COMENTÁRIO BÍBLICO
CONTEMPORÂNEO
F. F. BRUCE
Baseado na
Edição Contemporânea de Almeida
ÍNDICE
Prefácio..........................................................................................................................6
A br ev ia tu ra s................................................................................................................. 8
In tr od uçã o................................................................................................................... 12
Filipenses
1. Pre âm bulo (Filipens es 1: 1-2) ........................................................... ........... 35
2. Açõ es d e graças introdutórias
(F ili pe ns es 1:3-6)........... .................................................................................. 40
27. Conv ite Reiterado a Reg ozijar-se (Fil ipenses 4 :4) .............................151
28. Estímu lo à Fé (Fil ipenses 4:5-7) .............................................................. 152
29. Segunda Conclusã o: Alimento para a Mente
(F ili pe n se s 4: 8- 9) ...........................................................................................155
30. Su fic iên cia de Pa ul o (Fi lip en ses 4:10 -1 3) .............................................158
31. Ap reciação de Dádivas Anteriores
(Filipenses 4:14-17)......................................................................................162
32. Reco nhecim ento de Dádivas Atuai s
(F ili pe n se s 4: 18 -2 0) ......................................................................................165
33. Sa ud açõ es Fin ais (F ilip en ses 4:2 1- 22 )................................................... 167
34. Açã o de Graç as — Bê nçã o (Filip ense s 4:23 )___________________ 170
Posfácio......................................................................................................................171
Glossário................................................................................................................... 174
Prefácio
tanto dentrobem
da África, como forada
como da Europa
igreja, ée fato
das notável entreNaosverdade,
Américas. povos daà Ásia e
medida
que saímos de países tradicionalmente cristãos parece aumentar o inte
resse pela Bíblia. Pessoas ligadas a igrejas tradicionais católicas e pro
testantes manifestam, pela Palavra, o mesmo anseio presente em comu
nidades evangélicas mais recentes .
Por isso, ao oferecermos esta nova série de comentários, desejamos
estimular e fortalecer esse movimento mundial de estudo da Bíblia pelos
leigos. Conquanto esperemos que pastores e mestres considerem estes
volum es muito úteis à compreensão e com unicação da Palavra de Deus,
não os escrevemos primordialmente para esses profissionais. Nosso
objetivo é fornecer, a todos os leitores das Escrituras, guias confiáveis
que os ajudem a melhor compreender os livros da Bíblia — guias que
representem o que há de melhor em erudição contemporânea, e que sejam
apresentados de maneira a não exigir preparo teológico formal para ser
entendidos.
É convicção do editor, bem como dos autores, que a Bíblia pertence
ao povo, e não meramente aos acadêmicos. A mensagem da Bíblia é tão
importante que de modo algum pode ficar acorrentada a artigos eruditos,
pre sa a ensa io s e m on og ra fi as herm éti cos, re dig id os apenas para os
especialistas em teologia. Embora a erudição rigorosa, esmerada, tenha
seu lugar no serviço de Cristo, todos quantos participam do ministério
do ensino, na igreja, são responsáveis por tornar acessíveis à grande
comunidade cristã os resultados de suas pesquisas. Por isso, os eruditos
que se unem para apresentar esta série de comentários o fazem tendo em
mente estes objetivos superiores.
Pre fác io
Há muitas traduções e edições contemporâneas, em português, do
Livro santo. Na sua maioria essas edições são excelentes e devem ter a
p re fe rê n cia do le itor no qu e conce rn e à com pr ee ns ão.
A Bíblia de Jerusalém, basead a na obra de erudit os católicos france ses,
vividamente traduzida para o português, talvez seja a mais literária das
traduções recentes. A BLH (Bíbli a na Linguagem de Hoje), da S ociedade
Bíblica do Brasil, é a tradução mais acessível às pessoas pouco familia
rizadas com a tradição cri stã. Há, aind a, em português, a Almeida Revista
e Atualizada, e a Edição Revisada de Almeida, além de outras traduções
mais recentes.
Todas e ssas versões são, à sua pr ópria maneira, mu ito boas, e devem ser
consultadas com proveito pelo estudante sério das Escr ituras . É possível que
a maioria dos estudantes deseje possuir diversas versões para consulta,
objetivando especialmente a clareza de compreensão — embora se deva
salientar que de modo algum qualquer delas esteja isenta de falhas e deva
ser considerada a última palavra quanto a qualquer ponto. De outra forma,
no haveria a menor necessidade de um comentário como este!
Esta série de comentários, por ser tradução do inglês, faz referências
à NEB, que constitui ver dadeiro mo numento à pesquisa moderna protes
tante, e a outras versões em inglês, entre elas a RSV, a NAB, e a
conceituada NIV.
Como texto bíblico básico desta série decidimos usar a ECA, por ser
esta edição a que está-se tornando padrão, de modo especial nos semi
nários e institutos bíblicos. Por representar, no momento, o que há de
melhor na literatura evangélica em língua portuguesa, ela aos poucos se
torna a mais utilizada por pastores e outros estudiosos das Escrituras.
Cada volume desta série contém um capítulo introdutório expondo em
minúcias o intuito geral do livro e seu autor, os temas mais importantes,
e outras informaç ões úteis . Depo is, cada s eção do livro é elucidada como
um todo, e acompanhada de notas sobre aqueles pontos do texto que
necessitam de maior esclarecimento ou de explanação mais minuciosa.
Esta nova série é oferecida com uma oração: que venha a ser instru
mento de renovação autêntica, e de crescimento entre a comunidade
cristã no mundo inteiro, bem como meio de enaltecer a fé das pessoas
que viveram nos tempos bíblicos, e das que procuram viver, em nossos
dias, segundo a Bíblia.
Editora Vida
Abreviaturas
A Codex Alexandrinus
a.C. antes de Cristo
ad loc. no lugar
Aleph Codex Sinait icus
ANF Pais Ante-Nicen os (série)
Ant. Josephus, An tiquities
ASN U Acta Seminari i Neo testamentici Upsaliensis
ASV Am erican Standard Version (190 1)
AT Antigo Testamento
B Codex Vaticanus
BC Início do Cristi anismo
BDF F. Blass, A. De brun ner, R. W. Fun k, Greek
Gram mar oft he New Testament and Other Early
Christian Literature
BFC T Beitrage zur Forschu ng Christlicher Theologie
Bib. Bíblica
BJ Bíblia de Jerusalém
BZAW Beihefte zur Zeitschrift für die alte stamentl iche
Wissenschaft
BZNW Beihefte zur Zeitschrift für die neutestamentenlic he
Wissenschaft
C Codex Ephraemi
CB Coniectanea Biblica
CBC Cambridge Bible Comm entary
CBQ Catholic Biblical Commentary
CBSC Camb ridge Bible for Schools and Colleges
cf. confron te, compare
cap. capítu lo, capítulo s
CIJ Corpus Inscriptionum Judaicarum
CIL Corpus Inscriptionum Latinarum
1 Cie m Cart a de Clemente de Roma aos Corínt ios
Ciem Hom Clementine Homilies
CNT Commentaire du Nouveau Testament
D Codex Claromontanus
Ab revia turas
D* Primeira mão em D
D1 Primeiro corretor de D
D2 Segundo corretor de D
d.C. Depois de Cristo
EC A Bíblia Sagrada, Edição Contemporânea, Almeida
EG T Expositor's Greek Testament
EPC Epworth Preacher's Commentaries
EQ Ev ange lic al Qu arterly
ET L Ephe me rides Theologicae Lovanie nses Ex pository
Times
F Codex Augiensis
Forschugen zur Religion und Literatur des Alten
FRLANT
und Neuen Testaments
Codex Boernerianus
G
Good News Bible (versão em inglês contemporâneo)
GN B Hastin gs' Di cti onary ofth e Bib le
HD B Handbuch zum Neuen Testament
HN T Harpers's New Testament Commentaries
HNTC Har va rd Theolog ica l Revie w
HTR Interpreteis Bible
IB C. F. D. Moule, Idiom- Bo ok ofNew Testa me nt Gr eek
IBNTG International Criticai Commentary
ICC Bíblia de Jerusalém
JB Jo urna l ofB ib lical Litera ture
JBL Jo urna l ofthe Ro ya l Statistica l Socie ty
JRStatSoc Jou rn alfor Theolog y an d the Ch urch
JTC
JTS Jo urna l o f T heolo gical Studies
Kriti sch-Exegetischer Kom mentar
KE K King James Version (Versão do Rei Tiago)
K JV Codex Angelicus
L Septuaginta (tradução grega pré-cristã do AT)
LXX M offatt New Testament Commentary
MNTC Ne w Am er ican Stan dard B ible
NAS B Ne w Centu ry Bible
NC B Ne w Clared on Bible
NCl arB Ne w Eng lis h Bib le
NEB New International Comm entary onth e New Tes tam ent
NIC NT Ne w Internationa l Greek Tes tam en t Co mmen tary
NIG TC Ne w Internationa l Version
N IV
10 Filipe nse s
No vT No vum Testamentum
Nov TSup N ov um Te stam en tum Su pp lement
NP NF Pais Nicenos e Pós-Nicenos (série)
NT N ov o Te sta men to
NT C Com en tário do Nov o Te sta men to
NT D Das Neue Testament Deutsch (NT alemão)
NT F N eu te stam en tli ch e For sc hu ng en
NT L Biblioteca do Novo Testamento
NT S New Te sta me nt Studies
NTT S New Te sta men t Too ls and Studies
P Codex Porphyrianus
P46 Papiro Chester Beatty das Cartas de Paulo
par. pa ralelo
PNTC Pelican New Testam ent Comm entaries
Psi CodexAthousLaurae
RB Re vue Bib lique
RNT Regensburger Neues Testa ment
RSPT Revue des sciences philo soph ique s et théolo giq ues
RS R Re cherche de Science religieuse
RSV Revised Standard Version
s.,ss. seguinte, seguintes (de versículos ou páginas)
SBLDS Society ofBi blical Literature Dissertation Series
SBT Studies in Biblical Theology
SD Studies and Documents
SE Studia Evangélica
SNT Die Schriften des Neuen Testaments
(
Introdução
Filipos
A cidade de Filipos leva o nome de Filipe II, rei da Macedônia,
fundada por ele em 356 a.C. Antes, existia nesse lugar um vilarejo
traciano conhecido pelo nome grego Krenides ("fontes"), que em 361
a.C. foi tomado por colonos da il ha de Tasos , com andado s por um exilado
ateniense chamado Calistrato. O maior atrativo desse lugar era o fato de
localizar-se nas proximidades das minas de ouro do monte Pangéus, que
Filipe fez questão de controlar ao fundar de novo a cidade. Filipos tinha
também importância estratégica por constituir a rota terrestre para o
Helesponto (Dardanelos) e Bósforo, e portanto, para o interior da Ásia.
Lucas descreve Filipos como "a primeira cidade dessa região da
M aced ônia"1 — isto é , o primeiro ent re quatr o distr itos em que a
M aced ônia fora dividida pelos roma nos, em 167 a.C. — e acrescenta que
se tratava de um a colônia roman a (Atos 16:12). A cidade foi transfo rm a
da em colônia em 42 a.C., pelos líderes romanos Antônio e Otaviano,
após obterem vitória ali sobre Bruto e Cássio, os assassinos de Júlio
Césa r. Os comandantes vitorios os estabeleceram um batalhão de solda
dos veteranos em Filipos. Doze anos mais tarde Otaviano, havendo por
sua vez derrotado ali as tropas de Antôn io na batalha de Actium, instalou
na área parte das tropas desbaratadas de Antônio, bem como algumas
famílias, às quais despojou a fim de estabelecer também seus próprios
soldado s veterano s, dando à cidade seu próprio nome: Colônia Júlia
Filipense. Três anos depois, quando O taviano assumiu o t ítulo d e Augus-
A 2
to, o nome da cidade foi ampliado: Colônia Júlia Augusta Filipense.
Os cidadãos de qualquer colôni a rom ana eram autom aticamente c ida
dãos romanos; a constituição de uma colônia romana seguia o modelo
da cidade-mãe, Roma, havendo um colegiado de dois magistrados na
liderança. Na maior parte das colônias esses magistrados eram oficial
mente conhecidos como duo uiri (ou duumuiri iuri dicundo, "dois
hom ens que administram justiça"). N outras col ônias, todavia, preferi am
ser chamados pelo título mais distinto de preto r; falando, por exemplo,
dos magistrados-chefes de Cápua, na Itália, Cícero observou que "em
bora se jam denom in ados duo uiri nas outras colônias, estes querem ser
Introd ução 13
cham ados de pretores." Parece que i sso também era verdade quanto aos
magistrados-chefes de Filipos: Lucas se refere a eles usando um termo
grego stratego i, equivalente ao título de "pretores" (Atos 16:22, 35, 36,
38), que ECA traduz "magistrado".
À semelhança dos magistrados-chefes de Roma, os das colônias
romanas eram acompanhados pelos lictores, que possuíam fasces, ou
molhos de varas, símbolos do cargo. Os lictores que atendiam aos
pre to re s fi li pense s su rg em na narr ativa de Lucas sob a desi gnação gr eg a
equivalente: rhabdouchoi, literalmente "seguradores de varas", que ECA
traduz "quadrilheiros" (Atos 16:35, 38).
Macedônia
Macedônia, território a que Filipos pertencia, era antigo reino da
penín su la balc ânic a, que se lim itav a ao sul co m a T hess ália, e a es te e
nordeste com a Tráci a. Quand o os persas invadiram a Europ a, nos inícios
do século quinto a.C., os reis da Macedônia colaboraram com os invaso
res e por isso conseguiram certa independência limitada para si próprios.4
Apesar disso, o rei macedônico Alexandre I ajudou secretamente as
regiões gregas mais distantes, ao sul, que foram atacadas porXerxes em
480 a.C..5 Tanto Alexandre I como seus sucessores patrocinaram a
cultura gr ega; o pr óprio Alexandre, como príncipe coroado da M aced ô
nia, teve permissão para comp etir nos jog os olímpicos (abertos acenas
aos gregos), visto que sua família afirmava descender de Argive.
Por volta do quarto século a.C., a Macedônia fazia parte do mundo
grego no que se referia à maior parte das questões práticas. Filipe II da
Macedônia (359-336 a.C.), mediante diplomacia e conquistas militares,
tornou-se senhor das cidades-estados da Grécia. Após seu assassinato,
seu filho Alexandre III (Alexandre, o Grande) herdou o domínio greco-
macedônico, fazendo dele a base para a conquista da parte ocidental da
Ásia (do extremo leste, até o vale do rio Indo) e Egito. Todavia, com a
divisão do império de Alexandre, logo após sua morte em 323 a.C., a
Macedônia tornou-se outra vez um reino separado.
O reino da Macedônia entrou em conflito com os romanos quando
Filipe V (221-179 a.C.) celebrou um traído com o inimigo deles, Aníbal,
durante a segunda guerra cartaginesa. Os rom anos foram capazes de
suscitar muitas encrencas para Filipe, no lado ocidental do Adriático, de
mod o que Fil ipe permanec eu ocupado o tempo todo, en quanto seu t ratado
com Aníbal deixou de surtir efeit o. Quando a segund a guerra cartaginesa
14 Filipenses
aproximou-se do fim, estando Aníbal morto, os romanos encontraram
um pretexto para declarar guerra a Filipe. Essa guerra findou em 197 a.C.
com a derrota de Filipe em Cin ocefá lia, na The ssália central. Daí em
diante ele foi obrigado a limitar seu governo à Macedônia, sem poder
interferir nos assuntos das cidades-estados gregas mais distantes, ao sul.
Perseu, filho de Filipe, por sua vez atraiu as suspeitas de Roma, as
quais foram incrementadas pelo seu inimigo, o rei de Pérgamo, e aliado
de Roma. Seguiu-se a terceira guerra macedônica (como é chamada pelos
historiadores romanos), terminando em 168 a.C. com a vitória dos
rom anos em Pidn a, cidade litorânea a o sul da Ma cedôn ia. Foi quando
os romanos aboliram a dinastia real da Macedônia e dividiram o reino
em quat ro re pú bl ic as .10 Entreta nto, em 149 a.C., um aven tureiro c ham a
do An drisco, declarando ser filho de Perseu, reunificou a Macedôn ia sob
seu comando , por um cur to períod o.11 Quando os romanos abateram
A ndrisco , em 148 a.C., decidiram que a única açâo a s er tom ada com
respeito à M acedônia ser ia anexá-la a uma província. As qu atro repú
blicas que vin te an os an tes hav ia m sido es ta bel ec id as , perm anece ra m
como distritos geográficos retendo, porém, pouca importância política.
A fim de consolidar o poderio sobre a nova província, os romanos
construíram uma enorme estrada militar, a via Inácia, partindo de Apo-
lônia e Dirráquio, no Adriático, até Tessalônica; mais tarde estendeu-se
pa ra o leste, até Filip os , e a seu po rto N eáp olis (a m ode rn a C av al a) , e
mais tarde até Biz ânc io.13
A Macedônia tornou-se assim uma base para maior expansão do
pod er io ro m an o. Em 27 a.C., ela se to rn ou pro vín ci a se na to rial , pe lo
imperador Augusto. Seu sucessor, Tibério, colocou-a sob seu controle
direto, como provín cia imperial, em 15 d.C., mas Cláudio a dev olve u ao
senado em 44 d .C .14 O procônsul (assim se chamava o go vern ado r de
uma província senatorial) tinha sua sede administrativa em Tessalônica.
A Chegada do Evangelho
O cristianismo chegou à M acedônia menos de vinte anos a pós a morte
de Cristo. Um dos documentos mais antigos do Novo Testamento — a
pri m eir a ca rta aos T ess alo nic en se s — fo i en vi ad a de Corinto , pro vavel
mente no outono de 50 d.C., dirigida à recém-fundada igreja de Tessa
lônica. 15 Esta carta foi enviada por Paulo, Silvano e Tim óteo , e indica
que a igreja de Tessalônica teve seu início quando esses três homens
visitaram a cidade, tinha pouco tempo. A visita deles a Tessalônica havia
Introdução 15
sido precedida por uma visita a Filipos, "havendo, primeiro padecido, e
sido ultrajados em Filipos" (1 Tessalonicenses 2:2).
Os movimentos de Paulo e seus companheiros, registrados em
1 Tessalonicenses, coinci dem com os r egist ros mais minuciosos de Atos
16:6-18:5, os quais foram escritos em data posterior, e podem ser aceitos
com máxima confiança como formando uma estrutura histórica dentro
da qual os dados mais incidentais da correspondência paulina se encai
xam, para maior compreensão.
Quando Paulo e seu companheiro Silvano (chamado de Silas, em
Atos) lançaram-se, após o concilio de Jerusalém, à travessia da Ásia
Menor, a partir da Cilícia, indo para o oeste, a Macedônia nâo constava
de seus planos de viagem. Pelo que se pode determinar mediante a
narrativa de Atos, o objetivo deles era Efeso. Entretanto, ambos foram
impedidos de proseguir em sua viagem naquela direção e se viram
obrigados (agora aco mp anha dos de Timóteo, que se l hes jun tara em
Listra) a ir para noroeste, saindo de Icônio ou Antioquia da Pisídia, até
chegar ao mar Egeu, ao porto de Trôade Alexandria).
E aqui que se inicia a passagem na primeira pessoa do plural, "nós",
de Atos: e a narrativa prossegue nessa pessoa, o que indica talvez que o
pró pri o narr ador estiv es se pre se nte aos aco nte ci m en to s:
"Paulo teve de noite uma visâo em que se apresentou um homem da
M acedô nia, que lhe rogava: 'Passa à M acedôn ia, e ajud a-no s.' Logo
depois desta visâo, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que
o Senhor nos cham ava para l hes anunciarm os o eva nge lho" (Atos 16:9,
10).
fossem
to embora:
público. julgaram
Acertando -se incapa
a situação zes de eprotegê
legal, Paulo Silvano-los contr a o ressentimen
certificavam-se de
que os convertidos filipenses não se tornariam vítimas do ódio popular, por
estarem associados a criminosos comuns.
O episódio bem conhecido da narrativa de Lucas, sobre a evan geliza-
ção de Filipos, é o que diz respeito ao terremoto que ocorreu à meia-noite,
enquanto Paulo e Silvano "oravam e cantavam hinos a Deus" na escuri
dão daquela prisão, e ao terror do carcereiro, sua tentativa de suicídio, e
conversão (Atos 16:25-34).
Podemos destacar este episódio de seu contexto, pois possui afinida
des próprias. Numa obra grega do primeiro século chamada Testamento
de José (um dos trabalhos da coletânea denominada Testamentos dos
Do ze Patriarc as), José nos conta como seu senhor egípcio "me açoitou
e me encerrou na prisão de faraó. Estando eu na casa da escuridão,
acorrentado, cantando hinos ao Senhor e glorificando ao meu Deus,
regoz ijando-m e com voz jubilo sa, a mu lher egípcia me ou viu ."21 Não
existe nenhuma questão de dependência literária direta, desta ou daquela
forma; todavia, ambos os documentos prendem-se a uma convenção
estilística comum. A idéia geral reaparece um pouco mais tarde no
escritor estóico Epiteto: "Seremos competidores com Sócrates, quando
pud erm os es cre ver câ nt ic os de lo uvor na pri sã o." 22
Quanto aos efeitos do terremoto à meia-noite, Orígenes, em meados
do terceiro século (ou mesm o o pagão Celso, setenta anos antes), sugeriu
um paralelo entre o registro de Lucas e a descrição em Bacchae, de
Eurípedes, da fuga dos ébrios e de Dionísio da prisão de Penteu: "os
14 Filipenses
grilhões dos pés se lhes soltaram, por si mesmos, e as chaves abriram as
port as sem qu e m ãos m ort ais ag is s e m ." 23 Não é poss ív el dei xa r de
reconhecer as afinidades entre esses episódios, os quais todavia, não
depreciam a historicidade do evento bíblico.
A Igreja de Filipos
Paulo e Silvano deveriam abandon ar Filipos; o delicado pedido dos
magistrados não poderia ser desprezado, como não poderiam desprezar
a eventual expulsão à força, da parte dos lictores. Todavia, deixaram atrás
umajovem igreja constituída de ardentes convertidos, cujo afeto pelo
apóstolo foi demonstrado mediante dádivas que lhe enviaram em mais
de uma ocasião, iniciando-se algumas semanas depois de sua partida
(veja Filipenses
velhos; é possível4:15, 16).tenha
que Lucas T imóteo aco mp em
permanecido anhou seus dois colegas
Filipos. mais
É digno de nota que a primeira passagem narrada na primeira pessoa
do plural (nós), em Atos, term ina em Filipos (A tos 20: 5). Se Luc as
perm an ec eu em F ilip os , dur ante os sete ou oi to an os se gui nt es , sem
dúvida os crentes filipense s o cons ideraram como um del es: é até possível
que o tenham nomeado representante da igreja entre os delegados de
outras igrejas que contribuíram para a oferta que Paulo levou aos pobres
da Judéia, em 57 d.C.
A lista dos companheiros de viagem de Paulo, de Atos 20:4, não
menciona nenhum membro da igreja de Filipos, embora talvez ela seja
incompleta. Os que constavam da lista, informa-nos Lucas, "indo adian
te, esperaram-nos em Trôade" enquanto "nós" (isto é, Paulo, o narrador
edetalvez mais(Atos
Filipos" um ou dois)
20:5, 6). "depois dos dias
Na verdade, dosembarcado
teriam pães asmos,
emnavegamos
Neápolis,
por to de Fi lipo s. Em 57 d.C . a f esta do s pães as m os ca iu na se m an a de 7
a 14 de abril.
A igreja de Filipos foi, então, a última das igrejas de Paulo a oeste do
mar Egeu, com a qual ele manteve contato pessoal antes de sua última e
infeliz visita à Jerusalém. Essa igreja continuou a comunicar-se com o
apóstolo, como o fazia desde sua fundação, e a carta de Paulo aos
filipenses dá ao leitor uma idéia do imenso prazer que essa igreja
pro porc io nava ao ap ós to lo , ca da vez que pe ns av a ne la , e co mo era gr an de
a apreciação da bondade e afeição dos crentes.
Que a igrej a de Filipos preservou o m esmo caráter meio século depois,
transparece pelo seu cuidado por Inácio, bispo de Antioquia, a caminho
Introd ução 19
de Roma, sob guarda militar, a fim de ser atir ado às bestas feras da aren a.
À semelhança de Paulo, antes, Inácio velejou de Trôade a Neápolis,
pro ss eguin do a vi ag em por te rr a, pe la vi a In á c ia .24 F altam -n os m in úcia s
da pousada de Inácio em Filipos; contudo, os crentes filipenses tiveram
grande interesse por ele, ao ponto de escreverem a Policarpo, bispo de
Esmirna, sujjlicando-lhe que lhes enviasse cópias das cartas de Inácio
disponíveis. A resposta de Policarpo ao pedido dos filipenses sobrev i
veu até nossos dias. No início da carta, o bispo expressa sua alegria
quanto ao fato de os filipenses "terem seguido o exemplo do verdadeiro
amor, e terem ajudado como puderam, sempre que houve oportunidade,
os que estavam em cadeias". Tais cadeias, diz ele, são ornamento dos
santos; constituem "diademas de todos quantos verdadeiramente têm
sido pensava
ele escolhidos
de por Deusespecial
modo e nossoemSenhor JesusACristo"
Inácio). seguir(dentre os quais
acrescenta ele:
"Alegro-me também em vossa fé firmemente enraizada, reconhecida
desde os primórdios, a qu al prevalece até o presente e produz frutos para
nosso Senhor Jesus Cristo."26 A árvore que Paulo e seus colabodores
pl an ta ra m con tinuav a a pro duzir fr uto s qu e atestav am a qualidade do
serviço daqueles servos.
