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Aula - Encarnação de Cristo

Rev. Fúlvio Anderson Pereira Leite


Teologia Sistemática III - Cristologia
13/10/2016 | 21/09/2017

Análise de texto cristológico

Texto: Lucas 3.38 (A genealogia de Jesus Cristo)

Observação: “Todas as dificuldades desaparecem quando se


aceita que, em harmonia com o plano e propósito total de cada
Evangelho:

Mateus nos fornece a genealogia de José

Lucas, a de Maria”.
Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus retrocedendo
continuamente até Adão, com o objetivo de mostrar o lado humano
de Jesus. Esta genealogia é
considerada por alguns autores como sendo a genealogia de Maria.

Texto:

v.38 Cainã, filho de Enos, Enos, filho de Sete, e este, filho de Adão,
filho de Deus.

Devidamente interpretada, essa genealogia nos ensina não só quão


perto está Jesus da humanidade, mas também quão perto de Deus,
em certo sentido, está a humanidade.

*Fala da dupla origem (procedência) de Jesus - Divina e humana.


Tou (tou) Artigo genitivo, Masc., Singular/com aspecto ablativo -
sintaticamente ele funciona como Adjunto adnominal restritivo de
procedência ou origem.

Conclusão: Isso aponta que Cristo tem duas procedência: divina e


humana -
! Uma eterna indicando sua consubstancialidade com o Pai.
! Uma humana indicando procedência da linhagem de adão.

Lucas acrescenta filho de Deus, pois devemos ver a Jesus em


ultima análise no Seu relacionamento com o Pai.

Nisto a genealogia harmoniza-se com a narrativa anterior e a


posterior, sendo que as duas dizem respeito a Jesus como o Filho
de Deus.

Deus Lucas (narrador) Diabo

3.21-22 3.38 4.3


O batismo de Jesus Cainã, filho de Enos, Disse-lhe, então, o
21. E aconteceu que, ao Enos, filho de Sete, e diabo: Se és o Filho de
ser todo o povo este, filho de Adão, filho Deus, manda que esta
batizado, também o foi de Deus. pedra se transforme em
Jesus; e, estando ele a pão.
orar, o céu se abriu, 22.
e o Espírito Santo
desceu sobre ele em
forma corpórea como
pomba; e ouviu-se uma
voz do céu: Tu és o meu
Filho amado, em ti me
comprazo.

! Para ser o Redentor da humanidade, Cristo tinha de ser


necessariamente tão verdadeiro Filho do Homem quanto
verdadeiro Filho de Deus.

(Heibelberg) Pergunta 16: Por que Cristo


deve ser verdadeiro homem e perfeitamente
justo?
Resposta: Porque a justiça divina exige que a
mesma natureza humana que pecou pague pelo
pecado ( Ez 18.4,20; Rm 5.18; I Co 15.21; Hb 2.14,16),
mas um pecador não pode remir pecadores ( Hb
7.26,27; Sl 49.7; I Pe 3.18 ).
Síntese
1- Cristo, para substituir-nos na sentença de morte,
teve de assumir a “natureza humana” na sua
integridade, pois ao homem cabia pagar o seu débito
à justiça divina ( Ez 18. 4,20; Rm 5.18; I Co 15. 21; Hb
2. 14,16 ).
2- Um pecador não pode remir pecadores, pois está
sob igual condenação diante de Deus ( Hb 7.26,27; Sl
49.7; I Pe 3.18 ).

Nele era preciso que se manifestasse a união da divindade com a


natureza humana em forma pessoal.

“Contudo, assim como ele era por um lado o Filho do Homem,


sobretudo por intermédio do poder da unção com o Espírito Santo,
por outro lado ele era também o Filho de Deus, não apenas no
sentido de sua descendência divina, eterna, direta do Pai,
por ter vindo de lá, mas também em consequência de sua origem
histórica de Adão, herdeiro da destinação humano-divina, expressa
através da frase no v. 38: Adão, que era (um filho) de Deus.
(Comentário Esperança).”

Lucas 1.35

“Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o


poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de
Deus”.

(1) O Espírito Santo virá sobre ti. O anjo não explica a forma, de
modo a satisfazer a curiosidade, que não havia necessidade de
fazer.

Ele só leva a virgem para contemplar o poder do Espírito Santo, e


entregar-se silenciosamente e calmamente a sua orientação.

A palavra (gr. epeleusetai) epeleusetai, virá sobre, denota que


este seria um trabalho extraordinário, em que os meios naturais
não têm lugar.
A próxima cláusula é adicionado por meio de exposição, e
o poder do Altíssimo te envolverá (deve ofuscar a ti).

Há uma metáfora elegante nas (episkiasei soi) episkiasei palavra,


ofuscar. (sombreará sobre ti)

O poder de Deus, pelo qual ele guarda e protege o seu próprio


povo, é frequentemente comparada nas Escrituras para uma
sombra, (Salmo 17: 8; Salmo 57: 1; Salmo 91: 1).

Mas ele parece ter outro e significado peculiar nesta passagem.

A operação do Espírito seria secreta, como se uma nuvem de não


permitir que ele seja contemplado pelos olhos dos homens.

“Agora, como Deus, em realizar milagres, retém de nós a maneira


de seus processos, de modo que ele escolhe para esconder de nós
deveria ser visto, de nossa parte, com seriedade e adoração”.
(Calvin's Commentaries)

(2) Sendo filho de adão por meio de Maria Jesus não herda o
pecado e natureza pecaminosa - porque a concepção se deu por
obra do Espírito Santo. “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o
poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de
Deus”.

(3) O uso da expressão unigênito em João 3:16 na opinião de


Carson indica que unigênito tem a ver com único. Ou seja, no
sentido de que apenas Ele na condição de filho tem uma relação
*pericorética [Piricórese] (relação interpessoal entre a Trindade.
Aqui, entre o Pai e o Filho) com o Pai.

*O significado original da palavra descreve melhor a relação


dinâmica do Pai, do Filho e do Espírito.

Filho de Deus também significa exegeticamente a partir de Jo 5:26


que o Filho compartilha (tem) da mesma vida que o Pai tem em “si
mesmo”.

Carson lista 4 sentidos para a expressão Filho de Deus:


1- Como nomenclatura geral ou abrangente. Como no batismo
onde o Pai lhe chama de “Filho amado”.
2- Expressando a realeza davídica (como Rei aguardado). Tendo
em vista que Davi reinava sob a bênção de Deus, Cristo ao assumir
o trono de Davi, também reinaria sob tal filiação.
3- Titulo cristológico que confirma sua origem divina.
4- Confere divindade e atestam a preexistência de Jesus.

João 1.14
A habitação de Cristo no corpo da sua carne simbolizava duas
coisas:
(1) primeiro, o corpo de Jesus Cristo era a localização da presença
de Deus;
(2) segundo, Cristo substituiu o antigo tabernáculo/templo.

Isso aponta para duas coisas:


1. A habitação do Espírito Santo no povo de Deus (lembremos que
Cristo era cheio do Espírito Santo desde o ventre).
2. bem como para a futura habitação de Deus com o seu povo na
nova criação (Ap 21:3).

A expressão “vimos a sua gloria” (gloria no NT e sinônimo de


poder= Jo 11:40) significa, vimos o seu poder. Mas João faz um
acréscimo: “gloria como do unigênito (do) Pai”.
Glória semelhante a do Pai, e ao usar a expressão “do”, João
aponta para uma glória compartilhada. Ou seja, ser Filho de Deus,
significa ser Deus.

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