Você está na página 1de 20
Coaspemss 1994 Rlen Wendel Abram eipcstmvo de 104 ‘er Pos Ans L, rsawanassasare Proj erin ap ‘Aledo §.V- Coelho Fond ee ‘Gcero Bucei/Folha Imagem Preparaide teres (Caucine E Davids oro PAGINA ABERTA LTDA, Rua Geriaine Burehard, 286 (0500206) — Sto Paulo— SP Telefone: (O12)2621185 eefax: (01198649520 Sumario Agradeientos 2 . os Apreentar20. ai 1 m, Context histrieo econo veil. os 1 Ajusentade como categoria social 7 {As cultura jens 2 As geragdes Mudancas no enéri erin Osactores populares (© meio wiversiiio " 0 ale monta wo asptdcule a periferia so centro: 0s punks a as universdade aos ports: os darks us Mie. Aneta iris Nats. Bibles ur Agradecimentos Fics mrs on pos mints te ner cio de mestrado que defendi em 1992, no Departamento de Sociologia da FFLCH da USP, inttuada Grapes juvens nox ‘anos 80 em Sto Pauli: un eile de atuagdo social. Agradeco 208 profeswores € cvlegis do programa de porgraduagio, que acompanharam a realizagdo deste trabalho & Capes, que for hecew a bols de estudos. Ao Cebrap, 20 Gnpa e 2 Fundagio Vitae, pela oportunidad de participar do Programa de Tre ramento de Quadros, ¢ os colegas com quem ali partite! don estos. ‘Atninba ovientadora, rene de Arruda Cardoso, pelo est mull intelectual, pels contianga © compreensio com as m= hnhas angistias © esses do meio do caminho, Aos professores ‘que participaramn da banca de disertago, Fldvio Pierucci © Ruth Cardoso que, Hows questionaimentos esugesées ‘nese € em outros momentos, eram Ya ‘De mol sn especial, minha fama, que de sits formas me apoiou, pantcipou e torceu, A meu pai, Perseu, a ‘minha mde, Zilah, minhas iemis Beata © Marta, que me aju- ‘lasam imensa e generosamente na parte final do trabalho: @ sinha irma Lats, que me estimulou e spoiot, decisivamente, «em todos os meus pasos; ea meu irmio Mério que, de longe, ‘orceu por mim. A mogada que me ajudou na pesquisa, aceitando ser en twevistado, emprestando discos ¢ Folletos; de novo, a minha jrma Bia, que me introduziu nesse universo, © @ Alex Anti es, que me gufou bastante por li, A meus amigos Clsudio Coelho © Elga Zaidler, que discutiram e contribuiram para 6 ‘meu trabalho e me encorajaram a seguir em frente, Ao Jodo, companheiro, que me acompanhou aos shows, me ‘ou, discuiu eajudou em muitas das etapas dese percurso Apresentagiio shows cu veo em plea pra pica tem ambi no centro 4 Prac da Repebica nk da equ ego ‘ant tide um grade congo od da, M,C Jack Ee ts2he ds inseam joven rapper palin re sistra uma presenca que se firmow nos anos 80 em Sio Paulo ¢ em outras grandes cidades do pais a de diversos gru- Pos juvenis artculados em torno de um estilo espetacular, ‘ula diferenciagio se da através da mtsica, da roupa e de ade- +e°0s, ela postura e do comportamento nv lazer. Os prim: foram os punks no final dos anos 70, seguiddos por roquciros (ou metaleiros), carecas, darks, rastafiis, rappers e outros. Esses grupos atrairam a atengio pela agressividade real e simbélica do sex comportamento, pela negatividade de suas Teprescntagdes do presente ¢ do futuro, pelo investimento na propria imagem ¢ pelo privlegiamento do lacer e dos produ {os da indstria cultural como elementos articuladores de suas atividades, Seu aparecimento parece ter sido um fen ‘meno caracterisico do universo juvenil da dktima década, ‘constivuindese como marca de uma geracio, As interpreagées, que apareciam principalmente em re- i ee ee jas da imprensa, oscitavam entre classifiear mmo puro "modisino” impoxo pe # indiistia de jr poragens € « {ais fendmenos cor itera, ou como expresses de tm protest Geo, eats sdcsencantados” com as quests com oF rumos 425 Minate, Maso ponto de rferénca comum As iterpreBcdes | Siova sempre fixado no contaste com os movinsentos went ratnor 6D em relago aos quas as manestagSes de 8 PS [SER come signiticaivas de ums juventude carente de dear | Jamo de empenho transformador ou mesmo ds qualave! utrcwse por questdes pablicase cole. Neste sentido, as rapes fram muta wes cedos com bla der ries que aravesam a sociedade: crise econémict, de vale” fos de modelos, de capacide de formular projetes et © ponto devs mats generalizado ers o de que ew Ser lo joven — nascida e criada numa sociedad marcas Pee Fnportncia da midia ¢ do consumo, ¢ pelo autortrimos ou ax possiblidades de expresso critica — ert se ular qualquer tipo de sca inovador que obi | emado incapaz de for [seat gu en ars ein {ile rr Ones nes rm oo e ne eee vcil on ovens, ness Sc, teiam peenanect fo Sumemduatama, ne pragmatism, no Nedonimo, mm |) aeeng Ss queer colctvas 08 Mra da soe {eer nor nero ous omen ro rt | cae grapon spines pus cae ar nanema’, gserdos a mesa G30 GEE at gu sera caracteriien da condo jen. * fOr aeis Angulos pelos quas exes fendmenos foram J aprenddes ean 2 ca gue marcos ts sl > i : ‘como movimnentos de ‘fecnsrdo socioligica das snanifesingdes jovenis no Brasil a do feu papel como agente iransformador € proposior de ane formardes, como sujelto capaz de introduair mudancas Fes nna sociedade, No é por aesso que a maior parte da atengio © do esfargo de pesquisa esteve — ¢ ainda esti — voltado para > movimentos ead iv & por acaso mbm que oe tras configuragdes e manifestagies na dimensio cultural ¢ ‘comportamental conheceram poueos registros © anilises. 