Um desses
gnósticas pontos
que, com todaeracerteza,
o alegado emprego
enchiam a mentede doexpressões e idéias
autor da carta, e
que aparecem de modo especial na passagem cristológica — Filipenses
2:6-11 29 Outro ponto era a natureza repeti tiva do documento. Dizia Baur
que a carta caracterizava-se "por uma falta de conexão profunda, sólida
de idéias, e por certa pobreza de pensamento".30 Acrescentou a seguir
que nâo se consegue encontrar "nem motivo nem oportunidade para a
carta, nenhuma indicação distinta quanto a propósito e, tampouco, uma
idéia pr inc ipa l".31 O desab afo polêm ico de Filipen ses 3:2-19 foi con si
derado "imitaçã o frac a e sem vida" d e 2 Co ríntios 11:13-1 5. A re fe
rência em Filipenses 4:15,16 a reiteradas oferendas recebidas de Filipos
foi considerada contradição, po is Paulo afir ma em 1 Coríntios 9:15-18,
e noutras passagens, que ele preferia nâo ser sustentado pelos seus
convertidos, mas ganhar seu sustento mediante seu próprio trabalho. A
Introdução
ba se estaria, segu nd o B au r pensa va , em 2 C oríntios 11:9, on de Pa ulo
menciona uma exceção ao seu costume regular — certa ocasião em
Corinto quagx^o suas necessidades foram atendidas por alguns amigos da
Macedônia.
Finalmente, Baur, que presumiu ser Roma o lugar da prisão, de onde
a carta aos Filipenses supostamente teria sido escrita, alega que a descri
ção do progresso do evangelho em Roma, na época indicada, fica sem
apoio. A pista que conduz a tal descrição, e à menção dos "santos... da
casa de César" (4:22) foi tirada (assim pensava Baur) da referência a
certo Clemente, em Filipenses 4:3. Este Clemente, de acordo com Baur,
deve ser identificado como o Tito Flávio Clemente, aparentado por
casamento com o imperador Domiciano, que o matou em 95 d.C. Este
homem, alega-se, foi introduzido na carta por um autor pós-apostólico
que conhecia bem a história legendária de Clemente. Segundo essa
história, Clem ente teri a sido convertido p or Pedro; ao tr azê-lo em contato
com Paulo, o autor de Filipenses deu excelente contribuição à reconci
liação póstuma entre os dois apóstolos que (assim acreditava Baur) foram
adversários enquanto viveram.34
Alguns dos argumentos de Baur sâo apenas questão de opinião, ou
modo de ver as coisas; outros dependem da forma como se encara a
evidência; todavia, o argumento a respeito de Clemente é simplesmente
errado. O Clemente de Filipenses 4:3 é um filipense cristão, sobre quem
nada mais sabemos, mas de forma nenhuma esteve associado a Roma.
N enhum do s arg um ento s de B au r re fe re nte s à car ta ao s Fil ip ense s
conseguiu convencer as futuras gerações de estudiosos sobre Paulo.
e embora Paulo pudesse dar-lhe uma refutação poderosa, não havia meios
de saber como o caso seria conduzido no tribunal imperial.
Enquanto Paulo aguardava que seu caso fosse levado perante Nero,
ter-lhe-ia sido supremamente alegre ver como o evangelho estava-se
espalhando por toda Roma, mediante sua presença na cidade, embora
sob custódia. Além do mais, favorecendo a idéia de que a carta vinha de
Roma há a referência aos "sant os da casa de César " que, juntam ente com
os demais cristãos, enviam suas saudações à igreja filipense (Filipenses
4:22). É verdade que o funcionalismo civil imperial se compunha de
membros da casa de César — em grande parte constituída de ex-escravos,
— os qu ai s se es palh avam por to das as pro vín ci as. T odavia , co ncentr a
vam-se em Roma, e só em Roma seriam suficientemente numerosos de
modo que tivessem um grupo de cristãos.
sar de morou
Paulo Efeso estar
dois bem
anosperto, o cativeiro
em Roma romanoé também
e só então que seu foi longo".
caso subiu aos
tribunais; quando Filipenses foi escrita, estava iminente uma decisão a
respeito do apóstolo. Houve, então, muito tempo, suficiente para todas
as viagens efetuadas.
Tem sido argumentado que a expressão de agradecimentos de Paulo aos
filipenses, iniciada com um "finalmente" — finalmente eles haviam de
monstrado cuidado pelo apóstolo outra vez (4:10) "nâo pode deixar de ser
considerada repreensão, uma repreensão sarc ástic a, na verdade," caso a
carta nâo fosse enviada até o período do cativeiro romano. Esta interpretação
também tem sido levantada como argumento favorável à srcem efésia da
cart a. C omo ficará dem onstrado n o comentário sobre ess a passagem, en tre
tanto, tanto Paulo quanto os filipenses sabiam bem que o longo intervalo
que permeou o envio das ofertas era devido ao costume financeiro do próprio
Paulo, e não a algum a negligên cia da parte dos filipenses. Ou tros eruditos,
na verdade, têm dito que a expressão de ag radecimentos de 4:10-20 constitui
uma cartinha separada, que antecedeu a principal carta, dentro da qual esse
bilh ete teria sid o inser ido edito ria lm ente.
Isso levanta a questão sobre se essa carta, como se nos apresenta hoje,
é compilação.
Documento Único ou Compilação de Fragmentos?
Mais especificamente em tempos recentes é que se levantaram algu
mas questões sérias quanto à unida de literária da carta. Na verdad e,
Policarpo escreveu aos crentes fili pens es na primeira metade do segundo
séculoTlêmbrando-lhes de como Paulo nâo só lhes ensinou "a palavra da
verdade", quando presente entre eles, "como também, quando ausente,
Intro dução 27
vos escreveu cartas" {Aos Filipenses 3:2). Há grave risco em inferir-se
daí que Policarpo entendia que a carta canônica se compunha de docu
mentos separados: se ele nâo está usando um plural generalizante, pode
ter em mente outras cartas que nâo chegaram até nós, além dessa que
sobreviveu.
Muitos comentaristas (talvez a maioria deles) ainda crêem na unidade
do documento, mas há os que o consideram uma compilação de fragmen
tos. Günther Bornkamm o descreveu como "uma coleção de cartas
p a u li n a s ." 50 Há du as se çõ es , de m odo es pec ia l, que al guns pensa m
constituir inserções na carta principal:
(a) a nota de agradecimentos de 4:10-20 e
(b) a seção que se inicia em 3:2 e prossegue até o capítulo 4.
N ota de agra decim en to s (4:1 0- 20) . A nota de agra decim en to s de
4:10-20 vincula-se ao corpo principal da carta mediante a referência a
Epa frodito (4:1 8; cf. 2:25-30) . Em ambas as passagens trata-se da mesm a
e única missão de Epafrodito. Todavia, os que inferem de 2:25-30 que
Epafrodito gastou tempo considerável com Paulo, após lhe haver entre
gue a oferta filipense, tendo ficado doente logo depois, chegam à con
clusão de que Paulo enviou essa nota de agradecimento tão logo recebeu
a oferta, nâo tendo esperado, portanto, que Epafrodito se curasse e
pudess e volt ar pa ra casa. D eduzem , da í, que a not a de agra decim en to s
deve ter sido remetida antes da carta prin cip al.51
Contudo , se Epa frodito caiu doente a caminho da vis ita a Paulo (o que
é mais provável), e o apóstolo o remeteu de volta a Filipos antes do tempo
pla neja do, a f im de alivia r a an sieda de do s am ig os fili pense s concern ente
a Epafrodito, teria sido muito conveniente que o viajante convalescido
levasse consigo a not a de agradecim entos — jun to a uma cart a mais
longa , ou inserida nela (veja com entário s sobre 2:26-28). (Se a nota foi
enviada anexa à carta maior, posteriormente teria sido incluída nela.)
Advertência Contra os Maus Obreiros (3:2ss.). As três características
princip ais de sta seçã o são:
(a) vem depois do "finalmente" (3:1)
(b) a diferença de tom, em relação ao restante da carta, e
(c) semelhante aos últimos quatro capítulos de 2 Coríntios.
A expressão "quanto ao mais" (gr. to loipon em 3:1 (usada outra vez
em 4:8), poderia ser considerada preparação do autor para a conclusão
da carta; entretanto, nâo se pode afirmar muita coisa em cima dessa
14 Filipenses
expressão apenas, visto que em cartas informais (não se falando de
sermões), as palavras que sugerem a aproximação da conclusão podem
vir muito antes da própria conclusão.
Entretanto, a repentina severidade da advertência, nesta seção, e sua
semelhança em tom e assunto com 2 Coríntios 10-13 exige alguma
explicação. Na verdade, há difer enças: enquanto em 2 Coríntios 10-13
os "falsos apóstolos" já estão de fato operando em Corínto, tal não fica
implícito de Filipenses 3:2ss.: não se sabe se os "maus obreiros" já
estavam trabalhando em Filipos — e tampouco se havia qualquer dispo
sição entre os crentes filipenses para dar-lhes ouvidos.
Em Corínto, os intrusos proclamavam ter credenciais e realizações
Notas
1. Este texto (GNB) provavelm ente deve ser srcinal, embora nâo se encontre
nos manuscritos gregos; foi preservado em alguns manuscritos da Vulgata
Latina, e em versões provençais e alemãs, baseadas no latim; consulte E.
Elaenchen, The Acts ofthe Apostles, p. 474.
2. Quanto ao nome completo, consulte a inscrição latina de Filipos, reprodu
zida por M. N. Tod, em An nual ofthe British School atAt hens 23 (1918-19), p.
95, no. 21.
3. Cícero, On the Agrarian Law, 2.93.
Intr odução 31
4. Heródoto, History 5.17f.
5. Idem, 7.173; 9.45.
6. Ibid.,5.22; 8.137.
7. Polybius, Histor y 7.9.
8. Idem, 18.22-28.
9. Ibid., 31.29.
10. Livy, History 45.29.5ss.; cf. J. A. O. Larsen, Greek Fed eral States .
11. Diod orus, History 32.9b, 15; Flor us, Epitomel.30.
12. Florus, Epitome 1.32.3; cf. M. G. Morgan, "Metellus Macedonicus e a
Província Macedônica," Historia 18 (1969), pp. 422-46.
13. Strabo, Geogr aphy 1.1 A. Consulte, para um bom relato popular, F.
0'Sullivan, The Egnatian Way.
14. De 15 a 44 AD a Ma cedônia se uniu à Acaia, no sul, e à Moe sia bem ao
norte para forma r uma província imperial. (Tácito, Annals 1.76.4; 1.80.1.). Uma
provínc ia imp erial, dif eren tem ente de um a província sen atorial, exigia a pr esen
ça deimperador.
pelo unidades militares,
Consu ltee tam
era governada por oglu,
bém F. Papaz um legado nomeado
"Qu elq diretamente
ues asp ects de l'h istoire
de la province Macédoine," in Aufstieg und Nie dergang der romischen Welt,
ed. H. Tem porini e W . Ha ase, 2.7.1 (Berlim e Nova York: de Gruyter, 1979),
pp. 302-69.
15. Cf. F. F. Bruce, 1 & 2 Tessalonicenses.
16. O termo técnico para este quorum de dez homens é minyan.
17. Homero, Ilia da 4.141 s.
18. Cf. W. W. Tarne G. T. Griffith, Hellen istic Civilisation, pp. 98s.; W. D.
Thomas ,"The Place of Women in the Church at Philippi, " E xpT 83 (1971-72),
pp. 117-20. Consu lte o com entário sobre 4:3 abaixo.
19. Cf. T. B. L. Webster, An Introduction to M enander (Manchester: Man-
che ster Univ ersity Press , 1974), p. 191.
20. Por trás da frase grega traduzida por "sem sermos condenados" (Atos
16:37), W. M. Ramsay discerniu o termo legal romano re incógnita, "sem
investigar o caso" St. Paul the Traveller and the Roman Citizen pp. 224s.).
21. Testament ofJoseph 8:4s. Veja W. K. L. Clarke, "St. Luke and the
Pseudepigrapha," JT S 15 (1914), p. 599; "The Use ofthe Septuagint in Acts,"
BC 1.2 (Londres: M acm illan, 1922), pp. lis.
22. Epictetus, Dissertations 2.6.26.
23. Eurípedes, Bacchae 447s., cf, 586ss.; veja Orígenes, Ag ainst Celsus 2.34.
Quanto a um padrão corrente que seguidamente aparece nos relatos de fuga s da
prisão (cf. tam bém Atos 5:19-2 3; 12:6-11) veja R. Re itzenstein, Die hellenis-
tischen Wundererzahlungen (Leipzig: Teu bne r, 1906), pp. 120-122.
24. Inácio, A Policarpo 8:1.
25. Policarpo, Ao s Filipenses 13:2
26. Idem, 1:,2.
27. F. C. Baur, Paulo: Sua Vida e Obras vol. 2, pp. 45-79.
28. W. M. L. de Wette, Leh rbuch der historis ch-kritischen Einleitung in die
14 Filipenses
•2ÍSE
segundo se pensava , por Ma rcion (ca. 144 d.C.) e seus segmdo res.
Introdução 32
40. E. Lohmeyer, Der B rie f an die Ph ilipper pp. 3s., 38-49; tamb ém L.
Johnson, "The Pauline Letters from Caesarea, " Exp Tô S (1956-57), pp. 24-26;
J. J. Gunther, Paul: Mes seng er an d Ex ile pp. 98-107; J. A. T. Robinson,
Redating the New Testament, pp. 60s., 77-79.
41. A sede ocasional de Pilatos em Jerusalém é mencionada com o praetor ium
(pretório) em Mar cos 15:16; João 18:28, 33; 19:8.
42. B. Reic ke ("Cae sarea, Rome and the Capti vity Epistles," em W . W. Gasque
eR. P. Martin, eds ., Apo sto lie Histo ry an d the Gospel , pp. 277-86), que defende
a teoria segundo a qual as demais cartas do cativeiro provieram de Cesaréia,
mas que a de Filipenses teria vindo de Roma, pensa que "era impossível que os
leitor es não entendessem a referência à Roma e aos funcionários de Nero" nesta
saudaç ão; ele compara a menção em seis inscri ções romanas (C/J 284,3 01,3 38,
368,416 ,496) da sina goga d os Augus tenses, "os ex-escravos libertos" (p. 285).
Compare o comentário e nota adicional ad loc.
43. Veja Duncan, St. PauTs Ephesian Ministry, pp. 80-81.
44. Veja W. M. Ramsay, "Roads and travei (inNT)," em HD B5, pp. 375-402
(especialmente p. 385).
45. Veja o itinerário em Atos 20:6-16.
46. C. H. Dodd, "The Mind ofPaul: II," em New Testaments Studies, p. 97.
47. Manson, Gospels and Epistles, p. 157.
48. Compare Dodd, New Testaments Studies, pp. 97-98.
49. Tais questões eram levantadas esporadicamente, em tempos mais remotos:
um dos primeiros estudiosos a apontar os problemas relaci onados com a unidade
(que era aceita) das cartas, foi S. Le Moyne, Varia Sacra (Leiden: Daniel à
Gaesbeeck, 1685), vol. 2, pp. 332-43.
50. G. Bom kamm, "DerPh ilipperbrief a is paulinische Briefsammlung" em W.
(' van Unnik, ed., Ne ote sta me ntica et P atristica, pp. 192-202. Veja também F.
W. Beare,^4 Commentary on the Epistle to the Philippians, pp.4,149-57; B. D.
Rahtjen, "The Three Letters of Paul to the Philippians", NTS 6 (1959-60), pp.
167-73; W. Schmithals, Pa ul a tui the Gnostics, pp. 67-81.
51. Veja Beare, Philippians, p.150. Rahtje n, "The Three Letters," p. 170,
•li f-uinenta que E pafro dito já havia sido enviado de volta a Filipos quando Paulo
escreveu 2:25-3 0 — que Paulo não diz : "Por isso, tanto mais me apresso em
mandá-lo" (2:28, "Almeida Revista e Atualizada"), mas "Por isso vo-lo enviei
nmis depressa" (ECA). O tempo do verbo epempsa (mandou) indica aconteci
mento passado.
52. Dodd, New Tes tam ent Studies, pp. 80-82.
53. Msnson, Gospels and Epistles, pp. 163, 164.
54. Com esta expressão de repreensão suave, mas erudita, F. G. Kenyon
eo«l limava derrubar algum as hipótes es literárias e críticas (como em The Bible
mui Modern Scholars hip, Londres: JohnMurray, 1948, p. 37). Rupturas assim
• k orriam, de vez em quando, e isto fica demonstrado pela (praticamente certa)
Itmcrção da posterior "Constituição de Draco" na Constituição de Atenas
in e.lotólica, de que Kenyon pro duziu a primeira edição impre ssa em 1891.
34 Filipenses
55. Também Beare, Philippians, pp.24,25.
56. Também Bom kamm , "Der Philippe rbrief a is pau linische Brie fsammlung,"
p. 195; tam bém , (mais recente) J. E. Symes, "Five Epistles to the P hilippian s,"
The InternrpterlO (1913-14), Dp. 167-70.
57. Tambem Rah tjen, The Three Lette rs , pp. 171,172. Entretanto , esse autor
considera 3:2-4:9 como carta posterior, a qual "segue o padrão clássico do
testamento de um p ai moribundo a seus filhos ."
58. W. G. Kümmel, Introduction to the N ew Testament, p. 237. A unidade da
carta é defendida t ambém por B. S. Mackay, "F urtherTh oughts onPhilip pians,"
N T S1 (1960-61), pp. 161-70; V. P. Fumish , "The Plan andP urpos e ofPhilip-
pians iii" , N TS 10 (1963-64), pp. 80-88; T. E. Pollard, "The Integrity of
Philippians," N TS 13 (1966-67), pp. 57-66; R. Jewett, "TheEpistolary Thanks-
giving and the Integrity of Phili ppians," Nov T 12 (1970), pp. 40-53.
1. Preâmbulo (Fi lipe nses 1:1-2)
Daniel faz do remanesc ente eleito, no fim dos t empos: "os santos do
Altíssimo" (Daniel 7:18, 22, 27). E provável que Paulo tenha em mente
í» des crição de Daniel, quando afirma que "os santos hão de julg ar o
mundo" (1 Coríntios 6:2).
Paulo escreve, a seguir, a todos os santos em Cristo Jesus que estão
«Mi Filipos — isto é, à igreja toda naq uela cidade. Suas cartas an teriore s
•;ao endereçadas explicitamente às igrejas em várias cidades, conforme
<«álatas 1: 2; 1 Tess alonicenses 1:1; 2 Tessalon icenses 1:1; 1 Coríntios
1:2; e 2 Co rín tio s 1:1.
Paulo introduz variações em suas últimas cartas às igrejas, quanto à
rrd açã o (Rom anos 1:7; Co lossen ses 1:2; Ef ésio s 1:1). Ele desc rev e os
i icntes como estando em Cristo Jesus. Isto indica que os que crêem em
( i isto estão unido s a ele, a nova vida da qual participam r epr ese nta seu
expressão fo i tirada do
de Israel, reivindicaria AT: "dia
suajustiça, do Senhotoda
eliminando r" — o dia em
injustiça, ondeque Iavé, o Deu s
quer
que fosse encontrada, em primeiro lugar e pri ncipalmen te entre seu povo
(cf. Amós 5:18-20). Agora, todavia, por ordenação divina, "Jesus Cristo
é Senhor" no sentido mais augusto dessa palavra (2:11); o dia do Senhor
é, portanto, o dia de Cristo Jesus. N um conte xto crist ão é o dia em qu e
a vida e obra do povo de Crist o serão avaliadas. "A obra d e cada um se
m anifestará, porque o dia a demonstrará" (1 Coríntios 3:13); port anto , o
ju lg a m e n to fi n a l deverá esp era r o Sen hor , "a té que venh a", e nã o dev e
ser antecipado por aqueles cujo conhecim ento dos m otivos e cir cunstân
cias pessoais dos outros é, pelo menos, imperfeito (1 Coríntios 4:5).
Acima de tudo, o dia de Cristo Jesus é o dia em que a salvação dos
crentes, já principiada, será cons umada. De m aneira semelhante a seus
irmãos e irmãs
algo: "... e aguaderdardes
Tessalônica,
dos céusosa crentes deaFilipos
seu Filho, quem ele haviam aprendido
ressuscitou dentre
os mortos" (1 Tessalonicenses 1:10), e a regozijar-se na "esperança da
salvação", porque haviam sido escolhidos não para receber a retr ibuição
divina, que recairá sobre os iníquos, no final dos tempos, mas para
"alcançar a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses
5:8,9). Portanto, pa ra os crentes esse será um dia de luz e não de escuridão
(em contrast e com a advertência d e Am ós 5:20, de que para alguns esse
dia trará "trevas, e não luz").
Notas Adicionais 2
1:3 / Quanto a agradecimentos iniciais nas cartas de Paulo, consultem-se P.
Schubert, Fo rm an d Function ofthe Pa uline Tha nksgivingse, P. T. 0'Brien,
(Filipe nses F. 15-17) 55
In trod uctor y Tha nk sgivings in the L etters ofPaul. Tais ações de graças têm sido
identificadas em cartas escritas em papiro no mesmo período genérico: "Paulo
estava , portanto, aderindo ao belo costume secular , quando com tanta freqüên cia
iniciava suas cartas dando graças a Deus" (A. Deissmann , Ligh tfr om th eA ncie nt
East, p. 181, no. 5).
O verbo aqui é eucharisteo (como em Rom anos 1:8; 1 Coríntios 1:4; Filem om
4); cf. eucharistoumen qm Colossenses 1:3; 1 Tessalonicenses 1:2; eucharistein
opheilomen e m 2 Tess alonicenses 1:3; charin echo em2 Timóteo 1:3; eulogetos
ho theos em 2 Coríntios 1:3; Efésios 1:3.
As palavras todas as vezes que me lembro de vós (gr. epi pase te mneia
hymon) poderiam ser traduzidas assim: "todas as vezes que vós lembrais de
mim" (se hymon para genitivo sub jetivo, e não objetivo); cf. Mo ffatt: "por todas
as lembranças que fazeis de mim." P. T. 0'Brien acha que "é melhor entender
a frase como referindo-se ao fato dos filipenses se lembrarem de Paulo ao
sustentá-
vings, p. lo financeiramente
23). em várias
Se isto for verdade, Pauloocasiões,
estaria antes" (Introductory
mencionando três razõesThanksgi
para
dar graças: o fato de eles se lembrarem do apóstolo, a participação contínua
deles na obra do evangelho (v. 5), e a con fiança de Paulo em que a boa obra será
integralmente realizada (v. 6).
Por outro lado, em todas as demais passagens em que Paulo usa as
pal avra s "lem bra r- se " (mneia), em seus agradecimentos iniciais, é ele
quem se lem bra de seus leitores (Rom anos 1:9; Efé sios 1:16; 1 Te ssa lo
nicenses 1:2; 2 Timóteo 1:3; Filemom 4). A palavra mneia aparece uma
única vez, noutra passagem, nas cartas de Paulo, significando na verda de
que seus leitor es se lembram dele; não se t rata, t odav ia, de agrade cimento
introdutório (1 Tessalonicenses 3:6).
1:5 / A frase pela vossa cooperação ( koinonia é tradução literal. Significa
"parti cipação" ativa da parte dos filipenses no ministério evangélico de Paulo,
estando, portanto, correta. Entretanto, H. Seesemann, Der B egri jf Ko inon ia im
Ne ue n Testament, pp. 73s., 79, defende um senti do mais passivo para a partici
pação dos crentes nas bê nção s salvíficas do evangelho: vo ss a co op eraç ão no
evan gelho seria, assim, um rodeio de palavr as para o significado de "voss a fé."
3. Interlúdio (Filipe nses 1:7-8)
Estas palavras pessoais com que Paulo se dir ige aos fi lipenses de modo
direto afirmam sua profun da afeição por el es, e representam tam bém uma
transição entre a ação de graças dos versículos 3-6 e a intercessão dos
versículos 9-11.
Notas Adicionais 3
hymas1:7 /poderia
Porqu eser
vostraduzido
retenh oigualmente
em m eu coração
por "vós(gr. dia to echein
me tendes me en
em vosso te kardia
coração"
(cf. NEB: "porque vós me retendes em grande afeição"). As duas traduções
encaixam-se bem no contexto ; é possí vel que a ordem das palavras favoreça a
primeira tradução.
A graça (gr. charis) concedida a Paulo é mencionada outra vez em
1 Coríntios 15:10; Gálatas 2:9; Efésios 3:7, 8, 9 ("esta graça me foi dada a fim
de que eu pregasse aos gentios as riquezas insondáve is de Cris to, e tomass e clara
a todos a administração deste mistério").
As palavras defesa e conformação do evangelho (gr. en te apologia kai
bebaiosei tou euangeliou) podem ter conotações jurídicas, tendo em vista o
esperado comparecimento de Paulo perante os tribunais.
1:8/A frase sa uda des que te nho de todos vós é tradução do verbo epipotheo,
que Paulo usa repetidamente quando sente saudades de seus amigos, a quem
quer ver: como em Rom anos 1:11, 1 Tessalonicenses 3:6, 2 Timóteo 1:4; o
substantivo epipothia é usado de maneira sem elhante em Roma nos 15:23; cf.
