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PM-SP

Polícia Militar do Estado de São Paulo

Soldado PM de 2ª Classe do
Quadro de Praças de Polícia Militar (QPPM)
Edital de Concurso Público Nº DP-3/321/17

ST091-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado de São Paulo - PM - SP

Cargo: Soldado PM de 2ª Classe do Quadro de Praças de Polícia Militar (QPPM)

(Baseado no Edital de Concurso Público Nº DP-3/321/17)

• Língua Portuguesa
• Matemática
• História Geral
• História do Brasil
• Geografia Geral
• Geografia do Brasil
• Atualidades
• Noções Básicas de Informática
• Noções de Administração Pública

Autores
Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Evelisi Akashi
Jaqueline Lima dos Santos
Carlos Alexandre Quiqueto
Bruna Pinotti Garcia Oliveira

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Bruno Fernandes

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1.- Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)........................................................................ 01


2. - Sinônimos e antônimos.................................................................................................................................................................................. 07
3. - Sentido próprio e figurado das palavras................................................................................................................................................. 10
4. - Pontuação............................................................................................................................................................................................................ 14
5. - Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção:
emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem........................................................................................................ 17
6. - Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................................. 50
7. - Regência verbal e nominal............................................................................................................................................................................ 55
8. - Colocação pronominal.................................................................................................................................................................................... 62
9. - Crase...................................................................................................................................................................................................................... 65

Matemática

1. - Números inteiros: operações e propriedades. ..................................................................................................................................... 01


2. - Números racionais, representação fracionária e decimal: operações e propriedades. ........................................................ 05
3. - Mínimo múltiplo comum. ............................................................................................................................................................................. 09
4. - Razão e proporção. ......................................................................................................................................................................................... 10
5. - Porcentagem. .................................................................................................................................................................................................... 14
6. - Regra de três simples...................................................................................................................................................................................... 17
7. - Média aritmética simples. ............................................................................................................................................................................ 21
8. - Equação do 1º grau. ....................................................................................................................................................................................... 23
9. - Sistema de equações do 1º grau. ............................................................................................................................................................. 27
10. - Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade. .................................................................... 28
11. - Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ..................................................................................................................................... 31
12. - Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, teorema de Pitágoras. .................................................................. 35
13. - Raciocínio lógico. .......................................................................................................................................................................................... 41
14. - Resolução de situações-problema.......................................................................................................................................................... 41

História Geral

1.1. - Primeira Guerra Mundial............................................................................................................................................................................ 01


1.2. - O nazifascismo e a Segunda Guerra Mundial.................................................................................................................................... 04
1.3. - A Guerra Fria................................................................................................................................................................................................... 07
1.4. - Globalização e as políticas neoliberais................................................................................................................................................. 09

História do Brasil

2.1. - A Revolução de 1930 e a Era Vargas...................................................................................................................................................... 01


2.2. - As Constituições Republicanas................................................................................................................................................................ 07
2.3. - A estrutura política e os movimentos sociais no período militar............................................................................................... 13
2.4. - A abertura política e a redemocratização do Brasil......................................................................................................................... 21

Geografia Geral

3.1. - A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização................................................................................................. 01


3.2. - Os principais problemas ambientais...................................................................................................................................................... 03
SUMÁRIO

Geografia do Brasil

4.1. - A natureza brasileira (relevo, hidrografia, clima e vegetação)..................................................................................................... 01


4.2. - A população: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos............................................................................................. 12
4.3. - As atividades econômicas: industrialização e urbanização, fontes de energia e agropecuária..................................... 23
4.4. - Os impactos ambientais............................................................................................................................................................................. 47

Atualidades

Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 1º
de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional..........................................................................................................................01

Noções Básicas de Informática

MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. ..............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ...........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e
rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. ..............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. .....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83

Noções de Administração Pública

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................................................................................. 01
1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; e
Capítulo II – Dos Direitos Sociais;................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais;
Seção II – Dos Servidores Públicos; e Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios..... 26
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 39
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 39
2.2. Título II – Da Organização e dos Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo................................................................................................................................................................................................................. 39
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 42
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência........................................................................................................................... 50
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: artigos 284 a 291........................................................................................ 52
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 53
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 82
SUMÁRIO

5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM............................................................................................................................................................................................................................. 92
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica.............................................................................................................................................105
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar.....................................................................................................................................................105
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição.....................................106
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56.........................................................................................................................109
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; e Decreto n° 58.052, de 16 de
maio de 2012............................................................................................................................................................................................................110
LÍNGUA PORTUGUESA

1.- Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)........................................................................ 01


2. - Sinônimos e antônimos.................................................................................................................................................................................. 07
3. - Sentido próprio e figurado das palavras................................................................................................................................................. 10
4. - Pontuação............................................................................................................................................................................................................ 14
5. - Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: em-
prego e sentido que imprimem às relações que estabelecem............................................................................................................... 17
6. - Concordância verbal e nominal................................................................................................................................................................... 50
7. - Regência verbal e nominal............................................................................................................................................................................ 55
8. - Colocação pronominal.................................................................................................................................................................................... 62
9. - Crase...................................................................................................................................................................................................................... 65
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preo-


cupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu
1.- LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Ge-
TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO ralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, comple-
LITERÁRIOS) mentos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-


guagens utilizadas neles.
Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa-
lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a Texto A
linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, aque- Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre-
la que não caracteriza a literatura. dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma
Embora um médico faça suas prescrições em determi- coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de
nado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser
consideradas literárias porque se tratam de um vocabulário a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor
especializado e de um contexto de uso específico. Ago- à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços
ra, quando analisamos a literatura, vemos que o escritor
de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por
dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita,
pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas
e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao
que apresenta grande variedade e comportamentos e rea-
que foi produzido.
ções.
Outra diferença importante é com relação ao trata-
mento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário
( jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.
para veicular uma série de informações, o texto literário
funciona de maneira a chamar a atenção para a própria Texto B
língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar Amor é fogo que arde sem se ver;
vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e É ferida que dói e não se sente;
o sentido das palavras. É um contentamento descontente;
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lingua- é dor que desatina sem doer.
gem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores,
na linguagem literária: Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
Linguagem não literária: No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”,
1- Anoitece. usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa-
2- Teus cabelos loiros brilham. ção artística.
3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com
preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no
Linguagem literária: campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres-
1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
Peixoto) contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que
2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! acabam dando graça e força expressiva ao poema (con-
(Mário Quintana) tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se
3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nas- sente, fogo que não se vê).
cença. (José Cândido de Carvalho)
Questões
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da
não literária?
1-) Leia o trecho do poema abaixo.
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (pa-
lavras de sentido figurado), em que as palavras adquirem
sentidos mais amplos do que geralmente possuem. O Poeta da Roça
- Na linguagem literária há uma preocupação com a Sou fio das mata, cantô da mão grosa
escolha e a disposição das palavras, que acabam dando Trabaio na roça, de inverno e de estio
vida e beleza a um texto. A minha chupana é tapada de barro
- Na linguagem literária é muito importante a maneira Só fumo cigarro de paia de mio.
original de apresentar o tema escolhido. Patativa do Assaré

A respeito dele, é possível afirmar que

1
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- TEXTO II
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. A cana-de-açúcar
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular férteis solos de massapé, além da menor distância em re-
etc lação ao mercado europeu, propiciaram condições favorá-
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- veis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional
te que o consideremos um texto literário. de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o
que seguem: mercado interno, a cana serve também para a produção de
álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia
TEXTO I e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil,
O açúcar especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool
O branco açúcar que adoçará meu café como combustível.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim 2-) Para que um texto seja literário:
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. a) basta somente a correção gramatical; isto é, a ex-
Vejo-o puro pressão verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
e afável ao paladar b) deve prescindir daquilo que não tenha correspon-
como beijo de moça, água dência na realidade palpável e externa.
na pele, flor c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capa-
que se dissolve na boca. Mas este açúcar cidade de compreensão do leitor.
não foi feito por mim. d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento.
Este açúcar veio O escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, re-
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, vela o Homem aos outros homens.
dono da mercearia.
e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio
mentos, ideias, ações.
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
e tampouco o fez o dono da usina.
incorreta
Este açúcar era cana
a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
e veio dos canaviais extensos
ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
que não nascem por acaso
mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital b) No texto II, de expressão não literária, o autor infor-
nem escola, ma o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
homens que não sabem ler e morrem de fome onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil,
aos 27 anos etc.
plantaram e colheram a cana c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum –
que viraria açúcar. açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
Em usinas escuras, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre
homens de vida amarga o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que
e dura o produz – dura, amarga, triste.
produziram este açúcar d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
branco e puro de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. de novas formas de dizer.
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de literário, parte de um aspecto da realidade, e não da ima-
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) ginação.

Gabarito

1-) D

2
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao Condições básicas para interpretar
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira Fazem-se necessários:
peculiar. a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação texto) e semântico;
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Observação – na semântica (significado das palavras)
unicamente passar informação, existem outros “motivado- incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
res” por trás desta escrita. tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- c) Capacidade de observação e de síntese e
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso d) Capacidade de raciocínio.
acontece porque lhes faltam informações específicas a
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a
Interpretar X compreender
concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju-
Interpretar significa
dar no momento de responder às questões relacionadas
a textos. - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - É possível deduzir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - O autor permite concluir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
e decodificar ).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz está escrito.
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - o texto diz que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - é sugerido pelo autor que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma ção...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. Erros de interpretação

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
a) Extrapolação (viagem)
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, tema quer pela imaginação.
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
b) Redução
na prova.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- mento do tema desenvolvido.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais c) Contradição
definem o tempo). Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
ou de diferenças entre as situações do texto. quentemente, errando a questão.
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
dárias em um só parágrafo. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- que o autor diz e nada mais.
vras.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita ab-
surda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos; b)
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
a saber:
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
mas depende das condições da frase. a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
qual (neutro) idem ao anterior. transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
quem (pessoa) A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
o objeto possuído. na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
como (modo) considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
onde (lugar) prioridade sobre os automotores.
quando (tempo) Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
quanto (montante) bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Exemplo: consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
Falou tudo QUANTO queria (correto) metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestiona-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria mentos por excesso de veículos motorizados, que atingem
aparecer o demonstrativo O ). principalmente as grandes cidades; o favorecimento da saú-
Dicas para melhorar a interpretação de textos de, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a econo-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do mia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos
assunto; impostos.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa No Brasil, está sendo implantado o sistema de compar-
a leitura; tilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
pelo menos duas vezes; parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
- Inferir; ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, San-
tos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderi-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
rem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilha-
autor;
mento é semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O valor do
compreensão; passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5, podendo-se
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas
cada questão; modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao pro-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; jeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomo-
Segundo Fiorin: ção não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ain-
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes ne- da não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
cessariamente de palavras ou expressões contidas na frase. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande,
mente na linguagem. carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam-
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po-
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. deriam ser evitados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também ciência disso no momento.
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
locomoção precisa compreender que deverá gastar com de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net.
o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
Adaptado)
to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressiva.
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras As crianças aprendem que as regras normais em relação
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
devido à falta de regulamentação. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
incentivado em várias cidades. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela pre com pressa para chegar ao destino.
maioria dos moradores. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
os demais meios de transporte. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
arriscada e pouco salutar. situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
objetivos centrais do texto é lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
ciclista. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
é mais seguro do que dirigir um carro. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
cicleta no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como emoção.
meio de locomoção se consolidou no Brasil. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
deve dar prioridade ao pedestre.
Adaptado)
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5 3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
to, é correto afirmar que
Propensão à ira de trânsito (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente conscientes.
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E aspecto comunitário do ato de dirigir.
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas
não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di-
mas também se engajam num comportamento de risco – reção agressiva.
algumas até agem especificamente para irritar o outro mo- (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex-
torista ou impedir que este chegue onde precisa. periências e atividades não só individuais como também
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá sociais.
ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando (E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle
um motorista a tomar decisões irracionais. das emoções positivas por parte dos motoristas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4. A ira de trânsito III. A ficção científica extrapola os limites da realidade,


A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. mas baseia-se naquilo que, pelo menos em teoria, acredi-
(B) implica tomada de decisões sem racionalidade. ta-se que seja possível.
(C) conduz a um comportamento coerente. Está correto o que se afirma APENAS em
(D) resulta do comportamento essencialmente comu- (A) III.
nitário dos motoristas. (B) I e II.
(E) decorre de imperícia na condução de um veículo. (C) I e III.
(D) II e III.
5. De acordo com o perito Dr. James, (E) II.
(A) os congestionamentos representam o principal fa-
tor para a ira no trânsito. 7-) Sem prejuízo para o sentido original e a correção
(B) a cultura dos motoristas é fator determinante para gramatical, o termo sonhar, em ... a sociedade se permite
o aumento de suas frustrações. sonhar seus piores problemas... (2o parágrafo), pode ser
(C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em substituído por:
suas ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que (A) descansar.
outros motoristas não o irritem. (B) desprezar.
(D) a principal causa da direção agressiva é o desco- (C) esquecer.
nhecimento das regras de trânsito. (D) fugir.
(E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira (E) imaginar.
contradiz o aprendizado das crianças em relação às regras
de civilidade. (TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às ques-
tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo.
(TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de Texto I
números 6 e 7 considere o texto abaixo. O canto das sereias é uma imagem que remonta às
Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas.
anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen- As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama
do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não é comum.
no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de
atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em pro-
extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi-
jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos oferecer
terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes,
uma adequada distância de tempo e espaço.
graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraí-
Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar seus
dos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes
piores problemas: desumanização, superpopulação, totali-
submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então
tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a realida-
devoravam impiedosamente os tripulantes.
de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra realidade onde
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com
possamos colocar e resolver no plano da imaginação tudo
o que nos incomoda no cotidiano. O elemento essencial vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas
para guiar a lógica interna do gênero, cuja quebra implica soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por
o fim da magia, é a ciência. Por isso, tecnologia é essen- Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
cial ao gênero. Parte do poder desse tipo de magia cine- Quando a embarcação na qual ele navegava entrou
matográfica está em concretizar, diante dos nossos olhos, inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse-
objetos possíveis, mas inexistentes: carros voadores, robôs guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma
inteligentes. Como parte dessas coisas imaginadas acaba música ainda mais sublime do que aquela que vinha da
se tornando realidade, o gênero reforça a sensação de que ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
estamos vendo na tela projeções das nossas possibilidades A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma
coletivas futuras. para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora-
(Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos
me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza
6-) Considere: para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento
I. Segundo o texto, na ficção científica abordam-se, em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que
com distanciamento de tempo e espaço, questões con- todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e orde-
troversas e moralmente incômodas da sociedade atual, de nou que o amarrassem ao mastro central do navio. O sur-
modo que a solução oferecida pela fantasia possa ser apli- preendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios
cada para resolver os problemas da realidade. ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses
II. Parte do poder de convencimento da ficção cientí- foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os
fica deriva do fato de serem apresentados ao espectador tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus
objetos imaginários que, embora não existam na vida real, subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de
estão, de algum modo, conectados à realidade. não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, - Antônimos


como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante São palavras de significação oposta: ordem - anarquia;
do herói era clara: a falsa promessa de gratificação ime- soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
diata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de Observação: A antonímia pode originar-se de um pre-
vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em e anticomunista; simétrico e assimétrico.
sua própria alma.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São O que são Homônimos e Parônimos:
Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK) - Homônimos
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
8-) Há no texto tes na pronúncia:
(A) comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses rego (subst.) e rego (verbo);
usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. colher (verbo) e colher (subst.);
(B) rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu,
jogo (subst.) e jogo (verbo);
cujo talento musical causava inveja ao primeiro.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
(C) juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em
providência (subst.) e providencia (verbo).
relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu.
(D) crítica à forma pouco original com que Orfeu deci-
de enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses. b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
(E) censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia ferentes na escrita:
quase lhe custou seu projeto de vida. acender (atear) e ascender (subir);
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
9-) Depreende-se do texto que as sereias atingiam cela (compartimento) e sela (arreio);
seus objetivos por meio de censo (recenseamento) e senso ( juízo);
(A) intolerância. paço (palácio) e passo (andar).
(B) dissimulação.
(C) lisura. c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São
(D) observação. palavras iguais na escrita e na pronúncia:
(E) condescendência. caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
10-) O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4o livre (adj.) e livre (verbo).
parágrafo). Mantém-se o sentido original do texto substi-
tuindo-se o elemento grifado por - Parônimos
(A) insolente. São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro
(B) inatingível. e couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço;
(C) intacto. sede e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titâ-
(D) inativo. nico; autuar e atuar;
(E) impalpável. degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir;
suar e soar.
GABARITO
1- B 2-A 3-D 4-B 5-E Questões sobre Significação das Palavras
6- D 7-E 8-A 9-B 10-C
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas da frase abaixo:
2. - SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
- Sinônimos a) imigraram - emigram - migram
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto b) migraram - imigram - emigram
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abo- c) emigraram - migram - imigram.
lir. d) emigraram - imigram - migram.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável e) imigraram - migram – emigram
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversá-
rio e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he- Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio - Leia o texto para responder às questões de números 02
e diálogo; transformação e metamorfose; oposição e an- e 03.
títese.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Mar-
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo te.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto de humor.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
eletrônico. Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
Os alunos da turma avançada de robótica, por exem- vocábulos para as lacunas existentes:
plo, constroem carros com sensores de movimento que a) concerto – há – a – cessões – há;
respondem à aproximação das pessoas. A fonte de energia b) conserto – a – há – sessões – há;
vem de baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que c) concerto – a – há – seções – a;
precisamos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o ins- d) concerto – a – há – sessões – há;
trutor de robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alu- e) conserto – há – a – sessões – a .
nos também aprendem a consertar computadores antigos.
“O nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, com- NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
pletou. ponder à questão.
Em uma época em que celebridades do mundo digital
fazem campanha a favor do ensino de programação nas Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmi-
escolas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da tiram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já impuseram limites de disciplina.
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse tre-
interessando”, disse. cho, é:
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
Adaptado) C) de abnegação. D) de amor.
E) de egoísmo.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa- preenchida com a primeira alternativa da série dada nos pa-
gem, pela seguinte expressão: rênteses:
A) Pelo menos B) A contar de A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
C) Em substituição a D) Com exceção de chentes. (afim- a fim).
E) No que se refere a B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo girem - infringirem).
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. (concelhos - conselhos).
A) Estimulante. B) Cansativo. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
C) Irritante. D) Confuso. de - acerca de).
E) Improdutivo.
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- direita de cada palavra há um sinônimo.
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. 09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- Leia o texto a seguir.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão Temos o poder da escolha
do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Os consumidores são assediados pelo marketing a todo
está correto o que se afirma em momento para comprarem além do que necessitam, mas
A) I, II e III. B) III, apenas. somente eles podem decidir o que vão ou não comprar.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”,
E) I e II, apenas. mas só nós temos o poder da escolha.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cada vez mais precisamos do consumo consciente. 4-) I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está
Será que paramos para pensar de onde vem o produto que preso por homicídio. – o termo em destaque pode ser
estamos consumindo e se os valores da empresa são os substituído, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
mesmos em que acreditamos? A competitividade entre as = correta
empresas exige que elas evoluam para serem opções para II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
o consumidor. Nos anos 60, saber fabricar qualquer coisa reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
era o suficiente para ter uma empresa. Nos anos 70, era ção. = correta
preciso saber fazer com qualidade e altos índices de pro-
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
dução. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
com responsabilidade socioambiental. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
sua relação com a empresa não for boa. Se não for boa,
deve comprar o produto em outro lugar. Os cidadãos não 5-) 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
têm ideia do poder que possuem. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
É importante, ainda, entender nossa relação com a em- vida em Marte.
presa ou produto que vamos eleger. Temos uma expectati- 3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
va, um envolvimento e aceitação e a preferência dependerá gramas de humor.
das ações que aprovamos ou não nas empresas, pois po- 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
demos mudar de ideia. tempo passado)
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4%
das pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
mesmas pessoas admitem que já compraram produto pira-
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
ta. Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado) não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimen- trecho, é de egoísmo
to e aceitação... –, a palavra destacada apresenta sentido Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
contrário de nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
A) vontade. B) apreciação. de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
C) avaliação. D) rejeição. tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
E) indiferença. cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
Na frase – Os consumidores são assediados pelo marke- coletivas).
ting... –, a palavra destacada pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido, por:
7-) A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagela-
A) perseguidos. B) ameaçados.
C) acompanhados. D) gerados. dos das enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado
E) preparados. para indicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há
pessoas que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
GABARITO B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
arreio no cavalo)
01. A 02. D 03. A 04. A 05. D C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
06. E 07. E 08. A 09. D 10. A to. (inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
COMENTÁRIOS lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
de um distrito).
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra- (acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo. 8-) b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
= significados invertidos
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
comprar, é tudo reciclagem”... cados invertidos
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das au- cados invertidos
las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando” e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas significados invertidos
depois fui me interessando”

9
LÍNGUA PORTUGUESA

9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e acei- - Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
tação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário com o seu significado secundário, com o sentido amplo
de rejeição. (ou simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lin-
guagem rica e expressiva. Veja este exemplo:
10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
–, a palavra destacada pode ser substituída, sem alteração que seja tarde demais.
de sentido, por perseguidos. Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
to.
3. - SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS Questões sobre Denotação e Conotação
PALAVRAS
01. (Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP –
2013). Uma frase empregada – exclusivamente – com sen-
tido figurado é:
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo- A) Não é o tipo de companhia que se quer para tomar
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de- um vinho ou ir ao cinema.
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma B) No início de maio, Buffett convidou um sujeito cha-
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. mado Doug Kass para participar de um dos painéis que
compuseram a reunião anual de investidores de sua em-
Sentido Próprio e Figurado das Palavras presa, a Berkshire Hathaway.
C) Buffett queria entender o porquê.
Pela própria definição acima destacada podemos per- D) Questiona.
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas E) Coloca o dedo na ferida.
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex- 02. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado). Assinale a alternativa que apresenta palavra empregada no
sentido figurado.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
A)...somente eles podem decidir o que vão ou não
dem-se assim:
comprar.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido
B) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
comum que costumamos dar a uma palavra.
supérfluos.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
C)… deve comprar o produto em outro lugar.
do”, que podemos dar a uma palavra.
D)… de onde vem o produto que estamos consumin-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes do…
contextos: E) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas ati-
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil pe- tudes.
çonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra- 03. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
dável, que adota condutas pouco apreciáveis) NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e ree-
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- ducação
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
em sentido figurado. João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e
Podemos então concluir que um mesmo significante dois meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). anos preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos
muros, grades, cadeados e detectores de metal, eles têm
Denotação e Conotação outros pontos em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra válvula de escape para as horas de tédio, tornou-se uma
com o seu significado primitivo e original, com o sentido metáfora para o que pretendem fazer quando estiverem
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem em liberdade.
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem
para que não voasse mais. que pensar duas, três vezes antes. Se você movimenta uma
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido peça errada, pode perder uma peça de muito valor ou to-
próprio, comum, usual, literal. mar um xeque-mate, instantaneamente. Se eu for para a
rua e movimentar a peça errada, eu posso perder uma peça
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio- muito importante na minha vida, como eu perdi três anos
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utili- na cadeia. Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
zado em seu sentido dicionarístico. -mate”, afirma João Carlos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil inter- RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literá-
nos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o proje- ria Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil
to “Xadrez que liberta”. Duas vezes por semana, os presos criticou as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos
podem praticar a atividade sob a orientação de servidores da Copa das Confederações.
da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sex- Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos
ta-feira, será realizado o primeiro torneio fora dos presídios Autores, para a qual ele e mais de 40 outros se apresen-
desde que o projeto foi implantado. Vinte e oito internos taram. A audiência do evento literário lembra muito a dos
de 14 unidades participam da disputa, inclusive João Carlos eventos Fifa: classe média alta.
e Fransley, que diz que a vitória não é o mais importante. Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu “como prestador de serviço”, para citar uma participante de
não esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar ou- um protesto em Paraty, anteontem.
tras coisas devido ao xadrez, como ser olhado com outros Como lembrou outro dos convidados da festa literária,
olhos, como estou sendo olhado de forma diferente aqui o mexicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espe-
no presídio devido ao bom comportamento”. lho do que é o Brasil”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cân- (Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Fo-
lha de S.Paulo, 08.07.2013. Adaptado)
dido Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas
mudanças no comportamento dos presos. “Tem surtido um
O termo espelho está empregado em sentido
efeito positivo por eles se tornarem uma referência positiva
A) figurado, significando qualidade.
dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras, res-
B) próprio, significando modelo.
peitam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refle- C) figurado, significando advertência.
tem antes de tomar uma atitude”. D) próprio, significando símbolo.
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham E) figurado, significando reflexo.
a liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João
Carlos já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
também minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
passei para a minha família: xadrez, quando eu sair para a
rua, todo mundo vai ter que aprender porque vai rolar até Violência epidêmica
o torneio familiar”.
“Medidas de promoção de educação e que possibili- A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Em-
tem que o egresso saia melhor do que entrou são mui- bora possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as
to importantes. Nós não temos pena de morte ou prisão classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire carac-
perpétua no Brasil. O preso tem data para entrar e data terísticas epidêmicas.
para sair, então ele tem que sair sem retornar para o crime”, A prevalência varia de um país para outro e entre as
analisa o presidente do Conselho Estadual de Direitos Hu- cidades de um mesmo país, mas, como regra, começa nos
manos, Bruno Alves de Souza Toledo. grandes centros urbanos e se dissemina pelo interior.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/ As estratégias que as sociedades adotam para com-
xadrez-que-liberta-estrategia-concentracao-e-reeduca- bater a violência variam muito e a prevenção das causas
cao/6/noticias. Acesso em: 18.08.2012. Adaptado) evoluiu muito pouco no decorrer do século 20, ao contrário
dos avanços ocorridos no campo das infecções, câncer, dia-
Considerando o contexto em que as seguintes frases betes e outras enfermidades.
foram produzidas, assinale a alternativa em que há empre- A agressividade impulsiva é consequência de pertur-
go figurado das palavras. bações nos mecanismos biológicos de controle emocional.
A) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil Tendências agressivas surgem em indivíduos com dificul-
dades adaptativas que os tornam despreparados para lidar
internos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo.
com as frustrações de seus desejos.
B) Além dos muros, grades, cadeados e detectores de
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os
metal, eles têm outros pontos em comum...
que tiveram a personalidade formada num ambiente des-
C) Nós não temos pena de morte ou prisão perpétua
favorável ao desenvolvimento psicológico pleno.
no Brasil. A revisão de estudos científicos permite identificar três
D) “Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque fatores principais na formação das personalidades com
-mate”, afirma João Carlos. maior inclinação ao comportamento violento:
E) Já passei para a minha família: xadrez, quando eu 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
sair para a rua, todo mundo vai ter que aprender... humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
04. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
2013). Leia o texto a seguir. não lhes impuseram limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
Na FLIP, como na Copa comportamento antissocial.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de 07. (Analista em C&T Júnior – Administração – VUNESP
crianças que se enquadram nessas três condições de ris- – 2013). Leia o texto a seguir.
co. Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chi-
desigualdade social, esses fatores de risco criam o caldo co Anysio, o humorista popular. E disse isso quando lhe
de cultura que alimenta a violência crescente nas cidades. solicitaram considerar o estado atual do riso brasileiro. Nos
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a últimos anos de vida, o escritor contribuía para o cômi-
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passagei- co apenas em sua porção de ator, impedido pela televisão
ro: o criminoso fica impedido de delinquir apenas enquan- brasileira de produzir textos. E o que ele dizia sobre a risa-
to estiver preso. Ao sair, estará mais pobre, terá rompido da ajuda a entender a acomodação de muitos humoristas
laços familiares e sociais e dificilmente encontrará quem contemporâneos. Porque, quando eles humilham aqueles
lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá criado julgados inferiores, os pobres, os analfabetos, os negros,
novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do os nordestinos, todos os oprimidos que parece fácil espezi-
crime. nhar, não funcionam bem como humoristas. O humor deve
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ain- ser o oposto disto, uma restauração do que é justo, para a
da. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ati- qual desancar aqueles em condições piores do que as suas
va, aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias não vale. Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daque-
continuarão superlotadas. le que rouba nosso lugar social.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo
a criminalidade e tratar os que ingressaram nela. atrás sabia disso, e o ensinava por meio de uma imprensa
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. ocupada em ferir a brutal desigualdade entre os seres e
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar as classes. Ao percorrer o extenso volume da História da
os policiais a executar sua função com dignidade, criar leis Caricatura Brasileira (Gala Edições), compreendemos que
que acabem com a impunidade dos criminosos bem-su- tal humor primitivo não praticava um rosário de ofensas
cedidos e construir cadeias novas para substituir as velhas. pessoais. Naqueles dias, humor parecia ser apenas, e ne-
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medi- cessariamente, a virulência em relação aos modos opres-
das preventivas para que os pais evitem ter filhos que não sivos do poder.
serão capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscurida-
integrá-los na sociedade por meio da educação formal de de os nomes que sucederam ao mais aclamado dos artistas
bom nível, das práticas esportivas e da oportunidade de a produzir arte naquele Brasil, Angelo Agostini. Corcundas
desenvolvimento artístico. magros, corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro,
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adap- todos esses seres compostos em aspecto polimórfico, com
tado) expressivo valor gráfico, eram os responsáveis por ilustrar
a subserviência a estender-se pela Corte Imperial. Contra a
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada pa- escravidão, o comodismo dos bem--postos e dos covardes
lavra ou expressão com sentido figurado. imperialistas, esses artistas operavam seu espírito crítico
A) Tendências agressivas surgem em indivíduos com em jornais de todos os cantos do País.
dificuldades adaptativas ...(4.º parágrafo) (Carta Capital.13.02.2013. Adaptado)
B) A revisão de estudos científicos permite identificar
três fatores principais na formação das personalidades com Na frase –… compreendemos que tal humor primitivo
maior inclinação ao comportamento violento... (6.º pará- não praticava um rosário de ofensas pessoais. –, observa-se
grafo) emprego de expressão com sentido figurado, o que ocorre
C) As estratégias que as sociedades adotam para com- também em:
bater a violência variam... (3.º parágrafo) A) O livro sobre a história da caricatura estabelece mar-
D) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que cos inaugurais em relação a essa arte.
alimenta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) B) O trabalho do caricaturista pareceu tão importante
E) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personali- a seus contemporâneos que recebeu o nome de “nova in-
dade formada num ambiente desfavorável ao desenvolvi- venção artística.”
mento psicológico pleno. (5.º parágrafo) C) Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro pro-
fissional dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no
06. O item em que o termo sublinhado está emprega- Brasil.
do no sentido denotativo é: D) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de to-
A) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade dos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
rendeu frutos políticos.” E) O livro sobre a arte caricatural respeita cronologica-
B) “...com percentuais capazes de causar inveja ao pre- mente os acontecimentos da história brasileira, suas temá-
sidente.” ticas políticas e sociais.
C) “Os genéricos estão abrindo as portas do merca-
do...” 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
D) “...a indústria disparou gordos investimentos.” Públicas – VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
E) “Colheu uma revelação surpreendente:...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tomadas e oboés A) incompreendidos, que são obrigados a trabalhar


além do expediente.
“O do meio, com heliponto, tá vendo?”, diz o taxista, B) desvalorizados, que não são devidamente reconhe-
apontando o enorme prédio espelhado, do outro lado da cidos.
marginal: “A parte elétrica, inteirinha, meu cunhado que C) indispensáveis, que consideram realizar um trabalho
fez”. Ficamos admirando o edifício parcialmente iluminado de grande importância.
ao cair da tarde e penso menos no tamanho da empreitada D) metódicos, que gerenciam com rigidez a vida cor-
do que em nossa variegada humanidade: uns se dedicam porativa.
à escrita, outros a instalações elétricas, lembro- -me do E) flexíveis, que sabem valorizar os momentos de ócio.
meu tio Augusto, que vive de tocar oboé. “Fio, disjuntor,
tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que GABARITO
chega a contaminar-me.
Pergunto quantas tomadas ele acha que tem, no pré- 01. E 02. B 03. D 04. E 05. D
dio todo. Há quem ria desse tipo de indagação. Meu taxis- 06. B 07. D 08. C
ta, não. É um homem sério, eu também, fazemos as contas:
uns dez escritórios por andar, cada um com umas seis salas, COMENTÁRIOS
vezes 30 andares. “Cada sala tem o quê? Duas tomadas?”
“Cê tá louco! Muito mais! Hoje em dia, com computa- 1-) Coloca o dedo na ferida.
dor, essas coisas? Depois eu pergunto pro meu cunhado, Frase empregada para dizer que acerta o ponto fraco,
mas pode botar aí pra uma média de seis tomadas/sala.” onde dói.
Ok: 10 x 6 x 6 x 30 = 10.800. Dez mil e oitocentas to-
madas! 2-) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
Há 30, 40 anos, uma hora dessas, a maior parte das supérfluos.
tomadas já estaria dormindo o sono dos justos, mas a jul- Exagero, hipérbole.
gar pelo número de janelas acesas, enquanto volto para
casa, lentamente, pela marginal, centenas de trabalhado- 3-) Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
-mate”, afirma João Carlos.
res suam a camisa, ali no prédio: criam logotipos, calculam
É o lance que põe fim à partida, acaba com a liberdade,
custos para o escoamento da soja, negociam minério de
no caso.
ferro. Talvez até, quem sabe, deitado num sofá, um homem
escute em seu iPod as notas de um oboé.
4-) O termo espelho está empregado em sentido figu-
Alegra-me pensar nesse sujeito de olhos fechados, ou-
rado, significando reflexo do que é o país.
vindo música. Bom saber que, na correria geral, em meio a
tantos profissionais que acreditam estar diretamente en-
5-) criam o caldo de cultura que alimenta a violência
volvidos no movimento de rotação da Terra, esse aí reser-
crescente nas cidades. (10.º parágrafo)
vou-se cinco minutos de contemplação. Criam o ambiente, as situações que alimentam, forta-
Está tarde, contudo. Algo não fecha: por que segue no lecem a violência.
escritório, esse homem? Por que não voltou para a mulher
e os filhos, não foi para o chope ou o cinema? O homem 6-) com percentuais capazes de causar inveja ao pre-
no sofá, entendo agora, está ainda mais afundado do que sidente.
os outros. O momento oboé era apenas uma pausa para Sentido denotativo = empregado com o sentido real
repor as energias, logo mais voltará à sua mesa e a seus da palavra
logotipos, à soja ou ao minério de ferro.
“Onze mil, cento e cinquenta”, diz o taxista, me mos- 7-) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de
trando o celular. Não entendo. “É o SMS do meu cunhado: todos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
11.150 tomadas.” Zunir: Produzir som forte e áspero. Empregado no
Olho o prédio mais uma vez, admirado com a insta- sentido de “gritar” aos leitores as notícias.
lação elétrica e nossa heteróclita humanidade, enquanto
seguimos, feito cágados, pela marginal. 8-) indispensáveis, que consideram realizar um traba-
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 06.03.2013. Adapta- lho de grande importância.
do) Comparando-se ao movimento de rotação, que acon-
tece sem a intervenção de quaisquer trabalhadores, “im-
No trecho do sexto parágrafo – Bom saber que, na cor- portantes” ou não.
reria geral, em meio a tantos profissionais que acreditam
estar diretamente envolvidos no movimento de rotação
da Terra, esse aí reservou-se cinco minutos de contempla-
ção. –, o segmento em destaque expressa, de modo figura-
do, um sentido equivalente ao da expressão: profissionais
que acreditam ser

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LÍNGUA PORTUGUESA

2- Depois de interjeições ou vocativos


4. - PONTUAÇÃO - Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!

Ponto de Interrogação
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
servem para compor a coesão e a coerência textual, além de “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos vedo)
as principais funções dos sinais de pontuação conhecidos
pelo uso da língua portuguesa. Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Ponto - Comprei lápis, canetas, cadernos...
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 2- Indica interrupção violenta da frase.
que se encontra. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Este mal... pega doutor?
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
Ponto e Vírgula ( ; ) - Deixa, depois, o coração falar...
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Não se usa vírgula
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
gam-se diretamente entre si:
2- Separa partes de frases que já estão separadas por - entre sujeito e predicado.
vírgulas. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- Sujeito predicado
nhas, frio e cobertor.
- entre o verbo e seus objetos.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
2- Antes de um aposto abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo das.
a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para marcar elipse (omissão) do verbo: C) Duas explicações do treinamento para consultores
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
- Para isolar: trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, metas de vendas associadas aos dois temas.
possui um trânsito caótico. D) Duas explicações do treinamento para consultores
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das
Fontes: metas de vendas associadas aos dois temas.
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ E) Duas explicações, do treinamento para consultores
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
htm trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
metas, de vendas associadas aos dois temas.
Questões sobre Pontuação
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alterna-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna-
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- à pontuação.
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!,
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo,
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, do que em outros.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- – do que em outros.
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada que em outros.
a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
lacunas da frase abaixo: sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas o acréscimo das vírgulas.
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
nica ao grupo ou acione o código na internet.
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; o código foi acionado.
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os que a criança foi encontrada.
sinais de pontuação estão empregados corretamente em: (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores meiro às, areias do Guarujá.
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das lefone de quem a encontrou e informar um ponto de refe-
metas de vendas associadas aos dois temas. rência
B) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das
metas de vendas associadas aos dois temas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Assinale a série de sinais cujo emprego corresponde, (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará- procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar
grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente ( )
Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mostrou 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas de-
seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”. vem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que o
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interroga- trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
ção, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga- vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final, 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
travessão, travessão, ponto final, ponto final A) Duas explicações , (X) do treinamento para consulto-
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, traves- res iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de PPD e a
são, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interrogação, metas de vendas associadas aos dois temas.
vírgula, vírgula, travessão, interrogação C) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
ciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a cons-
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está trução de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das
pontuada corretamente: metas de vendas associadas aos dois temas.
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resul- D) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
tado do concurso. ciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resul- trução de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou falar das
tado do concurso. metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resul-
iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
tado do concurso.
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
das metas , (X) de vendas associadas aos dois temas.
concurso, em fila.
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
tado do concurso.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X) rapi-
damente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda que o
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é: avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exem-
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. plo, do que em outros.
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) ampliam
usou um vestido azul. rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X) ainda que o
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos. avanço seja mais notável , (X) em alguns países, o Brasil é um
D) Não limparam a sala nem a cozinha. exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam rapi-
GABARITO damente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ainda que
o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o Brasil é um
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E exemplo, do que em outros.
06. B 07. B 08. B (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
RESOLUÇÃO te , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) o avanço
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas que em outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequa-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- das
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
dona. pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrô-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa nica ao grupo ou acione o código na internet.
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- onde o código foi acionado.
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
dona. , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, que a criança foi encontrada.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon- primeiro às , (X) areias do Guarujá.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pará- Adjetivo Pátrio Composto
grafo
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (? elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudi-
) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - ) ou mos- ta. Observe alguns exemplos:
trou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os restantes ( ? ) África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o -inglesas
resultado do concurso. América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha irmã China sino- / Acordos sino-japoneses
usou um vestido azul. Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do Europa euro- / Negociações euro-americanas
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode Grécia greco- / Filmes greco-romanos
ser prejudicada pela ausência da pontuação. Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
5. - CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, Flexão dos adjetivos
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM
ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se


Adjetivo referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou ca- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mascu-
racterística do ser e se relaciona com o substantivo. lino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, perce- e má, judeu e judia.
bemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe-
colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso, moça minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
bondosa, pessoa bondosa. norte-americano, a moça norte-americana.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma quali- Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
dade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem
bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portan- Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
to, não é adjetivo, mas substantivo. como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femini-
Morfossintaxe do Adjetivo no. Por exemplo: conflito político-social e desavença político-social.

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função Número dos Adjetivos


dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando Plural dos adjetivos simples
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
ou do objeto). Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
zes, ruim e ruins boa e boas
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob- Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
serve alguns deles: função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Estados e cidades brasileiros: que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um
Alagoas alagoano substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a pa-
Amapá amapaense lavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se estiver
Aracaju aracajuano ou aracajuense qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará,
Amazonas amazonense ou baré então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Belo Horizonte belo-horizontino Veja outros exemplos:
Brasília brasiliense Motos vinho (mas: motos verdes)
Cabo Frio cabo-friense Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Campinas campineiro ou campinense Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de superiorida-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- de, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me-
o último elemento concorda com o substantivo a que se lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as for-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja mas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará Por exemplo:
invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um
substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos.
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan- qualidades de um mesmo elemento.
tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável.
Por exemplo: Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferioridade
Camisas rosa-claro. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Ternos rosa-claro. Superlativo
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou
relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um
quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se
invariáveis. nas formas:
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
têm os dois elementos flexionados. que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secre-
tário é muito inteligente.
Grau do Adjetivo Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o Observe alguns superlativos sintéticos:
comparativo e o superlativo. benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
Comparativo comum comuníssimo
cruel crudelíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- difícil dificílimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- doce dulcíssimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de fácil facílimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe os fiel fidelíssimo
exemplos abaixo:
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser
No comparativo de igualdade, o segundo termo da é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou pode ser:
quão. De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superio-
ridade Analítico Note bem:
No comparativo de superioridade analítico, entre os 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
dois substantivos comparados, um tem qualidade superior. advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos-
A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” tos ao adjetivo.
ou “mais...que”. 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
rioridade Sintético latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo:
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo,
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: agilíssimo.
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, gran- 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
de/maior, baixo/inferior. necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís-
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,


de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
O advérbio, assim como muitas outras palavras existen- de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
tes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz referência tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, ou seja, in- tavelmente (=sem dúvida).
dicando as circunstâncias em que esse processo se desen- de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
volve. mente, simplesmente, só, unicamente
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti- de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
do de caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois de designação: Eis
também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
alguns exemplos: (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, quê? (finalidade)
você está até bem informado. Locução adverbial
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adje-
tivo alheio, representando uma qualidade, característica. É reunião de duas ou mais palavras com valor de advér-
bio. Exemplo:
O artista canta muito mal. Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar de- pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
marcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não apressadamente.
deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos de Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo
locução adverbial, representada por algumas expressões, são flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis.
tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo al- A única flexão propriamente dita que existe na categoria dos
gum, entre outras. advérbios é a de grau:
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez ex- - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
pressas por: inconstitucionalissimamente, etc.;
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pou- pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
cos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a
frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos
que terminam em -”mente”: calmamente, tristemente, pro- Artigo
positadamente, pacientemente, amorosamente, docemente,
escandalosamente, bondosamente, generosamente Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de gênero e o número dos substantivos.
todo, de muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, Classificação dos Artigos
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, do-
ravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, Artigos Definidos: determinam os substantivos de ma-
afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, neira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em um animal.
tempos, em breve, hoje em dia
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Combinação dos Artigos
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abai-
xo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, aden- É muito presente a combinação dos artigos definidos
tro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
a distância, à distancia de, de longe, de perto, em cima, à di- essas combinações:
reita, à esquerda, ao lado, em volta

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Artigos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
o, os sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a
a ao, aos menos que venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
na, nas num, nuns numa, numas mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
pela, pelas - - excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.

- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o - Não se une com preposição o artigo que faz parte do
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
por crase. Estado de S. Paulo.
Morfossintaxe
Constatemos as circunstâncias
em que os artigos se manifestam Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas re-
lações com o substantivo. Assim, nas orações da língua por-
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu- tuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal do
meral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olim- substantivo a que se refere. Tal função independe da função
píadas. exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do Uma existência é a poesia.
artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...

- Quando indicado no singular, o artigo definido pode in-


Conjunção
dicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do ar-
exemplo:
tigo: O Pedro é o xodó da família.
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no amiguinhas.
plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas,
Os Astecas... Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) amiguinhas
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo),
o pronome assume a noção de qualquer. Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados. 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
(qualquer classe) mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facul- terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
tativo: palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e”
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns está ligando termos de uma mesma oração.
vinte anos.
Morfossintaxe da Conjunção
- O artigo também é usado para substantivar palavras
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
tudo isso. propriamente uma função sintática: são conectivos.
Classificação
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo - Conjunções Coordenativas
cujo (e flexões). - Conjunções Subordinativas
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Este é o autor cuja obra conheço.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunções coordenativas - FINAIS


Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Dividem-se em: Todos trabalham para que possam sobreviver.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto Principais conjunções finais: para que, a fim de que, por-
de cantar e de dançar. que (=para que),
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam-
bém, não só...como também. - PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que,
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo- quanto mais, ao passo que, à proporção que.
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
todavia, no entanto, entretanto. - TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. logo que.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. Quando eu sair, vou passar na locadora.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, Diferença entre orações causais e explicativas
quer...quer, já...já.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. (OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos depa-
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (de- ramos com a dúvida de como distinguir uma oração causal
pois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. de uma explicativa. Veja os exemplos:
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É atropelado”:
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an- ou uma explicação do fato expresso na oração anterior.
tes do verbo), porquanto. b) As orações são coordenadas e, por isso, independen-
tes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações
Conjunções subordinativas que vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CAUSAIS Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Ora-
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, ção Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela
uma vez que, como (= porque). será explicativa.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo impe-
rativo)
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra ci-
como, mais...do que, menos...do que. dade porque não havia cemitério no local.”
Ela fala mais que um papagaio. a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordina-
da (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
- CONCESSIVAS verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
mesmo que, apesar de, se bem que. como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. os mortos em outra cidade.
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
estar cansada) dependentes uma da outra.
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Interjeição
- CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo, Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
conforme, consoante sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
Cada um colhe conforme semeia. interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas lin-
midade. guísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
- CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tan- Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
to”, “tão”, “tamanho”). ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou simples-
Falou tanto que ficou rouco. mente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!

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LÍNGUA PORTUGUESA

As sentenças da língua costumam se organizar de forma Classificação das Interjeições


lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os
distribui em posições adequadas a cada um deles. As inter- Comumente, as interjeições expressam sentido de:
jeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um con- Atenção!, Olha!, Alerta!
junto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser colo- - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
cada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Bravo! Bis! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui- - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
to bom! Repitam!” Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” Boa!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
um estado da alma decorrente de uma situação particular, - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
um momento ou um contexto específico. Exemplos: - Desculpa: Perdão!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Oh!, Eh!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição Epa!, Ora!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
O significado das interjeições está vinculado à maneira Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que Cruz!, Putz!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
de enunciação. Exemplos:
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me,
mando! Ei, espere!”
Deus!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
favor, faça silêncio!”
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: euforia é, não sofrem variação em gênero, número e grau como os
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
puxa: interjeição; tom da fala: decepção voz como os verbos. No entanto, em uso específico, algu-
mas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro,
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: neste caso, que não se trata de um processo natural dessa
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, classe de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem
tristeza, dor, etc. afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Você faz o que no Brasil?
Eu? Eu negocio com madeiras. Locução Interjetiva
Ah, deve ser muito interessante.
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex-
2) Sintetizar uma frase apelativa pressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas!
Cuidado! Saia da minha frente. Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa!
Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá!
As interjeições podem ser formadas por: Muito bem!
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! Observações:
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
Ora bolas! Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Pe-
ço-lhe que me desculpe.
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo: seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrarie- gramaticais podem aparecer como interjeições.
dade) Viva! Basta! (Verbos)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) Fora! Francamente! (Advérbios)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” Classificação dos Numerais


porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socor-
ro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto! Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bási-
co: um, dois, cem mil, etc.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita- Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divi-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a são dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, triste- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
za, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
a fazemos depois do “ó” vocativo. dobro, triplo, quíntuplo, etc.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) Leitura dos Numerais

- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de Separando os números em centenas, de trás para frente,
palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no di- obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
minutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Interjeições, leitura e produção de textos 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além Flexão dos numerais
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falan-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
te - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzen-
ou dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrati-
tas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas,
vos - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e,
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Natu-
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
reza sintética e conteúdo mais emocional do que racional fazem
primeiro segundo milésimo
das interjeições presença constante nos textos publicitários.
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
Fonte: primeiras segundas milésimas
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
Numeral em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conse-
guiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais fle-
méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa xionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
em determinada sequência. medicamento.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas ter-
ças partes
Eu quero café duplo, e você? Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dú-
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] zia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência É o que ocorre em frases como:
de “fila”] “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando gunda divisão de futebol)
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos. Emprego dos Numerais
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dú- e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois
zia, par, ambos(as), novena. do substantivo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são larga-
mente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposição Preposição + Pronomes


De + ele(s) = dele(s)
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar De + ela(s) = dela(s)
termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal- De + este(s) = deste(s)
mente há uma subordinação do segundo termo em relação De + esta(s) = desta(s)
ao primeiro. As preposições são muito importantes na es- De + esse(s) = desse(s)
trutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e pos- De + essa(s) = dessa(s)
suem valores semânticos indispensáveis para a compreen- De + aquele(s) = daquele(s)
são do texto. De + aquela(s) = daquela(s)
De + isto = disto
Tipos de Preposição De + isso = disso
De + aquilo = daquilo
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi- De + aqui = daqui
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, De + aí = daí
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, De + ali = dali
atrás de, dentro de, para com. De + outro = doutro(s)
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes De + outra = doutra(s)
gramaticais que podem atuar como preposições: como, du- Em + este(s) = neste(s)
rante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto. Em + esta(s) = nesta(s)
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valen- Em + esse(s) = nesse(s)
do como uma preposição, sendo que a última palavra é uma Em + aquele(s) = naquele(s)
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito Em + aquela(s) = naquela(s)
de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao Em + isto = nisto
redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por Em + isso = nisso
cima de, por trás de. Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s)
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto A + aquela(s) = àquela(s)
pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor- A + aquilo = àquilo
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por
+ a = pela. Dicas sobre preposição
Vale ressaltar que essa concordância não é característica
da preposição, mas das palavras às quais ela se une. 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
Esse processo de junção de uma preposição com outra pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja
palavra pode se dar a partir de dois processos: um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá para
determiná-lo como um substantivo singular e feminino.
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + artigos definidos o, os Como posso fazer a Joana concordar comigo?
a + o = ao
preposição a + advérbio onde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
a + onde = aonde termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procu-
Preposição + Artigos rar um tratamento adequado.
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + um = dum lugar e/ou a função de um substantivo.
De + uns = duns Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + uma = duma parte da família
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
Em + o(s) = no(s) Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + uma = numa das preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
tamento. escola neste ano.
Instrumento = Escreveu a lápis. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. adequada]
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
Companhia = Estarei com ele amanhã. adequada]
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. dância inadequada]
Origem = Nós somos do Nordeste, e você? Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. Pronomes Pessoais

Fonte: São aqueles que substituem os substantivos, indicando


http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
Pronome “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou às pessoas de quem fala.
a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
de alguma forma. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou
do caso oblíquo.
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! Pronome Reto
[substituição do nome]
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! ça, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
[referência ao nome] Nós lhe ofertamos flores.

Essa moça morava nos meus sonhos! Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne-
[qualificação do nome] ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin-
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa
Grande parte dos pronomes não possuem significados forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência - 1ª pessoa do singular: eu
exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pro- - 2ª pessoa do singular: tu
nomes no ato da comunicação. Com exceção dos prono- - 3ª pessoa do singular: ele, ela
mes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm - 1ª pessoa do plural: nós
por função principal apontar para as pessoas do discurso ou - 2ª pessoa do plural: vós
a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo - 3ª pessoa do plural: eles, elas
ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
apresentam uma forma específica para cada pessoa do dis- Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
curso. como complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] mas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número Pronome Oblíquo
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência atra-
vés do pronome seja coerente em termos de gênero e nú- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
mero (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mes- tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
mo quando este se apresenta ausente no enunciado. to ou indireto) ou complemento nominal.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Pronome Oblíquo Tônico
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
Pronome Oblíquo Átono figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
fraca: Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
figurado: - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 1ª pessoa do plural (nós): nos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da lín-
Observações: gua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre- Não há mais nada entre mim e ti.
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompa- Não há nenhuma acusação contra mim.
nhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce Não vá sem mim.
sempre a função de objeto indireto na oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
objetos diretos. pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome,
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no Não vá sem eu mandar.
-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe
o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
- Trouxeste o pacote? originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conos-
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. co e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequente-
- Não contaram a novidade a vocês? mente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
- Não, no-la contaram. Ele carregava o documento consigo.

No português do Brasil, essas combinações não são - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego é “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são re-
muito raro. forçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos,
ambos ou algum numeral.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas Você terá de viajar com nós todos.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma tícias.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é Ele disse que iria com nós três.
suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação ex-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: pressa pelo verbo.
viram + o: viram-no O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
repõe + os = repõe-nos - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
retém + a: retém-na Eu não me vanglorio disso.
tem + as = tem-nas Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlo-
cutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que
podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente
tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou Pronomes Demonstrativos


nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, Os pronomes demonstrativos são utilizados para expli-
por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, citar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou
não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ain- ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espa-
da, verbo na terceira pessoa. ço, no tempo ou discurso.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos No espaço:
teus cabelos. (errado) Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus carro está perto da pessoa que fala.
cabelos. (correto) Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da
teus cabelos. (correto) pessoa que fala.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o
Pronomes Possessivos carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem
falo.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coi- Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo
sa possuída). quanto por meio de correspondência, que é uma modalida-
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do sin- de escrita de fala), são particularmente importantes o este e
gular) o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o
segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar
NÚMERO PESSOA PRONOME ambiguidade.
singular primeira meu(s), minha(s) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
singular segunda teu(s), tua(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer-
singular terceira seu(s), sua(s) sidade destinatária).
plural primeira nosso(s), nossa(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em partici-
plural segunda vosso(s), vossa(s) par no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade
plural terceira seu(s), sua(s) que envia a mensagem).
No tempo:
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam refere ao ano presente.
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se re-
ção naquele momento difícil. fere a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
Observações: está se referindo a um passado distante.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
José. invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- la(s).
se. Podem ter outros empregos, como: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
anos. - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e pu-
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá derem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, que te indiquei.)
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência
trouxe sua mensagem? - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que
o procuraram ontem.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e ano- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o
tações. problema.

5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
passos. (= Vou seguir seus passos.) - tal, tais: Tal era a solução para o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Note que: Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos,


- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em ora pronomes indefinidos adjetivos:
construções redundantes, com finalidade expressiva, para algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, ne-
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das nhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quais-
belezas brasileiras, isso é que é sorte! quer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s),
todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
- O pronome demonstrativo neutro ou pode represen- Menos palavras e mais ações.
tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em Alguns se contentam pouco.
que aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou
aposto: O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variá-
veis e invariáveis. Observe:
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente ex- Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
presso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne-
vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que ela o nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
fizesse. algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou-
tras, quantas.
- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em pri- cada.
meiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos
íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada
aquele casado] um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal
e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irô-
Cada um escolheu o vinho desejado.
nica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Indefinidos Sistemáticos
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, per-
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
cebemos que existem alguns grupos que criam oposição de
= naquilo)
sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afir-
mativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo;
Pronomes Indefinidos todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém,
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- que se referem à pessoa, e algo/nada, que se referem à coisa;
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
quantidade indeterminada. Essas oposições de sentido são muito importantes na
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
-plantadas. vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os prono-
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa mes indefinidos destacados imprimem às afirmações de que
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma fazem parte:
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é desco- prático.
nhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
soas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. Pronomes Relativos
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin-
guém, outrem, quem, tudo. São aqueles que representam nomes já mencionados
Algo o incomoda? anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
Quem avisa amigo é. orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser grupo racial sobre outros.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). = oração subordinada adjetiva).
Cada povo tem seus costumes. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
Certas pessoas exercem várias profissões. introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “siste-
ma” é antecedente do pronome relativo que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
me demonstrativo o, a, os, as. cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
Não sei o que você está querendo dizer. onde morava foi assaltada.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem ex-
presso. - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
Quem casa, quer casa. em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
Observe: no exterior.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
quantas. lavras:
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
como você agiu semana passada.
Note que: - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, díamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu ante- - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
cedente for um substantivo. numa só frase.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O futebol é um esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O povo gosta muito deste esporte.
qual) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gen-
quais) te que conversava, (que) ria, (que) fumava.

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual variações), quanto (e variações).
me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dú- preferes.
vidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e tos passageiros desembarcaram.
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural. Sobre os pronomes

- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dos quais, das quais. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
(antecedente) (consequente) frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: lhe ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre é do caso oblíquo.
precedido de preposição. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
É um professor a quem muito devemos. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
(preposição) a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Importante: Em observação à segunda oração, o em- O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver- pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. 2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Eu estou perguntando-lhe algo.
LÂMPADA MALA
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di- Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
ferentemente dos segundos que são sempre precedidos de existência própria, que são independentes de outros seres.
preposição. São substantivos concretos.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
estava fazendo. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o existe, independentemente de outros seres.
que eu estava fazendo.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do
Substantivo mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Brasília, etc.
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma,
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme- etc.
nos, os substantivos também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Observe agora:
-sentimentos: raiva, amor... Beleza exposta
-estados: alegria, tristeza... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria... O substantivo beleza designa uma qualidade.

Morfossintaxe do substantivo Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que


dependem de outros para se manifestar ou existir.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver- observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou
bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ain- manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abs-
da funcionar como núcleo do complemento nominal ou do trato.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
como núcleo do vocativo. Também encontramos substan- des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
tivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
adverbiais - quando essas funções são desempenhadas por rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).
grupos de palavras.
3 - Substantivos Coletivos
Classificação dos Substantivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
1- Substantivos Comuns e Próprios abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Bra-
sil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cidade (em oposição aos bairros). cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha...
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada ci- No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin-
dade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo gular (enxame) para designar um conjunto de seres da mes-
comum. ma espécie (abelhas).
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, ho- Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
mem, mulher, país, cachorro. mo estando no singular, designa um conjunto de seres da
Estamos voando para Barcelona. mesma espécie.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo coletivo Conjunto de: Formação dos Substantivos


assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos Substantivos Simples e Compostos
acervo livros
antologia trechos literários selecionados Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
arquipélago ilhas terra.
banda músicos O substantivo chuva é formado por um único elemento
bando desordeiros ou malfeitores ou radical. É um substantivo simples.
banca examinadores
batalhão soldados Substantivo Simples: é aquele formado por um único
cardume peixes elemento.
caravana viajantes peregrinos Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
cacho frutas agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
cáfila camelos mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
cancioneiro canções, poesias líricas Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
colmeia abelhas mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
chusma gente, pessoas
concílio bispos Substantivos Primitivos e Derivados
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme Meu limão meu limoeiro,
esquadra navios de guerra meu pé de jacarandá...
enxoval roupas
falange soldados, anjos O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
fauna animais de uma região nenhum outro dentro de língua portuguesa.
feixe lenha, capim
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne-
flora vegetais de uma região
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs-
frota navios mercantes, ônibus
tantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da pa-
girândola fogos de artifício
lavra limão.
horda bandidos, invasores
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
junta médicos, bois, credores, examinadores
palavra.
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
Flexão dos substantivos
leva presos, recrutas
malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes, O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
matilha cães de raça quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exem-
molho chaves, verduras plo, pode sofrer variações para indicar:
multidão pessoas em geral Plural: meninos Feminino: menina
ninhada pintos Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves Flexão de Gênero
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
ramalhete flores sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
rebanho ovelhas gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero mascu-
récua bestas de carga, cavalgadura lino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o,
repertório peças teatrais, obras musicais os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
réstia alhos ou cebolas O velho e o mar
romanceiro poesias narrativas Um Natal inesquecível
revoada pássaros Os reis da praia
sínodo párocos
talha lenha Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po-
tropa muares, soldados dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
turma estudantes, trabalhadores A história sem fim
vara porcos Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes Epicenos:


de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacio- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
nado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma
para o masculino e outra para o feminino. Observe: gato – Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para indicar o masculino e o feminino.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto para designar os dois sexos. Esses substantivos são chama-
para o feminino. Classificam-se em: dos de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a
necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras ma-
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a co- cho e fêmea.
bra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea. A cobra macho picou o marinheiro.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
o indivíduo. Sobrecomuns:
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes- Entregue as crianças à natureza.
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista. A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o siste- dos seres a que se refere a palavra. Veja:
ma, o sintoma, o teorema. A criança chorona chamava-se João.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, A criança chorona chamava-se Maria.
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rá-
dio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - Marcela faleceu
aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Comuns de Dois Gêneros:
masculino: freguês - freguesa Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de
três formas: Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona A distinção de gênero pode ser feita através da análise
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo:
sultana o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem -
uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter francês
- Substantivos terminados em -or: - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora - A palavra personagem é usada indistintamente nos
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz dois gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada pre-
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul ferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os
- consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - du- personagens dos contos de carochinha.
quesa / conde - condessa / profeta - profetisa b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não acei-
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e tam a personagem.
final por -a: elefante - elefanta - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte.
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino Observe o gênero dos substantivos seguintes:
e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
- Substantivos que formam o feminino de maneira es- (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ma-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: racajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano,
czar – czarina réu - ré o proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a Plural dos Substantivos Simples


cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a
cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
- São geralmente masculinos os substantivos de origem ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o - cânones.
plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o ede- “ns”: homem - homens.
ma, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Gênero dos Nomes de Cidades Atenção: O plural de caráter é caracteres.

Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A histórica Ouro Preto. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A dinâmica São Paulo. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e
A acolhedora Porto Alegre. cônsules.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, mane-
jando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça duas maneiras:
(parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariá-
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o veis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento da três maneiras.
confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena gran- - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
(relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumen- látex - os látex.
to), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, Plural dos Substantivos Compostos
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fu- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
maça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
(parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (apare- formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
lho receptor), a rádio (estação emissora), o voga (remador), a Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como
voga (moda, popularidade). os substantivos simples: aguardente/aguardentes, giras-
sol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.
Flexão de Número do Substantivo O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Em português, há dois números gramaticais: o singular, discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
plural é o “s” final. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e pre que a terminação preste-se à flexão.
alto- -falantes Os Napoleões também são derrotados.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos As Raquéis e Esteres.

- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Plural dos Substantivos Estrangeiros


formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
de-colônia e águas-de-colônia critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava- quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
lo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determi- Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré-
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, quiens.
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.
- Permanecem invariáveis, quando formados de: O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa- Plural com Mudança de Timbre
ca-rolhas
Certos substantivos formam o plural com mudança de
- Casos Especiais
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fo-
o louva-a-deus e os louva-a-deus
nético chamado metafonia (plural metafônico).
o bem-te-vi e os bem-te-vis
Singular Plural
o bem-me-quer e os bem-me-queres
corpo (ô) corpos (ó)
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
esforço esforços
fogo fogos
Plural das Palavras Substantivadas
forno fornos
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras fosso fossos
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, imposto impostos
no plural, as flexões próprias dos substantivos. olho olhos
Pese bem os prós e os contras. osso (ô) ossos (ó)
O aluno errou na prova dos noves. ovo ovos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. poço poços
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” porto portos
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos posto postos
seis e alguns dez. tijolo tijolos
Plural dos Diminutivos
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
acrescenta-se o sufixo diminutivo. Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
pãe(s) + zinhos = pãezinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
tren(s) + zinhos = trenzinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
colhere(s) + zinhas = colherezinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
flore(s) + zinhas = florezinhas as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin-
papéi(s) + zinhos = papeizinhos gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas nome) e honras (homenagem, títulos).
funi(s) + zinhos = funizinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos sentido de plural:
pai(s) + zinhos = paizinhos Aqui morreu muito negro.
pé(s) + zinhos = pezinhos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
pé(s) + zitos = pezitos improvisadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de Grau do Substantivo Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
normal. Por exemplo: casa tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
do ser. Classifica-se em: no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprenderão,
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjeti- nutriríamos.
vo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Classificação dos Verbos
dor de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificam-se em:
do ser. Pode ser: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al-
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. terações no radical: canto cantei cantarei cantava
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- cantasse.
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
Verbo - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes- e pessoais:
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:
ocorrência (nascer); desejo (querer).
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
se ou fazer (em orações temporais).
seus possíveis significados. Observe que palavras como cor-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
rida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém,
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Era primavera quando a conheci.
apresentar os seguintes elementos: Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhe-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. cer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci
(radical fal-) mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sen-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica tido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
(partir). Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- Desinência modo-temporal: é o elemento que desig-
na o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: ** São impessoais, ainda:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) tempo: Já passa das seis.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que desig- 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
na a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
ou plural): 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referên-
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) cia a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse
caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados verbos, então, pessoais.
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar “ser possível”. Por exemplo:
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Não deu para chegar mais cedo.
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Dá para me arrumar uns trocados?

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu
bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e
a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

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LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está
implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto represen-
tado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando
o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronomi-
nais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito,
exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modos Verbais Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-


nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna es-
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três colhida para representar a escola.
modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem- Tempos Verbais
pre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- Tomando-se como referência o momento em que se
vez eu estude amanhã. fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda tempos. Veja:
agora, menino.
1. Tempos do Indicativo
Formas Nominais
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- légio.
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas no- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
minais. Observe: momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
Viver é lutar. (= vida é luta) momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) Ele estudou as lições ontem à noite.

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato


(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem- ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
plo: tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
É preciso ler este livro. posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Era preciso ter lido este livro. (forma simples).

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não rer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- estudará as lições amanhã.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) rer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma 2. Tempos do Subjuntivo
boa colocação.
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
ou advérbio. Por exemplo: - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
vérbio) o jogo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
jetivo) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeo-
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em nato.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocor-
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. rer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
- Particípio: quando não é empregado na formação dos que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul- vier à loja, levará as encomendas.
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero,
número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

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LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indi-
cativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou
conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

45
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Verbo A) puder.


B) poderia.
01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o tre- C) pôde.
cho a seguir. D) poderá.
É comum que objetos ___________ esquecidos em locais E) pudesse.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, 06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter-
conservando-os junto ao corpo. nativa em que todos os verbos estão empregados de acordo
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti- com a norma- -padrão.
vamente, as lacunas do texto. (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da im-
(A) sejam … mantesse pressão definitiva.
(B) sejam … mantivessem (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
(C) sejam … mantém silêncio.
(D) seja … mantivessem (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a traba-
(E) seja … mantêm lhar no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adaptada) (E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, a seu superior.
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a uma
exigência de concordância. Assinale a alternativa correta em 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.) As-
relação ao emprego desse mesmo verbo. sinale a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a criança
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. se perder, quem encontrá-la verá na pulseira instruções para
c) As pessoas tem muitos planos. que envie uma mensagem eletrônica ao grupo ou acione o
d) A mentira tem perna curta. código na internet.
(A) Caso a criança se havia perdido…
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem querer (B) Caso a criança perdeu…
estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas (C) Caso a criança se perca…
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da per- (D) Caso a criança estivera perdida…
gunta “débito ou crédito?”. (E) Caso a criança se perda…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP – 2013-
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. adap.). Assinale a alternativa em que o verbo destacado está
(C) adotar como referência de qualidade. no tempo futuro.
(D) julgar de acordo com normas legais. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessida-
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter- des”…
nativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal D) … de onde vem o produto…?
destacada exprime possibilidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/2017-a-
literárias... daptada)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares, pode
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha mãe
arquivo virtual. sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sentido, assi-
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por as- nale a alternativa em que se indica INCORRETAMENTE a sua
sociação, e não mais por sequências fixas previamente esta- flexão.
belecidas. a) queres – Presente do Indicativo.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse con- b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
ceito está ligado a uma nova concepção de textualidade... c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibi- d) queira – Presente do Subjuntivo.
lizar toda a literatura do mundo... e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIA
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre- ra no animal.
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se II. Existiam muitos ferimentos no boi.
passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
indicativo, teremos a forma: vimentada.

46
LÍNGUA PORTUGUESA

Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este 7-)


pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente: Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve uma
A) Existia – Haviam – Existiam grande perda salarial...)
B) Existiam – Havia – Existiam
C) Existiam – Haviam – Existiam 8-)
D) Existiam – Havia – Existia A) Os consumidores são assediados pelo marketing = pre-
E) Existia – Havia – Existia sente
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessida-
GABARITO des”… = pretérito do Subjuntivo
D) … de onde vem o produto…? = presente
01. B 02. D 03. E 04. B 05. B E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = pre-
06. A 07. C 08. B 09. B 10. D térito perfeito

RESOLUÇÃO 9-)
Vamos aos itens:
1-) a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu queres -
É comum que objetos sejam esquecidos em locais correta.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu quereria,
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per- tu quererias, ele quereria - incorreta.
tences, conservando-os junto ao corpo. c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = eu
quisera, ele quisera – correta.
2-) d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira, que tu
Analisemos: queiras, que ele queira - correta
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a socie- e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu qui-
sesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
dade tem (verbo no singular)
RESPOSTA: B
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o jo-
vem tem (verbo no singular)
10-)
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm (ver-
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
bo no plural)
ra no animal.
d) A mentira tem perna curta. = correta
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
RESPOSTA: D
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
vimentada.
3-) Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se existir = variável. Portanto, temos:
de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, I – Existiam onze pessoas...
diante da pergunta “débito ou crédito?”. II – Havia muitos ferimentos...
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de III – Existia muita gente...
classificar segundo ideias preconcebidas.
Vozes do Verbo
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme ar- indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São
quivo virtual. = verbo no futuro do pretérito três as vozes verbais:
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
5-) expressa pelo verbo. Por exemplo:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele fez o trabalho.
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- sujeito agente ação objeto (paciente)
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
crescimento econômico (singular), portanto, terceira pessoa - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação
do singular (ele) = poderia. expressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele.
6-) sujeito paciente ação agente da passiva
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
silêncio. - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a tra- paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
balhar no feriado. O menino feriu-se.
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a
queira a seu superior. noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

47
LÍNGUA PORTUGUESA

Formação da Voz Passiva Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substan-
lítico e sintético. cialmente o sentido da frase.
1- Voz Passiva Analítica Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio Sujeito da Ativa objeto Direto
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo as-
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. sumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não es- mais exemplos:
teja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação mestres.
das frases seguintes:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) - Eu o acompanharei.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- Ele será acompanhado por mim.
cativo)
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudi-
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) caram-me. / Fui prejudicado.

c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Saiba que:


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexi-
vos, são chamados neutros.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume O vinho é bom.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Aqui chove muito.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) - Há formas passivas com sentido ativo:
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
analítica com outros verbos que podem eventualmente fun-
cionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada - Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
pela doença. Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
2- Voz Passiva Sintética
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci-
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. é paciente.
Por exemplo: Chamo-me Luís.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Batizei-me na Igreja do Carmo.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Vacinaram-se contra a gripe.
sintética.
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz lati- Fonte:
na de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o signi-
ficado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação
sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois elementos
que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e AGENTE
DA PASSIVA.

48
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Vozes dos Verbos a) se constituiu.


b) chegou a ser constituído.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- c) teria chegado a constituir.
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados d) chega a se constituir.
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é e) chegaria a ser constituído.
(A) adjunto adnominal.
(B) sujeito paciente. 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
(C) objeto indireto. CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indistin-
(D) complemento nominal. tamente as músicas produzidas no interior do país...
(E) agente da passiva. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será:
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS- (A) vinham indicadas.
TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela (B) era indicado.
raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva, (C) eram indicadas.
a forma verbal resultante será: (D) tinha indicado.
(A) era abatido. (E) foi indicada.
(B) fora abatido.
(C) abatera-se. 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
(D) foi abatido. PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
(E) tinha abatido adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
em:
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
... valores e princípios que sejam percebidos pela socie- (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinhei-
dade como tais. ro”
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas-
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De-
sará a ser, corretamente,
fesa do Consumidor”
(A) perceba.
(E) “A empresa fez campanha para recolher”
(B) foi percebido.
(C) tenham percebido.
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) Trans-
(D) devam perceber.
pondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
(E) estava percebendo.
entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
(A) veio a ser entendida.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM (B) teria entendido.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas (C) fora entendida.
pela multidão... (D) terá sido entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- (E) tê-la-ia entendido.
ma para a voz ativa é:
(A) ocupava-se. 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(B) ocupavam. PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTA-
(C) ocupou. DA)
(D) ocupa. ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
(E) ocupava. Mulheres.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) verbal resultante será:
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva (A) foi empreendida.
está em: (B) são empreendidos.
(A) Quando Rodolfo surgiu... (C) foi empreendido.
(B) ... adquiriu as impressoras... (D) é empreendida.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. (E) são empreendidas.
(D) ... acolheu-o como patrono.
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do GABARITO
Recife ...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
ma verbal resultante é:

49
LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO
6. - CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
1-)
No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de referindo à relação de dependência estabelecida entre um
agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”. termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita,
os agentes principais desse processo são representados pelo
2-) sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o verbo,
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele o qual desempenha a função de subordinado.
foi abatido... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos
3-) “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando,
... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda- temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo apre-
de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um senta-se na terceira pessoa do singular, pois faz referência a
na ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios... um sujeito, assim também expresso (ele). Como poderíamos
também dizer: os alunos chegaram atrasados.
4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na Casos referentes a sujeito simples
passiva, um verbo na ativa:
A multidão ocupava as ruas. 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
5-)
B = as impressoras foram adquiridas... 2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs-
C = família numerosa é sustentada... tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
D – foi acolhido como patrono... singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... Observação:
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
6-) adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
O engajamento moral e político não chegou a consti- poderá ir para o plural:
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará 3) Quando o sujeito é representado por expressões par-
no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
7-) substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas A maioria dos alunos resolveram ficar.
no interior do país.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo serta- 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
nejo, indistintamente. aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o ver-
bo concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca
8-) de mil candidatos se inscreveram no concurso.
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
= voz ativa pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa Observação:
do Consumidor” = voz passiva - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
necessariamente, deverá permanecer no plural:
9-) Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
Mais tarde vim a entender a tradução completa... campanha de doação de alimentos.
A tradução completa veio a ser entendida por mim. Mais de um formando se abraçaram durante as solenida-
des de formatura.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a sé-
rie Mulheres. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos
quase clandestina. que atuaram na Copa América.

50
LÍNGUA PORTUGUESA

7) Em casos relativos à concordância com locuções pro- Casos referentes a sujeito composto
nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estan-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plu- do relacionado a dois pressupostos básicos:
ral, o verbo poderá com ele concordar, como poderá tam- - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
bém concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são pri-
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- mos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer ante-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro- posto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do filhos compareceram ao evento.
singular ou poderá concordar com o antecedente desse pro-
nome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Observações: esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- mais termos da oração para que concordem em gênero e
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por - A pequena criança é uma gracinha.
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Majesta-
des gostaram das homenagens. Vossa Majestade agradeceu Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à re-
o convite. gra geral mostrada acima.
a) Um adjetivo após vários substantivos
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predica-
tivo também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
Cubas é uma criação de Machado de Assis. masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe louros.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

51
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos j) Menos, alerta


- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o - Em todas as ocasiões são invariáveis.
mais próximo. Preciso de menos comida para perder peso.
Comi delicioso almoço e sobremesa. Estamos alerta para com suas chamadas.
Provei deliciosa fruta e suco.
k) Tal Qual
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. com o consequente.
Estavam feridos o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Estava ferido o pai e os filhos. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo l) Possível
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me-
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expres-
sões.
- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empre-
d) Pronomes de tratamento sa.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas
Vossa Santidade esteve no Brasil. da cidade.

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado m) Meio


- Concordam com o substantivo a que se referem. - Como advérbio: invariável.
As cartas estão anexas. Estou meio (um pouco) insegura.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios. - Como numeral: segue a regra geral.
Obrigado, disse o rapaz. Comi meia (metade) laranja pela manhã.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) n) Só


- Após essas expressões o substantivo fica sempre no - apenas, somente (advérbio): invariável.
singular e o adjetivo no plural. Só consegui comprar uma passagem.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. - sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre- Fonte:
cedido de artigo ou outro determinante. http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-
Canja é bom. / A canja é boa. verbal.htm
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entra-
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
da é proibida.
h) Muito, pouco, caro
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na fra-
Pouco arroz é suficiente para mim. se:
Os sapatos estavam caros. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
- Como advérbios: são invariáveis. legitimidade a suas decisões.
Comi muito durante a viagem. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. ser embasados na percepção dos valores e princípios que
Comprei caro os sapatos. regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
i) Mesmo, bastante regime democrático, em que se respeita tanto as liberdades
- Como advérbios: invariáveis individuais quanto as coletivas.
Preciso mesmo da sua ajuda. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
das de um único poder central.
- Como pronomes: seguem a regra geral. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. niões existentes na sociedade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concor- (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
dância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- sicos sejam quantificado.
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
mediante palavras, sua matéria-prima. básicos seja quantificado.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus auto- os insumos básicos.
res, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
permitem criar todo um mundo de ficção, em que persona- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
gens se transformam em seres vivos a acompanhar os leito- I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negati-
res, numa verdadeira interação com a realidade. va...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias cação do continente americano (2,0)...
entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimen- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
to intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que cons- exemplos, em:
titui leitura obrigatória e se tornam referências por seu con- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próxi-
teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. mo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
responder à questão. (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba- (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para também existem umas que não merecem nossa atenção.
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e
da água em si ___________diferença, as companhias não po- 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan- peregrinação.
to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim, O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar caso o segmento grifado seja substituído por:
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das (A) Há folheteiros que
políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda (B) A maior parte dos folheteiros
opção. (C) O folheteiro e sua família
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O grosso dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (E) Cada um dos folheteiros
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec- 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
tivamente, com: Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem
(B) Resta… faz… será preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas
(C) Restam… faz... serão criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri-
(E) Resta… fazem… será buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-padrão a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mos básicos. representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos ser quantificados.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) RESOLUÇÃO


Observam-se corretamente as regras de concordância ver-
bal e nominal em: 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica- que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias legitimidade a suas decisões.
de hoje. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
b) A importância de intelectuais como Edward Said e (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões princípios que regem a prática política.
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
escreveram. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respeitam)
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofri- (D) As instituições fundamentais de um regime democrá-
mento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo me- tico não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às
nos de terem alguma trégua. ordens indiscriminadas de um único poder central.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados
dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as
relativa, costumam encontrar muito mais detratores que ad- diferentes opiniões existentes na sociedade.
miradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais 2-)
e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitu-
pelos livros que publicavam como pelas posições que cora- ra, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento
josamente assumiam. intelectual, estão na capacidade de criação do autor, mediante
palavras, sua matéria-prima. = correta
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
leitor ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
está em:
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
permite criar todo um mundo de ficção, em que personagens
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores,
neta)
numa verdadeira interação com a realidade.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
consumo mundial de barris de petróleo) tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade de
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o cres-
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) cimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esfor- E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
ços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cli- constituem leitura obrigatória e se tornam referências por seu
máticas) conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas verbais mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água
destacadas está de acordo com a norma-padrão da língua. em si __faça __diferença
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higieni- a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
zação subterrânea. será_____ a segunda opção.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os tra- Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto
balhadores da área de limpeza. no plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris- faça/serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequa-
cos de se contrair alguma doença. das.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. 4-)
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
de seus funcionários. insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
GABARITO trou até agora uma maneira adequada de os insumos básicos
serem quantificados.
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
básicos sejam quantificados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
trou até agora uma maneira adequada para que os insumos tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
básicos sejam quantificados. notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- corajosamente assumiam.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem os
insumos básicos. = correta 9-)
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos “há” permaneceria no singular
aos itens: (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta)
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem = “sabe” permaneceria no singular
(singular) (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O con-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) sumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram singular
(plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete”
(plural) passaria para “refletem-se”
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
formas estão no plural) mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáti-
cas) = “pressiona” permaneceria no singular
6-)
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “fo- 10-) Fiz as correções:
lheterios”) (A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular da manhã = eram
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, co-
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: meçou = começaram
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri- 7. - REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalori- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
zação e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o
(podem) ser resultado do puro e simples desconhecimento. sentido desejado, que sejam corretas e claras.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta Regência Verbal
de representatividade.
Termo Regente: VERBO
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como en- A regência verbal estuda a relação que se estabelece en-
tre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às tre os verbos e os termos que os complementam (objetos
mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos ad-
de hoje. verbiais).
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreve- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
ram. assumir com a simples mudança ou retirada de uma prepo-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre ára- sição. Observe:
bes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con-
estejam (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos tentar.
(resolvido) ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agra-
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verda- do ou prazer”, satisfazer.
de, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. “agradar a alguém”.

55
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal Amo aquele rapaz. / Amo-o.
(e também nominal). As preposições são capazes de modi- Amo aquela moça. / Amo-a.
ficar completamente o sentido do que se está sendo dito. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- adnominais).
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín-
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
Verbos Transitivos Indiretos
verbos, e a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, Os verbos transitivos indiretos são complementados
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem
diferentes formas em frases distintas. uma preposição para o estabelecimento da relação de re-
gência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira
Verbos Intransitivos pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”,
o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os prono-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É mes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira
pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
- Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- - Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
indicar destino ou direção são: a, para. iguais para todos.
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
tos introduzidos pela preposição “a”:
Ricardo foi para a Espanha. Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Adjunto Adverbial de Lugar Eles desobedeceram às leis do trânsito.
- Comparecer - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
em ou a. quem” ou “ao que” se responde.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
Respondi ao meu patrão.
timo jogo.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Verbos Transitivos Diretos

Os verbos transitivos diretos são complementados por Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar siva analítica. Veja:
esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos O questionário foi respondido corretamente.
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes po- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
dem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, tos introduzidos pela preposição “com”.
quando complementos verbais, objetos indiretos. Antipatizo com aquela apresentadora.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, nam para uma minoria privilegiada.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, es-
timar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos licença estiver subentendida.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos: Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Objeto Indireto Objeto Direto vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Paguei o débito ao cobrador. - A construção “dizer para”, também muito usada po-
Objeto Direto Objeto Indireto pularmente, é igualmente considerada incorreta.

- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Preferir


com particular cuidado. Observe: Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
reto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
Paguei minhas contas. / Paguei-as. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefi-
xo existente no próprio verbo (pre).
Informar
Mudança de Transitividade X Mudança de Significa-
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
do
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os novos preços aos clientes.
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimento
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguís-
preços)
tico muito importante, pois além de permitir a correta inter-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades ex-
as construções:
pressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
AGRADAR
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so- - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
bre eles) nhos, acariciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para quando o revê.
os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in-
indireto. troduzido pela preposição “a”.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma O cantor não agradou aos presentes.
criança. O cantor não lhes agradou.

Pedir ASPIRAR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pes- (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
soa.
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Pedi-lhe favores. como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Objeto Indireto Objeto Direto (Aspirávamos a elas)

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objetiva Direta nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)

57
LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
assistência a, auxiliar. Por exemplo: a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. implicavam um firme propósito.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. b) Ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadureci-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- mento político de um povo.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
Não assisti às últimas sessões. ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões eco-
Essa lei assiste ao inquilino. nômicas.

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
PROCEDER
CHAMAR - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir.
licitar a atenção ou a presença de. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de ad-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- junto adverbial de modo.
má-la. As afirmações da testemunha procediam, não havia
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. como refutá-las.
Você procede muito mal.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-
sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
preposicionado ou não.
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido
A torcida chamou o jogador mercenário.
pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
O avião procede de Maceió.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Procedeu-se aos exames.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
O delegado procederá ao inquérito.
CUSTAR
QUERER
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Verbo Oração Subordinada Substantiva estimar, amar.
Subjetiva Quero muito aos meus amigos.
Intransitivo Reduzida de Infinitivo Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
atitude. VISAR
Objeto Oração Subordinada Substantiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
Subjetiva fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Indireto Reduzida de Infinitivo O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
pessoa. Observe: objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custei para entender o problema. O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, tran-
sitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto bra-
sileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; para-
lelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em a alternativa correta quanto à regência dos termos em des-
partes desiguais... taque.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a res-
o grifado acima está empregado em: ponsabilidade pelo problema.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
extremos de sutileza. se perdido.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
nos troncos mais robustos. um índio na porta do prédio.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
rientam, não raro, quem... perdido de sua família.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho (E) A família toda se organizou para realizar a procura
na serra de Tunuí... à garotinha.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacu-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). nas do texto, de acordo com as regras de regência.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem cor-
o da frase acima se encontra em: poral e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
verbo latino dirigere... mídia pode exercer sobre os jovens.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das A) dos … na
sociedades... B) nos … entre a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado C) aos … para a
pela justiça. D) sobre os … pela
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- E) pelos … sob a
ções da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
timento de justiça. Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alterna- cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e dez mil tomadas.
à pontuação. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, criar logotipos e negociar.
do que em outros. D) O taxista levou o autor a indagar no número de to-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida- madas do edifício.
mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, rasse a um prédio na marginal.
do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida- 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
do que em outros. língua e sem alteração de sentido.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço direitos dos trabalhadores domésticos.
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo A) da
– do que em outros. B) na
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen- C) pela
te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja D) sob a
mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do E) sobre a
que em outros.
GABARITO

01. D 02. D 03. A 04. A 05. D


06. A 07. C 08. A 09. C

61
LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou- se perdido.
tras ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdi-
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de do de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi- pela garotinha.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou
verbo transitivo indireto já assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
nos filhos do sueco. que a mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- 8-)
sitivo direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
ligação C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... criar logotipos e negociar.
=verbo intransitivo D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- tomadas do edifício.
mento. =transitivo direto E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
rasse em um prédio na marginal.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
em partes desiguais... 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
Constar = verbo intransitivo direitos dos trabalhadores domésticos.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado
nos troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto 8. - COLOCAÇÃO PRONOMINAL
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o Colocação Pronominal
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
Lidar = transitivo indireto verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me,
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
sociedades... =transitivo direto O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado na oração em relação ao verbo:
pela justiça. =ligação 1. próclise: pronome antes do verbo
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- 2. ênclise: pronome depois do verbo
ções da justiça... =transitivo direto e indireto 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen-
timento de justiça. =transitivo direto Próclise

5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à regên- - Palavras com sentido negativo:
cia (pontuação encontra-se em tópico específico) Nada me faz querer sair dessa cama.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, Não se trata de nenhuma novidade.
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) - Advérbios:
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto Nesta casa se fala alemão.
à pontuação) Naquele dia me falaram que a professora não veio.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço - Pronomes relativos:
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
do que em outros. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

- Pronomes indefinidos: Questões sobre Pronome


Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
- Pronomes demonstrativos: está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
Isso me deixa muito feliz! seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
- Preposição seguida de gerúndio: e da água faça em si diferença, as companhias não podem
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
indicado à pesquisa escolar. tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
- Conjunção subordinativa: encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
de crescimento verde sempre será a segunda opção.
Ênclise (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, refe-
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- rem-se, respectivamente, a
nos. A ênclise vai acontecer quando: (A) dúvidas e preços.
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: (B) dúvidas e insumos básicos.
Amem-se uns aos outros. (C) companhias e insumos básicos.
Sigam-me e não terão derrotas. (D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
- O verbo iniciar a oração:
Diga-lhe que está tudo bem. 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – 2013-
Chamaram-me para ser sócio. adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifa-
do está corretamente substituído por um pronome em:
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
posição “a”: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. lhes desalentado
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-lo?
- O verbo estiver no gerúndio: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- parecia ser-lhe
cupada. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Despediu-se, beijando-me a face.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
mesmo instante. modo INCORRETO em:
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. A) mostrando o rio= mostrando-o.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Mesóclise C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado lhes acrescentariam.
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
se realizará) 04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). Assi-
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma pro- nale a alternativa em que o pronome destacado está posi-
posta a você) cionado de acordo com a norma-padrão da língua.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
com a norma padrão da língua. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
lada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP –
(D) Conformado, se rendeu às punições. 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). Assi- – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que substi-
nale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de tuem, corretamente, os termos em destaque são:
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. A) os comprovam … ajudá-la.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que B) os comprovam …ajudar-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. GABARITO
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
abrisse a bolsa que encontrara. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013).
1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
prazo.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
A) a que … acaba … à
carbono e da água faça em si diferença, as companhias não
B) com que … acabam … à
C) de que … acabam … a podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dó-
D) em que … acaba … a lares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
E) dos quais … acaba … à Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim,
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e das políticas de crescimento verde sempre será a segunda
respectivamente, as lacunas do trecho. opção.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava 2-)
sujeito de forma cômica. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
A) Fazem... a ... de que B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
B) Faz ...a ... que desalentado
C) Fazem ...à ... com que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
D) Faz ...à ... que conhecê-las ?
E) Faz ...à ... a que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo
09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu- 3-)
lantes. transpor [...] as matas espessas= transpô-las
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe-
ça... 4-)
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos gri- (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
fados acima foram corretamente substituídos por um pro- (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
nome, na ordem dada, em:

64
LÍNGUA PORTUGUESA

5-)
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. 9. - CRASE
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mis-
tura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de
6-) duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da pre-
posição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental tam-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que bém, para o entendimento da crase, dominar a regência dos
abrisse a bolsa que encontrara. verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrên-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. cia simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
Observe:
7-) Vou a + a igreja.
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- Vou à igreja.
dutos de que não necessitam e acabam tendo de
pagar tudo a prazo. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do arti-
8-) go “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jo- Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
vem fazia referência à violência a que o brasileiro estava a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros
sujeito de forma cômica. exemplos:
Conheço a aluna.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
Refiro-me à aluna.
9-)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhe-
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí- cer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no) pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indi-
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; reto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
“lhe” é para objeto indireto Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
“lhe” é para objeto indireto já especificados.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
Casos em que a crase NÃO ocorre:
10-)
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos - diante de substantivos masculinos:
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas Andamos a cavalo.
vão ajudar a polícia na investigação. Fomos a pé.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Passou a camisa a ferro.
(advérbio) Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.

- diante de verbos no infinitivo:


A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- diante da maioria dos pronomes e das expressões de


tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita
e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra femi-
nina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

66
LÍNGUA PORTUGUESA

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos A Palavra Distância

Aquele (s), Aquela (s), Aquilo Se a palavra distância estiver especificada, determinada,
a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o ter- de 100km daqui. (A palavra está determinada)
mo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
Refiro-me a + aquele atentado. palavra está especificada.)
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado. Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
não pode ocorrer. Por exemplo:
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo Os militares ficaram a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige prepo- Gostava de fotografar a distância.
sição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Ensinou a distância.
Aluguei aquela casa. Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja Observação: por motivo de clareza, para evitar ambigui-
outros exemplos: dade, pode-se usar a crase. Veja:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Gostava de fotografar à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Ensinou à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Dizem que aquele médico cura à distância.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse. - diante de nomes próprios femininos:
Comprei aquela caneta. Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Observe:
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
substituição do termo regido feminino por um termo regido mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
masculino. Por exemplo: Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a - diante de pronome possessivo feminino:
crase. Veja outros exemplos: Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. artigo. Observe:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
responder nenhuma das questões. por você.
A sessão à qual assisti estava vazia. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está espe-
rando por você.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo as frases abaixo das seguintes formas:
“a” também pode ser detectada através da substituição do Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
termo regente feminino por um termo regido masculino. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à por-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. ta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seus argumentos são superiores aos dele. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Crase 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-


NESP – 2013).
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discus- O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
sões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ resso-
ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem cialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo
em legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em li-
____respeito envolvendo questões de saúde pública como pro- berdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
gramas de esclarecimento e prevenção, de tratamento para vida digna.
dependentes e de reintegração desses____ vida. Quantos de (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/
nós sabemos o nome de um médico ou clínica ____quem ten- qual_e_a_importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso
tar encaminhar um drogado da nossa própria família? em: 18.08.2012. Adaptado)
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
17.09.2012. Adaptado) Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e vamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-pa-
respectivamente, com: drão da língua portuguesa.
(A) aos … à … a … a A) à … à … à
(B) aos … a … à … a B) a … a … à
(C) a … a … à … à C) a … à … à
(D) à … à … à … à D) à … à ... a
(E) a … a … a … a E) a … à … a

02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia 06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões
o texto a seguir. contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- própria.
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira a) às - àquelas _ à
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- b) as - aquelas - a
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- c) às àquelas - a
deu-a por ter feito o que fez. d) às - aquelas - à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. e) as - àquelas - à
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
ordem dada: NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corre-
A) à – a – a tamente empregado em:
B) a – a – à A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
C) à – a – à com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
D) à – à – a desejos.
E) a – à – à B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ proble- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
mas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
a) à - àqueles - a - há alimentam a violência crescente nas cidades.
b) a - àqueles - a - há E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
c) a - aqueles - à - a dade atinge os mais vulneráveis.
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
O sinal indicativo de crase está correto em:
04.(Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e área de biotecnologia.
efervescente. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase educação dos filhos.
se o segmento grifado for substituído por: C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
A) leitura apressada e sem profundidade. instalações do prédio.
B) cada um de nós neste formigueiro. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer de-
C) exemplo de obras publicadas recentemente. talhe que envolva a segurança das pessoas.
D) uma comunicação festiva e virtual. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. comprometa o bem-estar do cidadão.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o uso - retorno a? regência nominal pede preposição;
correto do acento indicativo de crase, de acordo com a nor- - antes de verbo no infinitivo não há crase.
ma-padrão da língua portuguesa.
6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
Um bom conhecimento de matemática é indispensável contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição da
A) à todo e qualquer estudante. casa própria.
B) à estudantes de nível superior. - resistir a? regência verbal pede preposição;
C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. - contrária a? regência nominal pede preposição;
D) à construção do saber nas mais diversas áreas. - relativas a? regência nominal pede preposição.
E) à uma boa formação profissional.
7-)
GABARITO A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
01. B 02. A 03. B 04. A 05. D desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
06. A 07. E 08. B 09. D B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a”
RESOLUÇÃO está no singular e antecede palavra no plural, não há crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. (artigo indefinido)
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
não há crase) alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra mas-
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida culina)
= à) E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de nal: desfavorável a?)
pronome indefinido/relativo)
8-)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos área de biotecnologia. (artigo indefinido)
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ con- B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
fiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
feito o que fez. C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; indefinido)
- quem faz referência, faz referência A algo ou A alguém E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
( a regência do verbo pede preposição) comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce-
ção à senhora, que admite artigo); 9-) Um bom conhecimento de matemática é indispensá-
- há no sentido de tempo passado. vel à construção do saber nas mais diversas áreas.
A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
e sem profundidade. de palavra no plural)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. (pro-
indefinido) nome indefinido/relativo)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
masculina)
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)

5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional


(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepa-
rá--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando
em liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão
e uma vida digna.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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70
MATEMÁTICA

1. - Números inteiros: operações e propriedades. ..................................................................................................................................... 01


2. - Números racionais, representação fracionária e decimal: operações e propriedades. ........................................................ 05
3. - Mínimo múltiplo comum. ............................................................................................................................................................................. 09
4. - Razão e proporção. ......................................................................................................................................................................................... 10
5. - Porcentagem. .................................................................................................................................................................................................... 14
6. - Regra de três simples...................................................................................................................................................................................... 17
7. - Média aritmética simples. ............................................................................................................................................................................ 21
8. - Equação do 1º grau. ....................................................................................................................................................................................... 23
9. - Sistema de equações do 1º grau. ............................................................................................................................................................. 27
10. - Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade. .................................................................... 28
11. - Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ..................................................................................................................................... 31
12. - Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, teorema de Pitágoras. .................................................................. 35
13. - Raciocínio lógico. .......................................................................................................................................................................................... 41
14. - Resolução de situações-problema.......................................................................................................................................................... 41
MATEMÁTICA

O sinal (+) antes do número positivo pode ser


NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca
PROPRIEDADES. pode ser dispensado.

Propriedades da adição de números inteiros: O


conjunto Z é fechado para a adição, isto é, a soma de dois
Conjunto dos Números Inteiros – Z números inteiros ainda é um número inteiro.

Definimos o conjunto dos números inteiros como a Associativa: Para todos a,b,c em Z:
reunião do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, a + (b + c) = (a + b) + c
4,..., n,...}, o conjunto dos opostos dos números naturais e o 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7
zero. Este conjunto é denotado pela letra Z (Zahlen=número
em alemão). Este conjunto pode ser escrito por: Z = {..., -4, Comutativa: Para todos a,b em Z:
-3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...} a+b=b+a
O conjunto dos números inteiros possui alguns 3+7=7+3
subconjuntos notáveis:
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z
- O conjunto dos números inteiros não nulos: em Z, proporciona o próprio z, isto é:
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...}; z+0=z
Z* = Z – {0} 7+0=7

- O conjunto dos números inteiros não negativos: Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...} z + (–z) = 0
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N 9 + (–9) = 0

- O conjunto dos números inteiros positivos: Subtração de Números Inteiros


Z*+ = {1, 2, 3, 4,...}
A subtração é empregada quando:
- O conjunto dos números inteiros não positivos: - Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0} - Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma
delas tem a mais que a outra;
- O conjunto dos números inteiros negativos: - Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta
Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1} a uma delas para atingir a outra.

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a A subtração é a operação inversa da adição.


distância ou afastamento desse número até o zero, na reta
numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 diferença
O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7 subtraendo
O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 minuendo
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de
zero, é sempre positivo. Considere as seguintes situações:

Números Opostos: Dois números inteiros são ditos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou
opostos um do outro quando apresentam soma zero; assim, de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura?
os pontos que os representam distam igualmente da origem. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) –
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 (+3) = +3
é 2, pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus.
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. Qual a temperatura registrada na noite de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3
Adição de Números Inteiros Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6)
– (+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
Para melhor entendimento desta operação, Temos:
associaremos aos números inteiros positivos a ideia de (+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder. (+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8) (–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7) Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3) é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3) segundo.

1
MATEMÁTICA

Multiplicação de Números Inteiros Divisão de Números Inteiros

A multiplicação funciona como uma forma simplificada Dividendo divisor dividendo:


de uma adição quando os números são repetidos. Divisor = quociente 0
Poderíamos analisar tal situação como o fato de estarmos Quociente . divisor = dividendo
ganhando repetidamente alguma quantidade, como por
exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas,
significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
+ 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
(–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a
Observamos que a multiplicação é um caso particular divisão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
da adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre
as letras. Logo: (–20) : (+5) = - 4
Para realizar a multiplicação de números inteiros, Considerando os exemplos dados, concluímos que,
devemos obedecer à seguinte regra de sinais: para efetuar a divisão exata de um número inteiro por outro
(+1) x (+1) = (+1) número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do
(+1) x (-1) = (-1) dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
(-1) x (+1) = (-1)
(-1) x (-1) = (+1) - Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o
quociente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes,
Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
o quociente é um número inteiro negativo.
- A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto
Sinais dos números Resultado do produto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que
Iguais Positivo não podem ser realizadas em Z, pois o resultado não é um
número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é
Diferentes Negativo
associativa e não tem a propriedade da existência do
Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
elemento neutro.
conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multiplicação
1- Não existe divisão por zero.
de dois números inteiros ainda é um número inteiro.
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe
um número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15.
Associativa: Para todos a,b,c em Z: 2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente
a x (b x c) = (a x b) x c de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7 por zero é igual a zero.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0
Comutativa: Para todos a,b em Z:
axb=bxa Potenciação de Números Inteiros
3x7=7x3
A potência an do número inteiro a, é definida como um
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é: base e o número n é o expoente.
zx1=z an = a x a x a x a x ... x a
7x1=7 a é multiplicado por a n vezes

Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de Exemplos:


zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que 33 = (3) x (3) x (3) = 27
z x z–1 = z x (1/z) = 1 (-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1 (-7)² = (-7) x (-7) = 49
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
a x (b + c) = (a x b) + (a x c) - Toda potência de base positiva é um número inteiro
3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5) positivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9

2
MATEMÁTICA

- Toda potência de base negativa e expoente par é Exemplos


um número inteiro positivo.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 (a) 3 8 = 2, pois 2³ = 8.
(b) 3 − 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é (c) 3 27 = 3, pois 3³ = 27.
um número inteiro negativo. (d) 3 − 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
Propriedades da Potenciação: produto de números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva- inteiro negativo.
se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz
= (–7)9 de qualquer número inteiro.

Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva- Exercícios


se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 =
(+13)8 – 6 = (+13)2 1. Qual é o maior quadrado perfeito que se escreve
com dois algarismos?
Potência de Potência: Conserva-se a base e
multiplicam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10 2. Um número inteiro é expresso por (53 – 38 + 40) – 51
+ (90 – 7 + 82) + 101. Qual é esse número inteiro?
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
= +9 (–13)1 = –13 3. Calcule:
a) (+12) + (–40)
Potência de expoente zero e base diferente de zero: b) (+12) – (–40)
É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20)
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15)

Radiciação de Números Inteiros 4. Determine o valor de x de modo a tornar as sentenças


verdadeiras:
A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a) x + (–12) = –5
a é a operação que resulta em outro número inteiro não b) x + (+9) = 0
negativo b que elevado à potência n fornece o número a. O c) x – (–2) = 6
número n é o índice da raiz enquanto que o número a é o d) x + (–9) = –12
radicando (que fica sob o sinal do radical). e) –32 + x = –50
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro f) 0 – x = 8
a é a operação que resulta em outro número inteiro
não negativo que elevado ao quadrado coincide com o 5. Qual a diferença prevista entre as temperaturas
número a. no Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia,
segundo as informações?
Observação: Não existe a raiz quadrada de um número Tempo no Brasil: Instável a ensolarado no Sul.
inteiro negativo no conjunto dos números inteiros. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul.
Máxima prevista 37° no Piauí.
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas 6. Qual é o produto de três números inteiros
aparecimento de: consecutivos em que o maior deles é –10?
√9 = ±3
mas isto está errado. O certo é: 7. Três números inteiros são consecutivos e o menor
√9 = +3 deles é +99. Determine o produto desses três números.

