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doi: ISSN 0103-5150

Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 4, p. página 777-789, set./dez. 2013


Licenciado sob uma Licença Creative Commons

[T]

Eletroestimulação neuromuscular, exercícios


contrarresistência, força muscular, dor e função motora
em pacientes com osteoartrite primária de joelho
[I]

Neuromuscular electrical stimulation, exercises against


resistance, muscle strength, pain, and motor function
in patients with primary osteoarthritis of the knee

[A]

Thais Varanda Dadalto[a], Cintia Pereira de Souza[b], Elirez Bezerra da Silva[c]

[a]
Fisioterapeuta, mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ - Brasil, e-mail:
tvdadalto@hotmail.com
[b]
Fisioterapeuta, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho, Bolsista
CNPq, Rio de Janeiro, RJ - Brasil, e-mail: centropilates@bol.com.br
[c]
Fisioterapeuta, doutor em Educação Física pela Universidade Gama Filho, coordenador do curso de graduação em
Fisioterapia, professor do Programa de Pós-graduação em Educação Física, coordenador do Grupo de Pesquisa Clínica
Escola FIT da mesma instituição, Rio de Janeiro, RJ - Brasil, e-mail: elirezsilva@ugf.br

[R]

Resumo
Introdução: A osteoartrite (OA) do joelho é um processo degenerativo e os sintomas são dor mecânica e pe-
ríodos de dor in lamatória, rigidez articular e fraqueza muscular. Ela não tem cura. O objetivo do tratamento é
aliviar os sinais e sintomas e, quando possível, retardar sua evolução. O fortalecimento muscular é indicado como
tratamento da OA. Objetivo: Comparar a e icácia da eletroestimulação neuromuscular (EENM) e de exercícios
contrarresistência (ECR) no ganho de força extensora de joelho, na diminuição da dor e na recuperação da função
motora em pacientes com OA primária do joelho. Materiais e métodos: Participaram da pesquisa 23 pacientes
com diagnóstico de OA primária do joelho, segundo os critérios clínicos e radiológicos do American College of
Rheumatology. Eles foram alocados aleatoriamente para um grupo de ECR (n = 9), um grupo de EENM (n = 8) e
um grupo controle (n = 6), e foram submetidos aos procedimentos característicos de seu grupo três vezes por
semana até completar 24 sessões. Foram avaliadas de forma cega a força extensora de joelho, a dor e a função
motora. Foi utilizado o teste MANOVA 3 x 2 com medidas repetidas para P < 0,05. Resultados: Foi encontrada
diferença signi icativa (P < 0.05) somente nas comparações intragrupos para força extensora de joelho no grupo

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EENM e para dor nos grupos EENM e ECR. Conclusão: O fortalecimento da musculatura extensora de joelho
pode auxiliar na diminuição da dor de pacientes com OA. A EENM, quando aplicada de acordo com o protocolo
utilizado neste estudo, pode ser uma terapia interessante para o tratamento da OA do joelho.
[P]

Palavras-chave: Artrose. Corrente russa. Quadríceps.


[B]

Abstract
Introduction: Knee osteoarthritis (OA) is a degenerative and the symptoms are mechanical pain and periods of
inflammatory pain, joint stiffness and muscle weakness. OA has no cure and treatment serves to relieve the signs and
symptoms and, when they can, slow its progression. Muscle strengthening is indicated as the treatment. Objective:
To compare the effectiveness of NMES and resistance exercise in knee extensor strength gain, pain reduction and
recovery of motor function in patients diagnosed with primary osteoarthritis of the knee. Materials and methods:
Participated 23 patients with primary knee osteoarthritis, according to the clinical and radiological criteria of the
American College of Rheumatology. Patients were randomly assigned to a group of resistance exercise (ECR - n = 9),
a group of neuromuscular electrical stimulation (NMES - n = 8) and a control group (n = 6). They underwent char-
acteristic procedures of their group three times per week until 24 sessions. The knee extensor strength pain and
function were evaluated. Statistical analyses used was a 3 x 2 MANOVA with repeated measures, P < 0.05. Results:
Significant difference (P < 0.05) was found only in intragroup comparisons for knee extensor strength only in the
group NMES and for pain on the NMES and ECR groups. Conclusion: The strengthening of the knee extensor muscles
can help to reduce pain in patients with OA. NMES when applied for 24 sessions, three times a week, according to
the protocol used in this study can be an interesting therapy for the improvement of clinical symptoms of knee OA.
[K]

Keywords: Arthrosis. Russian current. Quadriceps.