Filipenses 2:26 a respeito de Epafrodito ter anseios de rever seus amigos
filipenses; 2 Coríntios 5:2 sobre os crentes que "gememos, desejando ser
revestidos da nossa habitação, que é do céu". Todavia aqui a palavra é usada
sem um infinitivo dependente, referindo-se ao anseio afetuoso de Paulo por seus
amigos: con forme oco rre em 2 Cor íntios 9:14, a respeito do profun do am or que,
assim espera Paulo, a igreja de Jerusalém nutrirá pelos seus convertidos gentí-
licos, ao recebere m o dom de Deus; também 2 Coríntios 7:7, 11, em que o
substantivo epipothesis é utilizado com respeito ao afeto dos crentes coríntios
por Paulo). Consultem -se C. Spicq, "Epipothein. Désirer ou chérir?"
RB 64 (1957), pp. 184-95; Notes de Lexic ograp hie Néo -Testam entaire,
1 (Fribourg: Editions Universitaires, 1978), pp. 277-79.
Na te rn a m is er ic ór di a de Cr isto Jesu s, lit., "nas entranhas de Cristo Jesus".
Entranhas (gr. splan chna é termo usado com freqüên cia significando centro das
emoções (como "coração" no v. 7); cf. Filipenses 2:1.
4. Oração Intercessória (Filipen ses 1:9-1 1)
Notas Adicionais 4
1:9 / Quanto às orações intercessórias nas carta s de Paulo, veja-se G. P. W iles,
PauVs Interces sory Prayers.
Minha oração: gr. pro seucho mai, enquanto no versículo 4 é usado o subs
tantivo cleesis. A palavra proseuchom ai (que vem do substantivo proseuche )
expressa o sentido mais generalizado de oração; ãeesis (com o verbo deomai)
denota o elemento de petição da oração. Veja-se 4:6.
Conhecimento é a tradução do gr. epignosis (cognato de gno sis), usado no
NT ape nas pa ra conhecim ento mo ral e religioso. A GNB adiciona o adjetivo
"verdadeiro" que, provavelmente, tem a intenção de comunicar a força do
pr efixo epi-; "o cognato epignosis tomou-se um termo técnico para designar o
conhecimento decisivo de Deus, que fica implícito na conversão à fé cristã (R .
Bultman, TDNTl, p. 707, s.v. ginosko, etc.).
Toda perce pção é a tra dução do gr . aisthesis ("percepção"), que não se acha
em nenhuma outra passagem do NT. Denota aqui percepção moral; cf. aisthe-
teria ("órgãos dos sentidos") em Hebreus 5:14, para faculdades m orais treinadas
"para discernir tanto o bem como o mal."
1:10. Sinceros é a tradução do gr. eilikrines ("não-misturado" e, portanto,
puro, sin ce ro), aqu i como em 2 Pedro 3:1 no sen tido mo ral (cf. o sub sta ntivo
eilikrineia em 1 Coríntios 5:8; 2 Coríntios 1:12 ; 2:17). O adje tivo traduzid o por
inculpáveis é aproskopos, e pode ter força intransitiva ("que não tropeça")
ou transitiva ("que não causa tropeços a outrem"), sendo a referência em
ambo s os casos de ordem ética. É prováve l que a força sej a intransitiva, aqui;
em 1 Coríntio s 10:32 é transiti va (diz a NIV: "não sej ais causa de alguém
tropeçar"). A outra (e única) ocorrência desse adjetivo no NT está em Atos
24:16, onde se aplica à "consciência sem ofensa" de Paulo.
1:11/ Quanto a fruto ou colheita, usado em sentido ético cf. Provérbios
11:30; Amós 6:12; Efésios 5:9; Hebreus 12:11; Tiago 3:18. Aqui, fruto ou
colheita de ju sti ça (gr. karpos dikaiosynes poderia bem ser o fruto que consiste
em justiça (dikaiosynes sendo tomado como genitivo de definição), porém, é
mais do que isso, de acordo com a analogia de expressões similares, e com o
próprio pensam ento paulino que o ente nde c om o o fru to que pr ovém do dom da
justiça, ou da ju stific aç ão que Deus, me dia nte sua graça, concede aos crentes.
Enquanto o adjetivo che ios (gr. peple rome noi comumente é usado como passi
vo, é muito possível tomá-lo como estando no tempo gerúndio, como na NEB:
"Colhendo a safra total dajustiça" (cf. G. B. Caird, ad loc.).
Há uma variante curiosa, no f inal do versículo 11, onde em vez de pa ra glória
e louvor de Deus os manuscritos FG ocidentais (com Ambrosiaster) trazem:
"para minha glória e meu louvor. " O possessivo deve ser entendido no sentido
de 2:16 ("para que no dia de Cristo possa gloriar-me"); ainda assim, está fora
(Filipen ses F. 15-17) 55
de lugar, aqui, embora J.-F. Collange (ad loc.) julgue tal idéia "de caráter
suficientemente surpreend ente para ser srcina l" (ele compara "louvor" n um co n
texto es catológico semel hante, em 1 Coríntios 4:5).
5. Situa ção Atual de Paulo (Filipe nses 1 :12 -14 )
companheiro a cada
imperi al. Seri a de quatro horas,portanto,
esperar-se, mais ou que
menos)
as pertencesse
notícias àconc
guardaernentes a
esse prisioneiro extraordinário se espalhassem por todo o quartel preto-
riano.
Além dos soldados, havia outras pessoas (todos os demais) que
estavam interessadas em Paulo — de modo especial os oficiais encarre
gados de preparar o processo para exposição perante o imperador. Paulo
não afirma haver convertido este ou aquele grupo, mas sente-se an imado,
po rq ue de ss a m aneir a o ev angel ho to rn ou-s e m otivo de co n versa ção na
capital, no coração do império.
Notas Adicionais 5
1:12 / Quero, irmãos, que saibais é expressão chamada de "fórmula reve-
ladora", por J . L. White, The Form andF unction ofthe Body ofthe GreekLetter,
pp. 2-5, etc.; traz o autor m uitos exemplos do uso dessa fórmu la, que marca a
transição de um agradecimento preambular para o corpo da carta. Cf. também
J. T. Sanders, "The Transition from Opening Epistolary Thanksgiving to Body
in Letters of the Pauline Corpus, " JB LS l (1962), pp.348-62. É comum Paulo
redigir a fórmula de modo negativo: "Não quero, porém, irmãos, que ignoreis"
(Romanos 1:13, etc.).
1:14 / A frase no S enhor, que alguns as socia m a mais c onfi ada m ente , sem
temor (é o caso de J. B. Lightfoot, ad loc.), deve associar-se a irmãos, "irmãos
no Senhor", que são os "irmãos cristãos" (cf. C. F. D. Moule, IBNTG, p. 108).
Talvez haja alguma nuance de diferença no significado de no Senhor e "em
Cristo"; "a pessoa se toma no Senhor quandojá está em Cristo" (M. Bouttier,
In Christ, pp. 54-61; cf. C. F. D. Moule, The Origin ofChristology, p. 59: "o
que você é, já é 'em Cristo'e o que vai tomar-se é 'no Senhor"') .
Falar a palavra de Deus: embora o genitivo "de Deus" esteja ausente de
P46 (a maioria dos testemunhos posteriores), é muito forte a certeza quanto ao
sentido.
6. Várias Razões para o Testemunho do Evangelho
(Filipenses 1:15-17)
Dibe lius deu o título de "dissertação " (ad loc.) a este pará gra fo; Pa ulo
acrescenta ao que já disse, que nem todos os que ap roveitaram a oportu
nidade para t estemunh ar do evangelho foram motivados por sentimentos
igualmente dignos. Pelo menos a oportunidade foi aproveitada e isso é
causa de satisfação.
Notas Adicionais 6
1:15 / W. Schmithals nos apresenta o argumento bastan te fora do comum de
que "as observaçõ es nos w. 15-17 só são significa tivas e pertinentes" se se
referirem a grupos de pessoas de Filipos, "porque se se referissem ao local em
que Paulo estava encarcerado teriam sido tão enigmáticas para os filipenses
como são para nós" (Paul and the Gnostics, p. 75). Paulo aqui está dando
informações aos fil ipenses sobre seus próprios atos , informações que eles não
possuíam ; e o apó stolo deixa implíc ito por tod a a carta que a igreja filipense,
como um todo, apoiava sua obra missionária.
T. W. Manson afirma que a referência aqui se liga ao sectarismo existente na
igreja de Corínto; acredita Manson que Paulo havia deixado Corinto há pouco
tempo, mas mantinha correspondência com esta igreja (Studies in the Gospels
and Epist les, pp. 161s.). T. Hawthom argumentou que a distinção se faz entre
os que pregam num espírito de antagonismo apocalíptico contra o estado e
aqueles que, em sua pregação, manifestam a mesma atitude de boa mente como
é o caso de Paulo em Romanos 13:1-7; aqueles com toda certeza pregam,
ju lg an do su sci tar afli ção às min has cad eia s ("Filipenses 1:12-19 com refe
rência especi al aos w . 15, 16 e 17." ExpT 62 [1950-51], pp. 316s.).
1:16/0 quiasmo fica anulado na maioria dos manuscritos posteriores que,
(acompanhando D1Psi) inverte m a ordem dos w . 16 e 17 (cf. KJV).
1:17 / Não sinceramente (gr. ouch hagnos ) é ligado por J.-F. Collange (ad
loc.) a ju lg an do (oiomenoi: "o julga me nto d eles não é puro..., i.é. , não está
isento de motivos ulteriores." A paráfrase de ouch hagnos é boa, porém iria
melhor com anunciam a Cristo (cf. NIV: "aqueles pregam a Cristo... por
motivos falsos").
Por contenda, não sinceramente (Gr. ex eritheias , em antítese a ex agapes,
po r amor, no v. 16). Quanto a eritheia, cf. 2:3. Essa palavra srcinalmente
significava fazer alguma coisa por interesses materiais, ou por salário, e veio a
denotar a atitude mercenár ia; no NT sempre é usada no mau sentido, denotando
espírito sectário e a contenda adveniente. R. Jewett liga as pessoas a que Paulo
se refere aqui com aquelas descritas em 2:21, como estando interessadas apenas
em seus próprios interesses; julga ele que se trata de missionários que manti
nham o "homem divino" (theios aner como um ideal, e achavam que o
espetáculo humilhante de Paulo na prisãojogou por terra esse ideal e compro
meteu a missão deles (" Conflicting Mov emen ts in the Ear ly C hurch as Reflec ted
in Philippians," Nov T 12 [1970], pp. 362-90).
Julgando suscitar aflição às minhas cadeias. Quanto à suscitar (gr. egei-
rein conforme as principais t estemunhas alexandrinas e 'ocid entais') a maior ia
dos manuscritos posteriores com D2 Psi trazem "adicionar" (epipherein; diz a
KJV: "sup ondo que est ariam acrescentando afliç ões às minha s cadeias." ECA
6 preferível.
/ . Vida ou Morte? (Fili pen ses 1 :18 -2 6)
obra, diz Paulo, uma oportunidade para colher mais frutos do trabalho
que havia sido interrompido ao ser preso e encarcerado, como também
do trabalho que estivera executando durante sua prisão. Uma tradução
literal de suas pala vras seria: "Tod avia, se [o resulta do fina l para mim
for] que eu viva na carne, este é o fruto de minha obra," e estas palavras
poderi am ser ente ndid as de várias m aneiras difere nte s. Poderiam es ta r
enfatizando o fruto para a minha obra no futuro (como NIV e ECA
pare cem in dic ar ) ou o fruto para a minha obra já efe tu ada (com o NEB
entende a expressão, seguindo J. B. Lightfoot: "pois viver eu no corpo
significa que poderia colher o fruto de meu trabalho!"). Assim, a morte
pre m atu ra ou a continuaçã o da vi da tinha m se us atrat iv os, e se a es co lh a
entre ambas pudesse ser deixada a critério de Paulo, o apóstolo encon
traria dificuldades para tomar uma decisão. A escolha, todavia, não
obra,
que havia diz sido
Paulo, uma oportunidade
interrompido para colher
ao ser preso mais frutos
e encarcerado, comodo também
trabalho
do trabalho que estivera executando durante sua prisão. Uma tradução
lit eral de suas palavras seria: "Todavia, se [o resultado final para mim
for] que eu viva na carne, este é o fruto de minha obra," e estas palavras
po deri am se r en te ndid as de vár ia s m aneir as difere nt es. Poder ia m est ar
enfatizando o fruto para a minha obra no futuro (como NIV e ECA
pare cem in dic ar ) ou o fruto para a minha obra já ef etu ad a (c om o N EB
entende a expressão, seguindo J. B. Lightfoot: "pois viver eu no corpo
significa que poderia colher o fruto de meu trabalho!"). Assim, a morte
p rem atu ra ou a con tinu ação da vid a tinha m se us at ra tivos, e se a es co lh a
entre ambas pudesse ser deixada a critério de Paulo, o apóstolo encon
traria dificuldades para tomar uma decisão. A escolha, todavia, não
estava em suas mãos.
Notas Adicionais 7
1:8 / Mas que importa? é a tradução da pergunta tigar? ("para quê"), que
pode sig nific ar "que importa? em qualq uer caso, Cristo está sendo pregado," ou
"que diremos? só isto: Cristo está sendo pregado."
1:19 / A citaçã o de Jó 13:16 é exata: tout o m oi apo besetai eis sot eri an.
Pelo socorro do Espirito de Jesus Cristo é literalmente: "o... suprimento
(gr. epichoregia) do Espírito de Jesus Cristo." ECA presume que "do Espírito"
(pneum atos) é genitivo subjetivo, significando "aquilo que o Espírito de Jesus
Cristo supre."
Espírito aquilo Todavia, tambémcomo
que é suprido, poderia
em ser um genitivo
Gálatas objetivo,
3:5, "Aquele quesendo
vos dáo
(epichoregon) o Espírito." Cf. NEB: "o Espírito de Jes us Cristo me é dado como
apoio." Se Paulo, à semelhança de Jó, está aguardando reivindicação da corte
celestial, o Espírito "surge aqui no papeljoanino de advogado" (G. B. Caird, ad
loc.) Cf. R. W. Funk, "The Apostolic 'Parousia': Form and Significance," em
W. R. Farmer, C. F. D. Moule, e R. R. Niebuhr, eds., Christi an H ist ory and
I n t e r p r e t a ti o n , p. 262, n. 1.
não sign ifica o 'e u' integral de Paulo, mas apenas aque la parte dele mais
imediatam ente influen ciada pelo resultado do processo, e através do qual
ele dá testem unho ao mundo visível ao seu redor" (R. H. Gundry,"SoOTa "
in B iblical Theology: Wit h Em pha sis on Pauline An thropology, p. 37).
Cf. 1 Corín tios 6:20, "glorific ai, pois, a Deu s no vosso co rpo"), onde
Paulo refuta a idéia de que as ações corporais são ética e religiosamente
indiferentes.
1:21 / No caminho de Damasco, D eus substituiu a Tora , como centro da vida
e pensamento de Paulo, pondo em seu lugar a Cristo; até então ele poderia ter
dito: "pois, para mim o viver é a Tora." Agora, o apóstolo está permanente
(Fili pen ses F. 18-26) 63
mente consciente de que sua vida se resume em Cristo, porém usa linguagem
semelhan te a respeito de seus irmã os na fé: "Cristo, que é a nossa vida"
(Colossenses 3:4).
1:2 2 / Mas, se (gr. ei de, pode introduzir a prótas e de um a sen ten ça co nd i
cional, como se nota em NIV, RSV e ECA e provavelmente na maioria das
versões. Nesse caso, a apódose pode ser "não sei então o que deva escolher"
(como também traz a GNB), ou "isto significará labor frutífe ro para mim" (como
traz NIV, acrescentando: "então, que hei de escol her? eu não s ei!" como período
independente). Por outro lado, ei de pode ser tradu zid o nã o por "mas, se" porém
po r "e se" (com o o fa z NEB : "e se minha vida no corpo pu de r servir a algum
pro pós ito bom ?"). J. B. Lightfoot (ad loc.) prop õe esta última construç ão porque
"pare ce adequar-se ao contexto bem abrupto, apresentando menos dificuldades
do que as traduções aceitas em geral".
Fruto para a minha obra é a tradução do grego karpos ergou, "fruto
(colheita) do trabalho " (cf. "fruto de jus tiça " no v. 11). A referên cia aqui se faz
ao resultado (especialmente na vida dos convertidos de Paulo, e de outros
crentes , seus companheiros) do ministéri o que o apóstol o já havia desenvol vido
ou iria desenvolver.
Não sei é tradução do gr. ou gnorizo. Paulo (e outros escritores do
N T), usa m es te verb o transi tivãm ente (" fa zer conhecid o") e nã o in tr an-
sitivãmente ("saber"); é melhor tomar a ocorrência aqui como não sendo
uma exceção à regra e traduzir, como a RSV e NEB, "não sei di zer" (no
sentido de "não posso tornar conhecido").
1:23 / A única outra passagem em que Paulo usa synecho ("constranger)",
"reter") é 2 Coríntios 5:14, "o amor de Cristo nos constra nge (synec hei hem as)"
(NIV: "O amor de Crist o nos compele").
Tendo desejo: ( epit hym ia). J.-F. Collange (ad loc.) argumenta que desde que
epit hym ia tem sentido pejorativo quase que em todas as passagens paulinas,
assim deveria ser traduzido aqui, também, como "desejo egoísta," que Paulo
menciona
esse desejoapenas para condená-lo.
( epithimia Entretant
) é mau ou bom, sendoo,muito
só o contexto
provável pode determinar
que possamos tê-lose
aqui no bom sentido, como em 1 Tessalonicenses 2:17, onde denota o grande
anseio de Paulo e seus companheiros de verem os crentes tessalonicenses outra
vez.
Partir: gr. analysai, pode si gnif ic ar um na vio re colh endo a ân co ra ,
ou um exército levantando acampamento.
Estar com Cristo, imediatamente após morrer, é a implicação de Paulo.
Contra este pensamento O. Cullmann nega que o NT apóie a "idéia de que os
mortos estejam vivendo antes da época d a volta e, assim, gozando já o fruto do
cumprimento final das cois as" ( The Early C hurch p. 165). E poss ível que esses
crentes que, quando morreram, e stavam com Cristo, ainda estejam esperando a
ressurreição, como Paulo enfatiza (cf. 3:21); entretanto, esse autor não faz
justiça suficien te a Paulo. O apó stolo e ncurta o hiato entre a m orte e a r ess urrei-
136 (Filipenses 3:15-1)
ção em 2 Coríntios 5:1-10. Veja A. Schweitzer, The M ysti cism ofP au l th e
A p o s tl e , pp. 90 -100 ,109-13; L. S. T homton, Ch ris t and the Church pp. 137-40;
F. F. Bruce, P a u l: A p o s t l e o f th e F r e e S p ir itpp.
, 309-13.
O que é muito melhor: É tremenda a diferença entre a atitude de Paulo e a
expressão de petulânc ia de Jonas: "melhor me é morrer do que viver" (Jonas
4:3, 8). G. M. Lee ("Filipenses I 22-3," N o v T 12 [1970], p. 361) critica a
observação de Libãnio (OrationM. 29) dizendo que, em certos casos de depres
são de espírito "é melhor partir (desta vid a) do que viver" ( kreitton apelthein e
z e r i) , contudo, a não ser pelo comparativo kreitton (cf. a expressão de Paulo
p o l l o m a ll o n k r e is s o n )as duas passagens nada têm em comum. J. B. Lightfoot
(ad loc.) refere-se à pergunta levantada por Eurípedes, e mencionada com muita
freqüência (fragmento 639), ti s oiden ei to zen m en esti katthanein/to katt hanein
de zen (" Quem sabe se a vida é morte e a morte, vida?") e observa que a "sublime
conjectu ra [do poeta] ... que foi recebida com ridicularização ignóbil pelos
poeta s côm icos, tom ou -se verdade incontestável em Cristo" — entretanto, a
conexão, se existente, é fraca.
1:24 / Perm anecer na carne: tradução literal de epimenein [en j te s arki , em
que o artigo pode voltar a en sarki no v. 22, "viver na carne". Para Paulo,
perm ane cer ou viver en te sarki, no corpo mortal, é coisa muito diferente de
viver kata sarka, "de acordo com a carne"; ele faz um contraste entre as duas
expressões em 2 Coríntios 10:3. Viver ou agir kata sarka é viver de acordo com
os padrões da humanidade não regenerada. J. B. Lightfoot (ad loc.), aceitando
a omissão de e n (com Aleph A C, etc.), sugere a tradução "habitar na carne",
isto é, "prender-se à presente vida, assumi-la com todas as suas inconveniên
cias." É tradução um tanto torcida.
1:25 / Sei que ficarei, e permanecerei com todos vós: gr. meno kai
p a r a m e n o em que meno é absoluto , enquanto p a r a m e n o é relativo de todos
vós, sendo o dativo p a s i n h y m in governa do pelo prefixo p a r a .
O vosso progresso e gozo na fé: a frase na fé (gr. genitivo tes pisteos
qualifica tanto progresso quanto gozo. Gozo (quer seja o substantivo chara
quer sej a o verbo chairein é tema dominante nesta carta — o gozo dos filipenses
(como aqui; cf. 2:28, 29; 3:1; 4:4), o gozo de Paulo (cf. versíc ulo s 4, 18; 2:2;
4:1, 10), o gozo dele s e de Paulo, jun tam en te (cf. 2:17, 18).
1:26/... pela m inha presença de novo convosco: o substantivo p a r o u s i a
é usado aqui no sentido não técnico de "visita" (como em 2:12; cf. também
1 Coríntios 16:17; 2 Coríntios 7: 6, 7; 10:10). Não é usado nesta carta com
referência ao advento de Cristo; de fato, as únicas cartas paulinas em que
a palavra é emp regada com referê ncia a Cri sto s ão: 1 Coríntios (15:23),
1 Tessalo nicense s (2: 19; 3:13 ; 4:15; 5:23) e 2 Te ssalon icense s (2:1, 8).
8. Perseverança no Sofrimento (Filipenses 1 :27 -30 )
estimulou mediante
era prova da a convicção
genuinidade da fé. de que o sofrimento por amor de Cristo
de sua carreira
Timóteo , quando
4:7). Vós disse quediz
vos lembrais, havia combatido
Paulo, "o bom
na verdade, de combate" (2
que eu sofri
encarceramento em vossa própria cidade; agora, sofro prisão nesta
cidade; aqui em Roma, como em Filipos, sou prisioneiro por amor de
Cristo. Estou tendo o m esmo com bate que já em mim vistes e agora
ouvis que é meu. Ouço agora que vós t amb ém lut ais da mesma forma;
é o mesmo combate para vós e para mim . P art ilhais m eu m in is té rio nã o
apenas mediante vosso t estemunho no evangelho, m as t amb ém m ediante
vossa perseverança na aflição, na causa do evangelho.
N ão sa bem os qu al te ri a sido a fo rm a exata da pers eguiç ão so fr id a
pelo s cr is tã os filipense s. Pau lo nã o pre cis ava e n tr a re m m in úcia s qu e os
filipenses conheciam muito bem. O importante era o espírito com que
eles aceitavam a perseguição.
68 (Filip enses F. 27-30)
Notas Adicionais 8
1:27 / Deveis portar-vos: gr. p o l i t e u e s t h e (imperativo), "vivei como cida
dãos", daí (de modo mais genérico) "vivei como membros da comunidade." Tal
verbo seria prontamente compreendido pelos residentes de uma colônia romana.
Policarpo o usa ao escrever à igreja filipen se de seus dias (5: 2): "se vivermos
como cidadãos [ p o l it e u s o m e t h a ]de maneira digna dele " (K. Lake traduz assim:
"se form os cidadãos dig nos da comun idade dele"). Ocorre em apenas mais uma
passagem no NT — At os 23:1 (ao relata r ao Sinédrio: "Irm ãos, até o dia de hoje
tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência", Paulo pode talvez
estar pensando em sua vida como participante do povo de Israel). Cf. o
substantivo p o l i t e u m a em Filipenses 3:20, com exposição e nota ad loc. Veja
R. R. B rew er," The M e m i n g o fp o l i t e u e s t h e inFilipenses 1:27," J B L 73 (1954),
pp. 76-83.
Dignamente [a«'os] conforme o evangelho de Cristo: quanto ao advérbio
axios com p o l i t e u e s t h a i , cf. Policarpo (To the Phili ppian s 5:2) citado na nota
anterior. E usado com p e r i p a te in ("rogo-vos que andeis") em Efésios 4:1
("como é digno da vocação com que foste s chamados"); Colossenses 1:10
("andar dignamen te diante d o Senhor") ; 1 Tessalonicenses 2:12 ("andásseis de
um modo digno de Deus").
Ouça acerca de vós: gr. akouo, "ouvir." W. Schmithals ( P a u l a n d th e
Gnostics, p. 69) tira a infe rência disto que Pau lo deve ter ouv ido que nem tudo
estava bem na igreja de Filipos, com respeito à harmonia e comportamento
digno, e faz comparação c om o "ouço" de 1 Coríntios 11:1 8 (cf. 1 Coríntios
1:11). Todavia, não há comparação entre akouo aqui (presente do subjuntivo
num período de propósito) e akouo aqui (presente do indicativo). Paulo havia
ouvido recentemente (de Epafrodito) a respeito da igreja filipense; todavia, ele
tinha boas razões para esperar que o que ele viesse a ver com seus próprios olhos
(se lhes pudesse fazer uma visita) ou ouvir com seus próprios ouvidos (embora
de longe) enchê-lo-ia de satisfação.
Em um mesmo espírito: (gr. en heni pneu m ati. ) Não é adm issível que a
referênc ia aqui seja ao Espírito de Deus (cf. 1 Coríntios 12:13; Efésios 4:4), em
vista da frase paralela com o mesmo ânimo (gr. m iapsyché) . O verbo estais
firmes se repete (no imperativo) em 4:1, e combatendo em 4:3. Paulo gosta de
descrever o testemunho evangélico usando termos militares e atléticos.