Observamos que não existe um número inteiro não 8. Copie as igualdades substituindo o x por números
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um inteiros de modo que elas se mantenham:
número negativo. a) (–140) : x = –20
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a b) 144 : x = –4
operação que resulta em outro número inteiro que elevado c) (–147) : x = +21
ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os d) x : (+13) = +12
nossos cálculos somente aos números não negativos. e) x : (–93) = +45
f) x : (–12) = –36

3
MATEMÁTICA

9. Adicionando –846 a um número inteiro e multiplicando 7) Resposta “999900”.


a soma por –3, obtém-se +324. Que número é esse? Solução:
(x) . (x+1) . (x+2) = ?
10. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8
à primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o x= 99
que ocorrerá com o total?
(99) . (99+1) . (99+2) =
Respostas 99 . 100 . 101 = 999900

1) Resposta “9²”. 8) Solução:


Solução: Basta identificar os quadrados perfeitos. a) (–140) : x = –20
Os números quadrados perfeitos são: -20x = -140
1² = 1 (menor que dois algarismos) x=7
2² = 4
3² = 9 b) 144 : x = –4
4² = 16 (dois algarismos) -4x = 144
5² = 25 x = -36
6² = 36
7² = 49 c) (–147) : x = +21
8² = 64 21x = -147
9² = 81 x = -7
10² = 100 (mais que dois algarismos)
d) x : (+13) = +12
Logo, o maior quadrado perfeito é o 9² = 81 x = 12 . 13
2) Resposta “270”. x = 156
Solução:
(53 – 38 + 40) – 51 + (90 – 7 + 82) + 101 e) x : (–93) = +45
55 – 51 + 165 + 101 = 270 x = 45 . -93
Portanto, o número inteiro é 270. x = -4185

3) Solução: f) x : (–12) = –36


a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28 x = -36 . -12
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52 x = 432
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 –
25 = 0 9) Resposta “738”.
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15 Solução:
= 6 – 24 = -18 x + (-846) . -3 = 324
x – 846 . -3 = 324
4) Solução: -3 (x – 846) = 324
a) x + (–12) = –5 → x = -5 + 12 → x = 7 -3x + 2538 = 324
b) x + (+9) = 0 → x = -9 3x = 2538 – 324
c) x – (–2) = 6 → x = 6 – 2 → x = 4 3x = 2214
d) x + (–9) = –12 → x = -12 + 9 → x = -3
e) –32 + x = –50 → x = -50 + 32 → x = -18 x=
f) 0 – x = 8 → x = -8
x = 738
5) Resposta “40˚”.
Solução: 10) Resposta “3”.
A diferença está entre -3º e +37º. Se formos ver... -3º, Solução: Seja t o total da adição inicial.
-2º, -1º, 0º, 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º... será +40º. Ao somarmos 8 a uma parcela qualquer, o total é
6) Resposta “-1320”. acrescido de 8 unidades: t + 8
Solução: Ao subtrairmos 5 de uma parcela qualquer, o total é
(x) . (x+1) . (x+2) = ? reduzido de 5 unidades: Temos:

x+2 = -10 t+8-5=t+3


x= -10 -2
x = -12 Portanto o total ficará acrescido de 3 unidades.
(-12) . (-12+1) . (-12+2) =
-12 . -11 . -10 = - 1320

4
MATEMÁTICA

Representação Fracionária dos Números Decimais


NÚMEROS RACIONAIS,
REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E DECIMAL: Trata-se do problema inverso: estando o número
racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo
OPERAÇÕES E PROPRIEDADES.
na forma de fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo


Conjunto dos Números Racionais – Q numerador é o número decimal sem a vírgula e o
denominador é composto pelo numeral 1, seguido de
m Um número racional é o que pode ser escrito na forma tantos zeros quantas forem as casas decimais do número
n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve decimal dado:
ser diferente de zero. Frequentemente usamos m/n para
0,9 = 9
significar a divisão de m por n. 10
Como podemos observar, números racionais podem
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros, 5,7 = 57
10
razão pela qual, o conjunto de todos os números racionais
é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na lite-
0,76 =
76
ratura a notação: 100
m
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero} 3,48 = 348
n 100
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:
0,005 = 1000 = 200
5 1
- Q* = conjunto dos racionais não nulos;
- Q+ = conjunto dos racionais não negativos;
- Q*+ = conjunto dos racionais positivos;
- Q _ = conjunto dos racionais não positivos; 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
- Q*_ = conjunto dos racionais negativos. para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
alguns exemplos:
Representação Decimal das Frações
p Exemplo 1
Tomemos um número racional q , tal que p não seja Seja a dízima 0, 333... .
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
membros por 10: 10x = 0,333
efetuar a divisão do numerador pelo denominador. Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
da segunda:
Nessa divisão podem ocorrer dois casos: 10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, Assim, a geratriz de 0,333... é a fração 3 .
um número finito de algarismos. Decimais Exatos: 9
2 = 0,4 Exemplo 2
5 Seja a dízima 5, 1717...
1 = 0,25 Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... .
4 Subtraindo membro a membro, temos:
35 = 99x = 512 ⇒ x = 512/99
8,75
4 Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512 .
99
153 = 3,06
50 Exemplo 3
Seja a dízima 1, 23434...
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, Façamos x = 1,23434... 10x = 12,3434... 1000x =
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se 1234,34... .
periodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
Subtraindo membro a membro, temos:
1 = 0,333...
3 990x = 1234,34... – 12,34... ⇒ 990x = 1222 ⇒ x
1 = 0,04545... = 1222/990
22
167 = 2,53030... Simplificando, obtemos x = 611 , a fração geratriz da
66 dízima 1, 23434... 495

5
MATEMÁTICA

Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que


representa esse número ao ponto de abscissa zero. O produto dos números racionais a e b também pode
ser indicado por a × b, axb, a.b ou ainda ab sem nenhum
Exemplo: Módulo de - 3 é 3 . Indica-se - 3 = 3 sinal entre as letras. Para realizar a multiplicação de
2 2 2 2 números racionais, devemos obedecer à mesma regra de
sinais que vale em toda a Matemática:
Módulo de + 3 é 3 . Indica-se + 3 =
3
(+1) × (+1) = (+1)
(+1) × (-1) = (-1)
2 2 2 2
(-1) × (+1) = (-1)
Números Opostos: Dizemos que – 32 e 3
2
são números (-1) × (-1) = (+1)
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto Podemos assim concluir que o produto de dois
números com o mesmo sinal é positivo, mas o produto de
do outro. As distâncias dos pontos –3 e 3 ao ponto zero
2 2 dois números com sinais diferentes é negativo.
da reta são iguais.
Propriedades da Multiplicação de Números
Soma (Adição) de Números Racionais Racionais

Como todo número racional é uma fração ou pode ser O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
o produto de dois números racionais ainda é um número
escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre racional.
- Associativa: Para todos a, b, c em Q: a × ( b × c ) = (
os números racionais e , da mesma forma que a
a c
b d a×b)×c
- Comutativa: Para todos a, b em Q: a × b = b × a
soma de frações, através de: - Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q
+ c =
a ad + bc
a em Q, q diferente
b d bd - Elemento inverso: Para todo q =
b
de zero, existe q =
-1 b em Q: q × q = 1
-1 a x b =1
Propriedades da Adição de Números Racionais a b a
- Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = (
O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto a×b)+(a×c)
é, a soma de dois números racionais ainda é um número
racional. Divisão de Números Racionais
- Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = (
a+b)+c
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
- Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
operação de multiplicação do número p pelo inverso de
- Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a
q, isto é: p ÷ q = p × q-1
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
Potenciação de Números Racionais
tal que q + (–q) = 0

Subtração de Números Racionais A potência qn do número racional q é um produto de


n fatores iguais. O número q é denominado a base e o
A subtração de dois números racionais p e q é a própria número n é o expoente.
operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
p – q = p + (–q)
Exemplos:
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
Como todo número racional é uma fração ou pode ser a) ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ .⎜ ⎟ .⎜ ⎟ =
⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ 125
escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1
dois números racionais a e c , da mesma forma que o b) ⎜ − ⎟ = ⎜ − ⎟ .⎜ − ⎟ .⎜ − ⎟ = −
b d ⎝ 2⎠ ⎝ 2⎠ ⎝ 2⎠ ⎝ 2⎠ 8
produto de frações, através de: c) (–5)² = (–5) . ( –5) = 25
x =
a c ac
b d bd d) (+5)² = (+5) . (+5) = 25

6
MATEMÁTICA

Propriedades da Potenciação: Toda potência com Radiciação de Números Racionais


expoente 0 é igual a 1.
0 Se um número representa um produto de dois ou mais
⎛ 2⎞ = 1 fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
⎜⎝ + ⎟⎠
5 Vejamos alguns exemplos:

- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base. Exemplo 1


1
⎛ 9⎞
⎜⎝ − ⎟⎠ = - 4
9 4 Representa o produto 2 . 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
4 quadrada de 4. Indica-se √4= 2.

- Toda potência com expoente negativo de um número Exemplo 2


racional diferente de zero é igual a outra potência que tem
Representa o produto . ou . Logo, é a raiz
2
⎛ 1⎞
a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual
1 1 1 1
9 3 3 ⎜⎝ ⎟⎠ 3
ao oposto do expoente anterior.
3

quadrada de .Indica-se =
1 1 1
−2 2 9 3
⎛ 3⎞ ⎛ 5 ⎞ 25 9

⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 3 9
Exemplo 3

0,216 Representa o produto 0,6 . 0,6 . 0,6 ou (0,6)3.


- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
sinal da base. Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 3
0,216 = 0,6.
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
⎜⎝ ⎟⎠ = ⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ = Assim, podemos construir o diagrama:
3 3 3 3 27

- Toda potência com expoente par é um número


positivo.
N Z Q

2
⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1
⎜⎝ − ⎟⎠ = ⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 5 5 25
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá
o número zero ou um número racional positivo. Logo, os
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.
produto de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e somamos os expoentes. O número -100 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto
9

2 3 2+3 5
-10
como +10 , quando elevados ao quadrado, dão 100
.
3 3 9
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
⎜⎝ ⎟⎠ .⎜ ⎟ = ⎜ . ⎟ .⎜ . . ⎟ = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
5 ⎝ 5⎠ ⎝ 5 5⎠ ⎝ 5 5 5⎠ ⎝ 5⎠ ⎝ 5⎠
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
perfeito.
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir
O número não tem raiz quadrada em Q, pois não
2
um quociente de potências de mesma base a uma só 3
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes. existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3
Exercícios

1. Calcule o valor das expressões numéricas:

a)
7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤
− ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de 24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦
potência a uma potência de um só expoente, conservamos
a base e multiplicamos os expoentes
⎡⎛ 3⎞ ⎛ 1⎞ 5⎤ ⎛ 9 7⎞
b) ⎢⎜ + ⎟ : ⎜ − ⎟ + ⎥ − ⎜ − ⎟
⎣⎝ 16 ⎠ ⎝ 12 ⎠ 2 ⎦ ⎝ 4 2 ⎠

7
MATEMÁTICA

 2  2
3 7
⎡⎛ 3 ⎞ ⎛ 1 ⎞ 5 ⎤ ⎛ 9 7⎞
2. Escreva o produto  +  . +  como uma só b) ⎢⎜ + ⎟ :⎜ − ⎟ + − ⎜ − ⎟
⎝⎣ 16 ⎠ ⎝ 12 ⎠ 2 ⎥⎦ ⎝ 4 2 ⎠
potência.  3  3
⎡ 3 ⎤
12 4 ⎢ 16 5 ⎥ ⎛ 9 − 14 ⎞ ⎛ 36 5 ⎞ ⎛ 5 ⎞
⎛ 16 ⎞ ⎛ 16 ⎞ como uma
3. Escreva o quociente ⎜ − c) ⎢ 1 + ⎥ − ⎜ ⎟ =⎜ − ⎟ −⎜− ⎟
: − 2 ⎥ ⎝ 4 ⎠ ⎝ 16 2 ⎠ ⎝ 4 ⎠
só potência. ⎝ 25 ⎟⎠ ⎜⎝ 25 ⎟⎠ ⎢−
⎣ 12 ⎦

9 5 5 −9 + 10 + 5 6 3
4. Qual é o valor da expressão d) − + + = = =
4 2 4 4 4 2

5. Para encher um álbum de figurinhas, Karina contribuiu mmc:(4;2)=4


com das figurinhas, enquanto Cristina contribuiu com
1
6
2) Solução:
das figurinhas 3 . Com que fração das figurinhas as duas 10
4 ⎛ 2⎞
juntas contribuíram? ⎜⎝ + ⎟⎠
3
6. Ana está lendo um livro. Em um dia ela leu 1
do livro
4 3) Solução:
e no dia seguinte leu 1
do livro. Então calcule:
8
⎛ 16 ⎞
⎜⎝ − ⎟⎠
6
25
a) A fração do livro que ela já leu.
b) A fração do livro que falta para ela terminar a leitura.
4) Solução:
7. Em um pacote há 4
5
de 1 Kg de açúcar. Em outro

pacote há . Quantos quilos de açúcar o primeiro pacote


1
3

tem a mais que o segundo? 5) Resposta 11


Solução: 12
8. A rua onde Cláudia mora está sendo asfaltada. Os 59
da rua já foram asfaltados. Que fração da rua ainda resta 1
+
3
=
2
+
9
= 11
asfaltar? 6 4 12 12 12

9. No dia do lançamento de um prédio de apartamentos, 6) Solução:


desses apartamentos foi vendido e foi reservado. Assim:
1 1
3 6 a) 1 + 1 = 3 + 2 = 5
4 6 12 12 12
a) Qual a fração dos apartamentos que foi vendida e
b) 1- = - =
5 12 5 7
reservada? 12 12 12 12
b) Qual a fração que corresponde aos apartamentos
que não foram vendidos ou reservados? 7) Respostas 7
Solução: 15
10. Transforme em fração:
- 1 = 12 - = 7
4 5
a) 2,08 5 3 15 15 15
b) 1,4
c) 0,017
d) 32,17 8) Resposta 4
Respostas Solução: 9
1) Solução 5
1- = 9 - = 4
5
9 9 9
a)
9

7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤ 7 ⎡⎛ 10 − 3 ⎞ ⎛ −14 + 9 ⎞ ⎤ 9) Solução:
− ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟ = − ⎜ ⎟ −⎜ ⎟
24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦ 24 ⎢⎣⎝ 24 ⎠ ⎝ 12 ⎠ ⎥⎦
1 1
a) + = 2 + = =
1 3 1
3 6 6 6 6 2
7 ⎛ 7 5 ⎞ 7 ⎛ 7 + 10 ⎞ 7 17 10 5
−⎜ + ⎟= −⎜ ⎟ = − =− =−
24 ⎝ 24 12 ⎠ 24 ⎝ 24 ⎠ 24 24 24 12 b) 1- 1 = 2 - 1 = 1
2 2 2 2

8
MATEMÁTICA

10) Solução: Portanto, m.m.c.(15,24,60) = 2 x 2 x 2 x 3 x 5 = 120


208 52 OBS:
a) 2,08 → = 1. Dados dois ou mais números, se um deles é múltiplo
100 25 de todos os outros, então ele é o m.m.c. dos números dados.
14 7 2. Dados dois números primos entre si, o mmc deles é o
b) 1,4 → = produto desses números.
10 5
17 Máximo divisor comum (mdc)
c) 0,017 →
1000 É o maior divisor comum entre dois ou mais números
naturais. Usamos a abreviação MDC
3217 Cálculo do m.d.c
d) 32,17 →
100
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mdc de
dois ou mais números
1) Um modo de calcular o m.d.c. de dois ou mais números
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM. é utilizar a decomposição desses números em fatores primos:
- Decompomos os números em fatores primos;
- O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns.
MMC Acompanhe o cálculo do m.d.c. entre 36 e 90:
O mmc de dois ou mais números naturais é o menor 36 = 2 x 2 x 3 x 3
número, excluindo o zero, que é múltiplo desses números. 90 = 2 x 3 x 3 x 5
O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns =>
Cálculo do m.m.c. m.d.c.(36,90) = 2 x 3 x 3
Portanto m.d.c.(36,90) = 18.
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mmc de
Escrevendo a fatoração do número na forma de potência
dois ou mais números:
temos:
1)  Podemos calcular o m.m.c. de dois ou mais números
36 = 22 x 32
utilizando a fatoração. Acompanhe o cálculo do m.m.c. de
90 = 2  x 32 x 5
12 e 30:
Portanto m.d.c.(36,90) = 2 x 32 = 18.
1º) decompomos os números em fatores primos
2) Processo das divisões sucessivas : Nesse processo
2º) o m.m.c. é o produto dos fatores primos comuns e
efetuamos várias divisões até chegar a uma divisão exata.
não comuns: O divisor desta divisão é o m.d.c. Acompanhe o cálculo do
                   12   =  2  x  2  x  3 m.d.c.(48,30).
                   30   =          2  x  3   x  5 Regra prática:
m.m.c (12,30)  = 2  x  2  x  3   x  5 1º) dividimos o número maior pelo número menor;
    48 / 30 = 1 (com resto 18)
Escrevendo a fatoração dos números na forma de po- 2º) dividimos o divisor 30, que é divisor da divisão an-
tência, temos: terior, por 18, que é o resto da divisão anterior, e assim
12 = 22  x  3 sucessivamente;
30 = 2   x  3  x  5      30 / 18 = 1 (com resto 12)
m.m.c (12,30)  = 22  x  3  x  5 18 / 12 = 1 (com resto 6)
O mmc de dois ou mais números, quando fatorados, 12 / 6 = 2 (com resto zero - divisão exata)
é o produto dos fatores comuns e não comuns , cada um
com seu maior expoente 3º) O divisor da divisão exata é 6. Então m.d.c.(48,30) = 6.
2) Método da decomposição simultânea OBS:
Vamos encontrar o mmc (15, 24, 60) 1.Dois ou mais números são primos entre si quando o
máximo divisor comum entre eles é o número.
2.Dados dois ou mais números, se um deles é divisor de
todos os outros, então ele é o mdc dos números dados.

Problemas

1. Uma indústria de tecidos fabrica retalhos de mesmo


comprimento. Após realizarem os cortes necessários, verifi-
cou-se que duas peças restantes tinham as seguintes medi-
Neste processo decompomos todos os números ao das: 156 centímetros e 234 centímetros. O gerente de produ-
mesmo tempo, num dispositivo como mostra a figura aci- ção ao ser informado das medidas, deu a ordem para que o
ma. O produto dos fatores primos que obtemos nessa de- funcionário cortasse o pano em partes iguais e de maior com-
composição é o m.m.c. desses números. primento possível. Como ele poderá resolver essa situação? 

9
MATEMÁTICA

2. Uma empresa de logística é composta de três áreas: Exemplos


administrativa, operacional e vendedores. A área administra- 3
tiva é composta de 30 funcionários, a operacional de 48 e a a) A fração 5 lê-se: “três quintos”.
de vendedores com 36 pessoas. Ao final do ano, a empresa
realiza uma integração entre as três áreas, de modo que to- b) A razão 3 lê-se: “3 para 5”.
dos os funcionários participem ativamente. As equipes devem 5

conter o mesmo número de funcionários com o maior núme- Os termos da razão recebem nomes especiais.
ro possível. Determine quantos funcionários devem participar
de cada equipe e o número possível de equipes.  O número 3 é numerador
3. (PUC–SP) Numa linha de produção, certo tipo de ma- 3
nutenção é feita na máquina A a cada 3 dias, na máquina B, a
a) Na fração
5
cada 4 dias, e na máquina C, a cada 6 dias. Se no dia 2 de de-
O número 5 é denominador
zembro foi feita a manutenção nas três máquinas, após quan-
tos dias as máquinas receberão manutenção no mesmo dia.  O número 3 é antecedente

4. Um médico, ao prescrever uma receita, determina que a) Na razão 3


três medicamentos sejam ingeridos pelo paciente de acordo
5 O número 5 é consequente
com a seguinte escala de horários: remédio A, de 2 em 2 ho-
ras, remédio B, de 3 em 3 horas e remédio C, de 6 em 6 horas. Exemplo 1
Caso o paciente utilize os três remédios às 8 horas da manhã, A razão entre 20 e 50 é = ; já a razão entre 50 e 20 é
20 2 50 5
=
qual será o próximo horário de ingestão dos mesmos? 50 5 20 2
Exemplo 2
5. João tinha 20 bolinhas de gude e queria distribuí-las Numa classe de 42 alunos há 18 rapazes e 24 moças. A
entre ele e 3 amigos de modo que cada um ficasse com um razão entre o número de rapazes e o número de moças é
número par de bolinhas e nenhum deles ficasse com o mes-
mo número que o outro. Com quantas bolinhas ficou cada 18 3
= , o que significa que para “cada 3 rapazes há 4 moças”.
menino? 
24 4

Por outro lado, a razão entre o número de rapazes e o total


Resposta de alunos é dada por 42 7 , o que equivale a dizer que “de
18 3
=

1. Calculamos o MDC entre 156 e 234 e o resultado é :  os cada 7 alunos na classe, 3 são rapazes”.
retalhos devem ter 78 cm de comprimento. 
Razão entre grandezas de mesma espécie
2. Calculamos o MDC entre 30, 48 e 36. O número de A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o
equipes será igual a 19, com 6 participantes cada uma.  quociente dos números que expressam as medidas dessas
grandezas numa mesma unidade.
3. Calculamos o MMC entre 3, 4 e 6. Concluímos que Exemplo
após 12 dias, a manutenção será feita nas três máquinas. Por- Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
tanto, dia 14 de dezembro.  dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a
área do tapete e a área da sala.
4. Calculamos o MMC entre 2, 3 e 6. De 6 Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em
em 6 horas os três remédios serão ingeridos jun- uma mesma unidade:
tos. Portanto, o próximo horário será às 14 horas.  Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2
5. Se o primeiro menino ficar com 2 bolinhas, sobrarão 18 Área do tapete: 384 dm2
bolinhas para os outros 3 meninos. Se o segundo receber 4, Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos
sobrarão 14 bolinhas para os outros dois meninos. O terceiro escrever a razão:
menino receberá 6 bolinhas e o quarto receberá 8 bolinhas.
384dm 2 384 16
2
= =
1800dm 1800 75
RAZÃO E PROPORÇÃO.
Razão entre grandezas de espécies diferentes
Razão Exemplo 1
Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilômetro
Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro 170.
razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou . Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
A razão é representada por um número racional, mas é Calculamos a razão entre a distância percorrida e o
lida de modo diferente. tempo gasto para isso:

10
MATEMÁTICA

Observemos que o produto 3 x 10 = 30 é igual ao produto


5 x 6 = 30, o que caracteriza a propriedade fundamental das
140km
= 70km / h
2h proporções:
“Em toda proporção, o produto dos meios é igual ao
A esse tipo de razão dá-se o nome de velocidade média. produto dos extremos”.
Observe que:
- as grandezas “quilômetro e hora” são de naturezas Exemplo 1
diferentes;
- a notação km/h (lê-se: “quilômetros por hora”) deve Na proporção = , temos 2 x 9 = 3 x 6 = 18;
2 6
acompanhar a razão. 3 9
e em 1 = 4 , temos 4 x 4 = 1 x 16 = 16.
Exemplo 2 4 16
A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de Exemplo 2
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da
ano de 1995. criança.
Dividindo-se o número de habitantes pela área, Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada por:
obteremos o número de habitantes por km2 (hab./km2):
5gotas x
6628000 = → x = 30gotas
≅ 71,5hab. / km 2 2kg 12kg
927286
Por outro lado, se soubermos que foram corretamente
A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade
ministradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que
demográfica.
seu “peso” é 8 kg, pois:
A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro
quadrado”) deve acompanhar a razão. 5gotas
= 20gotas / p → p = 8kg
2kg
Exemplo 3
Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percorridos (nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é
pelo número de litros de combustível consumidos, teremos comumente chamado de regra de três simples.)
o número de quilômetros que esse carro percorre com um
litro de gasolina: Propriedades da Proporção
O produto dos extremos é igual ao produto dos meios:
83, 76km essa propriedade possibilita reconhecer quando duas razões
≅ 10, 47km / l
8l formam ou não uma proporção.
A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo médio. 4 12
A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve e formam uma proporção, pois
3 9
acompanhar a razão.
Exemplo 4 Produtos dos extremos ← 4.9  → Produtos dos
 = 3.12
Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento meios. 36 36

é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala do A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro
desenho? (ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1
Escala = = = = ou1 : 40
comprimento i real 8m 800cm 40 5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
= ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 5 10 5 10
A razão entre um comprimento no desenho e o ou
correspondente comprimento real, chama-se Escala.
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
Proporção = ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 2 4 2 4
A igualdade entre duas razões recebe o nome de
proporção. A diferença entre os dois primeiros termos está para o
Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como 6
3 6
primeiro (ou para o segundo termo) assim como a diferença
está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extremos, e entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto
os números 5 e 6 são chamados meios. termo).

11
MATEMÁTICA

4 8 4 − 3 8 − 6 1 2 8. Sabe-se que as casas do braço de um violão diminuem


= ⇒ = ⇒ = de largura seguindo uma mesma proporção. Se a primeira
3 6  4 8 4 8 casa do braço de um violão tem 4 cm de largura e a segunda
ou casa, 3 cm, calcule a largura da quarta casa.
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ = 9. Água e tinta estão misturadas na razão de 9 para 5.
3 6  3 6 3 6 Sabendo-se que há 81 litros de água na mistura, o volume
total em litros é de:
A soma dos antecedentes está para a soma dos a) 45
consequentes assim como cada antecedente está para o seu b) 81
consequente. c) 85
12 3 ⎧12 + 3 12 15 12 d) 181
= ⇒⎨ = ⇒ = e) 126
8 2 ⎩ 8+2 8 10 8
ou 10. A diferença entre dois números é 65. Sabe-se que
12 3 ⎧12 + 3 3 15 3 o primeiro está para 9 assim como o segundo está para 4.
= ⇒⎨ = ⇒ = Calcule esses números.
8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2
A diferença dos antecedentes está para a diferença dos Respostas
consequentes assim como cada antecedente está para o seu
consequente. 1) Resposta “1320 km”.
3 1 ⎧ 3−1 3 2 3 Solução: 1cm (no mapa) = 22.000.000cm (na realidade)
= ⇒⎨ = ⇒ = *SP ------------------- cidade A ----------------- cidade B
15 5 ⎩15 − 5 15 10 15 4cm 6cm
ou
O mínimo de extensão será a da cidade mais longe (6cm)
3 1 ⎧ 3−1 1 2 1 22.000.000 x 6 = 132.000.000 cm = 1320 km.
= ⇒⎨ = ⇒ = Logo, o mínimo de extensão que ela teria corresponde à
15 5 ⎩15 − 5 5 10 5 1320 km.

Exercícios 2) Resposta “1: 7 000 000”.


Solução: Dados:
1. Em um mapa verifica-se que a escala é 1 : 22 000 000. Comprimento do desenho: 10 cm
Duas cidades estão distantes de São Paulo, respectivamente, Comprimento no real: 700 km = (700 . 100 000) cm = 70
4 e 6 cm. Se fosse feita uma estrada ligando as três cidades, 000 000 cm
qual seria o mínimo de extensão que ela teria?
comprimentododesenho 10 1
Escala = = = ou1 : 7000000
2. Em um mapa, a distância em linha reta entre Brasília comprimentoreal 70000000 7000000
e Palmas, no Tocantins é de 10 cm. Sabendo que a distância
real entre as duas cidades é de 700 km, qual a escala utilizada A escala de 1: 7 000 000 significa que:
na confecção do mapa? - 1 cm no desenho corresponde a 7 000 000 cm no real;
3. Uma estátua de bronze tem 140 kg de massa e seu - 1 cm no desenho corresponde a 70 000 m no real;
volume é de 16 dm³. Qual é a sua densidade? - 1 cm no desenho corresponde a 70 km no real.
4. Um trem percorreu 453 km em 6 horas. Qual a 3) Resposta “8,75 kg/dm³”.
velocidade média do trem nesse percurso? Solução: De acordo com os dados do problema, temos:
5. O estado de Tocantins ocupada uma área aproximada de densidade =
140kg
= 8, 75kg / dm 3
278 500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins tinha 16dm 3
uma população de aproximadamente 1 156 000 habitantes. Logo, a densidade da estátua é de 8,75 kg/dm³, que
Qual é a densidade demográfica do estado de Tocantins? lemos como: 8,75 quilogramas por decímetro cúbico.
6. A diferença entre a idade de Ângela e a idade de Vera é 4) Resposta “75,5 km/h”.
12 anos. Sabendo-se que suas idades estão uma para a outra Solução: De acordo com que o enunciado nos oferece, temos:
assim como 5 , determine a idade de cada uma.
2 453km
7. Um segmento de 78 cm de comprimento é dividido em velocidademédia = = 75,5km / h
duas partes na razão de 4 . Determine o comprimento de
6h
cada uma das partes. 9 Logo, a velocidade média do trem, nesse percurso, foi de
75,5 km/h, que lemos: 75,5 quilômetros por hora.

12
MATEMÁTICA

5) Resposta “4,15 hab./km² Logo, a largura da 4ª casa é de (2,25 . 0,75) = 1,69 cm.

Solução: O problema nos oferece os seguintes dados: Portanto a sequência seria: (4...3... ... ...) e assim por
1156000hab. diante.
Densidadedemográfica = = 4,15hab. / km 2
278500km 2
Onde a razão de proporção é ... e pode ser representada
pela expressão:
6) Resposta “Ângela 20; Vera 8”.
Ti . P elevado à (n - 1)
Solução:
A – V = 12 anos Onde:
A = 12 + V Ti = termo inicial, neste caso: 4
P = proporção entre Ti e o seguinte (razão), neste caso:
A 5 12 + V 5 n = número sequencial do termo que se busca, neste
= → = caso: 4
V 2 V 2
Teremos:
2 (12+V) = 5V
24 + 2V = 5V (Ti = 4; P = ; n – 1 = 3)
5V – 2V = 24
3V = 24 4. =
V = 24 9) Resposta “E”.
3 Solução:
A = 81 litros
V (Vera) = 8
A – 8 = 12 A 9
= →
81 9
=
A = 12 + 8 T 5 T 5
A (Ângela) = 20
9T = 405
7) Resposta “24 cm; 54 cm”.

Solução: T=
x + y = 78 cm
x = 78 - y T = 45

x 4 78 − y 4 A+T=?
= → = 81 + 45 = 126 litros
y 9 y 9
9 (78 - y) = 4y
702 – 9y = 4y 10) Resposta “117 e 52”.
702 = 4y + 9y Solução:
13y = 702 x – y = 65
x = 65 + y
y = 702 x 9 65 + y 9
13 = → =
y 4 y 4
y = 54cm

x + 54 = 78 9y = 4 (65 + y)
x = 78 - 54 9y = 260 + 4y
x = 24 cm 9y – 4y = 260
5y = 260
8) Resposta “ 27 cm ”.
16 y=
Solução: Caso a proporção entre a 2ª e a 1ª casa se
mantenha constante nas demais, é só determinar qual é esta y = 52
proporção existente entre elas: no caso, = 0,75, ou seja, a
largura da 2ª casa é 75% a largura da 1ª; Portanto a largura x – 52 = 65
da 3ª casa é (3 . 0,75) = 2,25 cm. x = 65 + 52
x = 117

13
MATEMÁTICA

Exemplo
PORCENTAGEM.
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida
por R$ 800,00.
Pede-se:
É uma fração de denominador centesimal, ou seja, - o lucro obtido na transação;
é uma fração de denominador 100. Representamos - a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
porcentagem pelo símbolo % e lê-se: “por cento”. - a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.

Resposta:
Deste modo, a fração 50 é uma porcentagem que podemos Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
100
representar por 50%. Lc = 300
= 0,60 = 60%
500

Forma Decimal: É comum representarmos uma Lv =


300
= 0,375 = 37,5%
porcentagem na forma decimal, por exemplo, 35% na 800

forma decimal seriam representados por 0,35. Aumento

75% = 75 = 0,75 Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial


100 V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor.
Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
Cálculo de uma Porcentagem: Para calcularmos uma aumento. Então, A = p% de V = p . V
porcentagem p% de V, basta multiplicarmos a fração p por V. 100
100
p
P% de V = .V VA = V + A = V +
p
.V
100 100
Exemplo 1
p
VA = ( 1 + ).V
23% de 240 = 23 . 240 = 55,2 100
100
Exemplo 2 p
Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento.
Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que 67%
Desconto
de uma amostra assistem a um certo programa de TV.
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
assistem ao tal programa?
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor.
Resolução: 67% de 56 000 = 67 .56000 = 37520 Chamemos de D o valor do desconto e VD o valor após o
100 desconto. Então, D = p% de V = p . V
100
Resposta: 37 520 pessoas.
VD = V – D = V – .V
p
100
Porcentagem que o lucro representa em relação ao
VD = (1 – ).V
p
preço de custo e em relação ao preço de venda 100
Chamamos de lucro em uma transação comercial de
Em que (1 – ) é o fator de desconto.
p
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o 100
preço de custo.
Lucro = preço de venda – preço de custo Exemplo

Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
prejuízo. sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a
Assim, podemos escrever: empresa deseja que o salário desse funcionário, a partir de
Preço de custo + lucro = preço de venda março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Preço de custo – prejuízos = preço de venda
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem Resolução: VA = 1,4 . V
de duas formas: 3 500 = 1,4 . V
Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100%
Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100% V=
3500
= 2500
1,4

Observação: A mesma análise pode ser feita para o Resposta: R$ 2 500,00


caso de prejuízo.

14
MATEMÁTICA

Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos Exercícios


um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor 1. (Fuvest-SP) (10%)2 =
após o primeiro aumento, temos: a) 100%
V1 = V . (1 + 1 )
p b) 20%
100 c) 5%
d) 1%
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos: e) 0,01%
V2 = V1 . (1 + p2 )
100 2. Quatro é quantos por cento de cinco?
V2 = V . (1 + 1 ) . (1 + 2 )
p p
100 100 3. (PUC-SP) O preço de venda de um bem de
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá consumo é R$ 100,00. O comerciante tem um ganho de
sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%. 25% sobre o preço de custo deste bem. O valor do preço
de custo é:
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: a) R$ 25,00
V1 = V. (1 – p1 ) b) R$ 70,50
100 c) R$ 75,00
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos: d) R$ 80,00
e) R$ 125,00
V2 = V1 . (1 – )
p2
100 4. (VUNESP-SP) O dono de um supermercado
V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 ) comprou de seu fornecedor um produto por x reais
100 100 (preço de custo) e passou a revendê-lo com lucro de
50%. Ao fazer um dia de promoções, ele deu aos clientes
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá
do supermercado um desconto de 20% sobre o preço
sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto
de venda deste produto. Pode-se afirmar que, no dia
de p2%.
de promoções, o dono do supermercado teve, sobre o
Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
preço de custo:
V1 = V . (1+ 1 )
p
100 a) Prejuízo de 10%.
b) Prejuízo de 5%.
Sendo V2 o valor após o desconto, temos:
c) Lucro de 20%.
V2 = V1 . (1 – p2 ) d) Lucro de 25%.
e) Lucro de 30%.
100
V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100
5. (Mackenzie-SP) Um produto teve um aumento total
Exemplo de preço de 61% através de 2 aumentos sucessivos. Se o
primeiro aumento foi de 15%, então o segundo foi de:
(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um ren- a) 38%
dimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa b) 40%
modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste ban- c) 42%
co deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, d) 44%
o capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse de- e) 46%
pósito, são:
 p 
n
6. (FUVEST-SP) Barnabé tinha um salário de x reais
Resolução: VA = 1 +  .v em janeiro. Recebeu aumento de 80% em maio e 80%
 100 
em novembro. Seu salário atual é:
n a) 2,56 x
VA = ⎛⎜ 1. 15 ⎞⎟ .1000 b) 1,6x
⎝ 100 ⎠ c) x + 160
VA = 1 000 . (1,15)n d) 2,6x
VA = 1 000 . 1,15n e) 3,24x
VA = 1 150,00n
7. (PUC-SP) Descontos sucessivos de 20% e 30% são
equivalentes a um único desconto de:
a) 25%
b) 26%
c) 44%
d) 45%
e) 50%

15
MATEMÁTICA

8. (FUVEST-SP) A cada ano que passa o valor de um Se 1,50 é 100%


carro diminui em 30% em relação ao seu valor do ano X 20% fazemos esta regra de três para achar
anterior. Se V for o valor do carro no primeiro ano, o os 20%: 20.1,50 100 = 0,30
seu valor no oitavo ano será: Então no dia de promoção o valor será de 1,20. Isto é,
a) (0,7)7 V 20% de lucro em cima do valor de custo. Alternativa C.
b) (0,3)7 V
c) (0,7)8 V 5) Resposta “B”.
d) (0,3)8 V Solução: Se usarmos a fórmula do aumento sucessivo
e) (0,3)9 V citada na matéria será:

9. Numa cidade, havia cerca de 25 000 V2 = V.(1 + p1 ).(1 – p2 ).


100 100
desempregados para uma população economicamente
ativa de 500 000 habitantes. Qual era a taxa percentual Substituindo V por um valor: 1, então no final dos dois
de desempregados nessa cidade? aumentos esse valor será de 1,61=V2.

1,61 = 1.(1 + 15 ).(1 – 2 )


p
10. Se 4% do total de bolinhas de uma piscina 100 100
correspondem a 20 unidades, qual o total de bolinhas
que está na piscina? 1,61 = (1 + 15 ).(1 – 2 ) (mmc de 100)
p
100 100
Respostas
1,61 = ( 115 ).(1 – )
p2
1) Resposta “D”. 100 100
Solução:
10 10 1 1,61 = - 115(100 − P 2)
. = = 1% 10000
100 100 100 16100 = -11.500 + 115P2

2) Resposta “80%”. 115P2 = -11.500 + 16100


Solução: P2 = 4600/115
05 ----------- 100% P2 = 40%
04 ----------- x
6) Resposta “E”.
400
5 . x = 4 . 100 → 5x = 400 → x = = 80% Solução:
5
3) Resposta “D”. ⎛ 80 ⎞ ⎛ 80 ⎞
Solução: SA = ⎜ 1+ .x = 1,8.1,8.x = 3,24x
⎝ 100 ⎟⎠ ⎜⎝ 100 ⎟⎠
. 1+
Pcusto = 100,00

O Pcusto mais 25% do Pcusto = 100,00 7) Resposta “C”.


Solução: Se usarmos a fórmula do desconto sucessivo
Pc + 0,25Pc = 100,00 citada na matéria será:
1,25Pc = 100,00
V2 = V.(1 - ).(1 – )
p1 p2
100 100
Pc =
Substituindo V por um valor: 1, ficará:
4) Resposta “C”. V2 = 1.(1 - 20 ).(1 – 30 )
Solução: 100 100
X reais (preço de custo) V2 = ( 100 − 20 ).( 100 − 30 )
50 100x + 50 10x + 5 2x + 1 100 100
Lucro de 50%: x + 50% = x + = = = V2 = ( 80 ).( 70 )
100 100 10 2
100 100
(dividimos por 10 e depois dividimos por 5). V2 =
5600
10000
Suponhamos que o preço de custo seja 1, então
substituindo o x da equação acima, o preço de venda com V2 =
56
que é igual a 56%
50% de lucro seria 1,50. 100

100% - 56% = 44%

16
MATEMÁTICA

8) Resposta “A”. Solução:


Solução: O problema envolve duas grandezas: distância e litros
de álcool.
1º ano = 1 Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
2º ano = 0,70 – 30% (0,21) consumido.
3º ano = 0,49 – 30% (0,147) Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
4º ano = 0,343 – 30 % (0,1029) mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
5º ano = 0,2401 – 30% (0,07203) se correspondem em uma mesma linha:
6º ano = 0,16807 – 30% (0,050421) Distância (km) Litros de álcool
7º ano = 0,117649 – 30% (0,0352947) 180 15
8º ano = 0,0823543 210 x
0,0823543 = (0,7)7V
Na coluna em que aparece a variável x (“litros de
álcool”), vamos colocar uma flecha:
9) Resposta “5%”.
Distância (km) Litros de álcool
180 15  
Solução: Em 500 000 habitantes → 25 000
desempregados 210 x
Em 100 000 habitantes → 5 000 desempregados
Em 100 habitantes → 5 desempregados Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
5
= 5%ou
25000
=
5
= 5% e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
100 500000 100 esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
Portanto, 5% da população da cidade é desempregada. sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

10) Resposta “500 unidades”. Distância (km) Litros de álcool


Solução: 4% → 20 bolinhas. Então: 180 15
20% → 100 bolinhas 210 x
100% → 500 bolinhas

Ou, ainda, representando por x o total de bolinhas: 4% mesmo sentido


de x equivalem a 20.
Armando a proporção pela orientação das flechas, temos:
Como 4% = = 0,004 , podemos escrever:
4
100
20 180 6 15
= 6x = 7 . 15 6x = 105 x = 105 x=
0,04 . x = 20 → x = → x = 500. 210 7 x 17,5 6
0,04
Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.
Logo, o total de bolinhas na piscina são 500 unidades.
Exemplo 2: Viajando de automóvel, à velocidade
de 60 km/h, eu gastaria 4 h para fazer certo percurso.
Aumentando a velocidade para 80 km/h, em quanto
REGRA DE TRÊS SIMPLES.   tempo farei esse percurso?
Solução: Indicando por x o número de horas e
colocando as grandezas de mesma espécie em uma
Regra de Três Simples mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
se correspondem em uma mesma linha, temos:
Os problemas que envolvem duas grandezas Velocidade (km/h) Tempo (h)
diretamente ou inversamente proporcionais podem ser 60 4
resolvidos através de um processo prático, chamado regra 80 x
de três simples.
Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”),
Exemplo 1: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. vamos colocar uma flecha:
Quantos litros de álcool esse carro gastaria para percorrer Velocidade (km/h) Tempo (h)
210 km? 60 4
80 x

17
MATEMÁTICA

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo Regra de Três Composta


fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais. O processo usado para resolver problemas que
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao inversamente proporcionais, é chamado regra de três
da flecha da coluna “tempo”: composta.

Velocidade (km/h) Tempo (h) Exemplo 1: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160


60 4 peças. Em quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras
80 x produziriam 300 dessas peças?
Solução: Indiquemos o número de dias por x.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
sentidos contrários só coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
Na montagem da proporção devemos seguir o sentido aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:
das flechas. Assim, temos:
Máquinas Peças Dias
8 160 4  
6 300
4
4 80
= 4x = 4 . 3 4x = 12 x=
12
x=3 x
x 60 3 4
Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
Resposta: Farei esse percurso em 3 h.
As grandezas peças e dias são diretamente
proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
Exemplo 3: Ao participar de um treino de Fórmula
colocando-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo
1, um competidor, imprimindo velocidade média de 200
sentido da flecha da coluna “dias”:
km/h, faz o percurso em 18 segundos. Se sua velocidade
fosse de 240 km/h, qual o tempo que ele teria gasto no Máquinas Peças Dias
percurso? 8 160 4
Vamos representar pela letra x o tempo procurado. 6 300 x
Estamos relacionando dois valores da grandeza
velocidade (200 km/h e 240 km/h) com dois valores da Mesmo sentido
grandeza tempo (18 s e x s).
Queremos determinar um desses valores, conhecidos As grandezas máquinas e dias são inversamente
os outros três. proporcionais (duplicando o número de máquinas, o
número de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema
Tempo gasto para isso será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
Velocidade
fazer o percurso
200 km/h 18 s
Máquinas Peças Dias
240 km/h x 8 160 4
6 300 x
Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo
gasto para fazer o percurso cairá para a metade; logo, Sentidos contrários
as grandezas são inversamente proporcionais. Assim, os
números 200 e 240 são inversamente proporcionais aos Agora vamos montar a proporção, igualando a razão
números 18 e x. 4
Daí temos: que contém o x, que é , com o produto das outras razões,
x
200 . 18 = 240 . x
obtidas segundo a orientação das flechas  .
6 160 
3 600 = 240x :
 8 300 
240x = 3 600
1
4 6 2 160 8
x = 3600 = . 5

240 x 81 30015
x = 15
4 2 4 2.5
= => 2x = 4 . 5 a x= => x = 10
O corredor teria gasto 15 segundos no percurso. x 5 21

Resposta: Em 10 dias.

18
MATEMÁTICA

Exercícios 10. Na alimentação de 02 bois, durante 08 dias, são


consumidos 2420 kgs de ração. Se  mais 02 bois são
1. Completamente abertas, 2 torneiras enchem um comprados, quantos quilos de ração serão necessários
tanque em 75 min. Em quantos minutos 5 torneiras para alimentá-los durante 12 dias.
completamente abertas encheriam esse mesmo tanque?
Respostas
2. Um trem percorre certa distância em 6 h 30 min, à
velocidade média de 42 km/h. Que velocidade deverá ser 1) Resposta “30min”.
desenvolvida para o trem fazer o mesmo percurso em 5 h Solução:
15 min? Como aumentar as torneiras diminui o tempo, então a
regra de três é inversa:
3. Usando seu palmo, Samanta mediu o comprimento 5 tor. ------ 75min
e a largura de uma mesa retangular. Encontrou 12 palmos 2 tor. ------ x
de comprimento e 5 palmos na largura. 5x = 2 . 75 =
Depois, usando palitos de fósforo, mediu novamente 5x = 150 =
o comprimento do tampo da mesa e encontrou 48 palitos.
Qual estratégia Samanta usou para obter largura do tampo
da mesa em palitos de fósforo? x=

4. Ao participar de um treino de fórmula Indy, um 2) Resposta “52 km/h”.


competidor, imprimindo a velocidade média de 180 km/h, Solução:
faz o percurso em 20 segundos. Se a sua velocidade fosse Como diminuir o tempo aumentaria a velocidade,
de 200 km/h, que tempo teria gasto no percurso? então a regra de três é inversa:
6h30min = 390min
5. Com 3 pacotes de pães de fôrma, Helena faz 63 5h15min = 315min
sanduíches. Quantos pacotes de pães de fôrma ela vai usar
para fazer 105 sanduíches? 315min ------ 42km/h
390min ------ x
6. Uma empreiteira contratou 210 pessoas para 315x = 390 . 42 =
pavimentar uma estrada de 300 km em 1 ano. Após 4 315x = 16380 =
meses de serviço, apenas 75 km estavam pavimentados. X= km/h.
Quantos empregados ainda devem ser contratados para
que a obra seja concluída no tempo previsto?
a) 315 3) Resposta “20 palitos de fósforo”.
b) 2 2520 Solução: Levando os dados dado no enunciado temos:
c) 840 Palmos: 12 palmos de comprimento e 5 palmos de
d) 105 largura.
e) 1 260 Palitos de Fósforo: 48 palitos de comprimento e x
palitos de largura.
7. Numa gráfica, 7 máquinas de mesmo rendimento Portanto temos:
imprimem 50 000 cartazes iguais em 2 horas de
funcionamento. Se duas dessas máquinas não estiverem Comprimento Largura
funcionando, as 5 máquinas restantes farão o mesmo
serviço em: 12 palmos 5 palmos
a) 3 horas e 10 minutos 48 palitos X palitos
b) 3 horas
c) 2 horas e 55 minutos Observe que o comprimento da mesa aumentou 4
d) 2 horas e 50 minutos vezes quando passamos de “palmo” para “palito”. O que
e) 2 horas e 48 minutos ocorre da mesma forma na largura.
As grandezas são diretamente proporcionais. Daí
8. Funcionando 6 dias, 5 máquinas produziram 400 podemos fazer:
peças de uma mercadoria. Quantas peças dessa mesma
mercadoria são produzidas por 7 máquinas iguais às
primeiras, se funcionarem 9 dias?

9. Um motociclista rodando 4 horas por dia, percorre Logo, concluímos que o tampo da mesa tem 20 palitos
em média 200 km em 2 dias. Em quantos dias esse de fósforo de largura.
motociclista vai percorrer 500 km, se rodar 5 horas por dia?

19
MATEMÁTICA

4) Resposta “18 segundos”.


Solução: Levando em consideração os dados: =
Velocidade média: 180 km/h → tempo do percurso:
20s
Velocidade média: 200 km/h → tempo do percurso: ? =
Vamos representar o tempo procurado pela letra
x. Estamos relacionando dois valores de grandeza
x=
“velocidade” (180 km/h e 200 km/h) com dois valores de
grandeza “tempo” ( 20s e xs).
Conhecido os 3 valores, queremos agora determinar
x = 315 pessoas para o término
um quarto valor. Para isso, organizamos os dados na
315 210 que já trabalham = 105 pessoas.
tabela:
7) Resposta “E”.
Velocidade km/h Tempo (s) Solução: Primeiro descobrimos quanto cada máquina
180 20 produz por minuto. Para isso temos que dividir:
200 x

Observe que, se duplicarmos a velocidade inicial,


o tempo gasto para percorrer o percurso vai cair para Agora multiplicamos por 5 e descobrimos quanto as 5
a metade. Logo, as grandezas são “inversamente máquinas juntas produzem (min)
proporcionais”. Então temos: 5 . 59,524 = 297, 62.
Portanto temos:
180 . 20 = 200 . x → 200x = 3600 → 1 min --------------------- 297,62
x min --------------------- 50000
Conclui-se, então, que se o competidor tivesse
andando em 200 km/h, teria gasto 18 segundos para Fazendo a regra de 3 teremos:
realizar o percurso.
297,62 . x = 50000 . 1 → 297,62x = 50000 →
5) Resposta “5 pacotes”.
Solução: Analisando os dados dado no enunciado
temos:
Pacotes de Pães: 3 pacotes → Sanduíches: 63. 168 min. o que equivale a 2 horas e 48 minutos.
Pacotes de Pães: x pacotes → Sanduíches: 105.
8) Resposta “840 peças”.
Pacotes de Pães Sanduíches Solução: Dados:
5 máquinas em 6 dias produzem 400 peças
3 63 7 máquinas em 9 dias produzem x peças.
x 105
Organizando os dados no quadro temos:
Basta fazermos apenas isso:
63 . x = 3 . 105 → 63x = 315 → N˚ de Máquinas N˚ de Máquinas Número de Peças
(A) (B) (C)
Concluímos que ela precisará de 5 pacotes de pães de
forma.
5 6 400
7 9 x
6) Resposta “D”.
Fixando a grandeza A, podemos relacionar as
Solução: Em de ano foi pavimentada de estrada grandezas B e C. Se dobrarmos o número de dias, o número
de peças também dobrará, Logo, as grandezas B e C são
Pessoas estrada tempo “diretamente proporcionais”.
210 75 4 Fixando a grandeza B, podemos relacionar as grandezas
X 225 8 A e C. Se dobrarmos o número de máquinas, o número
de peças também dobrará, Logo, as grandezas A e C são
“diretamente proporcionais”.
= Quando uma grandeza é “diretamente proporcional”
a duas outras, a variação da primeira é diferentemente
proporcional ao produto da variação das outras duas.

20
MATEMÁTICA

De acordo com o quadro, temos:


MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES.

Resolvendo a proporção: Noção Geral de Média


Considere um conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} e
30 . x = 63 . 400 → 30x = 25200 → efetue uma certa operação com todos os elementos de A.
Se for possível substituir cada um dos elementos do
Logo, se as máquinas funcionarem 9 dias, serão conjunto A por um número x de modo que o resultado da
produzidas 840 peças. operação citada seja o mesmo diz-se, por definição, que x
será a média dos elementos de A relativa a essa operação.
9) Resposta “4 dias”.
Solução: Dados: Média Aritmética
4 horas por dia, 200 km em 2 dias
5 horas por dia, 500 km em x dias Definição
A média dos elementos do conjunto numérico A
Organizando um quadro temos: relativa à adição é chamada média aritmética.

N˚ km (A) N˚ horas/dias (B) Número de dias (C) Cálculo da média aritmética


200 4 2 Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto
numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição:
500 5 x

Fixando a grandeza A, podemos relacionar as grandezas


B e C. Se dobrarmos o número de horas que o motociclista n parcelas
roda por dia, o número de dias que ele leva para percorrer e, portanto,
a mesma distância cairá para a metade. Logo, as grandezas
B e C são “inversamente proporcionais”. x1; x2 ; x3;...; xn
Fixando a grandeza B, podemos relacionar as x=
n
grandezas A e C. Se dobrarmos o número de quilômetros
Conclusão
percorridos, o número de dias dobrará, considerando que
A média aritmética dos n elementos do conjunto
o motociclista rode o mesmo número de horas por dia.
numérico A é a soma de todos os seus elementos, dividida
Logo, as grandezas A e C são “diretamente proporcionais”.
Assim a grandeza C é diretamente proporcional à por n.
grandeza A e inversamente proporcional à grandeza
B. Para que a variação da grandeza C seja diretamente Exemplo
proporcional ao produto da variação das duas outras, Calcular a média aritmética entre os números 3, 4, 6,
escrevemos a razão inversa dos valores que expressam a 9, e 13.
grandeza B.
A razão inversa de
Resolução
Daí, temos: Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto
(3, 4, 6, 9, 13), então x será a soma dos 5 elementos, dividida
por 5. Assim:
3 + 4 + 6 + 9 + 13 35
x= ↔x= ↔x=7
1000 . x = 2000 . 2 → 1000x = 4000 → . 15 5

10) Resposta “7260 kgs”. A média aritmética é 7.

Solução:
Média Aritmética Ponderada
Ração Dias Bois
2420 8 2 Definição
x 12 4
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa
à adição e na qual cada elemento tem um “determinado
peso” é chamada média aritmética ponderada.

21
MATEMÁTICA

Cálculo da média aritmética ponderada 7. Calcular a média ponderada entre 3, 6 e 8 para os


Se x for a média aritmética ponderada dos elementos respectivos pesos 5 , 3 e 2.
do conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} com “pesos” P1;
P2; P3; ...; Pn, respectivamente, então, por definição: 8. Numa turma de 8ª série 10 alunos possuem 14 anos,
P1 . x + P2 . x + P3 . x + ... + Pn . x = 12 alunos possuem 15 anos e oito deles 16 anos de idade.
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn Qual será a idade média dessa turma?
(P1 + P2 + P3 + ... + Pn) . x =
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn e, portanto, 9. Determine a média salarial de uma empresa, cuja fo-
lha de pagamento é assim discriminada:
P1 .x1; P2 .x2 ; P3 .x3;...Pn xn
x=
P1 + P2 + P3 + ...+ Pn Profissionais → Quantidade → Salário
Serventes → 20 profissionais → R$ 320,00
Observe que se P1 = P2 = P3 = ... = Pn = 1, então: Técnicos → 10 profissionais → R$ 840,00
x1; x2 ; x3;...; xn que é a média aritmética simples.
x= Engenheiros → 5 profissionais → R$ 1.600,00
n
Conclusão 10. Calcule a média ponderada entre 5, 10 e 15 para os
A média aritmética ponderada dos n elementos do respectivos pesos 10, 5 e 20.
conjunto numérico A é a soma dos produtos de cada elemento
multiplicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos. Respostas

Exemplo 1) Resposta “5”.


Calcular a média aritmética ponderada dos números Solução:
35, 20 e 10 com pesos 2, 3, e 5, respectivamente. M.A. ( 2 e 8 ) = 2 + 8 / 2 = 10 / 2 = 5 → M.A. ( 2 e 8 ) = 5.

Resolução 2) Resposta “6”.


Se x for a média aritmética ponderada, então: Solução:
M.A. ( 3, 5 e 10 ) = 3 + 5 + 10 / 3 = 18 / 3 = 6 → M.A. (
x=
2.35 + 3.20 + 5.10
↔x=
70 + 60 + 50
↔x=
180
↔ x = 18 3, 5 e 10 ) = 6.
2 + 3+ 5 10 10
3) Resposta “10”.
A média aritmética ponderada é 18. Solução: Para resolver esse exercício basta fazer a soma
Observação: A palavra média, sem especificar se é dos números e dividi-los por quatro, que é a quantidade de
aritmética, deve ser entendida como média aritmética. números, portanto:
11+ 7 + 13 + 9 40
Exercícios M .A = = = 10
4 4
1. Determine a média aritmética entre 2 e 8.
Logo, a média aritmética é 10.
2. Determine a média aritmética entre 3, 5 e 10.
4) Resposta “164”.
3. Qual é a média aritmética simples dos números 11, Solução: Quando falamos de média aritmética simples,
7, 13 e 9? ao diminuirmos um dos valores que a compõe, precisamos
aumentar a mesma quantidade em outro valor, ou distribuí-
4. A média aritmética simples de 4 números pares dis- -la entre vários outros valores, de sorte que a soma total não
tintos, pertences ao conjunto dos números inteiros não se altere, se quisermos obter a mesma média.
nulos é igual a 44. Qual é o maior valor que um desses Neste exercício, três dos elementos devem ter o menor
números pode ter? valor possível, de sorte que o quarto elemento tenha o maior
valor dentre eles, tal que a média aritmética seja igual a 44.
5. Calcule a média aritmética simples em cada um dos Este será o maior valor que o quarto elemento poderá assumir.
seguintes casos: Em função do enunciado, os três menores valores intei-
a) 15; 48; 36 ros, pares, distintos e não nulos são:2, 4 e 6. Identificando
b) 80; 71; 95; 100 como x este quarto valor, vamos montar a seguinte equação:
c) 59; 84; 37; 62; 10
d) 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 2+4+6+x
= 44
4
6. Qual é a média aritmética ponderada dos números Solucionando-a temos:
10, 14, 18 e 30 sabendo-se que os seus pesos são respectiva- Logo, o maior valor que um desses números pode ter é 164.
mente 1, 2, 3 e 5?

22
MATEMÁTICA

5) Solução: Média Geométrica


a) (15 + 48 + 36)/3 =
99/3 = 33 Este tipo de média é calculado multiplicando-se todos
b) (80 + 71 + 95 + 100)/4= os valores e extraindo-se a raiz de índice n deste produto.
346/4 = 86,5 Digamos que tenhamos os números 4, 6 e 9, para ob-
c) (59 + 84 + 37 + 62 + 10)/5= termos o valor médio geométrico deste conjunto, multipli-
= 252/5 camos os elementos e obtemos o produto 216.
= 50,4 Pegamos então este produto e extraímos a sua raiz cú-
d) (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)/9= bica, chegando ao valor médio 6.
45/9 = Extraímos a raiz cúbica, pois o conjunto é composto de
=5 3 elementos. Se fossem n elementos, extrairíamos a raiz de
índice n.
6) Resposta “22”. Neste exemplo teríamos a seguinte solução:
Solução: Neste caso a solução consiste em multiplicar-
mos cada número pelo seu respectivo peso e somarmos
3
4.6.9 ⇒ 3 216 ⇒ 6
todos estes produtos. Este total deve ser então dividido
pela soma total dos pesos:

EQUAÇÃO DO 1º GRAU.
10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
= = = 22
1+ 2 + 3 + 5 11 11

Logo, a média aritmética ponderada é 22. Equação do 1º Grau

7) Resposta “4,9”. Veja estas equações, nas quais há apenas uma incógnita:
Solução:
3x – 2 = 16 (equação de 1º grau)
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
MP = = = = 4,9
5 + 3+ 2 10 10 2y3 – 5y = 11 (equação de 3º grau)

8) Resposta “ ±14,93 ” 1 – 3x + =x+ 1 (equação de 1º grau)


2
Solução: 5 2
O método que usamos para resolver a equação de
14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448 1º grau é isolando a incógnita, isto é, deixar a incógnita
MP = = = = ±14,93
10 + 12 + 8 30 30 sozinha em um dos lados da igualdade. Para conseguir
isso, há dois recursos:
9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ” - inverter operações;
Solução: Estamos diante de um problema de média - efetuar a mesma operação nos dois lados da
aritmética ponderada, onde as quantidades de profissio- igualdade.
nais serão os pesos. E com isso calcularemos a média pon-
derada entre R$ 320,00 , R$ 840,00 e R$ 1 600,00 e seus Exemplo 1
respectivos pesos 20 , 10 e 5. Portanto: Resolução da equação 3x – 2 = 16, invertendo
operações.
320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800
MP = = ≅ R$651, 43 Procedimento e justificativa: Se 3x – 2 dá 16, conclui-
20 + 10 + 5 35 se que 3x dá 16 + 2, isto é, 18 (invertemos a subtração).
Se 3x é igual a 18, é claro que x é igual a 18 : 3, ou seja, 6
10) Resposta “11,42”. (invertemos a multiplicação por 3).
Solução:
Registro
5.10 + 10.5 + 15.20 50 + 50 + 300 400
MP = = = = 11, 42
10 + 5 + 20 35 35 3x – 2 = 16
3x = 16 + 2
3x = 18

x=
18
3
x=6

23
MATEMÁTICA

Exemplo 2 Registro

Resolução da equação 1 – 3x + = x+ , efetuando 5(x+2) (x+2) . (x-3) x2


- =
2 1
5 2 2 3 3
a mesma operação nos dois lados da igualdade.
6. 5(x+2) - 6. (x+2) . (x-3) = 6. x
2

Procedimento e justificativa: Multiplicamos os dois 2 3 3


lados da equação por mmc (2;5) = 10. Dessa forma, são
eliminados os denominadores. Fazemos as simplificações 15(x + 2) – 2(x + 2)(x – 3) = – 2x2
e os cálculos necessários e isolamos x, sempre efetuando a 15x + 30 – 2(x2 – 3x + 2x – 6) = – 2x2
mesma operação nos dois lados da igualdade. No registro, 15x + 30 – 2(x2 – x – 6) = – 2x2
as operações feitas nos dois lados da igualdade são 15x + 30 – 2x2 + 2x + 12 = – 2x2
indicadas com as setas curvas verticais. 17x – 2x2 + 42 = – 2x2
17x – 2x2 + 2x2 = – 42
Registro 17x = – 42

x=-
42
1 – 3x + 2/5 = x + 1 /2 17
10 – 30x + 4 = 10x + 5
-30x - 10x = 5 - 10 - 4 Note que, de início, essa última equação aparentava
-40x = +9(-1)
ser de 2º grau por causa do termo - no seu lado direito.
x2
40x = 9 3
x = 9/40 Entretanto, depois das simplificações, vimos que foi
x = 0,225
reduzida a uma equação de 1º grau (17x = – 42).
Há também um processo prático, bastante usado, que
se baseia nessas ideias e na percepção de um padrão visual. Questões
- Se a + b = c, conclui-se que a = c + b.
1 - (PRF) Num determinado estado, quando um veículo
Na primeira igualdade, a parcela b aparece somando no é rebocado por estacionar em local proibido, o motorista
lado esquerdo; na segunda, a parcela b aparece subtraindo paga uma taxa fixa de R$ 76,88 e mais R$ 1,25 por hora
no lado direito da igualdade. de permanência no estacionamento da polícia. Se o valor
- Se a . b = c, conclui-se que a = c + b, desde que b ≠ 0. pago foi de R$ 101,88 o total de horas que o veículo  ficou
Na primeira igualdade, o número b aparece estacionado na polícia corresponde a:
multiplicando no lado esquerdo; na segunda, ele aparece A) 20       
dividindo no lado direito da igualdade. B) 21      
O processo prático pode ser formulado assim: C) 22      
- Para isolar a incógnita, coloque todos os termos com D) 23     
incógnita de um lado da igualdade e os demais termos do E) 24
outro lado.
- Sempre que mudar um termo de lado, inverta a 2 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-
operação. RUÍ/2014) Certa quantia em dinheiro foi dividida igual-
mente entre três pessoas, cada pessoa gastou a meta-
Exemplo de do dinheiro que ganhou e 1/3(um terço) do restante
de cada uma foi colocado em um recipiente totalizando
Resolução da equação
5(x+2)
=
(x+2) . (x-3)
-
x2
, R$900,00(novecentos reais), qual foi a quantia dividida ini-
usando o processo prático.
2 3 3 cialmente?
A) R$900,00
Procedimento e justificativa: Iniciamos da forma B) R$1.800,00
habitual, multiplicando os dois lados pelo mmc (2;3) = 6. C) R$2.700,00
A seguir, passamos a efetuar os cálculos indicados. Neste D) R$5.400,00
ponto, passamos a usar o processo prático, colocando
termos com a incógnita à esquerda e números à direita, 3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um quadrado é
invertendo operações. chamado mágico quando suas casas são preenchidas por
números cuja soma em cada uma das linhas, colunas ou
diagonais é sempre a mesma.

24
MATEMÁTICA

O quadrado abaixo é mágico. A) 3 anos.


B) 7 anos.
C) 5 anos.
D) 10 anos.
E) 17 anos.

7 -(DAE AMERICANAS/SP – ANALISTA ADMINSTRATIVO


– SHDIAS/2013) Em uma praça, Graziela estava conversan-
do com Rodrigo. Graziela perguntou a Rodrigo qual era sua
idade, e ele respondeu da seguinte forma:
- 2/5 de minha idade adicionados de 3 anos correspon-
dem à metade de minha idade.
Qual é a idade de Rodrigo?
A) Rodrigo tem 25 anos.
B) Rodrigo tem 30 anos.
C) Rodrigo tem 35 anos.
D) Rodrigo tem 40 anos.

8 - (METRO/SP - AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-


Um estudante determinou os valores desconhecidos RIA I - FCC/2013) Dois amigos foram a uma pizzaria. O mais
corretamente e para 3x − 1 atribuiu velho comeu da pizza que compraram. Ainda da mesma
A)14 pizza o mais novo comeu da quantidade que seu amigo
B) 12 havia comido. Sendo assim, e sabendo que mais nada dessa
C) 5 pizza foi comido, a fração da pizza que restou foi
D) 3
E) 1

4 - (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA – FCC/2013)


A prefeitura de um município brasileiro anunciou que 3/5 da verba
destinada ao transporte público seriam aplicados na construção
de novas linhas de metrô. O restante da verba seria igualmente
distribuído entre quatro outras frentes: corredores de ônibus, me-
lhoria das estações de trem, novos terminais de ônibus e subsídio
a passagens. Se o site da prefeitura informa que serão gastos R$
520 milhões com a melhoria das estações de trem, então o gasto
com a construção de novas linhas de metrô, em reais, será de
A) 3,12 bilhões.
B) 2,86 bilhões.
C) 2,60 bilhões.
D) 2,34 bilhões. 9 - (METRO/SP - AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
E) 2,08 bilhões. RIA I - FCC/2013) Glauco foi à livraria e comprou 3 exempla-
res do livro J. Comprou 4 exemplares do livro K, com preço
5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATI- unitário de 15 reais a mais que o preço unitário do livro J.
VO – FCC/2014) Um funcionário de uma empresa deve executar Comprou também um álbum de fotografias que custou a
uma tarefa em 4 semanas. Esse funcionário executou 3/8 da tarefa terça parte do preço unitário do livro K.
na 1a semana. Na 2a semana, ele executou 1/3 do que havia exe- Glauco pagou com duas cédulas de 100 reais e recebeu
cutado na 1a semana. Na 3a e 4a semanas, o funcionário termina a o troco de 3 reais. Glauco pagou pelo álbum o valor, em
execução da tarefa e verifica que na 3a semana executou o dobro reais, igual a
do que havia executado na 4a semana. Sendo assim, a fração de A) 33.
toda a tarefa que esse funcionário executou na 4ª semana é igual a B) 132.
A) 5/16. C) 54.
B) 1/6. D) 44.
C) 8/24. E) 11.
D)1/ 4.
E) 2/5. 10 - AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁRIA I -
FCC/2013) Hoje, a soma das idades de três irmãos é 65 anos.
6 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS- Exatamente dez anos antes, a idade do mais velho era o do-
TRATIVO – FCC/2014) Bia tem 10 anos a mais que Luana, que bro da idade do irmão do meio, que por sua vez tinha o do-
tem 7 anos a menos que Felícia. Qual é a diferença de idades bro da idade do irmão mais novo. Daqui a dez anos, a idade
entre Bia e Felícia? do irmão mais velho será, em anos, igual a

25
MATEMÁTICA

A) 55. Verba: y
B) 25.
C) 40.
D) 50.
E) 35.

Respostas

1 - RESPOSTA “A”.
Devemos inicialmente equacionar através de uma
equação do 1º grau, ou seja:

y= 76,88 + 1,25. x ➜ 101,88 = 76,88 + 1,25x ➜


101,88 – 76,88 = 1,25x ou 3,12 bilhões.

1,25x = 25 ➜ x = ➜ x = 20 horas. 5 - RESPOSTA: “B”.


Tarefa: x
Obs.: y é o valor pago pela multa x corresponde ao nú- Primeira semana: 3/8x
mero de horas de permanência no estacionamento.
2 semana:
2 - RESPOSTA: “B”.
Quantidade a ser dividida: x
Se 1/3 de cada um foi colocado em um recipiente e deu 1ª e 2ª semana:
R$900,00, quer dizer que cada uma colocou R$300,00.
Na 3ª e 4ª semana devem ser feito a outra metade, pois
ele executou a metade na 1ª e 2ª semana como consta na
fração acima (1/2x).
3ªsemana: 2y
4ª semana: y

6 - RESPOSTA: “A”.
Luana: x
Bia: x+10
Felícia: x+7
Bia-Felícia= x+10-x-7 = 3 anos.
x = 1800
7 - RESPOSTA: “B”.
3 - RESPOSTA: “A”. Idade de Rodrigo: x
Igualando a 1ª linha com a 3ª , temos:

3x-1=14
Mmc(2,5)=10
4 - RESPOSTA: “A”.
520 milhões para as melhorias das estações de trem,
como foi distribuído igualmente, corredores de ônibus, no-
vos terminais e subsídio de passagem também receberam
cada um 520 milhões.
Restante da verba foi de 520.4 = 2080 ; 106 = notação
científica de milhões (1.000.000).

26
MATEMÁTICA

8 - RESPOSTA: “C”. hoje:


Irmão mais novo: x+10=5+10=15
Irmão do meio: 2x+10=10+10=20
Irmão mais velho:4x+10=20+10=30

Daqui a dez anos


Irmão mais novo: 15+10=25
Irmão do meio: 20+10=30
Irmão mais velho: 30+10=40
O irmão mais velho terá 40 anos.

SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU.

Sistema de Equação
Sobrou 1/10 da pizza.
Definição
9 - RESPOSTA: “E”. Observe o raciocínio: João e José são colegas. Ao
Preço livro J: x passarem por uma livraria, João resolveu comprar 2 cadernos
Preço do livro K: x+15 e 3 livros e pagou por eles R$ 15,40, no total dos produtos.
José gastou R$ 9,20 na compra de 2 livros e 1 caderno. Os
dois ficaram satisfeitos e foram para casa.
No dia seguinte, encontram um outro colega e falaram
sobre suas compras, porém não se lembrava do preço
Valor pago:197 reais (2.100 – 3) unitário de dos livros. Sabiam, apenas que todos os livros,
como todos os cadernos, tinham o mesmo preço.
Bom, diante deste problema, será que existe algum
modo de descobrir o preço de cada livro ou caderno com as
informações que temos ? Será visto mais à frente.
Um sistema de equação do primeiro grau com duas
incógnitas x e y, pode ser definido como um conjunto
formado por duas equações do primeiro grau. Lembrando
que equação do primeiro grau é aquela que em todas as
incógnitas estão elevadas à potência 1.

Observações gerais
Em tutoriais anteriores, já estudamos sobre equações do
primeiro grau com duas incógnitas, como exemplo: X + y =
7 x – y = 30 x + 2y = 9 x – 3y = 15
O valor pago pelo álbum é de R$ 11,00. Foi visto também que as equações do 1º grau com duas
variáveis admitem infinitas soluções:
10 - RESPOSTA: “C”. X+y=6x–y=7
Irmão mais novo: x
Irmão do meio: 2x
Irmão mais velho:4x

Hoje:
Irmão mais novo: x+10
Irmão do meio: 2x+10 Vendo a tabela acima de soluções das duas equações,
Irmão mais velho:4x+10 é possível checar que o par (4;2), isto é, x = 4 e y = 2, é a
solução para as duas equações.
x+10+2x+10+4x+10=65 Assim, é possível dizer que as equações
7x=65-30 X+y=6
7x=35 X–y=7
x=5 Formam um sistema de equações do 1º grau.
Exemplos de sistemas:

27
MATEMÁTICA

Temos que: x = 2 + y, então


x=2+1
x=3
Assim, o par (3,1) torna-se a solução verdadeira do sistema.
- Método da adição
Este método de resolução de sistema do 1º grau consiste
apenas em somas os termos das equações fornecidas.
Observe:
Observe este símbolo. A matemática convencionou x – y = -2
neste caso para indicar que duas ou mais equações formam 3x + y = 5
um sistema. Neste caso de resolução, somam-se as equações dadas:
x – y = -2
Resolução de sistemas 3x + y = 5 +
Resolver um sistema significa encontrar um par de 4x = 3
valores das incógnitas X e Y que faça verdadeira as equações x = 3/4
que fazem parte do sistema. Veja nos cálculos que quando somamos as duas
Exemplos: equações o termo “Y” se anula. Isto tem que ocorrer para
a) O par (4,3 ) pode ser a solução do sistema que possamos achar o valor de “X”.
x–y=2 Agora, e quando ocorrer de somarmos as equações e
x+y=6 os valores de “x” ou “y” não se anularem para ficar somente
uma incógnita ?
Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, basta Neste caso, é possível usar uma técnica de cálculo de
substituir os valores em ambas as equações: multiplicação pelo valor excludente negativo.
x-y=2x+y=6 Ex.:
4–3=14+3=7 3x + 2y = 4
1 ≠ 2 (falso) 7 ≠ 6 (falso) 2x + 3y = 1
Ao somarmos os termos acima, temos:
A resposta então é falsa. O par (4,3) não é a solução 5x + 5y = 5, então para anularmos o “x” e encontramos
do sistema de equações acima. o valor de “y”, fazemos o seguinte:
b) O par (5,3 ) pode ser a solução do sistema » multiplica-se a 1ª equação por +2
x–y=2 » multiplica-se a 2ª equação por – 3
x+y=8 Vamos calcular então:
3x + 2y = 4 ( x +2)
Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, basta 2x + 3y = 1 ( x -3)
substituir os valores em ambas as equações: 6x +4y = 8
x-y=2x+y=8 -6x - 9y = -3 +
5–3=25+3=8 -5y = 5
2 = 2 (verdadeiro 8 = 8 (verdadeiro) y = -1
Substituindo:
A resposta então é verdadeira. O par (5,3) é a solução 2x + 3y = 1
do sistema de equações acima. 2x + 3.(-1) = 1
2x = 1 + 3
Métodos para solução de sistemas do 1º grau. x=2
- Método de substituição Verificando:
Esse método de resolução de um sistema de 1º grau 3x + 2y = 4 ---> 3.(2) + 2(-1) = 4 -----> 6 – 2 = 4
estabelece que “extrair” o valor de uma incógnita é substituir 2x + 3y = 1 ---> 2.(2) + 3(-1) = 1 ------> 4 – 3 = 1
esse valor na outra equação.
Observe:
x–y=2 SISTEMA MÉTRICO: MEDIDAS DE TEMPO,
x+y=4
COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE E CAPACIDADE.
Vamos escolher uma das equações para “extrair” o
valor de uma das incógnitas, ou seja, estabelecer o valor de
acordo com a outra incógnita, desta forma:
x – y = 2 ---> x = 2 + y Sistema de Medidas Decimais
Um sistema de medidas é um conjunto de unidades
Agora iremos substituir o “X” encontrado acima, na “X” de medida que mantém algumas relações entre si. O
da segunda equação do sistema: sistema métrico decimal é hoje o mais conhecido e usado
x+y=4 no mundo todo. Na tabela seguinte, listamos as unidades
(2 + y ) + y = 4 de medida de comprimento do sistema métrico. A unidade
2 + 2y = 4 ----> 2y = 4 -2 -----> 2y = 2 ----> y = 1 fundamental é o metro, porque dele derivam as demais.

28
MATEMÁTICA

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão:
cada unidade vale sempre 10 vezes a unidade menor seguinte.
Por isso, o sistema é chamado decimal.

E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome
popular de litro.
As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro
quadrado, o metro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de
hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos
comprimentos. Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102.

Unidades de Área
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc.
Na prática, são muitos usados o metro cúbico e o centímetro cúbico.
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 =
103, o sistema continua sendo decimal.

Unidades de Volume
3 3
km hm dam3 m3 dm3 cm3 mm3
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o volume da água que enche um tanque é de 7 000 litros,
dizemos que essa é a capacidade do tanque. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.
Cada unidade vale 10 vezes a unidade menor seguinte.

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
quilolitro hectolitro decalitro litro decilitro centímetro mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama.

Unidades de Massa
kg hg dag g dg cg mg
quilograma hectograma decagrama grama decigrama centigrama miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,01g 0,001g

Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t):
1t = 1000 kg.

29
MATEMÁTICA

Não Decimais 7. Passe 5.200 gramas para quilogramas.

Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que 8. Converta 2,5 metros em centímetros.


mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 . 60min = 120 min = 120 . 60s = 7 200s 9. Quantos minutos equivalem a 5h05min?

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, 10. Quantos minutos se passaram das 9h50min até as
multiplica-se por 60. 10h35min?
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo
de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h = 18min. Respostas

Para medir ângulos, também temos um sistema não 1) Resposta “D”.


decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia, Solução: Basta somarmos todos os valores mencionados
na cartografia e na navegação são necessárias medidas no enunciado do teste, ou seja:
inferiores a 1º. Temos, então: 13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) Logo, a questão correta é a letra D.
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
2) Resposta “0, 00348 dl”.
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, Solução: Como 1 cm3  equivale a  1 ml, é melhor dividir-
os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há uma mos 348 mm3  por mil, para obtermos o seu equivalente em
coincidência de nomes, mas até os símbolos que os indicam centímetros cúbicos: 0,348 cm3.
são diferentes: Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do dia. equivalem.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
Neste ponto já convertemos de uma unidade de medida
de volume, para uma unidade de medida de capacidade.
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora – minuto – segundo
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quando
são similares a cálculos no sistema grau – minuto – segundo, embora
esses sistemas correspondam a grandezas distintas. então passaremos dois níveis à esquerda. Dividiremos então
Há ainda um sistema não-decimal, criado há algumas por 10 duas vezes:
décadas, que vem se tornando conhecido. Ele é usado 0,348ml :10 :10 ⇒ 0, 00348dl
para medir a informação armazenada em memória de Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
computadores, disquetes, discos compacto, etc. As unidades
de medida são bytes (b), kilobytes (kb), megabytes (Mb), etc. 3) Resposta “100 dal”.
Apesar de se usarem os prefixos “kilo” e “mega”, essas unidades Solução: Sabemos que 1 m3  equivale a 1.000 l, portanto
não formam um sistema decimal. para convertermos de litros a decalitros, passaremos um nível
Um kilobyte equivale a 210 bytes e 1 megabyte equivale a à esquerda.
210 kilobytes. Dividiremos então 1.000 por 10 apenas uma vez:

Exercícios 1000l :10 ⇒ dal

1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o Isto equivale a passar a vírgula uma casa para a esquerda.
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e chegou Poderíamos também raciocinar da seguinte forma:
na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. A que
horas terminará a aula de inglês? Como 1 m3  equivale a 1 kl, basta fazermos a conversão
a) 14h de 1 kl para decalitros, quando então passaremos dois níveis à
b) 14h 30min direita. Multiplicaremos então 1 por 10 duas vezes:
c) 15h 15min
d) 15h 30min 1kl.10.10 ⇒ 100dal
e) 15h 45min Logo, 100 dal equivalem a 1 m³.

2. 348 mm3  equivalem a quantos decilitros? 4) Resposta “0, 00005 hm²”.


Solução: Para passarmos de decímetros quadra-
3. Quantos decalitros equivalem a 1 m3? dos  para  hectômetros quadrados, passaremos três níveis à
esquerda.
4. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados. Dividiremos então por 100 três vezes:
5. Quantos quilômetros cúbicos equivalem a 14 50dm 2 :100 :100 :100 ⇒ 0, 00005hm 2
mm3?
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a esquerda.
6. Quantos centilitros equivalem a 15 hl? Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².

30
MATEMÁTICA

5) Resposta“0,000000000000000014 km3, ou a 1,4 x 10-


km3”.  
17  
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS:
Solução: Para passarmos de milímetros cúbicos para qui-
TABELAS E GRÁFICOS.
lômetros cúbicos, passaremos seis níveis à esquerda. Dividi-
remos então 14 por 1000 seis vezes:

14mm3 :1000 :1000 :1000 :1000 :1000 :1000 Números Diretamente Proporcionais
⇒ 14 :1018 km3 ⇒ 14.10−18 km
Considere a seguinte situação:
⇒ 1, 4.10−17 km3 ⇒ 0.000000000000000km3
Joana gosta de queijadinha e por isso resolveu aprender
Portanto, 0, 000000000000000014 km3, ou a  1,4 x 10- a fazê-las. Adquiriu a receita de uma amiga. Nessa receita,
17 
km3 se expresso em notação científica equivalem a 14 mm3. os ingredientes necessários são:

6) Resposta “150.000 cl”. 3 ovos


Solução: Para irmos de hectolitros a centilitros, passare- 1 lata de leite condensado
mos quatro níveis à direita. 1 xícara de leite
Multiplicaremos então 15 por 10 quatro vezes: 2 colheres das de sopa de farinha de trigo
1 colher das de sobremesa de fermento em pó
15hl.10.10.10.10 ⇒ 150.000cl 1 pacote de coco ralado
1 xícara de queijo ralado
Isto equivale a passar a vírgula quatro casas para a di- 1 colher das de sopa de manteiga
reita.
Logo, 150.000 cl equivalem a 15 hl. Veja que:
- Para se fazerem 2 receitas seriam usados 6 ovos para
7) Resposta “5,2 kg”. 4 colheres de farinha;
Solução: Para passarmos 5.200 gramas para quilogra- - Para se fazerem 3 receitas seriam usados 9 ovos para
mas, devemos dividir (porque na tabela grama está à direita 6 colheres de farinha;
de quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passarmos - Para se fazerem 4 receitas seriam usados 12 ovos para
de gramas para quilogramas saltamos três níveis à esquerda. 8 colheres de farinha;
Primeiro passamos de grama para decagrama, depois - Observe agora as duas sucessões de números:
de decagrama para hectograma e finalmente de hectograma
para quilograma: Sucessão do número de ovos: 6 9 12
Sucessão do número de colheres de farinha: 4 6 8
5200 g :10 :10 :10 ⇒ 5, 2kg
Nessas sucessões as razões entre os termos
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a esquer- correspondentes são iguais:
da. 6 3 9 3 12 3
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg. =
4 2
=
6 2
=
8 2
8) Resposta “250 cm”. Assim: = = =
6 9 12 3

Solução: Para convertermos 2,5 metros em centímetros,


4 6 8 2
devemos multiplicar (porque na tabela metro está à esquer- Dizemos, então, que:
da de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para passarmos
de metros para centímetros saltamos dois níveis à direita. - os números da sucessão 6, 9, 12 são diretamente
Primeiro passamos de metros para decímetros e depois proporcionais aos
3 da sucessão 4, 6, 8;
de decímetros para centímetros: - o número 2 , que é a razão entre dois termos corres-
pondentes, é chamado fator de proporcionalidade.
2,5m.10.10 ⇒ 250cm Duas sucessões de números não-nulos são diretamen-
te proporcionais quando as razões entre cada termo da
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a direita. primeira sucessão e o termo correspondente da segunda
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm. sucessão são iguais.

9) Resposta “305min”. Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as


Solução: sucessões sejam diretamente proporcionais:
(5 . 60) + 5 = 305 min.
2 8 y
10) Resposta “45 min”. 3 x 21
Solução: 45 min

31
MATEMÁTICA

Como as sucessões são diretamente proporcionais, as Números Inversamente Proporcionais


razões são iguais, isto é:
Considere os seguintes dados, referentes à produção de
sorvete por uma máquina da marca x-5:
2 8 y
= =
3 x 21 1 máquina x-5 produz 32 litros de sorvete em 120 min.
2 2 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 60 min.
4 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 30 min.
8 y
= =
2
3 x 3 21 6 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 20 min.
2x = 3 . 8 3y = 2 . 21
Observe agora as duas sucessões de números:
2x = 24 3y = 42
Sucessão do número de máquinas: 1 2 4 6
Sucessão do número de minutos: 120 60 30 20
24 42
x= y=
2 3
x=12 y=14 Nessas sucessões as razões entre cada termo da
primeira sucessão e o inverso do termo correspondente da
Logo, x = 12 e y = 14 segunda são iguais:
1 2 4 6
= = = = 120
Exemplo 2: Para montar uma pequena empresa, Júlio, 1 1 1 1
César e Toni formaram uma sociedade. Júlio entrou com R$ 120 60 30 20
24.000,00, César com R$ 27.000,00 e Toni com R$ 30.000,00.
Depois de 6 meses houve um lucro de R$ 32.400,00 que foi
repartido entre eles em partes diretamente proporcionais Dizemos, então, que:
à quantia investida. Calcular a parte que coube a cada um. - os números da sucessão 1, 2, 4, 6 são inversamente
proporcionais aos da sucessão 120, 60, 30, 20;
- o número 120, que é a razão entre cada termo da
Solução:
primeira sucessão e o inverso do seu correspondente na se-
Representando a parte de Júlio por x, a de César por y,
gunda, é chamado fator de proporcionalidade.
e a de Toni por z, podemos escrever:
Observando que
1 4
 x + y + z = 32400


 1 é o mesmo que 1.120=120 1 é mesmo que 4.30=120
 x y z  20 30
= =
 24000 27000 30000 
2 6
x y z

32400
x+ y+z

1 é o mesmo que 2.60=120 1 é o mesmo que 6.20= 120
= = = 20
24000 27000 30000 24000
 +
27000
+ 30000
 60
81000

Podemos dizer que: Duas sucessões de números


Resolvendo as proporções: não-nulos são inversamente proporcionais quando os
x 32400 4 produtos de cada termo da primeira sucessão pelo termo
= correspondente da segunda sucessão são iguais.
24000 8100010
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
10x = 96 000 sucessões sejam inversamente proporcionais:
x = 9 600 4 x 8
y 4 20 16 y
=
27000 10
Para que as sucessões sejam inversamente proporcionais,
10y = 108 000 os produtos dos termos correspondentes deverão ser
y = 10 800 iguais. Então devemos ter:
z 4
= 4 . 20 = 16 . x = 8 . y
3000 10
10z = 120 000 16 . x = 4 . 20 8 . y = 4 . 20
z = 12 000 16x = 80 8y = 80
x = 80/16 y = 80/8
Logo, Júlio recebeu R$ 9.600,00, César recebeu R$ x=5 y = 10
10.800,00 e Toni, R$ 12.000,00.
Logo, x = 5 e y = 10.

32
MATEMÁTICA

Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes Com 1 tonelada de cana-de-açúcar, uma usina produz
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4. 70l de álcool.
Representamos os números procurados por x, y e z. E De acordo com esses dados podemos supor que:
como as sucessões (x, y, z) e (2, 3, 4) devem ser inversamente - com o dobro do número de toneladas de cana, a usina
proporcionais, escrevemos:   104
 produza o dobro do número de litros de álcool, isto é, 140l;
x y z x y z x+ y+z - com o triplo do número de toneladas de cana, a usina
= = = = = produza o triplo do número de litros de álcool, isto é, 210l.
1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + Então concluímos que as grandezas quantidade de cana-
2 3 4 2 3 4 2 3 4
de-açúcar e número de litros de álcool são diretamente
proporcionais.
Como, vem
Grandezas Inversamente Proporcionais

Considere uma moto cuja velocidade média e o tempo


gasto para percorrer determinada distância encontram-se
na tabela:

Velocidade Tempo
30 km/h 12 h
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24.
60 km/h 6h
Grandezas Diretamente Proporcionais 90 km/h 4h
120 km/h 3h
Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte: Com base na tabela apresentada observamos que:
- duplicando a velocidade da moto, o número de horas
Dias Sacos de açúcar fica reduzido à metade;
1 5 000 - triplicando a velocidade, o número de horas fica
reduzido à terça parte, e assim por diante.
2 10 000
3 15 000 Nesse caso dizemos que as grandezas velocidade e
4 20 000 tempo são inversamente proporcionais.
5 25 000 Observe que, duas a duas, as razões entre os números
que indicam a velocidade são iguais ao inverso das razões
Com base na tabela apresentada observamos que: que indicam o tempo:

- duplicando o número de dias, duplicou a produção 30


=
6
inverso da razão 12
de açúcar; 60 12 6
- triplicando o número de dias, triplicou a produção de
açúcar, e assim por diante. 30
=
4
inverso da razão 12
90 12 4
Nesse caso dizemos que as grandezas tempo e 30
=
3 inverso da razão
12
produção são diretamente proporcionais. 120 12 3
Observe também que, duas a duas, as razões entre o
número de dias e o número de sacos de açúcar são iguais: inverso da razão
60 4 6
=
90 6 4

inverso da razão 6
60 3
=
120 6 3

90
=
3 inverso da razão 4
120 6 3
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
diretamente proporcionais quando a razão entre os valores Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas
da primeira é igual à razão entre os valores da segunda. são inversamente proporcionais quando a razão entre os
valores da primeira é igual ao inverso da razão entre os
Tomemos agora outro exemplo. valores da segunda.

33
MATEMÁTICA

Acompanhe o exemplo a seguir: 7- Evandro, Sandro e José Antônio resolveram montar


Cinco máquinas iguais realizam um trabalho em 36 dias. um pequeno negócio, e para isso formaram uma sociedade.
De acordo com esses dados, podemos supor que: Evandro entrou com R$ 24.000,00, Sandro com R$ 30.000,00,
- o dobro do número de máquinas realiza o mesmo José Antônio com R$ 36.000,00. Depois de 4 meses tiveram
trabalho na metade do tempo, isto é, 18 dias; um lucro de R$ 60.000,00, que foi repartido entre eles. Quanto
- o triplo do número de máquinas realiza o mesmo recebeu cada um? (Nota: A divisão do lucro é diretamente
trabalho na terça parte do tempo, isto é, 12 dias. proporcional à quantia que cada um empregou.)
Então concluímos que as grandezas quantidade de
máquinas e tempo são inversamente proporcionais. 8- Leopoldo e Wilson jogam juntos na Sena e acertam
os seis números, recebendo um prêmio de R$ 750.000,00.
Exercícios Como Leopoldo participou com R$ 80,00 e Wilson com R$
70,00, o prêmio foi dividido entre eles em partes diretamente
1- Calcule x e y nas sucessões diretamente proporcionais à participação de cada um. Qual a parte que
proporcionais: coube a Wilson?

a) 1 x 7 9- O proprietário de uma chácara distribuiu 300 laranjas a


5 15 y três famílias em partes diretamente proporcionais ao número de
filhos. Sabendo-se que as famílias A, B e C têm respectivamente
b) 5 10 y 2, 3 e 5 filhos, quantas laranjas recebeu cada família?
x 8 24
10- (UFAC) João, Paulo e Roberto formam uma sociedade
c) x y 21 comercial e combinam que o lucro advindo da sociedade será
14 35 49 dividido em partes diretamente proporcionais às quantias que
cada um dispôs para formarem a sociedade. Se as quantias
empregadas por João, Paulo e Roberto foram, nesta ordem,
d) 8 12 20
R$ 1.500.000,00, R$ 1.000.000,00 e R$ 800.000,00, e o lucro
x y 35
foi de R$ 1.650.000,00, que parte do lucro caberá a cada um?
2- Calcule x e y nas sucessões inversamente
Respostas
proporcionais:
1- a) x = 3 y = 35 b) x = 4 y = 30 c) x = 6 y = 15 d) x =
a) 4 x y
14 y = 21
25 20 10 2- a) x = 5 y = 10 b) x = 4 y = 12 c) x = 45 y = 6 d) x =
1y=3
b) 30 15 10 3- 80, 32, 20
x 8 y 4- 21, 28, 43
5- 45, 150, 20
c) 2 10 y 6- 90
x 9 15 7- Evandro R$16.000,00 Sandro R$20.000,00 José
Antônio R$24.000,00
d) x y 2 8- R$350.000,00
12 4 6 9- 60, 90, 150
10- João R$750.000,00 Paulo R$500.000,00 Roberto
3- Divida 132 em partes inversamente proporcionais a R$400.000,00
2, 5 e 8.
Resolução 04
4- Reparta 91 em partes inversamente proporcionais a
x+y+z
1 1 1 --------- = x/3 ou y/4 ou z/6 (as frações foram invertidas
3 4 6.
, e
porque 3+4+6 as partes são inversas)
91/13=x/3
5- Divida 215 em partes diretamente proporcionais a 13x=273
x=21
3 5 1 91/13=y/4
4 2 3. 13y=364
, e
y=28
6- Marcelo repartiu entre seus filhos Rafael (15 anos) e
Matheus (12 anos) 162 cabeças de gado em partes direta- 91/13=z/6
mente proporcionais à idade de cada um. Qual a parte que 13z=546
coube a Rafael? z=42

34
MATEMÁTICA

Resolução 05
x/(3/4) = y/(5/2) = z/(1/3) = k (constante)
x + y + z = 215
3k/4 + 5k/2 + k/3 = 215
(18k + 60k + 8k)/24 = 215 → k = 60
x = 60.(3/4) = 45
y = 60.(5/2) = 150
z = 60/3 = 20
(x, y, z) → partes diretamente proporcionais
O segmento AB (“tem começo e fim”)
Resolução 06 Nas próximas figuras, indicamos a semi-reta AB, de
x = Rafael origem A, e a semi-reta BA, de origem B.
y = Mateus

x/15 + y /12 = 160/27 (dividindo 160 por 27 (dá 6), e


fazendo proporções, só calcular)

x/15=6
x=90

y/12=6
y=72
A semi-reta AB A semi-reta BA
(sua origem é A e “ela não tem fim”)
NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA, (sua origem é B e “ela não tem fim”)
PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME. A seguir, indicamos a reta AB.
TEOREMA DE PITÁGORAS.

A Geometria é a parte da matemática que estuda as


figuras e suas propriedades. A geometria estuda figuras
abstratas, de uma perfeição não existente na realidade. Apesar
disso, podemos ter uma boa idéia das figuras geométricas,
observando objetos reais, como o aro da cesta de basquete
que sugere uma circunferência, as portas e janelas que A reta AB
sugerem retângulos e o dado que sugere um cubo. (“não tem começo nem fim”)

As Figuras Básicas Os matemáticos consideram que as retas não têm


Aproveitaremos o cubo, figura bastante conhecida de largura. Para nomeá-las, além de notações como AB, é
todos, para mencionar três figuras básicas da geometria: o muito comum o uso de letras minúsculas: r, s, t, etc.
ponto, a reta e o plano. Prolongando indefinidamente uma face de um cubo
No cubo seguinte, três faces são visíveis, e três não. As em todas as direções, como indica a próxima figura, temos
três faces visíveis têm em comum apenas o ponto A. um plano.

Os matemáticos consideram que os pontos são tão


pequenos que não chegam a ter tamanho algum. Para
representar um ponto fazemos uma marca bem pequena O plano α
no papel e para nomeá-lo usamos uma letra maiúscula: A,
B, C, etc. Os planos não têm espessura. Para nomeá-los, usamos
Considere agora a face superior do cubo e a face que letras gregas, principalmente as três primeiras α (alfa), β
vemos à direita. Estas faces têm em comum o segmento de (beta) e γ (gama).
reta AB, com extremidades nos pontos A e B.

35
MATEMÁTICA

Perímetro Veremos que a área do campo de futebol é 70 unida-


Entendendo o que é perímetro. des de área.
Imagine uma sala de aula de 5m de largura por 8m de A unidade de medida da área é: m² (metros quadra-
comprimento. dos), cm² (centímetros quadrados), e outros.
Quantos metros lineares serão necessários para colo- Se tivermos uma figura do tipo:
car rodapé nesta sala, sabendo que a porta mede 1m de
largura e que nela não se coloca rodapé?

Sua área será um valor aproximado. Cada é uma


A conta que faríamos seria somar todos os lados da unidade, então a área aproximada dessa figura será de 4
sala, menos 1m da largura da porta, ou seja: unidades.
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1 No estudo da matemática calculamos áreas de figuras pla-
P = 26 – 1 nas e para cada figura há uma fórmula pra calcular a sua área.
P = 25
Retângulo
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos
congruentes e iguais a 90º.

No cálculo da área de qualquer retângulo podemos


Colocaríamos 25m de rodapé. seguir o raciocínio:
A soma de todos os lados da planta baixa se chama
Perímetro.
Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura
plana.

Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua super-
fície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1 cm.
unidade de área: Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm de
dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é a
medida da superfície de uma figuras podemos dizer que
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.

36
MATEMÁTICA

O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o ou- Um trapézio é formado por uma base maior (B), por
tro, só que representado de forma diferente. O cálculo da uma base menor (b) e por uma altura (h).
área do retângulo pode ficar também da seguinte forma: Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso
A = 6 . 4 A = 24 cm² dividi-lo em dois triângulos, veja como:

Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é: Primeiro: completamos as alturas no trapézio:

A=b.h

Quadrado Segundo: o dividimos em dois triângulos:


É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
os ângulos internos a congruentes (90º).

Sua área também é calculada com o produto da base


pela altura. Mas podemos resumir essa fórmula:

A área desse trapézio pode ser calculada somando as


áreas dos dois triângulos (∆CFD e ∆CEF).
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo
separadamente observamos que eles possuem bases
diferentes e alturas iguais.
Como todos os lados são iguais, podemos dizer que
base é igual a e a altura igual a , então, substituindo na Cálculo da área do ∆CEF:
fórmula A = b . h, temos:
A= . A∆1 = B . h
A= ²                 2

Área do Trapézio Cálculo da área do ∆CFD:


A área do trapézio está relacionada com a área do
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula: A∆2 = b . h
A = b . h (b = base e h = altura).                 2
          2
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos da área de um trapézio qualquer:
mais importantes (elementos utilizados no cálculo da sua área): AT = A∆1 + A∆2

AT = B . h + b . h
              2         2

AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evidência,


pois é um termo comum aos dois fatores.         2

AT = h (B + b)
                   2

37
MATEMÁTICA

Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer Observe o triângulo equilátero (todos os lados iguais).
utilizamos a seguinte fórmula: Calcule a sua área.

A = h (B + b)
               2

h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio

Área do Triângulo
Como o valor da altura não está indicado, devemos
Observe o retângulo abaixo, ele está dividido ao meio
calcular o seu valor, para isso utilizaremos o teorema de
pela diagonal:
Pitágoras no triângulo:

A área do retângulo é A = b. h, a medida da área de


cada metade será a área do retângulo dividida por dois.
Cada parte dividida do retângulo é um triângulo, assim
podemos concluir que a área do triangulo será:
42 = h2 + 22
A=b.h 16 = h2 + 4
          2 16 – 4 = h2
12 = h2
Mas como veremos a altura no triângulo? A altura deve h = √12
ser sempre perpendicular à base do triângulo. h = 2√3 cm

Com o valor da altura, basta substituir na fórmula   o


valor da base e da altura.

A = 4 . 2√3
            2
No triângulo retângulo é fácil ver a altura, pois é o A = 2 . 2√3
próprio lado do triângulo, e forma com a base um ângulo
de 90° (ângulo reto).
A = 4 √3 cm2

TEOREMA DE PITÁGORAS

Em todo triângulo retângulo, o quadrado da medida


da hipotenusa é igual à soma dos quadrados da medida
dos catetos.

Quando a altura não coincide com o lado do triângulo,


devemos traçar uma reta perpendicular à base (formando
um ângulo de 90º com a base) que será a altura do
triângulo.

Observe o exemplo:

38
MATEMÁTICA

Demonstrando o teorema de Pitágoras Pense & Descubra

Existem inúmeras maneiras de demonstrar o teorema Um terreno tem a forma de um triângulo retângulo e
de Pitágoras. Veremos uma delas, baseada no cálculo de tem rente para três ruas: Rua 1, Rua 2 e Rua 3, conforme
áreas de figuras geométricas planas. nos mostra a figura. Calcule, em metros, o comprimento a
Consideremos o triângulo retângulo da figura. da frente do terreno voltada para a rua 1.

a = medida da hipotenusa
b = medida de um cateto
c = medida do outro cateto
De acordo com os dados do problema, temos b = 96
Observe, agora, os quadrados MNPQ e DEFG, que têm m e c = 180 m.
a mesma área, pois o lado de cada quadrado mede (b+c).
Aplicando o teorema de Pitágoras:
a2 = b2 + c2 a2 = 41616
a2 = (96)2 + (180)2 a = 41616
a2 = 9216 + 32400 a = 204

Então, a frente do terreno para a rua 1 tem 204 m de


comprimento.

Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabele-


- Área do quadrado MNPQ = área do quadrado RSVT
+ (área do triângulo RNS) . 4 cer uma relação importante entre a medida d da diagonal e
- Área do quadrado DEFG = área do quadrado IELJ + a medida l do lado de um quadrado.
área do quadrado GHJK + (área do retângulo DIJH).2
- Área do quadrado RSVT = a2
b.c
- Área do triângulo RNS =
2
- Área do quadrado IELJ = c2
- Área do quadrado GHJK = b2
- Área do retângulo DIJK = b.c

Como os quadrados MNPQ e DEFG têm áreas iguais,


podemos escrever:
d= medida da diagonal
l= medida do lado
 bc  2 2 2
a2+  . 4 =c +b + (bc) . 2
 2/  Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retân-
gulo ABC, temos:
a2 + 2bc = c2 + b2 + 2bc d2=l2+l2 d= 2l
2

d2=2 l2 d=l 2
Cancelando 2bc, temos:
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero
a2=b2+c2
Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabele-
A demonstração algébrica do teorema de Pitágoras cer uma relação importante entre a medida h da altura e a
será feita mais adiante. medida l do lado de um triângulo equilátero.