Introdução afastamento do trabalho, icando atrás somente de


doenças isquêmicas cardíacas (5), e a incidência au-
A gonartrose, osteoartrite, osteoartrose ou, sim- menta com o passar da idade (6).
plesmente, artrose do joelho, é um processo dege- Os sintomas são dor mecânica, que tem relação
nerativo que pode ou não estar ligado a processos direta com o movimento articular, e períodos de dor
in lamatórios (1). Ela ocorre pela perda da homeos- in lamatória, que correspondem a surtos in lamató-
tasia da unidade funcional menisco-cartilagem-osso rios secundários às alterações mecânicas, sintoma esse
subcondral e tem evolução progressiva, com perda de que in luencia a realização de atividades funcionais
cartilagem e mais tardiamente de tecido ósseo. Ela (7); rigidez articular, que progride proporcionalmen-
é classi icada segundo sua etiologia como primária te à perda de cartilagem (8) e fraqueza muscular (3).
quando o fator causal é desconhecido, ou secundária, Os sinais clínicos mais comuns são: crepitação, aumento
quando ocorre em decorrência de patologias in lama- de volume da articulação, derrame articular (1), atro ia
tórias ou sequelas de lesões meniscoligamentares, muscular por desuso e deformidades em varo, valgo ou
fratura ou infecção, por exemplo (2). lexo (8). A osteoartrite não tem cura e o tratamento tem
O desgaste da cartilagem articular é inicialmente a função de aliviar os sinais e sintomas e, quando possí-
assintomático, evoluindo com a instalação de lesões vel, retardar a evolução (9). O fortalecimento muscular é
ósseas e processos in lamatórios das estruturas arti- indicado como tratamento da OA no Consenso Brasileiro
culares. Quando ocorre agravamento agudo dos sin- para o Tratamento da Osteoartrite e pela Osteoathritis
tomas, porém, mesmo na fase assintomática, podem Research Society International (OARSI) (10, 11).
ocorrer alterações no comportamento motor (3). A Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) é co-
A osteoartrite (OA) é a principal causa de dor e nhecida como Corrente Russa e consiste em uma cor-
incapacidade funcional em mulheres de meia ida- rente alternada de média frequência de 2500 Hz capaz
de, sendo esta população a mais acometida (4). de causar a contração muscular, é muito utilizada tera-
Nos Estados Unidos, a OA é a segunda causa de peuticamente com diferentes indicações (12). Estudos