Pela fé do evangelho: gr. tep istei t ou euangeliou, que J. B. Lightfoot traduz
"em harmonia com a fé do evangelho," tomando o dativo como sendo regido
pelo prefixo s y n em syimthlountes (combatendo) e entendendo pela fé como
objeto direto, equivalente a "o ensino do evangelho", mas esta é uma interpre
tação improvável. M. Dibelius toma a sentença como significando "a fé que é
o evangelho." Com toda probabilidade, significa que é a resposta de fé ao
evangelho ( tou euangeliou seria, então, genitivo objetivo) ou a resposta de fé
que o evangelho exorta os ouvintes a dar ( tou euangeliou) sendo, neste caso,
(Filipenses 1:27-30) 69
genitivo subjetivo) — não há praticamente nenhuma diferença entre ambas as
interpretações.
1:28 / sem serdes intimidados: gr. m ept yromenoi . O verbo ocorre somente
aqui na Bíblia grega. Encontra-se quase sempre na forma passiva e, à parte seu
uso para cavalos assustados, significa "deixar-se intimidar."
Isso...é sinal: lit., "o que é prova" (gr. hetis estin...endeixis.) Quanto a
endeixis cf. Romanos 3:25, 26; 2 Coríntios 8:24; entretanto, o paralelo mais
aproximado quanto ao sentido, nesta ocorrência, é endeigma em 2 Tessaloni
censes 1:5 (em que a referên cia também é a perseverança do cristão em face da
pe rseguiçã o, com o p rova do socorro vin douro para este, ejul ga m en to vin douro
para seus persegu idores). Não fica ime dia tam ente claro qual é o antecedente do
pronom e rela tivo hetis (que concor da em gênero e número com endeixis.) ECA
considera que os filipenses é que não devem intimidar-se; G. B. Caird (ad loc.)
acha que se refe re à "unidade inabalável da igreja em face da persegu ição ". Estas
duas sugestõede
dos filipenses s não
não sãoserem
mutuamente exclusivas
intimidados deveria ;constituir
a recusa corajosa e unificadaaos
uma mensagem
adversários.
E isso da parte de Deus: gr. kai touto apo theou, "e isso vem de Deus." A
que se refere "isso"? À prova (endeixis), assim diz J. B. Lightfoot: "é indicação
direta da parte de Deus." Talvez haja razão (como també m quanto a G. B. Caird).
1:29 / Pois vos foi concedido: gr. hymin echaristhe — como ato de graç a
(charis). Quanto a outr o exemplo do ve rbo charizesthai veja 2:9, quanto a Deus
haver concedido a Cristo o nome que é sobre todos os nomes.
Por amor de Cristo: tradução literal de to h yper Christ ou, em que o artigo
to antecipa suas duas ocorrências seguintes, antes dos infinitivos p is te u e in ,
"crer" epaschein, "sofrer."
1:30/ o mesmo combate, gr. ton auton agona. Em 1 Tessa loni cense s 2:2
Paulo e seus companheiros falam de sua pr egação do evangelho em Tessal ônica
enpo ll o agoni, "no meio de grande combate." Consultem-se V. C. Pfitzner, Paul
an d t he Ag on M oti f: Trad it ional Ath leti c Im agery in the Pauline L it erature,
N o v T S u p ló ; também E. Güttgemanns, D e r le id e n d e A p o s t e i u n d s e in H e r r .
9. Convite para Con side raçõ es Mútuas
(Filipenses 2:1-5)
2:4 / atente... para o que é dos outros, isto é, ter interesse em proteger
os interesses alh eios faz parte dos alicerce s da ética cr istã. "Leva i as
cargas uns dos outros," exorta Paulo em outra carta, "e assim cumprireis
a lei de Cristo" (Gálatas 6:2) — lei que Cristo não apenas estabeleceu,
mas exem plificou em s i mesmo. O ass unto é explorado ma is amplam ente
em Romanos 15:1-3: "Mas, nós que somos fortes, devemos suportar as
(Filipenses 2:12-13) 93
fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de
nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Pois, também
Cristo não agradou a si mesmo." O exemplo de Cristo é sempre o
argumento supremo de Paulo na exortação étic a, principalmente quando
trata do interesse altruísta pelo bem -estar d o próximo. Se o exem plo de
Cristo deve ser seguido, é melhor, então, manter maior interesse pelos
direitos dos outros e pelos nossos deveres, do que cuidar principalmente
de nossos direitos e dos deveres dos outros. Quando alguns membros da
igreja coríntia firmaram o propósito de defender seus interesses pessoais
com tanta avidez que recorreram ajuizes pagãos para receberem indeni
zações da parte de seus irmãos cristãos, Paulo lhes disse que preferir
sofrer injustiças sem ficar preocupado com reparações legais, e sem
envolver o nome de Cristo num litígio público, é trilhar o caminho do
Senhor (1 Coríntios 6:7).
pess oa de Cristo.
A ECA analisa "em Cristo Jesus" desta última maneira; e assim
também o faz a versão KJV ("Que este desígnio esteja em vós, como
estava também em Cristo Jesus"). O sentido especial paulino de "em
Cristo Jesus" foi preferido pelos tradutores de NEB: "Que vosso proce
dimento uns para com os outros derive de vossa vida em Cristo Jesus."
As palavras que se seguem, que celebram o auto-esvaziamento e
auto-humilhação de Cristo, ao tornar-se homem e consentir em suportar
a morte por crucificação, sugere com muita força que seu exemplo neste
sentido deve ser seguido pelos seus discípulos. A vida comunitária dos
seguidores de Cristo — "vida em Cristo Jesus" — deveria ser marcada
pela s qualidades qu e fo ra m vis ta s n a pess oa de C risto; entr et an to , a f ra se
"em Cristo Jesus" neste contexto refere-se ao que foi detectado no
92
(Filipenses 2:12-13)
Senhor, de modo pessoal, em vez de na vida comunitária dos discípulos
(que aqui se exprime na frase "em vós"). Portanto, o verbo faltante, na
tradução de "que... também em Cristo Jesus" é "houve", isto é, que "foi
visto."
Notas Adicionais 9
2:1 / As quatro orações deste versículo são condicionais, sendo cada uma
delas iniciada com a conjunção ei("sd'); a oração principal de todas as quatro
é o período imperativo completai o meu gozo do v. 2.
Portanto, se há algum conforto em Cristo: lit., "se há algum consolo (gr.
pa raklesis ) em Cristo. " NIV toma a frase em Cristo em seu sentido incorpora-
tivo, a vida comum dos cristãos. A frase cobre os quatro períodos deste
versículo. Por estarem em Cristo (unidos a ele) recebem conforto, consolação,
comunhão no Espírito e entranháveis afetos e compaixões. A conjunção ei
("se") implica a inexistência de qualquer dúvida quanto à realidade destas
bên ção s, quer n a mente de Paulo, que r na experiênc ia dos filipen ses: pod eria
ser traduzido assim: "Tão certo quanto..."
J. B. Lightfoot (ad loc.) acha que paraklesis aqui significa "exortação" e
pa ramythion (ECA: consolação), "incentivo." Esta distinção é tênue demais.
As duas palavras são quase sinônimas; quando Paulo usa a segunda (ou seu
verbo cognato paramytheistha i) ela vem sempre associada com a primeira (ou
com seu cognato, o verbo parak aleirí), talv ez com o objetivo de enfatizar a idéia
de conforto. Cf. a associação de ambas em 1 Coríntios 14: 3; 1 Tessalonice nses
2 : 11 .
Todavia, estas
a form a de traduções
Deus, comonão esgotamCristo
acontecia, as possibilidades.
não considerava"Existindo sob
essa igualdade
com Deus como um harpagmos" — eis a força literal das palavras. E ste
substantivo é derivado de um verbo que significa "agarrar subitamente"
ou "apoderar-se". Não existe a questão de Cristo tentar arrebatar, ou
apoderar-se da igualdade com Deus: ele é i gual a Deus, porque o fato de
ele ser igual a Deus não é usurpação; Cristo é Deus em sua natureza.
Tampouco existe a questão de Cristo tentar reter essa igualdade pela
força. A questão fundam ental é, antes, que Crist o não usou sua igualdade
com Deus como desculpa para auto-afirmação, ou autopromoção; ao
contrário, ele a usou como ocasião para renunciar a todas as vantagens
ou privilégios que a divindade lhe proporcionava, como oportunidade
para auto -e m pobre ci m ento e auto -s ac ri fí ci o se m re se rv as .
Vários comentaristas têm visto um contraste, aqui, com a história de
Adão: Cristo gozava de verdadeira igualdade com Deus, m as recusou-se
a auferir quaisquer vantagens dessa igualdade, ao tornar-se homem,
enquanto Adão, criado homem, à imagem de Deus, tentou arrebatar para
si uma falsa e ilusória igualdade com Deus. Cristo alcançou senhorio
universal mediante sua renúncia, enquanto Adão perdeu seu senhorio
mediante o roubo do fruto proibido. Todavia, não há certeza se este
contraste estava na m ente do autor ou não .
Co lossen ses 3:1. A expressã o deriva de Salmo 110: 1, em que o rei Davi
recebe convite em oráculo para partilhar o trono de Iavé, sentando-se à
sua direita. De acordo com Marcos 14:62 e textos paralelos, Jesus em seu
ju lg am en to dia nte do su m o sa ce rd ote e seus com pan heir o s dis se -l hes qu e
ainda haveriam de ver "o Filho do homem assentado à direita do Todo-
po d ero so ," as sim o cu pan do, co m o se di ria, a po si ção de m aio r honra no
universo, e sobre o universo.
Ao ressuscitar a Jesus, Deus lhe deu um nome que é sobre todo o
nome. Provavelmente se trata da designação "Senhor", em seu sentido
mais sublime. No AT grego esta palavra ( kyrios ) é usada de modo
especial, além dos usos e significados normais, para representar o nome
pes so al do D eu s de Is ra el. E st e no m e pess oal, em ge ral re pre se n ta do po r
92 (Filipenses 2:12-13)
Iavé, chegou a ser considerado sumamente sagrado, de modo que não
poderi a ser p ro nuncia do em vo z alt a; por isso , qu an do as E scr it ura s er am
lidas em público, Iavé era substituído por outra palavra, com muita
freqü ência por uma palavra q ue significa "Senhor". (Em ECA e na
ma ioria da s versões em português, " SENH OR" é grafado com seis let ras
maiúsculas, quando se aplica ao inefável nome de Iavé.) Este é, pois, o
nome que Deus atribuiu a Jesus — raríssima honra, a mais rara, à vista
de sua própria afirmação em Isaías 42:8, "Eu sou o Senhor, este é o meu
nome!" (querendo dizer: meu, e de mais ninguém).
Outra perspectiva é que "Jesus" tornou-se o nome que é sobre todo
o nome, como se o nome que uma vez foi inscrito numa cruz se
transformasse em nome sublime, excelso, no céu. Mas, o nome aqui
comentado é o que ele recebeu em conseqüência de sua humilhação e
morte; o nome "Jesus" lhe pert enceu desde o nascimento. Porém , o nome
de Jesus agora tem o valor de "Senhor"; por decreto de Deus, tornou-se
"o nome elevado, acima de tudo / no inferno, na terra e céus" — com
estas palavras, Carlos Wesley reproduz em ordem contrária a divisão
tríplice do universo, do versículo 10: nos céus, na terra e debaixo da
terra.
2:10 / Em Isaías 45:23 o Deus de Israel, que já havia d eclarado que
não partilharia seu nom e nem sua glória co m outrem , jur a so lenem ente
por su a pró pri a vi da , "d ia nt e de mim se dob ra rá to do jo elh o , e por m im
ju ra rá to da língu a. " A qu i, em F il ip en se s, o te xt o se re pet e m as , ag or a
para que ao nom e de Jesus se dobre todo joelh o. Há paralelos desta
pass ag em em outras porç õe s do N T : em Jo ão 5:22 , 23 o Pa i fa z do F ilho
ju iz un iv er sa l "p ar a que to dos honre m o Filho, co m o honra m o Pa i," e
na visão do céu no Apocalipse 5:6-14, os seres celestiais ao redor do
trono de Deus prostram-se perante o Cordeiro vitorioso, quando este
surge, e entoam o cântico de celebração da dignidade do Cordeiro, que
também passa a ser entoado por toda a cri ação. Pode ser também que, n o
encontro com a igreja, a primeira menção ao nome de Jesus será feita
com palavras de homenagem — joelho s dobrando-se em honra ao
Cordeiro, e a confissão de seu senhorio. Assim, a congregação refletirá
na ter ra a adoração contínua apresentada nos céus. Todavia, fica expressa
a confiança em que esta adoração está destinada a espalhar-se ainda mais
— que até m es m o aq ue le s qu e na ép oc a pre se nt e se re cusa m a r e co nh e
cer, por ação ou palavra, o senhorio de Cristo, um dia haverão de
(Filipenses 2:12-13) 93
pres ta r- lh e es se re co nheci m en to . N ão ex iste qual qu er d úvi da no NT en tre
o senhorio de Cristo, na igreja, e seu senhorio sobre o universo.
N a fr ase "p ar a qu e ao nom e de Je su s" (t ra duz id a lite ra lm en te na AS V
e outras versões) evidencia-se a força exata da preposição (gr. eri).
Ado ração é oração são ap resentadas a Deus, o Pai, no nome de Jesus (ou
mediante Jesus) porque ele é o caminho para o Pai, o único "Mediador
entre Deus e os hom ens" (1 T imóteo 2:5) . M as não é is so que o apóstolo
quer dizer aqui. O sentido é transmitido mais adequadamente na tradu
ção: "para que ao nome de Jesus" (como aparece em ECA, NIV, KJV,
RS V, JB, NEB , NAS B) ou "em honra ao nome de Jesus" (GNB). O poder
do nome de Jesus, diante do qual moléstias e demônios fugiam, durante
seu ministério terreno, aumentou muito com a exaltação dada por Deus:
"Anjos e homens diante dele sucumbem / Demônios fogem e somem."
É assim que Carlos Wesley identifica (em ordem contrária) os habitantes
do "inferno, terra e céus." Não apenas seres humanos, é o que o texto diz,
mas anjos e demônios, em alegre espontaneidade ou temor relutante,
reconhecem a soberania do crucificado — nos céus, na terra e debaixo
da terra. Mas que se entende, precisamente, por debaixo da terra? Esta
frase pode denotar o reino onde "se pensava que os mortos continuavam
a existir" (G NB, nota marginal); pode significa r també m a habitação dos
maus espíritos, ou dos anjos desobedientes: "aos anjos que não guarda
ram o seu principado" (posição de autoridade) "ele os tem reservado em
pri sõ es et er nas , na esc ur id ão, pa ra o ju íz o do gra nde dia" (J ud as 6). Po de
ser relevan te relemb rar como a legião de demôn ios expu lsos do jove m
gadareno "rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo" (Lucas
8:31).
Talvez não seja tão importante pesquisar com muita minúcia se essa
referência diz respeito a seres humanos mortos, a demônios, ou a ambos
os grupos. É possível que a linguagem usada tenha a intenção de
expressar a universalidade da homenagem prestada a Jesus. Noutra
pas sa gem Paulo ex pr im e a id éi a de ss a u niv ers alid ad e em te rm o s de cé us
e terra (sem mencionar debaixo da terra), quando diz (Colossenses
1:16-20) que em Cristo "foram criadas todas as coisas que há nos céus e
na terra, visíveis e invisíveis" (incluindo expressamente "tronos... domi
nações... principados... potestades" espirituais) e também que através de
Cristo, Deus reconciliou "consigo mesmo todas as coisas, tanto as que
estão na terra como as que estão nos céus" (talvez com a inclusã o
92
(Filipenses 2:12-13)
implícita dos poderes espirituais). Podemos comparar este texto com o
Salmo 48, onde a universalidade do louvor a Deus se expressa em
minúcias.
Sem sombra de dúvidas é isto que Paulo afirma: nada existe em toda
a criação, agora, que não esteja "sujeito ao poder e soberania de Cristo,
nosso Redentor" (é com base nestas palavras que o simbolismo do globo
terrestre dominado pela cruz é explicado no culto de coroação inglês).
Quanto aos mortos, o rei Ezequias poderia achar que estariam excluídos
do privilégio de louvar a Deus (Isaías 38:18); todavia, a obra de Cristo
transformou tudo isso: nas próprias palavras de Paulo, "Cristo morreu e
tornou a viver, para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos"
(Romanos 14:9).
2:11 / Todos quantos se ajoelham a fim de honrar o nome de Jesus
confessam assim que Cristo Jesus é o Senhor. Aquele que assumiu "a
form a de servo" foi exaltado por Deus a fim de ser Senhor de todos , de
mod • v ue toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor. A
salvação, diz Paulo, é assegurada a todos que o confessarem: "Se com a
tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que
De us o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Rom anos 10:9);
"ninguém", afirma Paulo noutra passagem, "pode dizer: Jesus é o Se
nhor! senão pelo Espírito Santo" (1 Coríntios 12:3).
"Jesus (Cristo) é o Senhor" é a quintessênc ia do credo cristão, no qual
a palavra "Senhor" recebe o mais augusto sentido. Quando os cristãos de
gerações posteriores se recusaram a dizer "César é o Senhor," recusa
ram-se porque sabiam que tais palavras não constituíam mera cortesia
requerida pelo título: era um título que dava o direito a César de receber
honras divinas e, neste sentido, não podiam atribuí-las a mais ninguém
senão a Jesus. Pa ra eles havia "um só Deus, o Pai.. . e um só Senho r, Jesus
Cristo" (1 Coríntios 8:6). No AT grego, lido pelos cristãos gentios, Iavé
era designado por theos ("Deus") ou (na maior parte das vezes) por kyrios
("Senhor"); reservava-se theos normalmente para Deus, o Pai, e kyrios
para Jesu s.
Quando se prestam honras assim ao Jesus humilhado e exaltado, a
glória de Deus Pai não é diminuída mas aumentada. Quando o Filho é
honrado, o Pai é glorificado; porque ninguém consegue lançar sobre o
Filho maiores honrarias do que as que o próprio Pai lhe concedeu.
93
(Filipenses 2:12-13)
Notas Adicionais 10
O pioneir o na apres entaçã o da tese de qu e os w . 6-11 formam uma com po
sição independente, que Paulo incorporou em sua argumentação, foi E. Lohme-
yer, na prime ira edição de seu come ntário sobre Filipenses (KEK, 1928) e em
sua monografia K y r i o s J e s u s : E in e U n t e r s u c h u n g z u P h i l 2 , 5 - 1 Ojulgamento
1.
predom inan te quanto à autoria é que esse texto foi comp osto po r outra pessoa,
e não por Paulo (v eja R. P. Martin, Carmen Christ i pp. 42-62). To davia, a autoria
pa ulina tem sido defend ida po rM . Dib elius (ad lo c.), W. Michaelis (ad loc.), E.
F. Scott (ad loc.), L. Cerfa ux, "L'hy mn e au Christ — Serviteur de Dieu (Phil .
2, 6-11; Is a. 52, 13-53, 12)," pp. 425-37; J. M. Fu mes s, "The Authorsh ip of
Philippians ii. 6-11," E x p T I O (1958-59), pp. 240-43. F. W. Beare (adloc.) vê
aqui, "não um louvor 'pré-paulino', mas um louvor composto em círculos
paulino s, sob influência de Pau lo, mas introduzindo certos te ma s na proc lama
ção da vitória de Cristo que são elementos elaborados independentemente de
Paulo."
Lohmeyer ( K y r i o s J e s u s , p. 9) argum enta que houve um original aramaico
desta invocação; quanto às tentativas de retroversões aramaicas veja P. P.
Lev ertoff ( reproduzidas em W. K. L. Clarkc. N e w T e s t a m e n t P r o b l e m sp. 148);
R. P. Martin, Carmen Christi pp. 40, 41; P. Grelot, "Deux notes critique s sur
Philipp iens 2, 6-11," pp. 185, 186. Não há necessid ade de defe nde r-se um
srcinal aramaico; o texto grego não é tradução. Por outro lado, as retroversões
aramaicas exibem, sem torcer o texto, estrutura e ri tmo apropri ados.
O. Hofius ( D e r C h r is tu s h y m n u s P h i l i p p e r2, 6-11, p. 8) argumenta com
ba sta nte pe rsuasã o que a composição segu e o padrão dos salmo s do AT que
reiteram os atos salvíficos de Iavé, mediante confissão e agradecimentos.
2:6 / que, sendo em forma de Deus: gr. hos en morphe theou hyparchon
("que, sendo já em form a de Deus"). Quanto ao prono me relativo h o s assim
usado aqui, para introduzir uma invocação ou confissão cristológica, cf. Colos-
senses 1:15, hos estin eikon tou theou tou aoratou ("Ele é a imagem do Deus
invisível"); 1 Timóteo 3:16, hos ephan erot he en sarki ("aquele que s e manife s
tou em carne") . O substantivo morphe "impli ca não nos acidentes e xternos mas
nos atributos essenciais" (J. B. Lightfoot, ad loc.); possui um conteúdo mais
substancial do que homoioma, na última frase do v. 7 ou schema na primeira
frase do v. 8. O verbo hyparchein "denota 'exist ência anterior'" (Lightfoot, ad
loc.).
Há disputa em tomo do significado de harpagmos. De acordo com a an alogia
de formações com -mos, deveria significar o ato de agarrar ou arreb atar harpa-
z e in . Esta é a interpretaç ão da KJV: "não considerou um roubo o se r igual a
D eu s"— tradução que apoia a versão de Tyndale, de 1526, indo além da Vul gata
non rapinam arbitrat us est . Todavia, há uma tradição forte favorecendo o
tratamento de harpagmos como se fora sinônimo de harpagma — isto é, (de
acordo com a analogia de tais formações em -ma, algo agarrado, ou a ser
92 (Filipenses 2:12-13)
agarrado. Assim é que J. B. Lightfo ot oferece a seguinte paráfrase: "Cristo,
embora existindo desde antes do universo sob a forma de Deus, não considerou
sua igualdade com Deus como se fora um prêmio, um tesouro que deveria ser
avidamente agarrado e ostensivamente exibido; ao contrário, Cristo abriu mão
das glórias dos céus" — acrescentan do: "esta é a interpretação comum , na
verdade, a mais universal entre os pais gregos, que teriam a mais viva sensibi
lidade quanto aos circunlóquios da língua" (Philippians. pp. 134,135).
Que o neutro harpagma poderia ter este sentido é certo: Plutarco (O n
A l e x a n d e r s F o r t u n e o r V ir tu e1.8.330d) afirma que Alexandre, o Grande, não
tratou de sua conquista da Ásia hosper harpagma, "como um prêmio" a ser
explorado para seu gozo ou vantagem pessoais, mas como um meio de estabe
lecer a civilização universal sob uma lei (cf. A. A. T. Ehrhardt, "Jesus Christ
and Alexander the Great," em The Fra m ework ofthe N ew Testament Stor ie s,
pp. 37-43).poderia
Filipenses, Todavia, se expresso
ter sido este fosse o sentido
facilmente objetivad o nesta
mediante passagpalavra
harpagma, em de
muitíssimo fam iliar — que ocor re dezessete veze s na LXX, enquanto harpag-
m o s ocorre apenas uma única vez, aqui, na Bíblia grega, e mui raramente na
literatura grega.
C. F. D. Moule ("Further Reflexions on Philippians 2:5-11," em W. W.
Gasque e R . P. Martin, eds.,Apostol ic History and t he G ospe lp. 272), apresenta
um poderoso argumento no sentido de manter-se a força ativa própria de
harpagmos-, "O ponto central da passagem é que, ao invés de imaginar que a
igualdade com Deus significaria obter algo, Jesus, ao contrário, — deu-a —
deu-se, até 'esvaziar-se'... ele considerou a igualdade com Deus não como
p l e r o s i s mas como kenosis, não como harpagmos mas, como desgaste total —
até à morte."
Quanto à opinião de que Paulo objetiva, aqui, um contraste entre Cristo e
Adão, consultem-se O. Cullmann, The Ch ristology of the New Testament, pp.
174-81; R. P. Martin, Carmen Christi, pp. 161 -64 (M artin faz r ecuar esta opinião
até G. Estius em 1631). D. H. Wallace ("A Note on morphe") argumenta contra
essa opinião, dizendo que o morphe theou do v. 6 (como se toma evidente de
morphe doulou do v. 7 é diferente da igualdade com Deus concedida a Adão e
Eva em Gênesis 3:5. (O AT grego não usa morphe mas eikon ao referir-se à
"imagem" de Deus com que Adão foi criado.) Outra opinião sustenta que o
contraste objetivado é entre Cristo e Lúcifer, pois este tentou ser "semelhante
ao Altíssimo" (Isaías 14:14); à bibliografia referen te a esta opinião, indicada em
R. P. Martin, Carm en Christ i, pp. 157-61, acrescente-se E. K. Simpson, Words
Worth in the G reekN ew Testament (Londres: Tyndale Press, 1946), pp. 20-23.
2:7 / mas a si mesmo se esvaziou: gr. heauton ekenosen (tradução literal).
O uso do verbo grego aqui atribuiu o nome de kenosis a uma teoria cristológica
que já foi popula r (a teoria "cinótica") que, n a verdade, nada tem que ver co m
o significado da presente passagem. Consulte-se E. R. Fairweather, "The
'Kenotic' Christology," nota anexa a F. W. Beare, P h il ip p i a n s , pp. 159-74.