0 foco de interesse dos estudos existentes foi sempre o de ante” ou “revolucionssio" 0s, a partir do exame de sua eliccia enqun to elemento de contestagio € da mudanga real introduzida nia ordem social essa may sac nner é que se produziu uma espécie de “ixacio™ ‘do modelo idat do comportamento juvenit nos movimentos da Acadla de 69, quando as manifestagies estudants ejuvenis pa recem ter atingido o grau maximo de utopia e de cupacidade de interferéncia 0s acontecimentos sociais. A fxigio, assim, acabou por erstalzar uma “esséncia” da condigio juvenil como Fre de opie A recto wansformagio. 1 partir dessa dtica que a geracio jovem mais recente ” vidade, pela aur séncia de capacidade de reflex critica da ordem social, pela pasividade em relagdo aos valores e prtcas inscrtas nas tene déncias sociais da época, pela falta de empenbo ransformador fou de imaginacio utépica essas auséncias revelariam assim um desio, uma traigio da prépria esséncia da condigio juvenl. Ticomodlada com essa fixagio € com as interpretages des procurar definir o carter esses fend aparece principalmente marcada pela ney: lu resultantes, consderei necessirio resalar as dimenses so- iss historicas das condigies e das expresses juvenis, a fim de tornar perceptiveis as peculiaridades das manifestagies Atuais, no como conlirmagio ou desvio de um conteiido es sencial e universal da juventude, mas como respostas vinculae das uo comtexto social em que s€ reaizan, Pareceu importante, para isso, partir da definigio de jur II Mudangas no cendrio juvenil < anos 70 ¢ 80 introdwziram transformagies si vas no quadro da juventude brasileira ainda aio sul cientemente pesquisudas e sobre as quais nio hé ainda muits clarera. Mas € possivel ressaltar uma mudanga sensfvel ni composigio da categoria juvenil dos meios urbanos do pais se'nos anos 50 e 60 esta referia-se centralmente aos jovens dé clase média, agora pss indscutvelmente a abrange 03 jo vens dos setores populares, © spectro piiblico da juventude também muda: 0 movi ‘mento estudantil perde expressividade e comega a ganhar vi: sibilidaele uma grande variedade de figuras juvenis, eyja iden tidade se expressa almente através de sinais impressot sobre sua imagem e pelo consumo de determinados bens cul tras oferecidos pelo mereado. O eonsiria jever se diversifica, inclusive com manifes: tacdes produzidas por grupos de origem sociais as mais dis tas, E entio que a sociologia comeca a insistir na neces: sidade de falar em virus juventudes fim de contemplar as indmeras diferenciagdes socials que a condigio juvenit (Os strones nopuLanes ‘A intensiva incorporgio ao mereudo de trabalho e de constr ‘mo, a ampliagio do contato com a escola e a intensificagio dda relagio com os meios de comunicagio sio processos que, durante os anos 70, coucorreram para compor uma nova vi véneia, com atividades e aspiragdes peculiaes, entre os ovens de familias wrbanas de baixa rend. [Ewe fendmeno tem sido notido pela produgio académi- ca, mas ainda de forma incipiente e pontual. A maior parte dos estudos dedicados aos jovens, nas Gitimas duas décadas, tém voliado a atengio apenas para os clementos relativos a0 trabalho ¢ excola. Mas, mesmo nessas andlises, a atenglo quae se nunca é dirigida as formas como os jovens experimentam ‘eos atividades. O tratamento da joventude é geralmente bbordinado a Gtica das qustdes maior refexentes is formas de cexploragie ¢ de reprodugio da forga de trabalho, ou dos pro blemas gerais que a estrutura educacional do pafs coloca em tezmos de qualificagio e aproveitamento escolar. Ou seja, ‘mesmo nos estudos que tomam o jovem como tema, dificil: mente sio enfocadas as significagdes que essis experiéncias tém para eles (Telles € Abramo, 1985). ma siuagio urbana des Quuras dimensées que compi ses ovens, como a relagio com o consumo & com a circulagio ddos bens culturais, assim como as atividades no eammpo do Tar ver eda diversio, im sido muito pouco estidadas Contudo, andlises da purticipagio dos jovens no mere do de trabalho ¢ alguns ensaios a respeito de comportamnen- tos javenis fornecem uma base importante para, completada por indicagdes esparsas em diversos tipos de estudos (dos, ‘que wratum do modo de vida das classes populares nas gran- des cidades aos ensaios sobre questdes da cultura no Brasil), ‘esbogar um quadro de alguns dos tragos dessa vivéncia juve- nil entre