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dor e função motora em pacientes com osteoartrite primária de joelho
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mostraram a EENM como parte do tratamento para dis- critérios clínicos e radiológicos do American College
funções da bexiga em portadores de esclerose múltipla of Rheumatology (ACR), que procuraram os serviços
(13), na reabilitação da disfagia (14), no tratamento da da Clínica Escola FIT/UGF entre os dias 20 de janeiro
dor crônica do ombro em hemiplégicos (15), no trata- de 2010 e 30 de agosto de 2010.
mento da dor crônica lombar (16) e na reabilitação do Os critérios clínicos e radiológicos do ACR para
pós-operatório de reconstrução do ligamento cruzado diagnóstico da OA de joelho são dor articular na maio-
anterior (17). Suas respostas musculares têm origem ria dos dias no último mês, evidência radiológica de
central e periférica e seus resultados de fortalecimento osteó itos marginais e pelo menos um dos critérios a
muscular são mantidos mesmo após a suspensão das seguir: crepitação ao movimento ativo, rigidez articu-
aplicações (18-20). lar pela manhã com duração menor que 30 minutos
Diversos estudos já testaram a e icácia do fortale- e faixa etária superior a 38 anos (26).
cimento muscular no tratamento dos sinais e sinto- O plano de recrutamento dos pacientes para esta
mas da OA utilizando diversos protocolos, entre eles pesquisa foi feito por cartazes distribuídos pelas de-
a EENM e exercícios contrarresistência (21-24). Em pendências da Universidade Gama Filho, previamente
um estudo de 2006, Mikesky et al. acompanharam um autorizados pela prefeitura do campus.
grupo tratado com exercícios contrarresistência e um Os pacientes receberam informações sobre o es-
grupo tratado com exercícios de lexibilidade por 30 tudo e assinaram um termo de consentimento livre e
meses. O grupo tratado com exercícios contrarresis- esclarecido, concordando em participar da pesquisa,
tência apresentou mais força ao im do tratamento e de acordo com a Resolução n. 196/96, do Conselho
uma progressão mais lenta da doença (25). Nacional de Saúde. O protocolo experimental deste
No entanto, ainda não é clara a resposta dos sinais estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
e sintomas da OA ao fortalecimento muscular, uma envolvendo seres humanos da Universidade Gama
vez que a maioria dos estudos utilizou o fortaleci- Filho, sob Parecer n. 119, de outubro de 2010.
mento muscular associado a outras formas de terapia. O luxo dos sujeitos neste estudo está apresentado
O objetivo deste estudo foi comparar a e icácia da na Figura 1.
EENM e de exercícios contrarresistência no ganho de Foram excluídos da pesquisa pacientes que es-
força extensora de joelho, na diminuição da dor e na tavam esperando por cirurgia de artroplastia, pa-
recuperação da função motora em pacientes diag- cientes portadores de artrose secundária, pacientes
nosticados com OA primária do joelho. sem amplitude de movimento funcional, pacientes
submetidos à in iltração recente, pacientes com his-
tórico de trauma recente e pacientes com estado de
Materiais e métodos saúde incompatível com a realização dos exercícios
contrarresistência e da EENM.
Delineamento Os pacientes foram alocados para três grupos de
forma aleatória: um grupo de exercícios contrarresis-
O estudo foi um experimento controlado, rando- tência (ECR), um grupo de EENM e um grupo controle.
mizado e duplo cego. Os pacientes foram alocados Para alocação aleatória foi utilizada a função Fx =
randomicamente para um dos três grupos: EENM, Se (ALEATÓRIO() < 0,333334;1;S e (ALEATÓRIO()
que realizou eletroestimulção neuromuscular; ECR, < 0,666667;2; Se (ALEATÓRIO() < 1,000001;3))) do
que realizou exercício contrarresistência; e controle, software Excel (Microsoft). Os números foram dados
que não realizou intervenção. A isioterapeuta que aos pacientes de acordo com a chegada para aten-
aplicou as intervenções não fez as avaliações da força dimento. Se “1” o paciente foi alocado para o grupo
extensora de joelho, dor e função motora. A avaliação EENM, se “2” o paciente foi alocado para o grupo ECR
e a análise dos dados foram cegas. e se “3” o paciente foi alocado para o grupo controle.
Os pacientes dos grupos EENM e ECR foram sub-
metidos aos procedimentos característicos de seu
Amostra respectivo grupo três vezes por semana, até com-
pletarem 24 sessões. Em caso de falta, os pacientes
Participaram da pesquisa pacientes com diag- izeram reposição da sessão perdida. Todos foram
nóstico de OA primária do joelho segundo os submetidos a 24 sessões. Os pacientes que foram

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Procuraram tratamento para OA (n=60)

Excluídos

Não tinham radiografia do joelho (n=6)


Não atenderam a algum critério de inclusão (n=5)
Não encontrado (n=5)
Sem disponibilidade de horário (n=2)
Não aceitaram participar do estudo (n=3)

Randomizados (n=26)

Grupo EENM (n=10) Grupo ECR (n=10) Grupo controle (n=6)

Não completaram o
tratamento (n=2)
Não completaram o
tratamento (n=1)
Por queixa de dor Não completaram o
muscular tardia (n=1) tratamento (n=0)
Por descontrole da
pressão arterial
Não informou motivo
(n=1)

Concluiram o tratamento Concluiram o tratamento Concluiram o tratamento


(n=8) (n=9) (n=6)

Figura 1 – Fluxograma da entrada de pacientes no estudo


Fonte: Dados da pesquisa.

alocados no grupo controle não foram submetidos a joelho, respeitando-se o seguinte protocolo: uma fase
nenhuma forma de tratamento por oito semanas e, de aquecimento com uma série de 15 repetições sem
após a segunda avaliação, participaram de tratamento carga e uma fase de treino de força muscular, consis-
em grupo com exercícios contrarresistência. tindo em duas séries de 10 a 12 repetições máximas,
com acréscimo de um quilo na carga cada vez que o
paciente alcançava 12 repetições, com intervalo entre
Exercícios contrarresistência as séries de dois minutos.