W. Warren em "On heauton ekenosen ," sugere que estas duas palavras gregas
(Filipenses 2:12-13) 93
pod eriam ser equiv ale nte s ao hebraic o heerah .. . nafsho (Isaías 53:12), "ele
expôs sua vida" (KJV: "ele derramou sua alma"). Esta sugestão foi elaborada
na suposição de que a frase interveniente lammaweth ("até à morte") do texto
hebraico faz eco no gr. mech ri thanat ou ("tão longe quanto a morte") no v. 8
abaixo, de modo que a si mesmo se esvaziou... até à morte poderia ser
considerado praticamente como tradução variante de "derramou sua vida na
morte" (Isaías 53:12). Consultem-se H. W. Robinson, "The Cross ofthe Ser-
vant" (1926), em The Cross in the O ld Test am ent (Londres: SCM Press, 1955),
pp. 104,1 05 ; C. H. Dodd, A c c o r d i n g to th e S c r ip tu r e s p.
, 93; J. Jerem ias, "Zur
Gedankenfü hrung in den paulinischen Briefen," em S tu d ia P a u li n a in h o n o r e m
J. de Zwaan ed. J. N. Seven ster e W. C. van Unni k, p. 154 com n2 3; A. M.
Hunter, P a u l a n d h is P r e d e c e s s o r s ,pp. 43,44. Esta sup osição co ntribu i para o
argumento de que a invocação cristã é uma interpretação do quarto cântico do
Servo (Isaías 52:13 — 53:12); permanece esta suposição, talvez atraente, mas
destituída de prova.
Tomando a forma de servo: gr. morph en doul ou labon, em que labon é o
particíp io aor isto sim ultâ neo ("ele se esva zio u a si mesm o ao tom ar..."). Com o
ocorre no v. 6, morphe significa "não apenas a semelhança externa ... mas os
atributos que o caracterizam" (J. B. Lightfoot, ad loc.). C. F. D. Moule salienta
a importância da palavra doulos ("escravo") neste contexto: "escravidão, na
sociedade da época, singificava o ponto extremo no que concerne à pri vação de
direitos ... Pressionada pela conclusão lógica, a escravidão negaria à pessoa
todos os seus direitos — até mesmo o direito à vida, o direito de ser pessoa"
("FurtherReflections," p. 268).
Fazendo-se semelhante aos homens: gr. en hom oiomati ant hropon geno-
menos, onde g e n o m e n o s pro vavelmen te sig nifica "nascido" (com o em Gálatas
4:4 g e n o m e n o n e k g y n a ik o s"nascido de mulhe r"); cf. Rom anos 1:3, "que nasceu
(genomenon) da descendência de Davi"; João 8:58, "antes que Abraão nascesse
g e n e s th a i, 'eu sou'"; e quanto ao sentido geral, Sabedoria 7:1-6, onde Salomão
insiste (genomenos,)
nasci em que ele veio ao mundo
comecei com oo qualqu
a respirar er outro ser humano: "quando eu
ar comum."
E, achado na forma de homem: gr. schem ati heurethei s hos anthropos, onde
schema, sem sugerir que a humanidade de Cristo era apenas aparente, pode
indicar que h avia nele mais do que mera humanidade (Crist o continuou a possuir
a "natureza de Deus"). Não existe qualquer ênfase na idéia de encontrar-se em
heuretheis (particípio passivo aoristo de heuriskein)-, o passivo de heuriskeiné
usado aqui mais como se trouve re m francês (cf. 3:9; Hebreus 11:5). Com h o s
anthropos compare Daniel 7:13 (Theodósio), hos hyios anthropou (" o que
p a r e c i a u m s e r h u m a n o " ). L ig h tf o o t ( a d lo c .) c o m p ara-o com T e s ta m e n t o f
Z e b u lu n 9:8, "você verá Deus à semelhança do homem" (e n schema ti anthro
p o u ) — mas isto surge de uma revisão cristã da obra, e poderia depender da
redação deste louvor a Cristo.
2:8 / humilhou-se a si mesmo, sendo obediente: gr. etapeinosen heauton
g e n o m e n o s h y p e k o o s ,"ele se humilhou ao tomar-se obediente" (como labon no
92 (Filipenses 2:12-13)
v. 1, g e n o m e n o s é simultaneamente particípio aoristo). Enquanto W. F. Beare
(ad loc .) vê aqui uma provável referência à "subm issão ao poder dos Espíritos
Elementares" (os stoicheia, inexist e qu aisquer paralelos de tal pensamento no s
escritos do NT) . Cristo penetrou na esfera da vida humana que era dominada
po r aqu elas forças , mas em vez de ele se lhe s sub meter, ela s é que se lhe
subme teram (Colosse nses 2:15). Se A. J . Band stra estiver certo em toma r a lei
como sendo uma dessas forças (T he Law an d the Elements ofthe W orld pp.
60ss.), poder-se-ia concluir, então, que Cristo, por ter nascido sob a lei (Gálatas
4:4), de alguma forma se lhe submeteu; mas, em Gálatas 4:3, 9, é o legalismo,
e não a lei como revelação da vontade de Deus (à qual [vontade] Crist o prestou
obediência com total alegria e liberdade), que se encontra entre stoicheia.
Tampouco foi à morte que Cristo pr estou obediência (como se poderia deduzir,
pela redação de KJV); foi à vontad e do Pai que ele prestou o bediê ncia até c hegar
à morte.
A frase até à morte, e morte de cruz constitui o climax da primeira parte
do louvor. Não se trata de adendo posterior, que objetivasse cristianizar a
composição; ela integra o sentido e ritmicamente forma uma coda para a
prime ira parte, assim como a fra se para glória de Deus Pai forma uma coda
pa ra a segunda parte (cf. O. H ofius, D e r C h r is tu s h y m n u s ,pp. 3-17).
Morte de cruz, nas palavras de Cícero, "a mais cruel e abominável forma de
punição" ( Verri ne O rations 5.64);" a própri a palavra 'cr uz', disse ele, "deveria ser
estranha não somente ao corpo de um cidadão romano, mas a seus pensamentos,
seus olhos , seus ouvidos" ( Oration in Defen se oJC . Ra birius, 16). Veja M. Hen gel,
Crucifixion.
2:9 1 Deus o exaltou soberanamente: gr. ho theos auton hyperypsosen,
"Deus altamente o exaltou." O verbo simples é usado no começo do quarto
cântico de Isaías (Isaías 52:13): "será engrandec ido, e elevado" ( hypsothesetai ).
Todas as fontes de testemunho do NT concorrem para celebrar a exaltação de
Jesus: "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28:18); "Jesus,
sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos toda s as coisas" (João 13:3);
Cristo é retratado como "feito mais sublime do que os céus" (Hebreus 7:26);
"havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potestades" (1 Pedro
3:22); "Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riqueza, e
sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor" (Apocalipse 5:12).
C. F. D. Moule ("FurtherReflexions," p. 270) propõe o seguinte: "a despeito
de todo o peso das opiniões contrárias," entend er o nome que é sobre todo o
nome como sendo "o nome de 'Jesus', não o título 'Senhor'... Deus, na
encarnação, atribuiu a Quem está em igualdade um nome terreal que, em vista
de acompanhar o auto-esvaziamento mais parecido com o do próprio Deus, veio
a tomar-se, na verdade, o mais exaltado de todos os nomes, porque o trabalho
e a auto- entrega são em si mesmos os mais elevados atributos divin os." Veja-se
também J. Barr, "The Word Became Flesh: The Incamation in the New
Testament," I n te r p 10 (1956), pp. 16-23, especialm ente p. 22.
2:10 / para que ao n ome de Jesus: "quando o nome de Jesus é pronunciado"
(Filipenses 2:12-13) 93
(C. F. D. Moule, I B N T G p . 78; cf. "Further Reflexions," p. 270, onde o autor
liga a tradução à identificação de "Jesus" como o nome que é sobre todo o
nome).
Nos céus, na terra e debaixo da terra: gr. epouran ion kai epi geion kai
katachthonion, três substantivos no genitivo plural , provave lmente para serem
entendidos como sendo do gênero masculino (ou neutro), visto que são seres
inteligent es que prestam hom enagem laudatór ia e fazem confissão. Todavia, W.
Carr (Angels a nd P rincipali ti es, pp. 86-89) diz o seguinte: "é razo avelmente
certo que os três substantivos sejam do gênero neutro, em vez de masculino,"
visto que a referência aplica-se "não tanto aos seres que habitam as três regiões,
mas à noção abrangente da un iversalidade do louvor a Deus ."
Há uma passagem paralela notável (que na verdade poderia depender desta
passagem de Filipe nse s) em Inácio, To the Trallians 9:1, onde se afirma, em
seqüência de credo, que Jesus Cristo "verdadeiramente foi crucificado, e mor
reu, à vista dos que habitam os céus, a terra e debaixo da terra" ( bleponton to n
epouranion kai epigeion kai hypochthonion). Também aqui os substantivos
parec em ser do gên ero m asc ulino, visto que as pes soa s viram a paixão de Cristo.
E possível que Carr tenha razão em pensar que Inácio, ao usar esses três
substantivos, referia-se de modo abrangente a "todo o universo habitado";
todavia, esse universo é de seres inteligentes.
F. W. Beare ( ad loc.) argumenta que a referê ncia a todos os três substan tivos
"se faz com certeza a espíritos — astrais, terrestres e demo níac os." Não há razões
plausív eis para limitarmos assim a referência aos seres intelig entes, e mais
enfaticamen te nenhuma razão para a declar ação adicional de que a proclam ação
do v. 11 nã o é "uma con fissão de fé em Jesus por parte da igreja, mas a
aclamação dos espíritos que rodeiam o trono de Cristo." Trata-se de ambas as
coisas.
2:11 / Cristo Jesus é o Senhor: gr. kyrios Iesous Christos. Cf. Atos 10:36,
"Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)."
Para glória de Deus Pai: é a coda para a segunda parte do louvor e também
para o louvor to do ("até à m orte, e m orte de cru z", é a coda da prime ira parte).
Deus foi glorificado na humilhação de Cristo, tanto quanto é glorificado em sua
exaltação.
11. Exortação à Fidelidade (Filipe nses 2: 12 -1 3)
Notas Adicionais 11
2:12 O apóstolo, à semelhança do sha liah entre os judeus, era um mensageiro
devidamente credenciado; enquanto permanecesse obediente às condições de
sua comissão, o apóstolo exercia a autoridade da pessoa que o havia enviado:
"o shaliah de um homem é como esse homem em pessoa" (Talmude Babilôn ico,
tractate Berakot3 4b). Consulte-se C. K. Barrett, " Shalia h and Apostl e, " em E.
92 (Filipenses 2:12-13)
B a m m e l, C . K . B a r r e t t, e W. D . D a v ie s , e d s ., D o n u m G e n ti li c iupp.
88-102. m,
Na minha presença ... na minha ausência. No tex to gre go estas fras es
vêm ligadas a assim também efetuai, como demonstra o m e negativo,
prec ed en te, que é ne ga tivo adequado ao im perativ o katergazesthe, e não ao
indicativo hypekousate (obedecestes): efetuai não apenas na minha pre
sença (parousia, como em 1:26), mas muito mais agora na minha ausência
(iapousia , somente aqui, em todo o NT). A partícula traduzida por "assim
como" h o s que precede na minha presença é omitida em B e em outros
fragmentos; essa partícula "coloca ênfase no sentimento, ou no motivo do
agente" (J. B. Lightfoot, ad loc.) — "como se minha presença vos motivas
se." F. W. Beare (ad loc.) pensa que, no contexto geral, o contraste entre
"presença" e "ausência" significa "durante minha vida" e "depois de minha
morte"; tal implicação está embutida nas palavras de Paulo, mas o sentido
do texto não precisa restringir-se a isso apenas.
A vossa salvação: gr. ten heauton soterian ("vossa própria salvação"), estando
o pronome reflexivo da terceira pessoa estendido de modo a abranger a segunda
pessoa. Q uanto ao sentido corporativo de salvação aqui, veja J. H. Michael, "Work
outyourown Salvation," E x p o s i to r , série 9, 12 (1924), pp. 439-50.
Com temor e tremor: gr. meta phob ou kai tr omou, parelha favorita do
vocabulário de Paulo, segundo parece, referindo-se a diversos tipos de temor.
Em 1 Coríntios 2 :3 é empregada quanto às dúvidas com que Paulo aproximo u-se
pela primeira vez de Corinto, tendo sido expulso de uma cid ade macedônica
após outra; em 2 Coríntios 7:15 é usada com referência ao tremor com que os
crentes coríntios saudaram a Tito, o enviado de Paulo, tão logo foram repreen
didos pela severa carta do apóstolo; em Efésios 6:5 é usada quanto ao sentido
de reverência e dever a respeito de Cristo, que deveria motivar os escravos
cristãos a obedecerem a seus senhores pagãos.
Não há apoio no texto, nem no contexto, para a opinião de W. Schmithals
(Paul and the G nostic s, p. 98) que Paulo aqui está advertindo seus leitores contra
a falsa segu rança daqueles que crêem que já alcançaram a perfeição (veja-se
mais na discussão de 3:12-14).
2:13 / que opera em vós: gr. energein (duas vezes neste versículo), é um
verbo usado com freqüência por Paulo, referindo-se à eficácia do poder de Deus
(cf. o substantivo cognato energeia, "poder", em 3:21).
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade : gr. hyp er t es eudokias,
"para o bom prazer." Não está escrito expressamente "bom prazer" de quem,
mas certamente é de Deus (visto que Deus é o sujeito da oração). O substantivo
eudokia foi usado em 1:15 para referir -se à "boa mente" ("genuína boa von ta
de") com que algumas pessoas pregam o evangelho em Roma, porém o sentido
aqui é um tanto diferente (a despeito dos que acham que hyp er tes eudokiassig-
nifica "promover boa vontade"). Cf. Lucas 2:14, em que en anthropois eudokias
não significa "entre homens de boa vontade" mas "entre seres humanos que são
objetos da boa vontade de Deus" (propósito salvífico; cf. NIV). (Uma frase
hebraica semelhante, " filhos de sua/tua boa vont ade" ( bene resono/resoneka,
(Filipenses 2:12-13) 93
ocorre na literatura Qumran (1QH 4.32, 33; 11.9), referind o-se "m ais nat ura l
mente à vontade de Deus em conferir graça àqueles a quem ele escolheu, mais
do que o fato de deleitar-se e a provar a bond ade nas vidas dos hom ens" (E. Vogt,
'"Peace among Men of God's Good Pleasure' Lk. 2:14," em The ScrolLs and
the New Testament, ed. K. Stendahl, p. 117).
12. Esper ança de Paulo Quanto aos Filip enses
(Filipenses 2:14-16)
bp en
araefíc
os iooutdoross.quAe nã
ig ore ja
sãotesó
m cios
sido. cham ada de cl ub e qu e ex is te para o
No mundo: tradução literal do grego kosmos. Esta palavra foi usada
em João 3:19 e 12:46, onde Jesus fala sobre ter vindo "ao mundo como
luz" (cf. também 1:9; 8:12; 9:5).
Notas Adicionais 12
2:14 / W. Schmithals acha que a advertência contra murmurações e conten
das só é inteligível com referência à "dissensão trazida à comunidade pelos
falsos mestres" {Paul and the Gnostics, p. 74). Todavia, é fácil pensar numa
grande variedade de outras causas que poderiam levar a murmurações, queixu-
mes e discussões. Comparem-se também as exortações de 4:1-3, 8-9.
2:15 / Há uma espantosa sim ilaridade entre para que sejais (hina genesthe)...
filhos de Deus e as palavras do serm ão do monte: "para que sejais (hopos
(Filipenses 2:12-13) 93
filhos do vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:45). A palavra
g e n e s th e )
traduzida por irrepreensíveis aqui, em ECA é o gr. amorna, "sem mancha" (cf.
Efésio s 1:4; 5:27; C olossenses 1:22, etc.), usada na LXX em especial para
referir-se aos animais sacrificiais. Veja abaixo.
Uma geração corrompida e perversa: Gr. g e n e a s s k o l ia s k a i d ie s tr a m m e -
nes, de Deuteronômio 32:5, que assim descreve a geração do deserto. Os
israelitas daquela geração são ainda descritos, no mesmo versículo, como tekna
mometa, "filhos.. . mancha", ou "filhos manchados"; há um contraste deliberado
aqui entre tekna. .. amorn a, "fi lh os não man chad os (inculpá veis). " Veja acima.
Entre a qual resplandeceis como astros no mundo: visto que o verbo está
na voz mediana, ou passiva, (phainesthe, não na ativa p h a in e te , que pode muito
bem sig nific ar "vós resplandeceis," "vós dis trib uis a luz ," alguns têm argumen
tado (entre eles por exemplo E. Lohmeyer, ad loc.), que o texto significa "vós
apareceis como luzeiros no mundo." Contudo, a voz passiva também fica
2:18 / Paulo havia dito antes que esperava ser libertado e, assim,
aum entar-lhes o "progresso e gozo na fé" (1: 25). C ontudo, os filipense s
devem regozijar-se da mesma forma, se as coisas saírem de modo
diferente. Seja qual for o resultado do julga m ento , trará honra a o nome
de Cristo (1:20), o que constituiria motivo para que os filipenses se
regozijassem , ainda que tal honra sobrev iesse me diante a morte de Paulo,
e não pela sua libertação e sobrevivência. E por isso, diz Paulo,
vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo.
2:19 / Espero no Senhor Jesus, em que "no Senhor Jesus" pode ter
a mesma força "incorporativa" de frases semelhantes com a preposição
"em", noutras passagens de Paulo (cf . 1:14,26). Paulo e Tim óteo, como
com panheiros cristãos, partilham a ressurreição de Cri sto. Seus planos e
esperanças formam-se à luz de sua união com Cristo; quase se poderia
dizer que "o Senh or J esus" constitui a esfera dentr o da qual Paulo e seus
companheiros agem e pensam (cf. v. 24, "confio no Senhor").
Paulo espera, então, enviar-lhes Timóteo em breve — nã o im edia ta
mente, parece, mas quando o provável resultado de seu processo ficasse
mais claro (cf. v. 23). Se é certo que seus amigos filipenses ficariam
contentes em receber notícias suas, Paulo estava ansioso por receber
notícias deles, e ficaria mais animado ao recebê-las. As notícias que
Paulo aguardava o deixariam cheio de confiança em que continuavam
unidos de coração e de propósito, capazes de repelir as ameaças contra
a fé e contr a a vida em C rist o, não impo rtando quais fossem elas. Em bora
o futuro fosse ince rto, Paulo esperava não só ser poupado , m as viver um a
vida suficientemente longa para que Timóteo realizasse a viagem até
Filipos e voltasse até ele com notícias.
Com freqüência Timóteo era enviado por Paulo como mensageiro;
esta missão não deve, necessariamente, ser identificada com aquela
mencionada noutra pas sagem. Ele enviou Timóteo a Tessalônica, partin
do de Atenas (1 Tessalonicenses 3:1-5) e a Corinto, partindo de Efeso (1
Co ríntios 4:17; 16:10, 11). Esta últim a missão pode ria coin cidir com
aquela mencionada em Atos 19:22, em que Paulo enviou Timóteo e
Erasto à Macedônia, partindo de Efeso. Os que afirmam que Filipenses
foi enviada de Efeso precisam identificar a presente missão com a que
está mencionada em A tos 19:22; todavia, não há o meno r indí cio em Atos
de que Paul o n essa época esti vesse sob custódia, ou aguard ando a decis ão
final de um julgamento.
(Filipenses 2:17-19a)
É mais segur o inferir q ue Timóteo havia-se unido a Paulo em R oma,
e que ficara d isponível outra vez, para ser enviado a um a ou outra cidade,
como mensageiro do apóstolo.
2:21 / Até mesmo entre os crentes com quem Paulo mantinha contato,
na época em que escreveu estas linhas, havia muitos que colocavam seus
interesses acima e antes dos interesses alheios, ou estavam muito preo
cupados, buscando mais o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.
Alguns de fato estavam em Roma, na época, pregando o evangelho "por
amor" (1:16); entretanto, de todos quantos estavam disponíveis perante
Paulo, nenhum era tão destituído de egoísmo como Timóteo. Para
Timóteo, como para Paulo, a causa de Cristo Jesus envolvia o bem -estar
de seu povo.
2:22 / Mas bem sabeis: Timóteo havia feito parte do grupo que
chegara de início a Filipos, com o evangelho. Nessa cidade, bem como
em outras, o jove m demonstrou seu valor como auxiliar d o apóstol o.
O próprio Paulo tinha razões espec iais para aprec iar a natureza altruís
ta de Timóteo. As qualidades que recomendavam Timóteo perante Paulo,
como sendo companheiro adequado e representante confiável de seu
ministério apostólico, eram qualidades que poderiam muito bem ter
elevado esse jove m a posi ções pessoais vantajosas, houvesse ele decidi do
102 (Filipenses 2:19-24)
pô-l as no in te re ss e de su a pró pri a ca rr ei ra . Nós só podem os te nta r
imaginar quais seriam as ambições que Timóteo poderia ter começado a
alimentar, em sua própria mente, quando Paulo o visitou em seu lar, em
Listra, e o persuadiu a tornar-se seu auxiliar e cooperador. Um ou dois
anos antes, Paulo ficara desapontado com outro jov em , João M arcos, de
Jerusalém, que se despedira do apóstolo e de Barnabé, no meio de uma
viagem missionária, e voltara para casa (Atos 13:13; 15:38). Timóteo
era, de igual modo, um jov em talentoso, mas P aulo discerniu nele a
pro m es sa de es ta bil id ad e m ai or , e o ap óst ol o nã o fi cou de sa ponta do. E
pos sí vel qu e T im óte o te nha sido ca tiva do em par te pe lo m agne ti sm o do
poder os o es pí rito de am iz ad e de Pa ulo: ai nd a as si m , o fa to de Tim óte o
deixar seu lar e abandonar outras perspectivas a fim de partilhar as
incertezas e os perigos do modo de vida de Paulo não foi um mero ato
insignificante de autonegação. Paulo deu grande valor à devoção de
alguém a quem ele descreveu como "meu filho amado e fiel no Senhor"
(1 Coríntios 4:17). Todo e qualquer serviço que um filho po deria prestar
a seu pai, Timóteo prestou a Paulo; todo o afeto que um pai poderia
dedicar a um filho, P aulo dedicou a Timóteo, o jov em que serviu comigo
no evangelho. "Ele me serve como se fora um escravo," diz Paulo (esta
é a tradução literal do grego, aqui) — não um escravo de Paulo, n atural
m ente , ma s de Cristo (cf. 1:1).
2:23 / Tão logo Paulo fique a par de sua sentença (logo que tenha
visto a minha situação), enviará Timóteo em visita aos filipenses. O
resultado do processo provavelmente seria conhecido um pouco antes de
a sentença ser pronunciada.
2:24 / Paulo tem bastante confiança quanto ao resultado, pois diz:
confio no Senhor. Acha que em breve estará em liberdade, podendo ir
visitá-l os. A frase no Senhor tem a mesma força de "no Senhor Jesus",
do v. 19. N ão te m os m ei os de sa ber se a esp er an ça confia nte de Pa ul o,
quanto a rever os filipenses em breve, se r ealizou ou não.
Notas Adicionais 14
2:19 / As designações "plano de viagem" e "parousia apostólica" foram
sugeridas para a seção de Filipenses 2:19-30 po r R. W. Funk — a primeira em
L a ti g u a g e , H e r m e n e u t i c a n d W o r d o f G o, dpp. 264-74, e a última em "The
Apostolic P a r o u s i a : Form and Significance," em W. R. Farme r, C. F. D. Moule,
eR. R. Niebuhr, eds., Christi an H ist ory atui Interpretat ion: Studies Presen ted
(Filipenses 2:19-24) 103
to John K , pp. 249-68. Nos w . 19-24 aparecem três caracterí sticas da
nox
"parousia apostóli ca": (a) envio de um emissário com nome, credenciais e
pro pósitos; (b) be ne fíc ios usufru ídos po r Paulo pelo env io do em issário; (c)
anúncio de u ma v isita pess oal.
Espero no Senhor Jesus (gr. en kyri o lesou): veja-se a nota adicional
sobre 1:14.
2:20 / Timóteo é descrito aqui como isopsychos "igual na alma" (cf. a
exortação no v . 2 aos filipenses, para que sejam sympsychoi, "juntos na alma").
No Salm o 55 (LX X 54): 13 o "meu igual" e "me u íntimo am igo" corresponde
a isopsychos , como tradução do hebraico keerki "meu igual" (lit., "de acordo
com minha apreciação"). Erasmo para fraseia esta passagem ass im: "Eu o
enviarei como o meu alter ego G. B. Caird (ad loc.) afirma que há muito que
dizer a respeito de tomar-se isopsychos como significando "bem d e acordo com
vossa
que(dos filipenses) cuide
sinceramente expectativa."
do vosso bem-estar: sem dúvida esta afirmativa é
verda deira, ma s o verbo está no futuro (gr. merimnesei, "cuidará") , referindo -se
à ajud a prática que Timóteo lhes porporcionará quando os visita r. O advérbio
sinceramente g n e s i o s nos faz lembrar de como Paulo usa o adjetivo corres
pondente e m 1 Tim óteo 1:2, onde Tim óteo é chamado d e "meu ve rda deiro filho
(gnesios, 'nascido de verdade ') na fé." "Timóteo é um fi lho legítimo, o únic o
representante autorizado do apóstolo" (J.-F. Collange, ad loc.)
2:21 / todos buscam o que é seu: (gr. h oip au tes . . . ta heauton zetousi n).
Nã o fic ou be m claro a que m se refere ess e "todos." Veja-se a opinião de R.