os setores das clases populares, marcada de modo bastante signficativo pela importincia do lazer e do consu- mo de tens simbélicos Os jovens © 0 mercado (© modelo de crescimento adotado pelo rey consubsianciado no milagre econdmico (1968 a 1973), combi- now um considerivel erescimento de empregos na dca urba- na com arrocho salarial, © que criou as condigdes para um nnotivel movimento de ingresso de jovens e de mulheres no ‘mercado de trabalho." re 0s motives dessa incorporario, do ponto de vista, da légica do modelo econdmico vigente, esté a menor remu- neragiio paga a esses trabalhadores e a pressuposicio de sua maior submissio e ineapacidade organizativa (Spindel, 1988, p. 18). Outro motivo, do ponto de vista dos sujeitos em ques- Go, é vestabelecimento de uma estratégia familiar de obten- io de renda: a alocagio, no mercado de empregos, de mu Iheres ¢ filhos, cuja contibuigdo passa a ser fundamental par fi compor o orgamento familiar, a fim de garantir a subsis- ncia ou tentar elevar 0 padrio de consumo. Spindel ¢ Madeira mostram que houve, efetivamente, um ‘grande aumento do ni (0 de jovens traballiando, na drea urbana, durante os anos 70. Essas autoras apontam 0 rejuve- nescimento da PEA urbana: enquanto a taxa de erescimento ‘geral da populagio no mereado de trabalho foi de 85%, a dos, adolescentes (entre 15 € 19 anos) foi de 91,5% (Spindel, 1985). Em 1980, os dados do Censo indicam que mais de 38 hi aan narctemaeeel 0% dos jovens entre 14 6 24 anos estavain ocupados, nas 20° as urbanas do pais? A incorporagio desses jovens deuse prineipalmente no sctor tereifrio da economia. Contudo, segundo Madeira , nas freas urbanas do estado de Sio Paulo, 0s adolescentes (15 2 19 anos) ¢ 08 ovens (20.4 24) “inseriramse com primazia no setor recundirio da economia e, dentro deste, preferencial» mente entre os empregados” (1986, p.21). ‘Madeira chama a atengio, também, para o erescimento dda monetarizagio das relagbes de trabalho: se hi ainda mu tas criangas ¢ jovens que no recebem nenhuma rermunera- «fo pelo trabalho que fazer, em 1980 ese indice diminuiu bastante er: relagio ao perfodo anterior, e se localiza princ palmente na rea rural. Em Sio Paulo, por exemplo, cain de 31,6% para 20,4%, de 1970 para 1980. Esses dados sio indicativos de um aspeeto pouco divulgar 0 dos tragos do emprego infantil e juvenil do perfodo: 0 de que, além do grande nimero de adolescentes e jovens trabar Inando no mercado informal e clandestino, muitos deles rum expaco que acaba sendo limitrofe ao da marginalidade (Arruds, 1983; Fischer, 1979), houve um erescimento tam- ‘bém de empregos formais, asslariados, em setores din ‘cos da economia — embora quase sempre acintosamente subremunerados, Madeira desenvolve # te de que a combinasio entie ex cola e trabalho é cada vee mais a [éemula buscada pelos jo- vens de familias de trabalhadores. Nessa combinagio, a escola funciona como meio cada vez mais importante para obte de uma insergio ocupacional. Por outro lado, muitas vezes 0 cemprego tornase 0 meio de possbilitar ao jovem a prépria permanéncia na escola, na medida em que ele proprio pode arear com 0s gastos relacionados a0 estul. Essa combina, a ooreel - contudo, nio elimina as imensas difieuldades de conciiar as desistencias, mat duas atividades, as quais sultan mu aproveitamento, reprovagio e lentidio no desempenko exco- Jar (Maelera, 1988), Madeira observa que houve, assim, una inversio na ex peciativa Daseada nas teses de modernizagio desenvolvidas durante os anos 50, de que a evolucio do proceso de cresci- ‘mento provocaria um progressive decréscimo da participario de criangas e jovens na forga de trabalho: “a evolugio do pro- cesso de trabalho © do sistema escolar nesta stim década {emse configurado mais como um estimulo& contratagio de rmenores do que como um obstieulo” (1985, p. 18). ‘Ainda segundo o raciocfnio desea pesquistdora, o signifi 0 de evianga ¢ jovens no mercado de wr cal da inconpors balho no Brasil, durante esse perfodo, no se restringe a indi- cagio da miséria € marginalidade a que foram submetidos os setores das classes trabalhadoras, einbora essa seja uma di ‘mensio importante do prablersa. Além deste aspecto, & pre- cso registrar a informagio de que ocorreus tambéin — para fs jovens que entraram de uma maneira menos dristica no mercado de trabalho —a insergio numa série de outrasexfe- ris insttucionais sociis, em consequéncia do fato de terem tua ocupagio em um emprego. T disso decorrem transfor mages nas aspiracies, nos modos de vida, nas rete tainalidade). Discorrendo sobre as representagoes Ave OF ‘Chefes de familia t2m a respeito de trabalho, obser [No € por seaso que we véem como pessoas que bie tam srs deseanso, se arsebentam e que seus joven Fihos teucjam come esravos que Wala de segunda asegur hr caqe poreto no tn