Os sujeitos deste grupo izeram ECR para quadrí-


ceps em cadeia cinética aberta, respeitando as indi- Eletroestimulação neuromuscular
vidualidades e as condições clínicas de cada sujeito.
Os ECR para fortalecimento do quadríceps foram Este grupo foi submetido à EENM do quadrí-
realizados em uma cadeira extensora com paciente ceps. Foram utilizados eletrodos autoadesivos
na posição sentada. Foram realizadas extensões de (Valutrode 5x5 cm) posicionados por pares nos

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dor e função motora em pacientes com osteoartrite primária de joelho
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ventres musculares dos músculos reto anterior O erro da medida foi igual a segunda menos a pri-
da coxa, vasto lateral e vasto medial, um eletroes- meira medida. Sobre os erros de medidas, foram apli-
timulador da Neurodyn (IBRAMED), com uma cados os limites de con iança de Bland e Altman para
corrente de média frequência de 2500 Hz com eliminar os erros outliers (29). Em seguida, o ETM
frequência de tratamento de 100 Hz, modulada a foi calculado a partir do desvio padrão dos erros de
50%, 1s/10s/1s/10s nos tempos rise/on/decay/ medidas dividido pela raiz quadrada de dois. O ETM
off, respectivamente, sendo o estímulo usado no relativo (%) foi calculado pela razão entre o ETM ab-
modo sincronizado e com intensidade máxima su- soluto e a média dos escores de força muscular na
portada pelo paciente por 20 minutos. Os pacien- primeira e segunda medidas (28).
tes realizaram contração isométrica do quadríceps
associada ao estimulo da EENM.
Análise dos dados

Força extensora de joelho, dor e função motora Assim como as avaliações, a análise dos dados
foi realizada por outro pesquisador (análise cega),
Todos os pacientes tiveram força extensora de joe- diferente daqueles que mediram as respostas e que
lho, dor e função motora medidas antes e depois dos aplicaram os tratamentos.
tratamentos por outro pesquisador (avaliação cega). A hipótese de diferença entre os grupos, quanto
A força extensora do joelho foi medida em di- à força extensora de joelho, dor e função motora, foi
namômetro isocinético (Cybex Norm) usado para testada por uma MANOVA 3x2 com medidas repeti-
medir o pico de torque do quadríceps. Os pacientes das, sendo o primeiro fator os grupos — EENM, ECR,
foram testados em cadeia cinética aberta na posição controle — e o segundo as medidas pré e pós-trata-
sentada, com assento na posição “up”, e foram re- mento de força muscular, dor e função motora.
quisitadas cinco repetições a uma velocidade de 90º Os pressupostos de homogeneidade de esfericida-
por segundo. Esse protocolo foi realizado duas vezes de (Levene’s test ANOVA) e da quantidade de sujeitos
com intervalo de 20 minutos entre os testes. O re- por grupo ser maior do que três vezes a quantidade
sultado do primeiro teste foi utilizado somente para de variáveis respostas não foram atendidos para o uso
cálculo do erro típico da medida e o segundo como da MANOVA 3x2, com medidas repetidas. O ajuste de
resultado do estudo. Greenhouse-Geisser não pôde ser aplicado porque a
Para medição de dor e função motora foram uti- quantidade de medidas repetidas foi menor do que
lizadas duas dimensões do questionário Western três. Optou-se, então, pela ANOVA 3x2, com medidas
Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis repetidas para cada resposta.
Index (WOMAC), antes e depois do tratamento apli- O pressuposto de homogeneidade de variância
cado por pessoa diferente da que realizou o trata- necessário para o uso da ANOVA 3x2 com medidas
mento (avaliação cega). Esse questionário possui repetidas foi atendido somente para a variável força
três dimensões: dor, rigidez articular e função moto- extensora de joelho. Por isso, optou-se por ANOVA
ra, e apresenta boa confiabilidade teste-reteste (27). 3x2 com medidas repetidas seguidas do ajuste de
Para este estudo foram utilizadas as dimensões de Bonferroni para se evitar a in lação do erro tipo I
dor, com cinco questões, e função muscular, com 17 (familywise error rate), devido aos múltiplos testes t e
questões. Cada questão é pontuada em uma escala ANOVA simples para as variáveis dor e função motora.
de 0 a 4 de acordo com a gravidade dos sintomas. O erro α adotado foi de 0,05 e o erro β de 0,20, com
o poder de teste de 0,80. Os dados foram analisados
no pacote Statistic 6.0.
Erro da medida de força extensora de joelho O tamanho do efeito intragrupo foi calculado pela
média pós-tratamento menos a média pré-tratamen-
Foi calculado o erro da medida para um mesmo to, dividido pelo desvio padrão pré-tratamento (30).
dia e com um mesmo avaliador utilizando-se o erro O tamanho do efeito intergrupo foi calculado pela
típico da medida (ETM) (28). Para isso, a força muscu- média do grupo experimental pós-tratamento menos
lar dos pacientes foi medida duas vezes consecutivas a média do grupo controle pós-tratamento, dividido
em um mesmo dia, com intervalo de 20 minutos. pelo desvio padrão pré-tratamento (30).