Jewett mencion ada na nota adicional sobre 1:17. En tretanto, seria necessário
uma porção excepcionalmente grande da devoção de Timóteo (tanto a Paulo
quanto aos filipenses) se alguém quisesse empreender, p or amor a Paulo, uma
viagem de quarenta dias a pé, até Fili pos, e mais qua renta dias para regres sar.
Veja-se G. B. Caird (ad loc.).
2:24 / Mas confio no Senhor: gr. p e p o i th a .. . en k y r io . Cf. o particípio
p e p o ith o s
pe esse versículo.em 1:6,14,25. Quanto a no Senhor cf. 1:14 e a nota adicional
rfeito
sobre
também eu mesmo em breve irei ter con vosco: de acordo com G. B. Caird,
"ele não teria tido muita confiança em sua liber tação, pois do contrário não teria
necessidade de enviar Timóteo" (ad loc.). E ntretanto, Paulo enviou a Timóteo
de Efeso a Co rinto, antes de sua própria ida (1 C oríntios 4:17, 19), quando não
havia iminência de motivo de força m aior que poderia impedi-lo de ir pessoal
mente, na devida ocasião.
15. Elogio a Epafrodito (Filipen ses 2: 25 -3 0)
Antes ainda de Timóteo partir, Paulo tem outro emissário pronto para
ir a Filipos. Epafrodito, emissário da igreja filipense em visita a Paulo,
deveria voltar imediatamente, sem esperar para saber como seria decidi
do o processo de Paulo.
levava a carta; podiam ver por si m esm os que agora ele esta va são e salvo.
Paulo se sentira consternado, na verdade, pelo fato de Epafrodito ter
corrido risco de morte, por causa de seu anseio de servi-lo em nome da
igreja de Filipos. Paulo teria tido tristeza sobre tristeza, houvesse o
moço falecido. Seu restabelecimento foi prova da misericórdia de Deus
par a co m E pafr odit o, m as fo i ta m bém pro va de m is er ic órd ia di vin a pa ra
com o próprio Paulo, na ótica do apóstolo.
po
quer você
ca us asede vo cê , e fi carã
recuperou. Alémo aldisso,
iv ia do
vous dar-lhe
ao ve reuma
m cocarta
m seque
us você
pró pri os ol ho s
lhes
entregará, em que digo como as coisas a meu respeito estão caminhando
e na qual lhes agradeço a oferta da parte deles, de que você foi p orta dor ."
O próprio Paulo ficaria muito mais aliviado ao pensar na alegria mútua
que Epafrodito e seus irmãos filipenses experimentariam quando se
vissem unidos o utra vez, em segurança. Em última análise, foi por causa
do amor deles por Paulo que tanto Epafrodito quanto os demais crentes
de Filipos se sentiam angustiados, ansiosos, e o amor de Paulo por eles
fê-lo aliviar essa aflição o quanto antes. Assim, Paulo haveria de sentir
menos tristeza por te r sido a ca us a in vol untá ria da an gús tia deles .
2:2 9/E ntão, pros segue Pau lo, recebei-o no Senhor com todo o gozo.
Esta não é a única ocasião em que Paulo solicita boas-vindas para um
emissário seu: de modo semelhante ele pede aos crentes romanos que
recebam Febe "no Senhor, como convém aos santos" (Romanos 16:2).
Entretanto, não é preciso apresentar Epafrodito aos crentes filipenses.
Ele é um deles e, com toda certeza, será recebido com todo o gozo ao
voltar — será recebido "no Senhor," como irmão, membro da comuni
dade de cr entes. A inda que parte de sua missão po r força maior houvesse
ficado po r cump rir, assim lhes pede Paulo: "apesar de tudo, recebei-o
bem: sou eu qu em o m an da de volta pa ra casa."
Pessoas como Epafrodito são as que são dignas de honra na igreja.
Paulo emprega o mesmo tipo de palavreado ao elogiar Estéfanas e sua
fam ília, perante os crentes corí ntios. Visto que el es se têm "dedicado ao
ministério dos santos," ele suplic a à i greja de Corint o: "que também vos
sujeiteis a estes, e a todo aquele que auxilia na obra e trabalha"; ao
(Filipenses 2:25-30) 107
mencionar alguns outros de mesmo caráter, o apóstolo acrescenta: "Re
conhecei aos tais" (1 Coríntios 16:15-18). Os filipensesjá tinham seus
"bispos e diáconos" (1:1); pelo seu trabalho sacrificial, altruísta, Epafro
dito se mostrara muito bem qualificado para pertencer a esse grupo.
Estas instruções de Paulo estão em perfeita harmonia com os ensinos
de Jesus, de acordo com quem as maiores honrarias, entre seus seguido
res, pertencem aos que prestam os serviços mais humildes (Marcos
10:42-45; Lucas 22:24-27; cf. João 13:13-15).
2:30 / Epafrodito (ao lado de outros que se parecem com ele) precisa
receber honra, repete Paulo, porque pela obra de Cristo chegou até
bem próximo da morte, não fazendo caso da vida. O moço deixou-se
Notas Adicionais 15
2:25 / R. W. Funk ("The Apostolic Parousia : Form and Significance," em
Farmer, Moule and Niebuhr, Christian History, p. 250) considera os w . 25-30
como estando ligados à "parousia apostólica" propria men te dita (vv. 19-24),
sendo uma passagem secundária porém relacionada . Os elementos que caracte
rizam um a "parousia apostólica" encontram- se nos w . 25-30, que s ão: (a) envio
108 (Filipenses 2:25-30)
de emissário com nome, credenciais e propósitos; (b) anseio do emissário em
ver aqueles a quem busca; (c) benefícios resultantes sobre a pessoa procurada,
mediante o envio do emissário; (d) benefícios resultantes a Paulo por haver
enviado um emissário.
Julguei, co ntudo, nece ssári o: gr. anankaion de hegesamen, onde hegesa-
m e n com toda probabilidade deve ser tomado como aoristo epistolar (i. é, a
pe rsp ectiv a de temp o é a de seus leitores, não a do redator). Cf. epempsa (v.
28 ).
Notas Adicionais 16
3:1 / Na obra The N ew Testament: an Am erican Translat ion, a primeira
oração é traduzida assim: "Agora, meus irmã os, até logo, e o Senhor esteja
convosco"; cf. Se
E. nhor
J. Goodspeed, P r o b l e m s o fM e w T e s ta m e n t T r a n s la ti o n ,
174, 175. "O esteja convo sco" é tradução exce ssivam ente livre de pp. en
kyrio, "no Senhor."
Quanto ao significado de quanto ao mais e a importância de as mesmas
coisas, veja-se (além dos comentários e introduções ao NT) W. Schmithals , P a u l
and the Gn ost ic s, pp. 71-74 ; ele trata de 3:2— 4:3 e 4 :8, 9 c omo sen do parte de
outra carta de Paulo, e argume nta contra a divisão do v. 1, de modo que rela ciona
sua segunda oração ao que se segue imediat amente, como tam bém sugerem R.
A. Lipsius, F. Haupt e P. Ewald (ad loc.).
e é segurança para vós: é tradução literal (gr. asphales). V. P. Fum ish ("The
Place and Purpose ofPhilippia ns iii," N T S 10 (1963-64), pp. 80-88) argumenta
que o adjetivo asphales (não encontrado em nenhum outro texto de Paulo)
significa aqui "específico" ou "confiável" (como em Atos 25:26) e (de modo
be m convincente) diz que "es crever as mesm as coisas" (t a auta graphein )
significa "dar as mesmas admoestações por escrito que Timóteo e Epafrodito
foram instruídos a dar-lhes oralmente" (e não, como aparece em ECA: escre
ver-vos as mesmas
As palavras coisas outra vez).
em oi men oukokn eron, hymin de asphales ("não aborrecido para
mim, e segur o para vós" ) podem bem formar um trímetro jâm bico (que Paulo
menciona, copiando de alguma fonte qualquer), ainda que um p urista objetaria
contra o corte no penúltimo pé espondaico, por violar "a lei do crítico final."
17. Advertência Contra os "Maus Obreiros"
(Filipenses 3:2-3)
3 :2 / Então, quem são esse s maus obreiros, os cães contra quem Paulo
adverte seus leitores, para que est ejam alertas ? E certo que se iden tificam
com os que praticam a falsa circuncisão (as três expressões denotam as
mesmas pessoas), sendo que estas últimas palavras nos dão a pista para
descobri-los. No srcinal há um único substantivo, usado por Paulo num
trocadilho depreciativo em torno de "circuncisão" (gr. p e r ito m e ), tra d u
z i d a e m te x t o s a n t i g o s p o r " c o n c is ã o " (g r. k a t a t o ).
m eAs vezes Paulo
usa a palavra "circuncisão" como substantivo coletivo, como quando
Pedro é chamado de apóstolo "da circuncisão" com o significado, como
N IV a trad uz : "p ar a os ju d eu s" (G álat as 2: 7- 9) . A qui, a pala vra "c onci
são" é usada d e modo semelhante, para indicar "os que mutilam a carne",
ou o "partido da mutilação", como diríamos.
Para Paulo, circuncisão era um termo sacro, aplicado não apenas no
seu sentido literal, mas também para a purificação e dedicação do
coração. H á um precedente disto no AT, em De uteronôm io 10:16 ("cir-
cuncidai, portanto, o vosso coração") e em Jeremias 4:4 ("circuncidai-
vos para o Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração"), em que a
ênfase é colocada na circuncisão do coração, que é o que Deus
realmente deseja. O conteporâneo mais velho de Paulo, Filo de Ale
xandria, concorda em que circuncisão significa "a remoção do prazer
e de todas as paixões e a destruição da glória ímpia," mas discorda
daqueles que acreditam que o rito externo pode ser descontinuado
desde que a lição espiritual seja praticada ( M i g r a t i o n o f A b r a h a m , 9 2 .)
Aqui, portanto, Paulo aplica àqueles que insistem no rito externo uma
p aró d ia deprecia ti va da pala v ra sa cra — p aró dia qu e li ga a cir cu ncis ão
literal àqueles cortes que os pagãos praticavam no corpo, e que eram
(Filipen ses 2:17 -5 7a) 99
p ro ib id o s p el a lei de Is ra el (L ev ític o s 19:2 8; 21 :5 ; D eute ro n ôm io 14:1;
cf. 1 Reis 18:28).
Entretanto, não é aosju deu s em geral que Paulo se refere aqui d e form a
tão fulminante, e t ampouco àquelesju deus crist ãos que ter iam continua
do a praticar a circuncisão em seus filhos, de acordo com a tradição
ancestral. As pessoas contra quem os gentios cristãos deveriam perma
necer em guarda, e a quem Paulo denuncia noutras passagens, usando o
mesmo tipo de palavreado contundente empregado aqui, são as que
visitavam as igrejas gentias e insisti am em que a circuncisão era condição
essencial , indispensável pa ra sere m justificados perante Deus. Tal insis
tência havia sido concebida como parte da campanha que visava levar os
conv ertidos gentios de Paulo sob o contr ole da igreja-mãe em Jerusalém.
E certo que Paulo fazia o máximo para enfatizar a independência de seus
convertidos: não estavam sob o jug o de Jerusalém. Todavia, a objeção
b ási ca de P aulo er a qu e a in si st ência na ci rc un cis ão dest ru ía o ev angelh o
que proclamava que a graça de Deus é que justific aju de us e genti os, de
modo igual, mediante a fé em Cristo, sem necessidade alguma da
circuncisão ne m de qualquer outra exigência legal . Os juda izan tes são,
então, os que "mutilam a carne", a falsa circuncisão — ou , "m u tila do-
res", como H. W. Montefiore adequadamente traduz este termo.
Ao chamá-los de maus obreiros, é possí vel que Paulo tenh a em m ente
os que praticam a iniqüidade" (NIV: "todos quantos praticam o mal,"
"vós todos que praticais o mal") que alguns dos salmistas usaram para
descre ver seus inimigos (cf. Salmos 5:5; 6: 8; etc.); ele s e refere à mesm a
classe de i ntrusos de 2 Coríntios 11:13, os "obreiros fraudule ntos". Na
mente do apóstolo, esses homens estavam executando a obra do diabo,
ao subverter a fé dos crentes gentios. Ao chamá-los de cães, é possível
que Paulo lhes estivesse devolvendo um termo injurioso com o qual
aqueles homens chamavam os gentios incircuncisos; seria termo bem
apropriado, ademais, se Paulo os estivesse retratando como perambulan-
do ao redor das igrejas gentias, tentando "abocanhar" prosélitos, ganhar
novos adeptos para seu modo de pensar e de viver.
N ão fic a im pl íc ito qu e es se s ho m ens já h av ia m -s e in fi ltra d o até o
âmago da com unidade crist ã fili pense. Todavia, com toda a pro babilida
de tentari am u sar a mesm a tát ica em Filipos que já haviam usado em
Corinto (cf. 2 Coríntios 11:4-6 ,12-15 ,20), pelo que os cristãos filipense s
são advertidos de antemão contra os tais.
132 (Filipenses 3:12-58)
3:3 / Pois a circuncisão somos nós, diz Paulo. (Eis outro exemplo de
"circuncisão" como substantivo coletivo). A verdadeira circuncisão, "a
circuncisão nâo feita por mâos ... a circuncisão de Cristo" (Colossenses
2:11), é questão de purificação e consagração interior. Os que podem
dizer: a circuncisão somos nós pre st am a Deu s dev oçã o ve rd adei ra , do
coração: nós, que servimos a Deus em Espírito. Este foi o ensino de
Jesus à mu lher sam aritana, à beira do poço: "Deus é Espírito, e importa
que os que o adoram, o adorem em espírito e verdade" (Joâo 4:24). Tais
pes so as dizem: nó s nos gloriamo s em Cristo Jes us — m ais litera lm en te :
nós "nos vangloriamos em Cristo Jesus"; o Senhor é o objeto da exultaçâo
dos crentes (nâo há necessidade de dar à frase "em Cristo Jesus" seu
sentido incorporativo.) Muitas vezes Paulo menciona as palavras de
Jerem ias 9:24 : "Aquele que se gloria, glorie-se n o Senhor" (1 Coríntios
1:31; 2 Corín tios 10:17). E possível que o apóstolo esteja alud indo a esse
mesmo texto aqui; para Paulo "o Senhor" é Cristo Jesus.
A carne daqui em diante deixa de ser importante. A circuncisão física
foi substituída pela circuncisão do coração, que se efetua "no espírito,
nâo na l etra " (Romanos 2:29 ). A palavra traduzida por carne (gr. sane)
é usada por Paulo não apenas em seu sentido comum mas também para
denotar a natureza humana nâo-regenerada e, às vezes, para incluir
pra tica m en te tu do (m en os D eu s), to da s as co isas na s qu ais as pe ss oa s
confiam, e por isso erram.
Notas Adicionais 17
3:5 / Paulo relaciona agora sete itens que, outrora, lhe teriam dado
confiança diante de Deus.
Circuncidado ao oitavo dia, como todo menino israelita deveria ser,
de acordo com os termos da aliança de Deus, celebrada com Abraão
(Gênesis 17: 12). P aulo era jud eu de nascimento, e não prosélito vindo
do paganismo, que era circuncidado à época da conversão.
Da linhagem de Israel. Havendo nascido no seio do povo escolhido
e admitido à comunidade da aliança mediante a circuncisão, Paulo
herdou todo s os privilé gios que pertenciam a essa comunidade — privi
légios que enumera em Romanos 9:4, 5.
(F ilipe nse s 2:17-6a) 99
Da tribo de Benjamim. É evidente que Paulo atri buía alguma impor
tância ao fato de ser membro desta tribo; ele o menciona também em
Ro ma nos 11:1. Be njam im foi o único filho de Jacó nascido na terra santa
(Gênesis 35:16-18). Quando a monarquia davídica se rompeu, após a
morte de Salomão, a tribo de Benjamim, situada na fronteira norte de
Judá, passou a fazer parte do reino do sul. Após o retorno do exílio
b ab il ó n ic o , houve asse n ta m ento s em Je ru sa lé m e no s te rr itó ri o s ad ja c en
tes, por mem bros da tribo de Be njam im (N eemias 11: 7-9 , 31-36). Foi
através de tais ancestrais que a família de Paulo teria traçado sua
ascendê ncia. Seus pai s ter-lhe-iam dado o nome de Saulo (cf. Atos 7:58;
13:9; etc.) em homenagem ao primeiro rei de Israel, o mais ilustre
membro da tribo de Benjamim, na história hebraica.
Hebreu de hebreus (hebreu, filho de pais hebreus). Isto implica em
algo mais do que ser "israelita de nascimento," como em 2 Coríntios
11:22, onde ele afirma, de seus adversários: "São hebreus? também eu.
São israelitas? também eu." "Hebreus" no sentido especial (como pro
vavelmen te em Atos 6: 1) eram os jude us que normalmente falavam
aramaico entre si, e freqüentavam sinagogas em que se celebrava o culto
em hebraico (bem diferentes dos helenistas, que só falavam o grego). De
acordo com Lucas, Paulo ouviu a voz celestial na estrada de Damasco
falando-lhe em hebraico (Atos 26:14), e o apóstolo pôde dirigir-se a uma
multidão hostil, num discurso de improviso, em hebraico (Atos 21:40;
22:2); em amb as as ocasiões, a palavra "hebraico" p oderia ter sido usada
no senti do de incluir o aramaico. D iferentem ente de mu itos jud eu s da
dispersão, parece-nos que a família de Paulo evitou tanto quanto lhe foi
poss ív el a ass im ilação da cu ltura do am bie nte de Tar so .
Segundo a lei, fariseu. A seita dos fariseus mantinha na consciência
a obrigatori edade de cum prir a lei juda ica em suas minúcias, em bora
todos os membros da comunidade da aliança também estivessem obri
gados a guardar a lei desse modo. Os fariseus, que aparecem pela
p ri m eir a vez na his tó ri a no se gund o sé cu lo a. C., pare cem te r sido os
herdeiros espir ituai s dos hassideus, um grupo piedoso que desemp enhou
importante papel na defesa de sua religião ancestral, quando Antíoco
Ep ifanes (175-164 a.C. ) se propôs aboli-la (c f. 1 M acabe us 2:42; 7:14;
2 Macabeus 14:6). Em épocas anteriores, esses grupos piedosos recebe
ram menção honro sa em M alaquias 3:16-4: 3; a devoção d eles à lei divina
é ilustra da no Salm o 119.
132 (Filipenses 3:12-60)
Notas Adicionais 18
3:4 / O pronom e que aparece duas vezes: Ainda que eu também poderia
confia r na carne. Se algum outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda
mais é enfático (gr. ego). Cf. a repetição "ainda que", "ainda mais" (gr.
kago=kai ego) de 2 Corín tios 11:22. W. S chmit hals acha que Paulo está
defendendo -se contra agnósticos que o julg am mero hom em carnal, a quem falta
o espírito cristão, não sendo, portanto, um apóstolo de Cristo, mas, quando
muito, um apósto lo de homens (Paul andthe Gnost ics, pp. 90,91). Nada existe
no texto que dê apoio a tal idéia. Paulo está, isto sim, defendendo-se contra os
ju da izan tes que ten tam dim inu ir-lhe o status, ob jetivando exa ltar a pró pria
autoridade pretensamente superior.
3:5 / da tribo de Benjamim. Eis uma das "coincidências não planejadas"
entre Atos e as cartas paulinas; só nestas é que lemos que Paulo pertencia à tribo
136 (Filipenses 3:15-61)
de Benjamim e só em Atos é que lemos que o nome deste jud eu é Saulo. Os
primitivos a utores cristã os traçaram a conexão entre o zelo perse guidor de Paulo
e as palavras acerca de Benjamim, na bênção de Jacó a seus filhos (Gênesis
49:27): "Benja mim é lobo que despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde
repartirá o despojo" (cf. Hipólito, On the Blessing ofJac ob, ad loc.; cf. A N F 5 ,
p. 168).
Hebreu de hebreus: quanto a hebreus e helenistas, veja-se C. F. D. Moule,
"Once More, Who Were the Hellenists?" E x p T I O (1958- 59), pp. 100-102; F.
F. Bruce, P a u l: A p o s t l e o ft h e F r e e S p i rpp.
i t 42,43.
Segundo a lei: (lit., "de acordo com a lei", gr. kata nomori). A omissão do
artigo definido antes de "lei" ê comum em Paulo; pode refletir a tendência
ju da ic a de tratar a palavra heb raica correspo ndente torah quase como um nome
própr io, não exigindo, portanto, o artigo, quando se trata da lei de Moisés.
"Fariseu"quanto
15.Fariseu: com tod aosafariseus, contulte-se
probabilidade Josefo, doW aramaico
é a tradução a r 2.162-66; A n t. 18.12-
p e r is h a y y a , e
do hebraico p e r u s h i m , "separados" (especialmente no sentido moral). Quanto
à palav ra he braica , cf. um com entário rabínico posterior, L e v i ti c u s R a b b a ,onde
a injunção: "Sede santos porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo" (Levítico
19:2) aparece amplificado: "Assim como eu sou sant o, vós também dev eis ser
santos; assim como eu sou separado, vós também deveis ser separados (perus
him). " Os fariseus eram escrupulosos de modo especial na observância às leis
juda icas sobre alimentação e as con cerne ntes ao dízimo. Davam o dízimo de
ervas do quintal e dizimavam os cereais, o vinho e as azeitonas (cf. Mateus
23:23; Lucas 11:42), e evitavam comer o alimento que ainda estivesse suje ito a
ser dizimado, a menos que tivessem certeza de que esse dízimo havia sido pago.
Consulte-se W. D. Davies, P a u l a n d R a b b in ic J u d a is m E. ; P. Sanders , P a u l a n d
P a le s t in ia n J u d a is m - ,eE. Rivkin , A H i d d e n R e v o lu ti o n .
3 :6 / Em Gálatas 1:14 Paulo chama a s i mesmo de zelote (gr . z e l o te s quanto
às tradições ancestrais; em A tos 22:3 ele afirma perante um auditório jud aic o
em Jerusalém que, antes de sua conversão, ele "era zeloso de Deus, como todos
vós hoje sois"; em Atos 21:20 os anciãos da igreja de Jerusalém dizem a Paulo
que todos os seus membros são zelotes, quanto à lei. Em nenhuma dessas
passag ens o sub stantivo é us ado no sentido de des ignar um parti do (como, por
exemplo, em Lucas 6:15; A tos 1:13, onde a palavra talvez tenha sentido
sectário) . O partido dos zelotes partilhava os princípio s dos fariseu s mas insistia
na adição de um prece ito: seria impermissível que jude us que morassem na ter ra
santa pagassem impostos a um governo pagão (semelhante ao governo romano).
19. Atual Código de Valores de Paulo
(Filipenses 3:7-11)
3:10 / Desejo conhecê-lo: mais uma vez Paulo declara qual é sua
ambição. Ele havia vivido com o conhecimento de Cristo por muitos
anos, mas veio a encontrar em Cristo uma plenitude inexaurível; sempre
havia mais de Cristo para conhecer. Tal conhecimento era de tal forma
uma questão de união interpessoal, que "conhecer a Cristo" significava
experimentar o poder de sua ressurreição. Se o amor de Deus fica
demonstrado de modo supremo na morte de Cristo (Romanos 5:8), o
poder de Deus fica demonstrado de modo supremo na ressurreição de
Cristo; e todos quantos estão unidos, pela fé, ao Cristo ressurreto,
poss uem es te poder, po is lh es fo i con fe ri do. "A su pre m a gr an de za do
seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do
seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos"
(Efésios 1:19,20); é o poder q ue, dentre outras coisas, capacita o crente
(Filipenses 3:12-14) 133
a desprezar os incentivos, as tentações próprias do pecado, e levar vida
de santidade agradável perante Deus.
Se, num certo plano, Paulo partilhou o poder do Cristo ressurreto,
noutro plano o apóstolo partilhou seus sofrimentos. Sofrer por Cristo,
como Paulo já dissera antes (1:29) , é um privilégio; além do mais, so frer
po r C risto é so fre r co m ele. "A s afl iç õ es de Crist o tr an sb o rd am par a
cono sco" (2 Coríntios 1:5), diz Paulo num a carta que, talvez mais do que
qualquer outra, revela-nos este aspecto do seu apostolado. Aos olhos de
Paulo, os sofrimentos que ele suportou por amor de Cristo, no decurso
de seu ministério apostólico, representavam sua parcela e participação
nos sofrimentos de Cristo, de modo que aceitá-los desta forma só fazia
transfigurá-los e glorificá-los. Era também esperança de Paulo que, ao
absorver tanto do sofrimento de Cristo quanto lhe fosse possível, em sua
pró pri a pess oa, p udess e "n a m in ha ca rn e" cum p ri r "o re st o da s afl iç ões
de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja" (Colossenses 1:24) e deixar
menos aflições a serem cumpridas pelos seus irmãos crentes. Assim, ele
esperava poder fazer alguma compensação pessoal pelo zelo com que
havia feito o povo de Cristo sofrer, em certa época, tendo assim perse
guido ao próprio Cristo (cf. Atos 9:4, 5). O apóstolo não está revelando
espírito de autopiedade ao falar assim: para ele era uma honra participar
da comunhão dos seus sofrimentos, e assim estreitar ainda mais os laços
que o prendem ao Senhor.
Conformando-me com ele (Cristo) na sua morte era, para Paulo, em
pa rte, au to -i d entifi cação co m o Cristo cru cif ic ad o e, em pa rte, um a
questão de experiência diária, uma antecipação da morte física que, com
toda probabilidade, lhe tomaria a forma de martírio por amor a Cristo
(como de fato ocorreu).