39
MATEMÁTICA

3. (Fuvest) Um trapézio retângulo tem bases medindo


5 e 2 e altura 4. O perímetro desse trapézio é:
a) 17
b) 16
c) 15
d) 14
e) 13

4. (UERJ) Millôr Fernandes, em uma bela homenagem à


Matemática, escreveu um poema do qual extraímos o frag-
mento abaixo:
l= medida do lado Às folhas tantas de um livro de Matemática, um
h= medida da altura Quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma
incógnita.
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci- Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a do ápice à
dem. Logo, H é ponto médio do lado ^ BC . base: uma figura ímpar; olhos romboides, boca trapezoide,
No triângulo retângulo AHC, H é ângulo reto. De corpo retangular, seios esferoides.
acordo com o teorema de Pitágoras, podemos escrever: Fez da sua uma vida paralela à dela, até que se encon-
traram no infinito.
“Quem és tu” – indagou ele em ânsia radical.
“Sou a soma dos quadrados dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.”
(Millôr Fernandes – Trinta Anos de Mim
Mesmo)
Exercícios resolvidos
1. O valor de x, em cm, no triângulo retângulo abaixo é: A Incógnita se enganou ao dizer quem era. Para aten-
der ao Teorema de Pitágoras, deveria dar a seguinte res-
posta:
a) “Sou a soma dos catetos. Mas pode me chamar de
Hipotenusa.”
b) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me
chamar de Hipotenusa.”

a) 10 c) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me


b) 11 chamar de quadrado da Hipotenusa.”
c) 12 d) “Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode
d) 13 me chamar de quadrado da Hipotenusa.”
e) 14
     5. (Fatec) O valor do raio da circunferência da figura é:
2. Uma empresa de iluminação necessita esticar um
cabo de energia provisório do topo de um edifício, cujo
formato é um retângulo, a um determinado ponto do solo
distante a 6 m, como ilustra a figura a seguir. O compri-
mento desse cabo de energia, em metros, será de:
a) 28
b) 14
c) 12
d) 10
e) 8

a) 7,5
b) 14,4
c) 12,5
d) 9,5
e) 10,0

40
MATEMÁTICA

6. O valor do segmento desconhecido x no triângulo 4) Alternativa d


retângulo a seguir, é: Solução: de acordo com o Teorema de Pitágoras: “O
quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos
catetos.”

5) Alternativa c
Solução: na figura dada podemos observar dois triân-
gulos retângulos iguais e com lados medindo:

a) 15
b) 14
c) 12
d) 10
e) 6

Resoluções
Sendo r a hipotenusa, 10 e r – 5 são catetos:
1) Alternativa d r2 = 102 + (r – 5)2
Solução: x é hipotenusa, 12 e 5 são os catetos, então: r2 = 100 + r2 – 2.5.r + 52
x2 = 122 + 52 r2 = 100 + r2 – 10r + 25
x2 = 144 + 25 r2 – r2 + 10r = 125
x2 = 169 10r = 125
x= r = 125 : 10
x = 13 cm r = 12,5

2) Alternativa d 6) Alternativa a
Solução: como podemos observar na figura, temos um Solução: aplicação direta do Teorema de Pitágoras:
triângulo retângulo cujos catetos medem 8 m e 6 m, cha- x2 = 122 + 92
mando o cabo de energia de x, pelo Teorema de Pitágoras: x2 = 144 + 81
x2 = 62 + 82 x2 = 225
x2 = 36 + 64 x=
x2 = 100 x = 15
x=
x = 10 m
RACIOCÍNIO LÓGICO. RESOLUÇÃO DE
3) Alterntiva b
SITUAÇÕES-PROBLEMA.
Solução: temos que fazer uma figura, um trapézio re-
tângulo é aquele que tem dois ângulos de 90°.

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental.


Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições,
para concluir através de mecanismos de comparações
e abstrações, quais são os dados que levam às respostas
verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo processo do
raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do método
matemático, este considerado instrumento puramente
teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos.
Logo, resumidamente o raciocínio pode ser considerado
Perímetro é a soma dos quatro lados. Como podemos também um dos integrantes dos mecanismos dos
observar na figura acima, temos um triângulo retângulo processos cognitivos superiores da formação de conceitos
cujos catetos medem 3 e 4 e x é a hipotenusa: e da solução de problemas, sendo parte do pensamento.
x2 = 32 + 44
x2 = 9 + 16 Sequências Lógicas
x2 = 25 As sequências podem ser formadas por números, letras,
x= pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer
x= 5 uma sequência, o importante é que existam pelo menos
três elementos que caracterize a lógica de sua formação,
Perímetro = 5 + 4 + 2 + 5 = 16 entretanto algumas séries necessitam de mais elementos

41
MATEMÁTICA

para definir sua lógica. Algumas sequências são bastante Sequência de Pessoas
conhecidas e todo aluno que estuda lógica deve conhecê- Na série a seguir, temos sempre um homem seguido
las, tais como as progressões aritméticas e geométricas, de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e
perfeitos. a posição dos braços sempre alterna, ficando para cima em
uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim,
Sequência de Números a sequência se repete a cada seis termos, tornando possível
determinar quem estará em qualquer posição.
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um
mesmo número.

Sequência de Figuras
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão
um mesmo número. visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir.

Incremento em Progressão: O valor somado é que está


em progressão.

Sequência de Fibonacci
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como
Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois Fibonacci, propôs no século XIII, a sequência numérica: (1,
anteriores. 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei
1 1 2 3 5 8 13 de formação simples: cada elemento, a partir do terceiro, é
obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o século XIII, muitos
divisores naturais. matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao
2 3 5 7 11 13 17 estudo da sequência que foi proposta, e foram encontradas
inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são modelos explicativos de fenômenos naturais.
naturais. Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
1 4 9 16 25 36 49 Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados
Sequência de Letras de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1.
As sequências de letras podem estar associadas a uma Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado 2,
série de números ou não. Em geral, devemos escrever obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos agora
todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar com um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo 5 x 3.
k, y e w) e circular as letras dadas para entender a lógica Observe a figura a seguir e veja que os lados dos quadrados
proposta. que adicionamos para determinar os retângulos formam a
ACFJOU sequência de Fibonacci.

Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses


números estão em progressão.
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
B1 2F H4 8L N16 32R T64

Nesse caso, associou-se letras e números (potências de


2), alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1
posições.
ABCDEFGHIJKLMNOPQRST

42
MATEMÁTICA

Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor
circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos da fachada do Partenon.
raios são os elementos da sequência de Fibonacci. As figuras a seguir possuem números que representam
uma sequência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1

O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre A sequência numérica proposta envolve multiplicações
arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje por 4.
em ruínas, era um retângulo que continha um quadrado 6 x 4 = 24
de lado igual à altura. Essa forma sempre foi considerada 24 x 4 = 96
satisfatória do ponto de vista estético por suas proporções 96 x 4 = 384
sendo chamada retângulo áureo ou retângulo de ouro. 384 x 4 = 1536

Exemplo 2

Como os dois retângulos indicados na figura são A diferença entre os números vai aumentando 1
semelhantes temos: (1). unidade.
13 – 10 = 3
17 – 13 = 4
Como: b = y – a (2). 22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0. 35 – 28 = 7

Resolvendo a equação: Exemplo 3

em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e


pode ser representado por:

43
MATEMÁTICA

Multiplicar os números sempre por 3. A carta que está oculta é:


1x3=3
3x3=9 (A) (B) (C)
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
243 x 3 = 729
729 x 3 = 2187

Exemplo 4
(D) (E)

02. Considere que a sequência de figuras foi construída


segundo um certo critério.

A diferença entre os números vai aumentando 2


unidades.
24 – 22 = 2
28 – 24 = 4
Se tal critério for mantido, para obter as figuras
34 – 28 = 6
subsequentes, o total de pontos da figura de número 15
42 – 34 = 8
deverá ser:
52 – 42 = 10
(A) 69
64 – 52 = 12
(B) 67
78 – 64 = 14
(C) 65
(D) 63
QUESTÕES (E) 61
01. Observe atentamente a disposição das cartas em 03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000,
cada linha do esquema seguinte: 990, 970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
(B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos


hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um
deles que pode ser:

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78

44
MATEMÁTICA

05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos Admitindo-se que a regra de formação das figuras
de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a
indicado abaixo: figura que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:
(A) (B)

.............


1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos (C)
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e (E)
escreveu em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo,
ela deseja que a soma dos números marcados nas faces
opostas seja 7. A única alternativa cuja figura representa a
planificação desse cubo tal como deseja Ana é:
(A) 09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual
é o próximo número?
(A) 20
(B) 21
B) (C) 100
(C) (D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
(A) 4
(B) 20
(D)
(C) 31
(D) 21
(E)
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados
segundo determinado critério.
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?
07. As figuras da sequência dada são formadas por
partes iguais de um círculo. Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá
ocupar o lugar do ponto de interrogação é:
(A) alar
(B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval
Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16
círculos completos na: 12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas,
(A) 36ª figura linha a linha, segundo determinado padrão.
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

45
MATEMÁTICA

Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui 16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram
corretamente o ponto de interrogação é: desenhadas de acordo com determinado padrão.

(A) (B)
(C)


(D) (E)

13. Observe que na sucessão seguinte os números


foram colocados obedecendo a uma lei de formação.
Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve
substituir o ponto de interrogação é:

(A) (B)
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais
que X + Y é igual a:
(A) 40
(B) 42
(C) 44 (C) (D)
(D) 46
(E) 48

14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas


em forma de triângulo, segundo determinado critério.
(E)

17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os


números que foram colocados nos dois primeiros triângulos
obedecem a um mesmo critério.

Considerando que na ordem alfabética usada são


excluídas as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui
corretamente o ponto de interrogação é:
(A) P
(B) O Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo
(C) N da direita, o número que deverá substituir o ponto de
(D) M interrogação é:
(E) L (A) 32
(B) 36
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela (C) 38
sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que (D) 42
os algarismos sejam separados. (E) 46
1234567891011121314151617181920...
18. Considere a seguinte sequência infinita de
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa números: 3, 12, 27, __, 75, 108,... O número que preenche
sequência é: adequadamente a quarta posição dessa sequência é:
(A) 9 (A) 36,
(B) 8 (B) 40,
(C) 6 (C) 42,
(D) 3 (D) 44,
(E) 1 (E) 48

46
MATEMÁTICA

24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435


19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o
está para...” é melhor completada pelo seguinte número:
próximo numero será: (A) 53452;
(A) (B) 23455;
(C) 34552;
(D) 43525;
(B) (E) 53542.

(C) 25. Repare que com um número de 5 algarismos,


respeitada a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois
(D) algarismos. Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34,
o 47, o 71 e o 12. Procura-se um número de 5 algarismos
20. Considere a sequência abaixo: formado pelos algarismos 4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja
BBB BXB XXB abaixo alguns números desse tipo e, ao lado de cada um
XBX XBX XBX deles, a quantidade de números de dois algarismos que esse
BBB BXB BXX número tem em comum com o número procurado.

O padrão que completa a sequência é: Número Quantidade de números de 2


dado algarismos em comum
(A) (B) (C)
XXX XXB XXX
48.765 1
XXX XBX XXX 86.547 0
XXX BXX XXB 87.465 2

(D) (E)
48.675 1
XXX XXX
O número procurado é:
XBX XBX (A) 87456
XXX BXX (B) 68745
(C) 56874
21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do (D) 58746
terceiro é igual à soma de seus dois termos precedentes. (E) 46875
Sabendo-se que os dois primeiros termos, por definição,
são 0 e 1, o sexto termo da série é: 26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem
(A) 2 no quadro seguinte, substituem as operações que devem
(B) 3 ser efetuadas em cada linha, a fim de se obter o resultado
(C) 4 correspondente, que se encontra na coluna da extrema direita.
(D) 5
(E) 6 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14
22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G 48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
H I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
letra é substituída pela letra que ocupa a quarta posição
depois dela. Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o
“G” e assim por diante. O código é “circular”, de modo que ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número:
o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma mensagem (A) 16
em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li: (B) 15
(A) FAZ AS DUAS; (C) 14
(B) DIA DO LOBO; (D) 13
(C) RIO ME QUER; (E) 12
(D) VIM DA LOJA;
(E) VOU DE AZUL. 27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão
seguinte, em que cada termo é composto de um número seguido
23. A sentença “Social está para laicos assim como de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando que no
231678 está para...” é melhor completada por: alfabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de acordo com
o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o número 12 é:
(A) 326187;
(A) J
(B) 876132;
(B) L
(C) 286731;
(C) M
(D) 827361; (D) N
(E) 218763. (E) O

47
MATEMÁTICA

28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU 32. Ardoroso → rodo
e URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, Dinamizar → mina
de modo que cada uma das suas respectivas letras ocupe Maratona → ?
um quadrinho e, na diagonal sombreada, possa ser lido o
nome de um novo animal. (A) mana
(B) toma
(C) tona
(D) tora
(E) rato

33. Arborizado → azar


Asteróide → dias
Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada Articular → ?
letra restante corresponder ordenadamente aos números (A) luar
inteiros de 1 a 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), (B) arar
a soma dos números que correspondem às letras que (C) lira
compõem o nome do animal é: (D) luta
(A) 37 (E) rara
(B) 39
(C) 45 34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique
(D) 49 quais os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21,
(E) 51 34, 55, __, 144, __...

Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre 35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco
o primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação de 10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o
deverá existir entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos dia, ela consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite,
que aparecem nas alternativas, ou seja, aquele que substitui enquanto dorme, escorrega 1 metro. Depois de quantos
corretamente o ponto de interrogação. Considere que a dias ela consegue chegar à saída do poço?
ordem alfabética adotada é a oficial e exclui as letras K, W e Y.
36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar
29. CASA: LATA: LOBO: ? as páginas de um livro de 100 páginas?
(A) SOCO
(B) TOCO 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO
30. ABCA: DEFD: HIJH: ?
(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(E) EFGE

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos


considerando uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...). Segundo
essa lei, o décimo terceiro termo dessa sequência é um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700.
(D) Compreendido entre 700 e 1.000. 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?
(E) Maior que 1.000.

Para responder às questões de números 32 e 33, você


deve observar que, em cada um dos dois primeiros pares
de palavras dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra
da esquerda segundo determinado critério. Você deve
descobrir esse critério e usá-lo para encontrar a palavra
que deve ser colocada no lugar do ponto de interrogação.

48
MATEMÁTICA

40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com 45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito.
cinco quadrados iguais.

46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em


cima de todas estas para completar a sequência abaixo?

41. Observe as multiplicações a seguir:


12.345.679 × 18 = 222.222.222
12.345.679 × 27 = 333.333.333
... ...
12.345.679 × 54 = 666.666.666

Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679


por quanto?
47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco
42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra. triângulos.
Mova dois palitos e faça com que fique de frente para a
estrada asfaltada.

48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que


em cada fileira fiquem apenas 3 moedas.

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois


quadrados.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em pares,


segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está faltando,
sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A vale 1? 50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
triângulos.

49
MATEMÁTICA

Respostas 06. Resposta “A”.


01. Resposta: “A”. Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto
2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, ao 6, somando 10 unidades. Na figura apresentada na
além disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das letra “C”, da mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao
opções dadas só pode ser a da opção (A). 3, somando 8, não formando um lado. Na figura da letra
“D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não determinando
02. Resposta “D”. um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de sime- estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando,
tria, tem-se: portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total. que a planificação apresentada na letra “A” é a única para
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total. representar um lado.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total. 07. Resposta “B”.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total. Como na 3ª figura completou-se um círculo, para
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 .
Em particular: 16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos.
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total.
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, tem-se: 08. Resposta “B”.
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total. A sequência das figuras completa-se na 5ª figura.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total. Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total. figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição das
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total. figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja,
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é representada
pela letra “B”.
no total.
09. Resposta “D”.
Em particular:
A regularidade que obedece a sequência acima não se
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no
dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada
total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado,
número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito,
temos para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30
Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com
+ 32 + 1 = 63 pontos.
“D”: Duzentos.
03. Resposta “B”. 10. Resposta “C”.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 Esta sequência é regida pela inicial de cada número.
e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta
940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o e um, pois ele inicia com a letra “T”.
próximo número é 60, dessa forma concluímos que o próximo
número é 790, pois: 850 – 790 = 60. 11. Resposta “E”.
Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras
04. Resposta “D” letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da
24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e palavra AMOSTRA, pelas 4 primeira letras invertidas. Com
34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras
o próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos que o letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14.

05. Resposta “D”. 12. Resposta “C”.


Observe a tabela: Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas
por quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª com círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura
que está faltando é um quadrado. As mãos das figuras
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 estão levantadas, em linha reta ou abaixadas. Assim,
a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é o que
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2
palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda
que cada figura a partir da segunda tem a quantidade ou 1 levantada para a direita. Nesse caso, a figura que
de palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna levantada para a
forma, fica fácil preencher o restante da tabela e determinar esquerda. Logo, a figura tem a cabeça quadrada, as mãos
a quantidade de palitos da 7ª figura. levantadas e a perna erguida para a esquerda.

50
MATEMÁTICA

13. Resposta “A”. 18. Resposta “E”.


Existem duas leis distintas para a formação: uma para Verifique os intervalos entre os números que foram
a parte superior e outra para a parte inferior. Na parte fornecidos. Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se
superior, tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu os seguintes 9, 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5,
uma multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve 3x7, 3x9, 3x11. Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48.
uma subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5
multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem- 19. Resposta “B”.
se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é
por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2 formado pela sequência:
unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y
= 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40. Pri- Segun-
Terceiro Quarto Quinto Sexto
meiro do
14. Resposta “A”.
A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade 1
1x2
2x3=6
3x4=
4 x 5 = 20
5x6=
direita do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a =2 12 30
esquerda; continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas
pares na ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª 20. Resposta “D”.
linha, então, as letras são, da direita para a esquerda, “M”, O que de início devemos observar nesta questão é a
“N”, “O”, e a letra que substitui corretamente o ponto de quantidade de B e de X em cada figura. Vejamos:
interrogação é a letra “P”. BBB BXB XXB
XBX XBX XBX
15. Resposta “B”. BBB BXB BXX
A sequência de números apresentada representa a 7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X
lista dos números naturais. Mas essa lista contém todos
os algarismos dos números, sem ocorrer a separação. Por Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os
exemplo: 101112 representam os números 10, 11 e 12. Com “X” estão aumentando de 2 em 2; notem também que os
isso, do número 1 até o número 9 existem 9 algarismos. “B” estão sendo retirados um na parte de cima e um na parte
Do número 10 até o número 99 existem: 2 x 90 = 180 de baixo e os “X” da mesma forma, só que não estão sendo
algarismos. Do número 100 até o número 124 existem: 3 retirados, estão, sim, sendo colocados. Logo a 4ª figura é:
x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o número 128 XXX
existem mais 12 algarismos. Somando todos os valores, XBX
tem-se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos. Logo, conclui- XXX
se que o algarismo que ocupa a 276ª posição é o número 8, 1B e 8X
que aparece no número 128.
21. Resposta “D”.
16. Resposta “D”. Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,
Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, 21, 34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como
a 2ª figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª a questão nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à
figura possui 1 “orelha” no lado direito. Esse fato acontece, soma de seus dois termos precedentes. 2 + 3 = 5
também, na 2ª linha, mas na parte de cima e na parte de
baixo, internamente em relação às figuras. Assim, na 3ª linha 22. Resposta “E”.
ocorrerá essa regra, mas em ordem inversa: é a 3ª figura A questão nos informa que ao se escrever alguma
da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas, uma em cima e mensagem, cada letra será substituída pela letra que ocupa
outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª linha não a quarta posição, além disso, nos informa que o código é
possuem “orelhas” externas, a 3ª figura também não terá “circular”, de modo que a letra “U” vira “A”. Para decifrarmos,
orelhas externas. Portanto, a figura que deve substituir o temos que perceber a posição do emissor e do receptor. O
ponto de interrogação é a 4ª. emissor ao escrever a mensagem conta quatro letras à frente
para representar a letra que realmente deseja, enquanto
17. Resposta “B”. que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras
No 1º triângulo, o número que está no interior do atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi
triângulo dividido pelo número que está abaixo é igual à dada a frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão,
diferença entre o número que está à direita e o número que ocupamos a posição de receptores. Vejamos a mensagem:
está à esquerda do triângulo: 40 5 21 13 8. BSA HI EDAP. Cada letra da mensagem representa a quarta
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 letra anterior de modo que:
- 17 = 6. VxzaB: B na verdade é V;
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: OpqrS: S na verdade é O;
? ÷ 3 = 19 - 7 UvxzA: A na verdade é U;
? ÷ 3 = 12 DefgH: H na verdade é D;
? = 12 x 3 = 36. EfghI: I na verdade é E;

51
MATEMÁTICA

AbcdE: E na verdade é A; P E R U
ZabcD: D na verdade é Z;
UvxaA: A na verdade é U; M A R A
LmnoP: P na verdade é L; T A T U
U R S O
23. Resposta “B”.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do
com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica.
alfabeto, tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando
É perguntado qual sequência numérica tem a mesma ralação
esses valores, obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
com a sequência numérica fornecida, de maneira que, a
relação entre as palavras e a sequência numérica é a mesma.
29. Resposta “B”.
Observando as duas palavras dadas, podemos perceber
facilmente que têm cada uma 6 letras e que as letras de Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra
uma se repete na outra em uma ordem diferente. Tal ordem, “A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão
nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, de ser as mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da
maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o mesmo com a 2ª sequência é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª
sequência numérica fornecida, temos: 231678 viram 876132, letra da 1ª sequência de letras. Portanto, na 4ª sequência de
sendo esta a resposta. letras, a 3ª letra é a próxima letra depois de “B”, ou seja, a
letra “C”. Em relação à primeira letra, tem-se uma diferença
24. Resposta “A”. de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e a 1ª letra da 2ª
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência e a 1ª
com a outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso,
Foi perguntado qual a sequência numérica que tem relação a 1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência
com a já dada de maneira que a relação entre as palavras e a de letras é: T, O, C, O, ou seja, TOCO.
sequência numérica é a mesma. Observando as duas palavras
dadas podemos perceber facilmente que tem cada uma 30. Resposta “C”.
6 letras e que as letras de uma se repete na outra em uma Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras
ordem diferente. Essa ordem diferente nada mais é, do que letras do alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra
a primeira palavra de trás para frente, de maneira que SALTA da sequência. Na 2ª sequência, continua-se da 3ª letra
vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a sequência numérica da sequência anterior, formando-se DEF, voltando-se
fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo esta a resposta. novamente, para a 1ª letra desta sequência: D. Com isto,
na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a 1ª
25. Resposta “E”. letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará
Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não pela letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L.
acontecem no número procurado. Do número 48.675, as Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
opções 48, 86 e 67 não estão em nenhum dos números
apresentados nas alternativas. Portanto, nesse número a 31. Resposta “E”.
coincidência se dá no número 75. Como o único número Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo
apresentado nas alternativas que possui a sequência 75 é de 1 unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a
46.875, tem-se, então, o número procurado. multiplicação do termo anterior por 3. E assim por diante,
até que para o 7º termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 +
26. Resposta “D”. 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121.
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo = 363 + 1 = 364. 13º
representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos concluir que o
= 9 + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. 13º termo da sequência é um número maior que 1.000.
Com isso, na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo,
podemos concluir então que o ponto de interrogação deverá 32. Resposta “D”.
ser substituído pelo número 13. Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e
“ro” e inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”.
27. Resposta “A”. Da mesma forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as
As letras que acompanham os números ímpares formam a sílabas “na” e “mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com
sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha isso, podemos concluir que da palavra “maratona”. Deve-se
os números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”.
com a sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª
letra: G, 8ª letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J. 33. Resposta “A”.
Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
28. Resposta “D”. letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida.
Escrevendo os nomes dos animais apresentados na Já as letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
lista – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: “arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma:
PERU, MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela:

52
MATEMÁTICA

As letras “d” e “i” são obtidas em sequência, mas em ordem 38.


invertida. As letras “a” e “s” são as 2 primeiras letras da
palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras “articular”,
considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.

34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci.


O número que vem é sempre a soma dos dois números
imediatamente atrás dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3,
5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233...
39. Os símbolos são como números em frente ao
35. espelho. Assim, o próximo símbolo será 88.

40.
Dia Subida Descida
1º 2m 1m
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
5º 6m 5m
6º 7m 6m
7º 8m 7m
8º 9m 8m
9º 10m ----
41.
Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do 12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
poço. 12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – ... ...
91 – 92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são 12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
necessários 20 algarismos. Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
12.345.679 por (9x9) = 81
37.
42.
= 16

= 09

43.

= 04

44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de


cada par de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre
forma par com o naipe de espadas. Portanto, a carta que
está faltando é o 6 de espadas.
=01
Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.
45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na

53
MATEMÁTICA

aritmética e na teoria dos números, é um número inteiro 49.


não negativo que pode ser expresso como o quadrado de
um outro número inteiro. Ex: 1, 4, 9...

No exercício 2 elevado a 2 = 4

50.

46. Observe que:

3 6 18 72 360 2160 15120

x2 x3 x4 x5 x6 x7

Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120


x 8 = 120.960

47.

48.

54
HISTÓRIA GERAL

1.1. - Primeira Guerra Mundial............................................................................................................................................................................ 01


1.2. - O nazifascismo e a Segunda Guerra Mundial.................................................................................................................................... 04
1.3. - A Guerra Fria................................................................................................................................................................................................... 07
1.4. - Globalização e as políticas neoliberais................................................................................................................................................. 09
HISTÓRIA GERAL

so e as forças dos Estados Unidos começaram a entrar nas


1. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL. trincheiras. A Alemanha, que teve o seu próprio problema
com os revolucionários, neste ponto, concordou com um
cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, episódio mais
tarde conhecido como Dia do Armistício. A guerra termi-
A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra global cen- nou com a vitória dos Aliados.
trada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e Eventos nos conflitos locais eram tão tumultuados
durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as quanto nas grandes frentes de batalha, e os participantes
grandes potências de todo o mundo, que organizaram-se tentaram mobilizar a sua mão de obra e recursos econô-
em duas alianças opostas: os Aliados (com base na Trípli- micos para lutar uma guerra total. Até o final da guerra,
ce Entente entre Reino Unido, França e Império Russo) e quatro grandes potências imperiais — os impérios Ale-
os Impérios Centrais (originalmente Tríplice Aliança entre mão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano — deixaram de
Império Alemão, Áustria-Hungria e Itália; mas como a Áus- existir. Os Estados sucessores dos dois primeiros perde-
tria-Hungria tinha tomado a ofensiva contra o acordo, a ram uma grande quantidade de seu território, enquanto
Itália não entrou em guerra). Estas alianças reorganizaram- os dois últimos foram completamente desmontados. O
se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se em mais mapa da Europa central foi redesenhado em vários países
nações que entraram na guerra. Em última análise, mais menores. A Liga das Nações (organização precursora das
de 70 milhões de militares, incluindo 60 milhões de euro- Nações Unidas) foi formada na esperança de evitar outro
peus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da conflito dessa magnitude. Há consenso de que o nacio-
história. Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos, nalismo europeu provocado pela guerra, a separação dos
em grande parte por causa de avanços tecnológicos que impérios, as repercussões da derrota da Alemanha e os
determinaram um crescimento enorme na letalidade de problemas com o Tratado de Versalhes foram fatores que
armas, mas sem melhorias correspondentes em proteção contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial.
ou mobilidade. Foi o sexto conflito mais mortal na história
da humanidade e que posteriormente abriu caminho para Antecedentes
várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das
nações envolvidas. No século XIX, as grandes potências europeias tinham
Entre as causas da guerra inclui-se as políticas imperia- percorrido um longo caminho para manter o equilíbrio de
listas estrangeiras das grandes potências da Europa, como poder em toda a Europa, resultando na existência de uma
o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império complexa rede de alianças políticas e militares em todo o
Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira continente por volta de 1900. Estes começaram em 1815,
República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o com a Santa Aliança entre Reino da Prússia, Império Russo
assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, e Império Austríaco. Então, em outubro de 1873, o chan-
o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista celer alemão Otto von Bismarck negociou a Liga dos Três
iugoslavo Gavrilo Princip, em Sarajevo, na Bósnia, foi o ga- Imperadores entre os monarcas da Áustria-Hungria, Rússia
tilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato e Alemanha. Este acordo falhou porque a Áustria-Hungria
Habsburgo contra o Reino da Sérvia. Diversas alianças for- e a Rússia tinham interesses conflitantes nos Bálcãs, o que
madas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, fez com que a Alemanha e Áustria-Hungria formassem
assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências uma aliança em 1879, chamada de Aliança Dua. Isto foi
estavam em guerra; através de suas colônias, o conflito visto como uma forma de combater a influência russa nos
logo se espalhou ao redor do planeta. Bálcãs, enquanto o Império Otomano continuava a se en-
Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão fraquecer. Em 1882, esta aliança foi ampliada para incluir a
austro-húngara da Sérvia, seguida pela invasão alemã da Itália no que se tornou a Tríplice Aliança.
Bélgica, Luxemburgo e França, e um ataque russo contra Depois de 1870, um conflito europeu foi evitado em
a Alemanha. Depois da marcha alemã em Paris ter leva- grande parte através de uma rede de tratados cuidado-
do a um impasse, a Frente Ocidental estabeleceu-se em samente planejada entre o Império Alemão e o resto da
uma batalha de atrito estático com uma linha de trincheiras Europa e orquestrada por Bismarck. Ele trabalhou espe-
que pouco mudou até 1917. Na Frente Oriental, o exército cialmente para manter a Rússia ao lado da Alemanha, para
russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, evitar uma guerra de duas frentes com a França e a Rús-
mas foi forçado a recuar da Prússia Oriental e da Polônia sia. Quando Guilherme II subiu ao trono como imperador
pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abri- alemão (kaiser), Bismarck foi obrigado a se aposentar e
ram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra seu sistema de alianças foi gradualmente enfatizado. Por
em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Romênia em 1916. exemplo, o kaiser se recusou a renovar o Tratado de Resse-
O Império Russo entrou em colapso em março de 1917 e a guro com a Rússia em 1890. Dois anos mais tarde, a Alian-
Rússia deixou a guerra após a Revolução de Outubro, mais ça Franco-Russa foi assinada para contrabalançar a força
tarde naquele ano. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 da Tríplice Aliança. Em 1904, o Reino Unido assinou uma
ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo série de acordos com a França, a Entente Cordiale, e em
dos exércitos alemães em uma série de ofensivas de suces- 1907, o Reino Unido e a Rússia assinaram a Convenção

1
HISTÓRIA GERAL

Anglo-Russa. Embora estes acordos não tenham aliado o cionalmente, para serem inaceitáveis, com a intenção de
Reino Unido com a França ou a Rússia formalmente, eles provocar uma guerra com a Sérvia. Quando a Sérvia con-
fizeram a entrada britânica em qualquer conflito futuro en- cordou com apenas oito das dez reivindicações, a Áustria
volvendo a França ou a Rússia e o sistema de intertrava- -Hungria declarou guerra ao país em 28 julho de 1914.
mento dos acordos bilaterais se tornou conhecido como Hew Strachan argumenta que “se uma resposta equivo-
a Tríplice Entente. cada e precipitada da Sérvia teria feito alguma diferença
O poder industrial e econômico dos alemães havia para o comportamento da Áustria-Hungria é algo duvi-
crescido muito depois da unificação e da fundação do im- doso. Francisco Fernando não era o tipo de personalidade
pério em 1871. Desde meados da metade dos anos 1890, que comandava a popularidade e sua morte não lançou o
o governo de Guilherme II usou essa base para dedicar império em profundo luto”.
significativos recursos econômicos para a edificação do O Império Russo, disposto a permitir que a Áustria
Kaiserliche Marine, criada pelo almirante Alfred von Tir- -Hungria eliminasse a sua influência nos Balcãs e em
pitz, em rivalidade com a Marinha Real Britânica na su- apoio aos seus sérvios protegidos de longa data, ordenou
premacia naval mundial. Como resultado, cada nação se uma mobilização parcial um dia depois. O Império Ale-
esforçou construir o outro em termos de navios importan- mão mobilizou-se em 30 de julho de 1914, pronto para
tes. Com o lançamento do HMS Dreadnought em 1906, o aplicar o “Plano Schlieffen”, que planejava uma invasão
Império Britânico expandiu a sua vantagem sobre seu rival rápida e massiva à França para eliminar o exército francês
alemão. A corrida armamentista entre Reino Unido e Ale- e, em seguida, virar a leste contra a Rússia. O gabinete
manha, eventualmente ampliada ao resto da Europa, com francês resistiu à pressão militar para iniciar a mobilização
todas as grandes potências dedicando a sua base indus- imediata e ordenou que suas tropas recuassem 10 km da
trial para produzir o equipamento e as armas necessárias fronteira, para evitar qualquer incidente. A França só se
para um conflito pan-europeu. Entre 1908 e 1913, os gas- mobilizou na noite de 2 de agosto, quando a Alemanha
tos militares das potências europeias aumentou em 50%. invadiu a Bélgica e atacou tropas francesas. O Império
A Áustria-Hungria precipitou a crise Bósnia de 1908- Alemão declarou guerra à Rússia no mesmo dia. O Reino
1909 por anexar oficialmente o antigo território otoma- Unido declarou guerra à Alemanha em 4 de agosto de
no da Bósnia e Herzegovina, que ocupava desde 1878. 1914, após uma “resposta insatisfatória” para o ultimato
Isto irritou o Reino da Sérvia e seu patrono, o pan-eslavo britânico de que a Bélgica deveria ser mantida neutra.
e ortodoxo Império Russo. A manobra política russa na
A Guerra
região desestabilizou os acordos de paz, que já estavam
enfraquecidos, no que ficou conhecido como “o barril de
A crise de julho e as declarações de guerra
pólvora da Europa”.
Em 1912 e 1913, a Primeira Guerra Balcânica foi trava-
Após o assassinato do arquiduque Francisco Fernan-
da entre a Liga Balcânica e o fragmentado Império Oto-
do em 28 de junho, o Império Austro-Húngaro esperou
mano. O Tratado de Londres resultante ainda encolheu o
três semanas antes de decidir tomar um curso de ação.
Império Otomano, com a criação de um Estado indepen-
Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do
dente albanês, enquanto ampliou as explorações territo- efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impos-
riais da Bulgária, Sérvia, Montenegro e Grécia. Quando a sibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de julho,
Bulgária atacou a Sérvia e a Grécia em 16 de junho de graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao
1913, ela perdeu a maior parte da Macedônia à Sérvia e Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, o Ultimato
Grécia e Dobruja do Sul para a Romênia durante a Segun- de julho foi mandado à Sérvia, e que continha várias re-
da Guerra Balcânica, desestabilizando ainda mais a região. quisições, entre elas a que agentes austríacos fariam par-
te das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo
Crise de Julho atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do
ultimato, com exceção da participação de agentes aus-
Em 28 de junho de 1914, Gavrilo Princip, um estu- tríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação
dante sérvio-bósnio e membro da Jovem Bósnia, assas- de sua soberania.
sinou o herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia
Francisco Fernando da Áustria, em Sarajevo, na Bósnia. em 26 de julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas
Isto iniciou um mês de manobras diplomáticas entre Áus- as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao
tria-Hungria, Alemanha, Rússia, França e Reino Unido, no mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio a Bel-
que ficou conhecido como a Crise de Julho. Querendo grado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, o
finalmente acabar com a interferência sérvia na Bósnia Império Russo, que sempre tinha sido aliado da Sérvia,
— a Mão Negra tinha fornecido bombas e pistolas, trei- deu a ordem de locomoção a suas tropas.
namento e ajuda a Princip e seu grupo para atravessar a O Império Alemão, que tinha garantido apoio ao Im-
fronteira e os austríacos estavam corretos para acreditar pério Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra
que os oficiais e funcionários sérvios estavam envolvidos mandaram um ultimato ao governo do Império Russo
— a Áustria-Hungria entregou o Ultimato de Julho para para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas,
a Sérvia, uma série de dez reivindicações criadas, inten- no dia 31. No primeiro dia de agosto o ultimato tinha

2
HISTÓRIA GERAL

expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória
declarou-lhe guerra. Em 2 de agosto a Alemanha ocupou fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Im-
Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e pério Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande
do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que
a invasão da França, Inglaterra e Rússia). A Alemanha tinha batalhavam contra a Rússia na Frente Oriental.
enviado outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando
a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como Exército alemão na Bélgica e França
tal pedido foi recusado, foi declarada guerra a Bélgica.
Em 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra à França, Após invadir o território belga, o exército alemão
e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a so- logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège.
berania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Ale- Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo
manha estavam comprometidos a garantir fez com que o à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão
Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como
guerra à Alemanha em 4 de Agosto. signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico es-
tava comprometido a preservar a soberania belga. Para
O início dos confrontos a Grã-Bretanha os portos de Antuérpia e Ostende eram
importantes demais para cair nas mãos de uma potência
Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorre- continental hostil ao país. Para tanto, enviou um exército
ram no continente africano e no oceano Pacífico, nas co- para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.
lônias e territórios das nações europeias. Em Agosto de Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória
1914, um combinado da França e do Império Britânico in- na Batalha das Fronteiras (14 de agosto a 24 de agosto
vadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o
depois, em 10 de Agosto, as forças alemãs baseadas na que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que es-
Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Im- tavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha
pério Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia inva- derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados
diu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de agosto a 2
Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha
de setembro de 1914). O deslocamento imprevisto para
de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Bretanha),
combater os russos, porém, acabou permitindo uma
que fazia parte da chamada Nova Guiné Alemã. O Japão
contraofensiva em conjunto das forças francesas e ingle-
invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abas-
sas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho
tecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de
para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de
Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente
1914), forçando o exército alemão a lutar em duas fren-
tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico.
tes. O mesmo se postou numa posição defensiva den-
Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.
tro da França e conseguiu incapacitar permanentemente
Na Europa, o Império Alemão e o Império Austro-Hún-
230.000 franceses e britânicos.
garo sofriam de uma mútua falta de comunicação e desco-
nhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha
garantido o apoio à invasão austro-húngara à Sérvia, mas A guerra das trincheiras
a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido
diferente. Os líderes austro-húngaros acreditavam que a Os avanços na tecnologia militar significaram na prá-
Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a tica um poder de fogo defensivo mais poderoso que as
Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Impé- capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente
rio Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo
luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal
Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro que no século XIX, armada com poderosas metralhado-
a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi com- ras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e
bater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia.
foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal arti-
fício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais
A batalha da Sérvia miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados
horrores de guerra.
O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia de- Numa nota curiosa, temos que no início da guerra,
fensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos
culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilida-
defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras des e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se
semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos cau- (trégua de Natal). Isto ocorreu sem o consentimento do
sando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu
Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na posteriormente por diversas razões: o número demasiado

3
HISTÓRIA GERAL

elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos anarquistas e intelectuais como Monteiro Lobato critica-
soldados e o comando, dados os acontecimentos do pri- vam essa postura e a possibilidade de grande convocação
meiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, militar, pois segundo estes, entre outros efeitos negativos
o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos isto desviava a atenção do país em relação a seus proble-
outros. mas internos.
A alimentação era sobretudo à base de carne, vege- Assim, devido a várias razões, de conflitos internos à
tais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma falta de uma estrutura militar adequada, a participação mi-
raridade. litar do Brasil no conflito foi muito pequena; resumindo-se
no envio ao front ocidental em 1918 de um grupo de avia-
Fim da Guerra dores (do Exército e da Marinha) que foram integrados à
Força Aérea Real Britânica, e de um corpo médico-militar
A partir de 1917, a situação começou a alterar-se, composto por oficiais e sargentos do exército, que foram
quer com a entrada em cena de novos meios, como o car- integrados ao exército francês, tendo seus membros tan-
ro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao to prestado serviços na retaguarda, como participado de
teatro de operações europeu das forças norte-americanas combates no front. À Marinha coube a maior participação
ou a substituição de comandantes por outros com nova militar brasileira no conflito, com o envio de uma esquadra
visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequa- naval com a incumbência de patrulhar a costa noroeste da
das; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, África a partir de Dakar, e o Mediterrâneo desde o estreito
que causam profundas alterações no desenho da frente, de Gibraltar, evitando a ação de submarinos inimigos.
acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e le-
vando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha
adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala
2. O NAZI-FASCISMO E A SEGUNDA
no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por
Lênin, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado
GUERRA MUNDIAL.
de Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa
circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O
armistício que pôs fim à guerra foi assinado a 11 de no- Nazifascismo - é um termo de conjunção entre o fas-
vembro de 1918. cismo italiano, doutrina totalitária desenvolvida por Benito
Mussolini a partir de 1919 e o nazismo alemão, em muitos
Brasil aspectos emulando a primeira, que, embora tendo nascido
em 1920, é amplamente utilizado na Alemanha Nazi ape-
O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara nas uma década mais tarde sob regime de Adolf Hitler e
guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado, o ministro in- do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores.
terino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o
presidente de Minas Gerais, Delfim Moreira (sentado). No
Fascismo e Nazismo
Brasil, o confronto foi conhecido popularmente, até a Se-
gunda Guerra Mundial, como a “Guerra de 14”, em alusão
Os termos fascismo e nazismo são usados como sinô-
a 1914. No dia 5 de abril de 1917, o vapor brasileiro “Pa-
nimos. O nazismo é geralmente considerado como uma
raná”, que navegava de acordo com as exigências feitas
forma de fascismo, mas o nazismo, em contraste viu o ob-
a países neutros, foi torpedeado, supostamente por um
jetivo do estado no serviço de um ideal daquilo que o es-
submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompeu re-
tado supostamente deveria ser: as suas pessoas, raças, e a
lações diplomáticas com os países do bloco liderado pela
engenharia social destes aspectos da cultura com o fim úl-
Alemanha. Em 20 de maio, o navio “Tijuca” foi torpedeado
perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo timo de uma maior prosperidade possível para eles às cus-
Brasileiro confiscou 42 navios alemães, austro-húngaros e tas de todos os outros. O fascismo de Mussolini continuou
turco-otomanos que estavam em portos brasileiros, como fiel à ideologia de que todos estes fatores existiam para
uma indenização de guerra. servir o estado e que não era necessariamente no inte-
No dia 23 de outubro de 1917, o cargueiro nacional resse do Estado servir ou manipular algumas daquelas ca-
“Macau”, um dos navios arrestados, foi torpedeado por racterísticas. O único objetivo do governo sob o fascismo
um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu era autovalorizar como a maior prioridade da sua cultura,
comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular simplesmente sendo o Estado em si, quanto maior a sua
contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917, o país dimensão, melhor, pelo que se pode dizer que se tratou
declarou guerra aos Poderes Centrais. de uma Estadolatria (idolatria do estado) governamental.
A partir deste momento, por um lado, sob a liderança A característica importante do fascismo é o Nacionalismo.
de políticos como Ruy Barbosa, recrudesceram agitações Enquanto o Nazismo era uma ideologia metapolítica,
de caráter nacionalista, com comícios exigindo a “impe- vendo a si mesmo apenas como uma utilidade pela qual
riosa necessidade de se apoiar os Aliados com ações” uma condição alegórica do seu povo era o seu objetivo,
para por fim ao conflito. Por outro lado, sindicalistas, o fascismo era uma forma sinceramente antissocialista de
Estadismo que existiu por virtude de e com fins em si mes-

4
HISTÓRIA GERAL

mo. O movimento Nazista falou da sociedade baseada em à uma hierarquia, teve como consequência a determina-
classes como o seu inimigo e pretendia unificar o elemen- ção deles de submeterem a sociedade civil por inteiro às
to racial acima de classes estabelecidas, enquanto que o regras militares. O que conduziu a que levassem a quarte-
movimento fascista tentou preservar o sistema de classes lização da sociedade por inteiro. Entendiam que travavam
e sustentou-o como a fundação de cultura estabelecida e agora, finda a guerra, uma batalha para salvar a pátria, a
progressiva. sua pátria, ameaçada pela subversão comunista (inspira-
Este teorema subjacente fez os fascistas e nazistas de da na revolução bolchevique que ocorria, desde 1917, na
então verem-se como parcialmente exclusivos entre si. Rússia), e pela debilidade da democracia liberal, incapaz
Hoje, no entanto, esta diferença não é patente na termi- de concentrar a energia necessária para retirar a nação
nologia, mesmo quando usada num contexto histórico. da profunda crise econômica e moral com que saíra da
guerra.
Características:
Difusão pelo Mundo
- Totalitarismo: subordinação dos interesses indivi-
duais aos do Estado.  As ruas de Roma, de Munique, de Berlim, de Madri, e
- Nacionalismo: tudo pela nação, cuja grandeza deve até do Rio de Janeiro, enchiam-se de desfiles cívicos de
ser buscada pela totalidade da sociedade.  militantes que marchavam embandeirados, aos sons mar-
- Militarismo: a guerra permite um aprimoramento in- ciais, enaltecendo o nacionalismo e os valores pátrios que,
dividual e nacional.  segundo os fascistas, foram esquecidos ou abertamente
- Expansionismo: expansão territorial é uma necessi- traídos no período do pós-guerra. Cada organização fas-
dade à sobrevivência da nação; no caso nazista, defendia- cista tinha o seu símbolo, sua cor e seu líder absoluto: um
se a ideia do “espaço vital”.  chefe, um Duce, um Führer, um caudilho, um chefe, que
- Corporativismo: o Estado totalitário aparece como comandava seus homens como um general em tempo de
árbitro de todos os conflitos no interior da sociedade.  guerra, e a quem seus seguidores devotavam verdadei-
- Anticomunismo: defesa do combate ao comunismo ra idolatria, considerando-o uma espécie de salva-pátria.
tanto dentro do país (perseguições) quanto no âmbito in- Obviamente que os fascistas detestavam a democracia.
ternacional (aniquilação da União Soviética). 
- Racismo: crença na superioridade racial dos brancos Objetivos Políticos e Raciais
sobre os não-brancos (arianismo); este aspecto foi parti-
cularmente importante no caso nazista. Tinham os nazifascistas como objetivo maior, deter a
subversão social representada pelo comunismo. O nazi-
A Militarização da Política fascismo transformou o bolchevismo no seu inimigo de
morte e os comunistas não-soviéticos eram vistos como
No início os seus militantes e principais quadros par- meros agentes a serviço do domínio mundial daquela po-
tidários foram largamente preenchidos por ex-comba- tência. Pode-se dizer que o fascismo assumiu uma cono-
tentes, por veteranos da Primeira Guerra Mundial, que se tação mais radical exatamente nos países ou nas socieda-
sentiram frustrados, excluídos, quando não traídos pelos des que se sentiam mais vulneráveis a uma revolução co-
governos do após-guerra. Dai entender-se que tanto os munista. Naquelas em que a hierarquia social, os valores
chefes do movimento nazifascista (como Hitler e Musso- tradicionais e o ordenamento das classes, estavam mais
lini) como seus seguidores mais próximos serem oriun- sujeitos a serem derrubados. E, onde, no passado recente,
dos das trincheiras, e que, mesmo na paz, continuavam a frustração ou a humilhação nacional sofrida na guerra
usando uniforme e celebrando a vida de soldados. Com- ainda não fora esquecida. 
portavam-se eles como se ainda estivesse entre seus ca- O nazismo, a vertente alemã do fascismo, elegeu
maradas no fronte de guerra. O fascismo foi, portanto, ainda, como seu pior adversário, além dos já citados co-
uma militarização da política, a transposição para a vida munistas, os judeus. Seguidores da tradição antissemita
civil dos hábitos e costumes adquiridos por uma gera- europeia, atribuíam a eles todas as desgraças e vexações
ção inteira de europeus que passaram quatro anos da sua porque a Alemanha passara (a direita alemã debitou à
existência condicionados pela brutal experiência de uma derrota de 1918 aos comunistas e aos judeus que teriam
guerra terrível. dado “uma punhalada nas costas” do país). O violento
Essa experiência militar deles fez com que os partidos antissemitismo dele e sua política de defesa da euge-
fascistas não somente usassem uniforme e obedecessem nia - a obsessão pela pureza racial do homem ariano -,
ao seu chefe do mesmo modo que os soldados seguem fez com que os nazistas terminassem por ordenar, entre
o seu general, como entendessem a política como um 1939-45, o maior massacre de seres humanos até hoje
campo de batalha, na qual seus adversários não era vis- registrado na história: o holocausto de todos os judeus
tos como rivais num quadro eleitoral, mas sim inimigos europeus e o extermínio de todos aqueles que , se-
a serem encarcerados ou eliminados no futuro. A milita- gundo eles, “levavam uma vida indigna de ser vivida”
rização da vida política, com o partido organizado como (os loucos, menores excepcionais, portadores de males
fosse um regimento do exército, disciplinado e obediente genéticos, idosos senis, etc.).

5
HISTÓRIA GERAL

Fatores e Antecedentes se insuficiente, as forças do fascismo venceram a guerra


em 1939. Com a vitória que se consolidou em 28/03/1939
A terceira década do século XX foi marcada pela insta- e com a queda de Madri, Franco passou a ser apoiado pela
bilidade das relações internacionais, pela crise econômica Igreja e por uma parcela dos trabalhadores. Foi mais uma
e pelo crescimento dos regimes nazifascistas. Esse contex- vitória da ditadura que nasceu da democracia. A guerra
to, acrescido das disputas entre EUA, França e Inglaterra proporcionou para a Alemanha, um experimento de seus
de um lado e Alemanha, Itália e Japão de outro, gerou a materiais bélicos e uma aproximação com a Itália.
Segunda Grande Guerra.
As Alianças: Tanto a França como a Grã-Bretanha pro-
O Rearmamento Alemão: Hitler preocupou-se com o nunciaram sanções contra a Itália em relação à Etiópia, o
rearmamento e com os aliados. Em 1935, por um plebis- que aproximou Hitler da Itália. A Guerra Civil Espanho-
cito, restabelece o Sarre para a Alemanha. Em 1936, reo- la, em 1936, deu a Hitler e a Mussolini uma aproxima-
cupou militarmente a Renânia. Em 1939 o serviço militar ção ideológica e estratégica na medida em que apoiaram
agrupa 1.500.000 homens ao exercito alemão, que com- Franco. Em 1º de novembro de 1936, Mussolini proclamou
põem as unidades blindadas (Panzerdivisionen) e a aviação o eixo Roma-Berlim, uma manifestação de solidariedade
militar (Luftwaffe). e não-aliança, pois esta só se completaria com a visita do
Füher a Roma, em 1938. O Japão, tomando a China, temia
A Politica Externa de Hitler: A concretização dos ob- a URSS e assinaria, em 1936, com a Alemanha, o Pacto An-
jetivos hitleristas e as primeiras reações europeias deram- tikomintern, ao qual aderiram a Itália, a Hungria de Horth
se de 1933 a 1935. Seus objetivos estavam expostos Mein e a Espanha de Franco. Hitler criava pontos de apoio.
Kampf e eram, basicamente, livrar a Alemanha da humi- O Anschluss: Desde 1934, com o assassinato do
lhação onerosa de Versalhes, reunir em um grande Reich chanceler austríaco Dolfuss, os nazistas alemães passaram
alemão todas as populações europeias de língua alemã e a exercer cada vez mais influência na política interna da
conquistar o oeste (Polônia e Ucrânia) para usá-lo como Áustria. Com o crescimento econômico implantado por
fornecedor de matérias-primas para a Alemanha. Em 14 de Hitler na Alemanha, aliado ao nacionalismo pangermâni-
outubro de 1933, Hitler obtinha igualdade de direitos em co, os austríacos, cada vez mais, tendiam a aceitar uma
relação aos franceses, em matéria de armamentos, aban- anexação à Alemanha, unindo, dessa forma, a raça ger-
donando a Conferência de Desarmamento. Em 25 de julho mânica sob um Reich. Em maio de 1938, foi realizado um
de 1934, os nazistas austríacos assassinaram os chanceler plebiscito sobre o Anschluss e o resultado foi de 99,75% a
Dolfuss, na esperança de provocar o Anschluss (a união da favor. Estava, assim, concretizado o Anschluss.
Áustria com a Alemanha). Hitler procurava se isolar, mas
Mussolini inseriu a Alemanha no (Pacto dos Quatro), de A Crise da Tchecoslováquia: A política expansionista
1933, a fim de modificar as fronteiras da Europa Central. alemã continuou em 1938. Hitler exigiu, em Nuremberg,
Os franceses imediatamente aliaram-se aos eslavos e fir- a região dos Sudetos, incorporada à Tchecoslováquia em
maram o Pacto de Assistência Mútua, que Stalin aceitou 1919, onde viviam aproximadamente três milhões de ale-
diante da ameaça nazista. Mais tarde, a França procurou mães. Os Tchecoslováquios resistiram e pretenderam não
sacrificar a Etiópia e estabelecer um acordo com a Itália, entregar; para tanto contavam com o apoio da França
junto à Inglaterra, em 1935. e da URSS. Para evitar a guerra, Mussolini propôs uma
conferência das quatro grandes potências em Munique.
A Guerra Civil Espanhola: A Guerra Civil Espanhola Mussolini, Hitler, Neville Chamberlain e Edouard Daladier
(1936-1939) foi decisiva para o delineamento da Segunda representaram, respectivamente, a Itália, a Alemanha, a
Guerra Mundial. Em 1931, uma parcela da burguesia espa-
Inglaterra e a França. A Tchecoslováquia não foi admitida
nhola, unida aos trabalhadores, proclamou a Republica. Os
na reunião. Hitler saiu vitorioso mais uma vez, posto que
republicanos espanhóis pretendiam realizar um programa
a região dos Sudetos lhe foi concedida; e, em março de
de reformas, entre as quais estavam a reforma agrária e a
1939, desrespeitando o acordo de Munique, o Führer to-
reforma urbana. Para combater o programa republicano,
mou o resto do país.
os latifundiários, o clero e os oficiais do exercito se orga-
nizaram no Partido da Falange, de orientação fascista. Em
A vez da Polônia e o Início da Guerra: Um acordo
17 de julho de 1936, quando o país se debatia em inten-
germânico-soviético decidiu a crise final. O pacto de não
sa agitação, levantaram-se os militares, comandados pelo
-agressão nada mais era do que a repartição da Polônia
general Francisco Franco, para derrubar a República. Os
fascistas espanhóis receberam ajuda da Itália e Alemanha, em duas áreas de influência e a passagem da Finlândia,
que enviaram homens e armas; os republicanos contaram Estônia, Letônia e Bessarábia para o controle russo. Em
com o apoio da União Soviética e das Brigadas Internacio- 28 de março de 1939, Hitler exigiu Dantzig da Polônia.
nais, formadas por trabalhadores e intelectuais de diversos A Polônia, encorajada pela França e pela Inglaterra resis-
países. A França e Inglaterra insistiam na ideia de que os tiu. Hitler temendo uma reação ocidental conjunta com a
países deveriam praticar uma (política de não-interven- Rússia, assinou um pacto germânico-soviético de não-a-
ção). Como a ajuda recebida pelos republicanos revelou- gressão, reiniciando, a partir daí, a agressão à Polônia. Em

6
HISTÓRIA GERAL

1º/09/1939, embora a Inglaterra procurasse estabelecer Em 1943, na batalha de Stalingrado, o exército alemão,
um pacto entre Berlim e Varsóvia, tropas alemãs penetra- após perder 350 mil homens, foi derrotado. O Exercito Ver-
vam na Polônia. A Inglaterra e a França em questão de ho- melho, liderado pelo marechal Zukov, começava seu avan-
ras exigiram a retirada da Alemanha e declararam guerra. ço. Na batalha do atlântico, a marinha anglo-americana
abateu os submarinos alemães e, em seguida, as cidades
A Guerra alemãs sofreram, diariamente, ataques aéreos das forças
anglo-americanas.
Enquanto a Polônia era invadida pelos alemães, a oes- Mesmo diante dessas derrotas, a Alemanha se mos-
te, e pelos soviéticos, a leste, a França e a Inglaterra decla- trava forte. Porém, no dia 6 de junho de 1944, começava a
raram guerra à Alemanha. Na Polônia, os alemães aplica- Operação Overlord, que consistia no desembarque de mi-
lhares de soldados no norte da França, na região da Nor-
ram uma nova tática de guerra em que o movimento era
mandia, cujo objetivo era acabar com a dominação alemã
um dos elementos fundamentais. Tratava-se da blitzkrieg,
na Europa Ocidental. A Alemanha resistia através da propa-
a guerra-relâmpago, embasada na aviação, na artilharia ganda nazista e das bombas voadoras, enquanto os aliados
de grande alcance e nos tanques (panzers). Essa tática de invadiam seu território. No dia 8 de maio de 1945, a rendi-
guerra permitiu a vitória alemã em poucas semanas. A Po- ção alemã colocava fim ao Terceiro Reich. Por outro lado,
lônia, no final de setembro, estava divida entre a Alema- na Ásia, a guerra continuava com a resistência japonesa.
nha e a URSS. No entanto, a 6 de agosto de 1945, os norte-americanos
No Ocidente, a França e Inglaterra não acreditavam realizaram o bombardeio atômico em Hiroshima e a nove
na guerra e insistiam em realizar a paz com a Alemanha. de agosto em Nagasaki. Em 16 de agosto, após vencer a
Entretanto, em abril de 1940, os alemães invadiram a Di- resistência de militares que desejavam continuar a guerra,
namarca e a Noruega e, em seguida, a Holanda e a Bél- o governo japonês pediu a paz, encerrando dessa forma
gica, preparando o ataque sobre a França. No território Segunda Guerra Mundial.
francês tentou-se impedir o avanço alemão através da
Linha Maginot, formada por franceses e ingleses. A fra-
gilidade dessa defesa obrigou o exército franco-inglês a 3. A GUERRA FRIA.
constantes retiradas. As forças alemãs, com seus subma-
rinos, atacavam os navios ingleses, e com os aviões, as
cidades inglesas. Mas, em setembro a Inglaterra obteve
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra
uma vitória sobre a Alemanha. A Real Força Aérea “RAF”
Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão
afastou a Força Aérea Alemã (Lufwaffe) dos céus ingleses.
disputar a hegemonia política, econômica e militar no
Por outro lado, no norte da África, o exército alemão mundo. A União Soviética possuía um sistema socialista,
(Afrikakorps), comandado pelo general Erwin Rommel (a baseado na economia planificada, partido único (Partido
“Raposa do Deserto”), atacou os ingleses, somando nu- Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os
merosas vitórias, porém não conseguiu a conquista do Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a ex-
canal de Suez. Em junho de 1941, o exército alemão ata- pansão do sistema capitalista, baseado na economia de
cou a União Soviética, desrespeitando o tratado de não mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na
-agressão. A operação Barba Ruiva determinou a invasão segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas
àquele país em três frentes: potências tentaram implantar em outros países os seus sis-
- norte, para ocupar Leningrado; temas políticos e econômicos.
- centro, para ocupar Moscou; A definição para a expressão guerra fria é de um confli-
- sul, para ocupar a região da Ucrânia e do Cáucaso. to que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocor-
rendo um embate militar declarado e direto entre Estados
A resistência soviética se fez através da campanha da Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países es-
“terra arrasada”, isto é, em seu recuo os soviéticos quei- tavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um
mavam e demoliam tudo aquilo que os invasores pu- conflito armado direto significaria o fim dos dois países
dessem utilizar e, com isso, conseguiram deter o avanço e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos
acabaram alimentando conflitos em outros países como,
alemão. Em dezembro, chegava ao fim a tentativa de ne-
por exemplo, na Coreia e no Vietnã.
gociação entre EUA e Japão a respeito da expansão deste
país da Ásia, com o ataque japonês base de Pearl Harbor. Paz Armada
A entrada dos EUA na guerra reforçou os aliados, visto
que sua indústria foi convertida para a produção bélica. Na verdade, uma expressão explica muito bem este
Os norte-americanos tornaram-se os abastecedores das período: a existência da Paz Armada. As duas potências en-
diversas nações que lutavam contra o Eicho (Alemanha, volveram-se numa corrida armamentista, espalhando exér-
Itália e Japão). citos e armamentos em seus territórios e nos países alia-
Em 1942 os japoneses sofreram suas primeiras derro- dos. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas
tas. O Afrikakorps também foi derrotado pelo exército in- potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do
glês do marechal Montgomery, na batalha de El Alamenin. ataque inimigo. 

7
HISTÓRIA GERAL

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países
objetivo era defender os interesses militares dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro
membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Ingla-
Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados terra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Ber-
Unidos e tinha suas bases nos países membros, principal- lim, para dividir a cidade em duas partes: uma capitalista e
mente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era co- outra socialista. É a vergonhosa “cortina de ferro”. 
mandado pela União Soviética e defendia militarmente os
países socialistas. Plano Marshall e COMECON
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Ca-
nadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, As duas potências desenvolveram planos para desen-
Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. volver economicamente os países membros. No final da
Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano
Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Orien- Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente
tal, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia. através de empréstimos, para reconstruir os países capi-
talistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o CO-
Corrida Espacial MECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de
garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.
EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no
que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para Envolvimentos Indiretos
tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocor-
ria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com Guerra da Coreia: Entre os anos de 1951 e 1953 a
o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema Coreia foi palco de um conflito armado de grandes pro-
mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete porções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a
Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o Coreia sofre pressões para adotar o sistema socialista em
espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde todo seu território. A região sul da Coreia resiste e, com o
acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses.
com a missão espacial norte-americana. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão
da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte ficou sob in-
Caça às Bruxas fluência soviética e com um sistema socialista, enquanto a
Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.
Os EUA liderou uma forte política de combate ao co-
munismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e
a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as his- 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS.
tórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizan- Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato
do o “american way of life”. Vários cidadãos americanos tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os solda-
foram presos ou marginalizados por defenderem ideias dos vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas
próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e mili-
senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas tares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados
pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos paí- e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma
ses aliados dos EUA, como uma forma de identificar o so- vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista. 
cialismo com tudo que havia de ruim no planeta.
Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista Fim da Guerra Fria
e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam
todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas A falta de democracia, o atraso econômico e a crise
pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era pra- nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise
ticamente impossível. Um sistema de investigação e es- do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o
pionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No
a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da começo da década de 1990, o então presidente da União
CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialis-
soviéticos. mo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas,
acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi
“Cortina de Ferro” se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates
políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso,
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.
duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A Re-
pública Democrática da Alemanha, com capital em Berlim,
ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, so-
cialista. A República Federal da Alemanha, com capital em

8
HISTÓRIA GERAL

Multinacionais – são empresas que mantêm filiais em


4. GLOBALIZAÇÃO E AS POLÍTICAS vários países do mundo, comandadas a partir de uma sede
NEOLIBERAIS. situada no país de origem.
Transnacionais – são empresas cujas filiais não seguem
as diretrizes da matriz, pois possuem interesses próprios e
às vezes conflitantes com os do país no qual se originaram.
Globalização
Globalização Tecnológica: A revolução tecnológica
Podemos dizer que é um processo econômico e social levou à chamada economia digital e à ideia de que o saber
que estabelece uma integração entre os países e as pes- é o principal recurso de uma nação – teríamos entrado na
soas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, chamada ―era da informação‖. O surgimento da Internet
os governos e as empresas trocam ideias, realizam transa- leva a uma mudança radical na produção e na comerciali-
ções financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais zação de bens e serviços, tendo efeitos tanto sobre a rela-
pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Glo- ção de uma empresa com seus fornecedores quanto com
bal se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a seus consumidores. As empresas transnacionais se apro-
criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias veitam desse contexto e se fortalecem, planejando suas
cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e eco- ações com o objetivo de vender para o mercado global.
nômicas de forma rápida e eficiente. O que a globalização A globalização tecnológica não atinge toda a superfície
apresenta para uma sociedade não são somente produtos, terrestre, embora altere a dinâmica econômica e social
mas sim ideias quanto ao mercado, à democracia, à educa- da maior parte dos países. Se a produção de chips e de
ção, à família, à sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. computadores, o controle dos serviços e equipamentos de
telecomunicações e a fabricação de remédios estão nas
Esferas da Globalização Econômica mãos de algumas poucas grandes empresas multinacio-
nais, também o consumo desses produtos e serviços en-
Globalização Comercial: A globalização comercial con- contra-se concentrado nos países desenvolvidos.
siste na integração dos mercados nacionais por meio da
diminuição das barreiras comerciais e, consequentemente, Efeitos da Globalização na atualidade
do aumento do comércio internacional. Se o crescimento
do comércio mundial der-se a uma taxa de crescimento É evidente que muitos acontecimentos em relação
média anual mais elevada do que a do PIB mundial pode- à globalização dos países ocorreram, um dos destaques
mos afirmar que há globalização comercial: maior interna- pelo mundo foi às eleições. Entre esses países, alguns que
cionalização da produção via comércio de bens e serviços fizeram parte da Primavera Árabe, a qual havia trazido
e maior grau de abertura das economias grandes expectativas de que aquelas nações do Oriente
Médio e do norte da África enfim abraçariam a democra-
Globalização Financeira: Modificou o papel do Esta- cia. Entretanto, os regimes resultantes desse movimento
do na medida em que alterou radicalmente a ação gover- e os ditadores que insistem em resistir demonstram que
namental, que agora é dirigida quase exclusivamente para somente o desejo por liberdade não foi ainda suficiente
tornar possível às economias nacionais desenvolverem e para alterar o status quo milenar desses países.
sustentarem condições estruturais de competitividade em Na Líbia, foram realizadas as primeiras eleições legis-
escala global. Faz-se através da intercomunicação dos lativas. Porém, o país, ao lado do Egito, foi o palco de um
mercados de capitais acelerando a velocidade na alocação dos acontecimentos mais falados - Os tumultos começa-
do capital (smart money). Se por um lado, a mobilidade dos ram em há alguns meses. No Egito, onde uma multidão
fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser protestou na embaixada norte-americana no Cairo. No
vista como uma forma eficiente de destinar recursos inter- mesmo dia, na Líbia, um ataque ao consulado norte-ame-
nacionais e para países emergentes, por outro, a possibili- ricano resultou na morte do embaixador, John Christopher
dade de usar os capitais de curto prazo para ataques espe- Stevens, e de mais três funcionários. Para se instalar na
culativos contra moedas são considerados como uma nova região, parece que a democracia vai precisar de mais esta-
forma de ameaça à estabilidade econômica dos países. ções do que apenas uma primavera.
A União Europeia, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz,
Globalização Produtiva: Fenômeno mundial asso- não teve seus líderes-presidente da França eleito – e não
ciado a uma revolução nos métodos de produção que encontrou solução para a crise econômica que persiste
resultou numa mudança significativa nas vantagens com- na região. Já nos Estados Unidos, as eleições trouxeram
parativas das nações. As fases de produção de uma de- bastante mudanças e reviravoltas com a eleição do atual
terminada mercadoria podem ser realizadas em qualquer Presidente Donald Trump.
país, pois se busca aquele que oferecer maiores vantagens Na Rússia, Vladimir Putin foi questionado ao ganhar
econômicas. Isto tem levado a uma acirrada competição um terceiro mandato como presidente depois de passar
entre países - em particular aqueles em desenvolvimento - os últimos quatro anos no cargo de primeiro-ministro. O
por investimentos externos. Japão, que continua sofrendo as consequências do terre-

9
HISTÓRIA GERAL

moto do ano passado e enfrenta dificuldades para sair da A Globalização Capitalista


recessão, acaba de eleger como primeiro-ministro Shinzo
Abe. A China também escolheu seus novos líderes, em um A integração da economia mundial não é uma tendên-
processo que, ao contrário da habitual frieza, trouxe um cia pós-Guerra Fria: é uma característica do capitalismo que
ingrediente quente: a corrupção. Casos envolvendo altos Karl Marx, o pai do socialismo científico, já havia identifica-
membros do Partido Comunista foram explorados politica- do no século XIX. O que de fato muda com o fim da Guerra
mente por seu novo secretário-geral. Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo
Já na América Latina o Brasil, que deu provas de ma- entre os Estados Unidos e a União Soviética é que essa in-
turidade no julgamento do mensalão, é uma das exceções, tegração ganhou dimensões nunca antes experimentadas.
continuou sem conseguir dar grandes demonstrações de A globalização, como se convencionou denominar essa
evolução institucional. Chávez se reelegeu na Venezuela, integração, não se dá apenas no nível da macroeconomia.
mas o clima neste final de ano é de incerteza, porque uma Mas é, sem dúvida, a macroeconomia regida pelo grande
recaída em sua doença o obrigou a ser submetido à nova capital, que não se submete ao pleito popular e é muitas
cirurgia e, caso ele não consiga se recuperar, na data mar- vezes impermeável à democracia. Talvez seja a utopia do
cada para sua posse, novas eleições terão que ser convoca- capital como bandeira antissocialista que une mundo cen-
das. Os governos de Equador e Argentina passaram o ano tral e mundo periférico.
sob a acusação de cercearem a liberdade de imprensa. Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos.
É equivocado pensar no mundo pobre e no mundo rico
Os efeitos da Globalização em relação à economia separadamente. São faces diferentes de um mesmo siste-
dos países. ma, o capitalista. As crises nas bolsas de valores, na Ásia,
nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil mostram isso.
O cenário era favorável, e os Estados Unidos da Amé- Sem exceção, nos países atingidos pela crise – na verdade
rica mantinham-se em recuperação com a melhora de um todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve de
grande conjunto de indicadores. Um programa de recom- intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia,
pra de títulos inundou a economia americana com cente- o que beneficiou a todos, com certeza, mas onerou sig-
nas de milhares de dólares favorecendo a atividade eco- nificativamente a camada mais pobre da população, que
nômica. Já na Europa, o assunto era a Grécia, a pergunta arcará, no mundo inteiro, com o ônus do desemprego. O
é como um país com uma área menor que a do estado de neoliberalismo, aí, não valeu. É claro que, se não houvesse a
São Paulo pode causar tanto transtorno e desconforto? A intervenção do Estado na economia – e isso aconteceu não
resposta é “Globalização”. A esta altura do campeonato, só no Brasil, mas nos Estados Unidos, no Japão, na Alema-
já considerando os problemas “importados” do ano ante- nha, no Reino Unido, na França, nos Tigres Asiáticos, enfim
rior, a Grécia era o centro das atenções com incansáveis em um grande número de países – a crise teria sido pior.
rodadas de negociação, tentando convencer seus credores Mas também devemos nos ater ao fato de que, se toda
que seria melhor receber 50% do que lhes era devido que crise nos possibilita pensar em soluções e nos aprimorar-
receber absolutamente nada caso o país quebrasse. mos, o Estado tem de estar de prontidão. Se ante a ameaça
Na China não havia uma tendência definida no come- de colapso do sistema o milagre neoliberal não funcionou,
ço do ano e os indicadores econômicos alternavam entre devemos então pensar que ressuscitar essa prática políti-
aceleração e desaceleração econômica. Atualmente, apesar co-econômica fracassada no século passado não é a solu-
de a China ser considerada economia emergente, é tratada ção; ou então teremos de arcar com as consequências da
como economia de não mercado. Com isso, ao abrir um ressurreição de propostas que na prática não surtiram o
processo de investigação, os países não precisam consi- efeito desejado, criticadas atualmente até por aqueles que
derar os preços dos produtos chineses. Quando a China é só conhecem fatos isolados da História.
alvo de denúncia, o governo ou o setor produtivo tem que A nova ordem internacional do fim dos anos 80 pare-
indicar um terceiro país que seja parâmetro para o produ- ce não se ter consolidado, pelo menos do ponto de vista
to, a fim de o governo definir se existe uma fraude nos pre- político.
ços. Mas no decorrer do ano a crise amenizou-se e a china
apresentou uma melhora no seu conjunto de indicadores e O fim da URSS
finalmente acelerou.
No Brasil a expectativa era tão positiva no começo do A ordem que se estabeleceu com o fim da Guerra Fria
ano que registramos uma das sequências mais extensas de e com a dissolução do socialismo real, inicialmente no Les-
entrada de recursos de investidores estrangeiros na bolsa te Europeu, com a desintegração da URSS, e depois no
brasileira nos últimos anos. Um fato sobre isso é a parceria restante do mundo, colocou em xeque a situação vigen-
entre o Brasil e a União Europeia (UE) para a internacio- te a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, caracteri-
nalização de pequenas e médias empresas brasileiras já zada pela bipolarização do mundo, sob o ponto de vista
beneficiou, em cinco anos, direta e indiretamente, 2,5 mil político-ideológico, que tinha como expoentes os Estados
empreendimentos de 21 setores, como o de tecnologia da Unidos, à frente do mundo capitalista, dito “Mundo Livre”,
informação, petróleo e gás, o agronegócio e o coureiro- e a URSS, no comando do mundo socialista, embora não
calçadista. de forma unânime, haja vista as dissidências na postura de
países como a China, a Iugoslávia e a Albânia.

10
HISTÓRIA GERAL

A nova ordem é multipolar. Nela, o mundo está dividi- A Rússia, detentora da maior parcela do arsenal da
do em áreas de influência econômica. As alianças militares ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na
perderam o sentido, pelo menos no que se refere à opo- sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores
sição ao bloco político-ideológico antagônico. Hoje, tem externos temerosos. A política econômica do Estado russo
lugar a expansão das alianças econômicas: União Europeia, não dá conta das garantias exigidas pelo mercado inter-
Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia nacional para a completa inserção do país. O rublo des-
globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso valoriza-se a cada dia. O Estado já pediu uma moratória.
para a otimização do crescimento econômico integrado. Além disso, movimentos nacionalistas eclodem em cons-
Os Estados-Nação perderam espaço para a ação das trans- tante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemente,
nacionais. Extinguiu-se o embate direita-esquerda, caracte- do Daguestão.
rístico do confronto leste-oeste que permeou a Guerra Fria. No resto do países que outrora se admitiam socialistas,
Se é possível identificar o início dessas transformações, a situação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a
sem dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, Hungria, a Polônia e a República Checa vislumbram a possi-
quando Mikhail Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com bilidade de ingressar na UE – União Europeia; outros como
o planejamento estatal em crise desde o fim dos anos 70, as ex-repúblicas soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e
com a Guerra Fria absorvendo quase 1/3 de seu orçamen- Quirguízia veem seus governos ameaçados pela expansão
to, diante da não-adesão da população aos planos quin- do islamismo. A Coreia do Norte e Cuba amargam embar-
quenais, e com o comprometimento da máquina estatal gos econômicos que impedem tentativas mais concretas
com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorba- de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, implodiu-se
chev entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo
mudanças abrangeriam as esferas política e econômica. Era real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de es-
também necessário acabar com a Guerra Fria e abrir a eco- querda; alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.
nomia do país aos investimentos externos, com os quais se
poderia reorientar a tecnologia, sofisticada no setor militar, O Neoliberalismo do Primeiro Mundo
para o incipiente setor civil. A URSS tinha a capacidade de
lançar mísseis intercontinentais e de manter uma estação Na Europa Ocidental, o fim do socialismo significou a
espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de pro- aparente vitória do neoliberalismo. No início dos anos 90
duzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade. a política da Europa do Oeste inclinou-se para propostas
Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a com menor participação do Estado, atribuindo ao merca-
um amplo processo de abertura política – glasnost – e de do a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a
reestruturação da economia – perestroika. população desses países entendeu muito rápido que essa
A abertura política, que possibilitaria à população ma- política neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas
nifestar-se a respeito de suas necessidades, tornando-a seriam sentidas na área social. Na segunda metade da dé-
coautora da ação do Estado que efetivamente a represen- cada de 90, a tendência neoliberal foi desbancada politi-
taria, possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos camente na Alemanha, na França, na Itália e na Inglaterra.
nacionalistas, sufocados duramente durante a Guerra Fria. A globalização que derruba fronteiras poderia deses-
A reestruturação da economia, que redirecionaria a ação tabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à mercê
do planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o do capital especulativo internacional, criando espaço para
que de fato era sabido pelo governo e pela sociedade so- a ação maior de capitais americanos.
viética: que o planejamento estatal fora um fracasso, se não A nova ordem internacional acabou com um sem-nú-
em sua totalidade, pelo menos devido à consolidação da mero de conflitos diretamente ligados à ação das super-
burocracia e da maquiagem dos resultados que o Estado potências; mas fez surgir outros, na sua maioria de origem
procurou contabilizar politicamente. étnica, religiosa e nacional, que durante a Guerra Fria fo-
O caos econômico, associado à instabilidade política, ram mantidos em estado latente, pois poderiam ameaçar a
efeitos colaterais do processo de modernização do país, hegemonia das superpotências sobre determinados países
levaram a URSS ao fim em 1991. E diante da necessidade ou regiões.
de manutenção da integração econômica das ex-repúbli- Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pro-
cas soviéticas, visto que ainda não gozavam de autonomia nunciado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, agora
nesse setor para se inserirem no mercado internacional, Norte-Sul, vale a abertura dos mercados, o fim de restrições
criou-se a CEI – Comunidade dos Estados Independentes, comerciais e a implantação de um comércio mais amplo,
que tinha também como atributo o monitoramento do ar- sob a égide da OMC – Organização Mundial do Comércio,
senal da ex-URSS. que substituiu o GATT – General Agreement of Taxes and
Trading (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
Os Países Pós-Socialistas A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial.
Os capitais estão cada vez mais livres e, perante uma varia-
Efetivamente a CEI nasceu morta. Do ponto de vista da gama de possibilidades de investimentos, deslocam-se
econômico, as ex-repúblicas soviéticas tomaram rumos facilmente de um país para outro, de uma economia menos
não necessariamente concordantes. O fato é que pouco atraente para outra mais atraente, até que uma outra surja,
resta hoje do que já foi a segunda maior economia do num fluxo contínuo de investimentos que se movimentam
mundo. As crises se sucedem. ao sabor dos ventos da economia.

11
HISTÓRIA GERAL

O Neoliberalismo nos Países Emergentes nômicas como muito mais prolongadas, ao contrário do
que se podia sentir nas crises anteriores à transição para o
No entanto, os efeitos alucinantes do mercado livre, capitalismo monopolista, as quais teriam se caracterizado
das múltiplas possibilidades de investimento e de integra- por serem explosivas e menos duradouras, causadas, prin-
ção econômica acarretaram a atual crise mundial. cipalmente, por más colheitas e ausência de produtos no
Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, a mercado, provocando fome, miséria e revoltas sociais de
Rússia, e o Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital in- vulto, a canalizar o descontentamento imediato das mas-
ternacional. Dependentes de investimentos externos, es- sas.
ses países foram obrigados a abrir suas economias e seu De fato, somente com a passagem para o capitalismo
mercado consumidor. No entanto, a concorrência dos pro- monopolista, a Europa continental passaria a sentir a ple-
dutos importados frente aos nacionais abalou o parque na expansão das relações capitalistas no campo, transfor-
industrial dos países do sul, exceção feita aos Tigres Asiáti- mando a antiga estrutura baseada no atendimento às ne-
cos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao cha- cessidades de consumo dos produtores em uma economia
mado neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o voltada, essencialmente, à produção de mercadorias. Nes-
equacionamento das questões sociais. Endividadas e com te momento, o caráter das crises também se transforma.
máquinas administrativas inoperantes do ponto de vista Hilferding, cujos estudos ajudaram Lênin a desenvolver
político e monetário, essas economias quebraram. suas análises sobre o imperialismo, dizia que, na produ-
O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o ca- ção mercantil pré-capitalista, as perturbações na econo-
pital especulativo internacional – não vê nesses países mia eram decorrentes de catástrofes naturais ou históricas,
amplas possibilidades de se reproduzir. Para evitar a fuga como queda da colheita, secas, epidemias, guerras. Isto
desses capitais, essenciais para a manutenção de seu tênue porque tal produção era dirigida a atender às necessida-
desenvolvimento, os países do sul queimam suas reservas des próprias dos produtores, ligando produção e consumo
cambiais, elevam as taxas de juros, agravam seus proble- como meio e fim, ao passo que somente o capitalismo ple-
mas sociais internos, ampliam as desigualdades, mas man- namente consolidado passa a generalizar a produção de
têm os investimentos externos, que não tardarão a exigir mercadorias, fazendo com que todos os produtos tomem
mais e mais capitais, em mero processo de especulação. a forma de mercadorias e tornando o produtor dependen-
O mundo sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso te do mercado, ao fazer da venda da mercadoria condição
está expresso no relatório das Nações Unidas para o De- prévia para a retomada da produção.
senvolvimento Humano. Os países ricos enriquecem ainda A dependência do produtor em relação ao mercado, a
mais, enquanto os países pobres perdem suas reservas e anarquia na produção e a separação do produtor do con-
são obrigados a se sujeitar cada vez mais às determina- sumo (o produto deixa de ser propriedade do produtor
ções do mercado financeiro. e, consequentemente, sua produção não tem mais como
Com a globalização da economia, há a perspectiva de objetivo central o seu consumo) são características da
uma maior integração no sentido de cooperação entre os produção capitalista, ou seja, da produção cujo objetivo
países; mas existem os excluídos – nações que não cons- é a realização e multiplicação do lucro. A possibilidade de
tituem Estados nacionais. A globalização não dá conta do crise no capitalismo nasce da produção desordenada e
nacionalismo, que surge na defesa de interesses de nações do fato pelo qual a extensão do consumo, pressuposição
apartadas do direito a um território, o que faz eclodir inú- necessária da acumulação capitalista, entra em contradi-
meros conflitos políticos, étnicos, religiosos e até mesmo ção com outra condição, a da realização do lucro, já que
tribais. No mundo global não há espaço para aquelas na- a ampliação do consumo de massas exigiria aumento de
ções que, por mais justa que seja sua reivindicação, não salários, o que provocaria redução da taxa de mais valia.
se constituíram como Estado e não são, portanto, econo- Tal contradição insanável faz com que o capital busque
micamente viáveis. A globalização é o que o capitalismo compensá-la através da expansão do campo externo da
quer, independentemente do desenvolvimento, da inte- produção, isto é, da ampliação constante do mercado.
gração real e da mutualidade entre os povos. Quanto mais a força produtiva se desenvolve, tanto mais
entra em antagonismo com a estreita base da qual depen-
As Crises Econômicas Capitalistas dem as relações de consumo. Portanto, a crise periódica é
inerente ao capitalismo, pois somente pode ser resultante
O processo de aprofundamento e alargamento das re- das condições específicas criadas pelo próprio sistema.
lações capitalistas no mundo veio acompanhado de outro, Segundo a teoria exposta originalmente por Marx no
igualmente drástico, para as populações: o das sucessivas Livro III de O Capital, quanto mais se desenvolve o capita-
crises de superprodução, que passavam, a contar da dé- lismo, mais decresce a taxa média de lucro do capital. Esta
cada de 1870, a fazer parte da realidade econômica dos ideia fundamenta-se no fato de que o processo de acu-
países capitalistas desenvolvidos, cujas consequências mulação capitalista leva, necessariamente, ao aumento da
atuariam no sentido de contribuir, sensivelmente, para a composição orgânica do capital, a qual é apontada como
promoção de alterações profundas na estrutura das so- sendo a relação existente entre o capital constante (o va-
ciedades burguesas. A partir da consolidação do capita- lor da quantidade de trabalho social utilizado na produção
lismo na sua fase imperialista, percebem-se as crises eco- dos meios de produção, matérias-primas e ferramentas de

12
HISTÓRIA GERAL

trabalho, ou seja, o “trabalho morto” representado, basica- Na fase imperialista, o poder industrial separa-se da
mente, pelas máquinas e pelos insumos necessários à pro- fábrica e centraliza-se num truste, num monopólio, num
dução) e o capital variável (valor invertido na reprodução banco, ou na burocracia de Estado, sendo ultrapassada a
da força de trabalho, o “trabalho vivo” dos operários). O fase liberal na qual o proprietário era, ao mesmo tempo,
processo de acumulação resulta na tendência à substitui- empreendedor, gerenciando uma propriedade individual
ção do “trabalho vivo”, a única fonte de valor, por “trabalho ou familiar. A concorrência clássica da época da “mão
morto”, que não incorpora às mercadorias nova quantida- invisível do mercado” foi substituída pela concorrência
de de valor, mas apenas transmite às mesmas a quantidade entre oligopólios, empresas múltiplas comandadas por
de valor já incorporada nos meios de produção. Como a gerências que trocaram a gestão empirista e intuitiva
taxa de lucro depende da taxa de mais valia, cujo valor se do capitalismo liberal pelo planejamento estratégico. Ao
reduz com a redução do “trabalho vivo”, as taxas de lucro, contrário do que parte da esquerda imaginou, a planifi-
a longo prazo, tendem a decrescer. cação gerencial das empresas não significou um passo na
Tal situação é decorrente da própria concorrência ine- direção do socialismo, pois a competição não deixou de
rente ao sistema capitalista, a qual obriga os capitalistas existir, apenas tendo se transferido para novos patama-
a buscar superar seus rivais através do investimento em res, assim como o planejamento oligopolista não alterou
meios de produção tecnologicamente mais avançados, a estrutura da sociedade, mas contribuiu para o processo
para reduzir os custos da produção, além de tentar eco- de renovação e ampliação da hegemonia burguesa.
nomizar ao máximo na parcela relativa ao capital variável,
em função do acirramento dos conflitos provocados pela O Capitalismo Contemporâneo
luta de classes e pelo fortalecimento do movimento ope-
rário. A queda da taxa de lucro, portanto, é resultado, em As tendências verificadas na passagem para o im-
última instância, da tendência à substituição do “trabalho perialismo aprofundaram-se durante a primeira meta-
vivo” por “trabalho morto”, fazendo reduzir a fonte de mais de do século XX, sendo responsáveis pela eclosão de
valia, o que acaba por originar uma super acumulação de duas guerras mundiais, entremeadas pela grande crise
capital e de mercadorias, ao mesmo tempo em que promo- econômica de 1929 e a ascensão do nazifascismo. Uma
ve uma restrição na capacidade de consumo da sociedade,
nova ordem econômica mundial foi erigida, no mundo
por causa do desemprego que desencadeia.
capitalista, após a Segunda Grande Guerra, muito em
Com o desenvolvimento pleno do capitalismo, cresce a
função do surgimento de um poderoso bloco socialis-
interdependência internacional dos processos econômicos
ta capitaneado pela União Soviética. A Conferência de
nacionais, situação que se reflete no caráter das crises, fa-
Bretton Woods, realizada nos EUA em 1944, estabelecia
zendo da crise capitalista um fenômeno mundial. Ao mes-
as bases da economia capitalista contemporânea, com
mo tempo, porém, enquanto as firmas menores sofrem a
a definição das regras do sistema monetário e finan-
falência e a bancarrota em massa, o processo de concen-
ceiro internacional capitalista ao fim do conflito, visan-
tração do capital faz aumentar a capacidade de resistência
do impedir o excesso de moeda circulante e a inflação
da grande empresa. Enquanto a produção artesanal e vol-
tada para consumo próprio é praticamente aniquilada com (conforme a ortodoxia liberal, o excesso de dinheiro
o progresso do capitalismo, a grande empresa, cuja produ- circulando no mercado e altos salários dos trabalha-
ção passa a atingir amplos mercados e se diversifica, pode dores eram apontados como principais causadores da
prosseguir durante a crise, mesmo tendo sido forçada a inflação e das crises econômicas).
reduzir parte da produção. A resistência às crises é também A conjuntura do pós-guerra apontava para o poderio
aumentada pela forma de organização da sociedade anô- inquestionável dos Estados Unidos, que saíam da guerra
nima, que, decorrente da crescente influência dos bancos como a grande potência econômica, financeira, política e
junto às indústrias, é responsável pela maior facilidade na militar, liderando o bloco capitalista e iniciando a Guerra
captação de capitais e no acúmulo de reservas na época de Fria contra a União Soviética e o bloco socialista. Duas
“prosperidade”, além de proporcionar um controle maior nações poderosas, Alemanha e Japão, estavam derrota-
na gerência do capital. das; França e Inglaterra debilitadas pela guerra. O dólar
Do quadro exposto não convém inferir que as empre- foi definido como moeda padrão internacional (os EUA
sas resultantes de processos de concentração, fusão ou detinham 80% das reservas de ouro do planeta, e o Te-
cartelização sejam capazes de debelar os efeitos da crise, souro norte-americano garantia a conversibilidade do
mas, sim, que possam encará-los de maneira menos trau- metal em troca de dólares). Foi o momento da criação
mática, pois o peso maior da crise será sentido pelas in- do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e De-
dústrias não cartelizadas. No que tange à luta de classes, a senvolvimento, o Banco Mundial), do FMI (Fundo Mone-
concentração de capital faz crescer o poder do empresaria- tário Internacional), que receberam dos EUA um capital de
do no enfrentamento à organização crescente dos traba- U$ 10 bilhões e do GATT (atual Organização Mundial do
lhadores. A grande indústria também é capaz de oferecer Comércio). Estas instituições foram criadas com o objeti-
maior resistência às greves operárias do que, antes, permi- vo de administrar um sistema no qual o desenvolvimento
tia a estrutura das pequenas e médias empresas, isoladas econômico mundial passava a depender em larga medida
entre si e competindo umas com as outras. da aceitação das condições impostas pelos Estados Unidos.

13
HISTÓRIA GERAL

O Plano Marshall encabeçou a ajuda estadunidense da Bolsa de Nova York, em 1929; a experiência keynesiana
aos países capitalistas destruídos pela guerra. Foram des- anterior nos Estados Unidos, com o New Deal, durante o
tinados U$ 13 bilhões à Europa, com desvalorizações ma- governo Roosevelt; a ascensão ao poder de partidos so-
ciças das outras moedas em relação ao dólar e politizando cial-democratas, trabalhistas ou socialistas; o fortalecimen-
as relações econômicas dos EUA com os demais países, em to dos partidos comunistas após a guerra, graças à parti-
função do endurecimento com o Leste europeu. À medida cipação destacada na resistência ao nazifascismo em seus
que crescia a participação dos EUA na defesa do chamado países e ao prestígio conquistado pela União Soviética em
“mundo livre” (capitalista), os gastos militares desse país função de sua decisiva atuação para a derrota da Alema-
passaram a representar o maior movimento de capitais nha nazista e para a libertação dos territórios sob domínio
para o exterior. alemão; a pressão político-ideológica exercida pelo bloco
A nova conjuntura internacional enterrava definitiva- socialista.
mente a antiga ordem imperial baseada na colonização Os primeiros sintomas de uma nova crise capitalista de
direta. O “novo imperialismo” implicou que cada vez mais grandes proporções, porém, foram sentidos na década de
regiões do globo se tornassem dependentes do merca- 1960, quando o passivo externo, isto é, o dólar circulante
do, fato que permitiria à nova potência imperial capitalista fora dos Estados Unidos, era exatamente igual às reser-
(EUA) penetrar muito além do alcance da conquista militar vas norte-americanas em ouro. Se todo mundo chegasse
e do domínio político direto. O capitalismo, que sempre com dólar e exigisse do governo dos EUA a troca por ouro,
foi capaz de gerar novas e crescentes necessidades de ex- as reservas cairiam a zero. Daí para a frente, o distancia-
pansão permanente, demonstrava também ser capaz de mento entre o passivo externo e o ouro nos EUA só ten-
produzir outra forma de dominação, diferente de qualquer deu a aumentar. A conjuntura internacional era marcada
uma que tenha existido no passado: a dominação não mais pela crescente recuperação das economias europeias e
exclusivamente dependente do controle político e militar do Japão, resultando na maior concorrência das empre-
direto, mas realizada através de imperativos econômicos sas destes países com as norte-americanas, acompanhada
e da subordinação ao mercado, manipulado em benefício de um processo acirrado de lutas de libertação nacionais
do capital imperialista. na África e na Ásia (1958/1963) e da expansão da Guerra
Novos métodos de sujeição foram desenvolvidos, per- Fria. A participação direta dos EUA em conflitos regionais,
mitindo às principais potências capitalistas e aos Estados como as Guerras da Coreia e do Vietnan aprofundaram os
Unidos, em particular, direcionarem os Estados a agirem gastos militares e a corrida armamentista. Daí que a crise
em benefício do grande capital, sem a necessidade de a do petróleo, em 1973, tenha sido apenas a gota d’água
todo momento exercer o domínio militar direto. Ilustração de um processo de crise de superprodução já há tempos
significativa desta mudança foi a emergência da Alemanha anunciado.
e do Japão após a guerra, com a ajuda de seus antigos
adversários, como os maiores competidores econômicos Neoliberalismo e Globalização
dos EUA, numa relação contraditória de concorrência e
cooperação. O boom econômico terminava nos anos 1970, em
Nos anos seguintes à guerra, os Estados Unidos e as grande parte porque a competição entre as grandes po-
principais economias capitalistas viveram um longo boom tências capitalistas produzia uma crise de superprodução
econômico. Em tais condições, havia interesse real no de- e queda de lucros. Começava um novo movimento des-
senvolvimento das economias nacionais, tendo em vista cendente na economia capitalista globalizada. Paralela-
que isso significava a expansão dos mercados consumido- mente, a crise política vivenciada nos anos 1980 pelos paí-
res. Tal situação favoreceu a emergência do Welfare State ses socialistas do Leste Europeu e, com maior dramatici-
(Estado de Bem Estar Social), caracterizado pela aplicação dade, pela União Soviética da era Gorbatchev, possibilitou
de um conjunto de medidas e leis de proteção aos tra- a ofensiva do grande capital na fase neoliberal, marcada
balhadores adotadas pelos Estados europeus a partir de pela ascensão ao poder de grupos de direita, por meio das
1945. Em países como Inglaterra, França, Suécia, Alemanha eleições, em diversos países ocidentais (Margaret That-
e outros, o Estado passou a ser responsável pela previ- cher, 1979, Inglaterra; Ronald Reagan, 1980, EUA; Helmut
dência social, pela assistência médica universal, estabele- Khol, 1982, Alemanha; Schluter, 1983, Dinamarca).
cendo, ainda, seguros sociais que garantiam o amparo à As origens do pensamento neoliberal estão ligadas ao
velhice, à invalidez, à maternidade e aos desempregados. livro O Caminho da Servidão, do economista Friedrich Ha-
Além disso, o Estado passava a controlar os setores estra- yek (1944), através do qual atacava a social-democracia e
tégicos da economia (energia, comunicações, transportes, o keynesianismo, buscando resgatar as bases teóricas do
serviços públicos, etc). liberalismo clássico, às vésperas das eleições na Inglaterra,
A emergência do Welfare State foi consequência de vencidas pelos trabalhistas, logo após a guerra. Em 1947,
uma série de fatores conjugados, para além da conjun- uma reunião de intelectuais contrários à política keynesia-
tura de crescimento econômico após a Segunda Grande na, em Mont Pèlerin, na Suíça, inaugurava a “francomaço-
Guerra: a conquista de direitos sociais e trabalhistas pelo naria neoliberal”. Hayek e seus companheiros argumen-
movimento operário europeu, após mais de um século de tavam que o novo “igualitarismo” do período, promovido
embates; o receio de novas crises econômicas após o crack pelo Estado de Bem Estar Social, destruía a liberdade dos

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HISTÓRIA GERAL

cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual depende- produtiva), a expropriação do contrato de trabalho e dos
ria a prosperidade de todos. Somente cerca de quarenta direitos sociais, como forma de tornar o emprego descar-
anos depois o pensamento neoliberal encontrava campo tável e a mão de obra plenamente disponível para o capital,
fértil para sua difusão, sendo adotado pelos grupos eco- tudo isso contribui para a perda do sentido de classe e da
nômicos que hegemonizaram os Estados nacionais com capacidade de organização e de resistência à exploração
políticas de desmonte dos sistemas de bem estar e de por parte dos trabalhadores.
ataques às conquistas dos trabalhadores, visando inaugu- Uma das principais teses propagadas pelas correntes
rar uma nova fase de acumulação capitalista. neoliberais é a de que a chamada globalização contem-
As raízes da crise dos anos 1970, segundo os neo- porânea, além de caracterizar uma nova época histórica
liberais, estaria no poder excessivo e nefasto dos sindi- marcada pelo triunfo final do capitalismo, o que teria fe-
catos e, de maneira geral, do movimento operário, que chado as portas para outras alternativas políticas e sociais,
havia corroído as bases da acumulação capitalista com promoveria uma crescente unidade e integração do capi-
suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua tal internacional. A transnacionalização do capital signifi-
“pressão parasitária” para que o Estado aumentasse cada caria não a intensificação da concorrência, mas, ao contrá-
vez mais os gastos sociais. Tais processos teriam sido res- rio, o declínio da competição entre os grandes capitalistas
ponsáveis pela redução dos níveis necessários de lucros e a interpenetração dos capitais de origens nacionais, por
das empresas e pelo desencadeamento de movimentos meio de uma crescente colaboração entre as empresas.
inflacionários, provocando a crise econômica. As soluções Haveria, assim, uma relação inversa entre globalização e
propostas para enfrentamento da crise centravam-se na competição. Quanto mais globalmente integrado ficasse
conformação de um Estado forte para romper com o po- o capitalismo, menos concorrência haveria.
der dos sindicatos e para controlar a circulação do dinhei- Na verdade, a globalização moderna significa justa-
ro, ao mesmo tempo em que se apresentava como um mente o contrário. Não podemos esquecer jamais que a
Estado mínimo na intervenção direta na economia e nos competição é e sempre será o coração do sistema capi-
gastos sociais. talista e que será sempre uma lei da concorrência que o
As metas supremas dos governos neoliberais pas- capital busque caminhos para vencer ou evitar a compe-
savam a ser a estabilidade monetária; a contenção dos tição. Sendo assim, uma das consequências da compe-
gastos com o bem estar social; a restauração da taxa “na- tição capitalista é o fato de que os perdedores poderão
tural” de desemprego, ou seja, o aumento do exército de ser absorvidos pelos vencedores. Portanto, a tendência à
reserva de mão de obra, para reduzir salários e quebrar o concentração e à centralização do capital é uma das ex-
poder de pressão dos sindicatos; as reformas fiscais para pressões da concorrência, não sua antítese. A competição
incentivar agentes econômicos; a redução dos impostos envolvendo grandes corporações transnacionais intensi-
cobrados aos mais ricos e às grandes fortunas (setor dinâ- fica-se à medida que novos e cada vez mais agressivos
mico da sociedade capitalista). Uma nova e “saudável de- competidores participam da guerra pelos mercados.
sigualdade” voltaria a dinamizar as economias avançadas.
A revolução das comunicações e a introdução da au-
Dentre as principais políticas adotadas pelos gover-
tomação, que em um primeiro momento reduziu a capa-
nos neoliberais estavam os programas de privatizações
cidade de negociação da classe operária, possibilitaram a
de empresas estatais nos setores estratégicos e de servi-
concentração da produção em unidades produtivas espe-
ços públicos, favorecendo o avanço dos processos de oli-
cializadas e capazes de abastecer o mercado mundial. A
gopolização e monopolização do capital. O desmonte do
criação de mercados comuns e a queda de barreiras ta-
Estado de Bem Estar se deu através do corte nos gastos
rifárias facilitaram o fluxo de mercadorias. Teóricos anun-
sociais e da mercantilização dos direitos sociais duramen-
ciaram a sociedade pós-industrial e a era dos serviços. Na
te conquistados pelas classes populares, os quais foram
esquerda, virou moda dizer que o tempo do trabalho se
convertidos em bens ou serviços adquiríveis no mercado
(saúde, educação, seguridade social transformam-se em foi e seria a vez dos excluídos. O proletariado não dimi-
mercadorias). A ideologia dominante promove a exalta- nuiu, ao contrário, cresceu em termos mundiais.
ção do mercado: competir é a regra; cidadania vira sinô- O capitalismo incorporou regiões e populações intei-
nimo de possibilidade de acesso ao consumo dos bens ras à produção de mercadorias. Desorganiza a economia
no mercado. camponesa da China e da Índia, separando os trabalha-
Desenvolvem-se novas formas de dominação dos dores dos seus meios de produção. Cerca de um bilhão
trabalhadores, associadas à crescente deterioração e e meio de trabalhadores foram incorporados à produção
precarização dos direitos trabalhistas, com a necessá- capitalista de mercadorias. Com novos trabalhadores e
ria depreciação do valor de uso da mais importante das novos consumidores, o capitalismo garantiu mais um ci-
mercadorias no sistema capitalista: a força de trabalho. O clo de expansão. Cento e cinquenta anos de conquistas
aumento do desemprego industrial nos países de capita- sociais dos trabalhadores da Europa e dos EUA, o Estado
lismo desenvolvido, a adoção de novas técnicas de geren- de Bem Estar Social e a concorrência do bloco socialista
ciamento da produção e de controle da força de trabalho, encareceram o preço da força de trabalho. A produção
sob a égide do toyotismo, os processos de terceirização manufatureira, em grande parte, migrou da Europa, dos
e fragmentação das unidades produtivas (a reestruturação EUA e do Japão para outras regiões – norte do México,

15
HISTÓRIA GERAL

Malásia e Indonésia, sul da China e Índia. Esse processo manter as condições de acumulação e competitividade
persiste, na busca de menores custos de reprodução da de várias formas, preservando a disciplina do trabalho
força de trabalho. Pela primeira vez, a maioria da popula- e a ordem social em face das crescentes políticas de
ção mundial está submetida ao processo de produção de expropriação (de direitos, contratos, postos de trabalho,
mais valia, vivendo no assalariamento, vendendo sua força conquistas sociais, etc). Toda corporação transnacional se
de trabalho aos detentores de meios de produção. Mais do erige sobre uma base nacional que depende de um Esta-
que nunca, a contradição capital-trabalho é a principal em do local para manter sua viabilidade, assim como necessi-
nosso tempo, não apenas como figura de retórica. ta que outros Estados lhe proporcionem o acesso a novos
O impulso inicial do grande crescimento chinês foi mercados e a novos contingentes de trabalhadores. Pro-
dado pela produção para exportação de manufaturas cessos históricos nacionais de conquista da hegemonia na
de baixa qualidade. Multinacionais de todos os setores sociedade e no Estado por parte das frações burguesas
– eletroeletrônicos, brinquedos, autopeças – se instala- locais associadas aos capitais transnacionais garantiram a
ram na China ou terceirizaram a produção em empresas efetiva expansão da ordem neoliberal em diversos países.
locais. Os custos baixos da força de trabalho e o controle A globalização como uma forma de imperialismo ne-
cambial por parte do governo chinês permitiram a prática cessita da desigualdade entre as economias nacionais e
de preços bem abaixo dos padrões então vigentes. Mas regionais, pois o capital se fortalece na diferenciação da
a China tem diversificado a sua matriz industrial, depen- economia mundial, tendo liberdade para se deslocar com
dendo cada vez menos da exportação de manufaturas de o propósito de explorar regimes de mão de obra mais ba-
baixo valor agregado. Seu vigoroso crescimento indus- rata. Ao mesmo tempo, a relação entre poder econômico
trial e a consequente elevação do nível de vida de parte e poder político, entre capital e Estado, não sendo uma
da sua população têm demandado quantidades cada vez relação mecânica, mas contraditória e complexa, pode ser
maiores de combustíveis, minérios e alimentos no mer- fonte de instabilidades para o domínio do capital globali-
cado mundial. Em contrapartida à deflação das manufa- zado. As realidades locais, onde efetivamente acontecem
turas, assiste-se a uma inflação de produtos primários. os processos de luta de classes, a todo momento sofrem
No mundo neoliberal e imperialista, os países e Es- mudanças em função das contradições históricas e dos
tados nacionais continuaram a desempenhar um papel conflitos sociais, como pode ser verificado na conjuntura
central, a despeito do muito que já se falou sobre a “glo- de amplos movimentos de massas e ascensão de gover-
balização”. Em muitos aspectos, o poder estatal foi re- nos de corte popular nos últimos anos na América Latina,
forçado. É o caso das políticas monetárias que visam à assim como nas explosivas e massivas revoltas recentes
estabilidade dos preços, a despeito do desemprego que na Grécia.
geram. É o caso das políticas econômicas e sociais visan- Diante deste quadro de instabilidade política e social
do reduzir o custo do trabalho. No plano internacional, permanente, o imperialismo, com seu centro hegemô-
os Estados foram os vetores da mundialização da ordem nico nos Estados Unidos, buscou aplicar, sob o governo
neoliberal, pela eliminação das barreiras à circulação de Bush, a doutrina da “guerra permanente”, elegendo o
bens e capitais e da abertura dos países ao capital in- “terrorismo” como inimigo central a ser abatido, com o
ternacional, principalmente, pela venda, a baixos preços, real objetivo de sustentar a hegemonia do capital global
das empresas públicas mais rentáveis. estadunidense numa economia mundial administrada por
Para exercer o seu alcance global, o capitalismo pre- muitos e diferenciados Estados locais. A política belicista
cisa dos Estados nacionais para manter as condições do governo Bush foi adotada em função da necessidade
vitais ao sucesso de suas operações, ou seja, todo um de manutenção da indústria bélica. O Pentágono garante
o funcionamento da indústria no único setor que não é
aparato legal, político, administrativo e coercitivo capaz
exportado nem terceirizado: o complexo industrial militar.
de prover a ordem necessária à manutenção do sistema
É verdade que o complexo não está imune à crise da in-
de propriedade numa situação de cada vez mais violenta
dústria americana, porém, consegue polpudos lucros, com
desigualdade. Além disso, o capital global se beneficia
a invenção de guerras e pagamentos à vista e com altos
do desenvolvimento desigual e da diferenciação existen-
sobrepreços.
te nas diversas economias do mundo, que proporcionam Para a ação global imperialista, o funcionamento deste
fontes baratas de trabalho e de recursos, ao mesmo tem- complexo industrial militar, por meio da demonstração de
po em que controlam a mobilidade da mão de obra. A um poder militar maciço, tem fundamentalmente a preten-
forma política do capitalismo global, portanto, não é um são de exercer um efeito intimidatório em todo o planeta,
Estado global, mas um sistema global de múltiplos Esta- com os EUA assumindo o papel de “polícia do mundo” em
dos locais. favor do capital. Como o poder militar estadunidense não
O capitalismo não criou o Estado nação, mas não é consegue estar em todo lugar o tempo todo, nem impor
casual o fato de este instrumento da dominação burguesa um sistema de Estados plenamente subservientes, a ação
ter praticamente se tornado a forma política universal no imperialista dos EUA se utiliza do efeito demonstração,
período em que os imperativos do mercado capitalista se atacando alvos fragilizados e previamente escolhidos, jus-
difundiram até abranger todo o globo. Acima de tudo, no tamente por não oferecerem ameaça real imediata, como
mercado globalizado, o capital necessita do Estado para ocorre no Iraque e no Afeganistão.