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Resultados inal o ajuste de Bonferroni para a ANOVA 3x2, com


medidas repetidas, apresentou P = 0,08 para intra-
Os resultados descritivos (média ± desvio padrão) grupo EENM; P = 0,29 para intragrupo ECR; e P = 1,00
da força extensora de joelho, dor e função motora para intragrupo controle (Grá ico 3).
antes a após o programa de 24 sessões de EENM, O tamanho do efeito sobre a função motora intra-
ECR e controle estão na Tabela 1. grupo EENM foi – 1,22; intragrupo ECR foi de – 0,53;

Tabela 1 – Força extensora de joelho (FEJ), dor e função motora antes a após o programa de 24 sessões de eletroestimulação neuro-
muscular (EENM), exercícios contrarresistência (ECR) e controle

EENM ECR Controle


(n = 8) (n = 9) (n = 6)

Pré Pós Pré Pós Pré Pós


FEJ (N.m) 68 ± 36 84 ± 32 * 64 ± 30 71 ± 26 66 ± 40 71 ± 41
Dor 9±3 4±2* 12 ± 3 8±3* 10 ± 2 9±5
Função motora 28 ± 9 17 ± 5 40 ± 15 32 ± 11 35 ± 12 34 ± 16

Legenda: * P < 0,05 intragrupo.


Fonte: Dados da pesquisa.

A ANOVA 3x2, com medidas repetidas, apresentou e intragrupo controle foi de – 0,08. O tamanho do
o F (2, 20) = 1, 69; P = 0,21 para a interação de força efeito entre os grupos EENM e controle foi de 1,54 e
extensora de joelho com os grupos e P = 0,001 intra- entre os grupos ECR e controle foi de 0,15.
grupos. O post hoc de Tukey para amostras desiguais
detectou P = 0,01 intragrupo EENM, P = 0,53 intra-
grupo ECR e P = 0,85 intragrupo controle (Grá ico 1). Discussão
O tamanho do efeito sobre a força extensora de jo-
elho intragrupo EENM foi de 0,44; intragrupo ECR foi Este experimento controlado, randomizado e du-
de 0,23; e intragrupo controle foi de 0,13. O tamanho plo-cego, ao submeter os pacientes portadores de OA
do efeito foi de 0,36 entre os grupos EENM e controle a 24 sessões de fortalecimento muscular por meio
e de 0,00 entre os grupos ECR e controle. O ETM abso- de EENM ou ECR, ou nenhuma forma de tratamento
luto e relativo para a medida de força extensora de jo- dos pacientes do grupo controle, não encontrou di-
elho obtidos foram de 7 N.m e 12%, respectivamente. ferença signi icativa para força extensora do joelho,
A ANOVA 3x2, com medidas repetidas, apresen- dor e função motora entre os grupos pós-tratamento,
tou o F (2, 20) = 2,53; P = 0,10 para a interação de contrariando a hipótese esperada de EENM ou ECR
dor com os grupos. Para a dor inicial e inal, o ajuste apresentarem diferenças signi icativas das três vari-
de Bonferroni para a ANOVA 3x2, com medidas re- áveis respostas em relação ao controle.
petidas, apresentou P = 0,01 para intragrupo EENM Uma das razões para isso pode ter sido a heteroge-
e para intragrupo ECR; e P = 1,00 para intragrupo neidade entre os pacientes para as três variáveis res-
controle (Grá ico 2). postas. Este estudo utilizou como critério de inclusão
O tamanho do efeito sobre a dor intragrupo EENM para homogeneizar os pacientes os critérios clínicos
foi – 1,66; intragrupo ECR foi de – 1,33; e intragrupo e radiológicos do American College of Rheumatology
controle foi de – 0,5. O tamanho do efeito foi de – 1,66 (ACR) para diagnóstico da OA de joelho (26), utilizado
entre os grupos EENM e controle e de – 0,33 entre os também por três entre seis estudos controlados ran-
grupos ECR e controle. domizados que abordaram o fortalecimento muscular
A ANOVA 3x2, com medidas repetidas, apresentou no tratamento da OA de joelho selecionados pela qua-
o F (2, 20) = 1,81; P = 0,19 para a interação de função lidade e rigor cientí ico (escore mínimo seis da escala
motora com os grupos. Para a função motora inicial e PEDro) (23, 24, 31-34). Contudo, esse critério parece

