeto Básico

• Definição final da obra;

• São elaborados:

- Memoriais descritivos;

- Especificações técnicas e o dimensionamento final das estruturas;

- Plantas e cortes das estruturas e dos equipamentos permanentes;

- Cronograma de execução da obra e orçamento final.

• Estas atividades são realizadas com o objetivo de levar a obra à licitação;

• Obtenção dos dados para elaboração do projeto → investigações de campo e


laboratório;
2.5 Projeto Executivo
É a etapa em que se processa a elaboração dos
desenhos de detalhamento das obras civis e dos
equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos,
necessários à execução da obra e à montagem dos
equipamentos.
Nesta etapa são tomadas todas as medidas
pertinentes à implantação do reservatório.
Etapa - Projeto Executivo

• Detalhamento do projeto básico;

• Realização ensaios de campo e de laboratório → verificar os dados do


projeto básico com os da obra.

• Contém o “As Built” → são descritas as modificações realizadas no projeto


básico

• As “Built” → extrema importância em medidas corretivas.


Índice Ambiental
É o valor numérico que expressa a intensidade
do impacto ambiental sobre a área de estudo,
variando em uma escala contínua desde zero
(mínimo impacto) até um (máximo impacto).
Este índice é calculado considerando-se os
impactos sobre ecossistemas aquáticos e
terrestres, modos de vida, organização
territorial, base econômica e populações
indígenas.

No entanto, uma estimativa preliminar do


impacto que um aproveitamento hidrelétrico irá
causar pode ser obtida pela relação entre a
área inundada pelo reservatório (km2) e a
potência instalada (MW).
Índice Custo-Benefício Energético

• Relação entre o custo anual de cada aproveitamento e o benefício em energia


obtido por sua operação.

• Expressos em US$/MWh
Potência Área do Índice
UHE Estado / País Bacia instalada reservatório ambiental
(MW) (km 2) (Km 2/MW)
Balbina AM Rio Amazonas 250 2360 9.44
Belo Monte* PA Rio Amazonas 11000 400 0.04
Samuel RO Rio Amazonas 217 600 2.76
Lajeado** TO Rio Tocantins 903 630 0.70
Serra da Mesa GO Rio Tocantins 1293 1784 1.38
Tucuruí PA Rio Tocantins 7960 2430 0.31
Mal. Castelo Branco MA/PI Atlântico, trecho norte/nordeste 216 363 1.68
Itaparica PE/BA Rio São Francisco 1500 828 0.55
Moxotó BA/AL Rio São Francisco 440 93 0.21
Paulo Afonso IV BA Rio São Francisco 2460 17 0.01
Sobradinho BA Rio São Francisco 1050 4214 4.01
Três Marias MG Rio São Francisco 388 1142 2.94
Xingó SE/AL Rio São Francisco 3000 60 0.02
Funil RJ Atlântico, trecho lesle 216 39 0.18
Lajes RJ Atlântico, trecho lesle 144 30 0.21
Barra Bonita SP Rio Paraná 144 308 2.14
Capivara SP/PR Rio Paraná 662 515 0.78
Corumbá GO Rio Paraná 375 65 0.17
Emborcação MG/GO Rio Paraná 1192 455 0.38
Foz do Areia PR Rio Paraná 2511 139 0.06
Furnas MG Rio Paraná 1216 1450 1.19
Igarapava MG/SP Rio Paraná 210 39 0.19
Ilha Solteira SP/MS Rio Paraná 166 1200 7.23
Itaipu Brasil/Paraguai Rio Paraná 14000 1350 0.10
Itumbiara MG/GO Rio Paraná 2280 760 0.33
Marimbondo MG/SP Rio Paraná 188 438 2.33
Nova Ponte MG Rio Paraná 510 447 0.88
Porto Colômbia MG/SP Rio Paraná 320 140 0.44
Rosana SP/PR Rio Paraná 320 217 0.68
Salto Grande MG Rio Paraná 104 5.8 0.06
São Simão MG/GO Rio Paraná 1710 722 0.42
Segredo PR Rio Paraná 1260 82 0.07
Taquaruçu SP/PR Rio Paraná 515 74 0.14
Campos Novos* SC Rio Uruguai 880 24 0.03
Itá SC/RS Rio Uruguai 294 141 0.48
Machadinho SC/RS Rio Uruguai 1140 79 0.07
Obs.:
** Em construção
* Previsto para construção

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