mals lazer, ou scrifeados cus ‘ios nao comportam sas 0 prazer. Entre os ovens que ji amas se yutam por ese sdelo e que destiram do Ue batho ardor optando pela vida de “bandido”, iso €, por unar vida roubunde ou vendendo tbxico, # imagem do tabalhador é ade um oro abu, 1985, 98 Em outras pesquisis também aparece o registro.de uma nogio de juventude baseada na possbilidade de aproveitar feswe mowento de menores responsabilidades para tentar e Truturar ui projeto de rompimento da condicio de earéncta, por um lio, e por outro, na posibildade de vier situages de prver e dversio (Kowarick, 1985; Madeira, 1986; Teles © Abramo, 1985). Padexe entio dizer que a nogio de juventude, entre os jovens dos stores populares, & elaborada com base na Cons ‘erugio de que se tata de um tempo etm que se pode, de al jguina forma, excapar & vida percebida como mussacraute © fqvase sem gratificagdes, seja peta busca de articular um futwe ro melhor, eja pelo aproveitamento de maior libentade para igovar 4 vida. A nogio de guar a vida corresponde tanto & idéia de diverti-se, como & de investir em si mesmo, antes {que responsabilidades © encargos auimentem com a neces: dade de cuidar da familia dos fio. Isso hos permite enxengar o lazer como uma das dimen= ses amis eelevantes a compor & especticidade da condiylo juvenil no interior das camadas populares, Nio € toa que se- rjustaniente wy espage do lar o nas ativiades igadas a dh versio e ao consumo cultural que poderemos ver surgir mo- dos de expressio dessis novas condiéesjucenis du qual faze parte as critieas 30 modo de vida mural e as elahoragiies rele rentes is expectativas de futuro, A misica ea danca Boa parte da diversio desves jovens tem na musica um dos seus principais elementos, seja para ouvir, para dancar ou tocar. A miisiea esti preseme © aeempanhea ase todos os momentos de lazer: 0 tempo emt que se fica sozinho em casas © encontro com os amigos a festas , principalmente, os ba tes, As vezes, a misica também acompania o tempo de tbe Iho, sempre que itso & possive}, Como em algumas les € em alguns servigos de apoio. Discos e ftas sio uns dos principals elementos de consume. Teresa Galdeira veriica isso em stia pesquis Asmsca parece sm dun eomporenie een do fazer do ovens Ecomtum, no sibado 3 are, er rape es e mogaserazando o baler coo alguns acs, gra: tmente compaction embabko do brag, So dicos realtone tmanuseados,qverodam dea ets para utr € csc pes depoit de algae emai, etd 8 Dasate Gs. {ar jmto eon o dno; requentenene soem ts Ytas de or, sjam els em portgs ings, o que leva a spor nportage € walmenteo “cantar jane, iter aueo soget. ain, 1984, pe 180 (0s tailesde fim de demana nos sues parecems sera prin cipal atvidade de diversio, Todas as pesquisa que fiver ak guma referéncia ao lazer dos jovens de classes populares tam 0 salso ou a discoteca como lugar central de encontro & diversio, Esses saldes de danca proliferaram nas periferias das grandes eidades nos anos 70. Em cada baitro foi montado um ‘ou mais desses sles, etn geral lugares bostane simples bas ‘eamente una pistt de danea, instalados especificamente pars Jsso ou aproveitandlo espagas de clubes ¢ escoks de samba, Pedcaso ¢ Squza (1988, p. $8), em yeu estado sobre oF punks de Sio Paulo, fizem referénca a esse fato: “Em mese dos da décad de 70 surgiram vitios saldes em Sio Paulo € no ALC; esses tales tinham somente sm espage para dangar, ao som de fits, 38 vezes un bar, ¢ viswrim 0 pablico jovem de classe popular que ‘curtia’ rock (..) © prea dos ingressos ‘era barato, © que petmstia Constante frequéncia dos jovens ruin of locas de laver para os finals de semana” Magnani, mostrando que © lazer nos bairres populares liferencisese clarameme por idade, sexo e estado chil, mostra que o baile & wma das aividades peculiares dos jovens, canto rapases quanto moras (1984, pp. 129180). Interessado prin- SSpamente em analisar 0 lazer no baitro, no prdaga, mostra também que a mocude pode tanto frequentar 0 sala lacal co- smo ir a saldes maiores, mais distantes,frequentados por pes. soa de diversis procedencias — ¢ wos quais os jovens se ditt gem em grupos, mantendo a refecéncia aa curwra do bairro, Vianna (1988), em seu estuco sobre os bales funks do Rio de Janeiro, conta que estes comegaram so inicio dos anos 70, cam « Haile da Pesads, que, aoe domingo’, fewnia por voha de cinco mil jovens de todos 03 bairros cariocas no Canecio, Depois, com a transformacio do Canecio ei casa de expe cclan. a baile foi wanafernhe para os chubes de subtirbio, ca fim de semana em um bairro diferente; dessa forma, estes lubes acaaram por se nutiplicar Em meados da década de 80, Vianna registra una média {de um milh3o de jovens frequentando os bales funks fodos os fas de semana mia cidade do tin de Jui —joveng sprove- nientes das camadas de baixa renda e em