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Eletroestimulação neuromuscular, exercícios contrarresistência, força muscular,
dor e função motora em pacientes com osteoartrite primária de joelho
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120

110 *

100

90
Força extensora do joelho (N.m)

80

70

60

50

40

30 EENM
ECR
Controle
20
Pré Pós

Gráfico 1 – Força extensora de joelho antes a após programa de 24 sessões de exercícios de eletroestimulação neuromuscular (EENM),
exercícios contrarresistência (ECR) e controle
Legenda: * P < 0,05 intragrupo.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: As barras representam IC 95%.

não ter tido poder discriminatório su iciente para a diferença signi icativa de força muscular entre os gru-
homogeneização pretendida. Na Tabela 1 podemos pos, cinco tinham no mínimo uma amostra de 79 pa-
observar que os desvios padrões das medidas pré cientes, que representa cerca de no mínimo três vezes
e pós-tratamento foram grandes para as três variá- mais a amostra utilizada neste estudo. Cabe ressaltar
veis respostas, gerando um coe iciente de variação de a existência de um estudo com uma amostra de 23
29% a 50% no grupo EENM e 34% a 38% no grupo pacientes que também obteve diferença signi icati-
ECR, chegando a representar cerca de 1/3 a 1/2 da va de força muscular. Entretanto, esse estudo pode
média. Outro critério que poderia ter sido utilizado ter cometido o erro tipo I por tê-lo in lacionado ao
no estudo seria a classi icação de severidade da OA analisar os dados utilizando vários testes, como o
de grau radiológico de Kellgreen e Lawrence (35), t – student, ao invés de uma ANOVA.
usada em quatro de seis estudos com escore mínimo Além das duas razões anteriores, os pacientes leva-
de seis na escala PEDro. Entretanto, essa classi icação ram entre 8 e 13 semanas para cumprir as 24 sessões de
foi questionada quanto à capacidade de classi icar o tratamento. Somente três pacientes cumpriram rigoro-
grau de comprometimento articular, porque apresen- samente as 24 sessões em oito semanas. Quatro pacien-
tou apenas uma correlação moderada com o grau de tes cumpriram as 24 sessões em 12 semanas ou mais.
degeneração da cartilagem (r = 0,49; P = 0,065) (36). Recuperar a falta do paciente foi uma tentativa de não
Uma segunda razão pode ter sido o tamanho pe- ter mortalidade experimental, mas isso pode ter contri-
queno da amostra. Dos seis estudos que apresentaram buído para a rejeição da hipótese citada anteriormente.

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16

14

12

10 *

8
Dor

*
6

2
EENM
ECR
Controle
0
Pré Pós

Gráfico 2 – Dor no joelho antes e após programa de 24 sessões de eletroestimulação neuromuscular (EENM), exercícios contrarresis-
tência (ECR) e controle
Legenda: *P < 0,05 intragrupo.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: As barras representam IC 95%.

Se entre os grupos este estudo aceitou a hipótese recente com pacientes com OA moderada e severa
nula, intragrupos o resultado foi diferente. A força (graus 2, 3 e 4 de Kellgreen e Lawrence) ter encontrado
extensora do joelho foi signi icativamente maior no ETM absoluto de 14,6 Nm e relativo 4,7%, e diferença
grupo tratado com EENM. A estimulação muscular mínima de força muscular detectável intragrupo entre
periférica feita pela EENM aumenta a excitabilidade os testes de 33,9 Nm e relativa de 6,6%, o presente es-
das vias espinhais (37), muda o padrão de ativação tudo foi cuidadoso ao medir também o ETM de força
cortical (38), melhora o recrutamento de ibras mus- extensora de joelho. Neste estudo o ETM absoluto e
culares tanto responsáveis pela força, mais di íceis relativo foram de 7 Nm e 12%, respectivamente. As di-
de recrutar com a contração voluntária, como pela ferenças de força extensora de joelho encontradas neste
resistência à fadiga (39) e faz adaptações neurais estudo foram de 16 Nm no grupo EENM, 7 Nm no grupo
que aumentam a capacidade de contração muscular ECR e 5 Nm no controle. Pode-se ver que a diferença de
voluntária (40), comprometida nos pacientes com força extensora do joelho obtida pelo grupo EENM foi
osteoartrite do joelho (41). 9 Nm maior, enquanto que no grupo ECR foi igual e no
Apesar do teste de força muscular em aparelho iso- controle 2 Nm menor do que o ETM, respectivamente.
cinético apresentar alta con iabilidade teste-reteste em O aumento signi icativo da força extensora de joe-
pacientes com OA do joelho (42, 43), e de um estudo lho no grupo EENM fez com que ocorresse também