16
HISTÓRIA GERAL

A Crise Econômica Atual suas empresas. A indústria automobilística, carro chefe da


economia nos EUA, enfrenta uma crise sem precedentes,
Nos últimos anos, o capitalismo tem vivido ciclos de com fortes prejuízos das três maiores montadoras. A in-
crise e expansão cada vez mais curtos e constantes. Desde fraestrutura sofre com o abandono e a falta de investi-
o crash da bolsa americana, em 1987, o capitalismo assis- mentos. O peso dos EUA no PIB global diminui ano a ano.
tiu aos seguintes choques: crise imobiliária no Japão, no Importador universal, os EUA geram um imenso défi-
início dos anos 1990, seguida pela estagnação dessa eco- cit externo, casado com um déficit fiscal de similar mag-
nomia por mais de uma década; crise asiática, em 1997, nitude. Para fazer frente a estes déficits, o capitalismo
com a quebra do mercado de capitais e de câmbio e perda estadunidense depende do endividamento do governo,
de dinamismo da Coreia e demais tigres asiáticos; a crise das empresas e das famílias. Para sustentar esse endivida-
dos fundos, em 1998; crise cambial na Rússia, em 1999; cri- mento, os EUA se tornaram os maiores importadores de
se cambial no Brasil, México e Argentina, em 2001; estouro capital. Vendem títulos de governo, ações, obrigações pri-
da bolha da internet, em 2002; crise do mercado imobiliá- vadas, títulos de todo o tipo, empresas, tudo para susten-
rio estadunidense e crise de liquidez bancária na Europa tar o serviço das dívidas pública e privadas. Os EUA são o
e nos EUA. O aspecto financeiro dessas crises é reflexo da centro da especulação financeira, atraindo todo o tipo de
perda de dinamismo das economias da União Europeia, dinheiro, dos fundos soberanos da Ásia e do Oriente Mé-
EUA e Japão. A crise do subprime em 2007 foi resultado dio aos lucros das máfias de todo o tipo. O cassino global
direto da diminuição da renda do trabalhador americano é vital para o financiamento do capitalismo nos EUA. A
e do desemprego. crise financeira é a crise da economia real estadunidense.
Na esteira da crise de 1987, os mecanismos de contro- A economia dos EUA é vítima do próprio expansionis-
le dos bancos centrais se sofisticaram, bem como a coor- mo. As grandes empresas procuram outros pousos, onde
denação entre esses bancos. Existe uma rede internacional o custo da reprodução da força de trabalho é mais baixo.
da liquidez, na qual participam o Federal Reserve, dos EUA, A revolução tecnológica elevou a composição orgânica do
o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra e o Banco capital, aumentando as taxas de mais valia e reduzindo as
Central Japonês. Ao mesmo tempo, a busca por ganhos taxas de lucro. Isso forçou a uma concentração de capital
maiores trouxe um desenvolvimento constante da “tec-
em proporções nunca vistas, com fusões e aquisições que
nologia” financeira, com o surgimento de novos fundos,
se espalham pela produção capitalista no mundo todo. A
securitização, diversificação de portfólios e derivativos. A
oligopolizado da economia, inclusive do comércio varejis-
garantia da liquidez fez os detentores de riqueza assumi-
ta, destruiu a pequena e média indústria dos EUA.
rem riscos maiores, criando um risco moral, em função do
Mas a mais recente crise econômica global não se
papel garantidor de última instância dos bancos centrais.
restringe à esfera financeira ou ao mercado estaduni-
Mecanismos de governança bancária e de disciplina da li-
dense. Trata-se de uma crise de super acumulação, tendo
quidez, como os acordos da Basileia, viraram letra morta,
rapidamente se alastrado por todo o sistema capitalista
com a autonomia dos gestores de fundos, autonomia esta
e todos os países do mundo. Pelos volumes de recursos
estimulada pelos grandes bancos, em busca de ganhos ex-
tras e diluição de riscos. que envolve, é uma crise maior que a de 1929 e, como o
A velocidade das comunicações, casada com a des- capitalismo está globalizado, seja no comércio de bens e
regulamentação geral dos mercados de dinheiro e ativos, serviços, nas cadeias produtivas, no caráter mundial das
permitiu a atuação dos detentores de riqueza por todo o grandes empresas ou na movimentação financeira, ela
planeta. A flexibilidade de atuação dos detentores de ri- atinge, simultaneamente, o centro do sistema, ou seja,
queza intensificou a concorrência por capitais. Empresas Estados Unidos, Europa e Japão, e impacta os chamados
e governos ofereceram aos aplicadores remunerações aci- mercados emergentes, como China, Rússia, Índia e Bra-
ma das taxas de inflação e de crescimento real da econo- sil. Muitos outros países, cujas economias dependem de
mia, aumentando os volumes de recursos nas mãos dos suas exportações para os grandes centros do capitalismo,
detentores de riqueza. Isso gerou uma superabundância já sofrem os efeitos da crise, uma vez que, assim como
de liquidez (dinheiro disponível para investimentos reais a China, reduziram suas compras no exterior. A saída de
e financeiros), que, em consequência, levou a uma infla- capitais para as matrizes das empresas e bancos é outra
ção de ativos. A globalização das finanças é decorrente da fonte de abalo para estes países.
universalização do capital. Essa universalização nada mais A origem deste processo é o “estouro” do mercado
é do que a universalização da extração da mais valia, da de crédito imobiliário dos EUA, onde empresas constru-
exploração da força de trabalho. toras e compradores aliaram-se na inadimplência, ofere-
A estagnação da economia estadunidense é um fenô- cendo e aceitando créditos sem garantias, combinando
meno claro desde a década de 1970. Mesmo entremea- ganância pelos ganhos fáceis com aplicações financeiras
do de períodos de grande crescimento, como na segunda e operações sem lastro (apostas, como num cassino) com
metade dos anos 80 e de meados dos anos 90, a tendência a imprudência gerada por um padrão de consumo exacer-
para o baixo crescimento é constante. Os EUA assistiram a bado. Mas este é apenas um aspecto superficial da crise.
migração de várias de suas indústrias – para México, Chi- Se levarmos em conta que as taxas de lucro das grandes
na, Leste Asiático – e a desnacionalização de muitas de empresas mundiais – principalmente as de matriz nos EUA

17
HISTÓRIA GERAL

– estão em queda desde os anos 1960, fica evidente que A crise representa o fim de um período marcado pela
a busca por ganhos financeiros de investidores diversos, presença hegemônica do projeto neoliberal, que pro-
além do movimento especulativo em si, é uma tentativa piciou uma forma de acumulação, pela qual a saída do
das empresas de manter o nível de suas taxas de lucro. Em Estado das esferas da produção – com a privatização de
função da crescente expropriação dos trabalhadores e da empresas públicas – e do planejamento, a desregulamen-
redução de sua capacidade de compra em nível mundial, tação das economias, o fim dos sistemas de proteção à
as empresas produzem mais do que os mercados em re- produção interna, a retirada dos direitos dos trabalhado-
tração podem absorver. Assim, a onda sucessiva de com- res, o desmonte dos sistemas de bem estar públicos e ou-
pra e venda de papéis acaba por criar um castelo de car- tras medidas deram a tônica, objetivando oferecer toda
tas, que facilmente desmorona por não ter vínculos com a liberdade aos capitais e aumentar a taxa de exploração
a economia real, da produção. Ocorre, assim, a super acu- do trabalho. Ganhou enormemente com o neoliberalismo
mulação de capitais e a impossibilidade de valorizá-los na o setor financeiro, gerando uma proporção de 10 dólares
esfera da produção. girando na esfera financeira para cada 1 dólar aplicado na
Ainda é cedo para que os efeitos e a duração da crise produção.
sejam estimados com precisão, pois se, por um lado, o A crise significa também uma derrota política do capi-
montante de capital envolvido é muito alto, é também talismo e a quebra de todos os mitos criados pelo grande
correto afirmar que hoje, ao contrário de 1929, os Esta- capital para endeusar o neoliberalismo, como o mito do
dos estão mais aparelhados para fazer frente a proble- mercado autorregulador das relações econômicas, o mito
mas econômicos. Há instituições mais fortes, articulação da retirada do Estado da economia e das privatizações, o
internacional e uma aliança entre os Estados capitalistas, mito da desregulamentação, além do mito da credibilida-
para os quais a debelação da crise é uma necessidade. As de das agências de risco e do fim da história. No terreno
receitas disponíveis, do ponto de vista do capital, são a re- político, a crise marca o que pode ser o início do fim do
ceita keynesiana – com mais gastos públicos na produção Império estadunidense, uma vez revelada a sua debilidade
e base fiscal – e a receita monetarista, com a liberação de interna, reforça a multipolaridade e abre espaço para a re-
mais dinheiro para produtores privados e consumidores, tomada da ofensiva do campo socialista, mesmo que, com
na forma de crédito, com juros baixos. Outra saída, a saída a crise, os trabalhadores continuem ainda desorganizados
“natural” do sistema, ou seja, simplesmente deixar que as e precarizados. A crise põe em cheque, diretamente, o sis-
empresas quebrem, ou que haja fusões e incorporações tema de organizações multilaterais, como a ONU, e exige
para que empresas mais fortes surjam, para que o capi- uma nova ordem institucional mundial.
talismo se renove e volte mais forte, tem sido descartada Não devemos cultivar a ilusão de que esta crise é ape-
pelos principais líderes do governos dos países centrais, nas mais uma crise do capitalismo e que este modo de
como os presidentes Sarkozy, da França, e Obama, dos produção, ao final do processo, sairá mais forte e seguirá o
EUA. seu rumo num patamar superior, como ocorreu em outros
As primeiras respostas oferecidas pelos governos dos momentos da história. Tampouco devemos cair na arma-
países centrais combinaram elementos de ajuda e de es- dilha de acreditar que esta será a crise final do capitalismo.
tatização de bancos e socorro a empresas de grande por- O desenrolar da crise depende, fundamentalmente, da sua
te, além de baixas nas taxas de juros. A evolução da crise condução política e da correlação de forças nos embates
depende, portanto, da combinação de medidas a serem sociais que virão. As dimensões da crise e as dificuldades
tomadas e o peso dado a cada uma delas. No momento, de sua superação sinalizam para o acirramento da luta de
os sinais claros são de recessão, que poderá prolongar-se, classes e para a retomada do movimento de massas em
tornando-se uma depressão, ou convergir para um perío- caráter mundial, abrindo reais possibilidades de enfren-
do de alguns anos sem crescimento, ou seja, de estagna- tamento no sentido da transformação e da derrocada do
ção, trazendo consigo o desemprego e grandes tensões sistema capitalista.
sociais no centro e na periferia do capitalismo. Neste qua- Assim, cabe às forças revolucionárias lutar para que as
dro, a ofensiva contra os salários, direitos e garantias dos classes trabalhadoras assumam, organizadamente, a con-
trabalhadores e até mesmo a vigência de modelos autori- dução, o protagonismo do processo, garantindo soluções
tários de exercício de poder são uma possibilidade a mais. que, ao mesmo tempo em que combatem os efeitos ime-
A reunião do G-20, realizada em Washington ao fi- diatos da crise, criem as condições para que se acumule,
nal de 2008, apontou para algumas ações voltadas para na contestação da ordem burguesa, na defesa de seus di-
estimular a demanda, como medidas fiscais, mudanças reitos e na obtenção de novas conquistas, na organização
na política monetária, mais recursos para o FMI ajudar as e na consciência dos trabalhadores, a força necessária para
economias emergentes, empenho para romper o impasse assumir a direção política da sociedade no caminho da su-
na Rodada de Doha neste ano, reforma das instituições peração revolucionária do capitalismo. Mais do que nunca,
de Bretton Woods para dar mais voz às economias emer- está na ordem do dia a questão do socialismo.
gentes, entre outras medidas, no que parece ser um passo
no sentido de reforçar os aspectos regulatórios e de ação
coordenada dos principais países do mundo.

18
HISTÓRIA GERAL

QUESTÕES 04. (Professor – História – AOCP – 2013). As reper-


cussões da Primeira Guerra Mundial foram profundas em
01. (Professor – Educação de Jovens e Adultos – todo o mundo conforme se lê a seguir. Sobre o assunto,
Geografia – IMA – 2013). Sobre a Globalização, analise as assinale a alternativa INCORRETA.
proposições abaixo. A) A guerra alterou a crença no progresso humano,
I. A integração mundial se dá via formação de uma al- modificou costumes e sensibilidades, depois da experiên-
deia global, e as comunicações por parte da internet ficam cia da guerra, muitas pessoas passaram a defender o recur-
restritas à pequena parcela da população que tem acesso so da violência.
ao sistema de computadores. B) Os Estados Unidos foram o único país cujo único
II. O aumento de desemprego acontece em todo o prejuízo foi as vidas ceifadas, pois sua economia, garantida
mundo e, com ele, a disseminação da pobreza também pelo liberalismo, somente cresceu no entreguerras.
pelos chamados países ricos. C) Após tal catástrofe mundial, defender o ideal liberal
III. Redução das desigualdades de desenvolvimento se passou a ser quase um anacronismo, o que favoreceu o
dá através da expansão geográfica das empresas multina- surgimento de regimes totalitários.
cionais. D) O tratado de Versalhes foi bastante duro com a Ale-
IV. Com o advento de uma concorrência mundial, as manha; suas colônias passaram para as mãos dos aliados e
empresas antes ineficientes foram obrigadas a se moder- seu exército foi reduzido.
nizarem e terem preços e qualidades competitivos. E) As nações europeias enfraqueceram-se profunda-
Após análise das proposições acima podemos concluir mente, devido aos profundos custos da guerra e à desor-
que estão corretos somente em: ganização geopolítica como saldo.
A) III e IV.
B) II, III e IV. 05. (Professor PEB II – História – Soler – 2013). A
C) I, III e IV. Segunda Guerra Mundial provocou um surto de industria-
D) I, II e IV. lização no continente latino-americano:
02. (Professor – Educação de Jovens e Adultos – I – Os países envolvidos no conflito adaptaram seu par-
Geografia – IMA – 2013). Sobre a globalização, é correto que produtivo à indústria de guerra, diminuindo as expor-
afirmar. tações.
A) O processo de globalização atinge, diretamente e II – Inicia-se na América Latina a produção de bens in-
de modo homogêneo, os indivíduos em todos os aspectos dustrializados que não podiam ser importados, caracteri-
de sua existência, sobretudo em sua vida socioeconômica zando-se a chamada industrialização por substituição de
e cultural. importações.
B) A globalização passa por uma mudança radical das III – Um panorama geral da industrialização na Améri-
condições, passa da centralidade do dinheiro em todas as ca Latina apresentou três grupos principais: Brasil, México,
ações para a centralidade localizada no homem. Chile e Argentina, num primeiro plano; Peru e Venezuela
C) A globalização atual é irreversível, visto que foi abo- em segundo; os países restantes limitaram-se à indústria
lida a regra de competitividade, e o interesse social su- alimentícia e têxtil.
planta o econômico.
D) A atual subordinação ao modo econômico único IV – A superação da fase de substituição de importa-
tem conduzido a que se dê prioridade às exportações e ções exige a implantação da indústria pesada, cuja instala-
importações, uma das formas com as quais se materializa ção sofre várias restrições: escassez de capitais, ajuda ex-
o chamado mercado global. terna dispendiosa, limitações tecnológicas e desinteresse
dos países já industrializados.
03. (Professor de Ensino Fundamental – Geografia Assinale a opção que contém a afirmativa correta:
– IMA – 2013). A Nova Ordem Mundial, período nascido A) Apenas III e IV.
logo após o fim de Guerra Fria, tem como características: B) I, II e III.
A) A tendência de se usar as expressões Norte e Sul C) II, III e IV.
para caracterizar países desenvolvidos e subdesenvolvi- D) Todas as alternativas.
dos.
B) A formação de grandes blocos econômicos e o fim
da disputa ideológica entre capitalismo e socialismo.
C) Um avanço do sistema capitalista sobre os antigos
países socialistas.
D) Todas as afirmativas anteriores

19
HISTÓRIA GERAL

06. (Professor PEB II – História – Soler – 2013). Os 09. (Professor – História – UNC – 2013). A participa-
Estados Unidos foram o país que mais se beneficiou com a ção da França na 1ª Guerra Mundial tem entre seus mo-
Primeira Guerra Mundial, tornando-se o mais rico e pode- tivos:
roso de todo mundo. Assinale a alternativa incorreta: A) Vingar a morte do Arquiduque francês Francisco
A) Foram impostas severas restrições à imigração eu- Ferdinando.
ropeia, com o pretexto de não trazer concorrência à mão B) Buscar uma saída para o Mar Mediterrâneo.
de obra norte-americana e impedir a entrada de ideias co- C) Defender as colônias francesas dominadas pelo Im-
munistas e foram organizados sindicatos de empresas para pério Austro- Húngaro.
concorrer com os sindicatos de trabalhadores. D) Buscar colônias na África e Ásia fornecedoras de
B) Os republicanos mantiveram-se no poder e o país matéria-prima para suas indústrias.
entrou num período de grande prosperidade. E) Retomar as ricas colônias de Alsácia e Lorena que
C) Nas eleições presidenciais de 1920 disputavam duas havia perdido para a Prússia.
tendências: a dos democratas, defendendo uma política
isolacionista em relação à Europa, e a dos republicanos, 10. (Professor de Educação Básica – PEB II – Histó-
que não queriam o desligamento da política europeia; sen- ria – Soler – 2013). São características do Estado nazista:
do Franklin Roosevelt, dos republicanos, vencedor e ligado I – Nacionalismo: a nação era o ideal supremo;
aos interesses dos grandes empresários norte-americanos. II – Arianismo: crença na superioridade da raça nór-
D) Na América Latina foi adotada a política de inter- dica;
venção quando os interesses norte-americanos fossem III – Antissemitismo: marcado pela perseguição aos
ameaçados. judeus;
IV – Liberalismo: fortalecimento da livre concorrência.
07. (Professor – Anos Finais – História – ICAP – Estão corretas as afirmações
2013). Sobre a Segunda Guerra Mundial é verdadeiro dizer a) I, III e IV.
que: b) II, III e IV.
A) Estiveram envolvidos somente países europeus. c) I, II e IV.
B) A causa do conflito foi provocada simplesmente d) I, II e III.
pelo ataque a base militar norte americana de Pearl Harbor
pelos japoneses. GABARITO
C) Foi uma batalha de forças entre EUA potencia capi-
talista contra a URSS potencia socialista. 01. A
D) A China queria ampliar seu território promovendo 02. D
sucessivos bombardeios no Japão. 03. D
E) O Eixo era formado pela Alemanha, Itália e Japão 04. B
com o intuito de formar uma ponte econômica entre suas 05. D
nações e dominar o resto do mundo. 06. C
07. E
08. (Professor – História – IMA – 2013). Em novem- 08. A
bro de 2009, comemorou-se de várias formas os 20 anos 09. E
da queda do muro de Berlim. Em relação a este tema, é 10. D
correto afirmar que:
A) A sua construção foi motivada para conter a emi-
gração de alemães orientais, em grande número, para o
lado capitalista, especialmente de trabalhadores com alta
qualificação profissional.
B) Tratava-se de uma divisão simbólica entre dois blo-
cos ideológicos, o socialismo e o capitalismo, separados
por uma profunda e irreconciliável divisão no campo das
ideias, comparada, por isso, a um muro.
C) O muro de Berlim foi levantado na capital alemã por
determinação de Adolf Hitler, como demonstração de for-
ça do nazismo, para separar os judeus dos alemães.
D) Foi construída por determinação das forças que
compunham a OTAN, especialmente a Alemanha Oriental,
tendo sido um resultado da guerra fria.

20
HISTÓRIA GERAL

ANOTAÇÕES

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HISTÓRIA GERAL

ANOTAÇÕES

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HISTÓRIA DO BRASIL

2.1. - A Revolução de 1930 e a Era Vargas...................................................................................................................................................... 01


2.2. - As Constituições Republicanas................................................................................................................................................................ 07
2.3. - A estrutura política e os movimentos sociais no período militar............................................................................................... 13
2.4. - A abertura política e a redemocratização do Brasil......................................................................................................................... 21
HISTÓRIA DO BRASIL

O problema da sucessão presidencial


1. A REVOLUÇÃO DE 1930 E
A ERA VARGAS. Na República Velha (1889-1930), vigorava no Brasil
a chamada “política do café com leite”, em que políticos
apoiados por São Paulo e de Minas Gerais se alternavam na
presidência da república (mas não eram necessariamente
A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado Paulistas ou Mineiros os seus indicados). Porém, no come-
pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, ço de 1929, Washington Luís indicou o nome do Presidente
que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi
depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de apoiado por presidentes de 17 estados. Apenas três esta-
outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio dos negaram o apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande
Prestes e pôs fim à República Velha. do Sul e Paraíba. Os políticos de Minas Gerais esperavam
Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança que Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, o então governa-
com os mineiros, conhecida como política do café com leite, dor do estado, fosse o indicado, por Washington Luís, para
e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presi- ser o candidato à presidência.
dência da República. Em reação, o Presidente de Minas Ge-
Assim a política do café com leite chegou ao fim e ini-
rais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura
ciou-se a articulação de uma frente oposicionista ao inten-
oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas.
to do presidente e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes.
Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para
presidente da República que deram a vitória ao candidato Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba uniram-se a po-
governista, que era o presidente do estado de São Paulo, Jú- líticos de oposição de diversos estados, inclusive do Partido
lio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude do golpe Democrático de São Paulo, para se oporem à candidatura
de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exila- de Júlio Prestes, formando, em agosto de 1929, a Aliança
do. Getúlio Vargas assumiu a chefia do “Governo Provisório” Liberal.
em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da Re- Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados
pública Velha. A crise da República Velha havia se prolonga- os candidatos da Aliança Liberal às eleições presidenciais:
do ao longo da década de 1920. Os expoentes políticos da Getúlio Vargas como candidato a presidente e João Pessoa,
República Velha vinham perdendo força com a mobilização como candidato a vice-presidente. Apoiaram Aliança Libe-
do trabalhador industrial, com as Revoltas nazifascistas e as ral, intelectuais como José Américo de Almeida e Lindolfo
dissidências políticas que enfraqueceram as grandes oligar- Collor, membros das camadas médias urbanas e a corrente
quias. Esses acontecimentos ameaçavam a estabilidade da político-militar chamada “Tenentismo” (que organizou, en-
tradicional aliança rural entre os estados de São Paulo e Mi- tre outras, a Revolta Paulista de 1924), na qual se destaca-
nas Gerais - a política do café com leite. vam Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos,
Em 1926, surge a quarta e última dissidência no Partido João Alberto Lins de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa
Republicano Paulista (PRP), e os dissidentes liderados pelo Dr. e Juraci Magalhães e três futuros presidentes da república
José Adriano de Marrey Junior fundaram o Partido democrá- (Geisel, Médici e Castelo Branco).
tico (PD), que defendia um programa de educação superior Nesse momento, setembro de 1929, já era percebido,
entre outras reformas e a derrubada do PRP do poder. Esta em São Paulo, que a Aliança Liberal, e uma eventual revo-
crise política em São Paulo originou-se em uma crise da ma- lução, visava especificamente São Paulo. Tendo o senador
çonaria paulista presidida pelo Dr. José Adriano de Marrey estadual de São Paulo Cândido Nanzianzeno Nogueira da
Júnior. São Paulo, então, chegou dividido às eleições de 1930. Motta denunciado na tribuna do Senado do Congresso Le-
Entretanto, o maior sinal do desgaste republicano era a gislativo do Estado de São Paulo, em 24 de setembro de
superprodução de café, durante a crise de 1929, alimentada 1929, que a guerra anunciada pela chamada Aliança Liberal
pelo governo com constantes “valorizações”. Assim em 1930,
não é contra o Sr. Júlio Prestes, É contra nosso Estado de
São Paulo estava dividido, e o Rio Grande do Sul que estivera
São Paulo, e isso não é de hoje. A imperecível inveja contra
em guerra civil em 1923, agora estava unido, com o presiden-
o nosso deslumbrante progresso que deveria ser motivo de
te do Rio Grande do Sul, Dr. Getúlio Vargas tendo feito o PRR
e o Partido Libertador se unirem. orgulho para todo o Brasil. Em vez de nos agradecerem e
Em Juiz de Fora, o Partido Republicano Mineiro (PRM) apertarem em fraternos amplexos, nos cobrem de injúrias e
passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com os seg- nos ameaçam com ponta de lanças e patas de cavalo.
mentos progressistas de outros estados e lança o gaúcho Cândido Mota citou ainda o senador fluminense Iri-
Getúlio Vargas para a presidência, tendo o político paraibano neu Machado que previra a reação de São Paulo: A reação
João Pessoa como candidato a vice-presidente. Minas Gerais contra a candidatura do Dr. Júlio Prestes representa não
estava dividida, não conseguindo impor um nome mineiro um gesto contra o presidente do estado, mas uma reação
de consenso para a presidência da república. Parte do PRM contra São Paulo, que se levantará porque isto significa um
apoiou a candidatura Getúlio Vargas, mas a “Concentração gesto de legítima defesa de seus próprios interesses.Essa
Conservadora” liderada pelo vice-presidente da república resposta paulista à revolução de 1930 veio um ano e meio
Fernando de Melo Viana e pelo ministro da Justiça Augusto depois, com a Revolução de 1932.
Viana do Castelo apoiam a candidatura oficial do Dr. Júlio
Prestes para as eleições presidenciais de 1 de março de 1930.

1
HISTÓRIA DO BRASIL

O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro para deter o avanço das forças revolucionárias, lideradas
de Andrada diz em discurso, ainda em 1929, façamos a re- militarmente pelo coronel Góis Monteiro. Entretanto, em
volução pelo voto antes que o povo a faça pela violência. 12 e 13 de outubro ocorreu o Combate de Quatiguá, que
Esta frase foi vista como a expressão do instinto de sobre- pode ter sido o maior combate desta Revolução, mesmo
vivência de um político experiente e um presságio: Minas tendo sido muito pouco estudado. Quatiguá localiza-se a
Gerais, se aliando ao Rio Grande do Sul e aos tenentes, direita de Jaguariaíva, próxima a divisa entre São Paulo e
consegue preservar sua oligarquia. Uma revolução que fos- Paraná. A batalha não ocorreu em Itararé, já que os gene-
se feita só pelos tenentes teria derrubado também o PRM rais Tasso Fragoso e Mena Barreto e o Almirante Isaías de
(Partido Republicano Mineiro) do poder em Minas Gerais e Noronha depuseram Washington Luís, em 24 de outubro e
o PRR do poder no Rio Grande do Sul. formaram uma junta de governo.
Jornais que apoiavam o governo deposto foram em-
As eleições e a revolução pastelados; Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros
próceres da República Velha foram exilados.
As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 Washington Luís havia apostado na divisão dos minei-
e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 vo- ros não acreditando em nenhum momento que Minas Ge-
tos, contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, rais faria uma revolução, não se prevenindo, nem tomando
Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul. medidas antirrevolucionárias, sendo derrubado em poucos
A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das dias de combate.
eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decor-
rente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados Uma república nova
onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram
o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou- Às 3 horas da tarde de 8 de novembro de 1930, a junta
se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Var-
Minas Gerais. gas, encerrando a chamada República Velha, derrubando
A conspiração sofreu um revés em junho com a sub- todas as oligarquias estaduais exceto a mineira e a gaúcha.
versão comunista de Luís Carlos Prestes. Um ex-membro Na mesma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados
do movimento tenentista, Prestes tornou-se adepto das gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no
ideias de Karl Marx e apoiador do comunismo. Isso o levou, obelisco da Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente
depois de um tempo, a tentativa frustrada da intentona co- o triunfo da Revolução de 1930.
munista pela ANL. Logo em seguida, ocorre outro contra- Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com
tempo à conspiração: morre, em acidente aéreo, o tenente amplos poderes. A constituição de 1891 foi revogada e
Siqueira Campos. Getúlio passou a governar por decretos. Getúlio nomeou
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassina- interventores para todos os Governos Estaduais, com exce-
do por João Dantas em Recife, por questões políticas e de ção de Minas Gerais. Esses interventores eram na maioria
ordem pessoal, servindo como estopim para a mobilização tenentes que participaram da Revolução de 1930. Por sua
armada. João Dantas e seu cunhado e cúmplice, Moreira vez, o presidente eleito e não empossado Júlio Prestes cri-
Caldas, foram encontrados degolados em sua cela em ou- ticou duramente a Revolução de 1930 quando, em 1931,
tubro de 1930. As acusações de fraude e a degola arbitrária exilado em Portugal, afirmou: O que não compreendem é
de deputados mineiros e de toda a bancada da Paraíba da que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de
Aliança Liberal, o descontentamento popular devido à cri- vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma
se econômica causada pela grande depressão de 1929, o ditadura sem freios e sem limites como essa que nos de-
assassinato de João Pessoa e o rompimento da política do grada e enxovalha perante o mundo civilizado.
café com leite foram os principais fatores, (ou pretextos na Um dos maiores erros da revolução de 1930 foi entre-
versão dos partidários de Júlio Prestes), que criaram um gar os estados à administração de tenentes inexperientes,
clima favorável a uma revolução. um dos motivos da revolução de 1932. O despreparo dos
Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o go- tenentes para governar foi denunciado, logo no início de
verno de Washington Luís e só se decidiu pela revolução 1932, por um dos principais tenentes, o tenente João Caba-
quando já se aproximava a posse de Júlio Prestes que se nas, que havia participado da revolução de 1924, e que usou
daria em 15 de novembro. A revolução de 1930 iniciou-se, como exemplo o tenente João Alberto Lins de Barros que
finalmente, no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, às 17 governou São Paulo. João Cabanas, em fevereiro de 1932,
horas e 25 minutos. Osvaldo Aranha telegrafou a Juarez no seu livro “Fariseus da Revolução”, criticou especialmente
Távora comunicando início da Revolução. Ela rapidamente o descalabro que foram as administrações dos tenentes nos
se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais no estados, chamando a atenção para a grave situação paulista
Nordeste foram depostos pelos tenentes. pouco antes de eclodir a Revolução de 1932:
No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto O Rio João Alberto serve como exemplo: Se, como militar,
Grande de pé pelo Brasil e partiu, por ferrovia, rumo ao Rio merece respeito, como homem público não faz juz ao me-
de Janeiro, capital nacional à época. Esperava-se que ocor- nor elogio. Colocado, por inexplicáveis manobras e por
resse uma grande batalha em Itararé (na divisa com o Para- circunstâncias ainda não esclarecidas, na chefia do mais
ná), onde as tropas do governo federal estavam acampadas importante estado do Brasil, revelou-se de uma extraordi-

2
HISTÓRIA DO BRASIL

nária, de uma admirável incompetência, criando, em um só Três tenentes de 1930 chegaram à Presidência da Repú-
ano de governo, um dos mais trágicos confucionismos de blica: Castelo Branco, Médici e Geisel. O ex-tenente Juarez
que há memória na vida política do Brasil, dando também Távora foi o segundo colocado nas eleições presidenciais de
origem a um grave impasse econômico (déficit de 100.000 1955, e o ex-tenente Eduardo Gomes, o segundo colocado,
contos), e a mais profunda impopularidade contra a “Revo- em 1945 e 1950. Ambos foram candidatos pela UDN, o que
lução de Outubro” e ter provocado no povo paulista, um mostra também a influência dos ex-tenentes na UDN, par-
estado de alma equívoco e perigoso. Nossa história não tido que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente Juraci
registra outro período de fracasso tão completo como o do Magalhães, que quase foi candidato em 1960.
“Tenentismo inexperiente”. Os partidos fundados por Getúlio Vargas, PSD (partido
dos ex-interventores no Estado Novo e intervencionista na
Consequências economia) e o antigo PTB, dominaram a cena política de
1946 até 1964. PSD, UDN e PTB, os maiores partidos polí-
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova ticos daquele período, eram liderados por mineiros (PSD e
Constituição só é aprovada em 1934, chamada Constitui- UDN) e por gaúchos (o PTB).
ção de 1934, depois de forte pressão social, como a Revo- Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um
lução Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Esta- período longo em se tratando de carreira política, poucos
do brasileiro modifica-se profundamente depois de 1930, políticos da República Velha conseguiram retomar suas
tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e carreiras políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A
sociais do país. renovação do quadro político foi quase total, tanto de pes-
Getúlio não gostou desta constituição, e, três anos e soas quanto da maneira de se fazer política. Sobre a queda
meio depois, decreta uma nova constituição, a Constituição da qualidade da representação política após 1930, Gilberto
de 1937. E assim se posicionou em relação à Constituição Amado em seu livro “Presença na Política”, explica que na
de 1934, no 10º aniversário da revolução de 1930, em dis- República Velha, as eleições eram falsas, mas a representa-
curso de 11 de novembro de 1940. ção era verdadeira… As eleições não prestavam, mas os de-
Uma constitucionalização apressada, fora de tempo, putados e senadores eram os melhores que podíamos ter.
apresentada como panaceia de todos os males, traduziu- Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas
se numa organização política feita ao sabor de influências [quem?] é sombrio: Reclamam eles que, após Júlio Prestes
pessoais e partidarismo faccioso, divorciada das realidades em 1930, nenhum cidadão nascido em São Paulo foi eleito
existentes. Repetia os erros da Constituição de 1891 e agra- ou ocupou a Presidência, exceto, e por alguns dias apenas,
vava-os com dispositivos de pura invenção jurídica, alguns Ranieri Mazzilli, o Dr. Ulisses Guimarães e Michel Temer. Os
retrógrados e outros acenando a ideologias exóticas. Os paulistas reclamam também que apenas em 1979 chegou
acontecimentos incumbiram-se de atestar-lhe a precoce à presidência alguém comprometido com os ideais da re-
inadaptação. volução de 1932: João Figueiredo, filho do general Euclides
A partir da constituição de 1937, o regime centraliza- Figueiredo, comandante da revolução constitucionalista de
dor, por vezes autoritário do getulismo, ou Era Vargas, es- 1932 e que fora exilado na Argentina entre 1932 e 1934.
timula a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo João Figueiredo fez a abertura política do regime militar.
produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda
bases da moderna economia brasileira. O balanço da revo- pessoal em larga escala - o chamado culto da personalida-
lução de 1930 e de seus 15 anos de governo, por Getúlio, de, com a Voz do Brasil, - típica do fascismo e ancestral do
foi feito, no Dia do Trabalho de 1945, em um discurso feito marketing político moderno. A aliança elite-proletariado,
no Rio de Janeiro, no qual disse que a qualquer observador criada por Getúlio, tornou-se típica no Brasil, como a Alian-
de bom senso não escapa a evidência do progresso que ça PTB-PSD apoiada pelo clandestino PCB.
alcançamos no curto prazo de 15 anos. Éramos, antes de
1930, um país fraco, dividido, ameaçado na sua unidade, A nova economia do Brasil
retardado cultural e economicamente, e somos hoje uma
nação forte e respeitada, desfrutando de crédito e tratada A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e
de igual para igual no concerto das potências mundiais. foi tachada de “paternalista” por intelectuais de esquerda.
Esses intelectuais acusavam Getúlio de tentar anular a in-
Legado político e social fluência desta esquerda sobre o proletariado, desejando
transformar a classe operária num setor sob seu controle,
A nova política do Brasil nos moldes da Carta do Trabalho do fascista italiano Benito
Mussolini.
Três ex-ministros de Getúlio Vargas chegaram à Presi- Os defensores de Getúlio Vargas contra argumentam,
dência da República: Eurico Dutra, João Goulart e Tancredo dizendo que em nenhum outro momento da história do
Neves. Este último não chegou a assumir o cargo, pois, na Brasil houve avanços comparáveis nos direitos dos traba-
véspera da posse, sentiu fortes dores abdominais sequen- lhadores. O expoentes máximos dessa posição foram João
ciais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Goulart e Leonel Brizola. Brizola foi considerado, por mui-
Bosco diagnosticada como uma “diverticulite”, que o levou tos o último herdeiro político do «Getulismo», ou da «Era
à morte em 21 de abril de 1985, em São Paulo. Vargas», na linguagem dos brasilianistas.

3
HISTÓRIA DO BRASIL

A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em lon- (que eram escolhidos pelos tenentes). A economia cafeeira
go prazo, estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhado- receberá atenções por parte do governo federal. Para su-
res porque aumentam o chamado custo Brasil, onerando perar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho
muito as empresas e gerando a inflação, que corrói o valor Nacional do Café, reeditando a política de valorização do
real dos salários. café ao comprar e estocar o produto. O esquema provo-
Segundo esta versão, o custo Brasil faz com que as em- cou a formação de grandes estoques, em razão da falta de
presas brasileiras contratem menos trabalhadores, aumen- compradores, levando o governo a realizar a queimados
tem a informalidade e faz que as empresas estrangeiras excedentes. Houve um desenvolvimento das atividades in-
se tornem receosas de investir no Brasil. Assim, segundo a dustriais, principalmente no setor têxtil e node processa-
crítica liberal, as leis trabalhistas gerariam, além da inflação, mento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela
mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores. chamada política de substituição de importações.
Os liberais afirmam também que intervencionismo es-
tatal na economia iniciado por Getúlio só cresceu com o A composição do Governo Provisório
passar dos anos, com a única exceção de Castelo Branco
atingindo seu máximo no governo do ex-tenente de 1930 Depois de criar um Tribunal Especial - cuja ação foi nula
Ernesto Geisel. Somente a partir do Governo de Fernando - com o objetivo de julgar “os crimes do governo deposto”,
Collor se começou a fazer o desmonte do Estado interven- o novo governo organizou um ministério que, pela compo-
cionista. Durante sessenta anos, após 1930, todos os minis- sição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado
tros da área econômica do governo federal foram favorá- com os grupos que lhe apoiaram na Revolução:
veis à intervenção do Estado na economia, exceto Eugênio - general Leite de Castro - ministro do Exército;
Gudin por sete meses em 1954, e a dupla Roberto Campos - almirante Isaías Noronha - ministro da Marinha;
- Octávio Bulhões, por menos de três anos (1964 -1967). - Afrânio de Melo Franco (mineiro) - ministro do Exterior;
- Osvaldo Aranha (gaúcho) - ministro da Justiça;
Trabalhadores do Brasil - José Américo de Almeida (paraibano) - ministro da
Viação;
Era com esta frase que Getúlio iniciava seus discursos. - José Maria Whitaker (paulista) - ministro da Fazenda;
Na visão dos apoiadores de Getúlio, ele não ficou só no - Assis Brasil (gaúcho) - ministro da Agricultura.
Dentro ainda da ideia de compromisso, foram criados
discurso. A orientação trabalhista de seu governo, que em
dois novos ministérios:
seu ápice instituiu a CLT e o salário mínimo, marca, para os
- Educação e Saúde Pública - o mineiro Francisco Campos;
getulistas, um tempo das mudanças sociais célebres, onde
- Trabalho, Indústria e Comércio - o gaúcho Lindolfo
os trabalhadores pareciam estar no centro do cenário polí-
Collor.
tico nacional, aplicando o populismo.
Para Juarez Távora, pela sua admirável participação re-
Infelizmente os trabalhadores rurais não foram benefi-
volucionária e pelo seu prestígio como homem de ação,
ciados com igualdade pela CLT, tudo por força das oligar- foi criada a Delegacia Regional do Norte. Pela chefia políti-
quias que existiam e pressionavam o governo. ca dos estados brasileiros do Espírito Santo ao Amazonas,
Juarez Távora foi chamado de O Vice-Rei do Norte.
Era Vargas (1930/45)
A política cafeeira da Era Vargas
A chamada Era Vargas está dividida em três momentos:
Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. O capitalismo passava por uma de suas violentas crises
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado de superprodução. Essas crises cíclicas do capitalismo eram
“Estado de compromisso”, em razão do apoio de diversas o resultado da ausência de uma planificação, o que produ-
forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes zia a anarquia da produção social.
médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora As nações industriais com problemas de superprodu-
e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia ção acirravam o imperialismo, superexplorando as nações
nenhuma força política hegemônica, possibilitando o for- agrárias, restringindo os créditos e adotando uma política
talecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas. protecionista, sobretaxando as importações.Neste contex-
to o café conheceu uma nova e violenta crise de superpro-
Governo Provisório (1930/1934). dução, de mercados e de preços, que caíram de 4 para 1
libra nos primeiros anos da década de 30.
Aspectos políticos e econômicos Como o café era à base da economia nacional, a cri-
se poderia provocar sérios problemas para outros setores
No plano político, o governo provisório foi marcado econômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria
pela Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Var- desastroso. Era preciso salvar o Brasil dos efeitos da crise
gas. Os órgãos legislativos foram extintos, até a elaboração mundial de 1929. Era necessário evitar o colapso econômico
de uma nova constituição para o país. Desta forma, Vargas do País. Para evitá-lo, o governo instituiu uma nova política
exerce o poder executivo e o Legislativo. Os governadores cafeeira, visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a ele-
perderam seus mandatos – por força da Revolução de 30 – vação dos preços e a contenção dos excessos de produção,
seus nomeados em seus lugares os interventores federais pois a produção cafeeira do Brasil era superior à mundial.

4
HISTÓRIA DO BRASIL

Para aplicar esta política, Vargas criou, em 1931, o CNC A constituição de 1934.
(Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933
pelo DNC (Departamento Nacional do Café). Dentro desta Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentan-
nova política tornou-se fundamental destruir os milhares do os seguintes aspectos:
de sacas de café que estavam estocadas. O então ministro - A manutenção da República com princípios federa-
da Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impos- tivos;
tos sobre a exportação, iniciou a destruição do excedente - Existência de três poderes independentes entre si:
do café através do fogo e da água, Executivo, Legislativo e Judiciário;
De 1931 a 1944, foram queimadas ou jogadas ao mar, - Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo
aproximadamente, 80 milhões de sacas. Proibiram-se no- e Legislativo;
vas plantações por um prazo de três anos e reduziram-se - As mulheres adquirem o direito ao voto;
as despesas de produção através da redução dos salários e - Representação classista no Congresso (elementos
dos débitos dos fazendeiros em 50%. eleitos pelos sindicatos);
Por ter perdido o poder político e pelo fato de ter de - Criado o Tribunal do Trabalho;
se submeter às decisões econômicas do governo federal, - Legislação trabalhista e liberdade de organização sin-
as oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária da dical;
Era Vargas. - Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas
atividades industriais;
Liberalismo e centralismo - Possibilidade da nacionalização de empresas estran-
geiras;
Saber quem perdeu a Revolução de 1930 é fácil, o difí- - Instituído o mandato de segurança, instrumento jurí-
cil é saber quem ganhou, devido à extrema heterogeneida- dico dos direitos do cidadão perante o Estado. A Constitui-
de da frente revolucionária. ção de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar pre-
De um lado estavam os tenentes que ocupavam um servando o liberalismo e mantendo o domínio dos proprie-
destacado papel no governo, eram favoráveis a mudanças
tários visto que a mesma não toca no problema da terra.
e, por isso, achavam desnecessárias as eleições, que para
eles só trariam de volta as oligarquias tradicionais.
Governo Constitucional (1934/1937).
Do outro lado, os constitucionais liberais defendiam
as eleições urgentes. Vargas manobrava inteligentemente
Período marcado pelos reflexos da crise mundial de
os dois grupos. Ora fazendo concessões aos tenentes, per-
1929:
mitindo-lhes uma influência político, como João Alberto,
- crise econômica,
nomeado interventor em São Paulo, ora acenando com
- desemprego,
eleições, como a publicação do Código Eleitoral de feve-
reiro de 1932 e o decreto de 15 de março, que marcava - inflação e
para 3 de maio de 1933 as eleições pata uma Assembleia - carestia.
Constituinte. Neste contexto desenvolvem-se, na Europa, os regi-
mes totalitários (nazismo e fascismo) – que se opunham
Revolução constitucionalista de 1932 ao socialismo e ao liberalismo econômico. A ideologia na-
zifascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a
Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo
Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomea- jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema direita,
ção de um interventor pernambucano para o governo do anticomunista, que tinha como lema “Deus, pátria, família”.
Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro Defendia a implantação deum Estado totalitário e corpora-
de Toledo não diminuiu o movimento. O movimento teve tivo. A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”,
também como fator a tentativa da oligarquia cafeeira re- que usavam de violência contra seus adversários. Os inte-
tomar o poder político. O movimento contou com apoio gralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da
das camadas médias urbanas. Formou-se a Frente Única cúpula militar e das camadas médias urbanas.
Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e Por outro lado, o agravamento das condições de vida
a reconstitucionalização imediata do país. da classe trabalhadora possibilitou a formação de um mo-
Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Ge- vimento de caráter progressista, contando com o apoio de
túlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Mar- liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sin-
tins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização dicatos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo Luís Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro
deste momento marcado pela luta armada. Após três meses foi eleito presidente de honra. A ANL reivindicava a suspen-
de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à são do pagamento da dívida externa, a nacionalização das
rendição. Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária.
Vargas acelerou o processo de redemocratização realizando Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia
eleições para uma Assembleia Constituinte que deveria ela- e um governo popular.
borar uma nova constituição para o Brasil.

5
HISTÓRIA DO BRASIL

A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL A Constituição de 1937 eliminava a independência sin-
uma ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligár- dical e extinguia os partidos políticos. A extinção da AIB
quicos. Procurando conter o avanço da frente progressis- deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio
ta o governo federal - por meio da aprovação da Lei de de 1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas
Segurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos – o Putsch Integralista – que consistiu numa tentativa de
da ANL. A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada
foi violenta e imediata. Movimentos eclodiram no Rio de a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.
Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como
Intentona Comunista. Política trabalhista

O golpe do Estado Novo O Estado Novo procurou controlar o movimento tra-


balhador através da subordinação dos sindicatos ao Minis-
No ano de 1937 deveriam ocorrer eleições presiden- tério do Trabalho. Proibiram-se as greves e qualquer tipo
ciais para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa presiden- de manifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas
cial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de tra-
o apoio dos paulistas e de facções de oligarquias de outros balho de 44 horas, a carteira profissional, as férias remu-
Estados. Representava uma oposição liberal ao centralismo neradas. As leis trabalhistas foram reunidas, em 1943, na
de Vargas. A outra candidatura era a de José Américo de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando
Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias as relações entre patrões e empregados. A aproximação de
nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no Bra-
Minas Gerais. Um terceiro candidato era Plínio Salgado, da sil, o populismo – forma de manipulação do trabalhador
Ação Integralista. urbano, onde o atendimento de algumas reivindicações
A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não não interfere no controle exercido pela burguesia.
apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de
Getúlio era a de continuar no governo, em nome da esta- Política econômica
bilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava
com apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo O Estado Novo iniciou o planejamento econômico,
de Vargas recebeu apoio de uma parte do Exército – Góes procurando acelerar o processo de industrialização brasi-
Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cúpu- leiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de
la militar – surgindo a ideia de um golpe, sob o pretexto de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.
garantira segurança nacional. O movimento de “salvação O governo interveio na economia criando as empresas
nacional” – que garantiu a permanência de Vargas no po- estatais – sem questionar o regime privado. As empresas
der – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista estatais encontrava-se em setores estratégicos, como a si-
para assumir o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, derurgia (Companhia Siderúrgica Nacional), a mineração
o falso plano serviu de pretexto para o golpe de 10 de no- (Companhia Vale do Rio Doce), hidrelétrica (Companhia Hi-
vembro de 1937, decretando o fechamento do Congresso drelétrica do Vale do São Francisco), mecânica (Fábrica Na-
Nacional, suspensão da campanha presidencial e da Cons- cional de Motores) e química (Fábrica Nacional de Álcalis).
tituição de 1934. Iniciava-se o Estado Novo.
Política administrativa.
O Estado Novo (1937/1945).
Procurando centralizar e consolidar o poder político, o
O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – governo criou o DASP (Departamento de Administração e
apresentou as seguintes características: intervencionismo Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro
do Estado na economia e na sociedade e um centralização instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departa-
política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo re- mento de Imprensa e Propaganda), que realizava a propa-
publicano. ganda do governo. O DIP controlava os meios de comuni-
cação, por meio da censura. Foi o mais importante instru-
A constituição de 1937. mento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia
secreta, comandada por Filinto Müller, instaurou no Brasil
Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redi- o período do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc.
gida por Francisco Campos. Baseada na constituição po- Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora
lonesa (daí o apelido de “polaca”) apresentava aspectos do Brasil – que difundia as realizações do governo; o exem-
fascistas. Principais características: centralização política e plo do terror fica por conta do caso de Olga Benário, mu-
fortalecimento do poder presidencial; extinção do legisla- lher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha
tivo; subordinação do Poder Judiciário ao Poder Executivo; (grávida). Foi assassinada num campo de concentração.
instituição dos interventores nos Estados e uma legislação
trabalhista.

6
HISTÓRIA DO BRASIL

O Brasil e a segunda guerra mundial.


2. AS CONSTITUIÇÕES
Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Var- REPUBLICANAS.
gas rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e declarou
guerra ao Eixo (Alemanha, Itália, Japão). A participação do
Brasil foi efetiva nos campos de batalha mediante o envio As Constituições Brasileiras
da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e da FAB (Força Aé-
rea Brasileira). A participação brasileira na guerra provocou Ao estudarmos as constituições que o Brasil já teve, e
um paradoxo político: externamente o Brasil luta pela de- suas principais emendas, fazemos uma importante revisão
mocracia e contra as ditaduras, internamente há ausência sobre conteúdos de nossa história. Os contextos econô-
democrática em razão da ditadura. Esta situação, somada à micos, sociais e políticos do Brasil de cada época, desde a
vitória dos aliados contra os regimes totalitários, favorece o independência até os dias atuais, estão refletidos nas linhas
declínio do estado Novo e amplia as manifestações contra mestras de nossas cartas magnas.
o regime.
Precisamos lembrar que nossas constituições são ape-
O fim do Estado Novo nas textos. Se serão meras utopias ou se servirão de indi-
cativos para a conquista de direitos e, consequentemente,
Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guer- para a construção de uma sociedade mais justa e digna vai
ra; no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde depender de nossa participação enquanto homens e mu-
um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e profissio- lheres em busca de uma verdadeira cidadania.
nais liberais pediam a redemocratização do país. Em janei-
ro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores 1824
exigia a liberdade de expressão e eleições. Em fevereiro do
mesmo ano, Vargas publicava um ato adicional marcando Outorgada (tornada pública) pelo imperador D. Pedro I.
eleições presidenciais para 2 de dezembro. Para concorrer
as eleições surgiram os seguinte partidos políticos: - Fortaleceu o poder pessoal do imperador com a cria-
- UDN (União Democrática Nacional) - Oposição liberal ção do quarto poder (moderador), que permitia ao sobe-
a Vargas e contra o comunismo. Tinha como candidato o rano intervir, com funções fiscalizadoras, em assuntos pró-
prios dos poderes Legislativo e Judiciário.
brigadeiro Eduardo Gomes;
- PSD (Partido Social Democrático) – era o partido dos
- Províncias passam a ser governadas por presidentes
interventores e apoiavam a candidatura do general Eurico
nomeados pelo imperador.
Gaspar Dutra;
- PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – organizado pelo
- Estabeleceu eleições indiretas e censitárias (homens
Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio
livres, proprietários e condicionados ao seu nível de renda).
Vargas. Apoiava, junto com o PSD, Eurico Gaspar Dutra;
- PRP (Partido de Representação Popular) – de ideolo-
1891
gia integralista e fundado por Plínio Salgado;
- PCB (Partido Comunista Brasileiro) – tinha como Promulgada pelo Congresso Constitucional, elegeu in-
candidato o engenheiro Yedo Fiúza. Em 1945 houve um diretamente para a Presidência da República o marechal
movimento popular pedindo a permanência de Vargas – Deodoro da Fonseca.
contando como apoio do PCB. Este movimento ficou co-
nhecido como queremismo, devido ao lema da campanha - Instituiu o presidencialismo, eleições diretas para a
“Queremos Getúlio “. O movimento popular assustou a Câmara e o Senado e mandato presidencial de quatro anos.
classe conservadora, temendo a continuidade de Vargas no
poder. No dia 29 de outubro foi dado um golpe, liderado - Estabeleceu o voto universal, não-obrigatório e não-
por Goés Monteiro e Dutra. Vargas foi deposto sem resis- secreto; ficavam excluídos das eleições os menores de 21
tência. O governo foi entregue a José Linhares, presidente anos, as mulheres, os analfabetos, os soldados e os reli-
do Supremo Tribunal Federal. Em dezembro de 1945 foram giosos.
realizadas as eleições com a vitória de Eurico Gaspar Dutra.
Os principais pontos da constituição foram:

- Abolição das instituições monárquicas;


- Os Senadores deixaram de ter cargo vitalício;
- Sistema de governo presidencialista;
- O presidente da República passou a ser o chefe do
Poder Executivo;

7
HISTÓRIA DO BRASIL

- As eleições passaram a ser pelo voto direto, a desco- De suas principais medidas, podemos destacar que
berto (voto aberto); a Constituição de 1934:
- Os mandatos tinham duração de quatro anos;
- Não haveria reeleição; - Prevê nacionalização dos bancos e das empresas de
- Os candidatos a voto eletivo seriam escolhidos por seguros;
homens maiores de 21 anos, com exceção de analfabetos, - Determina que as empresas estrangeiras deverão ter
mendigos, praças de pré e religiosos sujeitos ao voto de pelo menos % de empregados brasileiros;
obediência; - Confirma a Lei Eleitoral de 1932, com Justiça Eleito-
- Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, ral, voto feminino, voto aos 18 anos (antes era aos 21) e
composto pelo Senado e Câmara de Deputados; deputados classistas (representantes de classes sindicais);
- As Províncias passaram a ser Estados de uma Federa- - Cria a Justiça do Trabalho;
ção com maior autonomia; - Proíbe o trabalho infantil, determina jornada de tra-
- Os Estados da Federação passaram a ter suas Consti- balho de oito horas, repouso semanal obrigatório, férias
tuições hierarquicamente organizadas em relação à Cons- remuneradas, indenização para trabalhadores demitidos
tituição Federal; sem justa causa, assistência médica e dentária, assistência
- Os presidentes das Províncias passaram a ser presi- remunerada a trabalhadoras grávidas;
dentes dos Estados e eleitos pelo voto direto à semelhança - Proíbe a diferença de salário para um mesmo traba-
do Presidente da República; lho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado
- A Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasilei- civil e
ro, deixando de ser a religião oficial do país. - Prevê uma lei especial para regulamentar o trabalho
Além disso, consagrava-se a liberdade de associação e agrícola e as relações no campo (que não chegou a ser fei-
de reunião sem armas, assegurava-se aos acusados o mais ta) e reduz o prazo de aplicação de usucapião a um terço
amplo direito de defesa, aboliam-se as penas de galés, ba- dos originais 30 anos.
nimento judicial e de morte, instituía-se o habeas-corpus e
as garantias de magistratura aos juízes federais (vitalicie-
1937
dade, inamobilidade e irredutibilidade dos vencimentos).
Outorgada (concedida) no governo Getúlio Vargas.
1934
- Instituiu o regime ditatorial do Estado Novo: a pena
de morte, a suspensão de imunidades parlamentares, a
Promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro
prisão e o exílio de opositores.
governo de Getúlio Vargas.
- Suprimiu a liberdade partidária e extinguiu a inde-
- Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secre-
pendência dos poderes e a autonomia federativa. Gover-
to; ampliou o direito de voto para mulheres e cidadãos de
no mínimo 18 anos de idade. Continuaram fora do jogo nadores e prefeitos passaram a ser nomeados pelo presi-
democrático os analfabetos, os soldados e os religiosos. dente, cuja eleição também seria indireta. Vargas, porém,
Para dar maior confiabilidade aos pleitos, foi criada a Jus- permaneceu no poder, sem aprovação de sua continuida-
tiça Eleitoral. de, até 1945.

- Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de De suas principais medidas, pode-se destacar que a
oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remune- Constituição de 1937:
rados e a indenização por dispensa sem justa causa. Sindi-
catos e associações profissionais passaram a ser reconheci- - Concentra os poderes executivo e legislativo nas
dos, com o direito de funcionar autonomamente. mãos do Presidente da República;
- Estabelece eleições indiretas para presidente, que
Considerada progressista para a época, a nova terá mandato de seis anos;
Constituição: - Acaba com o federalismo;
- Acaba com o liberalismo;
- instituiu o voto secreto; - Estabelece a pena de morte;
- estabeleceu o voto obrigatório para maiores de 18 - Retira do trabalhador o direito de greve;
anos; - Permitia ao governo expurgar funcionários que se
- propiciou o voto feminino, direito há muito reivin- opusessem ao regime;
dicado, que já havia sido instituído em 1932 pelo Código - Previu a realização de um plebiscito para referendá
Eleitoral do mesmo ano; -la, o que nunca ocorreu.
- previu a criação da Justiça do Trabalho;
- previu a criação da Justiça Eleitoral;
- nacionalizou as riquezas do subsolo e quedas d’água
no país;

8
HISTÓRIA DO BRASIL

Foram dispositivos básicos regulados pela carta: a 1963


igualdade de todos perante a lei; a liberdade de manifes-
tação de pensamento, sem censura, a não ser em espe- Volta ao presidencialismo.
táculos e diversões públicas; a inviolabilidade do sigilo de
correspondência; a liberdade de consciência, de crença e Cerca de 80% dos eleitores votaram pelo restabele-
de exercício de cultos religiosos; a liberdade de associa- cimento do presidencialismo. O plebiscito foi convocado
ção para fins lícitos; a inviolabilidade da casa como asilo pelo presidente João Goulart (Jango) para decidir sobre a
do indivíduo; a prisão só em flagrante delito ou por ordem manutenção ou não do sistema parlamentarista, em vigor
escrita de autoridade competente e a garantia ampla de desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. A partir da
defesa do acusado. vitória no plebiscito, João Goulart passou a governar o país
com todos os poderes constitucionais.
1946
1964-1967
Promulgada no governo de Eurico Gaspar Dutra, após
o período do Estado Novo, restabeleceu os direitos indivi- Com o golpe de Estado e até 1967, são decretados
duais e extinguiu a censura e a pena de morte. quatro atos institucionais que permitem ao governo legis-
lar sobre qualquer assunto. É instituída, entre outras coisas,
- Instituiu eleições diretas para presidente da Repúbli- a Lei de Greve e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
ca, com mandato de cinco anos. (FGTS); decretam-se o fim da estabilidade no emprego, as
- Restabeleceu o direito de greve e o direito à estabili- eleições indiretas para presidente da República e governa-
dade de emprego após 10 anos de serviço. dores de estados. O Poder Judiciário torna-se mais depen-
- Retomou a independência dos três poderes (Execu- dente do Executivo. São extintos os partidos políticos e é
tivo, Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos estados e criado o bipartidarismo.
municípios.
- Retomou o direito de voto obrigatório e universal, 1967
sendo excluídos os menores de 18 anos, os analfabetos, os
soldados e os religiosos. Uma Carta constitucional institucionaliza o regime mi-
- Retomada do pleno estado de direito democrático litar de 1964.
após o período militar.
- Ampliação e fortalecimento das garantias dos direitos - Mantêm-se os atos institucionais promulgados entre
individuais e das liberdades públicas. 1964 e 1967.
- Retomada do regime representativo, presidencialista - Fica restringida a autonomia dos estados.
e federativo.
- Destaque para a defesa do meio ambiente e do patri- O presidente da República pode expedir decretos-leis
mônio cultural da nação. sobre segurança nacional e assuntos financeiros sem sub-
- Garantia do direito de voto aos analfabetos e aos metê-los previamente à apreciação do Congresso. As elei-
maiores de 16 anos (opcional) em eleições livres e diretas, ções presidenciais permanecem indiretas, com voto des-
para todos os níveis, com voto universal, secreto e obriga- coberto.
tório.
De suas principais medidas, podemos destacar que
Reformas Constitucionais a Constituição de 1967:

1961 - Concentra no Poder Executivo a maior parte do poder


de decisão;
Adoção do parlamentarismo. - Confere somente ao Executivo o poder de legislar em
matéria de segurança e orçamento;
Foi aprovada na Câmara dos Deputados, em primei- - Estabelece eleições indiretas para presidente, com
ra discussão, por 234 votos contra 59, e, em segunda dis- mandato de cinco anos;
cussão, por 233 votos contra 55, a ementa constitucional - Militariza a Presidência da República, dando às Forças
que instituiu um regime parlamentar no Brasil semelhante Armadas uma força gigantesca;
ao vigente na República Federal da Alemanha (Alemanha - Restringe o federalismo;
Ocidental), cujos dispositivos visavam impedir a queda su- - Estabelece a pena de morte para crimes de segurança
cessiva de gabinetes e limitar a casos muito específicos o nacional;
poder do Presidente da República de dissolver a Câmara - Restringe ao trabalhador o direito de greve;
dos Deputados. - Abre espaço para a decretação posterior de leis de
censura e banimento.

9
HISTÓRIA DO BRASIL

1968 História

Ato Institucional nº5 Desde 1964 o Brasil estava sob uma ditadura militar, e
desde 1967 (particularmente subjugado às alterações decor-
Suspensão da Constituição. rentes dos Atos Institucionais) sob uma Constituição impos-
ta pelo governo federal. O regime de exceção, em que as
garantias individuais e sociais eram restritas, ou mesmo ig-
Poderes absolutos do presidente: fechar o Congresso,
noradas, e cuja finalidade era garantir os interesses da dita-
legislar sem impedimento, reabrir cassações, demissões e
dura, internalizados em conceitos como segurança nacional,
demais punições sumárias, sem possibilidade de aprecia- restrição das garantias fundamentais etc, fez crescer, durante
ção judicial. o processo de abertura política, o anseio por dotar o Brasil
de uma nova Constituição, defensora dos valores democrá-
1969 ticos. Anseio que se tornou necessidade após o fim da dita-
dura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985.
Nova emenda constitucional, que passou a ser chama- Independentemente das controvérsias de cunho político,
da de Constituição de 1969. Foi promulgado pelo general a Constituição Federal de 1988 assegurou diversas garantias
Emílio Garrastazu Médici (escolhido para presidente da Re- constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos
pública por oficiais de altas patentes das três Armas e com direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Ju-
ratificação pelo Congresso Nacional, convocado somente diciário sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direi-
para aceitar as decisões do Alto Comando militar). tos. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sis-
tema governamental brasileiro, que saíra de um regime auto-
ritário recentemente, a constituição de 1988 qualificou como
Incorporou o Ato Institucional nº5.
crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o
estado democrático e a ordem constitucional, criando assim
Mandava punir a todos que ofendessem a Lei de Segu- dispositivos constitucionais para bloquear golpes de qualquer
rança Nacional. Extinguiu a inviolabilidade dos mandatos natureza. Com a nova constituição, o direito maior de um ci-
dos parlamentares e instituiu a censura aos seus pronun- dadão que vive em uma democracia representativa foi con-
ciamentos. Suspendeu a eleição direta para governadores, quistado: foi determinada a eleição direta para os cargos de
marcada para o ano seguinte. Presidente da República, Governador do Estado e do Distrito
Federal, Prefeito, Deputado Federal, Estadual e Distrital, Se-
1979 nador e Vereador. A nova Constituição também previu maior
responsabilidade fiscal. Pela primeira vez, uma Constituição
Reforma da Constituição de 1969, em que é revogado brasileira define a função social da propriedade privada urba-
o AI-5 e outros atos que conflitavam com o texto consti- na, prevendo a existência de instrumentos urbanísticos que,
tucional. Quanto às medidas de emergência, o presidente interferindo no direito de propriedade (que a partir de ago-
ra não mais seria considerado inviolável), teriam por objetivo
poderia determiná-las, dependendo apenas da consulta a
romper com a lógica da especulação imobiliária. A definição e
um conselho constitucional, composto pelo presidente da
regulamentação de tais instrumentos, porém, deu-se apenas
República, pelo vice-presidente, pelos presidentes do Se- com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001.
nado e da Câmara, pelo ministro da Justiça e por um mi-
nistro representando as Forças Armadas. O estado de sítio Estrutura
só poderia ser decretado com a aprovação do Congresso.
A Constituição de 1988 está dividida em nove títulos. As
1988 temáticas de cada título são:

A Constituição da República Federativa do Brasil de Título I — Princípios Fundamentais


1988, promulgada em 5 de outubro de 1988, é a lei fun- Do artigo 1º ao 4º temos os fundamentos sob os quais
damental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de constitui-se a República Federativa do Brasil.
validade a todas as demais espécies normativas, situando-
se no topo do ordenamento jurídico. Pode ser considerada Título II — Direitos e Garantias Fundamentais
Do artigo 5º ao 17 são elencados uma série de direitos e
a sétima ou a oitava constituição do Brasil (dependendo de
garantias, reunidos em cinco grupos básicos:4
se considerar ou não a Emenda Constitucional nº 1 como
Capítulo I: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos;
um texto constitucional) e a sexta ou sétima constituição Capítulo II: Direitos Sociais;
Brasileira em um século de república. Foi a constituição Capítulo III: Nacionalidade;
brasileira que mais sofreu emendas: 72 emendas mais 6 Capítulo IV: Direitos Políticos;
emendas de revisão. Capítulo V: Partidos Políticos.
As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em
Constituições anteriores) representaram um marco na his-
tória brasileira.

10
HISTÓRIA DO BRASIL

Título III — Organização do Estado Características


Do artigo 18 ao 43 é definida a organização político
-administrativa (ou seja, das atribuições de cada ente da Formal: possui dispositivos que não são normas essen-
federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios); cialmente constitucionais.
além disso, tratam das situações excepcionais de interven- Escrita: apresenta-se em um documento sistematizado
ção nos entes federativos, versam sobre administração pú- dentro de cada parâmetro.
blica e servidores públicos militares e civis, e também das Promulgada: elaborada por um poder constituído de-
regiões do país e sua integração geográfica, econômica e mocraticamente.
social. Rígida: não é facilmente alterada. Exige um processo
legislativo mais elaborado, consensual e solene para a ela-
Título IV — Organização dos Poderes boração de emendas constitucionais do que o processo
Do artigo 44 ao 135 é definida a organização e as atri- comum exigido para todas as demais espécies normativas
legais. Alguns autores a classificam como super rígida.
buições de cada poder (Poder Executivo, Poder Legislativo
Analítica: descreve em pormenores todas as normas es-
e Poder Judiciário), bem como de seus agentes envolvidos.
tatais e direitos e garantias por ela estabelecidas.
Também definem os processos legislativos, inclusive os que
Dogmática: constituída por uma assembleia nacional
emendam a Constituição.
constituinte.
Título V — Defesa do Estado e das Instituições Demo- Emendas Constitucionais
cráticas
Do artigo 136 ao 144 são definidas as questões relati- O artigo 60 da Constituição estabelece as regras para o
vas à Segurança Nacional, regulamentando a intervenção processo de criação e aprovação de Emendas Constitucio-
do Governo Federal através de decretos de Estado de De- nais. Uma emenda pode ser proposta pelo Congresso Na-
fesa, Estado de Sítio, intervenção das Forças Armadas e da cional (um terço da Câmara dos Deputados ou do Senado
Segurança Pública. Federal), pelo Presidente da República ou por mais da me-
tade das Assembleias Legislativas dos governos estaduais.
Título VI — Tributação e Orçamento Uma emenda é aprovada somente se três quintos da Câma-
Do artigo 145 ao 169 são estabelecidas as limitações ra dos Deputados e do Senado Federal aprovarem a propos-
tributárias do poder público (União, Estados, Distrito Fe- ta, em dois turnos de votação.
deral e Municípios), organizando o sistema tributário e As emendas constitucionais devem ser elaboradas res-
detalhando os tipos de tributos e a quem cabe cobrá-los. peitando certas limitações, definidas pelo artigo 60. Há limi-
Tratam ainda da repartição das receitas e das normas para tações materiais, conhecidas como cláusulas pétreas (§ 4º),
a elaboração do orçamento público. limitações circunstanciais (§ 1º), limitações formais ou proce-
dimentais (incisos I, II, III, § 3º). Há ainda uma forma definida
Título VII — Ordem Econômica e Financeira de deliberação (§ 2º) e promulgação (§ 3º).
Do artigo 170 ao 192 são reguladas a atividade econô- Implicitamente, considera-se que o art. 60 da Consti-
mica e financeira, bem como as normas de política urbana, tuição é inalterável, pois alterações neste artigo permitiriam
agrícola, fundiária e reforma agrária, versando ainda sobre uma revisão completa da Constituição. Nos casos não abor-
o sistema financeiro nacional. dados pelo art. 60, é possível propor emendas. Os órgãos
competentes para submeter emendas são: a Câmara dos
Título VIII — Ordem Social Deputados, o Senado Federal, o Presidente da República e
de mais da metade das Assembleias Legislativas das unida-
Do artigo 193 ao 232 são tratados os temas relaciona-
des da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
dos ao bom convívio e desenvolvimento social do cidadão,
maioria relativa de seus membros.
como deveres do Estado, a saber: Saúde (Seguridade Social
Os direitos fundamentais, previstos nos incisos do artigo
e Sistema Único de Saúde); Educação, Cultura e Desporto;
5º, também não comportam Emendas que lhes diminuam o
Ciência e Tecnologia; Comunicação Social; Meio Ambiente; conteúdo ou âmbito de aplicação.
Família (incluindo nesta acepção crianças, adolescentes e A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º
idosos); e populações indígenas. da ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias),
além de possuir implicitamente as mesmas limitações mate-
Título IX — Disposições Constitucionais Gerais riais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados que
Do artigo 234 ao 250 (o artigo 233 foi revogado) são o procedimento comum de emenda constitucional, também
tratadas as disposições esparsas versando sobre temáticas possuía limitação temporal - apenas uma revisão constitu-
variadas e que não foram inseridas em outros títulos em cional foi prevista, 5 anos após a promulgação, sendo rea-
geral por tratarem de assuntos muito específicos. lizada em 1993. No entanto, ao contrário das emendas co-
muns, ela tinha um procedimento de deliberação parlamen-
tar mais simples para reformar o texto constitucional pela
maioria absoluta dos parlamentares, em sessão unicameral e
promulgação dada pela Mesa do Congresso Nacional.

11
HISTÓRIA DO BRASIL

A Constituição brasileira já sofreu 72 reformas em seu Com isso, a Constituição de 1988 favoreceu os Estados
texto original, sendo 72 emendas constitucionais tendo a e Municípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos,
última sido promulgada no dia 2 de abril de 2013, e 6 emen- porém sem a correspondente transferência de encargos e
das de revisão constitucional. A única Revisão Constitucional responsabilidades. O Governo Federal continuou com os
geral prevista pela Lei Fundamental brasileira aconteceu em mesmos custos e com fonte de receita bastante diminuí-
5 de outubro de 1993, não podendo mais sofrer emendas de das. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto sobre
revisão. Mesmo assim, houve tentativas, como a Proposta de produtos industrializados (IPI) — os principais da União —
Emenda à Constituição (PEC) 157, do deputado Luiz Carlos foi automaticamente distribuída aos estados e municípios.
Santos, que previa a convocação de uma Assembleia de Re- Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a
visão Constitucional a partir de janeiro de 2007. base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercado-
rias e Serviços (ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes
Remédios Constitucionais ampliaram as funções do Governo Federal.
Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos,
no campo fiscal, que têm repercutido nos recursos para
ações e garantias, os denominados “Remédios Constitucio-
programas sociais ao induzir a União a buscar receitas não
nais”. Por Remédios Constitucionais entendem-se as garan-
partilháveis com os Estados e Municípios, contribuindo
tias constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para tor-
nar efetivo o exercício dos direitos constitucionais. para o agravamento da ineficiência e da não equidade do
Os Remédios Constitucionais (listados abaixo) são pre- sistema tributário e do predomínio de impostos indiretos
vistos no artigo 5º e no artigo 129-Inciso III, da Constituição e contribuições. Consequentemente houve uma crescente
de 1988: carga sobre tributos tais como o imposto sobre operações
Habeas Data - artigo 5º, Inciso LXXII - sua finalidade é financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL),
garantir ao particular o acesso às informações que dizem ao contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), entre ou-
seu respeito constantes do registro de banco de dados de tros.
entidades governamentais ou de caráter público ou corre-
ção destes dados, quando o particular não preferir fazer por Em relação às Constituições anteriores, a Constitui-
processo sigiloso, administrativo ou judicial. ção de 1988 representa um avanço.
Ação Popular - artigo 5º, Inciso LXXIII e Lei n.º 4.171/65)
- objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público e punir As modificações mais significativas foram:
seus responsáveis.
Ação Civil pública - artigo 129, Inciso III - objetiva repa- - Direito de voto para os analfabetos;
rar ato lesivo aos interesses descritos no artigo 1º (todos os - Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
incisos), da Lei nº 7.347. - Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
Habeas Corpus - artigo 5º, Inciso LXVIII - instrumento - Eleições em dois turnos (para os cargos de presiden-
tradicionalíssimo de garantia de direito, assegura a repara- te, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200
ção ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por mil habitantes);
ilegalidade ou por abuso de poder. - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados,
Mandado de Segurança - artigo 5º, Inciso LXIX - usado além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos
de modo individual, tem por fim proteger direito líquido e domésticos;
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. - Direito a greve;
Mandado de Segurança Coletivo - artigo 5º, Inciso LXX - Liberdade sindical;
- usado de modo coletivo, tem por finalidade proteger o di-
- Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 ho-
reito de partidos políticos, organismos sindicais, entidades
ras semanais;
de classe e associação legalmente constituídas em defesa
- Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente
dos interesses de seus membros ou associados.
discutida a ampliação).
Mandado de Injunção - artigo 5º, Inciso LXXI - usado
para viabilizar o exercício de um direito constitucionalmente - Licença paternidade de 5 dias;
previsto e que depende de regulamentação. - Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
Política Urbana e Transferências de Recursos - Seguro desemprego;
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição
destaca-se das demais na medida em que pela primeira vez
estabelece um capítulo sobre política urbana, expresso no
artigo 182 e no artigo 183. Até então, nenhuma outra Cons-
tituição definia o município como ente federativo: a partir
desta, o município passava efetivamente a constituir uma
das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia e atri-
buições inéditas até então.

12
HISTÓRIA DO BRASIL

Os governos militares
3. A ESTRUTURA POLÍTICA E OS
MOVIMENTOS SOCIAIS NO PERÍODO O marechal Humberto de Alencar Castello Branco
MILITAR. esteve à frente do primeiro governo militar e deu início
à promulgação dos Atos Institucionais. Entre as medidas
mais importantes, destacam-se: suspensão dos direitos
políticos dos cidadãos; cassação de mandatos parlamen-
Ditadura Militar no Brasil tares; eleições indiretas para governadores; dissolução de
  todos os partidos políticos e criação de duas novas agre-
As intervenções militares foram recorrentes na histó- miações políticas: a Aliança Renovadora Nacional (Arena),
ria da república brasileira. Antes de 1964, porém, nenhuma que reuniu os governistas, e o Movimento Democrático
dessas interferências resultou num governo presidido por Brasileiro (MDB), que reuniu as oposições consentidas.
militares. Em março de 1964, contudo, os militares assumi- Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado,
ram o poder por meio de um golpe e governaram o país sendo imposta uma nova Constituição, que entrou em vi-
nos 21 anos seguintes, instalando um regime ditatorial. gor em janeiro de 1967. Na economia, o governo revogou
A ditadura restringiu o exercício da cidadania e repri- a Lei de Remessa de Lucros e a Lei de Estabilidade no
miu com violência todos os movimentos de oposição. No Emprego, proibiu as greves e impôs severo controle dos
que se refere à economia, o governo colocou em prática salários. Castelo Branco planejava a transferir o governo
um projeto desenvolvimentista que produziu resultados aos civis no final de seu mandato, mas setores radicais
bastante contraditórios, tendo em vista que o país ingres- do Exército impuseram a candidatura do marechal Costa
sou numa fase de industrialização e crescimento econômi- e Silva.
co acelerados, sem beneficiar, porém, a maioria da popula- O marechal enfrentou a reorganização política dos
ção, em particular a classe trabalhadora. setores oposicionistas, greves e a eclosão de movimen-
tos sociais de protesto, entre eles o movimento estudantil
Antecedentes do golpe universitário. Também neste período os grupos e orga-
nizações políticas de esquerda organizaram guerrilhas
Os militares golpistas destituíram do poder o presiden- urbanas e passaram a enfrentar a ditadura, empunhando
te João Goulart, que havia assumido a presidência após a armas, realizando sequestros e atos terroristas. O gover-
inesperada renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Sua pos- no, então, radicalizou as medidas repressivas, com a justi-
se foi bastante conturbada e só foi aceita pelos militares e
ficativa de enfrentar os movimentos de oposição.
pelas elites conservadoras depois da imposição do regime
A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em
parlamentarista. Essa fórmula política tinha como propó-
dezembro de 1968, representou o fechamento completo
sito limitar as prerrogativas presidenciais, subordinando o
do sistema político e a implantação da ditadura. O AI-5
Poder Executivo ao Legislativo. Goulart, contudo, mano-
restringiu drasticamente a cidadania, pois dotou o gover-
brou politicamente e conseguiu aprovar um plebiscito, cujo
no de prerrogativas legais que permitiram a ampliação da
resultado restituiu o regime presidencialista.
repressão policial-militar.
O presidente, entretanto, continuou a não dispor de
Suprimidos os direitos políticos, na área econômi-
uma base de apoio parlamentar que fosse suficiente para
ca o novo presidente flexibilizou a maioria das medidas
aprovar seus projetos de reforma política e econômica. A
saída encontrada por Goulart foi a de pressionar o Con- impopulares adotadas por seu antecessor. Costa e Silva
gresso Nacional por meio de constantes mobilizações po- não conseguiu terminar seu mandato devido a problemas
pulares, que geraram inúmeras manifestações públicas em de saúde. Afastado da presidência, os militares das três
todo o país. armas formaram uma junta governativa de emergência,
Ao mesmo tempo, a situação da economia se deterio- composta pelos três ministros militares: almirante, da Ma-
rou, provocando o acirramento dos conflitos de natureza rinha; general Lira Tavares, do Exército; e brigadeiro Sousa
classista. Todos esses fatores levaram, de forma conjunta, e Melo, da Aeronáutica.
a uma enorme instabilidade institucional, que acabou por Ao término do governo emergencial, que durou de
dificultar a governabilidade. agosto a outubro de 1969, o general Médici foi escolhido
Nessa conjuntura, o governo tentou mobilizar setores pela Junta Militar para assumir a presidência da República.
das Forças Armadas, como forma de obter apoio político, O general dispôs de um amplo aparato de repressão
mas isso colocou em risco a hierarquia entre os comandos policial-militar e de inúmeras leis de exceção, sendo que
militares e serviu como estímulo para o avanço dos milita- a mais rigorosa era o AI-5. Por esse motivo, seu manda-
res golpistas. to presidencial ficou marcado como o mais repressivo do
Em 1964, a sociedade brasileira se polarizou. As classes período da ditadura. Exílios, prisões, torturas e desapare-
médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram con- cimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de vio-
tra o governo e abriram caminho para o movimento dos lência repressiva imposta à sociedade.
golpistas.

13
HISTÓRIA DO BRASIL

Siglas como DOPS (Departamento de Ordem Política Ao término do mandato de Geisel, a sociedade bra-
e Social) e DOI-CODI (Destacamento de Operações e In- sileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão
formações-Centro de Operações de Defesa Interna) fica- havia diminuído significativamente; as oposições políticas,
ram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. Com o movimento estudantil e os movimentos sociais come-
a censura, todas as formas de manifestações artísticas e çaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o
culturais sofreram restrições. No final do governo Médici, AI-5 e restaurou o habeas corpus. Geisel conseguiu impor
as organizações de luta armada foram dizimadas. a candidatura do general João Batista Figueiredo para a
Na área econômica, o governo colheu os frutos do sucessão presidencial. Foi o último general presidente, en-
chamado “milagre econômico”, que representou a fase áu- cerrando o período da ditadura militar, que durou mais de
rea de desenvolvimento do país, obtido por meio da cap- duas décadas.
tação de enormes recursos e de financiamentos externos. Figueiredo acelerou o processo de liberalização políti-
Todos esses recursos foram investidos em infraestrutura: ca e o grande marco foi a aprovação da Lei de Anistia, que
estradas, portos, hidrelétricas, rodovias e ferrovias expan- permitiu o retorno ao país de milhares de exilados políticos
diram-se e serviram como base de sustentação do vigoro- e concedeu perdão para aqueles que cometeram crimes
so crescimento econômico. O PIB (Produto Interno Bruto) políticos. A anistia foi mútua, ou seja, a lei também livrou
chegou a crescer 12% ao ano e milhões de empregos fo- da justiça os militares envolvidos em ações repressivas que
ram gerados. provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cida-
A curto e médio prazo, esse modelo de desenvolvi- dãos. O pluripartidarismo foi restabelecido. A Arena muda
mento beneficiou a economia, mas a longo prazo o país a sua denominação e passa a ser PDS; o MDB passa a ser
acumulou uma dívida externa cujo pagamento (somente PMDB. Surgem outros partidos, como o Partido dos Tra-
dos juros) bloqueou a capacidade de investimento do Es- balhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
tado. A estabilidade política e econômica obtida no gover- O governo também enfrentou a resistência de militares
no Médici permitiu que o próprio presidente escolhesse radicais, que não aceitavam o fim da ditadura. Essa resis-
seu sucessor: o general Ernesto Geisel foi designado para tência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bombas
eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades
ocupar a Presidência da República.
da sociedade civil (Igreja Católica, Ordem dos Advogados
O governo do general coincidiu com o fim do milagre
do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras).
econômico. O aumento vertiginoso dos preços do petró-
O caso mais grave e de maior repercussão ocorreu em abril
leo, principal fonte energética do país, a recessão da eco-
de 1981, quando uma bomba explodiu durante um show
nomia mundial e a escassez de investimentos estrangeiros
no centro de convenções do Rio Centro. O governo, porém,
interferiram negativamente na economia interna.
não investigou devidamente o episódio.
Na área política, Geisel previu dificuldades crescentes
Na área econômica, a atuação do governo foi medío-
e custos políticos altíssimos para a corporação militar e
cre, os índices de inflação e a recessão aumentaram dras-
para o país, caso os militares permanecessem no poder
ticamente.
indefinidamente. Ademais, o MDB conseguiu expressiva No último ano do governo Figueiredo surgiu o movi-
vitória nas eleições gerais de novembro de 1974, con- mento das Diretas Já, que mobilizou toda a população em
quistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara defesa de eleições diretas para a escolha do próximo presi-
dos Deputados e as prefeituras da maioria das grandes dente da República. O governo, porém, resistiu e conseguiu
cidades. Por essa razão, o presidente iniciou o processo barrar a Lei Dante de Oliveira. Desse modo, o sucessor de
de distensão lenta e gradual em direção à abertura e à Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Elei-
redemocratização. toral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Não obstante, militares radicais (denominados pe- Federal. Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral esco-
los historiadores como a “linha dura”), que controlavam lheu o deputado como novo presidente da República. Tan-
o sistema repressivo, ofereceram resistência à política de credo derrotou o deputado Paulo Maluf. Tancredo Neves,
liberalização. A ação desses militares gerou graves crises no entanto, adoeceu e morreu. Em seu lugar, assumiu o
institucionais e tentativas de deposição do presidente. vice-presidente. Texto adaptado de CANCIAN, R.
Os casos mais notórios de tentativas de desestabilizar
o governo ocorreram em São Paulo, quando morreram, O Golpe militar
sob tortura, o jornalista e o operário .
O conflito interno nas Forças Armadas, decorrente de Em 31 de março de 1964, tropas militares lideradas
divergências com relação à condução do Estado brasileiro, pelos generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Fi-
esteve presente desde a tomada do poder pelos militares lho desencadeiam o movimento golpista. Em pouco tem-
até o fim da ditadura. po, comandantes militares de outras regiões aderiram ao
No entanto, Geisel conseguiu superar todas as ten- movimento de deposição de Jango. Em 1˚ de abril, João
tativas de desestabilização do seu governo. O golpe final Goulart praticamente abandonou a presidência, e no dia 2
contra os militares radicais foi dado com a exoneração do se exilou no Uruguai. O movimento conspirador que depôs
ministro do Exército, general Sílvio Frota. Jango da presidência da república reuniu os mais variados
setores sociais, desde as elites industriais e agrárias (em-

14
HISTÓRIA DO BRASIL

presários e latifundiários), banqueiros, Igreja Católica e os A Linha Dura: No governo estavam oficiais da linha
próprios militares, todos temiam que o Brasil caminhasse dura, e as ruas eram dominadas pelas greves dos ope-
para um regime socialista. O golpe militar não encontrou rários e movimentos estudantis. Neste clima se iniciou a
grande resistência popular, apenas algumas manifestações contravertida batalha entre o Estado e os manifestantes,
que foram facilmente reprimidas. Essa é uma questão im- que reivindicavam o fim do regime. Como consequência,
portante, pois os pesquisadores do tema ainda não apre- as liberdades individuais foram suprimidas e a Nação defi-
sentaram explicações satisfatórias, no sentido de entender nitivamente entrou em um processo de radicalização entre
porque a sociedade brasileira, que na época atravessava os militares e a oposição, que gerou o gradual fechamento
um período de dinamismo com o surgimento de movi- do regime, até culminar com o AI-5.
mentos sociais de variados tipos, manteve-se paralisada
sem oferecer resistência ao movimento golpista. Eleições de 1965: A lei eleitoral de 15 de julho de 1965
proibia a reeleição, assim, Magalhães Pinto e Carlos Lacer-
Rumo à ditadura da, não concorreram, ficando apenas apoiando seus candi-
datos da UDN. No entanto, em Minas Gerais venceu Israel
Pinheiro, do PSD e no Rio de Janeiro, Francisco Negrão de
Por razões óbvias, os militares chamam o movimen-
Lima, do PTB, o que foi visto como alarmante pelos seto-
to que depôs Jango de Revolução Redentora. Por outro
res “linha dura” do governo militar que se mobilizaram em
lado, na historiografia brasileira, o movimento de março
alterar mais uma vez a constituição para garantir a vitória
de 1964 é justificadamente denominado de Golpe Militar. dos políticos de situação. No dia 6 de outubro, o Presidente
O golpe pôs fim a primeira experiência de regime demo- da República encaminhou ao Congresso Nacional medidas
crático no país e encerrou com a fase populista. O regime para endurecer o regime, atribuindo ao governo militar
que se instaurou sobre a égide dos militares foi se radicali- mais poderes, restringindo a liberdade de expressão e ação
zando a ponto de se transformar numa ditadura altamente dos cassados, controlar o Supremo Tribunal Federal, acabar
repressiva que avançou sobre as liberdades políticas e os com o foro especial para os que exerceram mandato exe-
direitos individuais. Os generais se sucederam na presi- cutivo e estabelecendo eleições indiretas para Presidente
dência e governaram o país por 21 anos. da República. No dia 8 de outubro, Lacerda, na televisão,
chama Castelo Branco de traidor da revolução, rompe com
Castello Branco (1964/1966) o governo e renuncia à sua candidatura.

O Congresso Nacional ratificou a indicação do co- 1968 - Reações ao Regime: Em julho ocorreu a pri-
mando militar, e elegeu o Marechal Humberto de Alen- meira greve do governo militar, em Osasco. A linha dura,
car Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército. representada entre outros por Aurélio de Lira Tavares, mi-
Como vice-presidente foi eleito o deputado pelo PSD José nistro do exército e Emílio Garrastazu Médici, chefe do SNI
Maria Alkimin, secretário de finanças do governo de Mi- começou a exigir medidas mais repressivas e combate às
nas Gerais, do governador Magalhães Pinto, que ajudou idéias consideradas subversivas. A repressão se intensificou
a articular o golpe. No dia 15 de abril de 1964, Castello e em 30 de agosto a Universidade Federal de Minas foi
Branco tomou posse. Em 17 de julho, sob a justificativa de fechada e a Universidade de Brasília invadida pela polícia.
que a reforma política e econômica planejada pelo gover- Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do
no militar poderia não ser concluída até 31 de janeiro de MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o povo
1966, quando terminaria o mandato presidencial inaugu- a um boicote ao militarismo e a não participar dos festejos
rado em 1961, o Congresso aprovou a prorrogação do seu de Independência do Brasil em 7 de setembro como forma
de protesto. O discurso foi considerado como ofensivo pe-
mandato até 15 de março de 1967, adiando as eleições
los militares e o governo encaminhou ao congresso pedido
presidenciais para 3 de outubro de 1966. Essa mudança
para processar deputado Márcio Moreira Alves, o que foi
fez com que alguns políticos que apoiaram o movimento
rejeitado na Câmara por 75 votos.
passassem a ser críticos do governo, a exemplo de Carlos
Lacerda, que teve sua pré-candidatura homologada pela O AI-5 e o Fechamento do Regime Militar: Para en-
UDN ainda em 8 de novembro de 1964. As cassações con- frentar a crise Costa e Silva editou, em 13 de dezembro de
tinuaram, superando 3.500 nomes em 1964, entre os quais 1968, o AI-5 que permitia ao governo decretar o recesso
o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que se exilou em Pa- legislativo e intervir nos estados sem as limitações da cons-
ris. Em seguida Castelo Branco baixou o AI-2, e o que era tituição, a cassar mandatos eletivos, decretar confisco dos
um simples movimento militar passou a se constituir num bens “de todos quantos tenham enriquecido ilicitamente”
regime, evoluindo para uma linha dura no comando do e suspender por 10 anos os direitos políticos de qualquer
general Costa e Silva em 1967. cidadão. Ou seja, apertou ainda mais o regime. O AC 38
decretou o recesso do Congresso por tempo indetermi-
nado. Foram presos jornalistas e políticos que haviam se
manifestado contra o regime, entre eles o ex-presiden-
te Juscelino Kubitschek, e ex-governador Carlos Lacerda,
além de deputados estaduais e federais do MDB e mesmo

15
HISTÓRIA DO BRASIL

da ARENA. Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Lista dos principais movimentos de direita e esquerda
Marechal Caetano de Farias, da Polícia Militar do Estado
da Guanabara, sendo libertado por estar com a saúde de- A esquerda
bilitada, após uma semana fazendo greve de fome. No dia - Mais de mil sindicatos de trabalhadores foram funda-
30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de políti- dos até 1964
cos cassados: 11 deputados federais, entre os quais Márcio - Surge o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT)
Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos sus- - Pacto de Unidade e Ação (PUA aliança intersindical)
pensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou - União Nacional dos Estudantes (UNE)
em rede de rádio e televisão, afirmando que o AI-5 havia - Ação Popular (católicos de esquerda)
sido não a melhor, mas a única solução e que havia salvado - Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb - reu-
a democracia e estabelecido a volta às origens do regime. nindo intelectuais de esquerda)
No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em - Frente de Mobilização Popular (FMP, liderada por
maio, seguiu para a África como enviado especial de O Es-
Leonel Brizola)
tado de São Paulo e do Jornal da Tarde. Em 16 de janeiro
- União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do
de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cassados com 35
deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri Constant Brasil
Bevilacqua. O regime militar estava se tornando uma dita- - Ligas camponesas
dura mais e mais violenta, a imprensa da época (Folha de - Organizações de luta contra o regime militar e pela
São Paulo) veladamente afirmava que o AI-5 foi o “golpe instalação do regime comunista (inclusive surgidas após o
dentro do golpe”, expressão esta que acabou virando cha- golpe)
vão entre a população. - Ação Libertadora Nacional (ALN)
- Comando de Libertação Nacional (COLINA)
A Emenda Constitucional: No dia 17 de outubro, foi - MNR
promulgada pela junta militar a Emenda Constitucional nº - Molipo
1, incorporando dispositivos do AI-5 à constituição, estabe- - Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8]
lecendo o que ficou conhecido como Constituição de 1969. - PCB
Em 25 de outubro, Médici e Rademaker foram eleitos pelo - PCBR
Congresso por 293 votos, havendo 76 abstenções, corres- - Partido Operário Comunista (POC)
pondentes à bancada do MDB. O novo presidente tomou - POLOP
posse no dia 30 de novembro. - VAR-Palmares
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Após o Golpe de 1964: Logo após o golpe de 1964,
em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e A direita
fechando o regime aos poucos. O período compreendido - Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)
entre 1968 até 1975 foi determinante para a nomenclatura - Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad)
histórica conhecida como “anos de chumbo”. Dezoito mi- - Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, fi-
lhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições im- nanciada pelo Ipes)
postas por seguidos Atos Institucionais que ignoravam e
- União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes)
cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando
- Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas
um Estado de exceção, suspendendo a democracia. Que-
(Adce, ligada ao Ipes)
rendo impor um modelo sócio, político e econômico para
- Movimento Anticomunista (MAC, formado por uni-
o Brasil, a ditadura militar, no entanto, tentou forjar um am-
biente democrático, e não se destacou por um governante versitários)
definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura - Frente da Juventude Democrática (formada por estu-
militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas dantes anticomunistas radicais)
pelo nome de “Revolução” - os golpistas de 1964 sempre - Comando de Caça aos Comunistas (o famoso CCC
denominaram assim seu feito - e seus governos eram con- que era formado por estudantes anticomunistas radicais)
siderados “revolucionários”. A visão crítica do regime só co- - Esquadrões da Morte (formados por policiais para o
meçou a ser permitida a partir de 1974, quando o general assassinato de opositores)
Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da
vida sócio-política do país. A Invasão da UNE: Em Ibiúna, São Paulo, realizou-se
em 12 de outubro de 1968 o trigésimo congresso da UNE.
Bipolarização: Durante a eclosão do golpe de 1964 A polícia invade a reunião e prende 1240 estudantes, mui-
havia duas correntes ideológicas no Brasil, sendo uma de tos são feridos, alguns gravemente; quando levados para
esquerda e outra de direita. Aquelas correntes tinham mo- a prisão são torturados e muitas moças abusadas sexual-
vimentos populares de ambas facções, acredita-se finan- mente pelos policiais. Aqueles que tentam protestar contra
ciados com capital externo. Além da polarização, existia a violência são espancados e humilhados publicamente, os
também um forte sentimento antigetulista, dizem alguns familiares que tentam entrar com habeas-corpus são ficha-
motivador do movimento militar que derrubou Jango. dos pelo SNI e ameaçados pelas forças de segurança.