yracide parte negra”. © creseitnento a soul masie no Brasit € um fendmeno aque ajuda a ilustrar 6 proceso que estamos tentando captar, de erescimento de wim upivento de kwer ligado indhisria cultufal, entre 05 jovens de camnadas populares, no decorrer dos anos 70, Ana Maria Buhians fornece dados mastrando que no Inicio da década hi win movimiento de “importagio", ‘em larga escola, di rmisiea de danga norteamericana de ori gem aera (a funk musi), adowda pela populist javem nev fra dos graces ceniros brasileiros, principalmente Sig Paulo Rio, O contume desse Spo de misieaaleanga umn ata exc 1a, superand inclusive @ consume de rock no perfodo — a autora mostra que enquance os discos dos Rolling Stones © Led Zepellin vendiam entre dez e erst mil eipias, os discos de seul atingiram uma yenda de até cont id! ebpias. Babiana ressulta 2 importincia dos bailes tanto para a configurasio dese consumo, quanto para vsbilidade deste yrupe socal: B eurioga lombrat que Dalles de “soul” music — que, por asiduidade e maciga requdnela, chegarzar a ax Sune comiostios de movinen, reeebonda, de Fora pas dentro, a Genominagio Block Rio, 2 que se sey Black ‘Sie Paulo, Back Portiiba (Porto Alegre) ete — suiram fevatimente dos balles de rock, pritca een nus subir bios cation ¢ pulists do iniclo tx dada, Com grupos 0 vivo © defi, ci vee iy cone mine em Td, ees ‘alles misurvam, niitivente, cock € sou ecalidos pe Jos padres mais dangivets 2abiona, 19TBSO, p49 A ida ao baile & um progama que envelve obits atvidae des, revesidus de grande significago, Magnan assinaba que fs amigos se retinem anes, em lanchonetes, para irem juntos os bailes, Vaasa relata que hal toda rsa preparasdo, envol- vendo ensaios, nos sibados 3 tilde, entre amigos e cofegas, dos passos a serem executades 4 noite no salio, As mevinas se ‘encontram pata se Ves, arrusmar @cabelo, se enfeitat. Todas cexuas atvidades ja sio parte da diversio; so momentos it poriaates para a elaborazia dos sinais de idemidade que se cexibinio nos bailes, (Abramo, 1989) Cada satdo programa um tipo de masica, que implica também modos de danga & vestimenta peculiares, Varios aor tores asinalam a impure que vai assuimindo © gosto mu sical come indicador da definicio de todo uin conjunto de referencias culturais, come demarcader de identidades na ine ‘ida em gue di vsiilidade ds idectidades soca Gilda de Mellp e Souza (1987) procure explicar como feusimeno da moda fo} evolvinds ap longo do desesvolvi- mento ei sociedade industrial ¢ burguesa, tendo como wna de suas fungSes # demareario das diferengas sosinis que dei xaram de ter elementos institucionais ¢ rigidas de idemtiiea- 0: A vestimenta esti sempre em evidéncia e oferece, a pri vinta, todos a observadores, uma indlicacio do nosso lite pectikvio”. A roupa presenta os sinais mais vives nos espacos de circulagio de uma grande cidade, do lugar que se ocupa na estrutura social A.autora chama a atengio para o fato de que, por iso ‘mesmo, a vestimenta oferecese como tun campo rico aara a articulacio das estratégias de mobilidade entre grupos, aur vés das possibilidades que apresenta como instrumento de si- rmulagio de status social diferente. Afinal, a roupa & um ins- trumento que exige gastos relativamente menores, em com paragio com outros elementos sinalizadlores de satus disso, € eficaz nos espagos de exposicio piibica, onde em ge- ral se produz 0 encontro entre as classes. Na sociedade burguesa, diz Mello e Souza, © mecanismo a procura de ascensio social torna o estilo das classes dom nantes 0 padrio desejado pelos outros grupos, provocanda lum processo de imitagdo. Os grupos mais ricos, por sua vez, mudam constantemente © padrio, para recompor os sinais de hierarquia social, mas sio novamente imitados. Esse pro- ‘cesso continuo é possibilitado pela existéncia de todo um aparato industrial e comercial que se transforma continua mente, criando 0 fendmeno das modas que mudam a cada ex taco. A publi de comunicagio aprofundum a busca de imitagio, Nos anos 70, conforme vimos, auimenta a exposigio dos Jjovens das camadas trabalhadoras aos racios de comunicagiio € as apelos da publicidad. Esse fendmeno trv, entre outs 6b- vias consequéncias, a absorgio dus padries estéticos dos seto idade e a exposicio desses padries tos meios res mais ricos, baseados no consumo de determinados tigos de io social, eujo modo de ‘dla € almejado, e cujos apelos encontram eco na pequena — sas real — capacidade aquistiva dessesjovens. Esse fendmeno no se prod somente entre os jovens; mas € entre eles que e+ se tipo de consumo paree lade ri (1985) cita que esse & um dos principais pontos de confito so interior das familias, Zaluar também: "A roupa, para os jo vens, tornase o item principal na sua hierarquia de consumo, de consumo da fir iquirir maior importincia, ‘© que colide com