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Eletroestimulação neuromuscular, exercícios contrarresistência, força muscular,
dor e função motora em pacientes com osteoartrite primária de joelho
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55

50

45

40

35
Função motora

30

25

20

15

10 EENM
ECR
Controle
5
Pré Pós

Gráfico 3 – Função motora antes a após programa de 24 sessões de eletroestimulação neuromuscular (EENM), exercícios contrarresis-
tência (ECR) e controle
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: As barras representam IC 95%.

uma diminuição signi icativa da dor, rati icando associada à diminuição da função motora em homens
achados de outros estudos, que mostraram que o e mulheres (45, 46). A OA é caracterizada por uma
fortalecimento muscular dos extensores do joelho dor mecânica, dor que aparece ao movimento e que
pode diminuir a dor causada pela OA (23, 24, 31-34). causa alterações motoras in luenciando a execução
Em outro estudo que comparou um grupo que fez das atividades funcionais (8).
EENM associada ao core training com outro grupo No grupo ECR ocorreu a diminuição signi icativa
que fez somente o core training no tratamento da da dor sem que houvesse aumento signi icativo da
dor lombar, a dor no grupo EENM associada ao core força extensora de joelho. Isso pode ser explicado
training foi signi icativamente menor que no outro porque existem também evidências de que a car-
grupo (P = 0,03), rati icando o papel da EENM na tilagem articular responda positivamente ao esti-
diminuição da dor discutida neste estudo (44). As mulo ísico de atividades de intensidade moderada
variáveis dor e função motora se comportaram de (47, 48) e que a atividade ísica eleve os níveis de
forma parecida nos grupos EENM e ECR, o que pode interleucina-10, uma citoquina anti-in lamatória, e
ser observado na semelhança entre os Grá icos 1 e 2. diminua os níveis da proteína oligomérica protetora
Essas duas variáveis se relacionam e são in luen- de cartilagem no líquido sinovial, um marcador do
ciadas uma pela outra. Em dois estudos, um com metabolismo da cartilagem (49, 50), podendo isso
544 sujeitos e outro com 2940, a presença de dor foi ter interferido no mecanismo da dor do grupo ECR.