No qu e co ncer ne à au to -i dentifi caçã o co m Cri sto , a m orte co m o
Senhor ilustrada no batismo, logo no início da carreira cristã de Paulo
(Romanos 6:2-11), não foi brincadeira tipo "faz-de-conta"; ela exerceu
influência decisiva sobre o apóstolo a partir d e ent ão: "Estou crucificado
com Cristo, ejá não vivo, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:19, 20).
No qu e diz re sp eito à ex p eri ência diá ri a, P aul o podia dize r: "C ad a dia
morro... por Cristo Jesus nosso Senhor" (1 Coríntios 15:31). Ele podia
falar a respeito de "o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a
vida de Jesus se manifeste tamb ém em nossos c orpos" (2 Coríntios 4: 10).
Se Paulo tivesse, um dia, de enfrentar o carrasco por causa de Jesus, tal
132 (Filipenses 3:12-11)
Notas Adicionais 19
3:7 / considerei-o: gr. hegemai-, a referência não é particular, específica à
experiência da conversão do apóstol o, como de fato seria, fosse usado o tempo
aoristo hegesamen. (No v. 8 tenho também por perda é tradução do presente
hegoumai.)
A linguagem de Paulo aqui é diferente da adaptação da terminologia de
contabilidade, lucros e perdas, que de vez em quando se encontra noutras
passag ens . Cf. Aristó teles, N ic o m a c h e a n E th ic s 5.4.13, onde se afirma que a
ju st iça é a m édia entre lucros e pe rdas (nin guém gan ha mais nem me no s do que
merece); também P i r q e A b o t 2 1,
. onde o rabino Judah , o Príncip e (cerca de 200
d.C.) teria afirmado este prece ito: "Calcule-se a perda sofrida no cumprimento
de um mandamento, descontando-se o galardão auferido nesse ato de obediên
cia, e o lucro obtido na transgressão, descontando-se a perda envolvida nessa
desobediência."
3:8 / E, na verdade: gr. alia menounge kai ("sim, na verdade"). Gr. alia kai
é reforçado pela partícula composta (men, oune ge), que enfatiza o sentido
progressivo (cf. M. E. Thrall, G reekPa rti cles in t he New Test ament, pp. 15,16).
F. W. Beare (ad loc.) apresenta uma discussão interessante sobre conheci
mento de Cristo Jesus, meu Senhor. A linguagem de Paulo aqui não pode ser
explicada em termos de seu pano-de-fundo hebraico, nem de sua cultura
helenista, quanto a g n o s is : antes, o apóstolo produz "uma fusão nova, criativa,
de helenismo com hebraísmo, que redunda em síntese distintivamente cristã,
muito mais rica do que aqueles elementos culturais isolados, sendo, entretanto,
herdeira de ambos." Nesta síntese, é preciso acrescentar, o elemento mais
importante é o conhecimento pessoal de Cristo que Paulo já havia obtido; o
apóstolo expande seu significado no v. 10. Con sultem-se R. Bultman n, TDNT
vol. 1, pp. 689 -714 , s.v. "ginosko," "gnosis," etc.; J. D u p o n t, G n o s is : L a
connaissance reli gieuse dans les é pitres de saint Paul- , B. E. Gartner, "The
Pauline and Johannine Idea of 'to know God' against the Hellenistic Back-
ground," N T S 14 (1967-68), pp. 209-31.
Tenho também por perda todas as coisas: gr. tapanta ezemiothen (passi
va), literalmente, "sofri multa de tudo", "fui despojado de tudo que tenho," que
pode deixa r im plíc ita um a pen a pesada, ou que Paulo ten ha sido deser dad o po r
causa de sua fidelidad e a Cristo; pode implicar também que ele tenha renunc iado
a tudo, de boa vontade, por amor a Cristo.
3:9 / e seja achado nele: gr. hina... heuretho. Quanto ao uso da voz passiva
de heuriskein como forma suplente do verbo "ser" ou "tomar-se," cf. 2:7.
Consulte-se também E. D. Burton, The E pistle to the Ga latians, p. 125 (numa
nota sobre G álatas 2: 17). Se pergunta ssem a Paulo em que época ele esperava
132 (Filipenses 3:12-65)
ser achado em Cristo, a resposta poderia ser "no dia de Cristo"; mas, ele sabe
que só será achado em Cristo naquele dia se viver em Cristo hoje.
A ju st iç a que ve m de D eus é "o modo de Deus tomar as pessoas retas diante
dele mesmo" (Romanos 3:21) — um relacionamento justo com Deus, recebido
po r graça divina e não atingido pela lei. Recebemos a justiça que vem pela fé
em Cristo: gr. dia pist eos Chris tou, que ECA com certeza traduziu bem, ao
tratar Christou como genitivo objetivo, embora alguns desejem tratá-lo como
genitivo do sujeito, traduzindo-o assim: "mediante a fidelidade de Cristo" (cf.
Romanos 3:22, 26; Gálatas 2:16). Veja-se J. A. Ziesler, Th e M eaning of
R ig h te o u s n e s s in P a u l,F. F. Bruce, The Epistle to the G alati ans, pp. 138-40 (em
nota sobre Gálatas 2:16).
3:10 / Desejo conhecê-lo: gr. tou gnonai auton, "a fim de conhecê-lo," em
que o aoristo do infinitivo segue o precedente dos aoristos kerdeso (para que
possa ganhar) e heuretho ("para que possa ser achado") nos w. 8, 9. Paulo
está interessado aqui com o conhecimento de Cristo que se pode experimentar
nesta vida (como no v. 8, conhecim ento de Cristo Jesus, meu Senhor). É inútil
dizer que "Paulo sem dúvida tomou algo emprestado dos gnósticos, ao descrever
g n o s i s C h r is to u le s o ucomo sendo marca distintiva do cristão", quando se
concorda, de imediato, que o conteúdo dos w . 8-11 "é muit o diferente do
gnosticismo" desde que "Paulo não está descrevendo experiências individuais,
mas o caráter da existência cristã em geral" (R. Bultmann, TDNT, vol. 1, pp.
710,711, s. v. g in o s k o , g n o s i s ) .É possível, como diz W . Schmithals, que Paulo
aqui "lança o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo, lutando contra 'as
oposições da falsamente chamada ciência"' (Paul an d t he Gnostics ", p. 92), se
ficasse claro que Paulo tem em mente os proponentes deste g n o s is rival
(consultem-se as notas sobre os w . 18, 19, abaixo).
Quanto ao desejo de Paulo sobre usufru ir a comunhão dos seu s sofrimentos
(de Cristo), consultem-se B. M. Ahem, "TheFellowshipofHis Sufferings(Phil
3:13 / "Não, de modo nenhu m, diz Paulo, eu não consigo im aginar que
já te n h a ating id o a perfe iç ão , nem qu e te nh a cum pri do o p ro p ósito par a
o qual fui chamado ao serviço de Cristo; eis porque continuo minha luta."
Ele se refere a si mesmo como sendo um atleta numa corrida, que tem um
único objetivo em vista: terminar a corrida e ganhar o prêmio. Quem corre
numa competição não fica olhando para trás, por cima do ombro, a fim de
Notas Adicionais 20
3:12 / Não que já a tenha alcançado ( elabon ); o verbo é transitivo, mas o
objeto direto não vem expresso. Esse objeto direto é a ambição, que Paulo
declarou por extenso nos w . 8-11, o ganhar a Cristo final e completo, que não
se deve distinguir do prêmio de que ele falará a seguir.
Ou que seja perfeito: "tenha sido aperfeiçãoado" (tetel eiom ai). E possível
que Paulo esteja tomando emprestado algum termo das religiões místicas (cf.
4:12), nas quais a pessoa admitida às mais elevadas esferas era considerada
"perfeita"; entretanto, da forma como Paulo usa essa palavra, aqui, não existe
qualquer conotação de mistéri o. T ampouco está ele referindo-se ao seu martírio,
que se aproxima, embora Inácio (To t he Eph esians 3:1) use um term o sinônimo,
enquanto contempla sua provável exposição perante as bestas feras da arena:
"Aindaà não fui aperfeiçoado aperti smai
ma-se perspectiva do martírio, seja qual forem
a foJesus rma
Cristo,"
quediz
vierela tomar,
e; mas, confo
"desder
que eu possa ganhar epitycho a Jesus Cristo (T o t heRom ans 5:3). A perspectiva
de Paulo é mais sadia: a perfeiç ão que o apóstolo ainda não atingiu lhe pertencerá
quando chegar o momento de "partir e estar com Cristo" (1:23).
Antes de ou que seja perfeito os manuscrito s P , com Irineu (tradução
latin a) e Am brosiaster , insere m uma sente nça: "ou tenha já sido justifica do"
(dedikai om ai). Teria sido um uso não-paulino do verbo "jus tificar" : Paulo sabia
que ele, e todos os crentes em Cristo, já haviam sido "justificados pela fé"
(Romanos 5:1, etc; cf. v. 9 acima). Parece-se mais com o uso que Inácio faz
desse verbo. Falando das tribulações que sofrerá a caminho de Roma, Inácio
declar a: "Não sou justific ado por estas coi sas" ( dedikai om ai), implicando que
no fim é que serájustificado, quando houver sofrido a morte de mártir (To the
R o m a n s 5:1).
Mas prossigo: gr. dioko\ "eupersevero," "eu continuo."
(Filipenses 3:12-14) 133
Para alcançar aquilo para o que ... gr. ei kai katalabo, "se na verdade eu
pu de r a lcan çar aqu ilo..."; o uso de e i ("se") a fim de introduzir uma oração de
propósito é seme lha nte à do v. 11, "p ara v er se..."(g r. eipos). O antecedente de
aquilo para o que não vem expresso no srcinal, sendo provavelmente seme
lhante a al go como "propósit o", em linha com ep h ’ ho, "com vistas a."
Fui alcançado por Cristo Jesus: gr. katelemph then hypo C hrist ou les ou,
"fui agarrado por Cristo Jesus." O trad utor precis ou encontrar um verbo apro
priado a fim de expressar am bo s os sen tido s de katalam ban ein ( katalabo.. .
katelemphthen). Toma-se difícil melhorar a escolha feita por KJV, que traduziu
assim: "apreendido por Crist o Jesus". Quanto à importância da experiência de
Paulo de ter sido "apreendido por Cristo Jesus", em relação ao seu ministério
subseqüente, consultem-se J. Dupont, "The Conversion of Paul , and Its Influen-
ce on his Unders tanding of Salvatio nby Faith," em W. W. G asque e R . P. Martin,
eds., A p o s t o l i c H i s t o r y a n d th e G o s p e l,pp. 176-94; G. Bo mkamm, "The
Revelation ofand
Justification Christ to Paulation,"
Reconcili on theem
Damascus
R. Banks,Roaded.,
andR Paul's
e c o n cDoctrine
i li a t io n of
andH ope,
pp. 90- 103 ; S. Kim , The Origi n ofPau fsGo spel.
3:13 / Há um texto variant e: "não" (ou), para não (julgo que o tenha
alcançado) [ainda] (oupo ). Apesar de a idéia contida em "ainda não" contar
com aprovação antiga, geral, é mais provável que o texto srcinal tenha sido um
"não" simples.
3 :1 4/0 alvo ou skopos tinha essa designação porque o competidor mantinha
os olhos fixos nele ( skopein , "olhar "). O "chamado do alto" dirigido ao vencedor
vinha, nos jog os gregos, do agonothetes, e nos jog os pan-helenísticos (como os
de Olimpo), do hellenodikai.
21. Matu ridade Espiri tual (Filipenses 3: 15 -1 6)
Notas Adicionais 21
3:15/Perfeitos: gr. teleioi. W. LütgertfD/e Voll komm enen i m P hili pp erbrief
Se pensais de o utra m ane ira pode significar q ue as pessoas têm uma atitude
errada; o advérbio heteros "parece ter o sentido de 'erra do'" (J. B. Lightfoot , ad loc.).
Também Deus vo-Io revelará: gr. apokalypsei literalmente. Gr. kai touto
poderia sign ificar "na verdade, isto," com o se o sentido do versículo fosse: "esta
é a revelação de que vocês precisam; não as revelações como são entendidas
nas escolas gnósticas" (cf. Schmithals, P a u l a n d th e G n o s ti c s ,p. 104).
3:1 6/ and em os segundo o que: literalmente , "marchemos segund o a mesma
(regra que vimos seguindo) até ao ponto que já atingimos " ( eis h o eph thasam erí) .
Com to auto ("o mesmo"), vários documentos trazem kanoni ("regra"), mas o
peso de evidências favorece a o missão desta palavra (ainda que esteja presen te
esse significado implícito). Cf. Gálatas 6:16, "e a todos os que andarem
conforme esta regra" (gr. hosoi to kanon i touto stoichesou sin), cuj a influência
pro vavelm ente dev erá ser vista naq uelas autoridades que acresc entam "regra"
(kanoni ) aqui. O verbo stoichein (traduzido por andemos segundo) significa
"permanecer na linha" ou "marchar em linha"; a implicação é que não se trata
de realização individual, mas algo que movimentaria toda a comunidade, coesa.
22. Imitação de Paulo (Filipenses 3: 17 )
Notas Adicionais 22
3:17/observai: gr. skopeite, "olhai," "ficai alertas." Em Romanos 16:17 este
verbo é empregado no sentido de "observar e evitar"; aqui, no sentido de
"observar e seguir."
Segundo o exemplo que tendes em nós: lit., "como tendes a nós como
exemplo." No grego, em nós (hemas) ocupa posição enfática, como última
palavra na sentença; provav elm ente deixa im plícito que os outros pro porcionam
um exemplo diferente — a saber, aqueles contra quem os w . 18, 19 constituem
advertência. Consulte-se W. P. DeBoer, The Imitation ofPaul.
23. Advertência Contra Inimigos (Filipenses 3: 18 -1 9)
3:18 / Foi o com portam ento dos ind ivíduos a que Paul o se refere agora
que os tornou inimigos da cruz de Cristo. Os homens que tentaram
impor a le i jud aica sobre os convertidos gentios de Paulo, nas igrejas
gálatas, deixavam implícito em seus ensinos (de acordo com Paulo), que
a morte de Cristo não tinha significado e era ineficaz (Gálatas 2:21); nesse
senti do, pod eriam ser chamados de inimigos da cruz, embora Paulo nada
diga contra seus padrões m orais. Os inimigos da cruz aqui denunciados
são descritos em termos diferentes daquelas pessoas contra as quais os
filipenses devem resguardar-se, no v. 2, e que não precisam ser identifi
cadas como inimigos da cruz. É inúti l insistir nesta conex ão, segundo a
qual "as entidades não precisam ser multiplicadas mais do que o estrita
mente necessário" (princípio conhecido como "navalha de Ocam"),
como se isto determinasse a identificação dos dois grupos: a vida real é
mais complicada do que o argumento lógico.
Fica evidente, mediante sua correspondência, que Paulo às vezes era
obrigado a travar guerra em pelo menos duas frentes — em Corinto, por
exemplo, lutou contra os ascetas, de um lado, que gostariam de proibir o
casa m ento (1 C oríntios 7:1), e contra os libertinos, por outro lado, cujo
grito de aguerra
idêntico, graça era: "tudoé recebida
de Deus é permissível"
em vão(1porCoríntios 6:12).
aqueles que De modo
continuam
a viver sob a lei, e por aqueles que pensam que devem permanecer "no
pecad o, pa ra que a g raça au m en te " (R om an os 6:1). N os vv. 18 e 19 P aul o
está preocup ado com as pessoas que aderiram a este últ imo preceito, tanto
no ensino quanto na prática. Cristo suportou a cruz a fim de libertar os
crentes dos pecados, e reconciliá-los com Deus (Romanos 6:7; 2 Corín
tios 5:18-21); os que de modo deliberado permanecem no pecado e
repudiam a vontade de Deus, renegam tudo quanto a cruz de Cristo
representa.
Paulo já hav ia exortado os crentes fili pense s, antes, contra tai s pessoas
— se m edia nte pala vra oral ou se po r es crito , nós não o sa be m os . Se ele
agora repete sua advertência, é porque sabe ser ela necessária. Aquelas
132 (Filipenses 3:12-18)
pess oas es ta vam ex er ce ndo m á in fl uência em m ui ta s ig re ja s e ta lv ez
dessem u ma ch egada até à igreja de Filipos, se já não o haviam feito. N ão
existe a mínima sugestão de que a igreja filipense estivesse inclinada a
ouvi-los de bom grado, mas Paulo sabia como eram insidiosos os
argumentos que usavam, como poderia ser prejudicial o exemplo que
davam.
Notas Adicionais 23
3:18 / Antes da expressão inimigos da cruz de Cristo, P46 insere "cuidado",
"vigiai" (gr. blepete, tomado de empréstimo do v. 2). Policarpo cita a frase
"inimigos da cruz" (To the Philippians, 12:3); anteriormente, na mesma carta,
ele declara que "quem não confess a o testemunho da cruz é do diabo" (7:1).
3:20 / Ao dizer que a nossa pátria está nos céus, Paulo utiliza o
substantivo po liteu ma, não encontrado em parte alguma do NT; relacio-
Notas Adicionais 24
3: 20 / Quanto à cidadania romana, consulte-se A . N. Sherwin- White, R om an
78-80
S o c i e t y a n d R o m a n L a w in th e N e w T e s t a m e n t p p . e The Rom an C it izens-
hip\ quanto à relevância para Filipenses N e w T e sta
ment T heol ogy pp. 29 6,29 7. Qua nto à m3:20, veja -se
etrópolis E. Stauffer,
celestial cf. Gálatas 4:26 ("a
Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós"). Quanto a algumas
analogias gentílicas, consultem-se Platão, R e p u b l ic 9.592B (sobre o padrão da
cidade ideal edificada no céu); e Marco Aurélio, M e d i t a t i o n s 3:11 ("querida
cidade de Deus").
E. Lohmeyer (ad loc.) chama a atenção para a estrutura rítmica do texto
iniciado com as palavras: de onde esperamos o Salvador, como se Paulo
estivess e citando um hino cristão, ou uma co nfissão de fé cristã, sem nece ssa
riamente concordar com todas as suas minúcias (assim também crêem E.
Giittgemanns, D e r l e i d e n d e A p o s t e i u n d s e in H e r pp.24 r 6, 247; J. Becker,
"Erwagungen zu Phil 3, 20-21," T Z 27 (1971), pp . 16-29). Além d o mais, a
p a l a v r a S a l v a d o r (g r. s o t e r não
) aparece noutras passagens pauli nas, exceto em
Efésios 5:23 e nas cartas pastorais. Contudo, a redação de Filipenses 3:20, 21
(especialmente no que concerne a corpo no v. 21) tem total coerência com o
ensino geral de Paulo; veja-se R. H. Gundry, "Soma " in B iblica l T heology, pp.
177-83.
J.-F. Collange (ad loc.), R. P. M artin (ad l oc.), e outros apontam pa ra uma
série extraordinária de paralelos entre esta passagem e 2:6-11. Dentre estas
outras, M. D. Hoo ker vê 3:20,21 como transport ando a linha de pensamento de
2:6-11: em 2:6-8 temos uma descrição de como Cristo se tomou com o um de nós;
em 2:9-11 temos um relato do que ele é agora, e em 3 :20,21 ficamos sabendo como,
mediante o poder que lhe foi concedido, ele nos fará semelhantes a ele mesmo
("Interchange in Clirist." J T S n.s. 22 (1971), pp. 356, 357; e "Philippians 2:6-11,"
em J e s u s u n d P a u lu s ,ed. E. E. Ellis e E. Grasser, p. 155).
Quando Paulo afirma que "a nossa pátria está nos céus," usando o gr.
hyparchei ("já") mas, aponta para o futuro, quando se dará a sua consumação,
no advento de Cristo, o apóstolo ilustra o intercâmbio da escatologia ocorrida
com a futura, no NT; quanto a esta e a outras características da presente
passagem, ve ja-se A. T. Lincoln, P a r a d i s e N o w a n d N o t Y et ,pp. 87-109.
136
(Filipenses 3:15-21)
3:21 / O ' 'corpo de humilhaçao" ( som a tes tapeinoseo s hemon) é o mesmo
"corpo natural" (lit. "da alma"), ou somapsychikon de 1 Coríntios 15:4 4, assim
chamado porque é herança do primeiro Adão, que se tomou "alma vivente"
(psyche zosa, Gen 2:7, LXX). O "corpo espiritual" (s om apneum ati kon) de 1
Coríntios 15:44 tem esse nome porque Cristo, o "último Adão," tom ou-se pela
ressurreição "um espírito doador de vida" (pneuma zoopoioun, 1 Coríntios
15:45). Em 1 Coríntios 15:42-50, como na passagem atual, o corpo do crente
deverá parecer-se ao corpo ressurreto de Cristo.
Com a expressão para ser conforme o seu corpo glorios o (gr. symmorphon,
"con fo rmáv el ") pod em os co m parar ”conformando-me (sy mm orphi zomenos)
com ele na sua morte," no v. 10, acima. "Se fomos plantados junt am ente com
ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição"
(Romanos 6:5).
Segundo o seu eficaz poder (gr. energeia) de sujeitar também a si todas
as — que
coisascom
[Deus] ele cum
ele [oprehomem]
o que setenha
diz adomínio
resp eitosobre
do homem nodas
as obras Salmo
tuas 8:6 ("Fazes
mãos;
tudo puseste debaixo de seus pés") e do rei Davi no Salmo 110:1 ("Assenta-te
à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés").
Veja-se 1 Coríntios 15:24-28; Hebreus 2 :5-9.
Quanto à iminência e "demora" do segundo advento, veja-se A. L. Moore,
The Pa rou sia in the N ew Testament, pp. 108-74; também S. S. Smalley, "The
Delay ofthe Parousia," J B L 83 (1964), pp. 41-54.
25. Exortaçã o para Permanece r Firme
(Filipenses 4:1)
4:1 / Mais uma vez Paulo exprime sua alegria e orgulho por causa de
seus amigos filipenses, encorajando-os de novo a que permaneçam
firmes na vida cristã (cf. 1:27). De modo mais particular, no contexto
atual, Paulo os estimula a perseverar, resistindo contra aquelas influên
cias sobre as quais acabou de adverti-los — influências que poderiam
minar-lhes a estabilidade cristã. Entretanto, a satisfação que Paulo en
contra ent re esses am igos, ao escrever-lhes e ao lemb rar-se deles, sugere
que tais influências danosas ainda não haviam penetrado naquela igreja,
como de fato já havia acontecido em outras igrej as.
Notas Adicionais 25
4:1 / saudosos irmãos: é a tradução do ad jetivo verbal epipothetos, "de quem
tenho saudades." Esta forma não aparece noutras partes do NT, mas o verbo
epipothein é freqüente : ocorre duas vezes nesta carta — em 1:8, onde Paulo fala
de "sentir saudades" de todos (veja-se a nota adicional sob re 1:8), e em 2:26,
onde ele se refere à ansiedade de Epafrodito em vê-los.
Minha alegria e coroa; cf. 1 Tessalonicenses 2:19, em que Paulo e s eus
companheiros, de olhos postos no segundo advento de Cristo, chamam os
crentes tessalonicense s de "gozo, ou coroa de glória" (NIV: "nosso gozo, ou
coroa em que nos gloriamos"). Em ambas as passagens a "coroa" é stephanos,
o laur el concedido ao vencedor no sjog os (não diadema, símbolo de soberania).
26. Novo Apelo em Prol da Unidade
(Filipenses 4:2-3)
Notas Adicionais 26
4:2 / Diz Paulo: Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo;
a repetição do verbo rogo a (gr. pa raka leo) antes de cada nome, como se ele
estivesse se dirigind o pessoalmente, primeiro a um a e em seguida à outra ("Por
favor, Evódia; por favor, Síntique..."), é digna de nota.
Que sintam o mesmo: gr. to autophronein, traduzido por "tenhais o mesmo
modo de pensar" em 2:2a. Nada existe que sugira um desacordo em tomo de
alguma agitação gnóstica, como se as duas mulheres pusessem em perigo a
unidade da igreja " ao abrir as po rtas— talvez como líderes de i grejas domésticas
— para os gnó stic os" (W. Schmith als, Pau l and the Gnostics, pp. 112-14).
142 (Filipenses 3:18-76 )
É infrutífero tenta r identificar uma del as com a Lídia de Atos 16:14, 40, como
se Lídia não fosse nome próprio, mas significasse "a mulher lídia" (da região
de Lídia, cf. a men ção de Tiatira em Atos 16:14).
4:3 / O leal c ompan heiro de jugo foi identifi cado como sendo Lucas por M.
Hájek ("Comments on Philippians 4:3 — who was 'Gnesios Syz ygos'?" Com -
mu nio Viat orum 1 [1964], p. 261-62) e T. W. Manson. O adjetivo leal (gr.
gnesios leva alguns a op tar por Timóteo, c omo por ex. J.-F. Collange e G.
Friedrich (cf. o advérbio g n e s i o s em 2:20, com nota adicional ad loc.) . E possív el
que Timóteo houvesse recebido instruções verbais, antes de partir para Filipos;
todavia, a inclusão dessas instruções na carta asseguraria que quando a mesma
fosse lida em público, na igreja, sua autoridade para tomar providências nesta
questão ficaria assegurada. Esta última consideração também se aplicaria a
Epafrodito, o leal companheiro na opinião de Marius Victorinus e J. B.
Lightfoot. Muitos comentadores julgam que Syzygo s é nome próprio, e não o
substantivo comum que significa companheiro de jugo: assim opinam K.
Barth, P. Benoit, P. Ewald, J. Gnilka, E. Haupt, J. J. Müller, K. Staab. Mas, G.
Delling salienta (TDNTvoX. 7, pp. 748-50) que não existem provas de Syzygos
ser nome próprio; ele próprio prefere achar que se trata de Silas (Silvanus),
companheiro de Paulo na evangelização de Filipos.