16
HISTÓRIA DO BRASIL

Alguns pais, por serem funcionários de instituições melhorar os salários, diminuir a concentração de renda e
públicas, perdem seus empregos e são perseguidos pelas recuperar o sistema público de saúde e educação, ou im-
forças de repressão; alguns repórteres que presenciaram os plementava reformas políticas que criassem canais para
espancamentos têm seus equipamentos destruídos pelos que o descontentamento popular pudesse se manifestar,
policiais, sendo dada ordem para nada ser publicado ou desde que preservada a estabilidade política, ou seja, os
divulgado pelos meios de comunicação. interesses essenciais das elites econômicas e políticas. Ora,
era óbvio que a elite empresarial, base de apoio do gover-
Criação do Conselho Superior de Censura: Em fun- no, não iria admitir alterações no modelo econômico. No
ção dos acontecimentos que estão por atropelar a histó- decorrer da década de 1964 - 1974, ele fora responsável
ria, é criado no dia 22 de novembro de 1968 o Conselho pelo espetacular enriquecimento dessa fração da socieda-
Superior de Censura, cuja função é centralizar e coordenar de brasileira. A elite econômica, a partir daquele momento,
as ações dos escritórios de censura espalhados pelo país. passou a lutar com unhas e dentes para preservar essa for-
Começa a haver vazamentos de dados e informações para ma de produzir riqueza e miséria em larga escala: o mode-
órgãos de direitos humanos internacionais, sendo portanto lo econômico brasileiro. Em resumo, a “abertura política”
urgente a interrupção de toda e qualquer informação de visava realizar mudanças graduais no sistema político para
eventos que possam ocasionar algum tipo de protesto da atingir dois objetivos simultâneos. Primeiro, transferir o
opinião pública internacional e o espalhamento de notícias poder aos civis que apoiaram o golpe de 1964. Segundo,
indesejáveis em território nacional. Também são criados tri- manter o selvagem sistema de acumulação capitalista cria-
bunais de censura, com a finalidade de julgar rapidamente do pelos militares e pelos grupos econômicos dominantes.
órgãos de comunicações que porventura burlem a ordem
estabelecida, com seu fechamento imediato em caso de A Vitória da Oposição nas Eleições de 1974: O pri-
necessidade institucional. meiro desafio que Geisel teve de enfrentar foram as elei-
ções legislativas de novembro de 1974. Convencido de
A estratégia política do governo Geisel: Tratava-se que a Arena tinha os melhores candidatos, certo de que o
da já referida “abertura lenta, gradual e segura” idealizada MDB era fraco e sem lideranças de expressão, decidiu dar
por Golbery. Lenta e gradual, para os militares não perde- os primeiros passos ruma à liberalização política. Permitiu
rem o controle do processo. Segura, para evitar que as for- uma relativa liberdade de expressão durante a campanha
ças políticas derrubadas em 1964 voltassem ao poder. Seria eleitoral. Os candidatos puderam ir à televisão, expor e de-
muito simplismo, entretanto, supor que a “abertura” tenha bater suas idéias. A campanha da oposição centrou-se na
sido planejada e implementada só por essa razão. Outros denúncia da injustiça social, da falta de liberdades públicas
motivos foram decisivos para a sua adoção. Em primeiro e da excessiva abertura da economia ao capital estrangeiro.
lugar, Geisel e seu grupo tinham perfeita consciência de A vitória do MDB foi esmagadora: dobrou a representação
que a situação do país, especialmente a econômica, torna- na Câmara Federal, triplicou a representação no Senado e
ra-se complicada. As crescentes dificuldades econômicas assumiu o controle das Assembleias Legislativas nos Esta-
decorrentes do colapso do “milagre”, descritas anterior- dos mais importantes do país. O governo ficou preocupado
mente, geravam focos de descontentamento entre setores diante do resultado das eleições. No decorrer dos anos de
empresariais, classes médias e operariado. O novo governo 1975 e 1976, nada tinha aparecido de novo na esfera políti-
sabia que manter uma ditadura num quadro de crescimen- ca e econômica que desse a Geisel a esperança de alcançar
to econômico e relativa prosperidade era muito diferente um resultado melhor nas eleições para o governador de
de mantê-la numa situação de crise econômica. A falta de 1978. Muito pelo contrário. A indignação e revolta contra
liberdade política aliada à queda nos lucros e à grave crise a situação política e econômica aumentaram ainda mais.
social era uma combinação perigosa, que poderia fazer ex-
plodir o sistema político, com consequências imprevisíveis O Governo se prepara para as Eleições de 1978: O
para o interesse dominantes. Pacote de Abril
Em segundo lugar, os militares sabiam que as medi-
das econômicas para enfrentar a crise seriam impopulares No início de 1977, no dia 1º de abril, Geisel recorreu
e provocariam descontentamentos, inclusive entre podero- ao AI-5. Fechou o Congresso e outorgou o Pacote de Abril.
sos grupos econômicos. Havia o temor de que o desgaste Entre as principais medidas desse conjunto de decretos, es-
que o governo iria sofrer com essas medidas atingisse o tava a adoção de maioria simples para realizar reformas na
Exército. Os fracassos do governo se confundiriam com os Constituição (o governo não controlava mais dois terços
do Exército. Para esse grupo de militares liderados por Gei- do Congresso). Além disso, determinavam que os governa-
sel, afastar-se, o mais rápido possível, do Executivo era uma dores de Estado e um terço dos senadores fossem eleitos
forma de preservar a instituição e evitar a sua desmoraliza- indiretamente por um colégio eleitoral estadual, composto
ção e desgaste perante a nação. Isso, pensavam, seria o fim, inclusive por vereadores. Essas medidas garantiam a vitó-
pois para eles o Exército e o conjunto das Forças Armadas ria da Arena na eleição para governadores. Os estados do
eram os principais pilares da República. Diante desses pro- Norte e Nordeste, controlados pela Arena, teriam direito
blemas havia, pelo menos, duas alternativas. Ou o gover- a um número maior de deputados, comparativamente aos
no reorientava a economia visando atenuar a crise social, estados do Sul e do Sudeste. Isso porque foi estabelecido

17
HISTÓRIA DO BRASIL

um número mínimo e um número máximo de deputados Até um filho de general foi preso sem que ele pudesse
federais por estado, prejudicando os estados mais populo- fazer nada a respeito. Dez líderes sindicais foram detidos e
sos e importantes. Por fim, a Lei Falcão (nome do ministro torturados no Rio de Janeiro. A Igreja e a OAB tinha entra-
da Justiça da época, Armando Falcão) determinava que os do com um pedido de informações ao governo a respeito
candidatos não poderiam se manifestar, nem no rádio nem do paradeiro de 22 suspeitos que foram presos e haviam
na televisão, durante a campanha eleitoral. Em síntese, tais desaparecido. O governo, simplesmente, não sabia infor-
reformas visaram garantir a vitória da Arena nas eleições de mar onde eles se encontravam.
1978, o que acabou ocorrendo. Apesar das medidas auto-
ritárias, o governo não tinha desistido de seu projeto de li- A Morte de Herzog e de Manoel Fiel Filho
beralização. Em outubro de 1978, no final do seu mandato,
Geisel impôs ao Congresso, e a Arena aprovou, a Emenda Em outubro de 1975, um jornalista que trabalhava na
Constitucional nº 11. TV-Cultura de São Paulo ficou sabendo que o DOI-Codi
estava a sua procura e se apresentou espontaneamente
ao QG do II Exército para prestar depoimento. Foi ime-
A Abertura Política Avança: O Fim do AI-5
diatamente preso, interrogado e torturado até a morte.
Na versão do comando do II Exército, o jornalista havia se
Ela extinguiu o AI-5, principal instrumento jurídico da
suicidado na cela, enforcando-se com o próprio cinto. A
ditadura militar. O Executivo já não tinha poder legal de repercussão foi enorme, pois acabava de ser assassinado
fechar o Congresso, cassar mandatos e direitos políticos. O um membro da elite cultural paulista. A Igreja, a OAB, estu-
habeas-corpus foi restaurado e a censura prévia, ao rádio dantes e professores das principais universidades paulistas
e à televisão, abolida. A pena de morte e a de prisão per- marcaram atos de protesto e cobraram do governo um es-
pétua foram extintas. Foi restaurada a independência do clarecimento para o caso. O fato era uma desmoralização
Judiciário. No lugar do AI-5, foram criadas as medidas de para Geisel, pois contrariava a sua promessa de liberaliza-
emergência, o estado de sítio e o estado de emergência, ção. Ficava evidente que o governo não tinha controle so-
que, no conjunto, davam ao Executivo alguns poderes per- bre seus organismos de segurança. Em janeiro, o operário
didos com a extinção do AI-5. metalúrgico e ativista sindical Manoel Fiel Filho, que vinha
No final de 1978, foram revogados os decretos de ba- sendo torturado havia dias nas dependências do DOI-Codi,
nimento de mais de 120 exilados políticos. Muitos políticos em São Paulo, também perdeu a vida em virtude das bru-
de expressão, entretanto, ficaram fora dessa lista, entre eles talidades que sofreu. Na versão do comando do II Exército,
Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes, que continuavam proi- tratava-se de outro suicídio. Geisel, que defendera o co-
bidos de voltar ao país. Pode parecer paradoxal a sucessão mandante do II Exército por ocasião da morte de Herzog,
de medidas autoritárias e liberalizantes adotadas por Gei- sentiu-se traído, pois era evidente que aqueles cadáveres
sel. Na verdade, não havia contradição alguma nessa estra- estavam sendo “colocados sobre sua mesa” com a única
tégia. O presidente estava empenhado em dar andamento intenção de criar problemas para o seu projeto de abertura.
à abertura política. Mas ele não admitia perder o controle Era um desafio aberto à sua autoridade. Ele tomou, então,
sobre esse processo. Daí as medidas de caráter autoritário. uma atitude rápida e ousada, afastando o comandante do
Elas sempre foram introduzidas para dar ao governo condi- II Exército, Ednardo d’Ávila, sem consultar o Alto Coman-
ções de conduzir o processo, na sequência e na velocidade do das Forças Armadas, como era comum nesses casos.
que julgava apropriadas. Depois confessou que o fez não porque Ednardo estives-
se envolvido com a tortura ou mortes, mas, sim, porque
Os Obstáculos à Estratégia do Governo: Apesar de ele não tinha controle sobre alguns oficiais comandados
por ele. A aprovação do Alto Comando à decisão de Geisel
Geisel ter sido bem-sucedido na implementação de seu
mostrou que ele contava com um enorme apoio dentro do
programa político, não foram poucos os obstáculos que
Exército. A partir desse momento, a linha-dura passou para
teve de remover para atingir seus objetivos. Havia, basica-
a defensiva. Se o comandante do II Exército podia “cair” por
mente, duas forças de oposição ao seu projeto de liberali- desafiar a autoridade presidencial, o que poderia acontecer
zação. A primeira, e mais poderosa, estava no interior das com oficiais de patentes inferiores?
próprias Forças Armadas. Era a linha-dura, que comandava
os organismos de repressão montados durante o governo O Renascimento do Movimento Operário e Sindical
Médici. A segunda, bem menos poderosa, era composta
por algumas organizações da sociedade civil. A repressão que se seguiu ao golpe de 1964 pratica-
mente eliminou toda uma geração de dirigentes e ativistas
A Resistência Militar à Abertura Política: As primei- sindicais. Nos anos seguintes, uma nova geração de ope-
ras dificuldades de Geisel com a linha-dura começaram a rários, sem sólidas vinculações partidárias, começou a re-
aparecer logo depois da derrota eleitoral do governo nas tomar as lutas trabalhistas reorganizar os sindicatos. Esse
eleições de 1974. Para esse grupo, a derrota ocorreu por processo ocorreu com maior rapidez no “centro nervoso”
causa do PCB, que, apesar de estar na ilegalidade, desen- da indústria brasileira, o setor automobilístico sediado no
volvia intensa atividade política. Iniciou-se uma ampla cam- ABCD paulista. A retomada da luta sindical ganhou gran-
panha de perseguição aos comunistas. Inúmeros suspeitos de impulso nessa região em 1977. Nesse ano, tornou-se
de ligações com o partido foram presos e desapareceram. pública e inquestionável a falsificação ocorrida no índice

18
HISTÓRIA DO BRASIL

da inflação de 1973, quando Delfim Netto era ministro da Os planos de Simonsen e sua queda: Simonsen as-
Fazenda. Economista competente e muito hábil com os sumiu dizendo que o Brasil não poderia mais crescer no
números, Delfim estabeleceu em 15% a inflação de 1973. mesmo ritmo. Crescimento significava aumento das im-
Entretanto, os números do Banco Mundial sobre a econo- portações e obtenção de mais empréstimos. O país, entre-
mia brasileira não batiam com esse índice. Depois de refa- tanto, não tinha condições de importar mais nem contrair
zer várias vezes os cálculos, os técnicos do Banco Mundial novos empréstimos. O Brasil tinha de se preparar para cres-
chegaram à conclusão de que a inflação de 1973 não po- cer menos e começar a pagar seus compromissos externos.
deria ser inferior a 22,5%. Esse índice, projetado nos anos Os grandes bancos internacionais aplaudiram o diagnósti-
seguintes, representava uma perda de, aproximadamente, co do ministro. Os empresários brasileiros, não. Diante da
34% nos salários dos trabalhadores. O sindicato dos Meta- perspectiva de queda nas vendas, falta de crédito e falên-
lúrgicos de São Bernardo, por iniciativa de seu presidente,
cias, começaram a criticar o ministro e, em cinco meses,
Luís Inácio da Silva, conhecido por “Lula”, baseado nos da-
mais precisamente em agosto de 1979, ele caiu. Depois
dos do Banco Mundial, começou uma campanha exigindo
a reposição daquela enorme perda salarial. O governo e que foi afastado, Mário Henrique Simonsen arrumou um
os empresários reconheciam a fraude, mas não aceitavam bom emprego no First National City Bank of New York, um
repor a perda. Depois de sete meses de negociações, já no dos maiores bancos norte-americanos e um dos principais
início da campanha salarial, em maio de 1978, as greves credores do Brasil.
explodiram na indústria automobilística do ABCD paulista.
Depois se propagaram por todo o país. Meio milhão de Delfim Netto e as Promessas de um Novo “Mila-
trabalhadores fizeram greve nesse ano. Em 1979 as parali- gre”: Delfim Netto saiu da reserva e, finalmente, foi esca-
zações atingiram mais de três milhões de assalariados. lado como titular, comandando o poderoso Ministério do
Planejamento. Missão: reeditar o “milagre econômico”. Mas
A Sucessão do General Geisel a dura realidade mostrou que a sua capacidade milagrosa
declinava à exata medida que escasseavam os recursos ex-
Apesar das dificuldades, Geisel continuava a conduzir ternos.
com firmeza os planos para fazer o seu sucessor. Quan-
do ele foi indicado, nem a linha-dura nem o partido de A Continuidade da Abertura Política: Apesar de per-
oposição, o MDB, aceitaram. A linha-dura tinha seu próprio manecer o traço anti-popular das medidas econômicas,
candidato, mas Geisel se encarregou de neutralizá-lo, con- no campo político as mudanças continuavam. O projeto
seguindo transformar Figueiredo no candidato oficial do de abertura política dava novos passos, todos eles mili-
Exército. O MDB, por sua vez, não concordava com a forma metricamente planejados e programados pelo “mago” do
pela qual o presidente era escolhido. O partido resolveu, regime, Golbery do Couto e Silva. A estratégia do minis-
então, lançar um candidato próprio para concorrer com tro tinha etapas muito bem determinadas. O plano con-
Figueiredo no Colégio Eleitoral. Foi escolhido um outro
sistia na realização, em sequência, das seguintes reformas:
general, de coloração nacionalista e defensor da redemo-
anistia a todos os presos e exilados políticos, reformula-
cratização, Euler Bentes Monteiro. Como a maior parte do
ção partidária (fim da Arena e do MDB), restauração das
Colégio Eleitoral era composta pela Arena, fiel seguidora
das determinações do Exército, o candidato oficial acabou eleições diretas (para governadores e depois para prefeitos
vencendo, em outubro de 1978, por 355 a 266 votos. das capitais), convocação de uma Constituinte, que seria o
coroamento do processo de “redemocratização” do país.
Governo Figueiredo (Março-1979 / Março-1985) O sucessor de Figueiredo ainda seria escolhido indireta-
mente. Só ao final de seu mandato é que seriam realizadas
No momento em que o movimento operário e sindical eleições diretas para presidente. Por que essa sequência e
retomava as suas lutas, ocorria a sucessão do presidente não outra? Simplesmente porque Golbery sabia que a mi-
Geisel. João Baptista Figueiredo era integrante do seu gru- séria crescente do povo e o descontentamento da classe
po e estava decidido a dar continuidade à estratégia da média, em virtude da crise econômica, produziram uma gi-
abertura política que Geisel havia iniciado. gantesca derrota eleitoral do regime nas eleições marcadas
para 1982, se fosse mantido o bipartidarismo. Se a oposi-
Economia e Política Econômica: As dificuldades eco- ção permanecesse unida ao MDB, esse partido receberia
nômicas que o governo Figueiredo teve de enfrentar eram os votos da massa descontente e a oposição assumiria o
tremendas. Os operários já não aceitavam ser esfolados. controle do Congresso, criando problemas para o governo
Setores empresariais reclamavam do avanço da estatiza- na continuidade das reformas políticas. A ideia que estava
ção. A dívida externa tirava a capacidade de o governo in- por trás da anistia e da formalização partidária era simples
vestir e sustentar o ritmo de crescimento. O preço do pe- e eficaz: dividir a oposição e, assim, enfraquecê-la.
tróleo jogava os gastos com importações nas alturas. Para
administrar essa situação, o comando da área econômica Anistia: Com a anistia, retornaram ao Brasil lideran-
foi entregue a Mário Henrique Simonsen, nomeado minis- ças políticas de expressão nacional, como Leonel Brizola,
tro do Planejamento. Delfim foi trazido de volta da França e Miguel Arraes, Francisco Julião, Luís Carlos Prestes, Márcio
destacado para o Ministério da Agricultura. Ficou de pron- Moreira Alves, o pivô da crise que precipitou o AI-5, e de-
tidão, esperando uma falha de Simonsen. mais líderes do PCB e do PC do B (na ilegalidade)

19
HISTÓRIA DO BRASIL

Reformulação Partidária: O retorno desses líderes em 1980. No final desse ano e no início de 1981, bombas
acendeu o debate político no país e contribuiu para que começaram a explodir em bancas de jornal que vendiam
fosse montado um novo quadro político partidário. Em no- periódicos considerados de esquerda (Jornal Movimento,
vembro de 1979, o Congresso aprovou a lei de reformula- Pasquim, Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à
ção partidária. A Arena foi extinta, e seus integrantes for- OAB e explodiu nas mãos de uma secretária, matando-a.
mariam dois partidos: o PDS (Partido Democrático Social) Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi,
e o PP (Partido Popular). Esses partidos representavam o mas nunca se conseguiu provar nada.
grande empresariado, os grandes proprietários de terras e
os banqueiros. A maioria dos políticos do extinto MDB fica- O Caso Riocentro
ram juntos e criaram o PMDB (Partido do Movimento De-
mocrático Brasileiro). Alguns dos seus integrantes entraram Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro
no partido que Brizola estava organizando, o PTB. A Justiça durante a realização de um show de música popular. Dele
Eleitoral, por determinação de Golbery, impediu que a si- participavam inúmeros artistas considerados de esquerda
gla PTB fosse entregue a Brizola. Ele, então, fundou o PDT pelo Regime. Quando as primeiras pessoas, inclusive fo-
(Partido Democrático Trabalhista). A sigla PTB foi entregue tógrafos, se aproximaram do local da explosão, depara-
a Ivete Vargas, que organizou o partido com políticos que ram com uma cena dramática e constrangedora. Um carro
vieram da Arena e do MDB. O PMDB e PDT representavam esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
o pequeno e o médio empresariado, que não foram tão fa- destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhe-
vorecidos pelo “milagre econômico”, setores da classe mé- cidos posteriormente como oficiais do Exército ligados ao
dia, profissionais liberais, grupos nacionalistas. O novo PTB, DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro,
por sua vez, não tinha semelhança com o antigo partido estava morto, praticamente partido ao meio. A bomba ex-
getulista. Era um partido que tendia a votar sempre com plodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão,
o PDS e o PP, dando assim sustentação ao regime militar estava vivo, mas gravemente ferido e inconsciente. O Exér-
e às elites que assumiram o poder em 1964. Correndo por cito abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso
fora desse processo, surgiu, em outubro de 1979, o PT. O e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de
PT resultou da convergência de três forças sociais que não depoimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada
reconheciam os políticos tradicionais como porta-vozes de ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exér-
seus interesses: liderança sindical, que emergiu com as gre- cito, por grupos terroristas. Essa foi a conclusão da Justiça
ves de 1978, principalmente no ABCD; movimentos sociais, Militar, e o caso foi encerrado.
como as sociedades amigos de bairro, as comunidades
eclesiais de base, movimento dos sem-terra; ex-militantes
A campanha das Diretas-já
de grupos da esquerda clandestina, setores da classe mé-
dia empobrecida, profissionais liberais e trabalhadores do
As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um
setor de serviços. A ideia da criação do PT surgiu no ABCD,
clima de euforia na oposição, pois ela fora muito bem vo-
e desde o início Lula tornou-se um dos seus principais lí-
tada, em especial o PMDB. Esse fortalecimento da oposi-
deres.
ção acabou motivando o deputado Dante de Oliveira, do
PMDB, a propor, em janeiro de 1983, uma emenda consti-
Eleições Diretas
tucional restaurando as eleições para presidente da Repú-
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições blica em 1984. A iniciativa do deputado passou, a princípio,
diretas para governador. Realizadas as eleições, as previ- despercebida. Entretanto, progressivamente, sua proposta
sões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de foi ganhando adesões importantes. Em março, o jornal
a oposição (PMDB, PDT e PT) ter recebido a maioria dos Folha de S. Paulo resolveu, em editorial, apoiar a emenda
votos e eleito governadores de estados importantes (Mon- para as diretas. Em junho, reuniram-se no Rio de Janeiro
toro, em São Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, mais o
Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria líder do PT, Luís Inácio da Silva, para discutir como os par-
no Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, tidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a
que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em 1984. Os emenda das diretas. Vários governadores do PMDB assi-
militares conseguiam assim criar as condições que garan- naram um manifesto de apoio. O PT e entidades da socie-
tiam a continuidade da abertura nas sequências e no ritmo dade civil de São Paulo convocaram uma manifestação de
que desejavam, bem como a transferência do poder aos apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de 10.000 pessoas.
civis de sua confiança. A campanha começava a ganhar as ruas. A seguir, ocorre-
ram manifestações em Curitiba (40.000 pessoas), Salvador
A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), novamente em
São Paulo (200.000 a 300.000 pessoas). Em fevereiro de
Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de en- 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de An-
frentar resistência da linha-dura às reformas políticas que drade (PDT) saíram em caravana pelo Brasil, fazendo comí-
estavam em andamento. As primeiras manifestações dos cios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula
grupos que estavam descontentes com a abertura vieram começava a se firmar como liderança nacional. A campanha

20
HISTÓRIA DO BRASIL

ganhava força. Novas manifestações ocorreram no Rio de de políticos do Nordeste liderado por José Sarney e Marco
Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No dia 10 Maciel. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo
de abril de 1984, foi convocada uma manifestação no Rio Maluf, com seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha
de Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da grandes chances de conseguir a indicação.
Candelária cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior ma- O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco
nifestação pública realizada em toda a história do país até Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já se sentiam
aquela data. No dia 16 realizada no Anhangabaú, em São derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que
Paulo, uma manifestação que quebrou o recorde do Rio. teriam pouca influência em um possível governo malufis-
Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. Não havia dúvida. ta. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL
O povo brasileiro queria votar para presidente. O governo (Partido da Frente Liberal).
era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo que
a eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio O Surgimento da Aliança Democrática
Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos Trans-
A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma
portes de Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do
frente política para derrotar Maluf no Colégio Eleitoral.
partido do governo, o PDS, faziam de tudo para evitar que
Surgiu a Aliança Democrática, que apoiou a chapa Tan-
a campanha produzisse efeito no Congresso. Mário An-
credo Neves (presidente), pelo PMDB, e José Sarney (vi-
dreazza, Paulo Maluf e Sarney disputavam a indicação pelo ce-presidente), pela Frente Liberal. Enquanto Maluf repre-
PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral. sentava uma fração de elite econômica paulista, o leque
As emissoras de televisão, principalmente a Rede Globo, de forças políticas que sustentavam a Aliança Democrática
tentaram ignorar as manifestações públicas. Quem só se era muito maior. Ela juntava o maior partido de oposição,
informava pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais ex-
campanha das diretas surgiu do nada. Quando as manifes- pressões políticas conservadoras dos estados nordestinos.
tações de rua superaram 1 milhão de pessoas, até a Globo Além disso, tais lideranças, como José Sarney e Antônio
teve de dar a notícia. Carlos Magalhães, eram políticos da confiança de Ro-
Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a vota- berto Marinho, proprietário da Rede Globo de Televisão.
ção da emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada. Faltaram Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tancredo
22 votos para atingir os dois terços necessários. Da ban- trouxe junto o apoio da Rede Globo. Maluf estava derro-
cada do PDS, 112 deputados não compareceram ao Con- tado. Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS,
gresso, contrariando a vontade popular, que se manifestara que formaram a Frente Liberal, de traidores. Tiveram como
de forma cristalina nas ruas. Um profundo sentimento de resposta que traição era apoiar um corrupto como Maluf.
frustração e impotência tomou conta do país. O Congres- Entre xingamentos e agressões verbais, os meses finais de
so Nacional, que deveria expressar a vontade da nação, na 1984 expiraram.
verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniên-
cias políticas de uma elite minoritária, mas que dominava
o país. O poder dessa elite advinha da força econômica, do 4. A ABERTURA POLÍTICA E A
controle que mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
oportunistas e do comando que detinha dos meios de co-
municação, especialmente das emissoras de televisão.

As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Pós Regime Militar


Indireta de Janeiro de 1985
A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney
Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu
Colégio Eleitoral a escolha do novo presidente. Ele era
Tancredo Neves, primeiro presidente civil em 20 anos. Ele
composto por senadores, deputados federais e delegados obteve 275 votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS
de cada estado. O PMDB iria lançar um candidato. Desde (em 340 possíveis), que correspondiam à dissidência da
meados de 1984, o nome estava praticamente escolhido. Frente Liberal, e mais 39 votos espalhados entre os outros
Era o governador de Minas Gerais, Tancredo Neves. Político partidos. No total foram 480 contra 180 do candidato der-
moderado, ligado aos banqueiros, era um homem de con- rotado. O PT, por não concordar com as eleições indiretas,
fiança dos grupos conservadores, mas, ao mesmo tempo, não participou da votação. A posse do novo presidente es-
respeitado pela oposição. Faltava, entretanto, definir quem tava marcada para 15 de março. Um dia antes, entretanto,
seria o vice-presidente na chapa de Tancredo. Do lado do Tancredo Neves foi internado com diverticulite. Depois de
PDS as coisas estavam cada vez mais complicadas. Três várias operações, seu estado de saúde se agravou, falecen-
grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação do no dia 21 de abril de 1985. Com a morte do presidente
do partido. O primeiro era liderado por Paulo Maluf; o se- eleito, assumiu o vice, José Sarney. Figueiredo se negou a
gundo, por Mário Andreazza; e o terceiro, por um grupo lhe entregar a faixa presidencial, dando-a a Ulisses Guima-
rães, presidente da Câmara, e este empossou Sarney.

21
HISTÓRIA DO BRASIL

Por caminhos tortuosos, o presidente acabou saindo Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades.
mesmo do PDS. Por uma dessas ironias da história, os mili- Logo depois, a revista “ISTOÉ” publicou uma entrevista de
tares tiveram de entregar o poder ao homem que, dias an- Eriberto França, motorista da secretária de Collor, Ana Acio-
tes, acusou de traidor. Hostilidades pessoais à parte, a tran- li. Ele confirmou que as empresas de PC faziam depósitos
sição completou-se e, apesar das dificuldades, foi coroada com regularidade nas contas fantasmas movimentadas pela
de sucesso, pois o poder voltou às mãos dos civis, mas dos secretária. Essas informações atingiram diretamente o Pre-
civis confiáveis, daqueles que não representavam ameaça sidente.
aos interesses enraizados no decorrer de 20 anos de regime
militar. - Impeachment - Surgiram manifestações popula-
res em todo o país. Os estudantes organizaram diversas
Collor passeatas pedindo o Impeachment do Presidente. Depois
de um penoso processo de apuração e confirmação das
Primeiro governo civil brasileiro, eleito por voto direto acusações e da mobilização de amplos setores da socie-
desde 1960. Foi também o primeiro escolhido dentro das dade por todo o país, o Congresso Nacional, pressiona-
regras da Constituição de 1988, com plena liberdade par- do pela população, votou o impeachment (impedimento)
tidária e eleição em dois turnos. Collor, ex-governador de presidencial. Primeiramente, o processo foi apreciado na
Alagoas, político jovem e com amplo apoio das forças con- Câmara dos deputados, em 29 de setembro de 1992, e,
servadoras, derrotou no segundo turno da eleição, Luiz Iná- depois, no Senado Federal, em 29 de dezembro de 1992.
cio “Lula” da Silva, migrante nordestino, ex-metalúrgico e O Parlamento decidiu afastar Collor do cargo de Presiden-
destacado líder da esquerda. Entre suas promessas da cam- te da República e seus direitos políticos são cassados por
panha estão a moralização da política e o fim da inflação. oito anos. Foi também denunciado pela Procuradoria-Ge-
Para as elites, ofereceu a modernização econômica do país ral da República pelos crimes de formação de quadrilha e
consoante a receita do neoliberalismo. Prometeu a redução de corrupção. Itamar Franco assumiu a presidência após
do papel do Estado, a eliminação dos controles burocráticos o Impeachment de Fernando Collor de Mello de forma
da política econômica, a abertura da economia e o apoio interina entre outubro e dezembro de 92, e em caráter
às empresas brasileiras para se tornarem mais eficientes e definitivo em 29 de dezembro de 1992. O Brasil vivia um
competitivas perante a concorrência externa. Plano Collor - dos momentos mais difíceis de sua história: recessão pro-
No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de março de longada, inflação aguda e crônica, desemprego, etc. Em
1990, o Presidente lançou seu programa de estabilização, o meio a todos esses problemas e o recém Impeachment de
plano Collor, baseado em um gigantesco e inédito confisco Fernando Collor de Mello, os brasileiros se encontravam
monetário, congelamento temporário de preços e salários e em uma situação de descrença geral nas instituições e de
reformulação dos índices de correção monetária. Em segui- baixa autoestima. O novo presidente se concentrou em ar-
da, tomou medidas duras de enxugamento da máquina es- rumar o cenário que encontrara. Itamar procurou realizar
tatal, como a demissão em massa de funcionários públicos uma gestão transparente, algo profundamente almejado
e a extinção de autarquias, fundações e empresas públicas. pela sociedade brasileira. Para fazer uma gestão tranqui-
Ao mesmo tempo, anunciou providências para abrir a eco- la, sem turbulências, procurou o apoio de partidos mais à
nomia nacional à competição externa, facilitando a entrada esquerda. Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na
de mercadorias e capitais estrangeiros no país. Os planos de Constituição, o governo fez um plebiscito para a escolha da
modernização econômica e de reforma administrativa são forma e do sistema de governo no Brasil. O povo decidiu
bem recebidos, em geral. As elites políticas e empresariais manter tudo como estava: escolheu a República (66% con-
apoiaram a desregulamentação da economia e a redução tra 10% da Monarquia) e o Presidencialismo (55% contra
da intervenção estatal no setor. 25% do Parlamentarismo). No governo de Itamar Franco foi
Mas já em 1991 as dificuldades encontradas pelo plano elaborado o mais bem-sucedido plano de controle inflacio-
de estabilização, que não acabou com a inflação e aumen- nário da Nova República: o Plano Real. Montado pelo seu
tou a recessão, começaram a minar o governo. Circulam Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o plano
suspeitas de envolvimento de ministros e altos funcionários visava criar uma unidade real de valor (URV) para todos os
em uma grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, produtos, desvinculada da moeda vigente, o Cruzeiro Real.
Rosane Collor, dirigente da LBA, foi acusada de mal uso do Desta forma, cada URV correspondia a US$ 1. Posterior-
dinheiro público e de favorecimento ilícito a seus familia- mente a URV veio a ser denominada “Real”, a nova moeda
res. As suspeitas transformaram-se em denúncias graças brasileira. O Plano Real foi eficiente, já que proporcionou o
a uma intensa campanha da imprensa. Em 25 de abril de aumento do poder de compra dos brasileiros e o contro-
1992, Pedro Collor, irmão do Presidente, deu uma explosi- le da inflação. Mesmo tendo sofrido as consequências das
va entrevista à revista “Veja”. Nela, falou sobre o “esquema investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
PC” de tráfico de influência e de irregularidades financeiras do Congresso Nacional, entre 1993 e 1994, em virtude de
organizadas pelo empresário Paulo César Farias, amigo de denúncias de irregularidades no desenvolvimento do Orça-
Collor e caixa de sua campanha eleitoral. A reportagem teve mento da União, Itamar Franco terminou seu mandato com
enorme repercussão e a partir daí surgiram novas revela- um grande índice de popularidade. Uma prova disso foi o
ções sobre irregularidades no governo. Em 26 de maio, o seu bem-sucedido apoio a Fernando Henrique Cardoso na
Congresso nacional instalou uma Comissão Parlamentar de sucessão presidencial.

22
HISTÓRIA DO BRASIL

Fernando Henrique buição gratuita de medicamentos contra a AIDS e a criação


dos remédios genéricos, vendidos a preços baixíssimos) e
Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo de minis- principalmente na questão agrária (com a implementação
tro da Fazenda no governo Itamar Franco. A estabilidade de um sólido programa de reforma agrária). Apesar disso,
econômica e o controle da inflação alcançadas por meio durante toda a gestão Fernando Henrique Cardoso, o Mo-
do Plano Real abriram caminho para sua candidatura à vimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promo-
Presidência da República, efetivada pela aliança partidária veu por todo o país numerosas manifestações e invasões
formada, majoritariamente, pelo Partido da Social Demo- de propriedades agrárias, produtivas e improdutivas.
cracia Brasileira (PSDB) e o Partido da Frente Liberal (PFL,
depois transformado em Partido Democrata). Fernando Estabilidade Política e Governabilidade
Henrique, sociólogo e respeitado intelectual, elegeu-se
presidente no primeiro turno com 55 % dos votos válidos. Apesar das críticas dos partidos de oposição às alianças
Popularmente chamado de FHC, assumiu a presidência políticas do governo, foi a forte base parlamentar de apoio
em 1º de janeiro de 1995. A ampla aliança partidária que a Fernando Henrique Cardoso que contribuiu decisivamen-
sustentou a candidatura e o governo possibilitou ao novo te para a estabilidade política, um dos traços importantes
presidente contar com uma sólida base de apoio parla- da gestão FHC, pois, além de assegurar a governabilidade,
mentar. Isso permitiu a continuidade da política econômi- consolidou a jovem e frágil democracia brasileira.
ca e a aprovação de inúmeras reformas constitucionais.
Reeleição
Continuidade do Plano Real e Reforma do Estado
Contando com maioria parlamentar, o governo con-
No que se refere às reformas, o governo conseguiu seguiu que o Congresso Nacional aprovasse uma Emen-
que o Congresso Nacional aprovasse a quebra dos mono- da constitucional permitindo a reeleição do presidente da
pólios estatais nas áreas de comunicação e petróleo, bem República. Desse modo, FHC disputou o pleito de 1998. A
aprovação da emenda da reeleição sofreu severas críticas
como a eliminação de restrições ao capital estrangeiro. A
da oposição, que acusou o governo de FHC de compra de
ampla política de privatização de empresas estatais reno-
votos de membros do Legislativo federal, o que jamais foi
vou o país, por exemplo, nas áreas de telefonia e de ex-
provado. Houve tentativas, por parte dos partidos oposi-
tração e comercialização de minérios. O governo também
cionistas, de abertura de uma Comissão Parlamentar de
cuidou que projetos de mudanças mais consistentes na
Inquérito (CPI) para investigar as denúncias. Não obstante,
estrutura e no funcionamento do Estado brasileiro fossem
os governistas conseguiram barrar a abertura da chama-
encaminhados a partir da discussão das reformas tributá-
da “CPI da compra de votos”. FHC conseguiu se reeleger
ria e fiscal, da previdência social e dos direitos trabalhis-
novamente em primeiro turno, contando com o apoio das
tas. O argumento era de que essas reformas e mudanças
mesmas forças políticas que sustentaram seu primeiro
administrativas tinham por objetivo fomentar a moderni- mandato. A aliança política congregava o PSDB, o PFL e
zação das estruturas estatais, a fim de sustentar o desen- parte do PMDB. Um dos trunfos da propaganda eleitoral do
volvimento econômico e a integração do país no mercado governo para reeleger FHC foi a defesa da manutenção da
mundial. Apesar das várias crises externas que impactaram política econômica. E, de fato, o governo prosseguiu com
a economia brasileira durante o período, graças à conti- o programa de privatizações das empresas estatais e com
nuidade do Plano Real a inflação se manteve baixa, na casa o Plano Real. Um dos pontos centrais para a manutenção
de um dígito percentual anual, e assim continuou pelos da estabilidade econômica duradoura foi o controle dos
anos seguintes. gastos públicos. Foi visando a esse objetivo que o governo
FHC aprovou, em maio de 2000, a Lei de Responsabilidade
Oposição versus Governo Fiscal. Tal Lei impede que prefeitos e governadores, e tam-
bém o governo federal, gastem mais do que a capacidade
No Congresso Nacional, as oposições, que taxavam de arrecadação prevista no orçamento dos municípios, dos
as políticas governamentais de “neoliberais”, não tiveram Estados e da União. A manutenção do Plano Real e das ele-
forças para se opor, mas seguiram acusando o governo de vadas taxas de juros, as metas de ajustes fiscais e o contro-
defender os interesses do capital estrangeiro, de transferir le dos gastos governamentais, contudo, não conseguiram
para a iniciativa privada o patrimônio público, de elimi- dar conta de suprir lacunas deixadas pelas administrações
nar direitos trabalhistas e de prosseguir com uma políti- anteriores. No setor elétrico, por exemplo, os baixos inves-
ca econômica que prejudicava as camadas mais pobres. timentos e a ocorrência de longa estiagem levaram ao co-
O governo Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas, lapso das centrais hidrelétricas, ameaçando o país com o
demonstrando que foram implementadas uma série de po- chamado “apagão”. O racionamento de energia elétrica foi
líticas sociais de transferência de renda para as populações imposto e a economia brasileira sofreu um período de leve
mais pobres, através de programas como o bolsa-escola, o estagnação.
vale-gás e o bolsa-alimentação. Avanços significativos fo-
ram alcançados nas áreas da educação, saúde (com a distri-

23
HISTÓRIA DO BRASIL

Reorganização das Oposições Lula se tornou presidente do Brasil e sua trajetória de


vida fazia com que diversas expectativas cercassem o seu
No primeiro mandato governamental, Fernando Hen- governo. Seria a primeira vez que as esquerdas tomariam
rique Cardoso conseguiu conter a oposição e aprovar com controle da nação. No entanto, seu governo não se resume
facilidade projetos políticos e reformas constitucionais. Po- a essa simples mudança. Entre as primeiras medidas toma-
rém, no segundo mandato, o presidente teve maior dificul- das, o Governo Lula anunciou um projeto social destinado
dade de governar devido à reorganização das oposições. à melhoria da alimentação das populações menos favore-
No Congresso Nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT) cidas. Estava lançada a campanha “Fome Zero”. Essa seria
liderava a oposição. O PT articulou os movimentos sociais um dos diversos programas sociais que marcaram o seu
e sindicais e as esquerdas de modo geral, formando uma governo. A ação assistencialista do governo se justificava
ampla frente de oposição parlamentar. O MST continuou pela necessidade em sanar o problema da concentração de
a pressionar o governo, invadindo propriedades agrárias renda que assolava o país. Tal medida inovadora foi pos-
e ocupando sedes de órgãos governamentais. Em muitas sível graças à continuidade dada às políticas econômicas
ocasiões, as invasões desencadearam conflitos armados no traçadas durante a Era FHC. O combate à inflação, a am-
campo. As centrais sindicais, também influenciadas pelo PT, pliação das exportações e a contenção de despesas foram
promoveram diversas marchas e manifestações em defesa algumas das metas buscadas pelo governo. A ação polí-
de reajustes e aumentos salariais. tica de Lula conseguiu empreender um desenvolvimento
historicamente reclamado por diversos setores sociais. No
Vitória da Oposição entanto, o crescimento econômico do Brasil não conseguiu
se desvencilhar de práticas econômicas semelhantes às dos
Ao se aproximar o pleito que escolheria o sucessor de governos anteriores. A manutenção de determinadas ações
Fernando Henrique Cardoso, o governo apoiou a candida- políticas foram alvo de duras críticas. No ano de 2005, o
tura do ministro da saúde, José Serra, do PSDB, em aliança governo foi denunciado por realizar a venda de propinas
com o PMDB. Os outros candidatos que disputaram o plei- para conseguir a aprovação de determinadas medidas. O
to foram: Luiz Inácio Lula da Silva (PT / Pc do B / PL / PMN esquema, que ficou conhecido como “Mensalão”, instaurou
/ PCB), Anthony Garotinho (PSB / PGT / PTC), Ciro Gomes um acalorado debate político que questionava se existia
(PPS / PDT / PTB), José Maria de Almeida (PSTU) e Rui Costa algum tipo de oposição política no país. Em meio a esse
(PCO). Nenhum obteve índice de votação suficiente para se clima de indefinição das posições políticas, o governo Lula
eleger no primeiro turno. Os dois candidatos mais votados conseguiu vencer uma segunda disputa eleitoral. O novo
foram Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra. No segundo mandato de Lula é visto hoje mais como uma tendência
turno das eleições, Lula obteve 61,3 % dos votos; e José continuísta a um quadro político estável, do que uma vi-
Serra, 38,7 %. Eleito o novo presidente, Fernando Henri- tória dos setores de esquerda do Brasil. Independente de
que Cardoso organizou a transição de modo a facilitar o ser um governo vitorioso ou fracassado, o Governo Lula
acesso antecipado da nova administração às informações foi uma importante etapa para a experiência democrática
relevantes ao exercício do governo, fato até então inédito no país. De certa forma, o fato de um partido formalmen-
na história do país. te considerado de esquerda ascender ao poder nos insere
em uma nova etapa do jogo democrático nacional. Mesmo
Luís Inácio Lula da Silva ainda sofrendo com o problema da corrupção, a chegada
de Lula pode dar fim a um pensamento político que excluía
No ano de 2002, as eleições presidenciais agitaram o a chegada de novos grupos ao poder.
contexto político nacional. Os primeiros problemas que
cercavam o governo FHC abriram brechas para que Lula Dilma Vana Rousseff – Presidenta do Brasil
chegasse ao poder com a promessa de dar um outro rumo
à política brasileira. O desenvolvimento econômico trazido Dilma tomou posse em 1 de janeiro de 2011, no plená-
pelo Plano Real tinha trazido grandes vantagens à popula- rio do Congresso Nacional, em Brasília. Ela foi empossada
ção, entretanto, alguns problemas com o aumento do de- juntamente com o vice-presidente, Michel Temer. A cerimô-
semprego, o endividamento dos Estados e a distribuição nia foi conduzida pelo então presidente do Senado Federal,
de renda manchavam o bloco governista. Foi nesse con- José Sarney. Ela leu o compromisso oficial de “manter, de-
texto que Lula buscou o apoio de diversos setores políticos fender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover
para empreender uma chapa eleitoral capaz de agradar di- o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri-
ferentes setores da sociedade brasileira. No primeiro turno, dade e a independência do Brasil”. O vice-presidente, Mi-
a vitória de Lula sobre os demais candidatos não foi sufi- chel Temer, leu o mesmo termo de posse. No seu discurso
ciente para lhe dar o cargo. Na segunda rodada da disputa, de posse, Dilma declarou seu compromisso de erradicar a
o ex-operário e retirante nordestino conseguiu realizar um miséria no Brasil e de criar oportunidades para todos. Ela
feito histórico na trajetória política do país. também enfatizou a importância da eleição de uma mu-
lher para o cargo e desejou que esse fato abrisse as portas
para outras mulheres no futuro. Prosseguiu agradecendo

24
HISTÓRIA DO BRASIL

ao ex-presidente Lula e fez menção especial a José Alen- tária municipal da Fazenda de Porto Alegre de 1985 a 1988,
car, que não pôde comparecer à posse devido à internação no governo Alceu Collares. De 1991 a 1993 foi presidente
hospitalar. Completou seu pronunciamento lembrando que da Fundação de Economia e Estatística e, mais tarde, foi se-
ainda era preciso uma longa evolução do país nos aspectos cretária estadual de Minas e Energia, de 1999 a 2002, tanto
político e econômico, ressaltando também a relevância do no governo de Alceu Collares como no de Olívio Dutra, no
Brasil no cenário internacional. Em abril de 2007, Dilma já meio do qual se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) em
era apontada como possível candidata à presidência da Re- 2001. Em 2002, participou da equipe que formulou o plano
pública. No mês seguinte, Dilma afirmou que era simpática de governo de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energé-
à ideia. Em outubro do mesmo ano, jornais estrangeiros, tica. Posteriormente, nesse mesmo ano, foi escolhida para
como o argentino La Nación e o espanhol El País, já in- ocupar o Ministério de Minas e Energia, onde permaneceu
dicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula, até 2005, quando foi nomeada ministra-chefe da Casa Ci-
que passou a fazer uma superexposição de Dilma para tes- vil, em substituição a José Dirceu, que renunciara ao cargo
tar seu potencial como candidata. Em abril de 2008, a The após o chamado escândalo do mensalão. Em 2009, foi in-
Economist indicava que sua candidatura não parecia ainda cluída entre os 100 brasileiros mais influentes do ano, pela
viável, pois era pouco conhecida, ainda que fosse a ministra Revista Época e, em novembro do ano seguinte, a Revista
mais poderosa de Lula. Em dezembro de 2008, o presidente Forbes classificou-a como a 16ª pessoa mais poderosa do
Luiz Inácio Lula da Silva disse que jamais conversara com mundo.
Dilma Rousseff sobre sua possível candidatura para as elei-
ções presidenciais de 2010, dizendo ter apenas insinuado. Repercussão Internacional
Para Lula, Dilma é a “pessoa mais gabaritada” para sucedê
-lo. Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados pela Durante sua campanha eleitoral, a possibilidade de
oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes eleição de Dilma Rousseff recebeu destaque em vários pe-
do prazo durante visitas feitas pelo Presidente às obras riódicos internacionais. Para o britânico The Independent,
de Transposição do Rio São Francisco. O episódio ganhou em matéria publicada sobre a candidata, a sua eleição
mais notoriedade quando o então Presidente do Supremo “marca o desmantelamento final do ‘Estado de segurança
Tribunal Federal, Gilmar Mendes, comentou o caso. Sua nacional’, um arranjo que os governos conservadores nos
candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010, em Estados Unidos e na Europa já viram como seu melhor ar-
convenção nacional do Partido dos Trabalhadores reali- tifício para manter um status quo podre, que manteve uma
zada em Brasília-DF. Foi também referendado o nome do vasta maioria na América Latina na pobreza, enquanto fa-
atual presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer vorecia seus amigos ricos”, sendo ela uma candidata que
(PMDB-SP) como seu vice. Sua candidatura foi apoiada por “não se constrange com o passado de guerrilha urbana,
figuras famosas como Chico Buarque, Beth Carvalho, Alceu que incluiu o combate a generais e a temporada na prisão
Valença, Elba Ramalho, Emir Sader, Oscar Niemeyer, Leo- como prisioneira política”. Disse também que, caso eleita,
nardo Boff, e Marilena Chauí. tornar-se-á “a mulher mais poderosa do mundo”. O jornal
Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, 14 espanhol El País caracterizou Dilma como “uma grande
de dezembro de 1947. É uma economista e política brasi- gestora, mulher mais de ação do que de pensamento” e
leira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o posteriormente, ao estimar que o candidato do PSDB José
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a Serra pudesse sofrer uma “derrota humilhante” nas urnas,
chefia do Ministério de Minas e Energia, e posteriormente, pôs em questão o aparecimento de escândalos levantados
da Casa Civil. Em 2010, o resultado de segundo turno, em por outros candidatos às vésperas das eleições: “milhares
31 de outubro, fez com que Dilma se tornasse a primei- de brasileiros sonhavam com uma campanha eleitoral sem
ra mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado, e sobressaltos e centrada nas propostas dos candidatos, mas
também de governo, em toda a história do Brasil. Nascida mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate políti-
em família de classe média alta, interessou-se pelos ideais co”. A candidata, que é descendente de búlgaros, recebeu
socialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar uma reportagem de duas páginas do mais importante pe-
de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que riódico da Bulgária, o Trud, e vários jornalistas de meios
defendiam a luta armada contra o regime militar, como o de comunicação do país comentam com empolgação a
Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda possibilidade uma filha de búlgaro ser eleita presidente do
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Passou Brasil. Durante sua campanha o país experimentou uma es-
quase três anos presa entre 1970 e 1972, primeiramente pécie de “febre” e interesse por Dilma.
na Operação Bandeirante (Oban), onde teria passado por
sessões de tortura, e, posteriormente, no Departamento de
Ordem Política e Social (DOPS). Reconstruiu sua vida no
Rio Grande do Sul, onde, junto a Carlos Araújo, seu compa-
nheiro por mais de trinta anos, ajudou na fundação do Par-
tido Democrático Trabalhista (PDT) e participou ativamente
de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secre-

25
HISTÓRIA DO BRASIL

QUESTÕES 4. (UFMS). O queremismo, movimento surgido no


final do Estado Novo (1945), tinha como uma de suas fi-
1. (Fac. Med. Marília-SP). De profundos reflexos no nalidades:
desenvolvimento da história política do Brasil, existe um A) obter o fim da ditadura, afastando Getúlio Vargas
episódio conhecido pelo nome de Plano Cohen que con- do poder;
siste: B) formar um governo forte, em substituição ao de
A) na coligação de forças imperialistas que visavam Getúlio Vargas;
impedir a proclamação da República, nos fins do século C) introduzir o parlamentarismo para controlar Getú-
XIX; lio Vargas;
B) num documento forjado, denunciando uma fanta- D) manter Getúlio Vargas no governo, sob um novo
siosa implantação do comunismo no Brasil, a fim de jus- regime constitucional;
tificar um golpe de Estado para o continuísmo de Getúlio E) instalar uma Assembleia Constituinte liderada pela
Vargas no poder; União Democrática Nacional.
C) no conjunto de propostas feitas pelo generais
recém-chegados da Europa, ao fim da Segunda Guerra 5. (Fuvest – SP). O governo de Vargas, no período de
Mundial, para a volta do Estado democrático no Brasil, 1937 a 1945, pode ser considerado:
dominado pela ditadura de Vargas; A) presidencialismo autocrático
D) nas transformações administrativas necessárias à B) parlamentarismo populista
interiorização da capital federal para Brasília; C) presidencialismo democrático
E) em algo totalmente diferente do que foi escrito an- D) parlamentarismo oligárquico
teriormente. E) ditadura socialista

2. (Cesgranrio). O regime político conhecido como 6. (Vunesp). A revolução constitucionalista de 1032


Estado Novo implantado por golpe do próprio presidente foi impulsionada pela:
Getúlio Vargas, em 1937, pode ser associado à (ao); A) Ação Integralista Brasileira, que procurou mobilizar
A) radicalização política do período representada pela a sociedade contra o fascismo europeu;
Aliança Nacional Libertadora, de orientação comunista, e B) União dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio
pela Ação Integralista Brasileira, de orientação fascista; de Janeiro;
B) modernização econômica do país e seu conflito C) Tentativa de reação da velha oligarquia paulista,
com as principais potências capitalistas do mundo, que apoiada, a princípio, pela oligarquia de Minas Gerais, con-
tentavam lhe barrar o desenvolvimento; tra o governo de Vargas;
C) ascensão dos militares à direção dos principais ór- D) Reação de base popular, buscando a reconstitucio-
gãos públicos, porque já se delineava o quadro da Segun- nalização imediata do país;
da Guerra Mundial; E) Contestação do Rio Grande do Sul, pelo regime dos
D) democratização da sociedade brasileira em de- interventores estaduais, adotado por Getúlio Vargas.
corrência da ascensão de novos grupos sociais como os
operários; 07. “Façamos a revolução antes que o povo a faça.” A
E) retorno das oligarquias agrárias ao poder, restau- frase, atribuída ao governador de Minas Gerais, Antônio
rando-se a Federação nos mesmos moldes da República Carlos de Andrada, deixa entrever a ideologia política da
Velha. Revolução de 1930, promovida pelos interesses,
A) da burguesia cafeicultora de São Paulo, com vistas
3. (FUVEST – SP). A política cultural do Estado Novo à valorização do café.
em relação aos intelectuais caracterizou-se: B) do operariado, com o objetivo de aprofundar a in-
A) pela repressão indiscriminada, por serem os inte- dustrialização.
lectuais considerados adversários de regimes ditatoriais; C) dos partidos de direita fascistas, no intuito de esta-
B) por um clima de ampla liberdade, pois o governo belecer um Estado forte.
cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto D) das oligarquias dissidentes, aliadas ao tenentismo
nacional; pela reforma do Estado.
C) pelas indiferença, pois os intelectuais não tinham E) da burguesia industrial, na busca de uma política
expressão e o governo se baseava nas forças militares; de livre iniciativa.
D) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois
o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
E) por uma política seletiva através da qual só os ad-
versários frontais do regime foram reprimidos.

26
HISTÓRIA DO BRASIL

08. Em março de 1931, o Decreto nº 19.770 criava, A) Revolução de 1930; Júlio Prestes.
no Brasil, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. B) Revolução de 1930; Getúlio Vargas.
Considerando-se o contexto histórico, pode-se afirmar que C) Revolução de 1930; João Pessoa.
esse ato do Poder Executivo tinha como um dos seus ob- D) Revolução Constitucionalista de 1932; Júlio Prestes.
jetivos: E) Revolução Constitucionalista de 1932; Getúlio Vargas.
A) promover a expansão do setor primário.
B) desregulamentar o sistema de contratação e de im- 12. O estudo comparativo das Constituições Brasilei-
postos. ras de 1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta
C) concentrar a renda nacional nas camadas médias promulgada, Republicana) NÃO permite afirmar:
urbanas. A) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o
D) acabar com a organização autônoma do movimento documento republicano estabeleceu somente 3 (três).
operário. B) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emen-
E) intervir nas relações de trabalho no campo. da, o Ato Adicional, um progresso rumo à federação, a
Carta republicana foi emendada em 1926, com fortaleci-
09. (PUC-SP). Segundo alguns autores, o tenentismo mento do Poder Central.
representou uma tentativa de ruptura da organização polí- C) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como
tica vigente na República brasileira por que: forma de Estado.
A) os tenentes se identificaram com um programa radi- D) A Carta Republicana teve inspiração europeia, ao
cal de transformações sociais. passo que a lei maior imperial buscou seguir o modelo
B) a aliança partidária entre os militares e as camadas norte- americana.
médias urbanas propunha a reforma da Constituição. E) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de
C) o movimento visava à derrubada do governo e ao Estado, mesmo porque as Províncias eram destituídas de
estabelecimento da austeridade político-administrativa. preparo político.
D) os tenentes propunham o estabelecimento do regi-
me parlamentarista dirigido pelos elementos mais esclare-
13. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu al-
cidos da nação.
terações significativas no plano jurídico-político nacional.
E) os militares eram portadores de uma ideologia in-
Dentre elas pode-se citar:
dustrializante claramente definida em seu programa de
a) instituição do habeas data, que torna passível de
governo.
fiança crimes como racismo, tráfico de drogas e terrorismo.
b) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e
10. (FGV – SP). “Aliança (...) engloba parte de um elei-
voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
torado urbano – que representa porcentagem pequena no
c) proibição da greve aos setores considerados essen-
cômputo geral –, pequenas oposições estaduais e o situa-
ciais: saúde, transportes, polícia e funcionalismo público.
cionismo dos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Paraíba: estas forças restritas participam das eleições de 1º d) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio
de março de 1930 com margem mínima de vitória. Por sua ambiente e reconhecimento da cidadania dos índios.
vez, Washington Luís aglutina o apoio de todos os Estados e) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor
– exceção aos da Aliança.”. produtivo urbano e eleições em dois turnos para presi-
O texto acima se refere à união das oligarquias dissi- dente, governador e prefeitos.
dentes cujos interesses não estavam vinculados ao café. A
tal união deu-se o nome de: 14. O Brasil, desde sua emancipação política até os
A) Aliança Republicana. dias de hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas cons-
B) Aliança Integracionista. titucionais. Muitos pesquisadores consideram as Consti-
C) Aliança Renovadora Nacional. tuições brasileiras de 1934 e 1988 as mais progressistas
D) Aliança Liberal. por estabelecerem, respectivamente, dentre outros, os
E) Aliança Nacional Libertadora. seguintes avanços sociais:
A) voto feminino e crime de racismo inafiançável
11. (Unificado – RS). “A escolha dos candidatos à su- B) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
cessão presidencial funcionará como um estopim para a C) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito
mais importante revolução da história republicana. (...) Os de greve irrestrito
entendimentos políticos evoluíram no sentido de agrupa- D) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatu-
rem-se em torno de Getúlio Vargas as forças da oposição to da Criança e do Adolescente
(...). Realizaram-se, contudo, as eleições e o resultado foi
favorável a Júlio Prestes. Entretanto, vinte e dois dias antes
de terminar o mandato de Washington Luís, a revolução
estava nas ruas.”.
A que revolução o texto faz referência e quem assumiu
a Presidência da República sucedendo a Washington Luís?

27
HISTÓRIA DO BRASIL

15. Com base na charge e nos conhecimentos sobre a 17. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rá-
atual Constituição brasileira, é correto afirmar: pida dos efeitos da Crise de 1929 por que:
A) As dificuldades de acesso aos direitos sociais ele- a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de
mentares (moradia, saúde e alimentação) têm origem na incentivo econômico, com empréstimos obtidos no Exterior;
forma como a Constituição atual foi elaborada. b) o País, não tendo uma economia capitalista desen-
B) A Constituição de 1988 introduziu uma série de be- volvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise;
nefícios sociais que privilegiaram as famílias dos estratos c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi
médios em detrimento da população em geral. possível equilibrar as finanças públicas;
C) O texto da última Constituição assegura em sua d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo
formulação jurídica conquistas sociais e individuais aos para o café, facilitaram a retomada da economia;
cidadãos brasileiros. e) um efeito combinado positivo resultou da diversifi-
D) Os dispositivos da Constituição de 1988 revogaram cação das exportações e do crescimento industrial.
a legislação conhecida como CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho). 18. A política cultural do Estado Novo com relação aos
E) O texto atual da Constituição é omisso em relação intelectuais caracterizou-se:
ao tema dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelec-
tuais considerados adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo
cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto
nacional;
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham ex-
pressão e o governo se baseava nas forças militares;
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois
o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
e) por uma política seletiva através da qual só os adver-
sários frontais do regime foram reprimidos.

19. A Era Vargas (1930 - 1945) apresentou:


a) O abandono definitivo da política de proteção ao
café.
b) A crescente centralização político-administrativa.
c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda
sua duração.
d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura
da Grande Guerra (1914 - 1918).
16. A respeito da Constituição de 1988, é correto afir- e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as
mar que. suas três fases.
A) o direito de promover ações de inconstitucionali-
dade foi retirado do Ministério Público, que se enfraque- 20. O governo Juscelino Kubitschek foi responsável:
ceu. a) pela eliminação das disparidades regionais;
B) o direito de voto foi assegurado a todos os brasi- b) pela queda da inflação e da dívida externa;
leiros e brasileiras, a partir dos dezesseis anos, desde que c) por uma política nacionalista e de rejeição ao capital
alfabetizados. estrangeiro;
C) os direitos civis foram amplamente assegura- d) pela entrada maciça de capitais estrangeiros e a in-
dos, sendo a prática de racismo classificada como crime ternacionalização de nossa economia;
inafiançável. e) por práticas antidemocráticas como a violenta re-
D) o direito do poder público intervir nos sindicatos pressão às rebeliões de Jacareacanga e Aragarças;
foi assegurado, aumentando o controle do Estado sobre
os trabalhadores. 21. No Governo de Juscelino Kubitschek, a base do seu
E) o direito à informação ampliou-se, ainda que o go- programa administrativo era constituída do trinômio:
verno possa impor censura prévia à imprensa. a) saúde, habitação e educação;
b) estradas, energia e transporte;
c) indústria, exportação e importação;
d) agricultura, pecuária e reforma agrária;
e) comércio, sistema viário e poupança.

28
HISTÓRIA DO BRASIL

22. O projeto nacional desenvolvimentista implicou a GABARITO


substituição das importações e foi implementado, princi-
palmente, no governo do presidente: 01. B
a) Juscelino Kubitschek; 02. A
b) Jânio Quadros; 03. E
c) General Emílio Médici; 04. D
d) Marechal Costa e Silva; 05. A
e) General Eurico Dutra; 06. C
07. D
23. Quais os partidos políticos que dominaram a vida 08. D
parlamentar brasileira durante o período democrático de 09. B
1946 e 1964? 10. D
a) PTB, UDN e PCB; 11. B
b) PL, UDN e PSD; 12. D
c) PDS, MDB e PCB; 13. D
d) PSB, UDN e PTB; 14. A
e) PSD, UDN e PTB; 15. C
16. C
24. O Parlamentarismo funcionou nas seguintes épo- 17. E
cas no Brasil: 18. E
a) No governo de D. Pedro II e no governo de João 19. B
Goulart. 20. D
b) No primeiro Império - Governo de D. Pedro II. 21. E
c) No governo de Getúlio Vargas após 1937. 22. B
23. E
d) Logo após a Proclamação da República.
24. A
e) Nos primeiros três anos da Ditadura Militar iniciada
25. A
em 1964.

25. Considerando-se os fatores que contribuíram para


a longevidade do regime militar no Brasil, é CORRETO afir-
mar que foi de grande relevância:
a) a combinação entre a ordem constitucional, ampa-
rada pela Constituição de 1967, e a arbitrariedade, expres-
sa em sucessivos Atos Institucionais.
b) a manutenção de um sistema político representati-
vo, com eleições indiretas em todos os níveis, exceto para
a Presidência da República.
c) o desenvolvimento econômico-social do País, acom-
panhado de um constante crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB).
d) o rodízio de lideranças políticas entre as Forças Ar-
madas, por meio de eleições indiretas no âmbito do Co-
mando Supremo da Revolução.

29
HISTÓRIA DO BRASIL

ANOTAÇÕES

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30
GEOGRAFIA GERAL

3.1. - A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização................................................................................................. 01


3.2. - Os principais problemas ambientais...................................................................................................................................................... 03
GEOGRAFIA GERAL

pulação rural. A urbanização é acelerada e irreversível em


1 – A NOVA ORDEM MUNDIAL, O ESPAÇO especial nos países em desenvolvimento. É geralmente
GEOPOLÍTICO E A GLOBALIZAÇÃO caótica, o que agrava os problemas ambientais e concen-
tra a pobreza, potencializando seus aspectos negativos.

Nova divisão do trabalho: Ao contrário do que


ocorria até pouco tempo, a nova divisão internacional do
Na teoria das relações internacionais, o termo “Nova trabalho (DIT) não separa apenas países exportadores de
Ordem Mundial” (NOM) tem sido utilizado para se referir manufaturados de países exportadores de matéria-prima.
a um novo período no pensamento político e no equilí-
brio mundial de poder, além de uma maior centralização A Nova Ordem Mundial
deste poder. Apesar das diversas interpretações deste ter- Nos últimos anos, principalmente de 1989 a 1991,
mo, ele é principalmente associado com o conceito de o mapa-múndi político sofreu transformações radicais.
governança global. Novos estados-nações (países) surgiram e outros desa-
Foi o presidente dos Estados Unidos, o Woodrow Wil- pareceram. Como exemplo disso, podemos citar a antiga
son que pela primeira vez desenvolveu um programa de Alemanha Oriental, hoje uma província da Alemanha re-
reforma progressiva nas relações internacionais e liderou unificada. Ou antiga Tchecoslováquia, hoje em dois no-
a construção daquilo que se convencionou denominar de vos estados-nações: a República Tcheca e a Eslováquia.
“uma Nova Ordem Mundial” através da Liga das Nações. Contudo, as mudanças mais surpreendentes aconteceram
Nos Estados Unidos a expressão foi usada literalmente na Iugoslávia e na União Soviética. A Iugoslávia, além de
pela primeira vez pelo presidente Franklin Delano Roose- ter sido dividida em cinco novos países(Croácia, Eslovênia,
velt em 1941, durante a II Guerra Mundial. Bósnia, Macedônia e Iugoslávia), conheceu uma sangrenta
A Nova Ordem Mundial também é um conceito só- guerra civil pela partilha da Bósnia-Herzegóvina. A União
cio-econômico-político que faz referência ao contexto Soviética, por sua vez, viu-se obrigada a fragmentar-se
histórico do mundo pós Guerra Fria. Foi utilizado pelo em 15 nações independentes.
presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan na década Do ponto de vista geopolítico, é possível comparar
de 1980, referindo-se ao processo de queda da União So- esse período a um outro do nosso século, quando tam-
viética e ao rearranjo geopolítico das potências mundiais. bém aconteceram mudanças profundas no mapa-mún-
O termo Nova Ordem Mundial é aplicado de forma di, por ocasião da segunda guerra mundial. Nesses dois
abrangente. Em um contexto atual, pode se referir tam- momentos ocorreram não apenas mudanças geopolíticas,
bém à importância das novas tecnologias em um mundo mas também uma crise de uma Ordem Mundial e a emer-
progressivamente globalizado e às novas formas de con- gência de uma outra.
trole tecnológico sobre as pessoas. A Nova Ordem Mun- Antes da segunda guerra mundial havia uma ordem
dial busca garantir o desenvolvimento do capitalismo e multipolar, ou seja, com base em vários polos ou centros
estrutura-se a partir de uma hierarquização de países, de de poder que disputavam a hegemonia internacional: In-
acordo com seu nível de desenvolvimento e de especia- glaterra, ex-grande e exclusiva potência mundial no sécu-
lização econômica. Veja algumas das principais caracte- lo XIX, em decadência hegemônica; a França e em especial
rísticas. a Alemanha, grandes concorrentes no continente euro-
peu; os EUA, grande potência da América; o Japão, que
Distribuição do poder internacional: Em termos mi- se lançava numa aventura imperialista no leste e sudeste
litares, a bipolaridade (fato de haver dois polos de for- asiático; e por fim a imensa Rússia, fortemente militari-
ça, que eram Estados Unidos e URSS) foi substituída pela zada. O final da grande guerra trouxe um novo cenário:
chamada pax imperial americana, que significa que não as potências europeias estavam arrasadas e consequente-
existe país no mundo capaz de se contrapor ao poderio mente seus impérios na Ásia e África; o Japão, igualmente
militar americano. A supremacia militar incontestável dos arrasado, perdeu as áreas que havia conquistado no ex-
Estados Unidos é exercida de forma intensa em todas as tremo oriente (Coréia, Manchúria, partes da Sibéria, etc.).
partes do mundo onde seus interesses econômicos ou Duas novas potências mundiais – EUA e União Soviética –
geopolíticos se fazem presentes. Em termos econômicos lotearam o mundo entre si. Foi a época da bipolaridade, a
e tecnológicos temos a multipolaridade, com pelo menos nova ordem mundial, que durou cerca de 45 anos, desde
três grandes blocos: o primeiro, organizado em torno dos o final da segunda guerra até meados de 1991.
EUA; o segundo, em torno da Europa (União Europeia) e O mundo bipolar foi marcado pela eterna disputa
um terceiro, o bloco asiático, onde se destacam o Japão, a entre capitalismo e socialismo, tendo os EUA e a União
China, a Índia e até mesmo a Rússia. Soviética de cada lado, respectivamente. Os EUA, líderes
político-econômicos do mundo capitalista. A União So-
Urbanização mundial: A intensa urbanização mun- viética, a guardiã e o exemplo a ser seguido no mundo
dial é um fenômeno típico de países não desenvolvidos e socialista. Esse Status que começou a ser mudado com a
resultante de sua industrialização e modernização recen- ascensão do Japão e da Europa Ocidental, que passaram
te. No ano 2000, a ONU (Organização das Nações Unidas) a disputar a supremacia internacional com os EUA, e ao
divulgou que a população urbana mundial superou a po- esgotamento do modelo soviético.

1
GEOGRAFIA GERAL

A Regionalização do Espaço Mundial Na economia planificada, o elemento principal do


funcionamento do sistema econômico (produção, consu-
Existem inúmeras divisões do espaço geográfico mun- mo, investimentos, etc.) é o plano e não o mercado. Nesse
dial, mas podemos separar duas formas de regionalização sistema os meios de produção são públicos ou estatais,
mais conhecidas e utilizadas. Uma é a setorização da Ter- quase não existindo empresas privadas. Teoricamente,
ra por critérios naturais, em especial pelos continentes. A não deveria haver estratificação social nesse sistema, mas
outra é a divisão do espaço mundial por critérios sociais o que se verificou na prática foi o surgimento de uma elite
ou político-econômicos: o Norte (países ricos e industria- burocrática que dirigia o sistema produtivo, constituindo-
lizados) e o Sul (países pobres ou subdesenvolvidos). se em nova classe dominante.
A primeira classificação tem como base a geologia,
ou seja, o resultado de uma divisão natural operada ao O Reforço das disparidades entre o Norte e o Sul
longo do tempo geológico, que separou os continentes.
A segunda forma de classificar toma como referência a Com a crise do mundo socialista, aumenta a oposição
sociedade. É uma divisão do espaço com base em ele- entre o Norte e o Sul. Isso, porque deixa de haver o confli-
mentos político-econômicos. O homem aqui é visto como to Leste/Oeste, ou seja, entre o socialismo real o capitalis-
agente principal, transformando o seu meio natural. De mo. As duas superpotências das últimas décadas tinham
forma simplificada, podemos afirmar que aqueles estudos um poderio avassalador e nenhum conflito importante no
que têm na Terra (natureza) o seu referencial, fazem parte plano mundial deixava de ter a participação direta ou in-
da chamada geografia tradicional. Por outro lado, tam- direta delas. Nessa época, a oposição entre o Norte rico e
bém simplificando um pouco, podemos dizer que aqueles o Sul pobre nunca transparecia claramente, porque estava
estudos que referenciam-se na sociedade, enquadram-se sempre abafada pelo conflito Leste/Oeste.
na chamada geografia crítica. Trata-se de uma geografia O segundo mundo chegou a abranger cerca de 32%
que entende o espaço geográfico como produto da ativi- da população mundial no início dos anos 80, mas hoje ele
dade humana. praticamente não existe mais. Assim, colocando-se os an-
tigos países socialistas mais pobres ou menos industria-
Dos Três Mundos à Oposição Norte/Sul
lizados (China, Mongólia, Camboja, Vietnã, Cuba, etc.) no
Sul subdesenvolvido, e os mais industrializados (Rússia,
A regionalização do espaço mundial com base em cri-
Hungria, Polônia, República Tcheca, etc.) no Norte, temos
térios sociais sempre está ligada ordem internacional que
a oposição entre o Norte desenvolvido, com 23% da po-
prevalece num certo momento, ao equilíbrio instável dos
pulação mundial, e o Sul com 71% desse total demográfi-
países e os grupos de países, à disputa (ou cooperação)
co. Esta é a principal oposição mundial dos anos 90.
entre as grandes potências mundiais. Após 1945 o mundo
dividiu-se em três “mundos” ou conjuntos de países: o
primeiro mundo (países capitalistas desenvolvidos); o se- As Disparidades tendem a aumentar
gundo mundo (países socialistas ou de economia planifi-
cada); e o terceiro mundo (áreas periféricas ou subdesen- A oposição entre o Norte e o Sul tem ainda um outro
volvidas, com frequências marcadas por disputas entre motivo para se acentuar: as desigualdades internacionais,
capitalismo e socialismo). Para entendermos a regionali- que vêm aumentando desde os anos 80 e devem se agra-
zação atual, dos anos 90 e início do século XXI, temos que var ainda mais até o início do século XX. O PNB dos ricos
estudar a crise do segundo mundo e como essa crise vem sempre tem aumentado, enquanto os de grande parte
reforçando a oposição entre o Norte e o Sul. dos países pobres tem diminuído, especialmente na Áfri-
ca. De forma resumida, podemos dizer que isso se deve
Os Sistemas Socioeconômicos ao seguinte: enquanto as economias mais avançadas es-
tão atravessando a chamada Revolução técnico-científica,
Capitalismo e socialismo são dois tipos de sistemas com substituição de força de trabalho desqualificada por
bastante diferentes entre si. Podemos dizer que o capi- máquinas, com a expansão da informática, etc., os países
talismo caracteriza-se por apresentar uma economia de mais pobres só têm duas coisas a oferecer – matérias-pri-
mercado e uma sociedade de classes. O socialismo, por mas e mão de obra barata -, e esses elementos perdem
sua vez, basicamente constitui-se por uma economia valor a cada dia. Somente os países com uma força de tra-
planificada e uma sociedade teoricamente sem classes. balho qualificada (resultado de um ótimo sistema educa-
A sociedade capitalista é dividida basicamente em duas cional) e tecnologia avançada é que possuem condições
classes sociais: a burguesia, composta pelos capitalistas, ideais para o desenvolvimento.
donos dos meios de produção (fábricas, bancos, fazendas,
etc.), e o proletariado (urbano e rural), que vive de salá- Subdesenvolvimento
rios, trabalhando para os donos do capital. No entanto,
existem indivíduos que não se enquadram em nenhuma De forma sucinta, podemos definir o subdesenvolvi-
destas classes, como por exemplo os profissionais liberais mento como uma situação econômico-social caracteriza-
(advogados com escritório próprio, médicos c/consultório da por dependência econômica e grandes desigualdades
particular, etc.). sociais.

2
GEOGRAFIA GERAL

Subordinação ou dependência econômica de outros agentes internacionais – a ONU, em primeiro


lugar, e também as empresas multinacionais e as diversas
Todos os países do Sul ou do terceiro mundo são eco- organizações mundiais (governamentais e não governa-
nomicamente dependentes dos países desenvolvidos. Tal mentais) que atuam nas áreas ambiental, econômica, cul-
dependência manifesta-se de três maneiras: tural, técnica, etc.
Em segundo lugar, no início do século vivia-se uma
I. Endividamento externo – normalmente, todos os situação de pré-guerra: as rivalidades entre potências
países subdesenvolvidos possuem vultosas dívidas para conduziam inevitavelmente a conflitos bélicos entre si, o
com grandes empresas financeiras internacionais. que ocorreu efetivamente de 1914 a 1918 e novamen-
te de 1939 a 1945. Hoje isso é extremamente improvável
II. Relações comerciais desfavoráveis – geralmente, de acontecer, pois no lugar de uma disputa acirrada pela
os países subdesenvolvidos exportam produtos primários hegemonia mundial, existe uma crescente cooperação ,
(não industrializados), como gêneros agrícolas e minérios. uma interdependência, inclusive com a criação de merca-
As importações, por sua vez, consistem basicamente de dos regionais ou blocos econômicos. Dessa forma, as três
produtos manufaturados, material bélico e produtos de grandes potências são ao mesmo tempo rivais e associa-
tecnologia avançada (aviões, computadores, etc.). Esta dos, possuem alguns interesses conflitantes e inúmeros
relação comercial revela-se terrivelmente desvantajosa outros em comum.
, pois os artigos importados têm valor agregado bem A ordem mundial era tida como dicotômica ou dua-
maior do que os exportados, e ainda se valorizam mais lista, ou seja, predominava a oposição entre o bem e o
rapidamente. mal, entre o capitalismo e o socialismo. A nova ordem é
pluralista, ou seja, possui várias frentes de oposição, como
III. Forte influência de empresas estrangeiras – nos ricos/pobres; cristãos/muçulmanos(islâmicos); interesses
países subdesenvolvidos, boa parte das principais em- mercantis/consciência ecológica, etc.
presas industriais, comerciais, mineradoras e às vezes até
agrícolas é de propriedade estrangeira, possuindo a ma-
triz nos países desenvolvidos. São as chamadas multina-
cionais. Uma grande parcela dos lucros dessas empresas
é remetida para suas matrizes, o que provoca descapitali- 2 – OS PRINCIPAIS PROBLEMAS
zação no terceiro mundo. AMBIENTAS

Grandes Desigualdades Sociais

Em todos os países subdesenvolvidos, a diferença en- Nunca se falou tanto em preservação ambiental como
tre ricos e pobres é muito mais acentuada do que nos nos dias de hoje. A preocupação com o meio ambiente
países desenvolvidos. Por exemplo, na Colômbia, 2,6% da tomou conta dos meios de comunicação, das escolas e
população possui 40% da renda nacional; no Chile, 2% até mesmo das indústrias. Mas, apesar de todo o emba-
dos proprietários possuem 50% das terras agrícolas. Des- te, a natureza ainda está sofrendo grandes desgastes por
sa forma, a população de baixa renda acaba sofrendo de causa da ação do homem, e os efeitos desse desgaste já
sérios problemas de subnutrição, falta de moradias, aten- podem ser sentidos no nosso dia a dia.
dimento médico-hospitalar inadequado, insuficiência de
escolas, etc. Inundações, secas, catástrofes naturais, falta de ali-
mento e de combustível são apenas algumas das conse-
Como Definir a Nova Ordem? quências que já começam a ser sentidas – e a previsão de
cientistas e pesquisadores é que este cenário piore.
A nova ordem costuma ser definida como multipolar. Para inverter este quadro, é preciso uma ação coletiva
Isso quer dizer que existem vários polos ou centros de intensa e imediata. E, para que isso ocorra, é preciso com-
poder no plano mundial. Hoje temos três grandes potên- preender quais são os maiores problemas ambientais da
cias mundiais de poderio econômico, tecnológico e polí- atualidade e como eles afetam nosso cotidiano.
tico-diplomático: EUA, Japão e a União Europeia. Assim, o São vários os problemas apontados por organizações
século XX começou com uma ordem multipolar, passou ambientais como World Wide Fund (WWF) e Greenpeace,
para a bipolaridade e termina com uma nova multipola- e mesmo por órgãos governamentais, como a Organiza-
ridade. Que diferenças existem entre a multipolaridade ção das Nações Unidas (ONU). Porém, alguns são aponta-
deste fim de século e aquela do início? dos como mais urgentes ou mais alarmantes.
A primeira grande diferença é que no início do século
havia somente um agente no cenário internacional: o Es- Efeito estufa
tado Nacional (como, por exemplo, Inglaterra, Alemanha,
etc.) e tudo girava ao redor de suas relações econômicas O efeito estufa é um mecanismo atmosférico natural
e político-militares. Já nos dias hodiernos há um relativo que mantém o planeta aquecido nos limites de tempera-
enfraquecimento do estado-nação e um fortalecimento tura necessários à preservação da vida. Se não houvesse a

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GEOGRAFIA GERAL

proteção do efeito estufa, os raios solares que aquecem o Consequências


planeta seriam refletidos para o espaço e a Terra apresen-
taria temperaturas médias abaixo de -10°C. O aquecimento global pode trazer consequências
O efeito estufa ocorre quando uma parte da radiação graves para todo o planeta – incluindo plantas, animais
solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por de- e seres humanos. A retenção de calor na superfície ter-
terminados gases presentes na atmosfera, entre os quais restre pode influenciar fortemente o regime de chuvas e
o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), o metano secas em várias partes do planeta, afetando plantações e
(CH4) e o óxido nitroso (N2O). florestas.
Ocorre que, com a queima de florestas e a exagerada Algumas florestas podem sofrer processo de deser-
utilização de combustíveis fósseis, grandes quantidades tificação, enquanto plantações podem ser destruídas por
de CO2 têm sido lançadas na atmosfera. A emissão desen- alagamentos. O resultado disso é o movimento migra-
freada desse e de outros gases acentua o efeito estufa, tório de animais e seres humanos, escassez de comida,
a ponto de não permitir que a radiação solar, depois de aumento do risco de extinção de várias espécies animais
refletida na Terra, volte para o espaço. Isso bloqueia o ca- e vegetais, e aumento do número de mortes por desnu-
lor, aumentando a temperatura do planeta e provocando trição.
o aquecimento global. Outro grande risco do aquecimento global é o derre-
Para se discutir o problema e encontrar soluções, vá- timento das placas de gelo da Antártica. Esse derretimen-
rias reuniões internacionais têm sido realizadas. O princi- to já vem acontecendo há milhares de anos, por um lento
pal documento aprovado até agora é o Protocolo de Kyo- processo natural. Mas a ação do homem e o efeito estufa
to, assinado em 1997, que estabelece metas de redução aceleraram o processo e o tornaram imprevisível.
dos gases para diferentes países. A calota de gelo ocidental da Antártida está derreten-
do a uma velocidade de 250 quilômetros cúbicos por ano,
Aquecimento Global elevando o nível dos oceanos em 0,2 milímetros a cada
12 meses. O degelo desta calota pode fazer os oceanos
Verões cada vez mais quentes; pessoas morrendo por subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas litorâneas
causa das altas temperaturas; peixes migrando para águas pelo mundo e ilhas inteiras. Os resultados também são
mais profundas por causa do calor; gelo dos polos derre- escassez de comida, disseminação de doenças e mortes.
tendo; inundações em algumas regiões, secas em outras... O aquecimento global pode ser considerado respon-
Essa visão apocalíptica não faz parte de nenhuma profe- sável por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo,
cia exagerada, mas sim representa um quadro real que já devido a ondas de calor, inundações, e doenças acarreta-
está acontecendo nos dias de hoje e que, se não freado a das por catástrofes naturais – como furacões e grandes
tempo, poderá ter consequências catastróficas: o aqueci- tempestades, que se tornam mais comuns com as mu-
mento global. danças climáticas.
O aquecimento global é um fenômeno causado pela A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à mo-
retenção de calor acima do nível considerado normal pela dificação do clima 2,4% dos casos de diarreia e 2% dos de
atmosfera, sem que ele se dissipe adequadamente – algo malária em todo o mundo. Esse quadro pode ficar ainda
semelhante com a ação de tampar uma panela para man- mais sombrio: alguns cientistas alertam que o aquecimen-
ter a comida quente. to global pode se agravar nas próximas décadas e a OMS
Esse fenômeno acontece por causa de uma elevação calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas
nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, que au- poderão causar 300 mil mortes por ano.
mentam por causa da queima de combustível fóssil, além
do crescimento progressivo na emissão de gases e ou- Soluções
tros produtos químicos produzidos pelo homem duran-
te os últimos cem anos. Isso alterou as características da Apesar de preocupante, o aquecimento global não é
atmosfera, fazendo com que o calor ficasse concentrado irreversível. Há muitas ações que podem ser colocadas em
como numa estufa – de onde vem o nome “efeito estufa”. prática pelos governos e pela população em geral para
Cientistas do mundo todo há anos pesquisam os efei- amenizar seus efeitos e até mesmo fazer regredir seu de-
tos e as consequências dessas alterações na atmosfera. A senvolvimento. Uma das principais ações recomendadas
Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) confirmou em pelos cientistas e pesquisadores é a redução da emissão
mais de uma ocasião que a temperatura no planeta está de gases de efeitos estufa.
aumentando. Para tanto, recomenda-se diminuir o uso de combus-
Utilizando satélites, os pesquisadores constataram tíveis fósseis (gasolina, diesel, querosene) e aumentar o
que a temperatura média global aumentou 0,43oC por uso de biocombustíveis (biodíesel) e etanol, e outras fon-
década, entre os anos de 1981 e 1998. O Painel Intergo- tes de energia não-poluentes (como solar, eólica, etc).
vernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que a Os automóveis devem ser regulados constantemente
variação climática pode chegar a 5 oC. Mesmo as versões para evitar a queima de combustíveis de forma desregu-
mais otimistas, que apontam um aquecimento de apenas lada, e o uso de catalisador em escapamentos de auto-
2 oC, são problemáticas – esse índice já é mais que o pla- móveis, motos e caminhões deve ser obrigatório. As in-
neta pode suportar. dústrias também devem reduzir suas emissões através da

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GEOGRAFIA GERAL

instalação de sistemas de controle de emissão de gases acelera o processo de erosão da terra – assim, quando há
poluentes e procurar utilizar fontes de energia alternati- uma chuva forte, por exemplo, as possibilidades de acon-
vas não-poluentes. tecer enchentes e inundações são muito maiores.
Além disso, recomenda-se aumentar o sistema de Além disso, sem a proteção da vegetação, o solo sofre
coleta seletiva e reciclagem, recuperar o gás metano nos mais com a ação do sol, ressecando-se e podendo provo-
aterros sanitários, e não praticar desmatamento ou quei- car o processo de desertificação (formação de desertos e
madas. Aliás, o plantio de árvores é uma das formas que regiões áridas em áreas antes verdes). No Brasil, este pro-
melhor contribuem para diminuir o aquecimento global, cesso vem ocorrendo no sertão nordestino e no cerrado
pois o reflorestamento é capaz de neutralizar as emissões de Tocantins nas últimas décadas.
de carbono, um dos grandes vilões do aquecimento glo- Mas não é só: sem habitat natural, muitas pragas po-
bal. dem migrar para os centros urbanos – como, por exem-
plo, o inseto conhecido como barbeiro, que pode trans-
Desmatamento e extinção de espécies mitir a doença de Chagas.
A extinção de espécies vegetais, que podem servir de
alimento e também de base para medicamentos, tanto
A exploração comercial dos recursos materiais está le-
para seres humanos como animais, pode desequilibrar
vando a natureza a um colapso. Florestas inteiras são der-
toda a cadeia ecológica.
rubadas para a comercialização de madeira ou queimadas
Por fim, o desmatamento tem sido apontado com um
para que se dê lugar a pastos para gado, ou mesmo pela
dos grandes contribuidores para o aquecimento global,
simples expansão das cidades. pois as árvores são capazes de neutralizar as emissões de
Os animais, através da caça predatória para comercia- carbono, um dos grandes vilões do aquecimento global.
lização de sua pele e carne, do tráfico ilegal, ou por causa O desaparecimento de espécies animais também tem
da destruição de seu habitat, também correm grande riso consequências na vida no homem. A questão vai muito
de desaparecerem. mais além do que o simples drama “as gerações futuras
Some-se a isso a mineração e a indústria poluente nunca vão ver um mico-leão-dourado” – o que, por si só,
e o resultado é a extinção de espécies animais e vege- é bem triste.
tais – muitas já desapareceram, e um número igualmente Mas quando uma espécie desaparece, toda a cadeia
grande está em vias de desaparecer. E o planeta todo, alimentar fica alterada. Por exemplo, se a população de
especialmente os seres humanos, já está sentindo as con- gaviões diminui ou desaparece, aumenta a população de
sequências. cobras, uma vez que esses são seus maiores predadores.
As florestas e bosques restantes no planeta todo Muitas cobras precisariam de mais alimentos e, con-
possuem apenas uma pequena parcela de sua cobertura sequentemente, o número de sapos diminuiria e aumen-
original. Nos países em desenvolvimento, principalmente taria a população de gafanhotos. Esses gafanhotos pre-
asiáticos como a China, quase toda a cobertura vegetal foi cisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar
explorada. Estados Unidos e Rússia também destruíram outras plantações, causando perdas para o homem.
suas florestas com o passar do tempo. É importante lembrar que o desaparecimento de de-
O Brasil também assiste, ano após ano, sua riqueza terminadas espécies de animais interrompe os ciclos vitais
natural desaparecendo. Um relatório divulgado pela ONG de muitas plantas. Ou seja, a extinção de uma espécie ani-
ecológica World Wild Fund (WWF) apontou que o desma- mal causa uma reação em cadeia na natureza, afetando o
tamento na Amazônia já atinge 13% da cobertura original. ser humano com a diminuição de certas fontes de alimen-
O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, pois to ou com a proliferação de pragas e doenças.
apenas 9% da mata sobrevive a cobertura original de
1500. No mundo todo, 150 mil quilômetros quadrados de Soluções
floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no
Parar o processo de extinção de espécies animais e
Brasil, esse número gira em torno de 20 mil quilômetros
vegetais, e do desflorestamento, não é fácil nem rápido.
quadrados.
Mas também não é impossível. A primeira ação é uma
A situação da fauna é igualmente preocupante. Cien- vigilância mais acirrada acerca do tráfico de animais sil-
tistas do Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente vestres, da derrubada de árvores e das queimadas.
calculam que existam entre 10 e 100 milhões de espécies Um maior policiamento, com punições mais severas,
de seres vivos no planeta, das quais 25% estão ameaça- já ajudaria a diminuir a taxa preocupante de diminuição
dos de extinção. Todo dia, no mundo inteiro, desapare- de espécies de plantas e animais.
cem quase trezentas espécies animais e vegetais devido à Da mesma forma, um maior controle na mineração
destruição de seus habitats. e na poluição das indústrias (tanto do ar, como da água
e do solo) garantiria maior saúde ao meio ambiente – e,
Consequências consequentemente, a toda sociedade.
Além disso, o planejamento para a expansão das ci-
Os resultados da ação exploratória do homem na dades e das áreas agrícolas, para que não agridam o meio
natureza já podem ser percebidos nos quatro cantos do ambiente, e da exploração dos recursos naturais, como a
planeta. A diminuição significativa da cobertura vegetal madeira, são indispensáveis.

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GEOGRAFIA GERAL

Mas não é só controle e vigilância as soluções para rem devido a doenças como cólera e malária. A expectati-
esse problema. É preciso também conscientizar e educar va é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de pessoas
a sociedade, os governos, as empresas. sofrerão com a escassez de água.
Através de programas de educação ecológica, em que Cerca de 70% da água consumida mundialmente, in-
se aprenda o valor e a função de cada animal e de cada cluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são
planta para a vida das outras espécies e para a vida huma- utilizadas para irrigação. Aproximadamente 20% vão para
na, em como tratar e preservar o meio ambiente, e como a indústria e 10% para as residências.
valorizar a natureza e o planeta todo como um lar, é pos- A falta de água afetaria diretamente todo esse siste-
sível brecar o processo de extinção de várias espécies e o ma. A escassez dos recursos hídricos pode levar ao au-
desmatamento, e até mesmo fazê-los regredir, através do mento de fontes de contaminação devido à dificuldade
reflorestamento e do cultivo e cuidado da natureza. de acesso à água de qualidade (tratada e potável), o que
também acarretaria a contaminação de alimentos (ani-
Diminuição dos recursos hídricos mais e vegetais) e a escassez dos mesmos, numa reação
em cadeia que comprometeria saúde humana e saúde pú-
blica, com deterioração da qualidade de vida e do desen-
Uma das maiores preocupações atuais é o término
volvimento econômico e social.
das reservas de petróleo. Por ser um produto não-reno-
vável, muitas reservas já se esgotaram e outras estão es- Soluções
casseando, gerando crise econômica e até guerras – isso
porque grande parte da energia consumida no mundo Para se evitar que a crise da água se torne crítica, é
todo depende hoje deste combustível fóssil. Porém, uma preciso tomar uma série de ações. A primeira delas é pro-
outra crise – maior e mais assustadora – está ameaçando mover uma melhor administração dos recursos hídricos
o mundo todo: a falta de água. em nível de bacias hidrográficas, desenvolvendo tecnolo-
Cerca de 70% do planeta é coberto por água, porém gias avançadas de monitoramento e gestão, ampliando a
apenas 2% da água do planeta é doce – ou seja, própria participação da comunidade – usuários e público em ge-
para o consumo humano. Desta pequena parcela, 90% ral – nessa gestão e no compartilhamento dos processos
está no subsolo ou nos pólos, em forma de gelo. tecnológicos que irão melhorar a infraestrutura do banco
Ou seja: a água que pode ser usada para beber, tomar de dados e dar maior sustentabilidade às ações.
banho, preparar alimentos, etc, é muito pouca – e está di- Além disso, ações de educação e conscientização da
minuindo. Mais da metade dos rios do mundo diminuíram população, de empresas e mesmo de governos são indis-
seu fluxo ou estão contaminados, ameaçando a saúde das pensáveis para se evitar o desperdício e a poluição das
pessoas. águas. Fora isso, é possível também realizar a despolui-
A escassez de água se deve basicamente à má gestão ção de rios e mananciais, revitalizando esses importantes
dos recursos hídricos e ao aumento da demanda e não à recursos hídricos e tornando-os novamente saudáveis e
falta de chuvas. Uma das maiores agressões para a for- próprios para o uso.
mação de água doce é a ocupação e o uso desordenado
do solo. Consumo
Para agravar ainda mais a situação são previstas as
adições de mais de três bilhões de pessoas que nascerão Lojas de departamentos de vários andares, shopping
neste século, sendo a maioria em países que já tem escas- centers que oferecem todos os tipos de serviços, bouti-
sez de água, como Índia, China e Paquistão. ques finas que servem champanhe aos clientes, pequenas
lojas que vendem toda sorte de produtos por menos de
O Brasil possui a maior reserva de água doce do mun-
R$ 2,00.
do, cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Só que
Há décadas consumir deixou de ser um simples ato
essa reserva também está ameaçada pelo mau planeja-
de subsistência para ser identificado com uma forma de
mento e uso, pela poluição e pelo desperdício. lazer, de libertação e até mesmo de cidadania. Homens e
50% da água tratada é desperdiçada no país. Entre os mulheres são levados a consumir, mesmo sem necessida-
maus hábitos estaria a lavagem de carro, calçadas, roupas, de, apenas pelo simples ato de comprar. Porém, o consu-
banhos demorados, louças na qual é desperdiçada mais mo desenfreado também é uma grande ameaça ao meio
água do que o necessário, além de vazamentos (uma gota ambiente.
de água caindo o dia inteiro corresponde a 46 litros). A finitude dos recursos naturais é evidente, e é agra-
vada pelo modo de produção regente, que destrói e po-
Consequências lui o meio ambiente. O primeiro e mais importante limite
dessa cultura do consumo, que estamos testemunhando
A água já é hoje em dia uma ameaça à paz mundial. hoje, são os próprios limites ambientais.
Muitos países da Ásia e do Oriente Médio já estão dispu- O planeta não suportaria se cada habitante tivesse
tando recursos hídricos. um automóvel, por exemplo. Nos níveis e padrões atuais,
Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) o consumo precisa ser modificado em direção a formas
apontam que um bilhão de pessoas não tem acesso a mais sustentáveis, tanto do ponto de vista social quanto
água tratada e com isso quatro milhões de crianças mor- ambiental.

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GEOGRAFIA GERAL

Dados recentes fornecidos pelo Programa das Nações Lixo


Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostraram que o
mundo está consumindo 40% além da capacidade de re- Com o aumento da população e com a expansão das
posição da biosfera (energia, alimentos, recursos naturais) cidades e das indústrias, o lixo acabou se tornando um
e o déficit é aumentado 2,5% ao ano. dos grandes problemas atuais. A maioria dos lixões e ater-
Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) ros sanitários no mundo está ou saturada, ou muito pró-
apontam que 85% de produção e do consumo no mun- xima de seu limite.
do estão localizados nos países industrializados que tem Como a produção de lixo é contínua e em volume
apenas 19% da população. Os EUA têm 5% da população muito grande (seis bilhões de pessoas no mundo todo
mundial e consomem 40% dos recursos disponíveis. Se os produzindo lixo todos os dias), o acúmulo desses resíduos
seis bilhões de pessoas usufruíssem o mesmo padrão de se torna um grande problema social, ambiental e econô-
vida dos 270 milhões de americanos, seriam necessários mico para o país. Em muitas localidades, o destino do lixo
seis planetas. acaba sendo em aterros irregulares, leitos de rio ou ainda
a queima a céu aberto – o que agrava ainda mais o pro-
Consequências blema.
A quantidade de lixo produzida semanalmente por
A consequência do consumo desenfreado é, princi- um ser humano é de cinco quilos. Só no Brasil se produz
palmente, o fim dos recursos naturais. Para suprir a de- cerca de 240 mil toneladas de lixo por dia, de acordo com
manda por produtos, é preciso produzir mais produtos. dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
E isso significa consumir mais energia, mas combustível, (IBGE). Desde total, 76% do lixo é jogado a céu aberto
mais madeira, e minérios – enfim, mais materiais prove- sendo visível ao longo de estradas e também são carre-
nientes da natureza. gados para represas de abastecimento durante o período
Por sua vez, essa prática gera mais poluição industrial de chuvas.
e
mais lixo. Quem primeiro sobre com isso é o meio Consequências
ambiente. Os resultados dessa prática são logos sentidos
pelos homens também. Basta pensar na crise de energia O acúmulo do lixo em lixões e aterros (regulares ou
que o mundo vem passando, no aumento do preço de não) e seu contato com as condições climáticas – sol e
certos materiais que já começam a escassear, na satura- chuva – acaba produzindo o chorume, um líquido escuro
ção de lixões e aterros sanitários, na poluição e seus efei- e altamente tóxico que polui a água do lençol freático, e o
tos sobre a saúde humana. metano (CH4), um gás ainda mais prejudicial à atmosfera
que o próprio dióxido de carbono (CO2), considerado o
Mas não é só. O consumismo também agrava a po- grande vilão do efeito estufa.
breza, aumentando a distância entre ricos e pobres. Países Além disso, representa um grande risco para a saúde
ricos e altamente industrializados geralmente exploram humana, já que propicia a manifestação de várias doenças
os recursos naturais dos países mais pobres, que, no en- como cólera, cisticercose, disenteria e giardíase.
tanto, não enriquecem com isso (ao contrário, ficam ainda A situação ainda piora, pois o lixo acumulado é o
mais pobres). ambiente adequado para a proliferação de insetos e roe-
dores, como baratas, mosquitos e ratos, que são vetores
Um dado interessante para ilustrar esse problema é comuns de doenças como febre amarela, dengue e lep-
que é estimado que sejam gastos no planeta 435 bilhões tospirose.
de dólares por ano em publicidade. 15 bilhões de dóla- Se depositado no leito dos rios, o lixo pode provocar
res seriam suficientes para acabar com a fome do mundo, assoreamentos e consequentemente, enchentes e conta-
que mata 10 milhões de crianças por ano. minação da água, afetando o meio ambiente e a saúde
das populações ribeirinhas.
Soluções Se o destino do lixo for a queima a céu aberto, nova-
mente o impacto é negativo tanto para as pessoas como
A alternativa para o consumismo é tentar torná-lo para a natureza: a queima lança no ar dezenas de produ-
uma prática mais sustentável. Não é preciso parar de con- tos tóxicos, que variam da fuligem, que afeta os pulmões,
sumir, nem mesmo cortar drasticamente o consumo. Mas às dioxinas, resultantes da queima de plásticos, que são
sim é preciso um maior controle, e também maior cons- cancerígenas.
ciência nas consequências que o consumo desenfreado
pode trazer à natureza e à sociedade como um todo. Soluções
Atitudes como reciclar e dar preferência a produtos
de empresas ecologicamente corretas, ou produtos que A reciclagem é uma solução comum e viável para re-
sejam menos agressivos ao meio ambiente, são indispen- solver o problema do lixo. A maioria dos materiais despe-
sáveis. jados em lixões pode ser reaproveitada. A técnica, além

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GEOGRAFIA GERAL

de diminuir a quantidade de lixo nas cidades, também frigeração, sprays e na produção de materiais como, por
tem vantagens sociais e econômicas, como geração de exemplo, o isopor. Ao chegar à atmosfera, o CFC entra em
emprego e criação de indústrias de reciclagem. contato com grande quantidade de raios ultravioleta, que
Embora muito esteja se fazendo nesta área em nível quebram as moléculas de CFC e liberam cloro. Este, por
mundial, ainda são poucos os materiais aproveitados no sua vez, rompe as moléculas de ozônio (O3), formando
Brasil onde é estimada uma perda de cerca de quatro bi- monóxido de cloro (ClO) e oxigênio (O2). Ocorre que esses
lhões de dólares por ano. Mas há indícios de melhora na dois gases não são eficientes para proteger a Terra dos
área no país onde se tem como melhor exemplo as latas raios ultravioleta.
de alumínio, cuja produção é 63% reciclada. Em 1985, vários países assinaram a Convenção de Vie-
Mas o lixo também pode ser reaproveitado para se
na - e, dois anos depois, o Protocolo de Montreal -, se
converter em energia. E a energia, hoje tão cara e sob a
comprometendo a diminuir a produção de CFC.
ameaça de escassear num futuro bem próximo, poderia
ter uma fonte de abastecimento inesgotável – e ecologi-
camente correta. Os efeitos de El Niño e La Niña
Nos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão,
gerar energia a partir do lixo é uma realidade desde os São fenômenos que se manifestam nas águas oceâni-
anos 1980. Esses países processam 130 milhões de tone- cas do Pacífico ocasionando alterações no clima do pla-
ladas de lixo, gerando energia elétrica e térmica em 650 neta Terra e interferências nas variações de temperatura e
instalações. na regularidade das chuvas.
Somente a União Europeia extrai mais de 10 mil MW O El Niño acontece por meio do enfraquecimento dos
de cerca de 60 milhões de toneladas de lixo por ano em ventos alísios. Isso causa um aquecimento nas águas do
400 usinas, que são capazes de produzir eletricidade para Pacífico, perto da costa oeste da América do Sul, sendo
atender 27 milhões de pessoas (o equivalente a soma da que em condições normais, esse aquecimento teria que
população da Dinamarca, da Finlândia e da Holanda). acontecer perto na região da Indonésia.
Se o Brasil transformasse seu lixo em energia, con-
seguiria implantar cerca de 750 usinas, que forneceriam Em ano El Niño, ou de La Niña, o mundo tem seus
energia para aproximadamente 22,5 milhões de habitan- climas habituais mudados: aumento de chuvas em alguns
tes - cada 200 toneladas por dia do lixo doméstico orgâ- lugares, secas em outros e em algumas regiões os temidos
nico permitiriam a implantação de uma Usina Termelétrica furacões arrasam cidades inteiras, junto com enchentes e
com a potência de três Megawatts, capaz de atender uma
outras catástrofes. Importante frisar que, apesar desses
população de 30 mil habitantes. A energia via lixo pode
fenômeno contribuírem para o acontecimento dessas tra-
iluminar casas, ativar indústrias e mover carros.
Isso também se refletiria positivamente na economia, gédias, eles não são os responsáveis por elas. Há um “sen-
não apenas com o corte de gastos que esta fonte de ener- sacionalismo” geral por parte da imprensa mundial que
gia traria, mas com os recursos que captaria. atribui fatalidades ao El Niño. Esses fenômenos climáticos
O aproveitamento de resíduos é considerado uma al- acontecem independentemente da ação humana, mas
ternativa viável para substituir combustíveis fósseis (pe- suas consequências variam de acordo com as condições
tróleo, carvão e gás), sendo uma boa opção para a re- que cada região apresenta, em função da ação humana.
dução da emissão de gases poluentes que provocam o
efeito estufa. E a menos conhecida, mas nem por isso menos im-
Com a venda de créditos de carbono, o Brasil poderia portante, La Niña, que acontece, como já foi dito, em sen-
vir a arrecadar cerca de U$100 milhões por ano com essa tido contrário ao El Niño. Os ventos alísios ganham força
alternativa, de acordo com pesquisadores do Instituto Vir- e empurram a massa de ar mais aquecida para ainda mais
tual Internacional de Mudanças Climáticas (IVIG) perto da costa australiana. Assim como em outros anos, o
Buraco na camada de ozônio vapor da água quente sobe e forma uma camada vertical
de ar. Essa camada viaja pela troposfera e se descarrega
O gás ozônio envolve a Terra na forma de uma frágil na costa sul-americana. O ocorrido em anos de La Niña é
camada que protege a vida da ação dos raios ultravioleta semelhante com o que acontece em anos “comuns” (sem
(emitidos pelo Sol). Os raios ultravioleta causam muta-
El Nino), mas com uma intensidade bem maior.
ções nos seres vivos, modificando as moléculas de DNA.
Sustentabilidade, aquecimento global no Brasil e no
Em seres humanos, o excesso de ultravioleta pode causar
mundo, desmatamento... Todas essas palavras são mui-
câncer de pele e afetar o sistema imunológico.
Nos últimos anos, contudo, cientistas detectaram um to comuns nos nossos dias. A natureza nunca respondeu
“buraco” na camada de ozônio, exatamente sobre a An- com tanta força aos maus tratos dados pelo homem. Con-
tártida, o que deixa sem proteção uma área de cerca de forme os anos passam, são registradas mais inundações,
30 milhões de km2. furacões, terremotos e se as ações do homem não mudar,
Pesquisadores acreditam que o gás clorofluorcarbono a tendência é só piorar. Com isso, até mesmo fenômenos
(CFC) é o principal responsável pela destruição da cama- naturais, como El Niño e a La Niña, terão impactos maio-
da de ozônio. Esse gás é utilizado em aparelhos de re- res e mais prejudiciais ao homem.