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De forma contrária à associação entre as variáveis exceto o estudo de Jan et al. (23), que não avaliou
dor e função motora supracitada, nos grupos EENM a dor, e o de Lund et al. (33), que não encontrou
e ECR ocorreu diminuição signi icativa da dor, mas diminuição da dor ao comparar exercícios de solo
não a melhora signi icativa da função motora. Isso e exercícios aquáticos em relação ao controle.
pode ser explicado pelos grandes coe icientes de va- Os mesmos seis estudos, ao avaliarem a função mo-
riação de 29 e 34%, respectivamente, nos resultados tora, também encontraram diferença signi icativa
de função motora decorrentes, provavelmente, da intra e entre grupos, com exceção de Lund et al. (33),
heterogeneidade já explicada. que não apresentou melhora signi icativa da função
A inatividade ísica pode ser malé ica para pacien- motora. Para avaliar dor e função motora, três des-
tes com OA (51). Isso pode ser observado no grupo ses seis estudos utilizaram o Questionário Western
controle que não obteve diferenças signi icativas em Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis
nenhuma das variáveis respostas, explicadas pelo fato Index (WOMAC) (23, 32, 34),também utilizado neste
de os pacientes não terem sido submetidos a nenhu- estudo, que encontrou diminuição signi icativa da
ma forma de fortalecimento muscular ou atividade dor e melhora signi icativa da função motora intra-
ísica durante o período de oito semanas. O exercício é grupo de EENM.
bené ico aos portadores de OA do joelho pela relação Três estudos anteriores a este abordaram o forta-
do aumento da força muscular com a diminuição da lecimento muscular pelo uso da EENM no tratamento
dor e melhora da função motora (45). da OA do joelho. Talbot et al. (52) e Durmus et al. (53),
O tamanho do efeito intragrupo EENM, classi icado em estudos não controlados e não cegos, encontra-
como moderado para força extensora de joelho, muito ram aumento signi icativo da força muscular do qua-
grande para dor e grande para função motora (31), foi dríceps inter e intragrupos tratados com EENM, sem
maior para todas as variáveis respostas quando comparado melhora da dor ou da função motora. Palmieri-Smith
aos grupos ECR e controle. Isso ocorreu também no tama- et al. (54) realizaram um estudo controlado rando-
nho do efeito entre grupos. No grupo EENM, os pacientes mizado sem cegamento do avaliador em relação aos
foram submetidos ao estímulo elétrico que causava a con- grupos, de desenho semelhante ao deste estudo, no
tração muscular passiva e realizavam contração isométrica qual compararam um grupo submetido à EENM do
voluntária associada da mesma musculatura. A contração quadríceps por quatro semanas, três vezes por sema-
passiva do quadríceps associada à contração voluntária na, a um grupo controle sem tratamento. O protocolo
com ausência de movimento articular permitiu o aumento de aplicação da EENM se assemelhou ao utilizado por
da força extensora de joelho e a consequente melhora da este estudo, diferenciando-se por um maior tempo
estabilidade ativa, sem submeter a articulação desprepa- desligado (50s) em um ciclo de contração, pelo po-
rada ao stress compressivo e de cisalhamento. sicionamento do paciente sentado em uma cadeira
Seis estudos controlados e randomizados, dos e por desencorajar a contração voluntária associada
quais quatro realizaram avaliação cega, seleciona- à contração muscular passiva causada pelo estímulo
dos pela qualidade e rigor cientí ico, que abordaram elétrico. Esse estudo não apresentou diferença sig-
o fortalecimento muscular por exercício ísico como ni icativa inter ou intragrupos para força muscular,
tratamento da OA de joelho, com desenho semelhante dor ou função motora. Diferentemente, o presente
a este estudo, ou seja, com dois grupos de tratamento e estudo encontrou aumento signi icativo para força
um grupo controle, com medidas pré e pós-tratamento, extensora de joelho e diminuição signi icativa da dor
com oito semanas de tratamento e frequência de três no grupo EENM, com avaliação e análise cegas dos
vezes na semana, sendo a força muscular medida em resultados. Talvez o fato de Palmieri-Smith et al. (54)
aparelho isocinético, apresentaram aumento signi ica- terem utilizado somente quatro semanas, ou seja, me-
tivo da força muscular intra e entregrupos (23, 24, 31, tade das sessões de tratamento utilizadas no presente
32, 34), exceto em um grupo que realizou exercícios estudo e não terem associado a contração isométrica
aquáticos (33). Nesse estudo foi encontrada diferença de quadríceps tenha contribuído para os resultados
signi icativa de força muscular apenas nas medidas encontrados naquele estudo.
pré e pós-tratamento do grupo submetido ao fortale- Os resultados do presente estudo foram limitados
cimento muscular por EENM. por uma amostra de tamanho reduzido pela falta de
Quatro desses estudos apresentaram também homogeneidade dos pacientes na avaliação pré e pós-
diminuição signi icativa da dor intra e intergrupos, -tratamento, que pode ter sido causada por falta de

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Eletroestimulação neuromuscular, exercícios contrarresistência, força muscular,
dor e função motora em pacientes com osteoartrite primária de joelho
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poder discriminatório nos critérios clínicos e radio- 8. Gabriel MRS, Petit JD, Carril MLS. Fisioterapia em trau-
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Face aos resultados obtidos, concluiu-se que o -based, expert consensus guidelines. Osteoarthritis
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pode auxiliar na diminuição da dor de pacientes com
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vezes na semana, de acordo com o protocolo utiliza-
do neste estudo, pode ser uma terapia interessante 13. McClurg D, Ashe RG, Marshall K, Lowe-Strong AS. Com-
para a melhoria do quadro clínico por proteger a ar- parison of pelvic loor muscle training, electromyo-
ticulação do stress compressivo e do cisalhamento graphy biofeedback, and neuromuscular electrical
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