a definigao de hierarqui rilia, dando ensejo a conflitos de lealdade e premunciando a roxima sac do grupo doméstico” (1988, p. 103) ‘A roupa ea imagem corporal assumem uma importancia particular para os jovens, por virios fatores. Um deles € que a preveupacio com a propria imagem assume um significado todo particular nesse momento da vida, motivada pela trans formagio recente do proprio corpo, e com a atengio exage: rada que adolescente acaba voltando para si mesmo. A bus cca de exibir sinais seguros ¢ visiveis de pertencimento a umm determinado grupo faz parte do processo de definicio de entidade caracteristico dessa fase Esse € unt momento de insergio numa {que invplicam no contato social e na circalagio pablica, onde estio em jogo as possbilidades de articulagio de um projeto prego, este melhor ou pior dessa insergio: a procura de = belecimento de nows amizades, o namoro e a busca do par- ceiro para o casamento. Na linha de andlise de Mello e Soura, & ficil entender a tentativa de upagar, com a roupay oF tages de sua condigio social, Zaluae também registra iso em seu estudo: A roupa parece sero objeto de consume que. do pom tw de vista individual, oferece a oportunidade mais clara € acese! patra fag 3 dentiicagio de pobre, ou pelo menos ‘ils ele power fg esta idemtifieagio. A oupa parece star dvidida claramente ein dols pos existe a roupg de fe fir em cast, de tgabalar, io €, de estar com es outros por ines ern situagdes couidianas em que convygat E-existe a roupa de “str” — esta € 8 que imita ou reprodwe 0 esto de veatir dos “cos”. Os tecides sio nobes, a roupa é nova & Sapaio € de couro. Sur implica dixae © ambicnte da eas € (a vai, des colegis de (rabalh0, onde 190 ho seni mento por ae ex ajo, ebm roupa Vella ou fel. A very tha e a caracteriagio do que se viv: com uma stuagio de ‘exten privagdo eat em “sae” cont este Upe de roupa. O sir tomma pomivel oencontro entre pesous de diferentes vei de ronda e clases socials ¢ ease enconure possbilitt ‘comparagio, a wallagio sidentiieseio através da roups. O sir € wa aide plea por denigio e marca o fist: mento progresive da esfera do privadlo, Datu existéncia de tum setor da indistea xl especlalizado em reproduzi ru pidamente, « a pregos mais ucenfvela, 0 itens do vextuitio fm aroda nay classes euperiores. Dal waibém 3 apices Com ‘que exit itens v0 sempre sendo subituidas no consumo ‘als sofiteado das classes Superiores, de snodo a evita es nauportvel confuse sociale ter ntclos dimbilicos de cont uae marear as eferengas de else Malus, 9, p- 108 No caso dos jovens dos estratos de baixa renda, essa dis- ‘eriminagio de classe alisse & condicio etdria, produzindo um imenso precancelta ¢ a destraco ne espacu pliblico. Por conta do painico social que se instaurou emt relagio ao que se perce- >be como um aumento da criminalidade juvenil, jovens pobres ‘nas suas so suspeitas até prova em conirério, Rapazes de bair xa renda, mormente os negros, sio of alvos principals das abordagens policiais. A discriminacio tunbém se patenteis no meda de transeuntes € lojstas quando cles entram ou cit= cculam em tome de seus estabelecimentos, € no destrato geral que sofrem em funcio de seu aspecto e da evidente falta de poder aquisitivo. Muitas vezes, eles tem sua ettrada barradha ‘emi lugares semipiblicgs como bares ou shopping centers. Isso reinete & questo de que © padrio veiculado pela m dia no impdem s6 um modelo estévco e sinalizador de um satus social almgjado, mas também um modelo de cidadania — quem no 0 ostenta & imediatamente jogado para 0 eanpo ‘dos desqualficados para o convivio social, sob a suspelta de marginalidade ou de delinquéncia, ou simplesmente pela de- monstragio de incapacidade de consumo. Comprar um de- terminado tipo de roupa passa a ser, assim, quase-a contigio de circulagio no espaco piiblico. Esse mecanisino de reposigio constante das marcas s0- lais de que falam Mello e Souza e Zaluar encontsou a farena, ‘nos Gtimos anos, do erescimento da importancia das marcas, das grifes, mais do que 0 modelo ott o material da pega do vestuirio, para a sinalizagho © a valotizagio da mereadacia — como uma tentativa de tornar indxil © movimento de imitagio a precos mais ucessvels, “Tal €.imporsincia ta squisigdo dese tipo de bens para es ses jowens, que multas vezes 08 vemos fazer entormes saerificios para adlquirHlos, gastando quase todo © seu salirio para com rar apenas uma pega de eoupa da marca em mais evidéncla, E simbolico, também, nesse sentido, que sejam esses justa- _mente os alvos preferenciais de roubo e assato praticados pelos Jjovens "Gelinguentes” — os indimeros casos de jovens assaltados ‘que tm seus tenis de couro importados roubados por outros jo- vyens é talvez 0 emblema mais dramético das ambiguidades e wonuratiqSes que marca a condigio de insergio/exclusio dos