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GEOGRAFIA GERAL

Degelo no Mundo

O constante processo de elevação da temperatura média global, desencadeado principalmente pela intensificação
do efeito estufa, está provocando uma série de fenômenos maléficos ao meio ambiente, como é o caso do degelo, uma
das consequências do aquecimento global.
As regiões polares são as mais atingidas pelo degelo, pois o derretimento dessas áreas está ocorrendo de forma mui-
to rápida. Conforme cientistas ambientais, o degelo agrava ainda mais o aquecimento da Terra, haja vista que durante
esse processo ocorre a liberação de gases prejudiciais ao meio ambiente.
Pesquisas realizadas confirmam que o Oceano Ártico teve sua área reduzida em 14%, além da camada de gelo ter se
tornado 40% mais fina. A Antártida, por sua vez, perdeu 3 mil quilômetros quadrados de extensão, em consequência de
uma elevação de 2,5 °C desde 1940. Com o derretimento das calotas do Ártico e da Antártica, uma grande camada de
água, proveniente do gelo, fluirá para os oceanos, podendo contribuir para a elevação do nível do mar. Tal ocorrência
ameaça milhões de pessoas em todo o mundo

Outra área bastante afetada pelo degelo é a Groelândia. Conforme pesquisa divulgada pela revista Science, o degelo
na Groelândia triplicou nos últimos anos. Atualmente, o gelo dessa região derrete a um ritmo muito acelerado, sendo
que esse processo tem se intensificado desde 2004.
Conforme dados da Worldwatch Institute, as principais cordilheiras do mundo estão sofrendo significativas reduções
em massa de gelo e neve. Monitoramentos revelam que as geleiras dos Alpes recuaram cerca de 35%. Um artigo da
revista britânica Science, de outubro de 2002, afirma que a capa de neve a qual cobre o monte Kilimanjaro, na Tanzânia,
pode desaparecer em 20 anos.
De acordo com cientistas da Universidade de Edimburgo e da Universidade de Londres, a quantidade de gelo der-
retido chega a 125 trilhões de toneladas por ano. Fato que proporciona um aumento no nível do mar, que, apesar de
ser de poucos centímetros em algumas regiões, já é o suficiente para promover um desequilíbrio ambiental. Em 2010,
o nível dos oceanos deverá estar aproximadamente um metro acima do que estava previsto pelo Painel do Clima das
Nações Unidas (IPCC).

A elevação da temperatura global está afetando o equilíbrio ambiental, atingindo todos os tipos de vida. Várias es-
pécies de animais marinhos e peixes estão ameaçadas pelo degelo. Um exemplo bastante representativo é a redução do
gelo na Antártica, a qual fez com que a população de pinguins diminuísse em 33%.
Calcula-se que aproximadamente 200 milhões de indivíduos serão afetados com o aumento do nível do mar, e que
60% da população residente em áreas costeiras terão que migrar para outras regiões. Texto adaptado de BUENO, C.

QUESTÕES

1- O conceito de Desenvolvimento Sustentável parte do princípio de que

a) para sustentar o consumo da população mundial, a destruição do meio ambiente deveria ser contida nos países
pobres.
b) o atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve comprometer os padrões de vida
das gerações futuras.
c) o padrão básico de vida populacional tem esgotado os recursos naturais e a alternativa seria rever o modo de viver
nas grandes cidades.
d) o desenvolvimento industrial deve diminuir, adaptando um novo modo de vida às gerações atuais e otimizando
o uso de produtos artesanais.
e) a diminuição da retirada de recursos naturais renováveis e não renováveis buscam estabelecer novas formas de
convívio com o meio agropecuário.

2- Ano Internacional da Biodiversidade

Em relação ao termo Biodiversidade é correto afirmar que:


a) se relaciona somente à fauna e à flora da zona tropical do planeta, pois nas regiões temperadas não há diversi-
dade.
b) abrange toda a variedade das formas de vida, espécies e ecossistemas em uma região ou em todo o planeta.
c) é restringido às espécies uniformemente distribuídas por toda superfície da Terra, o que só ocorre com a fauna.
d) não se relaciona aos fungos e micro-organismos do meio ambiente, limitando-se às fauna das zonas tropicais.
e) refere-se à fauna, à flora e a pessoas que vivem em harmonia com o meio ambiente, como ameríndios e aborí-
genes.

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GEOGRAFIA GERAL

3- Leia a tira a seguir.

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 372; 411. [Adaptado]

A tira, sobretudo a fala de Mafalda, questiona o apelo ao consumo. Na perspectiva dos estudos geográficos, a ge-
neralização do consumo visa
a) à ampliação da cidadania, por garantir mais espaços públicos do que privados nas cidades.
b) à disseminação do sistema de crédito e da propaganda, por ampliar o acesso a bens e produtos.
c) à distribuição de renda, por promover a equidade social nos países subdesenvolvidos.
d) ao aumento da produção e dos níveis de consumo nos países desenvolvidos.
e) à redução das diferenças entre cidadãos e consumidores, por equiparar o acesso ao consumo aos valores demo-
cráticos.

4- As imagens abaixo mostram a localização de dois eventos mundiais ocorridos em 2009, simultaneamente.

Sobre esses dois importantes fóruns mundiais, pode-se afirmar:


a) Em Davos, reuniram-se representantes da riqueza do planeta com objetivo principal de elaborar políticas sociais
para tirar da pobreza os excluídos da globalização.
b) Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, os chefes de Estado dos países mais ricos do mundo exibiram seu
otimismo com os bons resultados econômicos, consequência direta da adoção de políticas neoliberais em seus países.
c) No Fórum Econômico Mundial, os países ricos se comprometeram a reduzir drasticamente os subsídios agrícolas
como forma de melhorar a concorrência na Organização Mundial do Comércio.
d) A cidade de Belém recepcionou a vanguarda do movimento social e político do mundo que luta contra a exclusão
social provocada pela globalização da economia.
e) No Fórum Social Mundial, a notícia do fim do protecionismo anunciada pelos países ricos foi dada como verdade
e vista como um gesto positivo na luta contra as desigualdades mundiais.

5- Leia atentamente o fragmento de texto a seguir. Trata-se de uma entrevista com o sociólogo Zigmunt Bauman.
Poderia falar mais amplamente sobre os riscos da modernidade?
Uma das características do que chamo de “modernidade sólida” era que as maiores ameaças para a existência
humana eram muito mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e não havia muito mistério sobre o que fazer para
neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio, por exemplo, que alimento, e só alimento, era o remédio para a fome.

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GEOGRAFIA GERAL

Os riscos de hoje são de outra ordem, não se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar de estarmos todos expostos,
em algum grau, a suas consequências. Não podemos, por exemplo, cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições climáticas
que gradativamente, mas sem trégua, estão se deteriorando. O mesmo acontece com os níveis de radiação e de po-
luição, a diminuição das matérias-primas e das fontes de energia não renováveis, e os processos de globalização sem
controle político ou ético, que solapam as bases de nossa existência e sobrecarregam a vida dos indivíduos com um grau
de incerteza e ansiedade sem precedentes.
Diferentemente dos perigos antigos, os riscos que envolvem a condição humana no mundo das dependências glo-
bais podem não só deixar de ser notados, mas também deixar de ser minimizados mesmo quando notados. As ações
necessárias para exterminar ou limitar os riscos podem ser desviadas das verdadeiras fontes do perigo e canalizadas
para alvos errados. Quando a complexidade da situação é descartada, fica fácil apontar para aquilo que está mais à mão
como causa das incertezas e das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, o caso das manifestações contra imigrantes
que ocorrem na Europa. Vistos como “o inimigo” próximo, eles são apontados como os culpados pelas frustrações da
sociedade, como aqueles que põem obstáculos aos projetos de vida dos demais cidadãos. A noção de “solicitante de
asilo” adquire, assim, uma conotação negativa, ao mesmo tempo em que as leis que regem a imigração e a naturalização
se tornam mais restritivas, e a promessa de construção de “centros de detenção” para estrangeiros confere vantagens
eleitorais a plataformas políticas.
Para confrontar sua condição existencial e enfrentar seus desafios, a humanidade precisa se colocar acima dos dados
da experiência a que tem acesso como indivíduo. Ou seja, a percepção individual, para ser ampliada, necessita da as-
sistência de intérpretes munidos com dados não amplamente disponíveis à experiência individual. E a Sociologia, como
parte integrante desse processo interpretativo — um processo que, cumpre lembrar, está em andamento e é permanen-
temente inconclusivo —, constitui um empenho constante para ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos e uma
voz potencialmente poderosa nesse diálogo sem fim com a condição humana. PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia.
Entrevista com Zigmunt Bauman. Tempo soc. 2004.
Sobre as questões ambientais na contemporaneidade, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Uma das consequências humanas da globalização pode ser associada ao agravamento da questão ambiental.
b) O desenvolvimento do capitalismo demonstra que os índices de industrialização são diretamente proporcionais
aos índices de poluição, em termos absolutos.
c) O estímulo ao consumo de produtos recicláveis pode ser considerado uma estratégia do capitalismo contempo-
râneo para manter os índices de consumo elevados.
d) Embora as questões climáticas tenham se agravado por conta da globalização e do desenvolvimento do capi-
talismo, elas não podem ser consideradas uma categoria relevante para a compreensão da sociedade contemporânea.
e) As questões ambientais e climáticas são uma espécie de “inimigo invisível” que caracteriza a modernidade con-
temporânea (“modernidade líquida”).

6- Leia o poema seguir:

Eu etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu nome de batismo ou de cartório,
Um nome ..... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nesta vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei
Minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
(...) Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova de dente e pente (...)
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidência,
Costume, hábitos, premência,
Indispensabilidade, e fazem
de mim homem-anúncio itinerante (...).
Carlos Drummond de Andrade

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GEOGRAFIA GERAL

O poema acima se refere:


a) Ao consumismo, entendido como um fator importante para o desenvolvimento da sociedade capitalista.
b) À moda jovem, da sociedade globalizada e das comunicações em rede em escala planetária.
c) À vida nas metrópoles e nas cidades globais cujos habitantes usam um vocabulário estrangeiro para expressar o
processo de globalização.
d) Às relações comerciais desiguais em escala planetária, em que os países pobres consomem produtos fabricados
em diferentes lugares do globo.
e) Aos produtos expostos nas vitrines dos shopping centers das cidades brasileiras.

7- Leia o texto a seguir:

O processo de expansão do modo de produção capitalista trouxe repercussões decisivas no espaço mundial não só
no aumento de consumo, mas também uma crescente preocupação em alguns países com a qualidade ambiental, o que
tem levado à busca de várias alternativas entre elas o emprego de tecnologias avançadas e acordos diversos a fim de
reduzir o impacto e a degradação ambiental. Sobre o assunto, é verdadeiro afirmar que ocorre(m):
a) acordos político-econômicos e tecnológicos entre os Estados Unidos e a China, país de regime político capitalista,
objetivando o emprego de tecnologias que promovam uma melhoria ambiental e na qualidade de vida de suas popu-
lações.
b) um aceite da Colômbia em acatar ajuda tecnológica dos Estados Unidos para a efetivação de acordos com países
que outrora eram socialistas e hoje adotam o capitalismo como é o caso da Coréia do Sul, com vistas a uma exploração
menos poluente do petróleo que produz.
c) acordos tecnológicos entre a Índia e o Paquistão, onde este país se compromete a investir seus conhecimentos em
tecnologia informacional na preservação ambiental do Paquistão em troca das terras disputadas na região da Caxemira.
d) intensas modificações espaciais na Ásia, particularmente na China, fruto das campanhas de preservação ambiental
promovidas pelo governo que adota estratégias de desenvolvimento de cunho socialista e preservacionista.
e) barreiras impostas por nações desenvolvidas capitalistas que se recusam diminuir o seu crescimento econômico
e, assim, evitam assinar acordos de compromisso de redução dos impactos ambientais provocados pelo modelo ques-
tionável de desenvolvimento.

8- “A civilização industrial, como se encontra hoje organizada, está se chocando frontalmente com o sistema eco-
lógico do planeta” (Al Gore, no livro “A terra em balanço”). Essa frase de Al Gore nos faz pensar que o modelo atual de
desenvolvimento não é capaz de satisfazer as gerações atuais e compromete as gerações futuras. Sobre esse assunto, é
correto afirmar que:
1) o desenvolvimento sustentável responde às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gera-
ções futuras de responder às suas necessidades.
2) o cooperativismo poderá ser um importante instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável; é uma
forma de estruturação do capital social.
3) o cooperativismo, além de fortalecer a democracia, volta-se para o desenvolvimento sustentável local.
4) nenhum país desenvolvido da modernidade sacrificou o seu desenvolvimento econômico original em função da
consciência de que os recursos naturais são finitos.
5) existe uma necessidade imperiosa de os países industrializados reduzirem o seu consumo e seu impacto despro-
porcional na poluição da Biosfera.
Estão corretas:
a) 1 e 4 apenas
b) 1 e 5 apenas
c) 2 e 4 apenas
d) 1, 2 e 3 apenas
e) 1, 2, 3, 4 e 5.

12
GEOGRAFIA GERAL

9- Leia e observe: Está (ão) correta(s)


a) Apenas a proposição I
b) Todas as proposições
c) Apenas as proposições II e IV
d) Apenas as proposições I e II
e) Apenas as proposições I e III

GABARITO:

1-B / 2-B / 3-B / 4-D / 5-D / 6-A / 7-E / 8-E / 9-B


/ 10-B

ANOTAÇÕES

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
Ao questionar a racionalidade humana, a charge tem
por objetivo principal: ___________________________________________________
a) Relacionar o desmatamento à extinção das aves.
___________________________________________________
b) Mostrar que os interesses econômicos sobrepõem-
se à preservação ambiental. ___________________________________________________
c) Mostrar que o uso de veículos contribui para o au-
mento da poluição atmosférica. ___________________________________________________
d) Relacionar a expansão agrícola ao processo de de-
___________________________________________________
gradação ambiental.
___________________________________________________
10- Sobre a globalização dos problemas ambientais é
correto afirmar: ___________________________________________________
I - Após a Revolução Industrial, a Natureza passou a
___________________________________________________
ser vista como uma fonte de recursos econômicos a ser
explorada por meio de instrumentos cada vez mais so- ___________________________________________________
fisticados, criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse
processo, o meio ambiente foi submetido a uma contínua ___________________________________________________
devastação, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afe-
___________________________________________________
tando a vida de toda a humanidade.
II - Nas últimas décadas do século XX, com o agrava- ___________________________________________________
mento dos problemas ambientais, a sociedade se mobili-
zou para deter os efeitos nocivos das atividades econômi- ___________________________________________________
cas, predatórias e poluentes. ___________________________________________________
III - Os grupos ecológicos se multiplicaram e a pres-
são social resultou na aprovação pelos poderes públicos ___________________________________________________
de leis de proteção ao meio ambiente.
IV - No âmbito internacional, a preservação do meio ___________________________________________________
ambiente passou a constituir elemento importante de um ___________________________________________________
país para negociar a comercialização de seus produtos e
recebimento de empréstimos. ___________________________________________________

13
GEOGRAFIA GERAL

ANOTAÇÕES

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GEOGRAFIA DO BRASIL

4.1. - A natureza brasileira (relevo, hidrografia, clima e vegetação)..................................................................................................... 01


4.2. - A população: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos............................................................................................. 12
4.3. - As atividades econômicas: industrialização e urbanização, fontes de energia e agropecuária..................................... 23
4.4. - Os impactos ambientais............................................................................................................................................................................. 47
GEOGRAFIA DO BRASIL

A localização de 92% do território brasileiro na zona


1 – A NATUREZA BRASILEIRA (RELEVO, intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a pre-
HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO) dominância de climas quentes, com médias de temperatura
superiores a 20º C. Os tipos de clima presentes no Brasil
são: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlânti-
co, semiárido e subtropical.
O clima equatorial domina a região amazônica e se ca-
A formação do relevo brasileiro decorre da ação de di- racteriza por temperaturas médias entre 24º C e 26º C e
versos elementos, como a estrutura geológica do territó- amplitude térmica anual (diferença entre a máxima e a mí-
rio, os agentes internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os nima registrada durante um ano) de até 3º C. As chuvas são
agentes externos: as águas correntes e o intemperismo. abundantes (mais de 2.500 mm/ano) e regulares, causadas
Entre as principais características do nosso relevo, des- pela ação da massa equatorial continental. No inverno, a
taca-se o predomínio das formações sedimentares recentes, região pode receber frentes frias originárias da massa polar
que ocupam 64% da superfície. Tais formações se sobre- atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da fria-
põem aos terrenos pré-cambrianos, mais antigos, que for- gem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar a
mam o embasamento de nosso relevo, de origem cristalina, 10º C.
e que afloram em 36% do território. Como reflexo dessa Extensas áreas do planalto central e das regiões Nor-
estrutura geológica, de base sedimentar, a altimetria de do deste e Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o
relevo brasileiro vai caracterizar-se pelo predomínio das bai- verão é quente e úmido e o inverno, frio e seco. As tempe-
xas e médias altitudes. raturas médias excedem os 20º C, com amplitude térmica
O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação anual de até 7º C. As chuvas variam de 1.000 a 1.500 mm/
dos movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo ano.
surgimento dos chamados dobramentos modernos e, por O tropical de altitude predomina nas partes altas do
isso, caracteriza-se pela presença de três grandes formas: os Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte do
planaltos as depressões e as planícies. Os planaltos e as de- Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. Apresenta temperatu-
pressões representam as formas predominantes, ocupando ras médias entre 18º C e 22º C e amplitude térmica anual
cerca de 95% do território, e têm origem e tanto cristalina entre 7º C e 9º C. O comportamento pluviométrico é igual
quanto sedimentar. Em alguns pontos do território, espe- ao do clima tropical. As chuvas de verão são mais inten-
cialmente nas bordas dos planaltos, o relevo apresenta-se sas devido à ação da massa tropical atlântica. No inverno,
muito acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. as frentes frias originárias da massa polar atlântica podem
As planícies representam os 5% restantes do território bra- provocar geadas.
sileiro e são exclusivamente de origem sedimentar. A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao
Paraná sofre atuação do clima tropical atlântico. As tempe-
Classificação do relevo brasileiro raturas variam entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas
crescentes conforme se avança para o sul. Chove cerca de
Existem várias classificações do nosso relevo, porém al- 1.500 mm/ano. No litoral do Nordeste, as chuvas intensifi-
gumas delas se tornaram mais conhecidas e tiveram grande cam-se no outono e no inverno. Mais ao sul, são mais fortes
importância em momentos diferentes da nossa história. no verão.
A mais antiga delas é a que foi elaborada pelo professor O clima semiárido predomina nas depressões entre
Aroldo de Azevedo, na década de 40, que utilizava como planaltos do sertão nordestino e no trecho baiano do vale
critério para a definição das formas o nível altimétrico. As- do Rio São Francisco. Suas características são temperaturas
sim, a superfícies aplainadas que superassem a marca dos médias elevadas, em torno de 27º C, e amplitude térmica
200 m de altitude seriam classificadas como planaltos, e as em torno de 5º C. As chuvas, além de irregulares, não exce-
superfícies aplainadas que apresentassem altitudes inferio- dem os 800 mm/ano, o que leva às “secas do Nordeste”, os
res a 200 m seriam classificadas como planícies. Com base longos períodos de estiagem.
nisso, o Brasil dividia-se em oito unidades de relevo, sendo O clima subtropical predomina ao sul do Trópico de
4 planaltos, que ocupavam 59% do território e 4 planícies, Capricórnio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e
que ocupavam os 41% restante. Mato Grosso do Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio
No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Sa- Grande do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias infe-
ber apresentou uma nova classificação, com maior rigor riores a 18º C, com amplitude térmica entre 9º C e 13º C. Nas
científico, que utilizava como critério para a definição das áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno frio, com
formas o tipo de alteração dominante na superfície, ou seja, nevascas ocasionais. Chove entre 1.500 mm e 2.000 mm.
o processo de erosão e sedimentação. Planalto correspon- A mais recente classificação do relevo brasileiro é a
deria a superfície aplainada, onde o processo erosivo esta- proposta pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995.
ria predominando sobre o sedimentar, enquanto a planície Fundamentando suas pesquisas nos dados obtidos a partir
(ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso, ou seja, o de um detalhado levantamento da superfície do território
processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo brasileiro, realizado através de sistema de radares do proje-
erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha to Radambrasil, do Ministério de Minas e Energia, o profes-
de 10 unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do sor Ross apresenta uma subdivisão do relevo brasileiro em
território, e três planícies, que ocupavam os 25 restantes. 28 unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6 planícies.

1
GEOGRAFIA DO BRASIL

Essa nova classificação utilizou como critério a associação Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - ocu-
de informações sobre o processo de erosão, sedimentação pam uma larga faixa de terras na porção oriental do país e,
dominante na atualidade, com a base geológica e estrutural em terrenos predominantemente cristalinos, onde observa-
do terreno e ainda com o nível altimétrico do lugar. Assim, de- mos a presença de superfícies bastante acidentadas, com
fine-se planalto como uma superfície irregular, com altitudes sucessivas escarpas de planalto; daí o fato de ser chamada a
superiores a 300 m, e que teve origem a partir da erosão sobre região de “domínio dos mares de morros”. Aí encontramos
rochas cristalinas ou sedimentares; depressão é uma superfí- também formações de elevadas altitudes, como as serras
cie mais plana, com altitudes entre 100 e 500 m, apresentando do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este planalto
inclinação suave, resultante de prolongado processo erosivo, como sendo a “região das terras altas”. Na porção mais inte-
também sobre rochas cristalinas ou sedimentares; e planície é rior dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma
uma superfície extremamente plana e formada pelo acúmulo importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na
recente de sedimentos fluviais, marinhos ou lacustres. região denominada Quadrilátero Ferrífero.
Vejamos uma síntese com as características mais impor-
tantes de cada uma das subunidades do relevo brasileiro: Planaltos Serras de Goiás-Minas - terrenos de for-
mação antiga, predominantemente cristalinos, que se es-
- Planaltos tendem do sul de Tocantins até Minas Gerais, caracterizan-
do-se por formas muito acidentadas que como a serra da
Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de terre- Canastra, onde estão as nascentes do rio São Francisco -
nos de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste entremeadas de formas tabulares, como as chapadas nas
da região, numa estreita faixa que acompanha o rio Amazo- proximidades do Distrito Federal.
nas, do curso médio até a foz. Suas altitudes atingem cerca
de 400 m na porção norte e 300 m na porção sul. Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma
área de rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas,
Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - cons- que se concentram ao norte e ao sul da grande planície do
tituem-se também de terrenos de uma bacia sedimentar, Pantanal, no oeste brasileiro. Aí, na porção meridional, des-
estendendo-se das áreas centrais do país (GO-TO), até as taca-se a serra da Bodoquena, onde as altitudes alcançam
proximidades do litoral, onde se alargam, na faixa entre Pará cerca de 800 m.
e Piauí, sendo cortados de norte a sul, pelas águas do rio
Parnaíba. Aí encontramos a predominância das formas ta- Planalto da Borborema - corresponde a uma área de
bulares, conhecidas como chapadas. terrenos formados de rochas pré cambrianos e sedimentares
antigas, aparecendo na porção oriental no nordeste brasileiro,
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - caracterizam- a leste do estado de Pernambuco, como um grande núcleo
se pela presença de terrenos sedimentares e pelos depósitos cristalino e isolado, atingindo altitudes em torno de 1.000 m.
de rocha de origem vulcânica, da era mesozoica. Localizam-se
na porção meridional do país, acompanhando os cursos dos Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracterizada
afluentes do rio Paraná, estendendo-se desde os estados de pela presença de rochas de diversas origens geológicas,
Mato Grosso e Goiás, até o Rio Grande do Sul, ocupando a faixa apresenta um certo predomínio de material pré cambriano.
ocidental dessa região, atingindo altitudes em torno de 1.000 m. Localiza-se na extremidade meridional do país, no sul do
Rio Grande do Sul, onde encontramos as famosas “coxilhas”,
Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por que são superfícies convexas, caracterizadas por colinas
uma larga faixa no sentido Leste-Oeste na porção centro-o- suavemente onduladas, com altitudes inferiores a 450 m.
 
cidental do país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Domi-
nados pela presença de terrenos sedimentares, suas altitu- - Depressões
des atingem cerca de 800 m, exercendo a função de divisor
de águas das bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guaporé. Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde a
uma enorme área de origem sedimentar no oeste da Ama-
Planaltos Residuais Norte-Amazônicos - ocupam zônia, com altitudes em torno de 200 m, apresentando uma
uma área onde se mesclam terrenos sedimentares e crista- superfície aplainada, atravessada ao centro pelas águas do
linos, na porção mais setentrional do país, do Amapá até o rio Amazonas.
Amazonas, caracterizando-se em alguns pontos pela defini-
ção das fronteiras brasileiras e em outros, pela presença das Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada na
maiores altitudes do Brasil, como o Pico da Neblina (3014 porção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia
m), na divisa do estado de Roraima com a Venezuela. oriental e os planaltos residuais norte amazônicos, com alti-
tudes que variam entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas
Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também ocu- e sedimentares antigas, e estende-se entre o litoral do Ama-
pam terrenos onde se mesclam o rochas sedimentares e pá e a fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia.
cristalinas, estendendo se por uma larga faixa de terras ao
sul do Rio Amazonas, desde a porção meridional do Pará até Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predo-
Rondônia. O destaque dessa subunidade é a presença de al- minantemente sedimentares e altitudes variando entre 100 e 400
gumas formações em que são encontradas jazidas minerais m, está localizado na porção meridional da Amazônia, intercalan-
de grande porte (é o caso da serra dos Carajás, no Pará). do-se com as terras dos planaltos residuais sul amazônicos.

2
GEOGRAFIA DO BRASIL

Depressão do Araguaia - acompanha quase todo o Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita que
vale do rio Araguaia e apresenta terrenos sedimentares, se estende no sentido norte-sul, margeando o trecho mé-
com uma topografia muito plana e altitudes entre 200 e 350 dio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e To-
m. Em seu interior encontramos a planície do rio Araguaia. cantins. Em seu interior, o maior destaque fica com a ilha do
Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a
Depressão Cuiabana - localizada no centro do país, en- maior ilha fluvial do planeta.
caixada entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e
do alto Paraguai, caracteriza-se pelo predomínio dos terrenos Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de uma faixa
sedimentares de baixa altitude, variando entre 150 e 400 m. bastante estreita de terras planas e muito baixas, que se alonga pe-
las fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no territó-
Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - superfície carac- rio boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.
terizada pelo predomínio das rochas sedimentares, localiza-se
entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato Grosso. Planície e Pantanal Mato-grossense - corresponde a
uma grande área que ocupa porção mais ocidental do Brasil
Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, Central. É de formação extremamente recente, datando do
localiza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em que período quaternário da era Cenozoica; por isso apresenta
predominam rochas cristalinas pré cambrianas, com altitu- altitudes muito modestas, em torno de 100 m acima do ní-
des extremamente baixas, entre 100 e 150 m. vel do mar. É considerada a mais típica planície brasileira,
pois está em constante processo de sedimentação. Todo
Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam uma ano, durante o verão, as chuvas aumentam o nível de águas
extensa faixa de terras que se alonga desde as proximidades dos rios, que transbordam. Como o declive do relevo é mí-
do litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o interior de nimo, o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal
Minas Gerais, acompanhando quase todo o curso do rio São supera a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo
Francisco. Apresentam variedade de formas e de estruturas fluvial que atravessa a planície de norte a sul, ocasionando,
geológicas, porém destaca-se a presença do relevo tabular, então, as grandes enchentes que transformam toda a planí-
cie numa enorme área alagada (vem daí o nome “pantanal”).
as chapadas, como as do Araripe (PE-CE) e do Apodi (RN).
Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna ao
seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa enorme
Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto
área plana, coberta de campos, como uma planície comum.
do Rio Tocantins, quase sempre em terrenos de formação
cristalinas pré cambriana. Suas altitudes declinam de norte
Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase a to-
para sul, variando entre 200 e 500 m. talidade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais meri-
dional até o território do Uruguai. A originalidade dessa planície
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do está em sua formação dominantemente marinha e lacustres,
Paraná - caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedi- com mínima participação da deposição de origem fluvial.
mentares das eras Paleozoica e Mesozoica, aparece como
uma larga faixa de terras, localizada entre as terras dos pla- Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem a inú-
naltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. meras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocupam
Suas altitudes oscilam entre 600 e 700 m. áreas muito pequenas. Geralmente localizam se na foz de rios
que deságuam no mar, especialmente daqueles de menor por-
Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam as te. Apresentam-se muito largas no litoral norte e quase desapa-
terras sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e do recem no litoral sudeste. E em trechos do litoral nordestino, es-
Rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas sas pequenas planícies apresentam-se intercaladas com áreas
altitudes, que variam em torno dos 200 m. de maior elevação as barreiras-, também de origem sedimentar.

- Planícies Planaltos: Os planaltos são terrenos relativamente pla-


nos e situados em áreas de altitude mais elevada. São limi-
Planície do Rio Amazonas - a região das terras baixas tados, pelo menos de um lado, por superfícies mais baixas.
amazônicas era considerada uma das maiores planícies do No Brasil, são exemplos o Planalto Central Brasileiro, o Pla-
mundo, mas atualmente todo esse espaço divide-se em vá- nalto Centro-Sul Mineiro, os planaltos da Região Amazônica
rias unidades, classificadas como planaltos, depressões e pla- e os planaltos da bacia sedimentar do Paraná.
nície. Se considerássemos apenas a origem, seus,1,6 milhões
de quilômetros quadrados formariam uma grande planície, Planícies: As planícies são áreas planas ou suavemente
pois a origem é sedimentar. Se considerássemos a altimetria, onduladas, formadas pela deposição de sedimentos trans-
também denominaríamos esta região de planície, pois não portados pela ação da água ou do vento, por exemplo. Em
ultrapassa 150 m de altitude. Considerando-se, no entanto, geral, encontram-se em regiões de baixa altitude. Por surgi-
o processo erosivo e deposicional, percebemos que mais de rem da deposição de sedimentos inconsolidados (partículas
95% dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou de- que não se assentaram) vindos de outros locais, são relevos
pressões de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobre- mais recentes que outros. Entre as planícies brasileiras, desta-
põe ao de sedimentação restando à planície verdadeira uma cam-se a do Pantanal mato-grossense, a do rio Amazonas e
estreita faixa de terras às margens dos grandes rios da região. seus principais afluentes e as encontradas no litoral do país.

3
GEOGRAFIA DO BRASIL

Depressões: As depressões são um conjunto de relevos choeirados e com muitos desníveis entre a nascente e a foz,
planos ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico os rios de planalto apresentam grandes quedas-d’água. As-
(de altitude) das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no sim, em decorrência de seu perfil não regularizado, ficam pre-
Brasil podem ser encontrados na Região Amazônica, como judicados no que diz respeito à navegabilidade. Os rios São
as depressões do Acre e do Amapá. Encontram-se ainda na Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.
Região Sudeste, onde sítios urbanos aproveitaram as carac- Em menor quantidade, temos no Brasil os rios que cor-
terísticas favoráveis do relevo para a construção de grandes rem nas planícies, sendo usados basicamente para a navega-
cidades, como São Paulo e Belo Horizonte. ção fluvial, por não apresentarem cachoeiras e saltos em seu
percurso. Como exemplo, podem ser citados alguns rios da
Serras: As serras constituem relevos acidentados, geral- bacia Amazônica (região Norte) e da bacia Paraguaia (região
mente em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliên- Centro-Oeste, ocupando áreas do Pantanal Mato-Grossense).
cias) e topos aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Entre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Para-
Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As guai são predominantemente de planície e largamente utili-
chapadas e os tabuleiros são relevos de topo plano formados zados para a navegação.
em rochas sedimentares, normalmente limitados por bordas Apesar da maioria dos rios brasileiros nunca secar, alguns
com inclinações variadas. apresentam características curiosas, como por exemplo, o
Jagauribe (Ceará), que desaparece nas secas, e o Paraguaçu
Chapadas: As chapadas estão situadas em altitudes me- (Bahia), que se torna subterrâneo e depois volta a ficar visível.
dianas a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diaman-
tina, as chapadas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros Características gerais
são encontrados em altitudes relativamente baixas, podendo • Ocorrência de grande parte dos rios do tipo caudalo-
ocorrer nas faixas costeiras e interiores. No litoral, predomi- sos, isso significa cursos com elevado volume de água e que
nam na Região Nordeste e, no interior, na Região Amazônica. não secam (perene), característica derivada do clima úmido.
Somente no sertão nordestino ocorre, em determinadas loca-
Patamares: Por fim, os patamares são formas planas lidades, rios temporários.
ou onduladas que constituem superfícies intermediárias ou • Domínio principal de foz do tipo estuário e alguns rios
degraus entre áreas de relevo mais elevado e áreas mais com foz do tipo delta.
baixas. São encontrados na Região Nordeste entre as de- • Os regimes dos rios brasileiros são de predominância
pressões sertanejas e a Serra da Borborema e na bacia sedi- do tipo pluvial, isso quer dizer que os períodos de cheias e
mentar do Paraná, formando degraus entre níveis diferen- vazantes são determinados pela ocorrência de chuvas e secas,
ciados de planaltos. influência direta do clima na hidrografia.
• Modesta quantidade de lagos.
Hidrografia Brasileira • Superioridade de rios que desaguam no mar, nascem no
interior do país e percorrem em direção ao oceano, chamado
Definição de drenagem do tipo exorreica.
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as • Grande parte dos rios corre sobre planaltos e depres-
águas do planeta, abrangendo, portanto rios, mares, oceanos, sões, esses são os tipos de relevo que mais se destacam no
lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande Brasil, favorecendo a instalação de usinas hidrelétricas.
parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra- • Grande parte dos rios brasileiros apresenta regime Tro-
se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 pical Austral, com cheias de verão e vazante no inverno.
km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2%
da água do planeta, ficando com um volume em torno de Deltas
38.000.000 km³. Os deltas correspondem à foz de um curso de água em
que os aluviões fluviais se acumulam em vez de serem redistri-
Hidrografia do Brasil buídos pelas vagas e correntes litorais. Deste modo, os deltas
O Brasil tem um dos maiores complexos hidrográficos do caracterizam-se por um avanço da terra em relação ao mar. É
mundo, apresentando rios com grandes extensões, larguras e justamente esse traço que identifica os deltas. Muitas vezes o
profundidades. A maioria dos rios brasileiros nasce em regiões rio divide-se em vários braços, mas essa não é uma condição
pouco elevadas, com exceção do rio Amazonas e de alguns absolutamente necessária. No fundo, um delta representa o
afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. O Brasil possui oposto de um estuário, porque no caso do delta as ações flu-
8% de toda a água doce que está na superfície da Terra. Além viais, de origem continental, dominam sobre as ações marinhas.
disso, a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também Os deltas atuais são holocénicos, mas sobrepõem-se
fica no Brasil. Somente o rio Amazonas deságua no mar um muitas vezes a deltas mais antigos em locais subsidentes.
quinto de toda a água doce que é despejada nos oceanos. Ao longo do litoral brasileiro existem áreas de progradação
quaternária, a maioria das quais vinculadas a importantes
Rios de planalto e de planície desembocaduras fluviais, enquanto que outras não apresen-
Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os tam qualquer ligação com desembocaduras fluviais, atuais
rios de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales ou pretéritas. Todos os casos até aqui estudados, podem ser
encaixados, entre outras características, que lhes conferem explicados pelo modelo de evolução paleogeografia conce-
um alto potencial para a geração de energia elétrica. Enca- bido pelos autores, válido para o trecho Macaé (RJ) a Maceió

4
GEOGRAFIA DO BRASIL

(AL). Dois ou mais dos estádios do modelo completo podem Bacia do Rio Paraná
ser omitidos na explicação da história evolutiva de algumas É a região mais industrializada e urbanizada do país. Na
dessas planícies. As planícies costeiras dos rios Doce (ES) e bacia do Paraná reside quase um terço da população brasi-
Paraíba do Sul (RJ) caracterizam-se pela presença de expres- leira, sendo os principais aglomerados urbanos as regiões
sivos deltas intralagunares, que foram construídos no interior metropolitanas de São Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio
de extensas paleolagunas. Paraná, com aproximadamente 4.100 km, tem suas nascentes
As planícies costeiras dos rios Jequitinhonha (BA) e São na região Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato
Francisco (SE/AL), ambas de menor expressão do que as an- Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o principal curso
teriores, não apresentam deltas intralagunares porque nunca d’água da bacia, mas também são muito importantes os seus
chegaram a desenvolver lagunas de maior porte durante a sua afluentes e formadores, como os rios Grande, Paranaíba, Tietê,
evolução geológica. Por outro lado, a foz do Rio Parnaíba (PI/ Paranapanema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográfica
MA) pode ser considerada como de domínio essencialmente é a que tem a maior produção hidrelétrica do país, abrigando
eólico e a planície de Caravelas (BA) não possui qualquer rela- a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu, no
ção com desembocadura fluvial. Nessas planícies, que foram Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
frequentemente descritas como essencialmente holocênicas,
foram também encontrados sedimentos pleistocênicos ao Bacia do São Francisco
lado dos holocênicos. Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, atravessan-
do os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O
As tradicionais bacias hidrográficas do Brasil Rio São Francisco é o principal curso d’água da bacia, com
Uma bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas cerca de 2.700 km de extensão e 168 afluentes. De grande
por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. O IBGE importância política, econômica e social, principalmente para
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica os rios a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km,
em nove bacias. São elas: desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo
Afonso. O principal aglomerado populacional da bacia do São
Bacia Amazônica Francisco corresponde à Região Metropolitana de Belo Hori-
zonte, na região do Alto São Francisco.
É a maior bacia hidrográfica do mundo, com 7.050.000
km², sendo mais da metade localizado em terras brasileiras.
Bacia do Sudeste-Sul
Abrange também terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezue-
É composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribei-
la, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Seu rio principal, o
ra do Iguape, entre outros. Os mesmos possuem importância
Amazonas, nasce no Peru com o nome de Vilcanota e recebe
regional, pela participação em atividades como transporte hi-
posteriormente os nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon. droviário, abastecimento d’água e geração de energia elétrica.
Quando entra no Brasil, passa a se chamar Solimões e, após o
encontro com o Rio Negro, perto de Manaus, recebe o nome Bacia do Uruguai
de Rio Amazonas. É formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desa-
guando no estuário do rio da Prata, já fora do território bra-
Bacia do Nordeste sileiro. O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas
Abrange diversos rios de grande porte e de significado e serve de divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio
regional, como: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capiba- Grande do Sul. Faz ainda a fronteira entre Brasil e Argentina
ribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e entre Argentina e Uruguai. Deságua no oceano após per-
e Parnaíba. O rio Parnaíba forma a fronteira dos estados do correr 1.400 km. A região hidrográfica do Uruguai apresenta
Piauí e Maranhão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga um grande potencial hidrelétrico, possuindo uma das maiores
até o oceano Atlântico, além de representar uma importante relações energia/km² do mundo.·.
hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.
Bacia do Leste*
Bacia do Tocantins-Araguaia Assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos
Com uma área superior a 800.000 km2, a bacia do rio rios de grande porte e importância regional. Entre eles, temos os
Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica inteiramente rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru,
situada em território brasileiro. O rio Tocantins nasce na con- das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por
fluência dos rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o Ara- exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro
guaia nasce no Mato Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina e Minas Gerais, apresentando ao longo do seu curso diversos
de Tucuruí (PA), que abastece projetos para a extração de ferro aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte e in-
e alumínio. dústrias importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.

Bacia do Paraguai Navegação fluvial


Destaca-se por sua navegabilidade, sendo bastante utili- Na Amazônia, os rios que são tradicionalmente utili-
zada para o transporte de carga. Assim, torna-se importante zados como hidrovias são: Amazonas, Madeira, Araguaia,
para a integração dos países do MERCOSUL. Suas águas ba- Guaporé e  Tocantins.  O Rio Araguaia apresenta cerca de
nham terras brasileiras, paraguaias e argentinas. 1.162 km navegáveis, entre São João do Araguaia e Bele-
za.  O Rio Tocantins apresenta aproximadamente 1.900 km
navegáveis, partindo de Belém (PA), até Peixe (GO). Porém,

5
GEOGRAFIA DO BRASIL

essa navegação só é considerada útil, em qualquer época Principais hidrelétricas


do ano, de Miracema do Norte (GO) para jusante. Para que A Rede Hidro meteorológica Nacional, conforme dados
o Rio São Francisco seja navegável durante todo o ano, é da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL é com-
necessário que a jusante da Pirapora (MG) regularize o seu posta hoje por 5.138 estações, das quais 2.234 pluviomé-
escoamento, construindo reservatórios. tricas, 1.874 fluviométricas e 1.030 de outros tipos, como
sedimentométricas, telemétricas, de qualidade das águas,
Recursos hídricos evaporimétricas e climatológicas.
O Brasil apresenta 12% dos recursos hídricos do plane- A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicí-
ta, é uma quantidade bem considerável, porém tais recursos lios no país. A produção de energia é realizada por usinas
não são aproveitados e distribuídos de maneira adequada.  hidrelétricas e termoelétricas, sendo que as usinas hidrelétri-
No início de 1997 a lei nº 9433 foi sancionada, e com isso cas respondem, por cerca de 97% da energia elétrica gerada.
foi estabelecida a Política Nacional de Recurso Hídrico e o
desenvolvimento do Sistema Nacional de Gerenciamento Principais hidrelétricas do Brasil:
de Recursos Hídricos. Consideravam a água como um bem
de domínio público, e em casos de falta a prioridade seria
para o consumo humano. 
Em meados do ano 2000 a lei nº 9984 foi promulgada,
desenvolvendo a ANA (Agência Nacional de Águas), que fi-
cou encarregada de outorgar e exercer fiscalização sobre o
direito de uso dos recursos hídricos, além de criar e desen-
volver movimentos com o intuito de impedir e controlar a
ação das secas e inundações.

Águas subterrâneas
Para facilitar o estudo das águas subterrâneas o Brasil
foi dividido em regiões homogêneas, formando 10 provín-
cias hidrogeologias. Os limites dessas províncias não coin-
cidem necessariamente com os das bacias hidrográficas,
estas províncias são regiões onde os sistemas aquíferos
apresentam condições semelhantes de armazenamento,
circulação e qualidade de água.

Energia hidrelétrica
A grande extensão territorial do Brasil com predomínio
de planaltos ondulados, o clima tropical dominante a sua
vasta hidrografia, com predomínio de regime tropical plu-
vial, muito favorecem a instalação de usinas geradoras de
hidroeletricidade, mediante o aproveitamento do elevado
potencial hidráulico existente.
O potencial hidráulico de um rio é determinado pela
função de duas variáveis:
- Volume de água.
- A altura de queda d’água ou ângulo de declividade
do leito do rio. !
O potencial hidrelétrico é resultado do aproveitamen-
to parcial do potencial hidráulico, pois depende da altura Potencial Hidrelétrico-Bacias Hidrográficas
da barragem e do volume médio de descarga nesse ponto O valor do potencial hidrelétrico brasileiro é composto
durante o ano. pela soma da parcela estimada (remanescente + individuali-
zada) com a inventariada.O potencial estimado é resultante
A ANEEL da somatória dos estudos:
A ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) foi cria- • De potencial remanescente - resultado de estimativa
da em 1996, e é o órgão responsável por regularizar e fis- realizada em escritório, a partir de dados existentes, sem
calizar os aspectos técnicos, econômicos e administrativos qualquer levantamento complementar, considerando-se um
das empresas do setor. Em 2001, houve crise de energética trecho do curso d’água, via de regra situado na cabeceira,
que gerou a necessidade de reduzir o consumo de energia sem determinar o local de implantação do aproveitamento; e,
elétrica por meio de racionamento de energético. • Individualizados - resultado de estimativa realizada
A crise ocorreu por uma soma de fatores: as poucas chu- em escritório para um determinado local, a partir de da-
vas, e a falta de planejamento e ausência de investimentos em dos existentes ou levantamentos expeditos, sem qualquer
geração e distribuição de energia. Com a escassez de chuva, levantamento detalhado.
o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e
os brasileiros foram obrigados a racionar energia.

6
GEOGRAFIA DO BRASIL

A parcela inventariada inclui usinas em diferentes níveis Outro fator climático são os fatores dinâmicos: as mas-
de estudos - inventário, viabilidade e projeto básico - além de sas de ar, cinco grandes massas de ar agem frequentemente
aproveitamentos em construção e operação (ELETROBRÁS, sobre o Brasil. Seu deslocamento ocorre devido ás diferenças
2004). O potencial inventariado é resultante da somatória dos de pressão atmosférica entre dois pontos. Dentre elas temos:
aproveitamentos: - Mec (massa equatorial continental, é uma massa quente
• Apenas em inventário - resultado de estudo da bacia e instável originada na Amazônia Ocidental, que atua sobre
hidrográfica, realizado para a determinação do seu poten- todas as regiões do país. Apesar de continental é uma massa
cial hidrelétrico, mediante a escolha da melhor alternativa de úmida, em razão da presença de rios caudalosos e da intensa
divisão de queda, caracterizada pelo conjunto de aproveita- transpiração da massa vegetal da Amazônia, região em que
mentos compatíveis entre si e com projetos desenvolvidos, provoca chuvas abundantes e quase diárias, principalmente
de forma a se obter uma avaliação da energia disponível, dos no verão e no outono. No verão, avança para o interior do país
impactos ambientais e dos custos de implantação dos em- provocando as “chuvas de verão”.
preendimentos; - Mea (massa equatorial atlântica) é quente, úmida e ori-
• Com estudo de viabilidade - resultado da concepção ginária do Atlântico Norte (próximo à Ilha de Açores). Atua
global do aproveitamento, considerando sua otimização téc- nas regiões litorâneas do Norte do Nordeste, principalmente
nico-econômica que permita a elaboração dos documentos no verão e na primavera, sendo também formadoras dos ven-
para licitação. Esse estudo compreende o dimensionamento tos alísios de nordeste.
das estruturas principais e das obras de infraestrutura local e a - Mta (massa tropical atlântica) origina-se no Oceano
definição da respectiva área de influência, do uso múltiplo da Atlântico e atua na faixa litorânea do Nordeste ao Sul do país.
água e dos efeitos sobre o meio ambiente; Quente e úmida provoca as chuvas frontais de inverno na re-
• Com projeto básico - aproveitamento detalhado e em gião Nordeste a partir do seu encontro com a Massa Polar
profundidade, com orçamento definido, que permita a elabo- Atlântica e as chuvas de relevo nos litorais sul e sudeste, a
ração dos documentos de licitação das obras civis e do forne- partir do choque com a Serra do Mar. Também é formadora
cimento dos equipamentos eletromecânicos; dos ventos alísios de sudeste.
• Em construção - aproveitamento que teve suas obras - Mpa (massa polar atlântica) forma-se no Oceano Atlân-
tico sul (próximo à Patagônia), sendo fria e úmida e atuan-
iniciadas, sem nenhuma unidade geradora em operação; e.
do, sobretudo no inverno no litoral nordestino (causa chuvas
• Em operação - os empreendimentos em operação
frontais), nos estados sulinos (causa queda de temperatura e
constituem a capacidade instalada.
geadas) e na Amazônia Ocidental (causa fenômeno da fria-
Os aproveitamentos somente são considerados para fins
gem, queda brusca na temperatura).
estatísticos nos estágios “inventário”, “viabilidade” ou “proje-
- Mct. (massa tropical continental), originada na Depres-
to básico”, se os respectivos estudos tiverem sido aprovados são do Caco, é quente e seca e atua basicamente em sua área
pelo poder concedente. de origem, causando longos períodos quentes e secos no sul
O potencial hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de da região Centro-oeste e no interior das regiões Sul e Sudeste.
260 GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi inventaria-
do. Entre as bacias com maior potencial destacam-se as do
Rio Amazonas e do Rio Paraná.

Clima Brasileiro

Para identificar os tipos climáticos predominantes no ter-


ritório brasileiro, é preciso analisar os fatores do clima, tanto
os dinâmicos como os estáticos. Os fatores estáticos vêm a
ser a latitude e altitude. A latitude é à distância em graus de
um ponto qualquer da superfície terrestre à linha do equador.
No Brasil, 93% do território localiza-se no interior da Zona
Tropical, o que determina o predomínio de climas quentes,
já os 7% restantes do território constituem uma exceção: são
áreas em que predominam climas amenos, por situarem em
latitudes mais distantes do equador. Considerando-se apenas
a latitude, o Brasil possuiria só dois tipos climáticos:
Tropical, com área de ocorrência restrita ao interior da
Zona tropical, ou seja, a área do país que se estende desde o
extremo norte até o trópico de Capricórnio;
Temperado, com área de ocorrência correspondente ás áreas
situadas ao sul do Trópico de capricórnio, de médias latitudes.
No caso da altitude, o território brasileiro possui uma al-
titude relativamente baixa, quando comparada com a de ou-
tros países. Assim apenas 7,3%de suas terras estão acima dos
800 metros. A influência da altitude é sentida particularmente
nas chamadas terras altas do sudeste.

7
GEOGRAFIA DO BRASIL

Clima tropical de Altitude


Apresenta médias de temperaturas mais baixas que o
clima tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é predo-
minante nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste,
estendendo-se pelo centro de São Paulo, centro-sul de Mi-
nas Gerais e pelas regiões serranas do Rio de Janeiro e Espí-
rito Santo. As chuvas se concentram no verão, sendo o índice
de pluviosidade influenciado pela proximidade do oceano.

Características climáticas de cada Região


Região Norte, a maior parte da região apresenta clima
equatorial. Caracteriza-se pelo clima quente, com tempera-
turas médias anuais variando entre 24º e 26 ºC. Na foz do rio
Amazonas, no litoral do Pará e no setor ocidental da região,
o total pluviométrico anual geralmente excede os 3.000
mm. De Roraima até o leste do Pará as chuvas ocorrem com
menor frequência, ficando em torno de 1.500 a 1.700 mm
anuais. O período chuvoso da região ocorre nos meses de
verão/outono, com exceção de Roraima e parte do Amazo-
nas, onde as chuvas ocorrem mais no inverno.
Região Nordeste, é uma região de caracterização climá-
tica complexa. O clima equatorial úmido está presente em
uma pequena parte do estado do Maranhão, na divisa com
Indicação das massas de ar pelo Brasil. o Pará; o clima litorâneo úmido ocorre no litoral da Bahia ao
do Rio Grande do Norte; o clima tropical está presente nos
Tipos Climáticos
estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí; e o clima tropi-
Considerando a influência exercida pelos fatores climáti-
cal semi-árido ocorre em todo o sertão nordestino. Quanto
cos sobre o território brasileiro, são identificados os grandes
ao regime térmico, na região nordeste as temperaturas são
tipos de clima:
elevadas, com médias anuais entre 20º e 28 ºC, sendo que
já foram registradas máximas em torno de 40 ºC no Piauí e
Clima subtropical
As regiões que possuem clima subtropical apresentam no sul do Maranhão. Os meses de inverno apresentam mí-
grande variação de temperatura entre verão e inverno, não nimas entre 12º e 16 ºC no litoral, e inferiores nos planaltos,
possuem uma estação seca e as chuvas são bem distribuídas sendo que já foi registrado 1 ºC na Chapada da Diamanti-
durante o ano. É um clima característico das áreas geográficas na. As chuvas são fonte de preocupação na região, varian-
a sul do Trópico de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, do de 2.000 mm até valores inferiores a 500 mm anuais. A
com temperaturas médias anuais nunca superiores a 20ºC. A precipitação média anual é inferior a 1.000 mm. Além disso,
temperatura mínima do mês mais frio nunca é menor que 0ºC. no sertão nordestino o período chuvoso normalmente dura
apenas dois meses no ano, podendo eventualmente até não
O clima semi-árido existir, causando as secas.
O clima semi-árido, presente nas regiões Nordeste e Su- Região Centro-oeste, o clima da região é tropical semiú-
deste, apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais mido, com chuvas de verão. Nos extremos norte e sul da re-
concentradas em poucos meses do ano. As temperaturas são gião, a temperatura média anual é de 22 ºC e nas chapadas
altas o ano todo, ficando em torno de 26 ºC. A vegetação varia de 20º a 22 ºC. Na primavera/verão, são comuns tem-
típica desse tipo de clima é a caatinga. peraturas elevadas, sendo que a média do mês mais quente
varia de 24º a 26 ºC. A média das máximas do mês mais
Clima equatorial úmido quente oscila entre 30º e 36 ºC. No inverno, em virtude da
Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano invasão polar, é comum a ocorrência de temperaturas mais
todo. As médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas baixas. No mês mais frio, a temperatura média oscila entre
bem distribuídas nos 12 meses, e a estação seca é curta. Alian- 15º e 24ºC, enquanto a média das mínimas fica entre 8º a
do esses fatores ao fenômeno da evapotranspiração, garante- 18ºC. A pluviosidade média é de 2.000 a 3.000 mm anuais
se a umidade constante na região. É o clima predominante no ao norte de Mato Grosso, enquanto no Pantanal mato-gros-
complexo regional Amazônico. sense é de 1.250 mm. Apesar disso, a região centro-oeste é
bem provida de chuvas, sendo que mais de 70% do total de
Clima Tropical chuvas ocorrem de novembro a março, o que torna o inver-
Presente na maior parte do território brasileiro, este tipo no bastante seco.
de clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As tempera- Região Sudeste, nesta região, as características climáti-
turas médias de 18 °C ou superiores são registradas em todos cas mais fortes são de clima tropical. No litoral, predomina o
os meses do ano. O clima tropical apresenta uma clara distin- clima tropical atlântico e, nos planaltos, o tropical de altitu-
ção entre a temporada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O de, com geadas ocasionais. Existe ainda uma grande diversi-
índice pluviométrico é mais elevado nas áreas litorâneas. ficação no que diz respeito à temperatura. No limite de São

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Paulo e Paraná, a temperatura média anual situa-se entre 20 A



 vegetação pode ser classificada em: mata de terra fir-
ºC, enquanto ao norte de Minas Gerais a média é 24 ºC, e me (sempre seca), mata de várzea (que se alaga na época
nas áreas mais elevadas das serras do Espinhaço, Mantiquei- das chuvas) e mata de igapó (perenemente alagada). Existem,
ra e do Mar, a média pode ser inferior a 18 ºC, devido ao também, em menor quantidade, áreas de cerrado, campos e
efeito conjugado da latitude com a freqüência das correntes vegetação litorânea. 

polares. No verão, são comuns médias das máximas de 30
a 32 ºC. No inverno, a média das temperaturas mínimas va- a) Mata de Igapó ou Caaigapó: Essa composição vege-
ria de 6º a 20 ºC, com mínimas absolutas de -4 a 8 ºC. Em tativa ocorre em áreas de baixo relevo próximas a rios e por
relação à pluviosidade, a altura anual da precipitação nessas causa disso permanecem alagadas, as plantas dessas áreas
áreas é superior a 1.500 mm, chegando a 2.340 mm no alto apresentam estatura máxima de 20 metros, além de cipós e
do Itatiaia e 3.600 mm na serra do Mar, em São Paulo. Os plantas aquáticas.
menores índices pluviométricos anuais são registrados nos
vales dos rios Jequitinhonha e Doce, em torno de 900 mm. b) Mata de Várzea: Vegetação que se estabelece em
Região Sul, com exceção do norte do Paraná, onde pre- áreas mais elevadas em relação às matas de igapó, mesmo as-
domina o clima tropical, nesta região o clima predominante sim sofre inundações, porém somente nos períodos de cheias.
é o subtropical, responsável pelas temperaturas mais baixas As árvores presentes possuem em média 20 metros de altura,
do Brasil. Na região central do Paraná e no planalto serrano sem contar com uma imensa quantidade de galhos repletos
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o inverno costuma de espinhos, essa parte da floresta é de difícil acesso por ser
registrar temperaturas abaixo de zero, com o surgimento de muito fechada.
geada e até de neve em alguns municípios. A temperatura mé-
dia anual situa-se entre 14 e 22ºC, sendo que nos locais com c) Mata de Terra Firme ou Mata Verdadeira (Caaetê):
altitudes acima de 1.100 m, cai para aproximadamente 10ºC.  Ocorre nas regiões que não sofrem com as ações das cheias,
nessa parte da floresta as árvores apresentam alturas que os-
Vegetação Brasileira cilam entre 30 e 60 metros e se desenvolvem com distâncias
restritas entre si, fato que dificulta a inserção de luz, uma vez
que as copas das mesmas ficam muito próximas, devido a isso
Há no mundo uma imensa variedade de vegetação, den-
quase não existem outras plantas menores, pois o interior des-
tre todos os países o Brasil possui um lugar de destaque em re-
sas matas é escuro, tornando-se impróprias para reprodução
lação à quantidade de tipos de vegetação e belezas naturais. O

de vegetais por não ocorrer o processo de fotossíntese.
Brasil possui um território continental, devido a isso apresen-
ta vários tipos de vegetação, clima, relevo, hidrografia, esses
Mata Atlântica
são aspectos físicos e/ou naturais. Cada região do país possui Considerada um dos biomas mais ameaçados do pla-
uma particularidade acerca de uma vegetação, a variação cor- neta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais devas-
responde à interrelação entre todos os elementos naturais. A tado do Brasil. Ela estende-se do Piauí ao Rio Grande do
vegetação é um dos aspectos naturais que mais se destaca na Sul, e correspondia a, aproximadamente, 15% do território
paisagem, apresenta características devido a sua formação a nacional, no entanto, a intensa devastação desse bioma para
partir de aspectos de solo, clima entre outros elementos. plantação de cana-de-açúcar, café, mineração e outras ativi-
dades econômicas, reduziram drasticamente essa cobertura
Floresta Amazônica vegetal, restando, atualmente, apenas 7% da mata original,
Corresponde à mata fechada com árvores de grande, mé- localizada principalmente na Serra do Mar.
dio e pequeno porte, a densidade dessa vegetação é prove- A Mata Atlântica é composta por um conjunto de fisio-
niente do clima quente e úmido que favorece o desenvolvi- nomias e formações florestais, com estruturas e interações
mento da biodiversidade. Na Floresta Amazônica prevalece o ecológicas distintas em cada região, ela está na faixa de tran-
relevo plano, clima com elevadas temperaturas com baixa am- sição com os mais importantes biomas do Brasil: caatinga,
plitude térmica e chuvas frequentes bem distribuídas durante cerrados, mangues, campestres e planaltos de araucárias.
todos os meses do ano. As temperaturas variam entre 25o a Seu clima predominante é o tropical úmido, no entanto, exis-
28o C e os índices pluviométricos são superiores a 2.000 mm. tem outros microclimas ao longo da mata. Apresenta tem-
Calcula-se que dentro da floresta amazônica convivem em peraturas médias elevadas durante o ano todo; a média de
harmonia mais de 20% de todas as espécies vivas do planeta, umidade relativa do ar também é elevada. As precipitações
sendo 20 mil de vegetais superiores, 1400 de peixes, 300 de pluviométricas são regulares e bem distribuídas nesse bio-
mamíferos e 1300 de pássaros, sem falar das dezenas de mi- ma. Quanto ao relevo, é caracterizado por planaltos e serras.
lhares de espécies de insetos, outros invertebrados e micro-or- A importância hidrográfica da Mata Atlântica é grande, pois
ganismos. Para se ter ideia do que isso significa, existem mais essa região abriga sete das nove maiores bacias hidrográfi-
espécies vegetais num hectare de floresta amazônica de que cas do país, entre elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul,
em todo o território europeu. A castanheira é o exemplo mais Doce, Jequitinhonha e São Francisco.
típico de árvore amazônica, sendo uma das mais imponentes Esse bioma é um dos mais ricos do mundo em espécies da
da mata. De toda essa variedade, metade permanece ainda flora e da fauna. Sua vegetação é bem diversificada e é represen-
desconhecida da ciência, havendo muitas espécies endêmicas, tada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jambo, jatobá, imbaú-
ou seja, que vivem apenas numa localidade restrita, não ocor- ba, jequitibá-rosa, jacarandá, pau-brasil, entre outras. Esses dois
rendo em outras regiões. últimos (jacarandá e pau-brasil) são o principal alvo da atividade
madeireira, fato que ocasionou sua redução e quase extinção.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

A fauna possui várias espécies distintas, sendo várias delas os estados do Maranhão, Piauí e norte do Tocantins. N 
 as áreas
endêmicas, ou seja, são encontradas apenas na Mata Atlântica. mais úmidas do meio-norte, que se encontram no Maranhão,
Entre os animais desse bioma estão: tamanduá, tatu-canastra, norte do Tocantins e oeste do Piauí, ocorre o desenvolvimento
onça-pintada, lontra, mico-leão, macaco muriqui, anta, veado, de uma espécie de coqueiro ou palmeira chamada de babaçu.
quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, monocarvoeiro, arapon- Essa planta possui uma altura que oscila entre 15 e 20 metros.
ga, jacutinga, jacu, macuco, entre tantos outros. O babaçu produz amêndoas que são retiradas de cachos de
Existe uma grande necessidade de políticas públicas para a coquilhos do qual é extraído um óleo com uso difundido na
preservação da Mata Atlântica, visto que da área original desse indústria de cosméticos e alimentos. N
 as regiões mais secas do
bioma (1,3 milhão de km2) só restam 52.000 Km2. Outro fator meio-norte, que se estabelecem no leste do Piauí, e nas áreas
é a quantidade de espécies ameaçadas de extinção: das 200 litorâneas do Ceará desenvolve outra característica vegetal, a
espécies vegetais brasileiras ameaçadas, 117 são desse bioma. carnaúba. Carnaúba é uma árvore endêmica que pode alcançar
Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e aproximadamente 20 metros de altura, das folhagens se extrai a
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Mata Atlântica cera e a partir dessa matéria-prima são fabricados lubrificantes,
abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil. a cera também é usada em perfumarias, na confecção de plás-
ticos e adesivos. A

 mata dos cocais encontra-se em grande risco
Mata dos Pinhais ou Floresta de Araucária de extinção, pois tais regiões estão dando lugar a pastagens e
As Matas de Araucárias são encontradas na Região Sul do lavouras, especialmente no Maranhão e boreal de Tocantins.
Brasil e nos pontos de relevo mais elevado da Região Sudeste.
Existem pelo menos dezenove espécies desse tipo de vegeta- Matas-Galerias ou Matas Ciliares
ção, das quais treze são endêmicas (existe em um lugar espe- Mata Ciliar e Mata de Galeria  são vegetações existentes
cífico). São encontradas na Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, em terrenos drenados ou mal drenados, estão associadas a
Nova Guiné, Argentina, Chile e Brasil. Essa cobertura vegetal cursos d´agua. No Cerrado, a mata ciliar segue os rios de mé-
se desenvolve em regiões nas quais predomina o clima sub- dio e grande porte, sendo uma mata estreita. Geralmente, a
tropical, que apresenta invernos rigorosos e verões quentes, mata ciliar incide em terrenos acidentados. Ocorrem diferentes
com índices pluviométricos relativamente elevados e bem dis- graus de queda das folhas na estação seca. Na mata de galeria
tribuídos durante o ano. A araucária é um vegetal da família há maior resistência das folhas nas estações secas. A mata de
das coníferas que pode ser cultivado com fins ornamentais, galeria possui dois subtipos, a não-inundável e a inundável.
em miniaturas. O Pinheiro-do-Paraná ou Araucária (Arauca- No Cerrado, por exemplo, ainda há a mata seca que apresenta
ria angustifolia) era encontrado com abundância no passado, três subtipos: Sempre-verde, Semidecídua e Decídua. Na ve-
atualmente no Brasil restaram restritas áreas preservadas. 
 getação de galeria é comum a existência de espécies epífitas,
As árvores que compõem essa particular cobertura vege- que são plantas que utilizam uma árvore como suporte ao seu
tal possuem altitudes que podem variar entre 25 e 50 metros e crescimento, não fazendo da mesma fonte de sua nutrição,
troncos com 2 metros de espessura. As sementes dessas árvo- pois não são parasitas, por exemplo, as orquídeas.
res, conhecidas como pinhão, podem ser ingeridas, os galhos É comum que a vegetação da mata de galeria não seja
envolvem todo o tronco central. Os fatores determinantes para padronizada, há casos de vegetação não-inundável em área
o desenvolvimento dessa planta é o clima e o relevo, uma vez inundada.
que ocorre principalmente em áreas de relevo mais elevado.
Outra particularidade das araucárias é a restrita ocorrência Caatinga – (mata branca)
de flores, provenientes das baixas temperaturas; além de não A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que signifi-
desenvolver outros tipos de plantas nas proximidades dos pi- ca “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente
nheiros. Diante disso, a composição paisagística dessa vegeta- brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 de quilôme-
ção fica caracterizada principalmente pelo espaçamento entre tros quadrados, correspondendo a cerca de 10% do território
as árvores, pois não existem vegetais de pequeno porte que nacional, está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do
poderiam fazer surgir uma vegetação densa; essas são com- Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e
postas por florestas ralas. 
 norte de Minas Gerais. As temperaturas médias anuais são
Infelizmente, no Brasil, a proliferação das Araucárias está elevadas, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o
bastante comprometida e corre sério risco de entrar em extin- solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferen-
ção, fato decorrente das atividades produtivas desenvolvidas há tes de rochas. A ação do homem já alterou 80% da cobertura
várias décadas na região, especialmente na extração de madei- original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua
ra e ocupação agropecuária, reduzindo a 3% a forma original. área protegida em 36 unidades de conservação, que não per-
mitem a exploração de recursos naturais. As secas são cíclicas
Mata dos Cocais e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma
Mata dos cocais é um tipo de vegetação brasileira que população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.
ocorre entre a região norte e nordeste do Brasil, região denomi- As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recupe-
nada de meio-norte. Corresponde a uma área de transição en- ração do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as
volvendo vários estados e vegetações distintas. Na região onde árvores ficam cobertas de folhas. 
se encontra o meio-norte é possível identificar climas totalmen- Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja,
te diferentes, como equatorial superúmido e semiárido. A mata adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algu-
dos cocais é composta por babaçu, carnaúba, oiticica e buriti; se mas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para
estabelece entre a Amazônia e a caatinga, essa região abrange captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com

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GEOGRAFIA DO BRASIL

recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e pou- Campos meridionais – Não há presença arbustiva, predomina
cas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, uma extensa área com gramíneas, propícia para o desenvol-
com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vege- vimento da atividade agropecuária. Destaca-se a Campanha
tação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre Gaúcha, no Rio Grande do Sul e os Campos de Vacaria, no
as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e Mato Grosso do Sul. Os campos ocupam áreas descontínuas
o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, do Brasil, na Região Norte esse bioma está presente sob a
fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. forma de savanas de gramíneas baixas, nas terras firmes do
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta Amazonas, de Roraima e do Pará. Na Região Sul, surge como
por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, inse- as pradarias mistas subtropicais.
tos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul, (ameaçada de Os campos do Sul são formados principalmente pelos
extinção), sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado pampas gaúchos, com clima subtropical, região plana de ve-
catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.  getação aberta e de pequeno porte que se estende do Rio
Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai. A vegetação campes-
Cerrado (ou Savana do Brasil) tre forma um tapete herbáceo com menos de 1 metro, com
O Cerrado é um tipo de vegetação que compõe a fito- pouca variedade de espécies. Sete tipos de cacto e de bromé-
geografia brasileira, já ocupou 25% do território brasileiro, fato lia são endêmicos da região, além de uma espécie de peixe
que lhe dá a condição de segunda maior cobertura vegetal do - o cará, ou seja, são espécies encontradas apenas nesse local.
país, superada somente pela floresta Amazônica. No entanto, A terra possui condições adequadas para o desenvolvimento
com o passar dos anos o Cerrado diminuiu significantemen- da agricultura, além de comportar água em abundância. Os
te. A vegetação do Cerrado se encontra em uma região onde principais produtos agrícolas cultivados nessa região são arroz,
o clima que predomina é o tropical, apresenta duas estações milho, trigo e soja. No entanto, muitas áreas desse bioma já
bem definidas: uma chuvosa, entre outubro e abril; e outra foram degradadas em razão da atividade econômica desen-
seca, entre maio e setembro. O 
 Cerrado abrange os Estados da volvida com a utilização de máquinas, e a intensa ocupação
região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul de rebanhos bovinos e plantações de trigo e, principalmente,
e Distrito Federal), além do sul do Pará e Maranhão, interior do de soja. A pecuária extensiva desgasta o solo, o plantio de soja
Tocantins, oeste da Bahia e Minas Gerais e norte de São Paulo.

 e trigo diminuem a fertilidade do mesmo, além dos desmata-
A vegetação predominante é constituída por espécies mentos que causam erosão e desertificação.
do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas estações
distintas, como ocorre no Centro-Oeste), além disso, são ca- Pantanal
ducifólias (que caem as folhas no período de estiagem) com O Brasil apresenta ao longo de seu território diversas
raízes profundas. A vegetação é, em geral, de pequeno porte composições vegetais, dentre elas o Pantanal, que  é co-
com galhos retorcidos e folhas grossas. Apesar dessa definição nhecido também por Complexo do Pantanal; sua forma-
generalizada, o cerrado é constituído por várias características ção vegetal recebe influência da floresta Amazônica, Mata
de vegetação, é classificado em subsistemas: de campo, de Atlântica, Chaco e do Cerrado. Ocupando uma área de 210
cerrado, de cerradão, de matas, de matas ciliares e de veredas mil km2, o Pantanal é considerado a maior planície alagá-
e ambientes alagadiços. O Cerrado já ocupou uma área de 2 vel do mundo, está situado sobre uma enorme depressão
milhões de km2, entretanto, hoje são aproximadamente 800 cuja altitude não ultrapassa os 100 metros em relação ao
mil km2. Essa expressiva diminuição se deve à intervenção hu- nível do mar. Esse domínio encontra-se ao sul do Estado de
mana no ecossistema. 
 Mato Grosso e noroeste do Mato Grosso do Sul, esse possui
Em geral, os solos são pobres e muito ácidos. Até a 1970 o um percentual maior de Pantanal, cerca de 65%, enquanto
cerrado era descartado quanto ao seu uso para a agricultura, que aquele detém 35%. O alagamento do Pantanal aconte-
mas com a modernização do campo surgiram novas técnicas ce no período chuvoso, nas épocas de estiagem formam-se
que viabilizaram a sua ocupação para essa finalidade. E
 ntão pastagens naturais, situação que favorece a ocupação para
foi realizada a correção do solo e os problemas de nutriente criação de gado. A inundação do Pantanal acontece por
foram solucionados, atualmente essa região se destaca como causa das cheias do rio Paraguai e afluentes.
grande produtor de grãos, carne e leite. Embora esses sejam As superfícies pantaneiras mais elevadas abrangem a
os grandes “vilões” da devastação do Cerrado. vegetação do Cerrado e, em áreas mais úmidas, apresen-
tam florestas tropicais do tipo arbóreas. Essa parte da fi-
Campos (ou Estepes Brasileiros) togeografia brasileira foi reconhecida pela UNESCO como
Os campos são formados por herbáceas, gramíneas e pe- um Patrimônio Natural da Humanidade, isso pelo fato de
quenos arbustos esparsos com características diversas, confor- ser um dos ecossistemas mais bem preservados do mundo.
me a região. Esse bioma pode ser classificado da seguinte forma: Além disso, abriga uma imensa biodiversidade, são cerca de
- Campos limpos – Predomínio das gramíneas. - Campos sujos 670 espécies de aves, 242 de peixes, 110 de mamíferos, 50
– Há a presença de arbustos, além das gramíneas. Campos de de répteis. Incluindo ainda aproximadamente 1500 varieda-
altitude – Áreas com altitudes superiores a 1,4 mil metros, en- des de plantas. As atividades econômicas desenvolvidas no
contrados na serra da Mantiqueira e no Planalto das Guianas. Pantanal que mais se destacam são a pecuária e a pesca.
- Campos da hileia – É um tipo de formação rasteira encon-
trado na Amazônia, é caracterizado pelas áreas inundáveis
da Amazônia oriental, como a ilha de Marajó, por exemplo.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

A criação de gado é uma atividade que consegue aliar voada, com baixo índice de densidade demográfica. A densida-
preservação e renda. Porém, nas últimas décadas, gradati- de demográfica é o resultado da divisão da população de um
vamente tem sido inserido na região pantaneira o cultivo de determinado lugar por sua extensão territorial. São 194.227.984
culturas monocultoras comerciais (ex. soja), provocando im- pessoas em uma extensão territorial de 8.547.403,5 km², apre-
pactos negativos no ambiente pela aplicação de agrotóxicos, sentando aproximadamente 22,72 habitantes por Km2, bem
além da retirada da cobertura vegetal original que pode com- distante dos 881,3 habitantes por Km2 de Bangladesh.
prometer todo o ecossistema. Outro problema enfrentado No Brasil, o instrumento de coleta de dados demográficos é
está ligado à fauna, tendo em vista que ocorre uma intensa o recenseamento ou censo. O órgão responsável pela contagem
caça de jacarés e pesca indiscriminada. da população é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica), que realiza a pesquisa por meio de entrevistas domiciliares.
Mangue O conhecimento quantitativo da população é de fundamental
importância, pois esses dados possibilitarão a realização de es-
Os mangues correspondem a uma característica vegeta- timativas sobre mercado de consumo, disponibilidade de mão
tiva que se apresenta em áreas costeiras, compreende uma de obra, além de planejamentos para a elaboração de políticas
faixa de transição entre aspectos terrestres e marinhos, esse públicas destinadas à saúde, educação, infraestrutura, etc. O pri-
tipo de cobertura vegetal se estabelece em lugares no qual meiro censo demográfico realizado no Brasil foi em 1872, nessa
predominam o clima tropical e subtropical. Os mangues se ocasião a população totalizava 9.930,478 habitantes, em 1900
encontram em ambientes alagados com águas salobras, os era de 17.438.434, já em 1950 a população era de 51.944.397, no
vegetais do mangue são constituídos por raízes expostas fa- ano 2000 a quantidade de habitantes do Brasil registrada foi de
vorecendo uma maior retirada de oxigênio e também propor- 169.590.693. Conforme estimativas do IBGE, a população brasi-
cionando maior fixação. leira em 2050 será de aproximadamente 260 milhões de pessoas,
Essa composição vegetal é fundamental na produção de apresentando um aumento populacional de quase 67 milhões
alimentos para suprir as necessidades de diversos animais de habitantes em relação à população atual.
marinhos. O mangue é formado por plantas com aspecto ar- Em razão do constante aumento populacional ocorrido
bustivo e também arbóreo, no entanto, os manguezais não no Brasil, principalmente a partir da década de 1960, inten-
sificando-se nas últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta
são homogêneos, uma vez que há diferenças entre eles, desse
posição dos países mais populosos do planeta, ficando atrás
modo são classificados ou divididos em: mangue vermelho,
apenas da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. De acor-
mangue branco e mangue-siriuba.
do com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo
Apesar da importância dos manguezais na manutenção
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a popula-
da vida marinha, esse ambiente tem sofrido profundas alte-
ção brasileira atingiu a marca de 190.755.799 habitantes.
rações promovidas principalmente pela ocupação urbana e
No Brasil, o crescimento vegetativo é o principal respon-
especialmente para atender a especulação imobiliária. Dos sável pelo aumento populacional, já que os fluxos migratórios
172.000 quilômetros quadrados de manguezais existentes no ocorreram de forma mais intensa entre 1800 e 1950. Nesse
mundo, o Brasil responde por 15% do total, ou seja, 26.000 período, a população brasileira totalizava 51.944,397 habitan-
quilômetros quadrados distribuídos em todo litoral brasileiro, tes, bem longe dos atuais 190.755.799.
partindo do Amapá até Santa Catarina. A população relativa, ou densidade demográfica, corres-
ponde à relação entre o número de habitantes de uma determi-
nada área e sua extensão territorial. É obtida através da divisão
2 – A POPULAÇÃO: CRESCIMENTO, da população absoluta pela área territorial. Diz-se que uma área
DISTRIBUIÇÃO, ESTRUTURA E MOVIMENTOS. é povoada quando apresenta uma elevada densidade demo-
gráfica; quando sua densidade é muito baixa, diz-se que é um
vazio demográfico. A taxa de população relativa do Brasil colo-
ca-o entre os países menos povoados do planeta. É importante
População Brasileira ressaltar que a densidade demográfica é um dado que nos for-
O estudo da população de uma área qualquer deve se nece a distribuição teórica, e não real, da população pelo país.
iniciar pelas informações quantitativas básicas, ou seja, os va- Entretanto, quando a densidade demográfica é alta, como a de
lores de sua população relativa, esta também denominada de alguns países europeus ou de leste-sudeste asiático, pode-se
densidade demográfica. A população absoluta corresponde ao supor que ela se aproxime bastante da realidade. Isso porque
número total de habitantes de uma determinada área. Trata-se alguns desses países têm pequena extensão territorial e, con-
de uma informação importante, uma vez que através dela po- sequentemente, disponibilidade mínima de espaço, ocorrendo,
de-se ter uma ideia de um eventual mercado de consumo, ou assim, uma ocupação mais homogênea de todo o território.
da disponibilidade de mão-de-obra na região, ou ainda da ne- Se a densidade demográfica é baixa, como no caso do
cessidade e do porte dos investimentos governamentais para Brasil, Canadá e outros países, a situação efetiva da distribui-
o conjunto da população. Quando uma certa porção do espa- ção da população pode ou não coincidir com o índice de po-
ço apresenta uma elevada população absoluta, é considerada pulação relativa. A população relativa do Brasil é reflexo de
uma área populosa, o Brasil apresenta atualmente (2011) uma sua grande extensão territorial, e a baixa densidade demográ-
população de 194.227.984 habitantes. Essa quantia faz do país fica não retrata a realidade nacional. Isso porque a população
a quinta nação mais populosa do planeta, ficando atrás apenas está muito mal distribuída: cerca de 90% dela se concentram
da China e Índia, Estados Unidos e Indonésia, respectivamente. próximo ao Oceano Atlântico, numa faixa que raramente ul-
O Brasil é um país populoso, porém, é uma nação pouco po- trapassa 600km de largura.

12
GEOGRAFIA DO BRASIL

A Distribuição da População Brasileira


O início e a evolução do povoamento do território bra-
sileiro pelos portugueses teve um caráter marcadamente
periférico. Um dos fatores responsáveis por isso foi o inte-
resse mercantilista da época; visava-se apenas à explora-
ção imediata das riquezas coloniais, sem preocupação com
a colonização definitiva. As poucas cidades e vilas, assim
como todas as áreas agrícolas, concentravam-se na cos-
ta atlântica, elo de união com a Metrópole. O Tratado de
Tordesilhas, que estabelecia os limites dos territórios na
América entre Portugal e Espanha, foi sendo gradativamen-
te desrespeitado. Durante os séculos XVII e XVIII, com as
bandeiras, a mineração, a penetração pelo vale do rio Ama-
zonas e a expansão da pecuária no vale do São Francisco
e o sertão do Nordeste, ocorreu o maior povoamento do
interior. Formaram-se, na verdade, “ilhas” de povoamento,
pois a maior parte da população ainda continuou próxima
ao litoral.
No final do século XIX e início do século XX, tivemos a
fase de exploração da borracha na Amazônia, que, embora
tenha durado pouco tempo, no Sudeste, ocorria a “marcha
do café”, propiciando o avanço da povoação para o interior
do estado de São Paulo e norte do Paraná. Após a segun-
da Guerra Mundial, e principalmente durante o governo de
Juscelino Kubtschek (1956-1960), ocorreu um grande de-
Malha municipal - Área dos municípios
senvolvimento industrial no Sudeste. Essa industrialização,
Causa e consequência desses contrastes de povoamento,
que se estende até hoje, tem atraído contingentes popula-
as diferenças entre os municípios são enormes, se os meno-
cionais de todas as outras regiões.
res são semelhantes aos seus equivalentes europeus, outros
são do tamanho de países do velho continente. Entre o menor,
População por município em 2010
Santa Cruz de Minas (Minas Gerais, 3,6 km2) e o maior, Altami-
A população brasileira é muito desigualmente distri- ra (Pará, 159.533km2), a proporção é demais de 1para 44.000.
buída no território, com um forte contraste entre litoral e Quatro municípios, todos localizados na Amazônia ul-
interior, o primeiro é densamente povoado, enquanto o trapassam os 100000 km2(a área sua combinada é quase do
último é muito menos ocupado. Esse contraste reflete os tamanho da França). Ao somaras áreas dos dez primeiros (de
efeitos do processo de processo de colonização e assenta- mais de 5.000 no total), chegamos a 11%do país, juntos eles
mento do território que foi feito, basicamente, a partir do representam a mesma área que os 3.450 menores juntos.
litoral para o interior, de leste a oeste e, secundariamente,
de sul para norte.
Até as áreas de concentração têm ocupação desigual:
mesmo em estados com grandes contingentes popula-
cionais grandes lacunas aparecem, e apenas São Paulo, o
Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Alagoas estão com seu
território ocupado de maneira quase contínua.
No resto do país, a distribuição da população está re-
lacionada com redes de transportes, vias navegáveis (na
Amazônia) e rodovias: pode-se seguir no mapa, marcado
pelas sedes dos municípios, as principais rodovias amazô-
nicas (BR364 Cuiabá-Porto Velho, BR163 Cuiabá-Santarém,
BR010 Brasília-Belém, BR230 Transamazônica).

13
GEOGRAFIA DO BRASIL

Os casos extremos de natalidade, que supera a taxa de mortalidade e a grande


emigração. O forte povoamento regional deve-se também
Densidades a fatores históricos, uma vez que foi em sua faixa litorânea
que tiveram início o povoamento do Brasil e seu aprovei-
Densidade populacional por município em 2010 tamento econômico. O Sul é a terceira região brasileira em
A distribuição de densidades obedece a uma lógica cla- população absoluta. Seu povoamento deveu-se, sobretudo
ramente Leste-Oeste, o resultado do processo de ocupação a maciça entrada de imigrantes europeus, no final do século
e colonização a partir da costa. Assim, as maiores densida- passado, que para ali foram atendendo à política imigrató-
des estão na parte mais próxima do litoral no Nordeste, no ria do governo, que desejava povoar a região. Hoje também
Sudeste e no Sul, elas podem ultrapassar a marca das 10 o fato de ser a segunda região brasileira em produção eco-
000pessoas por quilômetro quadrado nas capitais. nômica, atraindo grande número de migrantes internos.
Dividindo os 5.565 municípios em três grupos iguais, A Região Norte é pouco populosa em função de dois
constrói-se um mapa de densidades contrastantes: a maior aspectos muito marcantes: sua paisagem natural – onde
parte da Amazônia e do Centro-Oeste tem densidades mui- se destacam uma floresta muito fechada e um clima super
to baixa, entre 0,13e 16habitantes por quilômetro quadrado, úmido – e sua economia, que sempre esteve ligada ao ex-
onde se destacam apenas as capitais e alguns municípios trativismo. Mais recentemente, com a implantação de pro-
que têm entre 16e 38habitantes por quilômetro quadrado. jetos hidrelétricos, minerais e industriais, sua população
A zona litorânea tampouco é homogênea: quase deser- cresceu rapidamente, passando do quinto para o quarto
ta ao norte do Rio Amazonas, ela é dividida em duas partes, lugar. O Centro-Oeste é a região menos populosa do país,
de ambos os lados de um centro pouco ocupado (sul da tendo em vista sua atividade básica – a pecuária extensiva
Bahia e Espírito Santo). – não exigir muita mão-de-obra. Além disso, houve a intro-
No Nordeste, o contraste nacional, entre o litoral e in- dução da lavoura comercial intensamente mecanizada, que
terior, é reiterado. No Sudeste e no Sul, no entanto, a den- também não gera muito emprego, não atraindo migrantes
sidade continua a ser elevada em muitas áreas próximas da para a região e não oferecendo grandes perspectiva para
fronteira ocidental do país, é o único lugar onde o Brasil quem nasce lá, que, por isso, acaba emigrando.
mais povoado tem certa “profundidade”, mas a densidade
cai drasticamente na fronteira entre os estados de São Paulo A População Relativa por Regiões
e do Paraná, no leste, e do Mato Grosso do Sul, no oeste. A população relativa brasileira, em função da grande
extensão territorial, é relativamente baixa. Além de ter uma
baixa densidade demográfica, o Brasil apresenta uma dis-
tribuição irregular dos habitantes pelo território. A região
Sudeste é a de maior densidade demográfica, devido, como
já vimos, ao seu maior desenvolvimento econômico. A in-
dustrialização atraiu para a região grande número de imi-
grantes, vindos de todas as partes do país, tornando-a a
mais populosa e mais povoada região brasileira. A região
sul é a segunda em densidade demográfica, em função de
dois fatores: é como o Sudeste, uma região bastante rica
(o que concentra população), e é formada apenas por três
estados, fato que por si só já contribui para elevar a densi-
dade regional. O Nordeste, muito populoso, é a segunda
região em população absoluta. Entretanto, sua densidade
demográfica é bem menor que a do Sudeste e do Sul, de-
vido à sua grande área e ao fato de ser área de saída de
população, tendo em vista seus graves problemas sociais e
econômicos.
O Centro-Oeste é a quarta região brasileira em den-
sidade demográfica, em função de sua extensa área e de
sua economia baseada na agropecuária desenvolvida com
pouca mão-de-obra. A região mais vazia do país é o Norte.
Sua baixa densidade demográfica retrata a pequena par-
ticipação da região na economia brasileira e sua grande
área territorial (45,25% do território nacional). As áreas de
densidade demográfica mais elevada – o Sudeste, o Sul e
A população Absoluta por Regiões a porção oriental do Nordeste – historicamente foram as
O Sudeste é a região mais populosa do país, em função primeiras a serem povoadas e são as que concentram a pro-
de seu alto grau de desenvolvimento econômico-industrial, dução econômica do país.
que desde a década de 1930 transformou-a num grande
polo de atração populacional. Segunda região em popula-
ção absoluta, o Nordeste se caracteriza por uma alta taxa

14
GEOGRAFIA DO BRASIL

As Formas de Crescimento Populacional Taxa de mortalidade infantil: De 2000 para 2010, a taxa
Existem duas maneiras de a população de um país crescer de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que re-
numericamente: o movimento vertical e o movimento horizon- presentou decréscimo de 47,6% na última década. Com queda
tal. O movimento vertical é fundamentado na diferença entre a de 58,6%, o Nordeste liderou o declínio das taxas de morta-
quantidade de crianças que nascem anualmente e a quantidade lidade infantil no país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de
de pessoas que morrem, nesse mesmo ano, indicada através de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas, apesar de
valores porcentuais (%), ou em milhagem (‰). A diferença entre ainda ser a região com o maior indicador. O Sul manteve os
as duas taxas será, então, a taxa de crescimento da população. menores indicadores em 2000 (18,9‰) e 2010 (12,6‰).
A esse resultado denominamos crescimento natural ou cresci- Na última década, a diminuição das desigualdades sociais
mento vegetativo. Já o movimento horizontal corresponde às e regionais contribuiu para a formação do quadro atual de
migrações (deslocamento das pessoas de uma área para outra, baixa na mortalidade infantil e de maior convergência entre
onde fixam residência). Esse processo afeta diretamente o nú- as regiões. Todavia, ainda há um longo caminho a percorrer
mero de habitantes das duas áreas, a de origem e a de destino. para que o Brasil se aproxime dos níveis das regiões mais de-
senvolvidas do mundo, em torno de cinco óbitos de crianças
Taxa de fecundidade: O número médio de filhos tidos menores de um ano para cada mil nascidas vidas.
nascidos vivos por mulher ao final de seu período fértil, no
Brasil, foi de 1,86 filho em 2010, bem inferior ao do Censo Crescimento vegetativo: a população de uma localidade
2000, 2,38 filhos. Essa diminuição dos níveis de fecundidade qualquer aumenta em função das migrações e do crescimen-
ocorreu em todas as grandes regiões brasileiras. Os maiores to vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das
declínios foram observados nas regiões Nordeste e Norte, que migrações para o aumento populacional. Assim, como esse au-
possuíam os mais altos níveis de fecundidade em 2000. Entre mento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento
as unidades da federação, a mais baixa taxa de fecundidade vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo
pertence ao Rio de Janeiro (1,62 filho por mulher), seguido por infantil. A estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa
São Paulo (1,63) e Distrito Federal (1,69). A mais alta foi a do bruta de natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para
cada grupo de mil pessoas ao ano, e uma taxa bruta de mortali-
Acre (2,77 filhos por mulher).
dade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano.
Esses revelam um crescimento vegetativo anual de 12,68.

Expectativa de vida: no Brasil, a expectativa de vida está


em torno de 76 anos para os homens e 78 para as mulheres.
Dessa forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em
que essa expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné,
Níger e outras), mas ainda não alcança o patamar das nações
desenvolvidas, onde a expectativa de vida ultrapassa os 75 anos
(Noruega, Suécia e outras). A expectativa de vida varia na razão
inversa da taxa de mortalidade, ou seja, são índices inversamen-
te proporcionais. Assim no Brasil, paralelamente ao decréscimo
! da mortalidade, ocorre uma elevação da expectativa de vida.
O padrão de fecundidade das mulheres brasileiras tam- Taxa de natalidade: As taxas de natalidade do Brasil, en-
bém sofreu alterações entre 2000 e 2010. A tendência obser- quadradas entre as mais elevadas do mundo, vêm decrescendo
vada até então era de rejuvenescimento, isto é, uma maior nitidamente nos últimos anos. A análise desse declínio nas ta-
concentração dos níveis de fecundidade nas idades mais jo- xas de natalidade do país deve ser paralela à análise do proces-
vens. Em 2010, ocorre uma mudança, e os grupos de 15 a 19 so de urbanização da população brasileira, particularmente a
anos e de 20 a 24 anos de idade, que concentravam 18,8% e partir de 1940. Direta ou indiretamente, as variações no número
29,3% da fecundidade total em 2000, respectivamente, passa- de nascimentos estão relacionadas às implicações socioeconô-
ram a concentrar 17,7% e 27,0% em 2010. Para os grupos de micas decorrentes do processo de urbanização do país. Entre
idade acima de 30 anos, observa-se um aumento de participa- inúmeros outros, costumam-se destacar como fatores inibido-
ção, de 27,6% em 2000 para 31,3% em 2010. res da natalidade, principalmente após 1970, os seguintes:
- no meio urbano, a idade média para o casamento é maior
Taxa de mortalidade: o Brasil apresenta uma elevada taxa que no meio rural, diminuindo, assim, o período social de ferti-
de mortalidade, também comum em países subdesenvolvidos, lidade e, consequentemente, a média de filhos por família;
enquadrando-se entre as nações mais vitimadas por moléstias - nas áreas urbanas, o custo da criação dos filhos é muito
infecciosas e parasitárias, praticamente inexistentes no mun- elevado, pois as exigências são maiores (educação, vestuário,
do desenvolvido. Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira transporte, etc.);
também vem caindo, como reflexo de uma progressiva popula- - a integração da mulher no campo de trabalho promoveu
rização de medidas de higiene, principalmente após a Segunda uma queda na natalidade, devido às restrições à gravidez no traba-
Guerra Mundial; da ampliação das condições de atendimento lho e à falta de creches. Essa é também uma das razões que expli-
médico e abertura de postos de saúde em áreas mais distantes; cam o elevado número de abortos realizados anualmente no país;
das campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo da - como consequência da urbanização, houve maior acesso
assistência médica e do atendimento hospitalar. a métodos anticoncepcionais, especialmente na última década.

15
GEOGRAFIA DO BRASIL

Estrutura Etária da População Brasileira

Em função das transformações ocorridas nos últimos


anos, especialmente no que se refere à natalidade (o número
de crianças na faixa de 1 a 4 anos alcançou um total inferior
ao das crianças de 5 a 9), a pirâmide etária do Brasil começou
a assumir uma nova forma. A ainda significativa juventude da
população brasileira, quase metade do total da população, se
por um lado poderia ser considerada uma vantagem para o
país, do ponto de vista da potencialidade da força de trabalho,
por outro gera uma série de problemas sociais e econômicos,
como:
- necessidade de grandes investimentos em setores como
educação e saúde, e na ampliação do mercado de trabalho;
- excessiva oferta de mão-de-obra, uma vez que as vagas
no mercado de trabalho não acompanham o seu crescimento,
o que determina a proliferação dos baixos salários, do subem-
prego e do desemprego;
- alto percentual de inativos ou dependentes, uma vez que !
aproximadamente 1/3 da população brasileira tem menos de
14 anos de idade.
O modelo de desenvolvimento da sociedade brasileira
não optou pelo preparo educacional ou profissional dessa ju-
ventude, nem pela valorização de seus recursos, e o que se vis-
lumbra para o país, num futuro próximo, é o agravamento dos
problemas sociais já considerados insuportáveis hoje. Os da-
dos do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), indicam que, no máximo 40 anos, a
pirâmide etária brasileira será semelhante à da França atual. O
país terá taxa de natalidade mais baixa e, com isso, média de
idade maior. Há 50 anos, o país tinha o mesmo perfil etário do
continente africano hoje: muitos jovens e crianças. Desde en-
tão, a população do país cresce em ritmo cada vez mais lento.
!
De acordo com o IBGE, a expansão demográfica média
anual foi de apenas 1,17% nos últimos dez anos, ante 1,64%
na década anterior. Nos anos 60, era de 2,89%. A população
do país deve continuar a crescer por mais duas gerações até
os anos 2030. Depois, deve estacionar ou até diminuir. O país
deve começar a se preparar para as transformações que já
acontecem em países como a França. Temos a oportunidade
de antecipar discussões como a da reforma da Previdência.
Com um número de pessoas em idade ativa menor do que
o de idosos, a solvência do sistema ficará ameaçada. Porém,
até atingir esse estágio, o país será beneficiado pelo chamado
“bônus demográfico”, caracterizado pela maior presença de
adultos na sociedade. O predomínio da população produtiva
vai dar condições de minimizar o impacto do envelhecimento
nas contas públicas. A redução do número de crianças deve
permitir ao país melhorar acesso e qualidade da educação sem
aumentar muito os investimentos. Haverá também transfor-
mações no mercado de produtos e serviços. Com mais adultos
e idosos, são esperadas mudanças nos serviços de saúde, na
construção civil e até em lazer. O país vai ter cada vez mais
idosos levando vida ativa. A economia vai ter que se adaptar às
novas necessidades de consumo dessa população.

16
GEOGRAFIA DO BRASIL

!
Estrutura por Atividade

O estudo da distribuição da população por atividades econômicas e profissionais se realiza a partir da análise da chama-
da População Economicamente Ativa (PEA) e da População Não-Economicamente Ativa (PNEA), também conhecida como
População Economicamente Inativa (PEI). De forma geral, considera-se como População Economicamente Ativa, ou PEA, a
parcela da população absoluta que, tendo mais de 10 anos (no caso do Brasil, mais de 16 anos), está voltada pra o mercado
de trabalho, tanto a que está efetivamente empregada, quanto a que está procurando emprego. A População Economica-
mente Inativa, ou PEI, é portanto, a parcela da população que não está envolvida com o mercado de trabalho, ou seja, é a
que não está trabalhando, nem está à procura de emprego. Nesse caso, incluem-se as crianças com menos de 10 anos de
idade (menos de 16 no Brasil), os idosos e aposentados, os inválidos e as donas de casa, pois o trabalho doméstico, quando
não é realizado por empregados, não é considerado atividade econômica. A População Economicamente Ativa costuma ser
agrupada em três setores de atividades econômicas.

Setores Atividades
Relacionadas com o campo, com a agropecuária
Primário
e o extrativismo.
Relacionadas diretamente com a produção
Secundário
industrial, a construção civil e a mineração.
Relacionadas com a prestação de serviços
Terciário (educação, saúde, lazer, serviços bancários etc.) e o
comércio.

A distribuição da População Economicamente Ativa pelos setores de atividade apresenta grandes diferenças entre países
com distintos níveis de desenvolvimento. Países desenvolvidos, como a Alemanha, em geral têm sua População Economica-
mente Ativa concentrada no setor terciário, como produto de seu progresso econômico e social, e uma parcela muito peque-
na no setor primário, altamente, mecanizado. Já em países subdesenvolvidos, como a Indonésia, o setor primário emprega
a maioria dos trabalhadores, resultado do elevado grau de atraso econômico e tecnológico. Há ainda países em estágio
intermediário, como a Polônia, que embora apresente predomínio da População Economicamente Ativa no setor terciário,
ainda tem um setor primário significativo, pois não dispõe de alta mecanização agrícola.

17
GEOGRAFIA DO BRASIL

População Economicamente Ativa Brasileira

Os Indicadores Sociais no Brasil


Analisando-se os dados coletados e divulgados pelo IBGE, é possível afirmar-se que houve uma melhora nas condições
sociais de grande parcela da população brasileira. Entre os principais indicadores dessa melhora, destacam-se o índice de
distribuição de renda, o nível de escolaridade e o número de domicílios que dispõem de bens e serviços básicos.
- Distribuição de renda: A desigualdade no Brasil atingiu o menor nível da história, segundo o estudo Desigualdade e
Renda na Década. O Índice de Gini chegou a 0,5304 em 2010, superando o patamar da década de 60 (quanto mais o índice
se aproxima de, mais desigual é o país). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou que 16.267.197 de
pessoas vivem com renda per capita mensal de até R$ 70 no Brasil. Em 2010, a pobreza no País caiu 16% e atingiu a marca de
67,3% desde a implantação do Plano Real: 31,9% no governo Fernando Henrique e 50,6% durante o governo Lula, superando
o período de implementação do plano.
- Nível de alfabetização: a situação educacional da maioria da população do país ainda é extremamente grave e vergo-
nhosa; no entanto, houve também aí uma ligeira melhora. O porcentual de habitantes sem instrução ou com menos de 1 ano
de instrução – os analfabetos diminuiu, enquanto o porcentual de habitantes com 11 anos ou mais de instrução passou de
14,4% para 15,4%, nesse últimos anos.
- Domicílios com bens e serviços básicos: os dados mostram que nesse item também se verificou uma melhora. Dentre os
serviços existentes, a iluminação elétrica está presente em quase todos os domicílios brasileiros (97,8%) e a coleta de lixo em
87,4% das moradias. Já o serviço de abastecimento de água alcança 82,7% dos domicílios e o esgotamento sanitário 67,2%.