O fato de a palavra grega syzygos (à semelhança da palavra portuguesa
"companheir o, companheira") às vezes tero sentido de "cônjuge", levoualg uns
a ver esse sentido aqui — como se Paulo tivesse uma esposa residente em Filipos
(quem senão Lídia?) e estivesse pedindo a ela que ajudasse a resolver a questão
entre Evódia e Síntique. Tal interpretação aparentemente teria sido aprovada
po r Clemente de Alexandria (Sfrom.3.6.53.1) e defen did a po r Erasm o; cf.
também E. Renan, S t. P a u l, p. 76; S. Baring G ould,/! S t u d y o f S t . P a u l(London:
Isbister, 1987), pp. 213-16. Todavia, o adjetivo leal ou "genuíno" (gnesie,
vocativo) que qualifica syzygos, aqui, certamente é masculino. A idéia pertence
à ficção romântica, e não à exegese histórica.
estaW. Schmithals
seção pertenciasugere que o endereçamento
srcinalmente, teria sido fe (agora perdido)
ito a uma pessoadapelo
carta,
nomà qual
e (e.g.,
um líder da comunidade, ou talvez um dos primeiros convertidos dentre os
filipenses); esta pesso a seria, então, o leal companheiro (Paul an d t he G nosti cs,
pp. 76 ,77). E melhor reconhecer que a identi dade do leal companheiro era do
conhecimento perfeito da igreja fil ipense, e que nós só podemos faz er conjec
turas, nesse caso.
27. Convite Re iterado a Regozijar -se (Filipen ses 4: 4)
Notas Adicionais 28
4:5 / moderação:
epieikeia, "benignidade," epieikes,
gr em adjetivo
2 Coríntios neutro;
10:1. cf. o descreve
Aristóteles substantivo abstrato
epieikeia
como aquil o que não apenas é jus to porém melhor ainda do que a justiç a
(Nicomachean Ethics 5.10.6). Há ocasiões em que a insistência estrita na letra
da lei (como no caso da libra de carne de Shylock) induz à injustiça; epieikeia-
reconhece essas ocasiões e sabe como agir quando elas surgem. "Para o emprego
correto dos métodos e dos segredos de Jesus, precisamos da epieikeia, a doce
razoabilidade (benignidade) de Jesus" (M. Amold, Literature an d Dogma,
London: Smith, Elder, 1900, p. 225.) Veja-se também R. Leivestad, "The
Meekness and Gentleness of Christ, " N TS (1965-6 6), pp. 156-64.
Perto está o Senhor. (Gr. ho kyrios engys.) O advérbio engys pode significar
"perto" quanto a lugar ou quanto a tempo; quem decide o significado no rmal
mente é o contexto.
4:6 / em tudo, pela oraç ão... : das três palavras utilizadas neste versículo para
"oração," a primeira (proseuche) é termo genérico para oração a Deus; a
segunda (deesis) e nfatiza o elemento de petição, a súplica em oração; e a terceira
(aitema) significa aquilo que se está pedindo.
4:7 / guardará (ou "será como fortaleza"), gr. ph rouresei. Em Colossenses
3:15 Paulo usa uma figura de linguagem diferente: a paz de Cristo "domine em
vossos corações" (gr. brabeuein "seja árbitro", lit.,). NI V traz: "que a paz de
Cristo reine em vossos corações."
29. Segunda Conclusão: Alimento para a Mente
(Filipenses 4:8-9)
Notas Adicionais 29
4:8 / Quanto ao mais, irmãos (gr. to loipo n, adelph oi)-. o pronome posses
sivo "meus" (gr. mou.) está ausente, estando expresso em 3:1. Quanto à repetição
de to loipon, consultem-se pp. 27,29 e 110, acima.
Honesto: gr. semnos, "muito digno." A qualidade de semnotes, de acordo
com Aristóteles, é "uma gravidade amena e decente" (Rhetoric 2.174); é o meio
termo en tre areskeia, "obsequiosidade," "subserviência," e authadeia, teimosia
grosseira (Eudem ian Ethi cs, 2.3.4).
De boa fama: J. B. Lightfoot (ad loc.) sugere um sentido ativo para este
adjetivo euphemos-, "falar bem de" em vez de "ter boa reputação." NIV traz
"admirável."
Se há alguma virtude: lit., "se há alguma bondade" (gr. arete), "virtude,"
"excelência, " palavra que Paulo não usaria outra v ez, em seus escrit os.
Nisso pensai: gr. logizesthe, "considerai," "levai em consideração."
4: 9/ receb este s: Gr . p a r e l a b e t e . Deveríamos talvez reconhecer aqui o verbo
p a r a l a m b a n e i n no sentido de "receber por tradição" (sendo o correlativo para-
didonai, "entregar como tradição"), como em 1 Coríntios 15:1; Gálatas 1:9;
Colossenses 2:6; 1 Tessalonicenses 4: 1 • Atrad ição (paradosis) de Cristo no NT
possui trê s com ponentes principais: (1) um resum o da história do eva nge lho ,
quer sob a forma de pregação (kerigma), quer de confissão de fé ( hom ologia) ;
(2) uma narrativa das palavras e obras de Cristo; (3) princípios gerais éticos e
comportamentais que possam reger a vida crist ã. O que se tem em mira aqui é
a terceira destas categorias de tradição. Veja-se R. P. C. Hanson, Tradition in
the Early Church; F. F. Bruce, Tradit ion O ld and New.
N a ap res en tação do exe mp lo de Pau lo, aqui, como em 3:17, W. Sch mithals
faz distinção, discernindo uma nota polêmica, como se Paulo estivesse adver
tindo os filipenses contra o que eles poderiam ter "aprendido, recebido e visto"
em contato com terceiros (Paul and the Gnostic s, pp. 112, 113).
30 . Suficiência de Paulo (Filipenses 4: 10 -1 3)
Paulo chega agora a uma das principais razões por que está escreven
do. Se esta nota (4:10-20) era parte integra nte da carta principal, o
apóstolo a reservou para o fim com o objetivo de dar-lhe ênfase — sua
expressão de gratidão pela oferta que Epafrodito lhe trouxera da igreja
de Filipos.
amorosos e amados,
A política os irmãos
financeira daera
de Paulo igreja
nãoem Filipos. às custas de seus conver
viver
tidos. Ele achava que, à semelhança dos outros apóstolos e líderes
cristãos, tinha o dir eito de receber sustento da parte dos con vertidos, mas
Paulo de cidiu não usu fruir desse dir eito (1 C oríntios 9:12; 2 Tessaloni
censes 3:9). A bagage m de Paulo era bem leve; suas posses se limitavam
às roupas do corpo e talvez algumas ferramentas de seu ofício, mais
alguns papiros e pergam inhos menc ionados em 2 Timóteo 4:13. Sabi a
como sobreviver com o mínimo; na verdade, forçara-se a aprender em
como se contentar com pouco. Já aprendi a contentar-me em toda e
qualquer situaç ão, diz Paulo, palavras que John Bunyan expandiria no
cântico do menino pastor:
160 (Filipenses 4:10-13)
Estou contente com o que tenho,
Seja pouco ou seja muito,
E é alegria o que mais almejo, Senhor,
Porque ela indica os que salvaste.
pà roambição,
n uncia racontra a nes
m so le qual advert
Jesus ência
(cf. Lucas 12:15)
s, desc e seusa discípulos
re vendo "p ess oa avare nta "
como "idolatra" (Efésios 5:5).
A palavra traduzida por contentar-me (gr. autarkes) era comum no
estoi cismo d enotando o ideal da pessoa t otalmente auto-sufici ente. Paulo
a emprega a fim de expressar sua independência das circunstâncias
externas. Estava sempre consciente de sua total dependência de Deus. O
apóstolo era mais "suficiente em Deus" que auto-suficiente: "a nossa
capacidade vem de Deus" (2 Coríntios 5:5).
Notas Adicionais 30
Notas Adicionais 31
4: 14 / fizest es bem: gr. kalos epoiesate, "vós agistes bem." Cf. Atos 10:33,
kal os epoies asparagenom enos, "bem fizeste em vir" ou "agradeço-te o teres
vin do ." Assim como no pretérito kalospoiein transm ite a idéia de "agradeço -te,"
no futuro ex pressa um pedido: "por favor" (como em 3 J oão 6, "bem f arás, kalos
p o i e s e i s . "Se os encaminhares em sua jorna da po r modo digno de Deus, bem
farás").
4:15/0 filipenses: o vocativo P h il ip p e s i o i possui um a form a ba seada no
latim P h il i p p e n s e s , como era bem apropriado a cidadãos de uma colônia
romana. Compare esse vocativo com "ó insensatos gálatas," de Gálatas 3:1 e "ó
corínti os," de 2 Coríntios 6:11, onde a intenção paulina é demonstrar perplexi
dade e exortação, respectivamente. Aqui em Filipenses, todavia, Paulo deseja
exibir gratidão afetuos a.
No princípio do evangelho: M. J. Suggs, "Conceming the Date of Paul's
Macedonian Ministry," N o v T A (1960), pp. 60-70, seguindo o sentido literal do
grego, estabelece a data da evangelização da Macedônia em inícios dos anos
40. Nesse caso, seria bem no começo do ministério apostólico de Paulo;
entretanto, sérios obstáculos impedem que se aceite essa datação.
4 :1 6 /não apenas uma vez, mas d uas : gr. kai hapax kai dis lit., "ambasum a
eL.duas vezes""Ka
Morris, é uma ex kaipressão
i hapax di s"idiomática que6),significa
, N ov T (\95 pp. 203-8. "mais
Eladeocorre
uma vez";
tam bém cf.
em
1 Tessalonicenses 2: 18. Quanto à opinião d e que e ssa frase não faz referência
exclusiva à visita de Paulo a Tessalônica, consulte-se o mesmo artigo de L.
Morris (p. 208) e R. P. Martin, ad loc.
4:17/fruto que aumente o vosso crédito: gr. karpos, "fruto", talvez com o
sentido de "juro s" (se assim for, Paulo prossegue no em prego de jarg ão conta-
bilístic o; o particíp io ac om pa nh an te, p l e o n a z o n t a , "multiplicando", em vez de
crédito, pode sug erir que se trata deju ro s compostos).
32. Reconhecimento de Dádivas Atuais
(Filipenses 4:18-20)
ainda. Depois
enviado; aqui que recebi
Paulo sentedequEpafrodito o que da vossaJáparte
e est á transbordando. haviame foi ionado
menc
Epafrodito com muita apreciação (2:25-30) como sendo (diz o apóstolo)
"vosso enviado para prover às minhas necessidades"; entregar-lhe a
oferta dos filipenses foi uma das maneiras pelas quais Ep afrod ito o havia
ajudado.
A oferta fora bem recebida por Paulo. Entretanto, o apóstolo estava
engajado na obra de Deus; portanto , a ofe rt a fo ra dedic ada ao pró prio
Deus, tanto qu anto a Paulo, pois foi pelo menos tão bem -vinda para Deus
como para Paulo. Agora o apóstolo deixa de lado a linguagem da
contab ilidade e apela para a s expressões do cult o. A oferta fil ipen se fora
cheiro suave, como sacrifício agradável e aprazível a Deus. A frase
cheiro suave é encontrada repetidamente no AT, a partir da descrição
do sacrifício feito por Noé, de Gênesis 8:21 em diante; é freqüente de
modo especial nas instruções sobre os sacrifícios levíticos (cf. Êxodo
29:18, etc.) No NT é empregada de modo figurado referindo-se ao
auto-sacrifício de Cristo (Efésios 5:2), e expressão semelhante se empre
ga a respeito da auto-entrega que o povo de Deus faz a seu Senhor
(Romanos 12:1; 2 Coríntios 2:14-16; Hebreus 13:16).
4:19 / Os filipenses podem ter certeza, diz Paulo, que o que apresen
taram a Deus será amplamente recompensado pelo Senhor, graças aos
ilimitados recursos de sua gloriosa riqueza. O apóstolo nem sequer
consegue pensar na riqueza de Deus sem relacioná-las a Cristo Jesus:
ele é o Mediador, através de quem todas as bênçãos de Deus passam aos
homens. Paulo fala de meu Deus (cf. 1:3), porq ue havia mu ito temp o
vinha experimentando o poder divino para suprir todas as suas necessi
136 (Filipenses 3:15-18)
dades pessoais, mediante Cristo. Numa ocasião em que estava dolorosa
mente cônscio de sua própria incapacidade, recebeu certeza do Senhor
ressurreto: "a minha graça te basta" (2 Coríntios 12:9), e na verdade, é
essa a certeza que o apóstolo agora infunde em seus amigos.
4:20 / A expressão de agradecimento de Paulo conclui, de modo
apropriado, com uma doxologia, a qual também conclui a carta. J. B.
Ligh tfoot, com entand o a doxologia de Gálatas 1:5, salienta qu e (à
semelhança da doxologia sob análise) não contém verbos, argu
mentando que o verbo acrescentável deveria ser o indicativo presente
"é", e não o imperativo seja. "Trata-se de uma afirmação, e não de um
desejo. Glória é o atri buto essencial de Deus." (Ele se refere à doxo logia
de 1 Pedro 4:11, em que o verbo "pe rtence" ap arece no texto grego, como
aparece o verbo "é" na doxologia que posteriormente seria acrescentada
à oração dominical, em Mateus 6:13, ECA.)
Notas Adicionais 32
4:1 8/ mas bastante tenho rece bido : este é o sentido do gr. apecho depanta
(lit., "e tenho tudo"); há muitas evidências de que apecho tinha o emprego
contemporâneo com significado de "pago totalmente". De modo semelhante,
NI V traduz apechou sin t on m ist hon auton em Mateus 6:2, 5, 16 assim: "já
receberam sua recompensa total"; cf . A. Deissmann, B ib le S tu d ie s , p . 2 2 7 : "e le s
j á p o d e m a s s i n a r o r e c ib o d e s u a r e c o m p e n s ao: direito deles de receber uma
recompensa é reconhecido, precisam ente como se já houvessem passado o
competente recibo."
4:19 / a sua gloriosa riqueza: gr. en doxe, "em glória". É provável que a
frase não se refira à vida futura; poderia ser traduzida (com palavras amplifi-
cantes) "sua abundância gloriosa. " F. W. Be are presume tratar-se de expres são
adverbial com o verbo "suprir" (ECA: suprirá): "meu Deus suprirá totalmente
cada uma de vossas necessidades, de modo glori oso."
Em Cristo Jesus: gr. en C hristo le sou, que J. B. Lightfoot toma como sendo
incorporat ivo: "mediante vossa união com Cristo, vossa incorporação em Je
sus."
33. Saudações Finai s (Filipenses 4: 21 -22 )
cabia a eles cuidar que a carta fosse lida, que as saudações fossem
transmitidas a toda a igreja.
Não é P au lo ap en as qu em en via saud aç õe s; os ir m ãos que est ão co m ig o
vos saúdam. Visto que os irmãos que estão comigo são mencionados em
separa do, não em conjunto com todos os santos, que também "vos s aúdam"
(v. 22), provavelm ente sejam os coo peradores de Paulo.
4:22 / Dentre os "santos" daquele lugar onde está Paulo, todos os quais
vos saúdam, o apóstolo faz menção especial aos da casa de César. A
casa de César incluía não só membros da família imperial, no sentido
mais restrito, mas também grande número de escravos e ex-escravos. O
funciona lismo público que atendi a aos negócios do império com punha-
se principalmente de ex-escravos. Esses eram encontrados nos confins
168 (Filipenses 4:21-22)
das províncias, por todo o império, mas em lugar nenhum havia uma
concentração deles t ão forte como em Rom a — eram em número elevado
ao ponto de incluir uma propo rção significativa de conv ertidos à fé cr ist ã.
Se a presente carta foi enviada d e Roma, e as saudações em Romanos
16:3-16 foram enviadas p a r a Roma (três ou quatro anos antes), poder-
se-ia perguntar se alguns dos santos da casa de César foram incluídos
entre os recebedores das saudações da carta anterior. Menciona Paulo
dois grupos em particular que poderiam muito bem ter pertencido ao
fun cion alism o público na casa de Césa r: "a casa de Aristóbu lo" e "a casa
de Narciso" (Romanos 16:10,11). Muitos comentadores bíblicos, a partir
de João Calvino, têm pensado que a família de Narciso incluiria os
escravos de Tibério Cláudio Narciso, um rico ex-escravo do imperador
Tibério, que exercia grande influência sob Cláudio, mas foi executado
logo após a ascensão de Nero ao poder, em 54 d.C., por instigação da
mãe de Nero, Agripina. Os bens de Narciso teriam sido confiscad os, seus
escravos transformados em propriedade imperial, distinguindo-se dos
demais na casa do im perador pela des ignação N a r c i s s ia n i . A posição da
família de Aristóbulo presta-se a maiores especulações. J. B. Lightfoot
e outros sugeriram que esse Aristóbulo seria o neto de Herodes, o Grande
(também chamado Aristóbulo), de quem se sabe ter morado em Roma
como cidadão comum , e à semelhança de seu i rmão m ais velho Herodes
Agripa I ("rei Hero des" de Atos 12: 1"), gozava da amizad e de Cláudio.
Se, ao morrer, l egou sua propriedade ao im perado r (nã o temos ev idências
expressas de que ele assi m fez, embora isso fosse procedimento comum),
seus escravos teriam sido denominados A r i s t o b u l ia n i . Herodião, a quem
Notas Adicionais 33
4:21 / Quanto às conclusões das cartas de Paulo, veja-se H. Gamble, The
Textual H ist ory ofthe Letter to the Rom ans, pp. 56-9 5, 143, 144, e tam bém
quan to às observ açõe s sobre Filipenses, pp. 88, 94, 145, 146.
Os irmãos que estão comigo: identificam-se com os comp anheiros de Paulo,
ou cooperadores do apóstolo, por J. B. Lightfoot (ad loc.) e E. E. Ellis, "Paul
and his Co-W orkers," ATS 17 (1970-71), p . 446.
(Filipenses 4:21-22) 169
4:22 / casa de César ( K aisaro s oiki a é chamada de domus C aesari s po r
Tácito f H i s t o r i e s 2.92); uma inscrição de 55 d.C. refere-se a p o p u l u s e tf a m í l i a
Caesaris em Quilia, na Península Quersonesa da Trác ia. Associações ( collegia
de "ex-escravos e escravos de nosso Senhor Augusto" foram m encionad as numa
inscrição do segundo século, de Efeso (J. T. Wood, D is c o v e r ie s a t E ph e su s
[Londres: Longmans, 1877], InscriptionsfromTombs, Sarcophagi, etc., NB. 20).
Quanto a algumas possíveis referências em Romanos 16:3-16 a alguns dos
"santos da casa de César" consulte-se J. B. Lightfoot, P h il ip p ia n s , pp. 171-78.
Quanto a Narciso, veja-se Tácito, A n n a l s 13.1.4; Dio Cassius, H i s t o r y 60. 34;
também Juvenal, Sáfí'ral4.329 ( N a r c i s s i a n i), são mencionados em C IL 3.3973;
6.15640). Quanto a Aristóbulo, veja-se Josefo, W ar\. 552\ 2.22 1: A n t. 18.133,
135, etc.
34. Ação de Graças - Bênção (Filipens es 4 :2 3 )
um
doisem Cristo
sexos, masJesus."
destróiEsta afirmação
qualquer não elimina
desigualdade entreasambos
distinções
com entre os
respeito
a cargos eclesiásticos.
Conhecemos os principais traços que distinguiam uma comunidade
ju d a ic a , num m eio gen tílico, se para ndo-a de se us viz in hos, m as a m aio ria
dessas características (circuncisão, guarda do sábado, restrições alimen
tíci as) não conseguiam prosseguir numa igrej a do campo m issi onário de
Paulo. Se perguntássemos a Paulo o que é que marcava qualquer uma de
suas igrejas, separando-a de seu ambiente, talvez ele respondesse que a
cruz de Cristo constituía "uma cerca" entre os crentes e o mundo (pode
hav er um indício dist o em G álatas 6:14, onde o apóstolo afirma: "na cruz
de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para
mim, e eu para o mundo"). Todavia, a cruz de Cristo exercia uma
influênc
no ia positiva,
meio da em vez filipenses
qual os crentes de negaviviam
tiva, napoderia
vida dos
ser crentes.
descrita Acomo
sociedad e
"corrupta e depravada," mas os crentes foram elogiados por estarem
b ri lh ando ali "c om o as tros no m undo," ofe re cendo-l he a "p ala vra da
vida" (2:15, 16).
Cada igrej a local pode ser comparada a um jardim plantado num
deserto; mas o interesse da igreja não é tanto impedir que o deserto tome
conta mais e mais do jardim , mas, p rincipalmente, cuidar que o jardim
avance e t ransform e o desert o. N ão se deve edific aru m a mu ralha ao redor
do jardim; as fronteiras desse jardim devem ser flexíveis, capazes de
expandir-se. Mudando-se a figura de linguagem, cada colônia celestial
deve expandir-se, estender seus territórios e incorporar cada vez mais os
territórios circunvizinhos. Cada igreja deveria ter espírito missionário, e
Posfácio 173
a história da expansão do cristianismo primitivo demonstra que muitas
igrejas entenderam e cumpriram essa missão. Dentre as que assim
pro cedera m , a ig re ja de Filip os, à se m elh ança de out ra s ig re ja s m aced ô-
nicas, detém um lugar de grande honra.
Glossário
ESCATOLOGIA
história; tratado sobre—
os Doutrina sobre
fins últimos do ahomem.
consumação do tempo e da
ESP ON DA ICO — Adjet ivo : que te m esp onde us.
ESPONDEUS — Diz-se de um pé de verso, grego ou latino, consti
tuído por duas sílabas longas.
ES TO ICIS M O — Design ação comum às dou tr inas dos fil ósofos
gregos Zenão de Cício e seus seguidores, caracterizadas sobretudo pela
consideração do problema moral, constituindo a imperturbabilidade o
ideal do sábio.
ESTÓICO — Partidário do estoicismo; austero, rígido; impassível
ante a dor e a adversidade.
EXEGESE — Comentário ou dissertação para esclarecimento ou
minu ciosa interpretação de um t exto ou de uma palavra. [Aplica-se d e
Glossário 175
modo especial em relação à Bíblia, à gramática e às leis.]
GE N ITIV O — Caso de declinaçã o de cert as lí nguas, que r epresenta,
por via de re gra , com ple m ento poss ess iv o, lim itativo, e alg um as vez es
circunstancial.
GN OS TIC ISM O — Ecleti smo filos ófico- rel igios o sur gido nos pri
meiros séculos da nossa era e diversificado em numerosas seitas, e que
visava a conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais
pro fu n d o por m ei o da gn ose (s ab edo ria) . [São dogm as do gnostic is m o:
a emanação, a queda, a redenção e a mediação, exercida por inúmeras
potê n cia s ce le st es, en tre a div in dade e os hom en s. R ela cio na-s e o g nos
ticismo com a cabala, o neoplatonismo e as religiões orientais.]
HENDIADIS — Figura de linguagem na qual uma idéia única se
expressa mediante dois termos unidos por um "e". Ex.: com poder e
vigor.
INTERPOLAÇÃO — Alterar, completar ou esclarecer (um texto),
nele intercalando palavras ou frases que não lhe pertencem.
JA M B IC O — V ari ação de i âmbico ou i ambo. Na poesia gr ega e na
latina, pé de verso constituído de uma sílaba breve e outra longa.
PARÁFRASE — Desenvolvimento do texto de um livro ou de um
documento conservando-se as idéias srcinais; tradução livre ou desen
volvida.
PARODIA — Imitação cômica ou burlesca de uma composição
literária; imitar, remedar.
PE DE VERSO — Parte em que se divide o verso metrificado.
PROSELITO — Pagão que abraçou ojudaísmo.
PRÓTASE — No antigo teatro grego, a primeira parte da ação
dramática, na qual o argumento é anunciado e se inicia o seu desenvol
vimento; no sentido gramatical é a primeira parte de uma sentença.
QUIASMO — Figura de linguagem na qual os termos paralelos, em
sentenças ou orações adjac entes, são colocad os em ordem invertida. Ex.:
Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou.
QUINTESSÊNCIA — Variação de quinta-essência. O que há de
pri ncip al, de m elh or ou de m ais pur o; o ess en ci al .
SIMONIA — Venda ilícita de coisas sagradas.
TRIMETRO — Na métrica greco-romana, verso de três pés.
O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo oferece o
que há de melhor em erudição contemporânea,
num estilo que beneficia tanto aos leitores em geral
quanto aos estudiosos que almejam aprofundar-se
no conhecimento da Palavra de Deus.
Baseado na ECA, o NCBC apresenta exposições
esmeradas de cada seção e capítulo, dando especial
destaque esclarecedor aos termos e frases mais
importantes, que também aparecem em transliterações
do grego. Cada capítulo encerra-se com uma seção
de notas, onde o leitor encontra mais alguns
comentários textuais e técnicos.
O comentário de Bruce surgiu, de início, na série
Good News Commenta ry ; posteriormente sofreu algumas
revisões de modo que se adaptasse à NIV. Agora, surge
em português, adaptado à ECA.
F. F. Bruce, especialista de prestígio internacional,
compartilha, neste comentário da carta de Paulo à
amada igreja de F ilipos, as riquezas de um a vida toda
devotada ao estudo. Sua exposição teológica e prática
conduz-nos a um a apreci ação ma ior da importância da
sabedoria e confian ça de Paulo quanto à auto-suficiência
do evangelho, e ajuda-nos a participar da alegria do
apóstolo em "conhecer a Cristo".
Mancheste r, ee autor
artigos, livros bem conh
comentários ecidoprofundos.
bíblicos de num erosos
Comentário