Jovens de baixa renda do universo juvenilctadino. A aquisigio desses bens gera uma ideniificagio com ‘wma imagers yenseiea de juventude, valorizada socialmen- Jo, como no caso da miisica, assume papel te por outro ki importante na demarcagio de diferentes identidades no in- terior do universe juven © consume de roupas €aderegos, assim, pasa ser outa das questdes centrais colocadss pars os jovens dos setores po- pulares. & importante nota que a diversio, aroupa eo com sumo articulam tum universo intrligado. Um dos exemplos iso & a importéneia adquirida pelos shoppings centers co- mo local de ler (Frigolli, 1988), Podemos ver através das indicarbes recolhidas ness exbo- £0, que umn nova universe uebano forse criando para os jovens os setores populares 20 longo dos anos 70 ¢ 80, ainda que com diferenciagBes internas. O mundo juvenl agora une a par {0 no mereado de trabalho 3 partcipacio no consumo de moda ede laer,tomando extremamente significa i ve véncias nas atvdades de dversio,vinculadas 8 indstria cult ral aos micios de comunicagio, xo lado da vvéneia escola. ‘Como jf ocorra entre os jovens das classes médias, 0 com sumo e a dversio témse tornado dimensses cada ver. mais importantes para os ovens das camadas papular, eypagos vi tais para a claboragio de suas identidades ¢ para a construc ce expressio de suas referéncias cultura £, portanto, no interior desse quadro que pode ser e tendido o surgimento dos grupos juvenis “espetaculan _gados A misica e a0 estilo, e que foram, aqui, primeiro e prin- cipalmente constituidos por jovens dos stores populares. te ‘Omuio univenstrino ‘As moclifeagies scorridas, durante os anos 70 ¢ 80, na estrutunt ddo mercado de trabalho, foram acompanhadas de outras mu- dancas também significaivas no mundo dos jovens de classe ‘média, A formagio universitiriasofrew uma inflexio ma sua sig- nificagio politica, socal e cultural. O movimento estudantl pri micro retomou seu Iigar de protagonista de depois entrar em crise e perder paulatinamente tanto impor tineia diante dos demais stores socais quanto o cariter que tc tuha de referéncia para os proprio estudantes, assim como 0 pa pel de simbolo dt categoria socal juvenil como um too. A erie s¢ do movimento estudantl s6 caracterizousse no inicio dos anos 80, mas foi durante os anos 70 que foram sendo erladas condligdes paraa inversio na trajetéria desse movimento. Principalnente no perfodo mais duro da ditadura, a uni= versidade pern para a elaborasio © manifestagdo de unta postura critica 20 regime. Ela era entio um elemento importante da vida euleu rl “engajada" do pats: pecas, filmes, palesiras, debates, shor ws, toda a sorte de eventos cultura lizados em outros lugares em fingio da censura ou de obs culos de razdo mereadoligica, eramn apresentades no interior das universidades? Nos anos 70, a vida cultural dos setores que niio se identi= ficavam com 0 regime militar instaurado em 1964 foi marca dda pela busca de uma produgio allematioa, que lograsse $¢ efetivar apesar ¢ em contraposicio ao “sistema” — e aqui, 0 sistema significava tanto o regime politico quanto a estrutura a indistria culuura © dos meios de comunicagio de massa, que apareciam imeeliata e intimamente ligados 30 regime, co- mo demonstra o trabalho de Helofsa B, de Hollanda e Mar 08 Gonealves (1986), Essessetores de 2posigo, situadlos basi- camente entre a inteleetualidade e 0s grupos de jovens da nt postura de rejeigao a todo © universo da indistria cultural, que havia se desenvolvido de inten, apd 0 golpe de 64, no bojo do processo de de- senvolvimento © nadernizagio patrocinado pelo regi tar (Ortiz, 1988) tas socais pat sneceti como um dos tinicos espagos possiveis {que no podiam ser rea classe média, desenvelvenan for ‘A indistia cvlural aparece ideutificada com @ processo de despolitizagdo, com © ulanismo dos sewres doiminantes, assim como relacfonada a vores superfcais, comsumintas € moraizantes da clase médis, que se aimplia« fortalece nos anos do “milagre brasileiro", Contra esse universo politico © cultural —em que ditadsira, autovitarismo e mediocridade se ‘asociavam e se mosteavam reinantes — € que se aticulou to- da uma série de produgées alternativas, de semansrios como Qbinize€ Moviment, x grupos de tau, revit € filmes um- dengrounds, poesia marginal etc. ‘A universdade, principalmente @ expaco conquistado rmantido pela: entidades estadantis, mostrou-se um lugar pri- vilegiado para crculagio dessa culuura alternativa, Além dis to, & produgdo intelectasd académica era um dos principals agentes do pensamento critien do Pais, womnandove polo de referéncia permanente No final da década de 70, a atuacio do movimento este anil na luta contra a ditadurae pela eonguista das Hberdades democrivicas, reforca esse expago come lacus de sociabiidad, de claboracio de valores e