Estrutura Étnica da População Brasileira


Um dos traços mais característicos da estrutura étnica da população brasileira é a enorme variedade de tipos, resultante
de uma intensa mistura de raças. Esse processo vem ocorrendo desde o início da nossa história, portanto há quase 5 séculos.
Três grupos étnicos básicos deram origem à população brasileira: o branco, o negro e o índio. O contato entre esses grupos
começou a ocorrer nos primeiros anos da colonização, quando os brancos (portugueses) aqui se instalaram, aproximaram-se
dos indígenas (nativos) e trouxeram os escravos negros (africanos). A miscigenação ocorreu de forma relativamente rápida
já nesse período, dando origem, então, aos inúmeros tipos de mestiços que atualmente compõem a população brasileira.
Esses dados, entretanto, são muito discutíveis, porque não levam em conta as origens étnicas dos indivíduos, mas apenas
a cor de sua pele. Assim devem ser analisados com cautela, pois a discriminação racial que atinge alguns grupos étnicos faz
com que as respostas dos entrevistados sejam, muitas vezes, diferentes da realidade. É comum que um entrevistado negro
ou índio responda ser mestiço, assim como indivíduos mestiços respondam ser branco. Um fato, no entanto, é inquestioná-
vel: a população brasileira torna-se cada vez mais miscigenada, diminuindo as diferenças mais visíveis entre os três grupos
étnicos originais.
O Índio: Nunca se fizeram levantamentos precisos sobre o número de indígenas no Brasil, até porque muitos grupos
nativos mantiveram-se distantes do contato com a civilização. Entretanto, estima-se que houvesse, no século XVI, um nú-
mero entre 4 e 5 milhões de índios que, ao longo dos quatro séculos de aproximação com o branco, viram-se reduzidos a
aproximadamente 320 mil indivíduos. Devido a processos contínuos de extinção – lutas, doenças, fome – e aculturação, pela
qual os indígenas perdem suas origens culturais e linguísticas, assimilando as do homem branco, esse número tende a dimi-
nuir ainda mais, segundo seu grau de contato com o homem civilizado, os indígenas podem ser classificados em: isolados
(sem nenhuma aproximação e tornando-se cada vez mais raros); de contato intermitente (embora já tendo se aproximado
dos brancos, conservam ainda certa autonomia cultural); de contato permanente; integrados (alfabetizados, inseridos no
mercado de trabalho, com acesso aos produtos do mercado de consumo etc.).

18
GEOGRAFIA DO BRASIL

Historicamente, o que se observou não foi a tendência à raram brancos – o que faz com que, apesar de continuar
integração, mas sim à extinção do índio pois, além das doen- sendo o grupo com maior número de pessoas em termos
ças trazidas pelo contato com os brancos (gripe, sarampo, absolutos, a população branca tenha percentual menor
malária etc.), contribuíram para a extinção de vários grupos do que a soma de pretos, pardos, amarelos e indígenas.
indígenas os conflitos pela posse de terra. Com a expansão A migração interna: A migração interna corresponde
das fronteiras agrícolas e a recente descoberta de minérios aos movimentos populacionais que ocorrem dentro do país
em áreas das regiões Norte e Centro-Oeste, tornou-se co- sem alterar sua população total, embora provoquem sig-
mum a invasão das reservas indígenas por grupos de possei- nificativas mudanças econômicas e sociais nas áreas onde
ros e garimpeiros, tornando os conflitos ainda mais frequen- acontecem.
tes e graves. Até mesmo o governo viola os limites dessas Migração inter-regional: Devido a alterações históri-
reservas ao construir rodovias e hidrelétricas em seus limi- cas na estrutura socioeconômica das várias regiões brasi-
tes. A fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem como função leiras, verificamos que, em certos períodos, algumas áreas
aplicar a legislação contida no Estatuto do Índio, que fala atraem populações, enquanto outras as repelem. Podemos
em garantir seus costumes e propiciar-lhes uma educação identificas, assim, diversas movimentações inter-regionais
que vise a sua integração. Para muitos, entretanto, manuten- relacionadas a fatos históricos. Além dessas movimentações,
ção de costumes e integração são conceitos antagônicos, há inúmeras outras em toda a história do Brasil, surgindo
pois integrar significa destruir língua, hábitos e crenças. Veja sempre novos fenômenos desse tipo. É o caso, por exem-
como a Constituição de 1988 aborda a questão do índio: plo, das atuais frentes pioneiras que avançam em direção ao
Brasil Central e Amazônia. As migrações internas, além de
Capítulo VIII refletirem no seu deslocamento as mudanças econômicas
Dos índios que estão se realizando nas várias regiões, são de extrema
importância no processo de ocupação territorial do país.
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos ori- Outros Fluxos Migratórios
ginários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, com- Dentro do país, há outros fluxos populacionais que não
petindo à União demarcá-las, proteger e respeitar todos os se caracterizam como migrações internas, pois não são du-
seus bens. radouros. Apresentando ritmo, dimensão e objetivos varia-
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, dos, são chamados migrações pendulares. Os principais são:
e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas - deslocamento dos corumbás – é o fluxo de pessoas
para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre- que deixam o agreste ou o Sertão nordestino no período
servação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-es- seco, após a colheita do algodão, para trabalhar na colheita
tar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo de cana-de-açúcar na Zona da Mata, regressando depois ao
seus usos, costumes e tradições. local de origem. Tais fluxos e refluxos de população são rit-
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios mados pela alternância de períodos chuvosos e secos;
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufru- - deslocamento de boias-frias – corresponde aos movi-
to exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas mentos de pessoas que, morando nas cidades, dirigem-se
existentes. diariamente às fazendas para trabalhos agrícolas, conforme
O Negro: Apesar de já ser predominante no Brasil, a as necessidades dos fazendeiros. Trata-se de um movimento
população negra ainda sofre com a desigualdade racial. urbano-rural.
Em comparação com o Censo realizado em 2000, o - deslocamento dos habitantes de cidades-dormitó-
percentual de pardos cresceu de 38,5% para 43,1% (82 rios – são movimentos pendulares, diários e constantes, que
milhões de pessoas) em 2010. A proporção de negros se realizam em massa, dos núcleos residências periféricos,
também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mes- como bairros e cidades satélites, em direção aos centros in-
mo período. Esse resultado também aponta que a po- dustriais. Verificam-se nas zonas metropolitanas de grande
pulação que se autodeclara branca caiu de 53,7% para densidade demográfica, como São Paulo, Rio de Janeiro,
47,7% (91 milhões de brasileiros). Belo Horizonte, etc.;
Essa mudança de cenário faz parte de uma mudan- - deslocamento de fins de semana e férias – realizam-se
ça cultural que vem sendo observada desde o Censo de com objetivos de lazer e descanso, sendo típicos de áreas de
1991. O Brasil ainda é racista e discriminatório. Não é economia industrial. Periódicos e sazonais, tais movimentos
que da noite para o dia o País tenha deixado de ser ra- estão ligados, em geral, à população que desfruta de um
cista, mas existem políticas. As demandas (da população padrão de vida mais elevado.
negra), a questão da exclusão, tudo isso tem feito parte
da agenda política. A População Brasileira é Eminentemente Urbana
O Branco: Pela primeira vez na História do Censo, a O Brasil chegou ao final do século XX como um país ur-
população do Brasil deixa de ser predominantemente bano. Este é o resultado de um processo iniciado na década
branca. Pelos dados de 2010, as pessoas que se decla- de 50 na região Sudeste. A partir de então, este contraste se
raram brancas são 47,73% da população, enquanto em acentuou e se generalizou pelas cinco grandes regiões do
2000 eram 53,74%. Nos outros Censos, até agora, os país. Segundo o último Censo realizado, a população é mais
brancos sempre tinham sido mais que 50%. Em 2010, urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros
do total de 190.749.191 brasileiros, 91.051.646 se decla- viviam em áreas urbanas, agora são 84%.

19
GEOGRAFIA DO BRASIL

Em 2010, apenas 15,65% da população (29.852.986 pessoas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana
(160.879.708 pessoas). Em 2000, da população brasileira 81,25% (137.953.959 pessoas) viviam em situação urbana e 18,75%
(31.845.211 pessoas) em situação rural. Para se comparar, internacionalmente, o grau de urbanização no mundo há poucos
anos ultrapassou 50%. Na União Europeia, há desde países com 61%, como Portugal, até outros como a França, com 85% da
sua população morando em região urbana. No BRIC, o Brasil é o que possui maior grau de urbanização, pois a Rússia tem
73%, a China, 47% e a Índia, apenas 30%. Os EUA possui grau de urbanização pouco menor do que o do Brasil: 82%. Todos
esses são de acordo com o The World FactBook da CIA para o ano de 2010.

A região Sudeste segue sendo a região mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam
participação das regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de 28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por
outro lado, aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de
6,9% para 7,4%).
Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o estado menos
populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do país, com Brasília (de 6º para 4º) e
Manaus (de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte (de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife
(8º para 9º) perderam posições.
Como a população brasileira é predominantemente urbana - 84,4% é esperado que a estrutura nacional por sexo e ida-
de nacional seja próxima da observada na área urbana. As diferenças entre as estruturas etárias das áreas urbana e rural se
devem principalmente aos fatores da dinâmica demográfica dessas duas populações. Desse modo, têm-se as áreas urbanas
com níveis de fecundidade e de mortalidade mais baixos do que os das áreas rurais e os movimentos migratórios que, na
grande maioria das vezes, caracterizam a área urbana como de forte atração populacional e a rural como expulsora. Segundo
os resultados do Censo Demográfico 2000, das 5 196 093 pessoas que efetuaram movimentos migratórios de “data fixa”,
75,1% eram de áreas urbanas com destino urbano, 12,4% eram de áreas rurais com destino urbano; 7,7% de áreas urbanas
com destino rural; e apenas 4,8% de áreas rurais com destino rural.

!
A base mais estreita da pirâmide etária da área urbana é fruto de uma menor fecundidade. A proporção de população
menor de 5 anos de idade, nesta área, foi de 7,0%, enquanto na área rural, de 8,4%. Segundo os resultados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2009, a taxa de fecundidade total para a área urbana foi de 1,8 filho contra 2,7
filhos na área rural. Valores bastante inferiores aos observados em 1960, 5,0 e 8,4 filhos para as áreas urbana e rural, respec-
tivamente. O maior estreitamento da base da pirâmide etária da área urbana pode ser constatado através da razão crianças
-mulheres: 27,5 crianças menores de 5 anos de idade para cada grupo de 100 mulheres de 15 a 44 anos de idade, enquanto
na área rural este valor foi de 38,9, o que representa um acréscimo de 41,4%.

20
GEOGRAFIA DO BRASIL

É nítido também um maior contingente de população Migrações internas


masculina na área rural. Neste caso, tem-se 111,1 homens
para cada grupo de 100 mulheres, sendo que na área urba- A migração interna ocorre quando a população se des-
na a razão de sexo foi de 93,4 homens para cada grupo de loca no interior de um país.
100 mulheres. Esta maior participação da população mas- O êxodo rural corresponde à migração campo-cidade,
culina na área rural pode ser explicada pela seletividade isto é, à saída da população do meio rural com destino ao
da variável sexo nas correntes emigratórias de áreas rurais meio urbano. Esse é o movimento interno mais importante
com destino urbano e pela natureza específica de determi- e é o responsável pela grande leva de migrantes que se
nadas atividades na agropecuária e na extração. dirigiram, e ainda se dirigem, às grandes cidades.
Apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino Existem outros dois tipos de migração interna:
do que do feminino, na população como um todo, tem-se Transumância é o deslocamento populacional que
mais mulheres que homens, em virtude dos diferenciais de ocorre em certos períodos do ano.
mortalidade existentes entre os sexos. A mortalidade mas- Migração pendular é o movimento diário de vaivém da
culina é superior à feminina ao longo de toda a vida. Na população que desloca da periferia para o centro e vice-
ausência de erros de contagem e de declaração da idade, o versa.
comportamento das razões de sexo se aproximaria das ob-
tidas para a área urbana. Contudo, para área rural, a maior Migrações no Brasil
participação feminina só ocorrerá nas idades finais.
Nas duas últimas décadas, a composição da popula- A taxa de crescimento populacional é composta pelo
ção residente por sexo e grupos de idade sofreu mudanças crescimento vegetativo e pela entrada de imigrantes. O
importantes, como o estreitamento da base da pirâmide, Brasil, desde o início de sua colonização, recebeu gran-
o aumento da participação relativa da população a partir des contingentes populacionais. No Período Colonial, esse
do grupo de 25 a 29 anos de idade e o visível alargamento contingente foi quase exclusivamente de portugueses e de
do topo da pirâmide etária, indicando o aumento da lon- negros. A partir da última década do século XIX, vieram
gevidade. europeus de várias nacionalidades (principalmente italia-
nos, alemães e espanhóis) para substituir a mão de obra
escrava nas fazendas de café. Calcula-se que, desde aquela
Migrações Brasileiras
época até hoje, entraram no Brasil cerca de 4,5 milhões de
imigrantes.
Migração ou movimento migratório é o deslocamento
Podemos observar muitos movimentos migratórios no
da população de um lugar para outro. Os deslocamentos
Brasil, muitos deles vinculados a ciclos econômicos. Pode-
populacionais podem ser definitivos ou temporários.
mos citar:
Diversos motivos levam as pessoas a migrar: guerras, - Séculos XVI e XVII – deslocamento de pessoas do lito-
condições econômicas desfavoráveis, adversidades natu- ral para o interior do Nordeste acompanhando a expansão
rais como climas extremamente frios ou quentes, ativida- da pecuária (através do Vale do São Francisco);
des vulcânica intensa, entre outros. - Século XVIII – deslocamento de paulistas e nordesti-
Os movimentos migratórios podem ser externos ou nos para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraídos pela
internos. descoberta de ouro e pedras preciosas;
- 1870-1910 – deslocamento de nordestinos para a
Migrações externas Amazônia (especialmente para o Acre, durante o ciclo da
borracha;
A migração externa, também denominada migração - final do século XIX início do século XX – nordestinos
internacional, ocorre quando a população se desloca entre para São Paulo, atraídos pela cafeicultura;
países. Há dois tipos de migração externa: - década de 1940 – nordestinos para oeste paulista e
Emigração: refere-se ao movimento de saída das pes- norte do Paraná, atraídos pela expansão da cultura do al-
soas de seu país de origem. Essas pessoas são emigrantes godão;
no seu país de origem. - década de 1950 – nordestinos para Goiás, atraídos
Os emigrantes brasileiros dirigiram-se predominante- pela oferta de empregos na construção civil durante a
mente para os Estados Unidos, Japão e países da Europa. construção de Brasília;
Imigração: corresponde ao movimento de entrada das - décadas de 1960/70 – nordestinos para a Amazônia,
pessoas estrangeiras em um país. Elas são imigrantes nesse devido aos projetos descolonização agrícola e de minera-
país. ção, além da abertura de rodovias como a Transamazônica.
A maior onda imigratória no Brasil se deu entre as dé- O Nordeste é uma área de expulsão; o Sudeste, em
cadas de 1850 e 1930 e era formada por alemães, espa- particular as áreas metropolitanas de São Paulo e do Rio de
nhóis, sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, japoneses e, Janeiro, de atração. Essa migração regional também ocorre
principalmente, italianos. do campo para a cidade. Os camponeses vêm sendo expul-
sos de sua terra em decorrência da estrutura fundiária do
País, da violência no campo, da mecanização da agricultura
e de fenômenos meteorológicos, como os longos períodos
de seca.

21
GEOGRAFIA DO BRASIL

O gráfico abaixo mostra bem esse dado. As migrações internas, muito intensas no país, sofreram
mudanças nas ultimas décadas. Segundo o IBGE, há em São
Paulo as entradas de migrantes diminuíram em 12%, enquan-
to as saídas aumentaram em 36%, fazendo com que o saldo
migratório de 744.798 migrantes, registrado em 1991, decli-
nasse para 339,926, em 2000. Já os Estados de Minas Gerais
e Rio de Janeiro passaram de repulsores para receptores de
população, ou seja, ocorreu aumento das entradas e diminui-
ção das saídas.
Na década de 1990, com a reativação de alguns setores
da economia nordestina, como o crescimento do turismo e a
instalação de diversas empresas, estabeleceu-se um fluxo de
retorno de população para o Nordeste. Entre 1995 e 2000,
48,3% das saídas do Sudeste foram em direção ao Nordes-
te. Entretanto, os estados que contam com maior saldo mi-
gratório negativo (maior quantidade de emigrantes) ainda se
concentram no Nordeste: Paraíba, Ceará, Piauí, Pernambuco
! e Bahia.
A década de 1990 inaugurou outra etapa na historia das
Nas décadas de 1960 e 1970, como já foi citado anterior- migrações internas: elas se tornaram menos volumosas e mais
mente houve mudanças na direção dos fluxos migratórios para localizadas. Além disso, outros fluxos se estabeleceram em di-
as regiões Norte e Centro-Oeste, incentivados pela política ofi- reção ao Norte e ao Centro-Oeste.
cial de colonização. Para essas regiões, dirigiram-se não apenas O estado de Goiás destaca-se no Centro-Oeste por cons-
os nordestinos, mas também os sulistas (em decorrência da tituir o destino de um grande numero de imigrantes brasilei-
estrutura fundiária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), ros, devido à atração exercidas por Brasília.
grandes contingentes populacionais sem acesso a terra. Regiões dinâmicas de alargamento da fronteira agro-
pecuária do Centro-Oeste, como o Mato Grosso e do Norte
como Rondônia e Pará, vêm atraindo migrantes do Nordeste.
A expansão da produção agrícola tem gerado o aumento de
emprego e da renda. A demanda por bens e serviços (escola,
comercio e lazer) multiplica as atividades urbanas e o cresci-
mento das cidades nessas regiões.
Entre as décadas de 60 e 2000, o Centro-Oeste e o Norte
tiveram as maiores taxas de crescimento populacional. A po-
pulação de Rondônia, por exemplo, apresentou um aumento
de 12 vezes: em 1960 tinha 69.792 habitantes, e em 1999 con-
tava com 836.023 habitantes.

Migrações inter-regionais.
Em 1999, segundo o IBGE, 15,5 milhões de pessoas resi-
diam fora de suas regiões de nascimento. Entre 1992 e 1999,
15,9% da população do Nordeste e 10% da do Centro-Oeste
migraram.
Com a participação de empresas transnacionais, incentivos No entanto, tendências mais recentes da mobilidade da
fiscais e investimentos do governo federal, nas décadas de 1970 população no Brasil apontam para o crescimento das migra-
e 1980, foram implantados no Norte do país grandes projetos ções intra regionais (de curta distância), Dos fluxos urbano
de mineração, que atraíram muitos garimpeiros para a região. -urbano e intra metropolitanos. Ou seja, muitas pessoas têm
Algumas das consequências desses projetos foram os migrado de uma cidade para a outra ou no interior das áreas
problemas socioambientais dessa ocupação. O desmatamen- metropolitanas ou ainda, de um município para outro, no
to, realizado na maior parte das vezes por madeireiros, de mesmo estado, em busca de trabalho. Cidades com 100mil
maneira ilegal, empobreceu os solos da região, tornando-os habitantes têm apresentado maior crescimento populacional
muitas vezes inadequados para a agricultura e impedindo a e tem sido procuradas pelos migrantes. A queda do nível de
população nativa de obter seu sustento com o extrativismo. vida das grandes cidades metropolitanas (violência, transito,
Grande parte das estradas acabou sendo “engolida” pela flo- poluição) a saturação do mercado de trabalho e o aumento
resta – como ocorreu com a Transamazônica, que é transitável do subemprego têm contribuído para esses resultado.
apenas em um pequeno trecho, na época de seca. Esses polos emergentes de desenvolvimento – por exem-
A violência na região também é um problema. Muitos mi- plo, os do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas
grantes instalaram-se como posseiros ou grileiros, causando di- – apresentaram um dinamismo regional e condições similares
versos conflitos com as populações nativas e indígenas e, ainda, às das metrópoles, contribuindo assim para uma nova redis-
com os defensores desses povos, como padres e missionários. tribuição da espacial da população.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

A retração do setor industrial no município de São Paulo, por exemplo, reflete uma tendência internacional de desconcentração
industrial, característica dessa época de globalização.
O gráfico abaixo mostra a evolução da vinda do números de imigrantes para o Brasil de 1850 até 1975.

3. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS:
INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO,
FONTES DE ENERGIA E AGROPECUÁRIA.

A Indústria Brasileira

A industrialização no mundo

O processo de industrialização remonta ao século XVlll, quando emergem na Inglaterra (grande potência naquela época)
uma série de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que se convencionou chamar de Revolução Indus-
trial. Hoje esse processo é conhecido como 1ª Revolução Industrial, pois antecedeu novas transformações nos séculos XlX e no
XX, as chamadas 2ª e 3ª Revoluções Industriais.
As transformações de ordem espacial a partir da indústria foram enormes alteraram a sociedade como um todo. Podemos
citar como exemplo as mudanças ocorridas na própria Inglaterra do século XlX, onde a indústria associada à modernização do
campo gerou a expulsão de milhares de camponeses em direção às cidades, proporcionando o surgimento das cidades indus-
triais, popularmente conhecidas como cidades negras em decorrência da poluição atmosférica gerada pelas indústrias.
Ocorreram também grandes mudanças sociais, evidenciando e definindo claramente as classes sociais do capitalismo: de um
lado estavam os donos dos meios de produção (burguesia), que em prol de lucros cada vez maiores, exploravam a mão de obra
em troca de salários miseráveis e em condições de trabalho precárias; do outro lado encontrava-se o proletariado (classe que
vende sua força de trabalho em troca de um salário), que só foram conseguir melhores condições a partir do século XX através
de greves que forçaram os patrões e Estados a concederem benefícios a essa camada da sociedade.
O avanço da indústria, especialmente a partir do século XlX, deu-se em direção à outros países como a França, a Bélgica,
a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de países fora da Europa, como os EUA na América e o Japão na Ásia. Alguns desses países
viriam a se tornar potências econômicas, industriais e militares séculos depois, dominando a economia como um todo, cujo peso
influencia diretamente os outros países.
Foi apenas a partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, que países do terceiro mundo também passaram
por processos de industrialização, como é o caso do Brasil. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional e
das empresas multinacionais no processo de industrialização, que impulsionaram esse processo e tornaram alguns países da
periferia do mundo atuais potências industriais. Porém, diferentemente do que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a
industrialização não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações ou no desenvolvimento do país: o processo
de industrialização nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais internacionais, gerando aprofunda-
mento da dependência externa (mais precisamente dívidas externas), além do fato de que as indústrias que para cá vieram por
já serem relativamente modernas não geraram o número de empregos necessários para absorver a mão de obra cada vez mais
numerosa que vinha do campo para as cidades. O que mais tarde seria conhecido como o êxodo rural, criou um processo de
metropolização acelerado, que não foi acompanhado pela otimização e implantação de infraestrutura e da geração de empre-
gos, dando início ao inchaço das grandes cidades (com diversos problemas decorrentes do mesmo), problema comum em países
subdesenvolvidos.

23
GEOGRAFIA DO BRASIL

O desenvolvimento da indústria nacional - 2a fase: 1830 a 1956


Embora o Brasil seja considerado um país emergente ou O ano de 1930 é considerado por alguns autores como o
em desenvolvimento, está quase um século atrasado indus- da “Revolução Industrial” no Brasil. É o ano que marca o início
trialmente e tecnologicamente em relação às nações que in- da industrialização (que abriu as portas para que a ativida-
gressaram no processo de industrialização no momento em de industrial se tornar a mais importante do país, beneficiada
que a Primeira Revolução Industrial entrou em vigor, como pela Crise de 1929 e pela Revolução de 1930).
Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Japão e outros. A crise de 1929 constituiu exemplo da fragilidade da eco-
O desenvolvimento industrial brasileiro se deu lentamen- nomia brasileira e também um aviso de que o país necessita-
te, acontecendo apenas com o rompimento de obstáculos e va diversificar sua produção. Ela determinou a decadência da
de medidas políticas, como nos governos de Getúlio Vargas e cafeicultura e a transferência do capital para a indústria, o que
Juscelino Kubistchek, que foram de extraordinária importân- associado à presença de mão-de-obra e mercado consumi-
cia para que as indústrias se proliferassem no Brasil. dor, justificando a concentração industrial no Sudeste, especi-
Durante os longos anos em que o território brasileiro foi ficamente em São Paulo.
colônia portuguesa, a economia nacional se restringiu à práti- Bem como a primeira fase, esta tem uma característica
ca da agricultura conhecida por monocultura (o plantio de um inicial de quase exclusividade de indústrias de bens de consu-
único tipo de produto, como o açúcar). mo não duráveis, definindo o período chamado de “Substitui-
A coroa portuguesa proibia a instalação do comércio ma- ção de importações”. No entanto, a ação do Estado começa a
nufatureiro no Brasil para impedir o crescimento e desenvolvi- alterar o quadro, com o Governo Vargas criando as empresas
mento de sua colônia, para que ela continuasse somente for- estatais do setor de base, como a CSN (siderurgia), PETRO-
necendo produtos agrícolas para o mercado externo. Porém, BRÁS e a CVRD (mineração).
pequenas mudanças econômicas se iniciaram a partir do pro-
cesso de independência do Brasil, principalmente na metade - 3ª fase: 1956 a 1989
do século XIX, com o desenvolvimento da economia cafeeira, Esse é o período de maior crescimento industrial do país
cujos lucros propiciaram investimentos em outras atividades em todos os setores industriais, baseando-se sobre a alian-
econômicas, como a indústria. ça entre o capital estatal e o capital estrangeiro. O governo
Graças a esse cenário dos grandes lucros da economia Juscelino Kubitschek (1956 – 1961) dá início à chamada “In-
cafeeira que surgiram empresários como Irineu Evangelista ternacionalização da Economia”, abrindo o país para empre-
de Souza (o Barão de Mauá), preocupados com o desenvol- sas estrangeiras, em sua maioria do setor automotivo, como
vimento das estradas de ferro, das cidades e de toda infraes- Wolkswagen. O período foi conhecido pelo seu otimismo e
trutura necessária para o crescimento do país. Entretanto, as relação ao crescimento da economia brasileira em que medi-
primeiras indústrias surgiram de maneira paulatina entre o das como o Plano de Metas incentivaram a produção indus-
final do século XIX e início do século XX, representando ainda trial. Essa política do JK para estimular o crescimento industrial
uma baixa participação na economia nacional. ficou conhecida como nacional-desenvolvimentista, ela con-
Frente a essa situação, o Brasil importava praticamente centrava suas atenções em investimentos na área de energia
todos os produtos industrializados, já que suas indústrias não e de transportes. O processo continuou mesmo durante a Di-
haviam se desenvolvido o suficiente. A Europa, sendo a re- tadura Militar (1964 a 1985), com destaque para o Governo
gião do globo que mais se industrializava, não queria o de- Médici e o período do “Milagre Brasileiro”, que determinou
senvolvimento industrial brasileiro, já que perderia parte de crescimento econômico (mas também aumento da dívida ex-
seu mercado consumidor. O Brasil, portanto, dependeu exclu- terna e concentração de renda, já que, para a realização de
sivamente da economia agrícola até a metade do século XX, seus planos, JK utilizou-se de capital estrangeiro).
enfrentando sérios problemas econômicos e políticos. Foi com essas medidas políticas do governo de Getúlio Var-
As indústrias brasileiras se desenvolveram a partir de mu- gas e de Juscelino Kubistchek que a industrialização brasileira
danças estruturais de caráter econômico, social e político, que, obteve um crescimento vertiginoso e adquiriu estabilidade, prin-
como citado acima, vinham ocorrendo desde a segunda meta- cipalmente nos últimos anos do século XX e início do século XXI.
de do século XIX. Essas mudanças aconteceram especialmente
nas relações de trabalho, com a expansão do emprego remu- - 4a fase: 1989 - hoje
nerado que resultou em aumento do consumo de mercadorias, Iniciada no Governo Collor com continuidade até o Go-
a abolição do trabalho escravo e o ingresso de estrangeiros no verno Fernando Henrique, esta fase marca o avanço do Neo-
Brasil como italianos, alemães, japoneses, dentre outras nacio- liberalismo no país, com sérias repercussões no setor secun-
nalidades, que vieram para compor a mão de obra, além de dário da economia.
contribuir no povoamento do país, como ocorreu na região Sul. Com a adoção do modelo neoliberal determinou-se a
Um dos maiores acontecimentos no campo político foi a pro- privatização de quase todas as empresas estatais, tanto no se-
clamação da República. Diante desses acontecimentos históri- tor produtivo, como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor
cos, o processo industrial brasileiro passou por quatro etapas. da infraestrutura e serviços, como o caso do sistema Telebrás.
Os últimos anos marcaram também a abertura do merca-
-1a fase: 1822 a 1930 do brasileiro, com expressivas reduções na alíquota de Impor-
Havia reduzida atividade industrial, o que conferia ao país tação. Por outro lado, houve aumento do desemprego graças
característica agrário-exportadora. à falência de empresas e as inovações tecnológicas adotadas,
Ocorreram, porém, dois fatos que facilitam a industria- pois se tornou necessária a utilização de máquinas e equipa-
lização futura: a Abolição da Escravatura e a entrada de imi- mentos industriais de última geração, necessários para aumen-
grantes, que vão servir de mão-de-obra. tar a competitividade e resistir à concorrência internacional.

24
GEOGRAFIA DO BRASIL

A indústria brasileira no século XXI Podemos chamar os fatores que influenciam a mudança
A indústria brasileira está estagnada, e foi responsável por de uma empresa de uma região à outra (ou a instalação de
apenas 14,6% do PIB nacional, o que é ínfimo se comparando uma empresa em determinada locação) de fatores locacionais,
com dados de outros países em 2010, como China (43,1%), sendo eles:
Coreia (30,4%) ou mesmo Alemanha (20,8%). Entre os fatores - Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas;
que explicam essa situação, podemos citar os altos custos dos - Vias de transporte e comunicações;
encargos da mão-de- obra (32,5% na folha); o alto custo do - Matéria prima abundante e barata;
capital (juros e “spreads” bancários); a apreciação do câmbio, - Mão de obra abundante e barata;
que aumentou a concorrência, em nosso mercado interno, - Energia abundante e barata;
com produtos importados; os custos elevados dos insumos; - Mercados consumidores;
a necessidade de investimentos na infraestrutura do país; a - Incentivos fiscais;
necessidade de uma política de inovação. - Infraestrutura;
Grandes potências como Estados Unidos e Japão conti-
nuam sofrendo os efeitos da recessão, fazendo com que o Classificação das Indústrias
Brasil, que tem uma economia dependente de capitais exter- Podemos classificar as indústrias com base em vários cri-
nos, apresente fortes reflexos dessa crise. Outro grande pro- térios, porém o mais utilizado é o que leva em consideração o
blema é o fato de que a balança comercial brasileira é susce- tipo e destino do bem produzido:
tível à preços internacionais mais baixos das matérias primas a) Indústrias de base: produzem bens que dão a base para
que o Brasil exporta, e aos preços mais altos de mercadorias o funcionamento de outras indústrias, ou seja, as chamadas
que o país importa, como o petróleo. matérias primas indústrias ou insumos industriais, como o aço;
A dependência da indústria brasileira não é só do capital, b) Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produ-
mas também da tecnologia estrangeira, já que o país ocupa zem equipamentos necessários para o funcionamento de ou-
o 43° lugar no ranking mundial de tecnologia da ONU, o que tras indústrias, como as de máquinas;
atinge diretamente o desempenho industrial do país. c) Indústrias de bens de consumo: produzem bens para o
Se a economia já apresentava sinais de desaquecimento, consumidor final, e são subdividas em:
com esses problemas as perspectivas para a indústria brasilei- c1) Bens duráveis: são as que produzem bens para consu-
ra não são nada favoráveis para os próximos anos. mo em longo prazo, como automóveis.
Seguindo uma forte tendência mundial, o Brasil vem pas- c2) Bens não duráveis: produzem bens para consumo ge-
sando por um processo de descentralização industrial chama- ralmente imediato, como as de alimentos.
do por alguns autores de desindustrialização, ocorrendo intra Há outros critérios classificatórios, como:
regionalmente e também entre as regiões. Com acentuada
concentração em São Paulo, a distribuição espacial da indús- 1. Maneira de produzir:
tria brasileira foi determinada pelo processo histórico, pois no - Indústrias extrativas;
momento do início da industrialização, o estado tinha (devido - Indústrias de processamento ou beneficiamento;
à cafeicultura) os principais fatores para instalação das indús- - Indústrias de construção;
trias, a saber: capital, mercado consumidor, mão-de-obra e - Indústrias de transformação ou manufatureira;
transportes. Esta situação também se deve à atuação estatal,
através de diversos planos governamentais como o Plano de 2. Quantidade de matéria prima e energia utilizadas:
Metas, que acentuou esta concentração no Sudeste, desta- - Indústrias leves
cando novamente São Paulo. A partir desse processo indus- - Indústrias pesadas
trial e sua respectiva concentração, o Brasil passa a se integrar
(o país não possuía um espaço geográfico nacional integrado, 3. Tecnologia empregada:
constituindo uma estrutura de arquipélago econômico com - Indústrias tradicionais
várias áreas desarticuladas). Esta integração reflete nossa divi- - Indústrias dinâmicas.
são inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro-pe-
riferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais. Urbanização no Brasil
Há uma tendência de saída do ABC Paulista, buscando
menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Urbanização
Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Pau- O processo de urbanização no Brasil vincula-se a trans-
lo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem benefícios atrati- formações sociais que vêm mobilizando a população dos es-
vos como incentivos fiscais, menores custos de mão-de-obra, paços rurais e incorporando-a à economia urbana, bem como
transportes menos congestionados e, por tratarem-se de ci- aos padrões de sociabilidade e cultura da cidade. A inserção
dades-médias, melhor qualidade de vida, característica vital no mercado de trabalho capitalista e a busca por estratégias
quando se trata de tecnopólos. de sobrevivência e mobilidade social implicam na instalação
Essa desconcentração industrial entre as regiões vem em centros urbanos e em uma mobilidade espacial constante-
determinando o crescimento de cidades-médias dotadas de mente reiterada, que se desenrola no espaço da cidade ou tem
boa infraestrutura e com centros formadores de mão-de-obra nela sua base principal.
qualificada. Percebe-se também um movimento de indústrias A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso significa
tradicionais (que fazem uso intensivo de mão-de-obra, como que pouco resta da sociedade rural que caracterizava o país
a de calçados e vestuários) para o Nordeste, em busca de nos anos 1940, quando cerca de 70% da população brasileira
mão-de-obra barata. morava no campo.

25
GEOGRAFIA DO BRASIL

O processo de urbanização no Brasil difere do europeu c) grau sofisticado de serviços urbanos;


pela rapidez de seu crescimento. Ao passo em que na Europa d) setor de telecomunicações amplo e tecnologicamente
esse processo começou no século 18, impulsionado pela Re- avançado;
volução Industrial, em nosso país ele só se acentuou a partir e) centros universitários e de pesquisa de alta tecnologia;
de 1950, com a intensificação da industrialização. f) diversidade e qualidade das redes internas de transporte
O êxodo rural aumentou na década de 70 do século 20, (vias expressas, rodovias e transporte público);
com a cidade de São Paulo assumindo a posição de principal g) portos e aeroportos modernos que liguem a cidade a
polo de atração. Por conta desse crescimento descontrolado qualquer ponto do globo.
nos últimos 30 anos, 40 municípios que envolvem a capital Com base nesses aspectos, os estudiosos criaram três
paulista estão fisicamente unidos, formando uma mancha de- níveis ou categorias de cidades, de acordo com o poder de
mográfica chamada conurbação. influência desses centros urbanos: Alfa, Beta e Gama. Na
atualidade são reconhecidas 55 cidades globais no planeta:
Megacidade e cidade global - Grupo Alfa (10 cidades de primeiro nível de importân-
“Cidade global” e “megacidade” são termos relacionados cia): Londres, Nova York, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago,
à forte urbanização que vem ocorrendo no mundo. No entan- Frankfurt, Milão, Hong Kong e Cingapura. 
to, embora estejam relacionados um ao outro, não podem ser - Grupo Beta (10 cidades de segundo nível de impor-
confundidos, pois designam realidades diferentes. tância): São Francisco, Sidney, Toronto, Zurique, São Paulo,
Megacidade: O termo “megacidade” refere-se a cidades Cidade do México, Madri, Bruxelas, Moscou e Seul.
muito grandes em termos populacionais, não considerando - Grupo Gama (35 cidades de terceiro nível de impor-
outros aspectos desses centros urbanos. Expressa, portanto, tância): Osaka, Pequim, Boston, Washington, Amsterdã, Ham-
um aspecto estritamente quantitativo. burgo, Dallas, Dusseldorf, Genebra, Xangai, Montreal, Roma,
Segundo dados divulgados pela Divisão de População da Estocolmo, Munique, Houston, Barcelona, Berlim, Jacarta,
ONU, em 2000 existiam 23 megacidades no planeta: Johanesburgo, Melbourne, Praga, Santiago, Taipe, Varsóvia,
Ásia: Pequim, Xangai e Tiangin (China); Calcutá, Bombaim Atlanta, Budapeste, Buenos Aires, Copenhague, Istambul,
e Nova Déli (Índia); Tóquio e Osaka (Japão); Seul (Coreia do
Kuala Lumpur, Manila, Miami, Minneapolis, Bangoc e Caracas.
Sul); Daca (Bangladesh); Karachi (Paquistão); Jacarta (Indoné-
sia); Manila (Filipinas); Bangcoc (Tailândia).
Cidade
América do Norte e do Sul: Nova York e Los Angeles (Es-
Cidade é uma área densamente povoada onde se agru-
tados Unidos); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Cidade do
pam zonas residenciais, comerciais e industriais. O significa-
México (México); Buenos Aires (Argentina).
do de cidade (zona urbana, ambiente urbano) opõe-se ao
África: Lagos (Nigéria); Cairo (Egito).
Europa: Moscou (Rússia). de campo (zona rural). Cidade é a sede do município (cada
Nos países subdesenvolvidos, as megacidades são fortes divisão administrativa autônoma dentro de um Estado), a
polos de atração de população e tendem a ter seus problemas área onde existe concentração de habitantes. Cada Estado
econômicos e sociais agravados. As perspectivas são de que é composto por um conjunto de cidades, sendo que uma
nessas nações tenhamos, entre as décadas de 2010 e 2020, as delas é considerada a capital de Estado por abrigar a sede
maiores aglomerações urbanas do planeta. administrativa e ser o principal centro de atividades de um
Dessa forma, as metrópoles dos países desenvolvidos se- Estado ou de um conjunto de Estados (País). Uma cidade ca-
rão superadas por centros urbanos muito populosos como racteriza-se por um estilo de vida particular dos seus habitan-
Lagos, Karachi e Daca. Saliente-se que esse enorme contin- tes, pela urbanização (infraestrutura, organização, serviços de
gente populacional não será atendido em suas necessidades transporte, etc), pela concentração de atividades econômicas
básicas de moradia, transporte, educação, saúde e emprego, dos setores secundário e terciário, etc. As atividades primá-
o que aumentará significativamente a miséria nessas regiões. rias (agricultura, pecuária) são destinadas à zona rural.
Cidade global: O termo “cidade global” é usado quando
fazemos uma análise qualitativa da cidade, referindo-nos ao O êxodo no rural
seu grau de influência sobre outros centros urbanos, em dife- O êxodo rural é caracterizado pela emigração da popula-
rentes partes do globo. ção residente em zona rural (campo) com destino às cidades
Uma cidade global, portanto, caracteriza-se como uma (zonas urbanas). Essa modalidade de migração ocorre em vá-
metrópole, porém sua área de influência não é apenas uma rias partes do planeta, fato que intensifica o processo de ur-
região ou um país, mas parte considerável de nosso planeta. banização dos países. No Brasil, o êxodo rural se destacou na
É por isso que as cidades globais também são denominadas década de 1950 e, principalmente, durante a década de 1960,
“metrópoles mundiais”. Conforme alguns estudos demons- esse fato foi impulsionado pelo desenvolvimento industrial
tram, para a cidade ser considerada “global” é fundamental ocorrido nas cidades da Região Sudeste, atraindo pessoas
levarmos em conta suas atividades financeiras, administrati- em busca de empregos e melhores condições de vida. Essa
vas, científicas e no campo da informação, o que vincula tais modalidade de migração é consequência das dificuldades de
centros urbanos à sua influência regional, nacional ou mun- manutenção da agricultura de subsistência e a concentração
dial. Assim, uma cidade global deve apresentar: fundiária, visto que o modelo econômico vigente privilegia
a) sedes de grandes companhias, como conglomerados os grandes latifundiários através de empréstimos para a me-
e multinacionais; canização das atividades rurais, fato que também agrava o
b) bolsa de valores que possua influência na economia êxodo rural, pois a mão de obra é substituída pelo intenso
mundial; processo de mecanização das atividades agrícolas.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Os pequenos produtores que não conseguem mecanizar O fenômeno da conurbação


sua produção, tendo, consequentemente, baixo rendimento Conurbação é um termo usado para designar um fe-
de produtividade, acabam em desvantagem no mercado e, nômeno urbano que acontece a partir da união de duas
muitas vezes, vendem seus terrenos para pagarem dívidas. ou mais cidades/municípios, constituindo uma única malha
Outro fator de grande relevância para o desencadeamento urbana, como se fosse somente uma única cidade. A par-
do êxodo rural é a atratividade que as cidades exercem so- tir da unificação, as cidades envolvidas começam a utilizar
bre parte da população rural. Muitas pessoas migram para de maneira conjunta os mesmos serviços de infraestrutu-
as cidades em busca de emprego com boa remuneração, ra, formando uma malha urbana contínua. O fenômeno de
infraestrutura e serviços (escolas, hospitais, transporte, etc.). conurbação ocorre quando as áreas rurais dos municípios
Porém, o êxodo rural pode gerar vários problemas de ordem vão sendo tomadas pelas edificações urbanas, desse modo,
socioeconômica: inchaço das cidades, moradias em locais expande-se até “chocar” com outra cidade.
inadequados, superpovoamento de bairros pobres, aumento Os limites municipais quase não são percebidos, por
de favelas, aumento do desemprego, subemprego, violência isso dificulta a identificação precisa de onde termina ou
entre outros.
P

 ortanto, o êxodo rural pode gerar transtornos começa um município. Esse processo não determina a ine-
para toda a sociedade, principalmente para as pessoas que xistência de zonas rurais, muitas vezes são identificadas
deixaram o campo com o intuito de obter melhores con- pequenas propriedades rurais voltadas para a produção
dições de vida nas cidades e que não conseguiram atingir hortifrutigranjeira - produtos que são comercializados no
esse objetivo. Nesse sentido, se faz necessária a realização mercado local.
de políticas públicas para solucionar esse tipo de problema, No Brasil, esse fenômeno é identificado entre a capital
proporcionando subsídios para os pequenos produtores ru- do Estado de São Paulo e os municípios vizinhos, como San-
rais, maiores investimentos nas atividades do campo, além to André, São Caetano, São Bernardo, Diadema e Guarulhos.
de estruturação (hospitais, escolas, etc.) de municípios com A cidade de São Paulo expandiu de tal forma que “chocou”
maioria da população rural, evitando a migração por motivos com os municípios vizinhos, constituindo uma imensa ma-
de ausência de determinados serviços. lha urbana, denominada de Grande São Paulo.
A hierarquia urbana
Os problemas urbanos
A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de al-
A intensa urbanização que vem ocorrendo no Brasil, es-
guns centros urbanos de liderar e influenciar outros por meio
pecialmente a partir de 1950, tem sido acompanhada por
da oferta de bens e serviços à população. Pode ser uma me-
um processo de metropolização, isto é, concentração de-
trópole nacional (se influencia todo o território nacional) ou
mográfica nas principais áreas metropolitanas do país. Isso
uma metrópole regional (se influencia certa porção ou região
do País). significa que as grandes cidades, as metrópoles, crescem
a um ritmo superior ao das pequenas e médias cidades.
Metropolização Assim, quando somamos a população das nove principais
cidades do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
No Brasil, o processo de urbanização foi essencialmente Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Belém.
concentrador: gerou cidades grandes e metrópoles. Juntamente com as  cidades que pertencem às suas respec-
tivas áreas metropolitanas, verificamos que, em 1950, elas
Metrópoles: São cidades que possuem mais de 1 milhão reuniam por volta d e18% da população nacional em 1970,
de habitantes e polarizam uma determinada região. O Brasil esse número subiu para 25% e, em 1995, para cerca de 31%
possui atualmente 11 metrópoles: da população total do Brasil.
- São Paulo; Com o crescimento acelerado dessas grandes cidades e
- Rio de Janeiro; com os processo de conurbação que nelas frequentemente
- Curitiba; ocorrem, certos problemas urbanos - como os transportes,
- Goiânia; água, esgotos, uso do solo, etc. - não devem ser tratados
- Manaus; isoladamente em cada cidade vizinha, mas em conjunto.
- Belém;
- Fortaleza; Problemas do lixo
- Salvador; O lixo produzido em nossas casas precisa ter um des-
- Porto Alegre; tino certo, pois quando isso não ocorre a cidade toda fica
- Belo Horizonte; exposta a doenças e contaminação. Quando há uma coleta
- Recife feita corretamente e o lixo encaminhado para uma coope-
rativa de reciclagem, esse problema pode ser bem menor,
Obs: Brasília não é considerada metrópole, pois ela co- porém nas grandes cidades isso é cada vez mais difícil. Uma
nheceu um crescimento endógeno, e por isso não polariza opção é tentar reaproveitar o lixo em casa mesmo, fazendo
regiões. uma horta e usando-o como adubo. Lembre-se sempre de
Megalópoles: é a união de duas metrópoles. O Brasil pos- separar o lixo adequadamente e coloca-lo para que a coleta
sui somente uma megalópole, localizada no Vale do Paraíba o leve para um local apropriado.
tendo a via Dutra ligando-na.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Consequências nosso planeta  é também grande responsável por este fe-


Um dos principais problemas são as enchentes causadas nômeno. As principais fontes humanas desses gases são as
pelos lixos que estão nas ruas e entopem bueiros, desde pa- indústrias, as centrais termoelétricas e os veículos de trans-
péis de balas até embalagens e sacolas maiores podem tapar porte. Estes gases podem ser transportados durante muito
os bueiros e as encanações que escoam as águas. Quando tempo, percorrendo  milhares de quilômetros na atmosfera
isso ocorre ainda mais em cidades grandes como São Paulo, antes de reagirem com partículas de água, originando áci-
a tendência é haver enchentes, causando destruição e con- dos que mais tarde se precipitam. A precipitação ácida ocorre
gestionamento por toda a cidade. quando a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos
Quando jogamos lixos que não são orgânicos em quin- de azoto (NO, NO2, N2O5) é suficiente para reagir com as
tais, rios e nas vias estamos contribuindo para o crescimen- gotas de água suspensas no ar (as nuvens).
to de problemas ambientais e também para o aquecimento Tipicamente, a chuva ácida possui um pH à volta de
global, que já é facilmente percebido por nós todos os dias, 4,5, podendo transformar a superfície do mármore em gesso.
com o calor excessivo e os dias de inverno intensos podemos
contatar isso facilmente. - Efeito estufa: Apesar de o efeito estufa ser figurado
como algo ruim, é um evento natural que favorece a proli-
- Ilhas de calor: As “ilhas de calor” são uma anomalia do feração da vida no planeta Terra. O efeito estufa tem como
clima que ocorrem quando a temperatura em determinadas finalidade impedir que a Terra esfrie demais, pois se a Terra
regiões dos centros urbanos fica muito maior do que a tem- tivesse a temperatura muito baixa, certamente não teríamos
peratura nas regiões periféricas. Em São Paulo, por exemplo, tantas variedades de vida. Mas Ao longo dos últimos cem
já chegou a ser registrada uma diferença de 10º Celsius entre anos, a concentração de gases de efeito estufa vem aumen-
uma temperatura medida no centro e na periferia da cida- tando por causa da maior atividade industrial, agrícola e de
de, enquanto que a média mundial é de 9ºC. Essa anomalia transporte, e principalmente devido ao uso de combustíveis
climática ocorre devido à junção de diversos fatores como fósseis. O efeito estufa gerado pela natureza além de benéfi-
a poluição atmosférica (principalmente), alta densidade de- co é imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra.
mográfica, pavimentação e diminuição da área verde, cons- Se a composição dos gases raros for alterada, para mais ou
trução de prédios barrando a passagem do vento, grande para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjunta-
quantidade de veículos e outros fatores que contribuem para mente.
o aumento da retenção de calor na superfície. A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a
Em um local menos urbanizado, com mais áreas verdes e quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de
menos prédios, a radiação solar seria absorvida normalmente uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis
pela vegetação e pelo solo, e dissipada através dos ventos. A e do desmatamento. A derrubada de árvores provoca o au-
vegetação devolveria essa radiação através da evapotranspi- mento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera
ração enquanto que a ausência de poluentes permitiria que pela queima e também por decomposição natural. Além dis-
parte da radiação refletisse na superfície e fosse enviada para so, as árvores aspiram dióxido de carbono e produzem oxi-
as camadas mais altas da atmosfera, diminuindo a quanti- gênio. Uma menor quantidade de árvores significa também
dade de calor. O problema é que, a substituição da vege- menos dióxido de carbono sendo absorvido.
tação pelo asfalto e concreto faz com que a radiação solar - Poluição ar: Quando o lixo orgânico é depositado de
seja absorvida por estes materiais e convertida em ondas de maneira incorreta na natureza, este pode acarretar sérios da-
calor que ficarão armazenadas, em grande parte durante o nos à natureza como a contaminação do solo e dos lençóis
dia, escapando à noite (o asfalto pode chegar a 46ºC em um freáticos. Poluição da água é a introdução de partículas estra-
dia de verão enquanto que a grama não ultrapassa os 32ºC). nhas ao ambiente natural, bem como induzir condições em
A construção de prédios cria uma barreira para os ventos não um determinado curso ou corpo de água, direta ou indireta-
deixando que o calor seja dissipado. A presença de material mente, sendo por isso potencialmente nocivos à fauna, flora,
particulado no ar, proveniente das chaminés de indústrias e bem como populações humanas vizinhas a tal local ou que
escapamentos dos carros cria uma camada que barra a refle- utilizem essa água.
xão natural da maior parte dos raios solares. Hoje em dia a poluição da água é questão a ser trata-
da em um contexto global. Considera-se que esta é a maior
Chuvas ácidas: A chuva ácida corresponde a uma chuva causadora de mortes e doenças pelo todo o mundo e que
com elevado teor de acidez provocada pela forte concen- seja responsável pela morte de cerca de 14000 pessoas dia-
tração de óxido de enxofre e de azoto, dois tipos de gases riamente. A água é geralmente considerada poluída quan-
provocados pela poluição industrial. Estes gases quando lan- do está impregnada de contaminantes antropogênicos, não
çados na atmosfera são absorvidos pelas partículas de água podendo, assim, ser utilizada para nenhum fim de consumo
transformando-se em ácido sulfúrico e em ácido nítrico. As estritamente humano, como água potável ou para banho, ou
consequências mais visíveis das chuvas ácidas são a destrui- então quando sofre uma radical perda de capacidade de sus-
ção de florestas em diversas partes do planeta e a corrosão tento de comunidades bióticas (capacidade de abrigar pei-
de numerosos prédios e monumentos. xes, por exemplo). Fenômenos naturais, como erupções vul-
Os principais contribuintes para a produção dos gases cânicas, algas marinhas, tempestades e terremotos são causa
que provocam as chuvas ácidas, lançados na atmosfera, são de uma alteração da qualidade da água disponível e em sua
as emissões dos vulcões e alguns processos biológicos que condição no ecossistema.
ocorrem nos solos, pântanos e oceanos. A ação humana no

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Há três formas principais de contaminação de um cor- A melhor forma de amenizar o problema, na opinião de
po ou curso de água, a forma química, a física e a biológica: especialistas, é investir nos processos de reciclagem e tam-
- a forma química altera a composição da água e com esta bém no uso de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.
reagem; - a forma física, ao contrário da química, não reage
com a água, porém afeta negativamente a vida daquele ecos- Poluição do ar
sistema; - a forma biológica, consiste na introdução de or- A poluição do ar é caracterizada pela presença de ga-
ganismos ou microrganismos estranhos àquele ecossistema, ses tóxicos e partículas líquidas ou sólidas no ar. Os escapa-
ou então no aumento danoso de determinado organismo ou mentos dos veículos, as chaminés das fábricas, as queimadas
microrganismo já existente. estão constantemente lançando no ar grandes quantidades
Além das formas, temos duas categorias de como pode de substâncias prejudiciais à saúde. Nos grandes centros ur-
se dar a poluição: banos e industriais tornam-se frequentes os dias em que a
a) poluição localizada, onde a fonte de poluição origina- poluição atinge níveis críticos. Os escapamentos dos veículos
se de um ponto específico, como por exemplo, uma vala ou automotores emitem gases como o monóxido (CO) e o dió-
um cano. Exemplos de tal forma são o despejo de impurezas, xido de carbono (CO2), o óxido de nitrogênio (NO), o dióxido
por parte de uma estação de tratamentos residuais, por parte de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos. As fábricas de papel e
de uma empresa ou então por meio de um bueiro. cimento, indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas emi-
b) poluição não localizada é uma forma de contaminação tem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, enxofre, partículas
difusa que não possui origem numa única fonte. É geralmen- metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias usadas na
te o resultado de acumulação do agente poluidor em uma fabricação de inseticidas.
área ampla. A água da chuva recolhida de áreas industriais Todos esses poluentes são resultantes das atividades hu-
e urbanas, estradas bem como sua consequente utilização é manas e são lançados na atmosfera. A emissão excessiva de
geralmente categorizada como poluição não localizada. poluentes tem provocado sérios danos à saúde como proble-
Como principais contaminantes da água, pode-se citar: mas respiratórios (Bronquite crônica e asma), alergias, lesões
- elementos que contenham CO2 em excesso (como fu- degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até
maça industrial, por exemplo) câncer. Esses distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e
- contaminação térmica no inverno com o fenômeno da inversão térmica (ocorre quan-
- substâncias tóxicas do uma camada de ar frio forma uma parede na atmosfera que
- agentes tensoativos impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes). 
- compostos orgânicos biodegradáveis Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a
- agentes patogênicos natureza é afetada. A toxidez do ar ocasiona a destruição de
- partículas sólidas florestas, fortes chuvas que provocam a erosão do solo e o
- nutrientes em excessos (eutrofização) entupimento dos rios. 
- substâncias radioativas No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas
são Cubatão e São Paulo. Os principais impactos ao meio am-
Como recurso hídrico indispensável, torna-se cada vez mais biente são a redução da camada de ozônio, o efeito estufa e a
importante a conscientização sobre a melhor forma de trata- precipitação de chuva ácida. 
mento da água como sustentáculo da vida no planeta. Ainda
mais se pensarmos que a maioria das comunidades espalhadas Inversão térmica
pelo planeta possuem pouca consciência sobre a melhor forma
de tratamento de um de seus recursos mais importantes. A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito
comum nos grandes centros urbanos industrializados, sobre-
Poluição do solo tudo naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou
A poluição do solo, ocorre devido os malefícios diretos e montanhas. Esse processo ocorre quando o ar frio (mais den-
indiretos causados pela desordenada exploração e ocupação so) é impedido de circular por uma camada de ar quente (me-
do meio ambiente, depositando no solo elementos químicos nos denso), provocando uma alteração na temperatura. Outro
estranhos, prejudiciais às formas de vida microbiológica e sua agravante da inversão térmica é que a camada de ar fria fica
colaboração em relação às interações ecológicas regulares. retida nas regiões próximas à superfície terrestre com uma
As principais causas da poluição do solo são: o acúmulo de grande concentração de poluentes. Sendo assim, a dispersão
lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal, e de desses poluentes fica extremamente prejudicada, formando
produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas. uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos pelas
O vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se indústrias, automóveis, etc.
decompor, enquanto certos tipos de plástico, impermeáveis Esse fenômeno se intensifica durante o inverno, pois nes-
ao processo de biodegradação promovido pelos micro-orga- sa época do ano, em virtude da perda de calor, o ar próximo à
nismos, levam milhões de anos para se desintegrarem. Assim, superfície fica mais frio que o da camada superior, influencian-
o material sólido do lixo demora muito tempo para desapa- do diretamente na sua movimentação. O índice pluviométrico
recer no ambiente. As soluções usadas para reduzir o acú- (chuvas) também é menor durante o inverno, fato que dificul-
mulo de lixo, como a incineração e a deposição em aterros, ta a dispersão dos gases poluentes. É importante ressaltar que
também têm efeito poluidor, pois emitem fumaça tóxica, no a inversão térmica é um fenômeno natural, sendo registrada
primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se infiltram em áreas rurais e com baixo grau de industrialização.
no solo e contaminam os lençóis de água.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

No entanto, sua intensificação e seus efeitos nocivos se Os recursos energéticos podem também ser classifica-
devem ao lançamento de poluentes na atmosfera, o que é dos em renováveis e não renováveis.
muito comum nas grandes cidades. Doenças respiratórias, ir- O sol, o vento, as ondas do mar, a água dos rios, as
ritação nos olhos e intoxicações são algumas das consequên- marés, a biomassa e o calor da Terra são fontes de energia
cias da concentração de poluentes na camada de ar próxima renováveis.
ao solo. Entre as possíveis medidas para minimizar os danos Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural)
gerados pela inversão térmica estão a utilização de biocom- e a energia nuclear (urânio) são recursos energéticos não
bustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queimadas e renováveis, isto é, a sua velocidade de formação é inferior à
políticas ambientais mais eficazes. velocidade de consumo.
Se a utilização destes combustíveis continuar a ser feita como
Moradias até agora, alguns deles estarão esgotados dentro em breve.
As moradias precárias, como as favelas, são acompanha-    
das pela ausência de infraestrutura. Para o crescimento de Recursos energéticos não renováveis
qualquer cidade se faz necessária a expansão de todo serviço  Os recursos energético da Terra  não são infinitos e, por
público, como distribuição de água, rede de esgoto, energia outro lado diz-se que não são renováveis: a sua formação,
elétrica, pavimentação, entre outros. As áreas urbanas onde no decorrer de uma história geológica, foi tão lenta que não
vivem as famílias pobres, geralmente, são desprovidas de es- tem comparação possível com o ritmo em que estão a ser ex-
colas, postos de saúde, policiamento e demais infraestrutu- plorados e consumidos. Cerca de 80% da energia consumida
ras. Em geral, favelas e demais bairros marginalizados surgem em 1985 foi obtida a partir do petróleo, carvão e gás natural.
de modo gradativo em áreas de terceiros, especialmente do O aumento da utilização dos recursos energéticos refle-
governo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e te a evolução técnica (desde a máquina a vapor ao micro-
Estatística), os oito municípios detentores do maior número circuito), assim como o crescimento da população humana.
de favelas são: São Paulo, com 612; Rio de Janeiro, com 513; O rápido aumento do consumo do petróleo depois da
Fortaleza, 157; Guarulhos, 136; Curitiba, 122; Campinas, 117; Segunda Guerra Mundial, por exemplo, é indicativo do de-
Belo Horizonte, 101; e Osasco, 101. senvolvimento da indústria e dos transportes.
No início do século XX existiam no Rio de Janeiro e, pos- O máximo consumo relativo de carvão teve lugar por vol-
teriormente, em São Paulo os cortiços, habitações que abri- ta de 1920; o petróleo atingiu o seu consumo máximo relativo
gavam várias pessoas, os quais eram constituídos por muitos no princípio dos anos setenta, com pouco mais de 40%.
cômodos alugados. Os cortiços eram velhas mansões que se Espera-se que o gás natural, menos poluente, aumente
localizam próximas ao centro da cidade. Hoje, a alternativa de a sua contribuição para o consumo total de energia.
moradia para as pessoas carentes é a ocupação de terrenos Eis alguns recursos energéticos não renováveis e como
periféricos de grandes cidades, onde o valor é baixo. Isso é são utilizados:
provocado pelo fato dos moradores possuírem pequeno po- - O carvão foi a energia utilizada na primeira fase da
der aquisitivo, desse modo, não podem pagar um aluguel em Revolução Industrial, mas constitui, ainda hoje, um recurso
um bairro estruturado e muito menos adquirir uma casa ou energético muito importante, nomeadamente na produção
apartamento nele. Além disso, nas grandes cidades os imó- de energia eléctrica e aço.
veis têm alcançado valores extremamente elevados, distantes - O petróleo é um recurso não renovável resultante da
da realidade de grande parte da população. transformação da matéria orgânica, constituindo atualmen-
Naturalmente, a configuração das grandes cidades brasi- te a fonte de energia mais utilizada e a base da atual socie-
leiras é excludente, tendo em vista que marginaliza um grupo dade industrial. A sua utilização é fundamental na produ-
social desfavorecido, enquanto em algumas periferias for- ção de energia elétrica, combustíveis para os transportes e
mam-se bairros dotados de luxo, os condomínios fechados máquinas industriais, e ainda como matéria-prima para um
- que se constituem como verdadeiros guetos. Abaixo, resul- conjunto diversificado de produtos (plástico, por exemplo).
tado de uma nação capitalista. Esta fonte de energia substitui historicamente o carvão.
- O gás natural em conjunto com os dois recursos ener-
Recursos Energéticos géticos atrás referidos constituem, atualmente, as principais
fontes de energia doméstica e industrial.
Recursos energéticos - A energia nuclear apesar de ter sido recebida com
 Até meados do século XIX, a sociedade humana utilizava muito intusiasmo, devido ao seu potencial energético e
ainda pequenas quantidades de energia nos seus gastos. A baixo custo, tem sido progressivamente abandonada em
força muscular dos animais e do próprio Homem, associada consequência impasses e problemas relacionados com os
ao uso da alavanca, da roda e da roldana, eram suficientes resíduos agravados após o acidente de Chernobyl.
para fazer face às necessidades de então. Posteriormente des-
cobriram-se os combustíveis fósseis. Primeiro o carvão, de- Petróleo
pois o petróleo e finalmente o gás natural. Estas fontes de  O petróleo é um elemento indispensável à vida moder-
energia revolucionaram a sociedade. Foi possível ao Homem na. É a partir dele que se produzem os combustíveis que acio-
empregar e consumir grandes quantidades de energia, e esta nam os automóveis, caminhões, comboios, barcos e aviões
foi considerada sinônimo de progresso. Só mais tarde, em que existem na Terra. As centrais queimam combustíveis de-
1973, os países se aperceberam de que estava a basear o seu rivados do petróleo para produzir grande parte da eletrici-
desenvolvimento, essencialmente numa fonte de energia não dade de que o mundo precisa e muitas casas têm caldeiras
renovável – o petróleo. a petróleo para aquecimento interno. O petróleo é também

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GEOGRAFIA DO BRASIL

essencial para fabricação de plásticos, têxteis e outros pro- Gás natural


dutos. Para obter este líquido negro e espesso que existe no O gás natural começou a ser encontrado, na segunda
subsolo abaixo do leito do mar fazem-se furos ou poços pro- metade do século XIX, em muitos poços de petróleo dos Es-
fundos. Ao petróleo assim extraído chama-se petróleo bruto tados Unidos da América. Não tinha qualquer utilização, sen-
ou cru. Dele se obtém uma diversidade de produtos químicos do queimado à saída dos poços. Considerava-se, nessa altura,
e vários tipos de óleos, como o óleo lubrificante. que só ajudava o petróleo a subir em virtude da pressão que
O petróleo bruto, vindo de um depósito, e uma mistura sobre ele exercia.
de produtos químicos e diversos tipos de óleos que é de- O gás natural em Portugal, embora seja ainda quase des-
pois aquecido numa refinaria. Por este processo, separam- conhecido, prepara-se para fazer para do dia a dia de 2 mi-
se os diversos produtos do petróleo, como a gasolina, óleos lhões de consumidores domésticos 4 a 5 mil fábricas e 80 a
vários, combustíveis e lubrificantes, produtos químicos e 100 mil estabelecimentos comerciais portugueses.
ainda o alcatrão para fazer estradas. O gás virá liquefeito e por via marítima provavelmente
da Argélia, o quarto maior produtor mundial em 1989. Nesse
Onde se encontra o petróleo? ano, três maiores produtores foram a União Soviética, os Esta-
Pode encontrar-se petróleo em muitos locais, desde o Médio dos Unidos e a Holanda.
Oriente ao Ártico, mas todos eles foram há muito tempo cobertos O terminal de desembarque do gás vai ficar na península
pelo mar. Houve plantas pequenas que ficaram no leito do mar da Matrena, no estuário do Sado. Para esta opção foi tida em
e foram cobertas por lamas. Essas lamas transformaram-se em conta a profundidade das águas, a acessibilidade, a natureza
camadas rochosas. O calor das rochas aqueceu as plantas duran- geológica dos Fundos marinhos, as questões de segurança, a
te milhões de anos e transformou-as em petróleo e gás natural. densidade de tráfego e a distância a que se encontram dos
centros populacionais.
O carvão A rede de distribuição de gás natural terá, na sua fase
 O carvão é fundamentalmente, constituído por carbo- inicial, uma extensão de condutas no total aproximado de
no e tem a sua origem em florestas que foram soterradas 5580 km: 380 km de rede base e cerca de 5200 km de redes
em épocas remotas. Os carvões tem poder calorífico dife-
regionais. Embora represte menos de um quarto do território
rente, isto é, ao serem queimados, uns fornecem mais calor
nacional (23%), a área escolhida abrange 64% da população e
do que outros como já foi referido anteriormente.
85% das unidades de indústria transformadora.
Próximo do Rio Maior existe um jazigo de carvão de bai-
xo poder calorífico (o lenhito), com cerca de 33 milhões de
Energia Nuclear
toneladas, o que constitui a maior reserva energética existen-
te em Portugal. Em Portugal das várias minas de carvão que A energia elétrica gerada por usinas nucleares baseia-se
já estiveram em atividade, só se mantém em exploração a na fissão (quebra, divisão)do átomo. As matérias primas ne-
mina do Couto Mineiro do Pejão, junto ao Rio Douro. cessárias a esse processo são o urânio ou tório, dois minérios
Nesta mina são exploradas, anualmente, 200 mil tone- radioativos.
ladas, que se destinam à Central Termoelétrica da Tapada A fissão nuclear consiste no seguinte: os átomos do urâ-
do Outeiro, situada nas margens norte do Rio Douro. O car- nio-235, por exemplo, são “bombardeados” por neutrons; seus
vão foi uma das fontes energéticas mais importantes do sé- núcleos se fragmentam liberando enorme quantidade de ener-
culo passado. Depois da Segunda Guerra Mundial, e mesmo gia. Essa fragmentação do núcleo do átomo atingido, por sua
anteriormente, foi substituído pelo petróleo. vez, dá origem a outros nêutrons, que vão bombardear os áto-
O carvão tornou possível a Revolução Industrial que mos vizinhos e assim sucessivamente, uma reação em cadeia.
teve lugar no século XIX. Nessa altura foram utilizados: Esse processo, essa reação em cadeia, tem de ser reali-
• Na indústria zado de forma controlada, em condições de segurança ab-
- em máquinas a vapor para gerar força motriz; soluta, pois sua expansão desordenada pode causar terríveis
- em fornos e caldeiras como combustíveis; catástrofes. O local apropriado onde ocorre essa fissão nu-
- na obtenção de produtos químicos; clear controlada chama-se reator nuclear, peça fundamental
- no fabrico do coque para a produção de ferro e aço. de uma usina nuclear.
• Nos transportes Essa fissão nuclear provocado no reator da usina produz
- em locomotivas e barcos a vapor. enormes quantidades de calor; esse calor por sua vez, será
• Nas habitações utilizado para aquecer certa quantidade de água transfor-
- no aquecimento das casas, cozinhas e produção de mando-a em vapor, a pressão desse vapor faz girar uma tur-
gás de cidade. bina que irá acionar um gerador; este gerador converterá a
• Escritórios e cidade. energia mecânica, proveniente da turbina, em energia elétrica.
O urânio é um elemento encontrado na natureza, no in-
Lojas terior das rochas. Nesse estado bruto, ele é quase todo urânio
Devido aos grandes aumentos de preços e às perturba- –238 (99,3%) e somente uma parte muito pequena (0,7%0) é
ções no abastecimento de petróleo, que têm ocorrido nos de urânio 235.
últimos anos, o carvão tende a ocupar a posição que já teve Ocorre que, em alguns tipos de reatores nucleares, como
como fonte energética. Como a quase totalidade do carvão os que foram instalados no Brasil, o combustível utilizado tem
que consumimos na produção de eletricidade é importado, de ser o urânio-235, é necessário aumentar a porcentagem de
haverá necessidade de poupar, sobretudo através da racio- urânio –235 a fim de poder utilizá-lo como combustível. Esse
nalização do consumo de eletricidade. processo chama-se enriquecimento do urânio.

31
GEOGRAFIA DO BRASIL

Um dos grandes problemas ambientais ocasionados tivo natural. Das 120 000 pessoas que sofreram o maior im-
pelas usinas nucleares é o lixo atômico. Trata-se dos resí- pacto, 17 000 morreriam naturalmente de cancro, ao longo
duos que decorrem do funcionamento normal do reator: do seu tempo médio de vida (70 anos). Preve-se que haja
elemento radioativo que “sobram” e que não podem ser nessa população cerca de 400 cancros a mais em virtude do
reutilizados ou que ficaram radioativo devido ao fato de en- acidente (um aumento de pouco mais de 2%). Claro que,
trarem em contato, de alguma forma, com o reator nuclear. populações que vivem mais longe também foram atingidas,
Para ter uma idéia, uma usina nuclear produz por ano, em embora com doses de radiação bastante menores.
média, um volume de lixo atômico da ordem de 3m3. Um perigo particular das radiações ionizantes, para
Normalmente se coloca esse lixo atômico em grossas além dos malefícios imediatos no organismo, reside na
caixas de concretos e outros materiais para em seguida jogá eventual alteração dos próprios genes dos seres vivos, que
-los no mar ou enterrados em locais especiais. As condições contém a informação transmitida de pais para filhos, cau-
de armazenamento desse lixo são preocupantes, pois essas sando o nascimento de novas gerações com defeitos. Esse
caixas podem se desgastar com o tempo e abrir contami- perigo é bastante menor do que por vezes é referido. Com
nando assim o meio ambiente. base na análise das populações japonesas afetadas pela ra-
  diação das duas bombas que terminaram a Segunda Guerra
O acidente nuclear de Chernobyl Mundial, sabe-se que os defeitos genéticos devidos à radia-
 Apesar da probabilidade de um acidente grave numa ção são bastante raros. Os genes têm uma grande capaci-
central nuclear ser pequena, os efeitos de um acontecimen- dade de reparação e o próprio processo de reprodução do
to desse tipo pode ser desastroso. Se houver uma explo- ser humano só é bem sucedido se não houver problemas
são numa central, são lançadas para as ambientes grandes graves no embrião. Na população de Chernobyl referida es-
quantidades de isótopos radioativos. O efeito da radiação peram-se cerca de 60 casos de defeitos genéticos (menos
pode perdurar por muitos anos, enquanto decaem os isóto- de 1 % de aumento em relação aos defeitos genéticos que
pos radioativos de maior semi-vida. ocorrem naturalmente).
O maior acidente nuclear deu-se na central de Cher-  
nobyl, na Ucrânia (antiga União Soviética), em 26 de Abril Recursos energéticos renováveis
de 1986. Nessa central, o material moderador da reação  Os recursos energéticos renováveis são naturais como
era a grafite, tal como no primeiro reator nuclear de 1943. a energia radiante do sol, a energia cinética dos ventos, a
Esse tipo de tecnologia já estava desatualizado em 1986. energia da água, da biomassa, das ondas, do gradiente tér-
Por outro lado, a construção não obedecia às normas de mico dos oceanos e a energia das marés, que são natural-
seguranças necessárias. Numa série de testes de controlo mente reabastecidos.
da atividade do reactor, ocorreu um conjunto de erros hu- Mesmo o carvão vegetal, obtido pela pirólise ou carbo-
manos que conduziram a um aumento súbito da reacção e nização, é produto resultante da madeira, fonte energética
a uma explosão (muito menor, no entanto, do que a explo- natural. Em 2008, cerca de 20% do consumo mundial de
são de uma bomba nuclear, onde o urânio radioativo está energia final veio de fontes renováveis, com 13% provenien-
em maior percentagem). No acidente morreram 31 pessoas, tes da tradicional biomassa, que é usada principalmente
entre bombeiros e operários da central que combatiam o para aquecimento e 3,2% a partir da hidroeletricidade.
incêndio, em virtude das elevadas doses radioativas que re- Novas energias renováveis (PCHs, biomassa, eólica, so-
ceberam. lar, geotérmica e de biocombustíveis) representaram outros
Em consequência deste acidente, foram espalhados 2,7%. Esse percentual está crescendo muito rapidamente. A
pela zona e arrastados para mais longe isótopos radioativos porcentagem das energias renováveis na geração de eletri-
que aparecem no processo de cisão, como o iodo 131 e o cidade é de 18%, com 15% da eletricidade global vindo de
césio 137. Esse material espalhou-se, devido às condições hidroelétricas e 3% de novas energias renováveis. As fontes
meteorológicas, principalmente pelo Norte e Centro da Eu- renováveis suprirão 80% da energia mundial 45 Apoio em
ropa, provocando um aumento da radiação no ambiente. 2050. A biomassa, a energia eólica e a energia solar serão as
Numa zona com raio de 30 km a volta de Chernobyl que mais contribuirão para essa oferta de energia.
viviam cerca de 120 000 pessoas, que ficaram mais expostas O cenário futuro que emerge para o mundo já é anteci-
à radiação. Foram quase todas evacuadas nos dias seguin- pado, de certa forma, no Brasil: predominância de hidroelé-
tes ao acidente. Hoje, só vivem nessa zona cerca de 1000 tricas na matriz energética; crescente instalação de usinas
pessoas. Algumas delas trabalham em outros reatores da eólicas para produção de eletricidade; amplo uso do etanol
central que continuam a funcionar. O reator que sofreu o como combustível no setor de transportes e a infraestrutura
acidente foi coberto com uma espessa camada de betão, daí decorrente, como os carros flex e os postos de combus-
planeando-se o reforço dessa cobertura. tíveis adaptados para diferentes tipos de tanques de arma-
Quantas pessoas vão ainda morrer a médio ou longo zenamento.
prazo devido a este acidente? Não se sabe ao certo, mas A matriz energética mundial é fortemente dominada
podem fazer-se estimativas com base no que se conhece pelo uso de hidrocarbonetos, o que torna o mercado con-
sobre os efeitos da radiação, nomeadamente o aparecimen- sumidor extremamente vulnerável às variações de preço por
to de cancros. O cancro é uma doença infelizmente bastante qualquer motivo. Para a produção de eletricidade, o carvão
vulgar e não se pode saber se um dado cancro numa pessoa mineral é a principal fonte de transformação energética.
resultou do aumento artificial de radiação ou teve um mo-

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GEOGRAFIA DO BRASIL

No Brasil, a matriz energética total ainda tem muito de Em Portugal, a energia hidráulica tem grande importân-
participação dos hidrocarbonetos. No entanto, nossa matriz cia na produção de eletricidade. Cerca de 6% da quantidade
elétrica conta com uma participação fundamental (80%) da total dos vários tipos de energia de que necessitamos, no
fonte hidrelétrica, considerada limpa e renovável. Dos 20% ano de 1982, foram obtidos a partir da energia hidráulica. 
restantes, temos grande participação da biomassa no sistema Portugal, em 1982, consumiu energia equivalente à que
de cogeração para a produção de eletricidade, com destaque forneciam 10,4 milhões de toneladas de petróleo.
para o setor sucroalcooleiro. Se dividirmos esta quantidade pelo número de portu-
Diante das pressões de movimentos populares mundiais gueses, a que correspondem aproximadamente 1100 Kg de
e líderes de organizações internacionais, os países buscam al- petróleo.
ternativas às fontes energéticas finitas, quase todas responsá- Quando for usar energia, pensa se realmente é neces-
veis pela poluição do planeta e pelo aumento do efeito estufa. sário utilizar. Não desperdice ligando mais luzes do que o
Assim, entram em cena os recursos energéticos renová- necessário, acendendo os aquecedores indevidamente, etc.
veis e busca tecnológica do melhor aproveitamento energé- Imagina o que se podia fabricar com essa energia.
tico das fontes naturais fornecedoras. Temos então a instala- A eletricidade, um invento do homem, para se puder
ção de parques geradores à base de biomassa, energia solar, utilizar nas nossas casas ou nas fábricas.
energia geotérmica, energia eólica, energia das ondas e das
marés, gradientes térmicos, células combustíveis (fuel cells) e Energia geotérmica
a energia do hidrogênio.  Sabemos que, à mediada que se penetra no interior da
A energia solar incidente sobre a superfície da terra é su- Terra, o calor aumenta em média 3º C por cada 100 metros
perior a cerca de 10.000 vezes a demanda bruta de energia de profundidade.
atual da humanidade. Entretanto, sua baixa densidade (ener- Regiões onde haja vulcanismo, gêiseres ou fontes de
gia/área) e sua variação geográfica e temporal representam água quente são provas bem evidentes da espetacular
grandes desafios técnicos para o seu aproveitamento direto energia contida na forma de energia de calor natural no in-
em larga escala. A conversão fotovoltaica é a conversão di- terior do nosso planeta. É esta energia, sob a forma de calor
reta de energia luminosa em eletricidade, por meio do efeito
natural, que constitui a energia geotérmica.
fotovoltaico, objeto principal do presente artigo. A conversão
A aplicação dos fluidos quentes tem utilização diferente
térmica é o aproveitamento direto da energia térmica do sol,
conforme a temperatura a que se encontram. Se a tempera-
seja para utilização imediata (aquecimento de água, proces-
tura é baixa, podem ser usados no aquecimento de edifícios
sos industriais, por exemplo), ou para a geração de eletricida-
e estufas. Se a temperatura é elevada, entre 150º e 300º C,
de por intermédio de um processo termodinâmico (geração
empregam-se na produção de eletricidade.
de vapor, por exemplo).
As primitivas termas romanas constituem, decerto, o
Novas fontes de energia primeiro testemunho da utilização da energia geotérmica
 Face às perspectivas de esgotamento das fontes de ener- como fonte de aquecimento. No entanto, só no século XX é
gia que têm vindo a ser utilizadas, procura-se recorrer a so- que a energia geotérmica ganha posição de relevo no do-
luções alternativas baseadas no aproveitamento de recursos mínio dos recursos energéticos. Em 1977 funcionavam em
renováveis. São exemplos: todo o mundo 17 centrais elétrica geotérmicas.
- Energia hidroelétrica, obtida em centrais instaladas em O problema da energia geotérmica tem merecido, não
barragens. só no território continental, mas principalmente nos Açores,
- Energia solar, utilizada para produzir calor por meio de alguma atenção.
coletores. Os trabalhos e estudos que se vêm efetuado desde
- Energia geotérmica, obtida a partir do calor que pro- 1951 particularmente em S. Miguel têm em vista proporcio-
vém do interior da Terra. nar uma fonte econômica de energia.
- Energia maremotriz, que aproveita a força das ondas
e das marés. Energia Éolica
- Energia eólica, conseguida a partir da força do vento.   A energia eólica é a energia obtida pelo movimento
- Bioenergia, resultante da fermentação ou da destilação do ar (vento) e não se tem registro de sua descoberta, mas
de resíduos orgânicos. estima-se que foi há milhares e milhares de anos. A energia
  dos ventos é uma abundante fonte de energia renovável,
Energia hidroelétrica limpa e disponível em todos os lugares. A utilização desta
 Desde tempos muito antigos que o homem aproveitava fonte energética para a geração de eletricidade, em escala
a energia da água para mover máquinas. Os moinhos de água comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e através de
são o exemplo mais característico. conhecimentos da indústria aeronáutica os equipamentos
A energia da água também se utiliza para produzir eletri- para geração eólica evoluíram rapidamente em termos de
cidade. A eletricidade é produzida nas centrais elétricas, que ideias e conceitos preliminares para produtos de alta tec-
são instalações onde existem grandes geradores de energia nologia. No início da década de 70, com a crise mundial
produzida pelo movimento da água; nas segundas é utilizado do petróleo, houve um grande interesse de países euro-
o calor obtido pela queima de um combustível, pela desin- peus e dos Estados Unidos em desenvolver equipamentos
tegração de núcleos de materiais radioativos ou pelos raios para produção de eletricidade que ajudassem a diminuir a
solares. dependência do petróleo e carvão. Mais de 50.000 novos

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GEOGRAFIA DO BRASIL

empregos foram criados e uma sólida indústria de com- - o aquecimento solar de casas, edifícios;
ponentes e equipamentos foi desenvolvida. Atualmente, a - coletores solares de espelhos, que podem aquecer a
indústria de turbinas eólicas vem acumulando crescimentos água como nas caldeiras, para produzir energia elétrica, as cé-
anuais acima de 30% e movimentando cerca de 2 bilhões de lulas solares que permitem a conversão direta da energia solar
dólares em vendas por ano (1999). em energia elétrica, como já existem em postos telefônicos,
Existem, atualmente, mais de 30.000 turbinas eólicas em locais isolados, automóveis de teste, satélites artificiais etc...
de grande porte em operação no mundo, com capacidade Um típico veículo para circular pelos congestionamentos
instalada da ordem de 13.500 MW. No âmbito do Comitê das cidades grandes é o SCV-0, construído por uma empresa
Internacional de Mudanças Climáticas, está sendo projetada japonesa. É um carro elétrico movido a bateria, ela transforma
a instalação de 30.000 MW, por volta do ano 2030, poden- luz do sol em eletricidade, e podem recarregar as baterias do
do tal projeção ser estendida em função da perspectiva de carro enquanto ele anda. Em dia ensolarado sua autonomia
venda dos “Certificados de Carbono”. pode chegar a 160 km, sua velocidade máxima é de 65 km/h,
Na Dinamarca, a contribuição da energia eólica é de adequada para um pequeno carro de uso urbano, e tem lugar
12% da energia elétrica total produzida; no norte da Ale- para somente duas pessoas.
manha (região de Schleswig Holstein) a contribuição eólica  
já passou de 16%; e a União Europeia tem como meta gerar Biomassa
10% de toda eletricidade a partir do vento até 2030. A utilização de biomassa para a produção de energia elé-
No Brasil, embora o aproveitamento dos recursos eó- trica tem vido a aumentar ao longo dos últimos dez anos. Na
licos tenha sido feito tradicionalmente com a utilização de Europa, cerca de 2% do consumo total de energia elétrica pro-
cataventos multipás para bombeamento d’água, algumas vém da biomassa. Até ao ano 2020, a produção de energia elé-
medidas precisas de vento, realizadas recentemente em di- trica através de biomassa assegurará 15% do total consumido.
versos pontos do território nacional, indicam a existência de Principalmente em áreas rurais a utilização da biomassa é, por
um imenso potencial eólico ainda não explorado. vezes, a forma mais barata de produzir eletricidade.
Grande atenção tem sido dirigida para o Estado do Atualmente, a maioria dos sistemas que estão sendo utili-
Ceará por este ter sido um dos primeiros locais a realizar um zados para a produção de energia elétrica a partir de biomas-
programa de levantamento do potencial eólico através de sa, tem baixa eficiência, como consequência das características
medidas de vento com modernos anemógrafos computa- do combustível bem como da pequena dimensão das centrais
dorizados. Entretanto, não foi apenas na costa do Nordeste de produção. No entanto, num futuro próximo, com as tecno-
que áreas de grande potencial eólico foram identificadas. logias que se vão descobrindo, prevê-se que a biomassa seja
Em Minas Gerais, por exemplo, uma central eólica está em mais e melhor aproveitada e em custos mais baixos.  Os gasifi-
funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais de cadores de biomassa são alguns métodos para a obtenção de
1000 km da costa) com excelentes condições de vento. energia a partir da biomassa. Aquecem a biomassa num am-
A capacidade instalada no Brasil é de 20,3 MW, com biente com pouco oxigênio até que a biomassa se separe nos
turbinas eólicas de médios e grandes portes conectadas à seus componentes químicos. Para isto é preciso o fornecimen-
rede elétrica. Além disso, existem dezenas de turbinas eó- to de calor de forma a permitir que as moléculas se separem.
licas de pequeno porte funcionando em locais isolados da Dos vários sistemas que podem ser utilizados há três que são
rede convencional para aplicações diversas - bombeamen- considerados mais eficientes pela capacidade calorífica que
to, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrifi- conseguem produzir quando utilizados com turbinas gerado-
cação rural. ras a gás. Estes gasificadores são utilizados tanto em queima
  direta, em que o ar ou oxigênio são alimentados diretamente
Energia Solar ao gasificador, como em queima indireta em que é utilizado
 Utilizadas a princípio nos satélites, as células de energia calor de uma fonte externa para gasificar a biomassa.
fotovoltaica desceram a terra e fazem a luz do dia virar ele- Os gasificadores de leito fixo e fluidizado parecem ser os
tricidade. A técnica de usar pequenas lâminas para captar indicados para sistemas de produção de energia a partir de
a luz do sol e gerar eletricidade foi lentamente saindo dos biomassa. O oxidante para o processo de gasificação pode ser
laboratórios até chegar à aplicação prática. Hoje a forma o ar atmosférico ou oxigênio puro. Os sistemas que utilizam
mais barata se encontra nos relógios e calculadoras sola- oxigênio puro permitem produzir um gás de maior capacida-
res. A energia fotovoltaica é bem diferente da energia solar de calorífica sendo também a sua produção mais rápida, no
termal, que já existe até em residências onde o calor do sol entanto, os custos de produção aumentam devido à necessi-
é usado para aquecer a água. A conversão da luz em eletri- dade de oxigênio puro. Atualmente o equipamento preferido
cidade é feita pelas células fotovoltaicas. A energia solar é é o gasificador alimentado com ar, que produz um gás diluído
ainda mais cara do que o petróleo. com azoto atmosférico. Quanto ao fornecimento de calor ao
Para terra, o sol é a fonte de energia mais abundante, gasificador existem duas opções. Num gasificador de aqueci-
podemos dizer que praticamente todas outras formas de mento direto o calor necessário à gasificação provém da com-
energia derivam da energia solar.  Por isso a humanidade bustão no reator do próprio gasificador. Num gasificador de
esta fazendo grandes esforços para doma lá, através de vá- queima indireta, o calor é fornecido fazendo reciclar o material
rios processos como: inerte da combustão (aquecido) para dentro do gasificado. 

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Neste tipo de queima existe mais uniformização den- vegetais tipicamente tropicais até aqueles próprios de áreas
tro do gasificador permitindo uma melhor transferência de temperadas, como é o caso do trigo, que é o mais cultiva-
massa e calor que, por sua vez, permitem uma maior unifor- do no Centro-Sul do País. Devido ao predomínio de climas
midade de temperaturas, uma melhor mistura do combustí- tropicais, é natural que nossa agricultura seja baseada no
vel e reações mais rápidas, logo maior produção de energia. cultivo de vegetais típicos desse clima, como é o caso do
café, da cana-de-açúcar, do cacau, do algodão e outros.
Agricultura Brasileira
Solo
As atividades econômicas agrárias, também denomi- A camada superficial da litosfera, formada por rocha
nadas primárias, são aquelas próprias do campo, do meio decomposta, e onde há vida microbiana, é o que definimos
rural: a agricultura, a pecuária e o extrativismo. Elas estão como solo. As transformações físico-químicas criam aí con-
voltadas para a produção de alimentos ou de matérias-pri- dições favoráveis a nutrição e desenvolvimento das plantas
mas a serem transformadas pela atividade secundária - a e espécies vegetais de modo geral. Seu processo de forma-
indústria. ção é denominado pedogênese, sendo lento e complexo,
dependendo da rocha matriz, do clima, das características
A importância da agricultura no Brasil do relevo e da matéria orgânica presente.
A agropecuária no Brasil emprega mais de 25% da mão A espessura do solo varia e ele tem ciclo evolutivo: há
de obra do país - ou seja, da PEA (população economica- solos jovens, maduros e senis. Uma vez degradados, é difí-
mente ativa). Porém, mesmo empregando cerca de 25% dos cil recuperá-los. Devido à diversidade de nossa geologia e
trabalhadores, a agropecuária é responsável por apenas 9% condições climáticas, o Brasil possui vários tipos de solos
do PIB (produto interno bruto) do país. agrícolas, considerados, de modo geral, muito ácidos e frá-
Por outro lado, a agricultura é responsável por cerca de geis, ao contrário do refrão comumente utilizado deque no
25% da renda das exportações nacionais. A importância da Brasil “se plantando tudo dá”. Sendo assim, para que sejam
agricultura brasileira é observada sob diferentes aspectos: utilizados de forma eficiente, os solos brasileiros têm que
- Abastecer uma população urbana que cresce em rit- ser corrigidos de maneira correta quanto à acidez ou com-
mo acelerado; posição química.
- Gerar excedentes para exportação.
Dos 8,5 milhões de km2 que o país possui apenas 44% - Massapê ou Massapé: solo escuro e resultante da
são explorados com atividades agropecuárias. composição do ganisse e do calcário. É um solo de elevada
As áreas com lavouras (temporárias e permanentes) fertilidade natural, encontrado na Zona da Mata Nordesti-
abrangem cerca de 475.000 km2, o que corresponde a na, onde, desde o período Colonial, é utilizado para o plan-
aproximadamente 5% da área total do país. tio da cana-de-açúcar.
O subaproveitamento do espaço agrícola no país é - Terra Roxa: solo castanho-avermelhado, resultante da
reflexo, entre outros fatores, da ausência histórica de uma decomposição do basalto. É também um solo de elevada
política agrícola adequada. No Brasil, as frágeis políticas fertilidade, de origem vulcânica, encontrado no Planalto
agrícolas adotadas nos últimos governos acabaram por Meridional e utilizado para diversos cultivos, com destaque
determinar que vastos espaços agricultáveis fossem trans- para o café.
formados em um instrumento especulativo financeiro: mais - Solo de Várzea: trata-se de um solo fertilizado pelo
valia deixar a terra valorizar do que explorá-la. acúmulo de matéria orgânica e húmus trazido pelo rio mar-
Ao mesmo tempo, em um país tão rico em terras culti- geado por ele. No entanto, devido às inundações constan-
váveis, uma porção considerável da população ainda passa tes, restringe seu uso a alguns produtos, tais como o arroz.
fome; o Brasil frequentemente importa alimentos. Impor- - Salmourão: solo argiloso, geralmente formado pela
tamos vários produtos, entre eles o de maior valor, o trigo. decomposição do granito em climas úmidos. Apresenta al-
Plantar custa caro e envolve riscos. Por décadas, os in- guma fertilidade e é encontrado no Planalto Atlântico e no
centivos à agricultura foram setoriais, privilegiando, sobre- Centro-Sul do País.
tudo, as produções voltadas para o mercado externo. Esses
sectores agrícolas se modernizaram. Problemas dos Solos
Infelizmente, no Brasil persiste ainda a baixa produtivi- Há diversos problemas que afetam os solos brasileiros,
dade, o subemprego e a pobreza no campo. mas os mais comuns são: erosão, esgotamento, laterização
e lixiviação. Esses provocam graves consequências que de-
Agricultura e os fatores naturais correm das características climáticas (quentes e úmidos) e
das técnicas agrícolas empregadas (rudimentares). Apesar
Clima de limitadas, as medidas atualmente adotadas para com-
Embora a agricultura não dependa unicamente das bater tais problemas são: terraceamentos, curvas de nível,
condições climáticas, a verdade é que elas assumem im- aplicação de adubos, irrigação e reflorestamento. Tais prá-
portância fundamental para a prática agrícola. A existência ticas são mais difundidas nas regiões Sudeste e Sul do País.
de variados tipos climáticos no País (equatorial, tropical, de
altitude, subtropical e semiárido) permite uma boa diversi-
ficação da produção agrícola, podendo-se cultivar desde os

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GEOGRAFIA DO BRASIL

- Erosão e esgotamento dos solos: são provocados, so- mentado, embora a maior parte do território (73%) encontre-
bretudo, pelas características climáticas predominantes no se ocupada por terras não-aproveitadas. Em relação à área
país, isto é, maior concentração das chuvas durante o verão, e total dos estabelecimentos agropecuários, verifica-se que as
também pelo predomínio de técnicas rudimentares de culti- lavouras, pastagens, matas e terras não-aproveitadas ocupam
vo: plantio em encostas de morros, inadequação dos vegetais cerca de 40% das terras brasileiras. Suas terras estão utilizadas
às condições naturais, etc. da seguinte maneira: áreas de lavouras, pastagens, matas e
- Laterização: processo característico das regiões inter- terras não-aproveitadas em relação à área total dos estabele-
tropicais de clima úmido e estações chuvosa e seca alterna- cimentos agropecuários.
das. Consiste na remoção da sílica e no enriquecimento dos
solos em óxidos de ferro e alumínio, originando a formação O Uso da Terra
de uma “crosta ferruginosa” capaz de impedir ou dificultar a Há uma correlação entre o tipo de utilização agrária e o
prática agrícola. Esta crosta é conhecida também como “can- tamanho da propriedade. Assim, as grandes propriedades
ga” e aparece em grandes extensões dos chapadões do Cen- dedicam-se, em geral, ao cultivo de produtos voltados para
tro-Oeste e na Amazônia. a exportação (café, cana-de-açúcar, cacau, soja, algodão),
- Lixiviação: é a “lavagem” que ocorre nos solos das re- à pecuária e ao extrativismo vegetal. Já as pequenas pro-
giões tropicais úmidas, quando as chuvas intensas atravessam priedades se caracterizam pelo desenvolvimento de cultivos
os solos de cima para baixo, carregando os elementos nutri- comerciais e de subsistência, como arroz, feijão, milho, man-
tivos superficiais. dioca e produtos hortifrutigranjeiros em geral.

Combate aos problemas do solo Produtividade Agrícola


Existem várias técnicas agrícolas que podem combater O aumento da produção agrícola deve-se:
os problemas dos solos, tais como: o rotação de solos e de - à expansão das fronteiras agrícolas em direção a Ron-
culturas, podendo haver também a associação da agricultura dônia e Mato Grosso;
com a pecuária; - à maior utilização de insumos industriais, apesar do
- adubação adequada; seu alto custo para os agricultores;
- terraceamento; - às altas cotações de alguns produtos no mercado na-
- curvas de nível; cional e internacional, como o café, alaranja, o algodão, o
- reflorestamento; arroz, a cebola e outros;
- irrigação adequada. - à expansão da mecanização, principalmente em lavou-
ras comerciais como a da soja e do trigo no Centro-Oeste e
Os efeitos do uso do solo no Sul do País. Entretanto, em algumas áreas do Brasil, ainda
Preservar árvores é um bom método para a conservação são registradas baixas taxas de produtividade, o que pode
do solo. A prática primitiva da queimada e o uso irracional do ser explicado por vários motivos:
espaço agrícola são destrutivos. Não é recomendável que a - uso inadequado e insuficiente de adubos, fertilizantes
floresta seja substituída por campo ou por cultivo dos produ- e defensivos agrícolas;
tos, porém, no Brasil, uma prática desenvolvida por técnicas - crédito rural voltado, sobretudo para os grandes pro-
agrícolas consiste em aproveitar os restos vegetais da própria prietários do Sudoeste e do Sul;
mata para “forrar” o solo e plantar, como técnica de sombrea- - baixa mecanização;
mento, espécies de produtos entre as árvores nativas. É um - escassez de pesquisas agronômicas básicas;
sistema do tipo “corredor” com racionalização de cultivo mó- - baixas rendas e más condições de vida do trabalhador
vel e a ideia é manter a capacidade produtiva do solo. A subs- rural. O Governo, por meio de vários programas específicos
tituição gradual de árvores não produtivas por árvores co- e de órgãos como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pes-
merciais é um outro método de conservação, mas este pode quisa Agropecuária), pretende aumentar a produtividade
trazer o perigo das monoculturas, ao menos que o processo agrícola. Para isso, aponta as seguintes metas:
de substituição seja limitado a determinadas proporções. Os - estímulo às pesquisas em Engenharia Rural;
efeitos destrutivos das enchentes, por outro lado, e os benefí- - aumento da assistência técnica, sobretudo aos peque-
cios da água e dos minerais dissolvidos, difundem-se em uma nos proprietários;
extensa área pelos sistemas de irrigação. Em muitas regiões, - desenvolvimento de novas técnicas de plantio, colhei-
as medidas para irrigar o solo precisam ser combinadas com a ta, seleção de sementes, etc.;
drenagem do mesmo, no caso de excesso de água. - aumento do crédito rural;
- estímulo à formação de cooperativas;
Principais problemas da agricultura - criação do Pro várzeas e do Projeto Cerrado. O Pro vár-
- Subaproveitamento do Espaço Agrícola zeas Nacional é um programa agrícola criado em junho de
O Brasil apresenta subaproveitamento de suas terras agrí- 1981, que pretende utilizar as terras férteis das várzeas e, por
colas, já que, apesar de possuir 8.547.403 km2, ocupa apenas meio de irrigação, obter maior produtividade. O programa
cerca de 580.000 km2 com lavouras e 1.750.000 km2 com baseia-se na existência de pelo menos 3 milhões de hectares
pastagens. de várzeas irrigáveis, ainda sem qualquer aproveitamento.
- Áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não apro- Grande parte dessa área está na bacia do rio Solimões (Ama-
veitadas em relação à área total do território. Nos últimos zônia). O Governo Federal criou, também, o Profir (Programa
anos, a área ocupada pelas atividades agropecuárias tem au- de Financiamento de Equipamentos de Irrigação).