referéncis, assim como a constr io de identidades posiivas em torno da figura do eudante Quando as mudaacas ao quadro internacional e nasjonal propiciam o inicio da “ubertura" politica, o cenirio se alter pasando a caracterzarse, agora, pela entrada em ceua de ‘outros personagens socials (Sader, 1988), pelo fortalecimento da seciedade civil e pela abertura de novos espagos de atua- ‘fo cultural ¢ politica, Nese momento, iaicia-se wnta mudanga na configurasio do papel social da universidade © do movimento estudantil, Qcorve gntic um ewvaziamento do papel di instituieZo, que deixa de se 0 Foco central da opas- 0, ou 0 mais capaz de gerar uina ceferéncia de oposigio & {deologia dominante Operase também uma mudanga no significado da ui versidade para os préprios estudantes, Por um lado, hd uma crise de eficicia em religio & capacitasie profissional que a formayio universitiria pode dar, nesse sentido diminuindo sua importineia para os projetos pewoais dos estudantes, na ‘medida em que no garante mais um emprego bem remune: ado, Simultaneaniente a expansio do ensino superior verte cada nos anos 70, processase a desqualiicapio da forca de trabalho de formagio de terceiro grau (Singer, 1986). Por ou- tro lado, perdese também o sentido de uma formagio dest nada 4 uma intervengio “iluminista”, em gue o intelectual, 0 profisional universitirio, desempenharia a fungio de esclare- cimento € de promogio da niodernivagia e democrutizigio; © debate politico que se abre no periodo vem acompankado de uma profinda crise de modelos de sociedade ¢ de inter- sengia politica." Paralelunent importincia do movimenta estudantil frente aos outros movi ‘mentos socias, Esse deslocamento & acompanbado por uma ‘tise interna, que se abre logo apos a reconstwugio das enti aces miximas do movimento (UNE, CEE}, crise que tem a ver com @ dificuldade das suas liderangas de se aduptarem & ‘ova conjuntura, e também com a fixagio de mitos que amar rt sce cupaciclade de crite nove rexpostis, Ribeiro Neto (1985) procura demonsirar que @ papel de- sempenhado pelo movimento extudantil nas mobilizagdes de 10977 ~ que efethamente ateraram 6 rumo dos acontecimes tos da conjuntura politiea — criou para as suas Tiderangas @ ifusio da necessciuce e da possibilidade de manter esse papel de intervengio nos rumos do movimento social, Essa ilusio as Jevou, segundo 6 autor, & tentativa de oferecer respostas glo- duis para « sociedade, Neswe process, ws tendencies potitcas verificase um destocamento do peso e da do movimento estueantil que, no perfodo da ditadura, ha vam atuado de forma muito colada & dindmiea do movimen. toe com formas iaorssiorimente democréticas — passamn ase distanciar da vivénela propriamente estudandil ea perder capacidade de dar respostas a suas quests. Isso contribu part provacar o rompimento da identidade estudantil, 0 de> sSaparecimento do “wjeito estudante” presente mo final da dé cada de 70. ‘Assim € cue a universidade © © movimento estudantl se perdem como espago de vivéneia social e cultural, de constru- fo de lacos afetivos e de visdes de mundo, de elaboragio de Experiéncias, como focus de conatrucio de uma identidade coletiva (Paoli, 1985) Por outro lado, a recessio e a [nustracs possbilidades abertas pela formagio universitiria combinam- re com a constacagia da existéncia de dificuldades na tentatt va de estabelecer uma Vida autdnoma. As solugdes alternativas parecem tormarse eada vex menos possivels, quer sejam indi viduais, quer coletivas. Sobre ot projetas de vids, satin como, sobre os projetos sociis, comegam a pairar uma certa perple- xidade, ma cortainseguranca. Com o fim do perfodo de embate mals aguerrido contra 6 regime militar e com o inicio do processo de abertura, que fax diminuir a tensio € a reels tbia cultural, hi uma expécie de desvelamento do auniverso ido pela eultea juvenil « uma descoberta da presenga de elementos vivre significativos no seu interior, relaciona- fem velugdo as ‘ireta em relagio A indis dos a questdes ¢ necessiudes vivides pelos jovens estudantes. Essa descoberta combinowse com a mudanga do papet ‘da universidade ¢ do movimenta estudantil para provocar um movimento por parte de muitos jovens universitérios em bus cca de outros espagos de vivéncia e atuagio, basieamente em torno de ativdales de produgie euler Nos anos 80, parte dda presenga juvenit passa do movimento estudantil para © mundo da produgio © do consume cultural: misica, cinema, video, artes plistiens, E entio que muitos destes estudantes se sent mundo’, u = m fgrande movimento em diresio 4 producio culti- internacional e, ao mesmo tempo, em direcio Aquilo que est sendo produside nas periferias das suas cidade Busca que #6 podia se efetrar fora do espaco extudant, xs li derangas mantinham-e desinteressodas por esas questies

Você também pode gostar