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Armazenamento e Transporte - Módulo rural: área explorável que, em determinada po-


Embora de forma indireta, esses dois fatores estão pro- sição do País, é direta e pessoalmente explorada por um con-
fundamente inseridos em atividades agrícolas. Só para citar junto familiar equivalente a quatro pessoas, correspondendo a
um exemplo, em determinadas regiões, chega-se a perder mil jornadas anuais. A força de trabalho do nível tecnológico
grande parcela de produção agrícola por falta de transporte adotado naquela posição geográfica e, conforme o tipo de
e/ou armazenamento adequado. Tais dificuldades facilitam a exploração considerado proporcione um rendimento capaz
ação dos intermediários e especuladores, diminuindo a lucra- de assegurar-lhe a subsistência no processo social e econô-
tividade do homem do campo e aumentando o custo dos ali- mico. Segundo o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
mentos ao consumidor. Segundo os últimos levantamentos, Reforma Agrária), é o mínimo de terras que uma família de 4
o Brasil é o campeão do desperdício, calculado, em alguns pessoas necessita para sua manutenção. O módulo rural varia
casos, em cerca de 30% da safra. Em valores, estima-se que o conforme o desenvolvimento da região, sendo menor quanto
desperdício alcance 5 bilhões de dólares por ano. maior o desenvolvimento.
- Alqueire: medida agrária que corresponde em GO, MG e - Minifúndio: será todo o imóvel com área explorável infe-
RJ a 48.000 m2 e em SP a 24.000 m2. rior ao módulo rural fixado para a respectiva região e tipos de
- Hectare: unidade de medida agrária equivalente a cem exploração nela ocorrentes.
acres ou ainda a um hectômetro quadrado 10.000 m2. - Latifúndio por dimensão: será todo o imóvel com área
- Pedogênese: processo de formação do solo onde se superior a 600 vezes o módulo rural médio fixado para a res-
percebe a decomposição da rocha original, acúmulo de ma- pectiva região e tipos de exploração nelas ocorrente.
téria orgânica e formação de húmus. - Latifúndio por exploração: será todo o imóvel cuja di-
- Terraceamento: técnica agrícola que se constituiu em mensão não exceda aquela admitida como máxima para em-
aproveitar-se de curvas de nível de degraus (terraços). Típico presa rural, tendo área igual ou superior à dimensão do mó-
da Ásia Oriental. dulo da região, mas que seja mantida inexplorada em relação
- Curva de nível: linha imaginária que une todos os pon- às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com
tos da mesma altitude, acima ou abaixo de uma referência fins especulativos, ou que seja deficiente, ou inadequadamen-
conhecida. O mesmo que curva altimétrica, isópaca. te explorada de modo a vedar-lhe a classificação como em-
presa rural. Atualmente, a estrutura fundiária brasileira tem-se
Estrutura fundiária caracterizado por um parcelamento das propriedades, oque
A expressão “estrutura fundiária” engloba o número e ta- traz como consequência um crescimento do número de lati-
manho das propriedades rurais, segundo as categorias dimen- fúndios:
sionais. Nesse campo, o Brasil enfrenta sérias dificuldades. Nos- - 1960 - 3.337.000 estabelecimentos
sa estrutura fundiária é herança de um passado colonial, com - 1980 - 5.045.000 estabelecimentos Além desse fraciona-
predomínio das grandes propriedades (plantations) voltadas mento verifica-se uma concentração de terras nas mãos dos
para atender às necessidades do mercado externo. Até hoje os latifundiários.
grandes latifúndios são maioria na área rural, geralmente su- - 1960 - 7l. 000.000 ha
baproveitados. Podemos concluir que: a) Os pequenos esta- - 1980 - 164.500.000 há Considerando-se a distribuição
belecimentos predominam em número (50,3%), enquanto sua dos estabelecimentos rurais por região, observam-se diferen-
área é insignificante (2,5%). b) Os grandes estabelecimentos ças significativas.
(mais de 1.000 ha) ocupam quase a metade da área rural (45%),
representando apenas 1,2% das propriedades; ou, simplifican- Região Norte
do: há muita gente com pouca terra e muita terra com pouca Caracteriza-se por possuir o mais baixo índice de área
gente, oque demonstra a concentração fundiária. Note que ocupada por estabelecimentos rurais do Brasil. Além disso,
tanto o minifúndio (pequena propriedade) quanto o latifúndio apresenta o predomínio de grandes propriedades (mais de
são responsáveis por um desperdício de recursos, já que: a) No 1.000 ha). Com relação à utilização do solo, a porcentagem em
latifúndio, nem todo o espaço é aproveitado, havendo, portan- matas incultas é, naturalmente, a mais elevada do País. Esta si-
to, desperdício de terras e capital. No minifúndio, há mão de tuação determina a economia extrativa vegetal, principal ativi-
obra ociosa, pois a terra é escassa. Os pequenos proprietários dade da região. As grandes, médias e pequenas propriedades,
respondem por mais da metade da produção de alimentos do estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: Sudoeste
Brasil, e são os que menos assistência recebe do governo. Os do AM e AC - extrativismo, borracha; Sudoeste do PA - extrati-
conceitos de latifúndio e minifúndio serão definidos em função vismo, castanha-do-pará; Ilha de Marajó e AP - pecuária; Norte
do módulo rural adotado na região gráfica e de seu uso. de TO - pecuária de corte. Médias e pequenas propriedades:
Assim, uma grande propriedade dentro da Amazônia, PA (Zona Bragantina) - pimenta-do-reino, malva, juta, cacau e
embora não aproveitada com alguma atividade, é menos pre- fumo; AM (vale médio do rio Amazonas) - juta; PA, AM e AC, ao
judicial que outra propriedade bem menor e mal aproveitada longo da Transamazônica, agrovilas e culturas diversificadas.
próxima a São Paulo. Por este motivo, surgiu a ideia de módulo
rural (Estatuto da Terra, Lei n° 4.504 de 30/11/64), criado para Região Nordeste
estabelecer uma unidade legal de medida das propriedades, Apresenta o maior número de estabelecimentos agrícolas
onde se leva em conta a independência entre a dimensão, a e o maior consumo de pessoas ocupadas nas atividades agro-
situação geográfica do imóvel e seu aproveitamento. Os con- pecuárias. Predominam as propriedades entre 200 e 2.000 ha.
ceitos de latifúndio e minifúndio são definidos em função do Na utilização da terra, sobressaem-se as pastagens. As princi-
módulo rural adotado na região. pais áreas agrícolas situam-se na faixa costeira oriental. A zona

37
GEOGRAFIA DO BRASIL

do Agreste é ocupada por culturas voltadas para o consumo Terra escassa


urbano, enquanto no Sertão encontra-se a criação de gado O sistema intensivo pode ser caracterizado pela menor
extensiva, ocupação tradicional. As grandes, médias e peque- dependência do agricultor às condições naturais. Quanto
nas propriedades estão assim distribuídas: a) Grandes proprie- menor a dependência, mais intensivo será o sistema agrí-
dades: Sertão - pecuária; Zona da Mata Nordestina - cana-de cola.
-açúcar; MA e PI - extrativismo vegetal; BA (litoral sul) cacau. b) Sistema Extensivo
Pequenas e médias propriedades: Vale do São Francisco - arroz - Desmatamento e coivara.
e cebola; CE (sul-sertão) - algodão; Agreste-algodão, agave. - Esgotamento dos solos.
- Rotação de solos.
Região Centro-Oeste - Pequeno rendimento.
É também uma região com alta proporção de estabeleci- - Produção por trabalhador.
mentos com mais de 10.000 ha, porém predominamos gran- - Terra abundante.
des estabelecimentos entre 1.000 ha e 10.000 ha, dedicados à - Mão de obra escassa e não-qualificada. Dentro do
pecuária. Quanto à utilização da terra, dominam largamente sistema extensivo surge o termo “roça” ou itinerante, onde
as pastagens: esta é a região que apresenta a maior área ocu- as técnicas utilizadas são bastante rudimentares com pouco
pada por estabelecimentos agropecuários no Brasil, apesar ou nenhum adubo, levando a terra ao esgotamento e, pos-
de possuí-los em menor número. É, por excelência, a área de teriormente, ao abandono. No Brasil, o sistema de roça é
criação de gado bovino no Brasil, realizada em sistema ex- largamente encontrado, apresentando como resultado uma
tensivo nos largos chapadões do cerrado e no Pantanal Ma- agricultura de baixos rendimentos e produção irregular.
to-Grossense. As grandes, médias e pequenas propriedades
estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: MT (parte Plantation
norte) - extrativismo vegetal; MS e MT (pantanal) - pecuária; - Predominantemente em áreas tropicais.
GO, MS e MT (áreas dispersas no interior) - pecuária. b) Mé- - Monocultura.
dias e pequenas propriedades: MS (sul, região de Dourados) - Grandes estabelecimentos.
- culturas diversificadas: café, milho e soja; GO (Ceres) - cul- - Capitais abundantes.
turas diversificadas. - Mão de obra numerosa e barata.
- Alto nível tecnológico.
Região Sul - Trabalho assalariado.
Quanto à área ocupada, predominam no Sul as peque- - Aproveitamento agroindustrial da produção.
nas e médias propriedades. Assim como a região Sudeste,
esta região também destina parte de sua produção à indús- Cultivos destinados à exportação.
tria alimentícia, como carnes, milho, soja e outros itens. As
grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distri- 1. Grande rendimento.
buídas: a) Grandes propriedades: PR (norte) - soja e café; PR
(Mata de Araucária) - extrativismo madeira; RS (Campanha O sistema de plantation foi introduzido no Brasil na
Gaúcha) - pecuária; RS e PR - áreas de cultura de trigo. b) época colonial, com o cultivo da cana-de-açúcar. No entan-
Médias e pequenas propriedades: RS, PR e SC (áreas de po- to, até hoje, este sistema é utilizado no cultivo do café, do
voamento europeu) vinhedos, trigo, batata, arroz, milho, etc. cacau, da laranja, da soja e da própria cana.

Sistemas Agrícolas 2. Exploração da Terra


Sistema agrícola é a combinação de técnicas e tradições
utilizadas pelo homem nas suas relações com o meio rural Distinguem-se no Brasil as seguintes modalidades de
para obter os produtos de que necessita. No Brasil são apli- exploração da terra:
cados no campo vários tipos de sistemas agrícolas. O sistema
extensivo é o mais utilizado: apenas em certas áreas, como • Exploração direta: quando é realizada pelo proprietá-
no Sul e Sudeste, são encontradas propriedades utilizando rio da terra;
com mais frequência o sistema intensivo. Também os siste- • Exploração indireta: pode ser por meio de:- arrenda-
mas chamados de roça e plantation são antigos no Brasil e mento - quando a terra é alugada por um certo tempo e
até hoje empregados. Veja abaixo os principais sistemas e preço; - parceria - quando, por meio de contrato, a terra é
suas características. cultivada e a produção é repartida na proporção estipulada
Sistema Intensivo entre as partes. A forma mais comum é a meiação (metade),
- Uso permanente do solo. havendo também outras, como a terça, etc. Nesta modali-
- Rotação de cultivos. dade há também os “posseiros” ou ocupantes, lavradores
- Fertilizantes. sem terras que ocupam uma área para poder plantar. Os as-
- Seleção de sementes. salariados podem ser mensalistas ou diaristas. Deste último
- Seleção de espécies. grupo fazem parte os boias frias.
- Mecanização.
- Grande rendimento. - Reforma Agrária
- Produção elevada por hectare.
- Mão de obra abundante e qualificada.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Principais produtos da agricultura brasileira Cana-de-açúcar


A cana-de-açúcar chegou ao Brasil no século XVI atra-
Café  vés dos portugueses. Inicialmente, este produto era culti-
Quando o café chegou ao Brasil era considerado como vado principalmente na Zona da Mata Nordestina e no Re-
uma planta ornamental. côncavo Baiano.
Em 1860 o café tornou-se definitivamente importante A cana-de-açúcar representa um importante produto
na economia brasileira, ao chegar à região de Campinas, no na economia do Brasil. Em 1930, o cultivo de cana-de-açú-
Estado de São Paulo. A partir deste fato, o café encontrou car atingiu o Estado de São Paulo, que logo se tornou o
condições físicas favoráveis para o seu desenvolvimento, maior produtor brasileiro de cana. O Brasil é considerado
tais como: solo fértil, clima tropical de altitude, planalto on- o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, exportando
dulado. Rapidamente, o café atingiu lotes a oeste do Estado, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Rússia.
e posteriormente ocupou o Norte do PR, Sul de Minas e MS.
O Brasil é considerado o maior produtor mundial de café.

Ultimamente, houve um crescimento do investimento


na mecanização da cultura de cana, pois esta técnica traz
vantagens econômicas e ambientais, porém o número de
Cacau trabalhadores da indústria canavieira deve sofrer uma drás-
O cacau é um produto que nasceu no Brasil, sendo tica redução.
cultivado primeiramente na Amazônia e atingindo o sul da
Bahia, onde encontrou condições favoráveis para o seu de- Soja
senvolvimento, como clima quente e superúmido, solo es- A soja é um produto recente no Brasil, e nas últimas dé-
pesso e fértil. Atualmente, a Bahia tem o cacau como o seu cadas tem se tornado importante na produção agrícola bra-
principal produto agrícola, sendo o maior Estado produtor sileira, e nas exportações. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste
de cacau do país. O Brasil é um dos maiores produtores são as principais produtoras de soja, sendo o Rio Grande do
mundiais de cacau, exportando principalmente para a Ar- Sul o maior produtor brasileiro. O Brasil é o segundo maior
gentina, Estados Unidos, Europa e Japão. produtor mundial de soja, o primeiro é os Estados Unidos.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Milho
O milho é um produto que nasceu na América, e é muito conhecido no mundo todo. No Brasil, a sua cultura está pre-
sente em todos os Estados, sendo o Paraná o principal produtor de milho.
Mundialmente, os Estados Unidos é o maior produtor de milho, seguido da China e do Brasil.

Trigo
É o produto alimentício mais importado pelo Brasil. Em 1993 foram 5,0 milhões de toneladas de trigo importado para
o Brasil, pois o consumo interno foi de 7,2 milhões de toneladas e a produção interna foi de 2,3 milhões de toneladas. No
Brasil, o maior produtor de trigo é o Estado do Paraná, seguido do Rio Grande do Sul.

Arroz
No Brasil encontramos a cultura de arroz em todos os estados, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro,
seguido de Minas Gerais e Goiás. O Brasil é considerado um dos maiores produtores mundiais de arroz.

Algodão
No Brasil, o algodão começou a ser cultivado no período colonial. O Brasil ocupa a 6ª colocação dos maiores produtores
mundiais de algodão, sendo superado pela China, Rússia, EUA, Índia e Paquistão.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Principais produtos agrícolas em dados


- Culturas temporárias de ciclo curto – algodão herbáceo, alho, amendoim, arroz, aveia, batata, cebola, centeio, cevada,
feijão, fumo, juta, milho, rami, soja, sorgo, tomate e trigo.
- Cultura temporária de ciclo longo e culturas permanentes – abacaxi, algodão arbóreo, banana, cacau, café, cana-de
-açúcar, castanha de caju, coco da baía, guaraná, laranja, maçã, mandioca, pimenta do reino, sisal e uva.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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Pecuária Brasileira

A pecuária brasileira coloca-se entre as maiores do mundo, apesar do inúmeros problemas inseridos na criação do gado. Os
baixos níveis culturais, as práticas defeituosas, a inadequação da estrutura fundiária, as grandes distâncias, o baixo nível tecnoló-
gicos, o alto preço dos medicamentos são fatores que pesam no rendimento da pecuária.
Apesar disso, algumas áreas do sudestes e sul apresentam resultados mais positivos e rendimentos maiores. Atualmente,
cerca de 25% do território brasileiro é constituído por pastagens naturais e artificiais. A área ocupada pelas pastagens tem au-
mentado de forma modesta.
As atividades econômicas são desenvolvidas no campo e na cidade. As atividades rurais estão divididas em agricultura e
pecuária. No entanto, às vezes são estudadas de forma unificada: a agropecuária.
Basicamente, pecuária é a domesticação de animais realizada por meio da aplicação de técnicas e que tem como finalidade a
comercialização. Geralmente, a pecuária é vinculada somente à produção bovina, porém esta não é a única, ainda podemos citar
a suinocultura, equinocultura, avicultura, cunicultura, apicultura, piscicultura, ranicultura, entre outras.
As criações têm dois destinos: a subsistência e a comercialização. A pecuária é responsável pela produção de matérias-primas
para a indústria têxtil e de alimentos. Na produção têxtil, são fabricados couros, ossos, chifres, entre outros. Já na indústria de
alimentos, a atividade fornece carne, leite, ovos, etc.
Sem dúvida, a participação da pecuária que mais se destaca é a produção de carne e as criações fornecedoras são as de
suínos, bovinos, bufalinos, ovinos, caprinos e aves. A produção leiteira também é muito importante, o leite é extraído de bovinos,
bufalinos, ovinos e caprinos.
A pecuária pode ser desenvolvida de duas formas básicas: a pecuária intensiva e a pecuária extensiva, as quais se diferenciam
de acordo com o nível de tecnologia empregado na produção. Na pecuária intensiva, os animais recebem cuidados relacionados
à saúde, além de alimentação balanceada e demais cuidados, o que favorece um aumento significativo da produtividade. Já na
pecuária extensiva, os animais são criados soltos em grandes extensões de terra sem receber grandes cuidados, fatores que im-
plicam em uma baixa produtividade.
A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico (Idade da
Pedra Polida), quando o homem teve a necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne e leite.
Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de animais com objetivos eco-
nômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura.
Também conhecida como criação animal, a prática de produzir e reproduzir gado é uma habilidade vital para muitos agri-
cultores.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Através da atividade pecuária, os seres humanos atendem -Zootécnicas: falta de aprimoramento racial; - Alimentos:
à maior parte de suas necessidades de proteínas animais (com deficiência das pastagens (a maior parte é natural) e de rações
uma pequena parte sendo satisfeita pela pesca e pela caça). complementares;
Carne (bovina, bubalina - carne de bufalo, de aves etc), -Sanitário: elevada incidência de doenças infecto-conta-
ovos, leite e mel são os principais produtos alimentares oriun- giosas e precária inspeção sanitária.
dos da atividade pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de Principais áreas de Criação Região Sudeste. Possui o 2º
fibras usados na indústria de vestimentas e calçados. O couro maior rebanho bovino do país distribuídos em M.G., S.P., R.J. e E.S.
também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guzerá),
de automóveis. Alguns povos usam a força animal de bovídeos aparecendo raças européias e mistas, destinadas tanto ao cor-
e eqüídeos para a realização de trabalho. Outros também usam te como a produção de leite.
o esterco seco (fezes secas) como combustível para o preparo EQUINOCULTURA é a parte da zootecnia especial que
de alimentos. A pecuária corresponde a qualquer atividade li- trata da criação de equinos. Normalmente não tem como fi-
gada a criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a nalidade a produção de alimentos, embora esse também seja
criação de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos, um ramo explorável.
etc. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e é destinada Atividade similar à equinocultura (eqüinocultura, no Bra-
a produção de alimentos, tais como, carne, leite, couro, lã, etc. sil) é a eqüideocultura que abrange a criação de asininos
(asnos, burros, jumentos) e de seus híbridos com o cavalo: o
Existem dois tipos de pecuária: bardoto (cavalo com jumenta) e a mula (jumento com égua).
- Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com Os cavalos normalmente são criados para serem vendidos e/
objetivo de produção de carne para o consumo humano. Na ou ensinados e em raros casos são usados para a produção
intensiva, o gado é criado preso ou em pequenos espaços, de alimentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida.
alimentado com ração específica. Neste tipo de criação, a car- CUNICULTURA é a parte da zootecnia especial que trata da
ne produzida é macia e de boa qualidade para o consumo. criação de coelhos. Como atividade pecuária é o conjunto de
Pode ser também pecuária extensiva (o gado é criado solto procedimentos técnicos e práticos necessários à produção de
e alimenta-se de capim ou grama). A carne produzida é dura, carne, pele e pelos de coelhos ou criação do animal em condi-
pois o gado desenvolve uma musculatura rígida. ções especiais para uso como cobaias de laboratório. Tendo de
- Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus deri- gestação, uma coelha, 31 dias até o nascimento dos filhotes.
vados (queijos, iogurtes, manteigas, etc). O Brasil é, mundialmen- APICULTURA é a criação de abelhas para produção de
te, um dos países mais fortes na pecuária. Em termos de quanti- mel e cera e também é a parte da zootecnia especial dedi-
dade de cabeças de gado, nosso país encontra-se na liderança. cada ao estudo e à criação de abelhas para os seguintes fins:
Somos também um dos maiores exportadores de carne de boi e produção de mel, própolis, geléia real, pólen e veneno. Além
frango, sendo que os países asiáticos e europeus são os principais disso, as abelhas são ótimas polinizadoras.
importadores da carne brasileira. Com relação ao leite, os estados PISCICULTURA é uma atividade multidisciplinar que se
de Minas Gerais e São Paulo destacam-se na produção nacional. refere ao cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes,
Atualmente, técnicas de inseminação artificial e clonagem moluscos, crustáceos e plantas aquáticas.
tem sido aplicadas na pecuária, gerando excelentes resultados RANICULTURA refere-se a criação de rãs.
na qualidade e na produção de carne, leite e seus derivados. OVINOCULTURA E CAPRINOCULTURA é a parte da zoo-
tecnia que trata do estudo e da criação de ovelhas, de ovi-
Importância da Pecuária no Brasil nos. Atividade destinada à produção de alimento, na forma
No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária de- de carne e leite, e de outros produtos, tais como lã e pele. Da
sempenhou importante papel no processo de povoamento do ovelha pode ser chamado no masculino por carneiro e quan-
território brasileiro, sobre tudo nas regiões Nordeste (sertão) e do pequeno como cordeiro, anho ou borrego, é um mamífe-
Centro – Oeste, mas também no sul do país (Campanha Gaúcha). ro ruminante bovídeo da sub-família Caprinae, que também
O Rebanho Bovino representa a principal criação do país, inclui a cabra.
e apresenta como características: O Brasil destaca-se por ter uma das maiores pecuárias do
O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualidade, mundo, embora este setor apresente alguns problemas rela-
e, portanto de baixo valor econômico; cionados à criação do gado.
A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa quan- Alguns fatores afetam o rendimento da pecuária brasi-
do comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai. leira, tais como: baixos níveis culturais, práticas defeituosas,
A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos, inadequação da estrutura fundiária, grandes distâncias, baixo
muito elevada em relação a países como Argentina, E.U. A e nível tecnológico, alto preço dos medicamentos.
Inglaterra (cerca de 2 a¬nos) Aproximadamente 25% do território brasileiro é forma-
-O peso médio também é muito baixo ainda, 230 a 240 qui- do por pastagens naturais e artificiais, tal área vem crescendo
los, contra mais de 600 quilos na Argentina, E.U. A e Inglaterra. moderadamente.
Como consequência dos fatores idade e peso, ocorre que O rebanho bovino brasileiro apresenta 161 milhões de
a taxa de desfrute (percentual do rebanho abatido anualmen- cabeças, sendo insuficiente os pastos para alimentá-los.
te) no Brasil é muito baixa, cerca de 15% a 20% contra 30% Mas este problema tem solução, pois as condições climá-
da média mundial e 40% dos E.U. A A pecuária brasileira é ticas brasileiras são favoráveis.
caracterizada pelo baixo valor econômico e pelo mau aprovei- O Brasil possui dois tipos de criação de gado, são elas:
tamento do potencial do rebanho, resultantes principalmente
de deficiências tecnológicas tais como:

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GEOGRAFIA DO BRASIL

1. Intensiva – suas características são:


- áreas limitadas
- rebanhos escassos
- alto rendimento
- aplicação de métodos científicos
- destinada á produção de leite
- proximidade dos grandes centros urbanos
Exemplo: Vale do Paraíba, Sul de Minas Gerais etc.

2. Extensiva – suas características são:


– grandes áreas
– gado criado á solta
– pastagens naturais
– sem aplicação de técnicas adiantadas de criação
– baixo rendimento
– destinada ao corte (carne)
– numero de cabeças por hectares reduzidos

Exemplo: Triângulo Mineiro, Campanha Gaúcha etc.


A pecuária brasileira é em sua maior parte do tipo extensiva, com baixo valor econômico, devido aos inúmeros problemas
que já foram mencionados anteriormente. O rebanho brasileiro é um dos maiores do mundo, ultrapassando as 250 milhões de
cabeças.

Gado Bovino

O rebanho bovino do Brasil apresenta 161 milhões de cabeças, um dos maiores do mundo, embora tenha um baixo rendi-
mento na produção.
Este tipo de gado, mesmo apresentando um baixo rendimento na produção de carne, é o que apresenta melhor resistência
às dificuldades físicas, e à falta de cuidados na criação extensiva.

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Principio Áreas de Criação

Região Sudeste

1995 – apresenta 37 milhões de cabeças, considerado o segundo maior rebanho de gado bovino brasileiro.

- Pecuária de Corte
Este tipo de pecuária concentra-se principalmente em Minas Gerais (23,6 milhões) e em São Paulo (15,4 milhões), sendo
estes os dois principais Estados criadores.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

A pecuária de corte está distribuída da seguinte maneira:


- em São Paulo: Alta Sorocabana (Presidente Prudente) e Alta Noroeste (Araçatuba).
- em Minas Gerais: Triângulo Mineiro, Região de Montes Claros, Médio Jequitinhonha.
- no Espírito Santo: Extremo Norte.

Considerando o regime de exploração, há algumas diferenças entre essas áreas:


- em São Paulo destaca-se a atividade de engorda (invernadas).
- em Minas Gerais destaca-se a produção e comercialização de animais de raça pura, sobretudo reprodutores zebuínos.
- no Espírito Santo destaca-se a atividade de cria e recria de gado.

- Pecuária Leiteira
As principais bacias leiteiras do Brasil estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Região Sudeste). O
principal objetivo desses produtores é abastecer os maiores centros consumidores do Brasil.

O rebanho leiteiro apresenta aproximadamente 8,2 milhões de cabeças, ou seja, de vacas ordenhadas no Sudeste.

A pecuária leiteira está distribuída da seguinte maneira:


- em São Paulo: Vale do Paraíba, Região de São João da Boa Vista, Região de São José do Rio Pardo – Mococa, Região
de Araras – Araraquara.
- no Rio de Janeiro: Vale do Paraíba, Norte Fluminense.
- em Minas Gerais: Sul de Minas Gerais, Zona da Mata Mineira, Bacia leiteira de Belo Horizonte, Alto Parnaíba.

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Região Centro-Oeste

É a maior região em criação de gado bovino, na qual é praticada no sistema extensivo. Apresenta cerca de 55 milhões de
cabeças, distribuídas entre os estados de Goiás, Mato Grosso de Sul e Mato Grosso.
A pecuária é totalmente destinada ao corte.
As áreas produtoras de destaque são: Zona do Pantanal, Sudeste de Goiás, Vale do Paranaíba, sul do Mato Grosso do Sul.
Região Sul

É a região que apresenta o 3º maior rebanho brasileiro, tendo 26,6 milhões de cabeças. O rebanho da região Sul destaca-
se pela sua qualidade, devido às condições físicas favoráveis da região.

As criações de gado são destinadas à produção de leite e ao corte.

As áreas de criação mais importantes são:


- Campanha Gaúcha (RS)
- Campos de Vacaria (RS)
- Campos de Lajes (SC)
- Campos de Guarapuava (PR)

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Região Nordeste
Nesta região, a pecuária é do tipo extensiva, e o rendimento da criação é baixo devido às condições físicas não favoráveis,
prejudicando a produção de carne.

As principais bacias leiteiras estão localizadas no agreste.

As áreas produtoras mais importantes estão distribuídas da seguinte maneira:


- BA – corte e leite
- Sertão do Nordeste – corte
- Batalha – AL – corte

Região Norte
A região Norte apresenta o menor rebanho brasileiro, contando com cerca de 19 milhões de cabeças de bovinos e 1 milhão
de bubalinos.
As principais áreas onde a pecuária é desenvolvida são: Ilha de Marajó, Alto Rio Branco e litoral do Amapá.

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Gado Ovino
No Brasil existem 18,3 milhões de cabeças de ovinos, sendo que a sua criação é destinada especialmente à produção de lã.
O maior rebanho ovino brasileiro está concentrado no Rio Grande do Sul, contando com mais da metade da totalidade do
país, seguido da Bahia que conta com mais de 2 milhões de cabeças, destinas à produção de carne.

Gado Suíno
O Brasil apresenta o 5º maior rebanho suíno mundial. Podemos encontrar criação de gado suíno por todo Brasil, concen-
trando-se principalmente nas regiões Sul, Nordeste e Sudeste.
Diferentemente do gado bovino, que é criado normalmente em grandes propriedades, o gado suíno é criado em pequenas
e médias propriedades.
Os principais estados produtores são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Maranhão.

Pecuária tradicional e moderna


Tradicional:
Está muito associada à agricultura tradicional, pois normalmente os agricultores também praticam pecuária tradicional, os
animais fornecem estrume para a fertilização dos campos, pois ajuda no trabalho agrícola.
Produzem pequenas quantidades de produtos de origem animal, e uma grande variedade de espécies animais, mas em
pequena quantidade porque o objetivo é o auto consumo.

46
GEOGRAFIA DO BRASIL

Moderna: ção de rodovias e ferrovias. O novo código florestal brasilei-


A pecuária moderna é de caráter comercial e possui um ro prevê mais desmatamento, a chamada reserva legal. Essa
elevado grau de intensidade e de especialização. A pecuária questão ainda é tema de discussão no congresso entre rura-
moderna pode ser intensiva e extensiva: listas e ambientalistas.
- A intensiva desenvolve-se mais nos países industrializa- Os criadores e agricultores utilizam a queimada como a
dos, é uma criação de gado em espaços fechados, e têm con- maneira mais barata e rápida para limpar o solo.
dições para manter esta maneira de pecuária (controlo dos A queimada destrói a flora e a fauna e o cerrado está
sanitários, há rações vitamínicas para os animais, há condições desaparecendo com as pastagens e as plantações de soja. A
de temperatura adequada, etc. pecuária e latifúndios são responsáveis pela degradação da
- A extensiva pratica-se na Austrália, EUA, Argentina e no caatinga. Sua fauna está seriamente ameaçada de extinção.
Brasil. Cria-se o gado em grandes espaços cercados, pastando Por ocupar região com poucos recursos hídricos a caa-
em liberdade e utilizando o mínimo de mão-de-obra. tinga é fundamental para a vida da população que dela
sobrevive. Entretanto, os latifundiários além de destruir o
ambiente natural, monopolizam as águas do São Francisco.
Consequência dos impactos ambientais é: desertificação da
4. OS IMPACTOS AMBINTAIS. caatinga, êxodo rural, salinização do solo. Os campos abran-
gem áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Argentina,
Uruguai e Paraguai. Este solo está sendo degradado pela
criação de gado e as queimadas, que antecipam o cultivo
Com dimensões continentais e 70% da população con- de soja. O uso prolongado do solo provoca o processo de
centrados em áreas urbanas, o Brasil é o país em desenvol- arenização.
vimento que mais tem atraído atenção internacional. A po-
luição e o desmatamento ameaçam seus diversificados ecos- A Rio+20
sistemas, inclusive o de maior biodiversidade do planeta, o A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimen-
amazônico. O agravamento dos problemas ambientais no to Sustentável (CNUDS), conhecida também como Rio+20,
país está ligado à industrialização, iniciada na década de 50, foi uma conferência realizada entre os dias 13 e 22 de junho
ao modelo agrícola monocultor e exportador instituído desde de 2012 na cidade brasileira do Rio de Janeiro, cujo objetivo
os anos 70, à urbanização acelerada e à desigualdade socioe- era discutir sobre a renovação do compromisso político com
conômica. Nas grandes cidades, dejetos humanos e resíduos o desenvolvimento sustentável.
industriais saturam a deficiente rede de saneamento básico Considerado o maior evento já realizado pela Nações
e envenenam águas e solos. Gases liberados por veículos e Unidas, o Rio+20 contou com a participação de chefes de
fábricas, além das queimadas no interior, poluem a atmosfera. estados de cento e noventa nações que propuseram mudan-
ças, sobretudo, no modo como estão sendo usados os re-
Impactos ambientais em biomas brasileiros cursos naturais do planeta.[1] Além de questões ambientais,
Um dos problemas mais graves do Brasil são os impac- foram discutidos, durante a CNUDS, aspectos relacionados a
tos ambientais, vistos que o Brasil é beneficiado com a maior questões sociais como a falta de moradia e outros.
biodiversidade mundial. A natureza sofre desde o inicio da O evento ocorreu em dez locais, tendo o Riocentro como
colonização, quando nosso litoral foi devastado pelos colo- principal local de debates e discussões; entre os outros locais,
nizadores. Matas foram derrubadas, animais foram mortos. figuram o Aterro do Flamengo e o Museu de Arte Moderna
Estes estragos se estenderam ao interior rompendo o equilí- do Rio de Janeiro.
brio ecológico com atividades como mineração e criação de No Brasil, foi formado o Comitê Facilitador da Sociedade
gado. E nas décadas de 1950 a 1970, a construção de Brasília Civil Brasileira para a Rio+20. Segundo Aron Belinky, coor-
causou fortes impactos ambientais nas regiões norte e centro denador de Processos Internacionais do Instituto Vitae Civis,
oeste. Observe as paisagens de Cerrados e as agressões que que representa o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
essa vegetação vem sofrendo para dá lugar a pecuária e a Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS)
agricultura. É a vegetação que depois da Mata Atlântica, mais na Coordenação Nacional do Comitê, o papel do grupo –
agressão sofre. atualmente formado por 14 redes – é trazer mais participan-
Atualmente fala-se em outro tipo de agressão: o impac- tes para o debate até o ano que vem. “Nossas ações são ela-
to ambiental urbano. As cidades estão ameaçadas pela de- boradas por meio de grupos de trabalhos. Um deles é o de
gradação do ambiente. A degradação do ar pela poluição formação e mobilização, que deverá levar os temas em dis-
compromete a vida das cidades. Os manguezais e restingas cussão para a sociedade e cuidará da organização do evento
abrangem a faixa costeira e são as áreas mais devastadas pelo paralelo previamente chamado de Cúpula dos Povos, que
processo de urbanização, que polui água e solo com esgo- terá a participação da sociedade civil”, pontual.
tos, produtos químicos e o turismo desordenado. O ambiente O encontro da sociedade, segundo ele, deverá começar
da Amazônia quase não foi atingido no inicio da colonização, antes, por volta do dia 20 de junho de 2012. “Além de repre-
mas atualmente 15% da Amazônia foi destruída. Essa des- sentantes do Brasil, outros do Canadá, França, Japão, e de
truição tem sido incentivada pelo governo desde 1940, com alguns países da América Latina já estão envolvidos nestas
projetos agropecuários. Outros fatores são responsáveis pela ações”, adianta o ambientalista. “Na Cúpula dos Povos, que-
degradação do ambiente, tais como: construções de usinas remos que seja garantido que a economia verde seja avalia-
hidrelétricas, extração de madeira, garimpo de ouro, constru- da como um interessante indutor de sustentabilidade, desde

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GEOGRAFIA DO BRASIL

que abranja as questões sociais, além das ambientais, e tenha agências. O governo brasileiro tem defendido uma ‘agência
sempre presente a questão da qualidade de vida dos cida- guarda-chuva’, que tenha sob ela várias agências internacio-
dãos, além da ecoeficiência.” Outra frente da sociedade civil nais do sistema ONU. As entidades, enxergam que existe uma
rumo à Rio+20 se dará no âmbito do Fórum Social Mundial necessidade tanto ética quanto política e econômica de tirar as
(FSM). A decisão foi tomada ao final da edição deste ano, pessoas da pobreza. Porém, isso não significa que deverão ter
em Dacar, no Senegal. Segundo o empresário e ativista da padrão de consumo insustentável, como o norte-americano e
área de responsabilidade social, Oded Grajew, que integra europeu. Não é objetivo estender a sociedade perdulária.
o Comitê Internacional do FSM – que ocorrerá entre 27 e As expectativas sobre os resultados da Rio+20 cami-
31 de janeiro de 2013 (data sujeita a alterações) –, a edição nham na direção de dois extremos. Será uma grande opor-
internacional descentralizada do evento terá como principal tunidade ou nulidade. A conferência pode fazer uma con-
pauta a temática ambiental, voltada à conferência. vergência, desatar nós ou, então, se não se dispuser, será
O FSM não representa as elites econômicas e exigirá um ponto de jogar conversa fora. Mas de qualquer forma, a
uma demanda de mobilização da sociedade sobre outro mobilização de propostas da sociedade civil será um avan-
modelo de desenvolvimento. Trataremos de propostas de ço. Ou os governos são capazes de mostrar relevância no
mudança da matriz energética para a renovável, da questão mundo contemporâneo ou são incapazes de acompanhar o
nuclear, das hidrelétricas em confronto com as populações ritmo que a sociedade avança, se tornando um empecilho.
indígenas, do modelo de consumo e resíduos orgânicos,
entre outros. Segundo ele, a meta é propor políticas públi- Irã
cas ao governo e informações sobre indicadores quanto à A participação do Irã na conferência Rio +20 gerou uma
grave situação do modelo atual de desenvolvimento, que enorme controvérsia. O país enviará uma delegação, que
leva ao esgotamento de recursos naturais e ao aumento das inclui o presidente Mahmoud Ahmadinejad, para participar
desigualdades. do evento em junho. Entretanto, o Irã possui sérias questões
Como 2012 será também um ano de eleições em al- das quais se recusa a abordar, como as persistentes viola-
guns países importantes como EUA, Alemanha e França, ções dos direitos humanos, as declarações belicistas e racis-
isso prejudica decisões. Talvez essas nações não queiram tas contra Israel e a negativa em cooperar com a AIEA sobre
assumir alguns compromissos, que podem comprometer os seu programa nuclear. Foi argumentado que Ahmadinejad
resultados nas urnas. É reforçado que, no contexto da Eco- planeja usar a cúpula no Rio de Janeiro como uma platafor-
nomia Verde, as discussões do FSM permanecerão voltadas ma para propaganda e projetar para o público interno uma
a questões sociais, ao combate às desigualdades. falsa imagem de líder respeitado internacionalmente.

Governança e desenvolvimento sustentável Alterações no meio ambiente.


Um tema complexo que estará na Conferência, segun- Primeiramente, é importante saber que a sua consciên-
do Belinky, diz respeito à governança em um cenário de de- cia pode ajudar o ambiente. Impacto ambiental é a altera-
senvolvimento sustentável. Este tema está sendo pouco de- ção no meio ambiente por determinada ação ou atividade.
batido oficial e extraoficialmente. Deve ser visto não como Atualmente o planeta Terra enfrenta fortes sinais de transi-
uma discussão sobre burocracia, mas como uma condição ção, o homem está revendo seus conceitos sobre natureza.
necessária para encaminhar as decisões e recomendações Esta conscientização da humanidade está gerando novos
que se tomem na conferência. paradigmas, determinando novos comportamentos e exi-
Hoje se enxerga o desenvolvimento sustentável no con- gindo novas providências na gestão de recursos do meio
junto, as instituições internacionais e internas a cada país ambiente. Um dos fatores mais preocupantes é o que diz
são estanques. Umas atuam no campo econômico, como respeito aos recursos hídricos. Problemas como a escassez
o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o FMI e o uso indiscriminado da água estão sendo considerados
e a Organização Mundial do Comércio (OMC), que não se como as questões mais graves do século XXI. É preciso que
conectam nas dimensões sociais e ambientais. Já a Organi- tomemos partido nesta luta contra os impactos ambientais,
zação Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do e para isso é importante sabermos alguns conceitos relacio-
Trabalho (OIT), que têm algum poder político, estão desco- nados ao assunto.
nectadas do lado ambiental. A ideia é integrá-las à questão Poluição é qualquer alteração físico-química ou bioló-
do desenvolvimento sustentável. gica que venha a desequilibrar um ecossistema, e o agen-
No caso da questão ambiental, as discussões levam à te causador desse problema é denominado de poluente.
constatação de que não existe nenhuma organização inter- Como já era previsto, os principais poluentes têm origem na
nacional com real poder regulatório. O Programa das Na- atividade humana. A Indústria é a principal fonte, ela gera
ções Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é um dos com resíduos que podem ser eliminados de três formas:
menor orçamento na ONU e depende de adesões volun-
tárias. Não é essencial dentro do sistema, participa quem Na água: essa opção de descarte de dejetos é mais ba-
quer. Pode encaminhar, no máximo, estudos, recomenda- rata e mais cômoda, infelizmente os resíduos são lançados
ções, mas sem poder regulatório. geralmente em recursos hídricos utilizados como fonte de
Como primeiro passo, uma das propostas que serão de- água para abastecimento público.
fendidas pela sociedade civil é que haja uma resolução para se
criar uma agência ambiental internacional, aprimorando o fun- Na atmosfera: a eliminação de poluentes desta forma
cionamento do Pnuma ou por meio de sua união com outras só é possível quando os resíduos estão no estado gasoso.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Em áreas isoladas: essas áreas são previamente esco- as gerações futuras; participação da população envolvida;
lhidas, em geral são aterros sanitários. preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; ela-
boração de um sistema social que garanta emprego, segu-
Classificação dos resíduos: rança social e respeito a outras culturas; programas de edu-
Resíduos tóxicos: são os mais perigosos e podem pro- cação. Esta teoria referia-se principalmente às regiões subde-
vocar a morte conforme a concentração, são rapidamente senvolvidas, envolvendo uma crítica à sociedade industrial.
identificados por provocar diversas reações maléficas no or- Foram os debates em torno do ecodesenvolvimento que
ganismo. Exemplos de geradores desses poluentes: indústrias abriram espaço ao conceito de desenvolvimento sustentável.
produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis. Outra contribuição à discussão veio com a Declaração
de Cocoyok, das Nações Unidas. A declaração afirmava que
Resíduos minerais: são relativamente estáveis, corres- a causa da explosão demográfica era a pobreza, que tam-
pondem às substâncias químicas minerais, elas alteram as bém gerava a destruição desenfreada dos recursos naturais.
condições físico-químicas e biológicas do meio ambiente. Os países industrializados contribuíam para esse quadro
Exemplos de indústrias: mineradoras, metalúrgicas, refina- com altos índices de consumo. Para a ONU, não há apenas
rias de petróleo. um limite mínimo de recursos para proporcionar bem-estar
ao indivíduo; há também um máximo.
Resíduos orgânicos: as principais fontes desses po- A ONU voltou a participar na elaboração de outro re-
luentes são os esgotos domésticos, os frigoríficos, laticínios, latório, o Dag-Hammarskjöld, preparado pela fundação
etc. Esses resíduos correspondem à matéria orgânica poten- de mesmo nome, em 1975, com colaboração de políticos
cialmente ativa, que entra em decomposição ao ser lançada e pesquisadores de 48 países. O Relatório Dag-Hammar-
no meio ambiente. skjöld completa o de Cocoyok, afirmando que as potências
coloniais concentraram as melhores terras das colônias nas
Resíduos mistos: possuem características químicas as- mãos de uma minoria, forçando a população pobre a usar
sociadas às de natureza biológica. As indústrias têxteis, la- outros solos, promovendo a devastação ambiental. Os dois
vanderias, indústrias de papel e borracha, são responsáveis relatórios têm em comum a exigência de mudanças nas es-
por esse tipo de resíduo lançado na natureza. truturas de propriedade do campo e a rejeição pelos gover-
nos dos países industrializados.
Resíduos atômicos: esse tipo de poluente contém isó- No ano de 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o
topos radioativos, é um lixo atômico capaz de emitir radia- Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), presidida por
ções ionizantes e altamente nocivas à saúde humana. Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, apresentou um
documento chamado Our Common Future, mais conhecido
Desenvolvimento Sustentável por relatório Brundtland. O relatório diz que “Desenvolvi-
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação mento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as neces-
Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira sidades do presente sem comprometer a capacidade de as
mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”.
suas metas: a participação da população. O relatório não apresenta as críticas à sociedade industrial
A preocupação da comunidade internacional com os que caracterizaram os documentos anteriores; demanda
limites do desenvolvimento do planeta data da década de crescimento tanto em países industrializados como em sub-
60, quando começaram as discussões sobre os riscos da de- desenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza
gradação do meio ambiente. Tais discussões ganharam tan- nestes últimos ao crescimento contínuo dos primeiros. As-
ta intensidade que levaram a ONU a promover uma Confe- sim, foi bem aceito pela comunidade internacional.
rência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992,
“Clube de Roma” publicaram o estudo Limites do Crescimento. mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro
O estudo concluía que, mantidos os níveis de industrialização, do planeta; muitos países deixaram de ignorar as relações
poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos entre desenvolvimento socioeconômico e modificações no
naturais, o limite de desenvolvimento do planeta seria atin- meio ambiente. Entretanto, as discussões foram ofuscadas
gido, no máximo, em 100 anos, provocando uma repentina pela delegação dos Estados Unidos, que forçou a retirada
diminuição da população mundial e da capacidade industrial. dos cronogramas para a eliminação da emissão de CO2
O estudo recorria ao neo-malthusianismo como solu- (que constavam do acordo sobre o clima) e não assinou a
ção para a iminente “catástrofe”. As reações vieram de inte- convenção sobre a biodiversidade.
lectuais do Primeiro Mundo (para quem a tese de Meadows O termo desenvolvimento sustentável define as práti-
representaria o fim do crescimento da sociedade industrial) cas de desenvolvimento que atendem às necessidades pre-
e dos países subdesenvolvidos (já que os países desenvol- sentes sem comprometer as condições de sustentabilidade
vidos queriam “fechar a porta” do desenvolvimento aos paí- das gerações futuras. Os princípios do desenvolvimento
ses pobres, com uma justificativa ecológica). sustentável são baseados nas necessidades, sobretudo as
Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito necessidades essenciais e, prioritariamente, aquelas das po-
de ecodesenvolvimento, cujos princípios foram formulados pulações mais pobres; e limitações que a tecnologia e a or-
por Ignacy Sachs. Os caminhos do desenvolvimento seriam ganização social impõem ao meio ambiente, restringindo a
seis: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com capacidade de atender às necessidades presentes e futuras.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Em sentido amplo, a estratégia de desenvolvimento sus- Algumas outras medidas para a implantação de um
tentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e programa minimamente adequado de desenvolvimento
entre esses e a natureza. Para tanto, são necessários: sustentável são:
 
- Sistema político com efetiva participação dos cidadãos - Uso de novos materiais na construção;
no processo de decisão; - Reestruturação da distribuição de zonas residenciais
- Sistema econômico competente para gerar excedentes e e industriais;
conhecimentos técnicos em bases confiável e constante; - Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de
- Sistema social capaz de resolver as diferenças causadas energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
por um desenvolvimento desigual; - Reciclagem de materiais reaproveitáveis;
- Sistema de produção que preserve a base ecológica do - Consumo racional de água e de alimentos;
desenvolvimento; - Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à
- Sistema tecnológico que busque novas soluções; saúde na produção de alimentos.
- Sistema internacional com padrões sustentáveis de co-
mércio e financiamento; O atual modelo de crescimento econômico gerou
- Sistema administrativo flexível e capaz de auto corrigir-se. enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tan-
ta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria,
O desenvolvimento sustentável não trata somente da re- a degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia.
dução do impacto da atividade econômica no meio ambiente, Diante desta constatação, surge a ideia do Desenvolvimen-
mas principalmente das consequências dessa relação na qua- to Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento
lidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da
quanto futura. pobreza no mundo.
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, elaborado As pessoas que trabalharam na Agenda 21 escreveram
em 1987, uma série de medidas devem ser tomadas pelos paí-
a seguinte frase: “A humanidade de hoje tem a habilidade
ses para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas:
de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é
- Limitação do crescimento populacional;
preciso garantir as necessidades do presente sem compro-
- Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia)
meter as habilidades das futuras gerações em encontrar
em longo prazo;
suas próprias necessidades”. Essa frase toda pode ser resu-
- Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
mida em poucas e simples palavras: desenvolver em harmo-
- Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento
nia com as limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem
de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
- Aumento da produção industrial nos países não industria- destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a
lizados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; chance de existir e viver bem, de acordo com as suas neces-
- Controle da urbanização desordenada e integração en- sidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de
tre campo e cidades menores; sobrevivência). Será que é possível conciliar tanto progresso
- Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, e tecnologia com um ambiente saudável?
moradia). Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente
Em âmbito internacional, as metas propostas são: o que propõem os estudiosos em Desenvolvimento Sus-
- Adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável tentável (DS), que pode ser definido como: “equilíbrio en-
pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições tre tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos
internacionais de financiamento); sociais de uma nação e também dos diferentes países na
- Proteção dos ecossistemas supranacionais como a An- busca da equidade e justiça social”.
tártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional; Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem
- Banimento das guerras; que ser entendida como parte integrante do processo de
- Implantação de um programa de desenvolvimento sus- desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamen-
tentável pela Organização das Nações Unidas (ONU). te; é aqui que entra uma questão sobre a qual talvez você
  nunca tenha pensado: qual a diferença entre crescimento
O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser as- e desenvolvimento? A diferença é que o crescimento não
similado pelas lideranças de uma empresa como uma nova conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais,
forma de produzir sem degradar o meio ambiente, estenden- pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da
do essa cultura a todos os níveis da organização, para que seja qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se
formalizado um processo de identificação do impacto da pro- faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O
dução da empresa no meio ambiente e resulte na execução de desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração
um projeto que alie produção e preservação ambiental, com de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de me-
uso de tecnologia adaptada a esse preceito. Entre as empre- lhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em
sas que aplicaram um projeto de desenvolvimento sustentável consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta.
são citadas 3M, McDonalds, Dow, DuPont, Pepsi, Coca-Cola e
Anheuser-Busch.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser enten- e do Meio Ambiente na Amazônia (Imazon) fazem o moni-
didos como metas: toramento do desmatamento no Brasil. Segundo eles, são
desmatados cerca de 21 mil km² por ano no Brasil, o que re-
- A satisfação das necessidades básicas da população presenta um Estado de Sergipe de floresta no chão por ano.
(educação, alimentação, saúde, lazer, etc); A Mata Atlântica foi a principal vítima do desmatamento
- A solidariedade para com as gerações futuras (preser- florestal no País e hoje tem apenas cerca de 7% do que seria
var o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); seu território original. Ela é reconhecida como o bioma brasi-
- A participação da população envolvida (todos devem leiro mais descaracterizado.
se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e Já o cerrado brasileiro perdeu 48,2% da vegetação origi-
fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); nal. Hoje são desmatados cerca de 20 mil km² por ano, prin-
- A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, cipalmente no oeste da Bahia – na divisa com Goiás e Tocan-
etc); tins – e no norte de Mato Grosso. As áreas coincidem com as
- A elaboração de um sistema social garantindo empre- regiões produtoras de grãos, de carvão e pecuária.
go, segurança social e respeito a outras culturas (erradica- A floresta amazônica brasileira permaneceu praticamente
ção da miséria, do preconceito e do massacre de populações intacta até os anos 1970, quando foi inaugurada a rodovia
oprimidas, como por exemplo os índios); Transamazônica. A partir daí, passou a ser desmatada para
- A efetivação dos programas educativos. criação de gado, plantação de soja e exploração da madei-
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação ra. Em busca de madeiras de lei como o mogno, empresas
Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira mais madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a
direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas me- exploração ilegal. Como a maior floresta tropical existente, ela
tas: a participação da população. é uma das grandes preocupações do mundo inteiro. O des-
matamento da Amazônia provoca impacto na biodiversidade
Ecossistema global, na redução do volume de chuvas e contribui para a
piora do aquecimento global.
- Desmatamento
- Poluição
O desmatamento é um processo de degradação da ve- Por poluição entende-se a introdução pelo homem, direta ou
getação nativa de uma região e pode provocar um processo indiretamente de substâncias ou energia no ambiente, provocan-
de desertificação. O mau uso dos recursos naturais, a polui- do um efeito negativo no seu equilíbrio, causando assim danos
ção e a expansão urbana são alguns fatores que devastam na saúde humana, nos seres vivos e no ecossistema ali presente.
ambientes naturais e reduzem o número de habitats para as Os agentes de poluição, normalmente designados por
espécies. Um dos principais agentes do desmatamento é o poluentes, podem ser de natureza química, genética, ou sob
homem. a forma de energia, como nos casos de luz, calor ou radiação.
Nos últimos anos, a atividade humana tem invadido o Mesmo produtos relativamente benignos da atividade humana
meio ambiente em diferentes escalas e velocidades, o que podem ser considerados poluentes, se eles precipitarem efeitos
resulta na degradação de biomas. Além de lançar na água, no negativos posteriormente. Os NOx (óxidos de azoto) produzi-
ar e no solo substâncias tóxicas e contaminadas, o homem dos pela indústria, por exemplo, são frequentemente citados
também agride o ambiente capturando e matando animais como poluidores, embora a própria substância libertada, por si
silvestres e aquáticos e destruindo matas. só não seja prejudicial. São classificados como poluentes pois
Muitas florestas naturais já foram derrubadas para dar com a acção dos raios solares e a humidade da atmosfera, esses
lugar a estradas, cidades, plantações, pastagens ou para for- compostos dão origem a poluentes como o HNO3 ou o smog.
necer madeira. No processo de desmatamento, primeiro são A Aviação civil é uma das maiores fontes de poluição so-
retiradas as madeiras de árvores nobres, depois as de menor nora nas grandes cidades.
porte e, em seguida, toda a vegetação rasteira é destruída.
As queimadas também são causas de destruição de matas. - Dioxinas - provenientes de resíduos , podem causar cân-
Elas acabam com o capim e a cobertura florestal que ainda cer, má-formação de fetos, doenças neurológicas, etc. Partícu-
sobrou da degradação. Dos 64 milhões de km² de florestas las de cansadez (materiais particulados) - emitidas por carros
existentes no planeta, restam menos de 15,5 milhões, ou cer- e indústrias. infectam os pulmões, causando asmas, bronqui-
ca de 24%. Isso quer dizer que 76% das florestas primárias te, alergias e até câncer.
já desapareceram. Com exceção de parte das Américas, to- - Chumbo - metal pesado proveniente de carros, pinturas,
dos os continentes desmataram muito, conforme um estudo água contaminada, indústrias. Afeta o cérebro, causando re-
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tardo mental e outros graves efeitos na coordenação motora
sobre a evolução das florestas mundiais. Dos 100% de suas e na capacidade de atenção.
florestas originais, a África mantém hoje 7,8%, a Ásia 5,6%, a - Mercúrio - tem origem em centrais elétricas e na inci-
América Central 9,7% e a Europa Ocidental – o pior caso do neração de resíduos. Assim como o chumbo, afeta o cérebro,
mundo – apenas 0,3%. causando efeitos igualmente graves.
O continente que mais mantém suas florestas originais - Pesticidas, Benzeno e isolantes (como o Ascarel) - po-
é a América do Sul, com 54,8%. O Instituto Nacional de Pes- dem causar distúrbios hormonais, deficiências imunológicas,
quisas Espaciais (INPE) e outras organizações independentes má-formação de órgãos genitais em fetos, infertilidade, cân-
como a organização não governamental Instituto do Homem cer de testículo e de ovário.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

- Poluição Global Países emissores de gases do efeito estufa


Os problemas de poluição global, como o efeito estufa, - Estados Unidos 69,0%
a diminuição da camada de ozônio, as chuvas ácidas, a perda - China 11,9 %
da biodiversidade, os dejetos lançados em rios e mares, en- - Indonésia 7,4%
tre outros materiais, nem sempre são observados, medidos ou - Brasil 5,85%
mesmo sentidos pela população. A explicação para toda essa - Rússia 4,8%
dificuldade reside no fato de se tratar de uma poluição cumula- - Índia 4,5%
tiva, cujos efeitos só são sentidos em longo prazo. Apesar disso, - Japão 3,1%
esses problemas têm merecido atenção especial no mundo in- - Alemanha 2,5 %
teiro, por estarem se multiplicando em curto tempo e devido a - Malásia 2,1%
certeza de que terão influência em todos os seres vivos. - Canadá 1,8%

- Aquecimento global O Brasil ocupa o 16º lugar entre os países que mais emi-
A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, em tem gás carbônico para gerar energia. Mas se forem consi-
sua maior parte (91%), é absorvida pela atmosfera terrestre, derados também os gases do efeito estufa liberados pelas
sendo o restante (9%) refletido para o espaço. A concentra- queimadas e pela agropecuária, o país é o quarto maior po-
ção de gás carbônico oriunda, principalmente, da queima de luidor (em % das emissões totais de gases do efeito estufa).
combustíveis fósseis, dificulta ou diminui o percentual de ra-
diação que a Terra reflete para o espaço. Desse modo, ao não A poluição e a diminuição da camada de ozônio
ser irradiado para o espaço, o calor provoca o aumento da
temperatura média da superfície terrestre. - Água poluída
Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cien- A camada de ozônio é uma região existente na atmos-
tistas apontam que o aquecimento global do planeta a médio fera que filtra a radiação ultravioleta provinda do Sol. Devi-
e longo prazo pode ter caráter irreversível. Por isso, desde já, do processo de filtragem, os organismos da superfície ter-
devem ser adotadas medidas para diminuir as emissões dos
restre ficam protegidos das radiações. A ozonosfera é for-
gases que provocam o aquecimento. Outros cientistas, no
mada pelo gás ozônio, que é constituído de moléculas de
entanto, admitem o aumento do teor do gás carbônico na
oxigênio que sofrem um rearranjo a partir da radiação ul-
atmosfera, mas lembram de que grande parte desse gás tem
travioleta que penetra na atmosfera. A exposição à radiação
origem na concentração de vapor de água, o que independe
ultravioleta afeta o sistema imunológico, causa cataratas e
das atividades humanas. Essa controvérsia acaba adiando a
tomada de decisões acerca da adoção de uma política que di- aumenta a incidência de câncer de pele nos seres humanos,
minua os efeitos do aumento da temperatura média da Terra. além de atingir outras espécies. A diminuição da camada de
O carbono presente na atmosfera garante uma das condi- ozônio está ocorrendo devido ao aumento da concentração
ções básicas para a existência de vida no planeta: a temperatura. dos gases CFC (cloro-flúor-carbono) presentes no aerossol,
A Terra é aquecida pelas radiações infravermelhas emitidas pelo em fluidos de refrigeração que poluem as camadas superio-
Sol até uma temperatura de -27 °C. Essas radiações chegam à res da atmosfera atingindo a estratosfera. O cloro liberado
superfície e são refletidas para o espaço. O carbono forma uma pela radiação ultravioleta forma o cloro atômico, que reage
redoma protetora que aprisiona parte dessas radiações infra- ao entrar em contato com o ozônio, transformando-se em
vermelhas e as reflete novamente para a superfície. Isso pro- monóxido de cloro. A reação reduz o ozônio atmosférico
duz um aumento de 43 °C na temperatura média do planeta, aumentando a penetração das radiações ultravioleta.
mantendo-a em torno dos 16 °C. Sem o carbono na atmosfera
a superfície seria coberta de gelo. O excesso de carbono, no - Consequências econômicas
entanto, tende a aprisionar mais radiações infravermelhas, pro- As consequências econômicas e ecológicas da diminui-
duzindo o chamado efeito estufa: a elevação da temperatura ção da camada de ozônio, além de causar o aumento da
média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotas de gelo incidência do cancro de pele, podem gerar o desapareci-
que cobrem os polos. Os cientistas ainda não estão de acordo mento de espécies animais e vegetais e causar mutações
se o efeito estufa já está ocorrendo, mas preocupam-se com genéticas. Mesmo havendo incertezas sobre a magnitude
o aumento do dióxido de carbono na atmosfera a um ritmo desse fenômeno, em 1984 foi assinado um acordo interna-
médio de 1% ao ano. A queima da cobertura vegetal nos paí- cional para diminuir as fontes geradoras do problema (Pro-
ses subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. tocolo de Montreal).
A maior fonte, no entanto, é a queima de combustíveis fósseis,
como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos. - Protocolo de Montreal
No Protocolo de Montreal, 27 países signatários se
- Elevação da temperatura comprometeram a reduzir ou eliminar o consumo de CFC
A elevação da temperatura terrestre entre 2 e 5 graus até ao ano 2000, o que, até hoje, ainda não aconteceu na
Celsius, presume-se, provocará mudanças nas condições proporção desejada, apesar de já haver tecnologia dispo-
climáticas. Em função disto, o efeito estufa poderá acarretar nível para substituir os gases presentes nos aerossóis, em
aumento do nível do mar, inundações das áreas litorâneas fluidos de refrigeração e nos solventes.
(diz-se litorâneas no Brasil, litorais em Portugal) e desertifi-
cação de algumas regiões, comprometendo as terras agri-
cultáveis e, consequentemente, a produção de alimentos.

52
GEOGRAFIA DO BRASIL

- A poluição e as chuvas ácidas que estão em desenvolvimento como, por exemplo, Brasil,
O Canal de Lachine em Montreal (Canadá), encontra-se Rússia, China, México e Índia. O setor industrial destes países
poluído. As chuvas ácidas são precipitações na forma de água tem crescido muito, porém de forma desregulada, agredindo
e neblina que contêm ácido nítrico e sulfúrico. Elas decorrem o meio ambiente. Nas décadas de 1970 e 1980, na cidade de
da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis, Cubatão, litoral de São Paulo, a chuva ácida provocou muitos
como petróleo e carvão, utilizados para a produção de energia danos ao meio ambiente e ao ser humano. Os ácidos poluen-
nas refinarias e usinas termoelétricas, e também pelos veículos. tes jogados no ar pelas indústrias, estavam gerando muitos
Durante o processo de queima, milhares de toneladas de problemas de saúde na população da cidade. Foram relatados
compostos de enxofre e óxido de nitrogênio são lançados na casos de crianças que nasciam sem cérebro ou com outros
atmosfera, onde sofrem reações químicas e se transformam defeitos físicos. E também provocou desmatamentos signifi-
em ácido nítrico e sulfúrico. O dióxido de carbono reage re- cativos na Mata Atlântica da Serra do Mar.
versivelmente com a água para formar um ácido fraco o ácido
carbônico. No equilíbrio, o pH desta solução é 5.6, pois a água - Chuva ácida
é naturalmente ácida pelo dióxido de carbono. Assim, qual- As consequências da chuva ácida para a população huma-
quer chuva com pH abaixo de 5.6 é considerada excessiva- na são econômicas, sociais ou ambientais. Tais consequências
mente ácida. Dióxido de nitrogênio NO2 e dióxido de enxofre são observáveis principalmente em grandes áreas urbanas,
SO2 podem reagir com substâncias da atmosfera produzindo onde ocorrem patologias que afetam o sistema respiratório
ácidos, esses gases podem se dissolver em gotas de chuva e e sistema cardiovascular, e ,além disso, causam destruição de
em partículas de aerossóis e em condições favoráveis preci- edificações e monumentos, através da corrosão pela reação
pitarem-se em chuva ou neve. Dióxido de nitrogênio pode se com ácidos. Porém, nada impede que as consequências de
transformar em ácido nítrico e em ácido nitroso e dióxido de tais chuvas cheguem a locais muito distantes do foco gerador,
enxofre pode se transformar em ácido sulfúrico e ácido sul- devido ao movimento das massas de ar, que são capazes de
furoso. Amostras de gelo da Groelândia mostram a presença levar os poluentes para muito longe. Estima-se que as chuvas
de sulfatos e nitratos, o que indica que já em 1900 tínhamos a ácidas contribuam para a devastação de florestas e lagos, so-
chuva ácida. Além disso, a chuva ácida pode se formar em lo- bretudo aqueles situados nas zonas temperadas ácidas.
cais distantes da produção de óxidos de enxofre e nitrogênio.
A chuva ácida é um grande problema da atualidade por- - A poluição e a perda de biodiversidade
que anualmente grandes quantidades de óxidos ácidos são Ao interferir nos habitats, a poluição pode levar a dese-
formados pela atividade humana e colocados na atmosfera. quilíbrios que provocam a diminuição ou extinção dos ele-
Quando uma precipitação (chuva) ácida cai em um local que mentos de uma espécie, causando uma perda da biodiver-
não pode tolerar a acidez anormal, sérios problemas ambien- sidade. As variações da temperatura da água do mar, levam
tais podem ocorrer. Em algumas áreas dos Estados Unidos a dificuldades da adaptação de certas espécies de peixes, é
(West Virginia), o pH da chuva chegou a 1.5, e como a chuva igualmente uma das causas da invasão de águas salinas em
e neve ácidas não conhecem fronteiras, a poluição de um país ambientes tradicionalmente de água doce, causando assim
pode causar chuva ácida em outro. Como no caso do Cana- uma pressão adicional nesses ecossistemas, e potenciando a
dá, que sofre com a poluição dos EUA. A extensão dos pro- diminuição ou extinção das espécies até então ai presentes.
blemas da chuva ácida pode ser vista nos lagos sem peixes,
árvores mortas, construções e obras de arte, feitas a partir de QUESTÕES
rochas, destruídas. A chuva ácida pode causar perturbações
nos estômatos das folhas das árvores causando um aumento 01. O relevo terrestre é resultante da atuação de dois
de transpiração e deixando a árvore deficiente de água, pode conjuntos de forças denominadas agentes do relevo, que
acidificar o solo, danificar raízes aéreas e, assim, diminuir a compreendem os agentes internos ou criadores do relevo e
quantidade de nutrientes transportada, além de carregar mi- os agentes externos ou modificadores do relevo. Podemos
nerais importantes do solo, fazendo com que o solo guarde considerar agentes internos e externos, respectivamente:
minerais de efeito tóxico, como íons de metais. Estes não cau- a) Tectonismo e intemperismo
savam problemas, pois são naturalmente insolúveis em água b) Águas correntes e seres vivos
da chuva com pH normal, e com o aumento do pH pode-se c) Vento e vulcanismo
aumentar a solubilidade de muitos minerais. d) Águas correntes e intemperismo
A chuva ácida é composta por diversos ácidos como, por e) Abalos sísmicos e vulcanismo
exemplo, o óxido de nitrogênio e os dióxidos de enxofre, que
são resultantes da queima de combustíveis fósseis (carvão, 02. O Rio Grande do Norte apresenta um elevado po-
óleo diesel, gasolina entre outros). Quando caem em forma tencial turístico, principalmente em decorrência das belezas
de chuva ou neve, estes ácidos provocam danos no solo, plan- de sua paisagem litorânea, destacando-se algumas formas
tas, construções históricas, animais marinhos e terrestres etc. do relevo cuja configuração está associada a processos ero-
Este tipo de chuva pode até mesmo provocar o descontrole sivos desencadeados pela ação de diferentes agentes.
de ecossistemas, ao exterminar determinados tipos de ani-
mais e vegetais. Poluindo rios e fontes de água, a chuva pode Observe a figura.
também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, cau-
sando doenças pulmonares, por exemplo. Este problema tem
se acentuado nos países industrializados, principalmente nos

53
GEOGRAFIA DO BRASIL

Mesmo que a erosão seja um acontecimento antigo,


como citado acima, o tema é sempre atual, trazendo muitos
transtornos para as zonas rural e urbana. Sobre a erosão, suas
causas e consequências, é correto afirmar que:
a) é caracterizada pela destruição e transformação de
rochas pela ação de agentes que modelam a superfície ter-
restre, através dos fatores endógenos (clima, rios, correntes
marítimas, enxurradas) e de fatores exógenos (animais, ho-
mens e vulcanismos).
b) nas encostas, as águas superficiais escorrem e formam
as ravinas ou voçorocas com sulcos laterais inclinados, en-
tretanto só provocam efeitos na superfície dos solos e são
facilmente controladas pela ação antrópica.
c) é parte do processo de degradação do solo, provocan-
do o acúmulo de metais pesados, lixiviação e diminuição de
nutrientes; só ocorre com a intervenção do homem, tornan-
do-se um dos mais sérios problemas ecológicos do planeta.
d) a ação do intemperismo físico e químico e das cheias e
inundações compensam o material retirado pela erosão, com
formações de cordões arenosos e praias nos rios e no litoral.
e) a ação da água como agente de erosão depende da
quantidade que cai sobre o solo e da maior ou menor capa-
cidade de infiltração que este solo oferece. A erosão provo-
cada pelo escoamento superficial recebe o nome de erosão
Considerando os elementos da paisagem litorânea ex- laminar ou em lençol.
postos na Figura, pode-se afirmar que esta corresponde a
uma: 05. Observe:
a) falésia, constituída pela deposição de areia paralela-
mente à costa, em decorrência da erosão eólica.
b) restinga, formada pela consolidação da areia de anti-
gas praias, em decorrência da erosão marinha.
c) falésia, formada a partir de processos de erosão ma-
rinha, que originam paredões escarpados.
d) restinga, constituída a partir de processos de erosão
eólica, que formam costas íngremes.

03. Do ponto de vista tectônico, núcleos rochosos mais


antigos, em áreas continentais mais interiorizadas, tendem
a ser os mais estáveis, ou seja, menos sujeitos a abalos sís-
micos e deformações. Em termos geomorfológicos, a maior
estabilidade tectônica dessas áreas faz com que elas apre-
sentem uma forte tendência à ocorrência, ao longo do tem- No perfil topográfico acima, os “Planaltos e Serras de
po geológico, de um processo de Leste-Sudeste” e o “Pantanal Mato-grossense” estão repre-
a) aplainamento das formas de relevo, decorrente do sentados, respectivamente, pelos
intemperismo e da erosão. Algarismos:
b) formação de depressões absolutas, gerada por aco- a) IV e III.
modação de blocos rochosos. b) II e I.
c) formação de canyons, decorrente de intensa erosão c) III e II.
eólica. d) III e I.
d) produção de desníveis topográficos acentuados, re- e) IV e I.
sultante da contínua sedimentação dos rios.
e) geração de relevo serrano, associada a fatores climá- 06. Define-se “LAGOS DE VÁRZEA” como sendo aqueles
ticos ligados à glaciação. oriundos da acumulação de aluviões fluviais. Deduz-se que
tais formações devem ser encontradas:
04. “A erosão acelerada não é uma coisa nova, ela a) de modo abundante no país.
acompanha a agricultura desde o seu início, há 4.000 ou b) no Rio Grande do Sul (como as Lagoas dos Patos e
5.000 anos a.C., nos vales do Eufrates, Tigre e Nilo, onde, Mirim).
presume-se, tenha sido o berço da agricultura.” (CONCIANI, c) na Amazônia.
Wilson. Processos erosivos: conceitos e ações de controle. d) no baixo Paraná.
Cuiabá: Editora Cefet-MT, 2008. p. 11.) e) no alto São Francisco.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

07. A bacia hidrográfica brasileira com maior possibilida- 12- As porções orientais do território brasileiro, em ter-
de de navegação é: mos de clima, sofrem maior intervenção da massa de ar:
a) Bacia do São Francisco; a) Equatorial Continental (Ec)
b) Bacia do Paraná; b) Equatorial Atlântica (Ea)  
c) Bacia do Uruguai; c) Tropical Continental (Tc)
d) Bacia Amazônica; d) Tropical Atlântica (Ta)
e) Bacia do Paraíba do Sul. e) Polar Atlântica (Pa).

08 A expressão “Bacia Hidrográfica” pode ser entendida 13- As características descritas abaixo fazem referência
como: a um único tipo de clima brasileiro. Analise-as e responda a
a) o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um qual tipo de clima elas estão se referindo.
rio principal e seus afluentes. - Temperaturas médias elevadas ao longo do ano.
b) a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus - Baixa precipitação anual e chuvas mal distribuídas.
afluentes no período normal de chuvas. - Encontro de quatro massas de ar: Equatorial Continen-
c) o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito tal, Equatorial Atlântico, Tropical Atlântico e Polar Atlântica.
dos rios quando o nível de água da água baixa. - O fenômeno La Niña, em que há um resfriamento da
d) o aumento exagerado do volume de água de um rio temperatura média das águas do Oceano Pacífico Equatorial,
principal e seus afluentes quando chove acima do normal. pode acarretar um excesso de precipitação.
e) o lago formado pelo represamento das águas de um
rio principal e seus afluentes. a) Clima Tropical
b) Clima Semiárido
09. A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre ou- c) Clima Equatorial
tras, as seguintes características: d) Clima Subtropical
a) grande potencial hidráulico predomínio de rios pere- e) Clima Tropical Úmido
nes e predomínio de foz do tipo delta.
14- Leia com atenção os itens abaixo sobre massas de ar:
b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e
I - A mEc atua o ano inteiro no Brasil provocando eleva-
predomínio de foz do tipo estuário.
dos índices de chuva.
c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréi-
II - A mEc é a principal responsável pela escassez de chu-
ca e grande potencial hidráulico.
va no interior do Nordeste.
d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hi-
III - A mTa exerce grande influência sobre a área litorânea
dráulico e predomínio de rios de planície.
do Brasil.
e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e IV - A mEa atua principalmente no Sul do Brasil.
regime de alimentação pluvial. V - A mPa, fria e úmida, penetra no Brasil em forma de
frente, atingindo principalmente o interior do Nordeste.
10. Aponte a afirmativa incorreta:
a) O regime dos rios brasileiros depende das chuvas de De acordo com a leitura, identifique a resposta certa:
verão. A) I e II
b) Talvegue é a linha de maior profundidade do leito do B) II e IV
rio. C) I e III
c) Os rios brasileiros possuem um regime pluvial, exce- D) II e V
tuando-se o Amazonas que é complexo. E) IV e V
d) Todos os rios do Brasil podem ser caracterizados
como perenes. 15- Em relação aos tipos climáticos encontrados no Bra-
e) A foz de um rio pode ser de dois tipos: o estuário, livre sil, a afirmação errada é:
de obstáculos, e o delta, com ilhas de luvião separadas por A) O clima equatorial apresenta elevados índices pluvio-
uma rede de canais. métricos e temperaturas médias acima de 22 °C.
B) O clima da costa oriental do Nordeste apresenta chu-
11- Em relação aos tipos de clima no Brasil marque qual vas mais abundantes nos meses de inverno.
clima abrange uma porção maior do território e melhor ca- C) O clima tropical com chuvas de verão e invernos secos
racteriza o país: ocorre em grande parte do território brasileiro.
(A) – Clima Semiárido D) O clima subtropical apresenta pequenas amplitudes
(B) – Clima Equatorial térmicas e chuvas concentradas no verão.
(C) – Clima Subtropical E) O clima semiárido apresenta baixos índices pluviomé-
(D) – Clima Tropical - tricos e grande irregularidade na distribuição das chuvas.·.
(E) – Clima Desértico
16. Vegetação típica de regiões costeiras, sendo uma
área de encontro das águas do mar com as águas doces
dos rios. A principal espécie encontrada nesse bioma é o
caranguejo. Essas características são do:

55
GEOGRAFIA DO BRASIL

a) Cerrado b) A taxa de fecundidade da população brasileira vem


b) Mata de Cocais aumentando significativamente no país.
c) Mangue c) A maioria da população brasileira está concentrada
d) Caatinga na faixa oeste do país, em que podem ser encontradas áreas
e) Pantanal  com densidades superiores a 100 hab./km2. Já a porção les-
te do país é bem menos povoada, com predomínio de den-
17. Localizado principalmente na Região Centro-Oeste, sidades inferiores a 10 hab./km2.
esse bioma é caracterizado pela presença de pequenos ar- d) A partir de meados da década de 1960, a população
bustos e árvores retorcidas, com cascas grossas e folhas re- urbana passa a ser mais numerosa que a população rural,
cobertas de pelos. Solo deficiente em nutrientes e com alta em razão da industrialização que se acentua desde o final
concentração de alumínio. Marque a alternativa que corres- da década de 1950, provocando migrações do campo para
ponde ao bioma que apresenta as características descritas. a cidade.
a) Mangue e) A população absoluta do Brasil e sua grande exten-
b) Caatinga são territorial permitem-nos classificar o país como muito
c) Campos povoado, porém pouco populoso.
d) Cerrado
e) Mata de araucária 21- Os gráficos abaixo apresentam as expectativas de
vida de homens e de mulheres nascidos nos anos de 1920 a
18. O texto abaixo se refere à qual formação vegetal? 2000 no Brasil e de 1830 a 1990, na França.
“De origem bastante discutida, essa formação é caracterís-
tica das áreas onde o clima apresenta duas estações bem
marcadas: uma seca e outra chuvosa, como no Planalto
Central. Ela apresenta 2 estratos nítidos: uma arbóreo-ar-
bustivo, onde as espécies tortuosas têm os caules geral-
mente revestidos de casca espessa, e outro herbáceo, geral-
mente dispostos em tufos”.
a) Floresta tropical
b) Caatinga
c) Formação do Pantanal
d) Mata semiúmida
e) Cerrado 

19- Analise o gráfico

!
A partir desses gráficos, podemos concluir que a dife-
A partir dos índices apontados no gráfico e de conheci- rença verificada na expectativa de vida entre os gêneros, na
mentos sobre os países mais populosos do mundo, as letras segunda metade do século XX,
A, B, C, D e E correspondem, respectivamente, a : a) foi uma característica dos países mais industrializa-
a) Estados Unidos, China, Índia, Indonésia e Brasil. dos, como a França.
b) China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. b) diminuiu quando os países se industrializaram, uma
c) Brasil, Índia, Estados Unidos, China e Indonésia. vez que as mulheres passaram a ter mais direitos e oportu-
d) China, Índia, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. nidades.
e) Estados Unidos, Brasil, Índia, China e Indonésia. c) ocorreu apenas em países com altas taxas de crimi-
nalidade entre jovens adultos do sexo masculino, como o
20- Sobre a População Brasileira é correto afirmar. Brasil.
a) Apresenta alto grau de movimentação interna, sendo d) aumentou quando a expectativa de vida alcançou ní-
o Centro-Oeste a região de maior repulsão populacional. veis mais altos.

56
GEOGRAFIA DO BRASIL

22- O Brasil em 2020 a) A taxa de crescimento anual da população brasileira


Será, é claro, um Brasil diferente sob vários aspectos. A foi maior na primeira década do século XXI que nos anos
maior parte deles, imprevisível. Uma década é um período 1970, apesar da estabilização da taxa bruta de mortalidade.
longo o suficiente para derrubar certezas absolutas (nin- b) A contínua redução da taxa de fecundidade explica a
guém prediz uma Revolução Francesa, uma queda do Muro queda na taxa de crescimento anual da população, apesar
de Berlim ou um ataque às torres gêmeas de Nova York). de o número total de habitantes ter mais que dobrado.
Mas é também um período de maturação dos grandes fe- c) Nas duas últimas décadas, apesar do aumento das
nômenos incipientes — dez anos antes da popularização da taxas brutas de natalidade, as taxas anuais de crescimento
internet já era possível imaginar como ela mudaria o mun- vegetativo da população brasileira se estabilizaram devido
do. Da mesma forma, fenômenos detectáveis hoje terão ao comportamento do saldo migratório.
seus efeitos mais fortes a partir de 2020. d) O crescimento absoluto de aproximadamente 100
milhões de habitantes foi proporcionado pela elevação das
taxas de fecundidade no Brasil ao longo do período.
e) O fato de a população absoluta ter mais que dobrado
no período se deve ao saldo migratório positivo ocasionado
pela absorção de centenas de milhares de imigrantes italia-
nos e japoneses.

24- Observe os gráficos abaixo:

David Cohen, Revista Época, 25/05/2009


Com base no enunciado, observe as afirmações abaixo,
assinalando V (verdadeiro) ou F (falso).
() A diminuição da fecundidade no Brasil deve-se às
transformações econômicas e sociais que se acentuaram na
primeira metade do século XX devido à intensa necessidade
de mão de obra no campo, inclusive de mulheres, fato este
que elevou o país ao patamar de agrário-exportador.
() Devido à mudança do papel social da mulher do sé-
culo XX, ela deixa de viver, exclusivamente, no núcleo fami-
liar, ingressando no mercado de trabalho e passando a ter
acesso ao planejamento familiar e a métodos contracepti-
vos. Esses aspectos, conjugados, explicam a diminuição ver-
tiginosa das taxas de fecundidade no Brasil.
() As quedas nas taxas de natalidade de um país levam,
ao longo do tempo, ao envelhecimento da população (rea-
lidade da maioria dos países desenvolvidos). Neste sentido,
verifica-se uma forte tendência a um mercado de trabalho !
menos competitivo e exigente, demandando menos custos
do Estado com os aspectos sociais. Os gráficos acima dizem respeito às pirâmides etárias
Dessa forma, a sequência correta, de cima para baixo é: brasileiras organizadas de acordo com os dados divulga-
a) VVV. dos nos censos de 1980 e 2000 realizados pelo IBGE. Na
b) FVV. comparação, observa-se que a base da pirâmide etária da
c) VVF. população brasileira está se tornando cada vez mais estreita
d) FVF. e o ápice mais largo. Verifica-se também que o corpo está
e) VFV. cada vez maior, o que reflete a diminuição das taxas de cres-
cimento vegetativo, o que provocou uma mudança no perfil
23- Da Copa de 1970 à Copa de 2010, a população bra- da pirâmide etária brasileira nessa comparação entre 1980 e
sileira passou de 93.139.037 para uma população estima- 2000. A respeito da análise das pirâmides etárias apresenta-
da em 193.114.840 habitantes (IBGE – Popclock em 23 jun. das acima, é CORRETO afirmar que:
2010). a) a analise das pirâmides etárias permite verificar a
Com base nos conhecimentos sobre a dinâmica do composição etária de uma população e seu reflexo na es-
crescimento vegetativo da população no Brasil, ao longo trutura da População Economicamente Ativa (PEA), a qual é
desses 40 anos, assinale a alternativa correta. formada por pessoas que exercem atividades remuneradas.

57
GEOGRAFIA DO BRASIL

b) a análise das pirâmides etárias servem como subsídios para 26- Leia o fragmento de texto a seguir.
a elaboração de políticas previdenciárias e influencia diretamente Retrocedendo no tempo, verifica-se que para os homens,
em questões que dizem respeito à concessão de benefícios, na já em 1940, a média de idade no ato do casamento legal era
medida em que diminui o numero de pessoas aposentadas. de 27,1 anos, a qual se manteve quase inalterada até nos-
c) a análise das pirâmides etárias subsidia o Estado na elabo- sos dias [1998]. Com as mulheres não ocorreu o mesmo. Em
ração de políticas públicas nas áreas de educação, saúde, sanea- 1940, elas se casavam no civil mais cedo, em média aos 21,7
mento e cultura, de modo que possam ser elaboradas ações que anos, idade que veio crescendo sistematicamente e passou a
atendam às expectativas de uma população cada vez mais jovem. 23,3 anos em 1950, 23,8 em 1960 e 24 em 1970.
d) a análise das pirâmides etárias permite verificar a com- BERQUÓ, Elza. Arranjos familiares no Brasil: uma visão
posição da população feminina brasileira e serve como sub- demográfica. In: SCHWARCZ, Lilia M. História da vida privada
sídio para a elaboração de políticas públicas de gênero para no Brasil. Contrastes da intimidade contemporânea. São Pau-
uma população feminina cada vez mais jovem. lo: Companhia das Letras, 1998. v. 4. p. 416-417. [Adaptado]
e) a análise das pirâmides etárias auxilia o Estado na ela- O texto retrata diferenças na idade média das mulheres,
boração de programas sociais que objetivam a inclusão social em relação à dos homens, no que se refere ao casamento
e a distribuição de renda na intenção de corrigir as distorções civil. No Brasil, o aumento progressivo da idade de casamen-
do crescimento desigual entre a população brasileira. to das mulheres entre as décadas de 1940 e 1970 se deve,
sobretudo, à
25- Observe a) instituição do divórcio, que deu aos divorciados o di-
reito de contrair novo matrimônio.
b) aprovação do código eleitoral, que garantiu a partici-
pação política das mulheres.
c) elevação da escolaridade, que possibilitou maior inclu-
são das mulheres no mercado de trabalho.
d) ampliação da longevidade feminina, que influenciou
na nupcialidade e nas parturições.
e) implementação de políticas de saúde pública, que per-
mitiu o acesso à contracepção e à esterilização.

27- Atente para o quadro abaixo:

!
Fonte: Censo Demográfico 2000 e Contagem da Popu-
lação 2007

As alternativas abaixo expressam análises possíveis para


os dados apresentados no quadro, EXCETO:
a) O uso de anticoncepcionais e a legalização do aborto
nas regiões mais povoadas contribuíram, significativamente,
para a redução da taxa de natalidade.
! b) A melhoria nas condições sanitárias e higiênicas pro-
moveu a queda da taxa de mortalidade.
Assinale a interpretação correta para o cartograma acima. c) O aumento da idade média para o casamento reduziu
a) As taxas de mortalidade infantil no continente africano o período de fertilidade em um matrimônio, afetando a taxa
são elevadíssimas. de fertilidade.
b) O continente africano é o que possui a menor expecta- d) A redução das doenças infecciosas, parasitárias, do
tiva de vida do mundo. sistema respiratório e digestivo promoveu a queda da taxa
c) A África é um continente com baixa presença de mão de mortalidade.
de obra infanto-juvenil.
d) O fluxo migratório interno do continente africano é li-
mitado à sua faixa central.
e) A natalidade nos extremos sul e norte da África é me-
nor do que a da sua região central.

58
GEOGRAFIA DO BRASIL

28- Observe

!
A estrutura etária da população tem reflexos importantes na economia de um país. Logo, a tendência dos grupos etários
representados no gráfico nos leva à reflexão de que:
I – Em 1980, 38% da população tinham entre 0 a 14 anos de idade, em 2000 esse percentual cai para 29%, e, de acordo
com as projeções do IBGE, em 2020 as crianças e jovens menores de 14 anos serão apenas 23% da população do país.
II – A participação relativa de idosos na população total vem aumentando significativamente. Em 1980, as pessoas com
mais de 60 anos de idade representavam apenas 6%; em 2000 já perfaziam 7% e em 2020 totalizarão 13%.
III – As estatísticas oficiais afirmam que em 2006, 97% das população entre 7 a 14 anos frequentavam a escola. Como a
população, nessa faixa etária, tende a diminuir em termos relativos e a permanecer estável em termos absolutos, não será
necessário ampliar o número de vagas já existentes nas escolas fundamentais e sim melhorar a universalização do ensino
médio e a qualidade das escolas, em todos os níveis.
IV – A projeção nos mostra que nas próximas décadas haverá um acelerado crescimento da população de idosos, resul-
tante do aumento da expectativa de vida. Essas alterações no padrão demográfico brasileiro agravam a crise estrutural do
sistema de previdência social no Brasil, mas, por outro lado, aumentam de maneira significativa a importância dos idosos
no mercado de consumo (casas de repouso, atividades recreativas, educação continuada na área de informática, ensino de
línguas estrangeiras e uma boa pedida para a indústria do turismo.
Estão corretas:
a) Apenas as proposições II e III
b) Apenas as proposições I e II
c) Todas as proposições
d) Apenas as proposições II e IV
e) Apenas as proposições I e IV

29- O mapa da distribuição da população mundial mostra a irregularidade de ocupação humana pelo espaço, que de um
modo geral está associada a três fatores principais: físico ou natural, histórico e econômico. Identifique as áreas assinaladas
pelos numerais de 1 a 5 com os seus respectivos fatores favoráveis ou não à ocupação humana.

!
59
GEOGRAFIA DO BRASIL

( ) Norte do Canadá, que deve sua baixa densidade demográfica ao fator climático de influência polar.
( ) Nordeste dos Estados Unidos e Região dos Grandes Lagos, que devem sua intensa densidade demografia à presença
da maior concentração industrial norte-americana.
( ) Leste da China, tem na história muito antiga da sua ocupação um dos motivos para apresentar uma alta densidade
demográfica.
( ) Bangladesh, c u j a localização no delta dos rios Ganges, Brahmaputra e Meghna, deve a esses rios as terras de aluvião
muito férteis que atraíram uma das maiores concentrações populacionais do mundo.
( ) Planalto do Tibete na Ásia Central, cuja grande altitude e consequente associação de baixa temperatura e pressão
atmosférica dificultam a ocupação humana.
A sequência correta da numeração é:
a) 5 3 1 4 2
b) 4 3 2 4 5
c) 3 2 5 1 4
d) 3 4 1 5 2
e) 4 3 2 1 5

30- Observe e compare o mapa da questão anterior com o gráfico e o quadro, e, com base na observação destes, assi-
nale a leitura plausível a partir das referidas figuras e dados.

!
I – O século XX apresentou o mais rápido processo d e urbanização conhecido pela humanidade, fazendo com que ao
final deste período a população mundial já fosse majoritariamente urbana.
II – As megacidades com mais de dez milhões de habitantes se concentram majoritariamente nos países onde o processo
de industrialização clássica favoreceu a urbanização acelerada e uma rede urbana macrocefálica.
III – Os países subdesenvolvidos, em grande parte agrários, apresentam um crescimento mais acelerado das suas me-
trópoles que os países centrais mais urbanizados, motivo pelo qual o maior número de megacidades tende a se intensificar
nesse grupo de países.
IV – O crescimento explosivo das cidades no terceiro mundo transfere a pobreza presente no campo para suas metró-
poles, cujo crescimento é concomitante com a falta de infraestrutura, desemprego ou subemprego, aumento da violência,
surgimento de favelas e outros tantos problemas geralmente denominados de urbanos.
Estão corretas apenas as proposições:
a) I, III e IV
b) II, III e IV
c) I, II e IV
d) II e III
e) I e III

31- Em 01 de agosto de 2010, teve início o 12º Censo Demográfico brasileiro. O Censo 2010 envolve o trabalho direto
de aproximadamente 230 mil pessoas, e seus resultados vão subsidiar o planejamento de políticas públicas e privadas pelos
próximos dez anos. A alternativa que descreve uma mudança introduzida nesta edição do Censo é:
a) Investigação sobre arranjos familiares formados por cônjuges do mesmo sexo.
b) Investigação sobre os grupos étnicos e sua distribuição pelo território nacional.
c) Investigação sobre as comunidades religiosas e sua distribuição pelo território nacional.
d) Investigação sobre os padrões de mortalidade e fecundidade vigentes no país.
e) Investigação sobre os níveis de renda e de consumo das famílias brasileiras.

60
GEOGRAFIA DO BRASIL

32- Considerando que as pirâmides são gráficos que representam a estrutura de uma população distribuída por faixa
de idade e sexos, observe as pirâmides 1, 2 e 3 e assinale com V ou com F as proposições, conforme sejam respectivamente
Verdadeiras ou Falsas em relação à interpretação das mesmas.

!
( ) A base larga da pirâmide 1 indica uma alta expectativa de vida, que corresponde no geral aos países subdesenvolvidos,
era a pirâmide típica do Brasil até o censo de 1980.
( ) A pirâmide 2 indica que o país apresenta uma elevação da expectativa de vida e que a população passa por um pro-
cesso de envelhecimento. Assemelha-se à pirâmide que o Brasil começa a esboçar a partir dos anos 1990.
( ) A pirâmide 3 indica que o país apresenta uma baixa taxa de natalidade ao lado de uma baixa expectativa de vida, é a
pirâmide típica dos países de economia emergente, a exemplo do Brasil e da Índia.
( ) A pirâmide 1 indica que o país necessita fazer altos investimentos em educação e saúde para qualificar sua mão-
de-obra jovem enquanto que a pirâmide 3 indica que o país enfrenta altos gastos com aposentadorias, assistência social e
carência de mão-de-obra nativa.
A sequência correta das assertivas é
a) F V F V
b) V F V F
c) V V V V
d) F F F F
e) F F V V

33- Observe a figura a seguir.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está realizando o Censo da população brasileira em 2010. Com
80% da população brasileira já recenseada, os dados preliminares do Censo 2010 indicam que a pirâmide etária brasileira se
alterou na última década. Em 2000, as crianças de até 4 anos de idade representavam 9,64% da população brasileira; hoje, são
7,17%. As de 5 a 9 eram 9,74%, percentual que caiu para 7,79%. A população com até 24 anos somava 49,68% dos brasileiros
há 10 anos; hoje, constituem 41,95%.
Sobre os dados do Censo 2010, é correto afirmar que
a) os resultados apontam para um aumento da base da pirâmide etária, uma vez que a população jovem diminuiu.
b) a queda da taxa de fecundidade aliada a uma maior expectativa de vida são fatores que podem explicar as mudanças
ocorridas na estrutura da população brasileira.
c) a diminuição da população jovem no Brasil é decorrente do aumento da taxa de mortalidade verificada no país em
função das diversas epidemias que ocorreram na década analisada, tais como a“gripe suína” ou H1N1.
d) o envelhecimento da população brasileira era totalmente inesperado neste Censo, haja vista os grandes investimentos
sociais que foram feitos para a melhoria de vida da população jovem.
e) a diminuição da base da pirâmide etária brasileira é ruim, pois evidencia que o número de mortos na juventude está
influenciando diretamente a estrutura da população.

61
GEOGRAFIA DO BRASIL

34- O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- 36- Em 2010, o IBGE realiza o Censo Demográfico bra-
ca) divulgou em setembro de 2010 os resultados da PNAD sileiro, cuja aferição total só será concluída em 2012. Con-
(Pesquisa Nacional sobre Amostra Domiciliar) referente às tudo, a realização dos últimos PNADs permitem afirmar
taxas de fecundidade nos últimos dez anos no Brasil. Os da- sobre a população brasileira que nas últimas décadas:
dos sobre o número de filhos por mulher são os seguintes: a) as taxas de natalidade e mortalidade caíram e, con-
Com base nesses dados, assinale a alternativa CORRETA: sequentemente, a de crescimento vegetativo aumentou.
b) houve um aumento da taxa de mortalidade devido
ao envelhecimento precoce da população brasileira.
c) estão em curso os estreitamentos do meio e da base
da pirâmide etária e o alargamento do topo.
d) há uma encruzilhada demográfica motivada pela
significativa redução do ingresso ao mercado de trabalho
dos jovens entre as décadas de 2010 e 2030.
e) houve um efeito combinado da redução dos níveis
a) O aumento das taxas em 2009 evidencia que o Brasil é da fecundidade e da mortalidade e do aumento da expec-
um país que tem explosão demográfica. tativa de vida.
b) Os indicadores demonstram que as taxas de mortalida-
de são superiores às taxas de natalidade, evidenciando redu- 37- A diminuição do ritmo de crescimento da popula-
ção demográfica. ção brasileira, a partir dos anos de 1980, teve como causa
c) O índice de 2009 indica ligeiro aumento na taxa de fe- fundamental a:
cundidade não caracterizando crescimento demográfico ex- a) disseminação da prática do aborto, em conformida-
plosivo. de com a legislação vigente.
d) Esses números indicam que o Brasil é um país com ta- b) esterilização de grandes efetivos demográficos, a
xas negativas de crescimento demográfico, demonstrando a partir da laqueadura e da vasectomia.
política estatal de um filho único. c) redução das taxas de natalidade, associadas aos pro-
e) Caso essas taxas de fecundidade sejam mantidas, o Bra- cessos de urbanização.
sil, em uma década, ultrapassará o total da população da Índia. d) considerável emigração para os países localizados
na zona temperada do globo.
35- Os versos abaixo, do compositor Assis Valente, pro-
curam retratar o encontro de uma dona de casa com um re-
censeador do IBGE. Respostas
Recenseamento
Em 1940 01-A/ 02-C/ 03-A/ 04-E/ 05-E / 06- C/ 07- D/ 08-A/
Lá no morro começaram o recenseamento 09-B / 10-D / 11- D/ 12-D/ 13- B/ 14-C/ 15-D / 16-C/
E o agente recenseador esmiuçou a minha vida foi um 17-D/ 18-E/ 19-B / 20-D / 21-D / 22-D / 23-B / 24-A /
horror 25-E / 26-C / 27-A / 28-C / 29-D / 30-A / 31-A / 32-A /
E quando viu a minha mão sem aliança encarou a criança 33-B / 34-C / 35-E / 36-E / 37-C
Que no chão dormia
E perguntou se meu moreno era decente
E se era do batente ou era da folia

Os versos da canção permitem pensar em dois indica-


dores demográficos passíveis de serem obtidos a partir das
informações buscadas pelo recenseador. Esses indicadores
referem-se especificamente
a) à taxa de urbanização e à esperança média de vida.
b) à taxa de mortalidade infantil e à taxa de matrimônios
estáveis.
c) ao índice de Gini e à taxa de alfabetização de adultos.
d) ao saldo migratório e à renda per capita urbana.
e) à taxa de fecundidade e à população economicamente
ativa.

62
ATUALIDADES

Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do
1º de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional............................................................................................................ 01
ATUALIDADES

janeiro do ano passado e permite que cidadãos com valo-


QUESTÕES RELACIONADAS A FATOS res não-declarados no exterior regularizem estes recursos
POLÍTICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E junto ao Fisco.
CULTURAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS, O esquema de corrupção no setor de Energia e Gás
OCORRIDOS A PARTIR DO 1º DE MARÇO DE da Diretoria de Engenharia da Petrobras foi detalhado por
2017, DIVULGADOS NA MÍDIA LOCAL E/OU representantes do MPF, da Polícia Federal (PF) e da Re-
ceita Federal, em entrevista coletiva, nesta manhã (4), em
NACIONAL.
Curitiba.
Segundo as investigações, o ex-gerente da Petrobras
Marcio de Almeida Ferreira, preso nesta manhã no Rio de
POLÍTICA Janeiro, usou a repatriação para “esquentar” cerca de R$
48 milhões proveniente de propinas que estavam deposi-
Comissão da OAB-RJ aprova pedido de impeach- tados em contas nas Bahamas.
ment de Pezão O procurador Diogo Castor de Mattos, integrante da
força-tarefa da Lava Jato no MPF, disse que Ferreira fez
A Comissão de Direito Constitucional da Ordem dos a regularização dos recursos ilícitos no final do ano pas-
Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro (OAB-RJ) apro- sado. “Ele declarou que esses valores, em tese, teriam
vou hoje (4) o pedido de impeachment do governador sido angariados da venda de um imóvel, pagou tributo
Luiz Fernando Pezão e encaminhou a matéria ao conselho de cerca de R$ 14 milhões e, dessa forma, ‘esquentou’
da instituição para decisão final. o dinheiro que, certamente, tem origem em propina
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, disse que proveniente da Petrobras”, contou Mattos. O MPF não
a questão foi encaminhada ao conselho porque existem descarta que a prática tenha sido replicada por outros
alternativas ao impeachment, que devem ser considera- agentes criminosos.
das. Segundo Santa Cruz, alguns conselheiros defendem “Eles usaram a legislação para lavar dinheiro. Isso é
intervenção federal e outros, uma ação de improbidade usar a lei para legalizar corrupção. Precisamos combater
que afastaria tanto o governador quanto o vice, Francisco essa prática e abrir a caixa-preta da Lei de Repatriação”,
Dornelles. “O conselho, agora politicamente, vai tomar a afirmou o procurador da República Carlos Fernando dos
decisão.” Santos Lima. Ele também destacou a “ousadia” dos crimi-
De acordo com Santa Cruz, a Comissão de Direito nosos, que receberam pagamentos de propina até mea-
Constitucional apenas mostrou que, tecnicamente, exis- dos de 2016, em pleno andamento da Operação Lava Jato.
tem elementos que justificam o pedido de impedimento. As investigações contabilizaram ao menos 15 con-
No próximo dia 12, a OAB-RJ reunirá o que Santa Cruz tratos usados para pagamento de propina envolvendo
chamou de “conselhão da sociedade civil”, para discutir a as empresas de consultoria Liderrol e Arxo, que também
situação de calamidade no estado do Rio. “Não adianta o foram alvos da operação de hoje. A PF afirmou que estes
governo federal e o governo estadual ficarem nesse jogo contratos foram revelados durante a delação premiada de
de empurra, com medidas ofensivas até, como foi o en- Edison Krummenauer, ex-gerente de Empreendimentos
vio de apenas 100 soldados para o Rio de Janeiro nesta da área de Gás e Energia da Petrobras.
semana. A sociedade civil vai dizer o seu basta”, afirmou “Estes contratos foram minuciosamente detalhados
o advogado. pelo colaborador. Contratos em que ele afirma que rece-
No dia 18, o conselho seccional da Ordem se reunirá beu propina para agilizar procedimentos, aprovar aditi-
para definir o melhor encaminhamento político-jurídico vos, ou seja, o modus operandi que a gente já viu no cur-
para o caso. so da Operação Lava Jato”, afirmou a delegada da Polícia
Caso o conselho aprove o pedido de impeachment, Federal Renata da Silva Rordigues.
este será encaminhado à Assembleia Legislativa, explicou Além de Marcio de Almeida Ferreira, foram presos ex-
Santa Cruz. Se o conselho optar pelo pedido de interven- gerente da Petrobras, Maurício de Oliveira Guedes, e dois
ção federal, o tema será levado a exame da Procuradoria- representantes das empresas Liderrol e Arxo, Marivaldo
Geral da República. No caso de ação de improbidade, esta do Rozário Escalfoni e Paulo Roberto Gomes Fernandes. A
será ajuizada no Poder Judiciário. PF informou que os quatro serão levados a Curitiba ainda
Fonte: Terra.com.br/ Acessado em 05/2017 nesta quinta-feira.
O nome desta nova fase da Operação Lava Jato - Asfi-
Alvo da operação usou Lei de Repatriação para la- xia - é referência à tentativa de cessar as fraudes e o des-
var dinheiro vio de recursos públicos em áreas da estatal destinadas
à produção, distribuição e comercialização de gás com-
Pelo menos um dos alvos da Operação Asfixia, 40ª bustível.
fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (4) no Rio Fonte: terra.com.br/ acessado em 05/2017
de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais, usou a Lei
de Repatriação para lavar dinheiro de propina, segundo o
Ministério Público Federal (MPF). A lei foi sancionada em

1
ATUALIDADES

Maia cria comissão para PEC que pode acabar com A vigência da união valerá até a véspera da data ini-
coligações cial do prazo para a realização das convenções para as
eleições federais subsequentes. O fundo partidário será
Um dia após ter a admissibilidade aprovada na Co- proporcional ao quociente de votos válidos obtidos por
missão de Constituição e Justiça (CCJ), o presidente da cada um dos partidos para a Câmara dos Deputados e o
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criou uma comissão es- tempo de propaganda eleitoral será proporcional ao nú-
pecial para analisar o mérito da Proposta da Emenda à mero de deputados federais eleitos pela federação.
Constituição (PEC) 282/16, que acaba com as coligações
proporcionais nas eleições federal e estadual do ano que Câmaras municipais
vem e para vereador a partir de 2020 e institui a cláusula No caso das câmaras municipais, a federação só terá
de barreira a partir de 2018. validade a partir do primeiro dia do prazo para a realiza-
O ato criando a comissão foi lido hoje (4) pelo vi- ção das convenções para as eleições municipais subse-
ce-presidente da Casa, deputado Fábio Ramalho (PM- quentes. Contudo, a reprodução da federação não será
DB-MG), que ocupa a presidência da casa legislativa en- automática, pois os partidos poderão decidir pela não re-
quanto Maia está em viagem oficial ao Líbano. A comis- produção da federação nas eleições municipais até a vés-
são especial terá 35 membros titulares e igual número pera do último dia do prazo para filiação partidária para
de suplentes. Os líderes partidários têm 48 horas para concorrer às respectivas eleições.
indicar os integrantes. Qualquer partido poderá deixar a federação antes do
Aprovada no ano passado pelos senadores, a pro- término de sua vigência, por decisão do respectivo dire-
posta recebeu parecer pela aprovação do relator na CCJ, tório nacional, mas a saída implicará o cancelamento dos
deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). Ele também reco- repasses do fundo partidário e impedimento do acesso
mendou a aprovação de duas PECs (84/11 e 22/15), que gratuito partidário e eleitoral ao rádio e à televisão, os
tramitam apensadas à 282. quais serão redistribuídos proporcionalmente entre todos
Pela proposta, a cláusula de barreira estabelece que os partidos com funcionamento parlamentar.
nas eleições de 2018 apenas os partidos que obtiverem Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017
2% dos votos válidos em pelo menos 14 estados, com no
mínimo 2% de votos válidos em cada um deles, terão di- CCJ aprova reconhecimento da união de pessoas
reito aos recursos do Fundo Partidário, ao acesso gratuito  do mesmo sexo
partidário e eleitoral ao rádio e à televisão e ao uso da
estrutura própria e funcional nas casas legislativas. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
A partir de 2022, a cláusula de barreira sobe para 3% aprovou hoje (3), em turno suplementar, projeto de lei
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 14 esta- que altera o Código Civil para reconhecer a união estável
dos, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada entre pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão
um deles. dessa união em casamento.
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
Federação aprovou hoje (3), em turno suplementar, projeto de lei
que altera o Código Civil para reconhecer a união estável
No caso das coligações, em seu lugar, a PEC deter- entre pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão
mina que os partidos políticos com afinidade ideológica dessa união em casamento.
e programática poderão se juntar em federação que terá O texto, que tem a relatoria do senador Roberto Re-
os mesmos direitos e atribuições regimentais dos parti- quião (PMDB-RR), havia sido aprovado na CCJ em março,
dos nas casas legislativas e deverá atuar com identidade mas ainda era preciso passar pela votação suplementar.
política única, resguardada a autonomia estatutária dos Hoje, a proposta foi aprovada em votação simbólica, sem
partidos que a compõem. a contagem de votos.
Para integrar a federação, os partidos terão que re- O Código Civil reconhece como entidade familiar “a
gistrar a deliberação do diretório nacional nesse sentido união estável entre o homem e a mulher, configurada na
no Tribunal Superior Eleitoral até a véspera do último dia convivência pública, contínua e duradoura e estabeleci-
do prazo para filiação partidária para concorrer às elei- da com o objetivo de constituição de família”. O projeto
ções federais. Após o registro, os partidos terão que se estabelece que a lei seja alterada para estabelecer como
reunir para a escolha do presidente, do nome da federa- família “a união estável entre duas pessoas”, mantendo o
ção e dos candidatos. restante do texto do artigo.
“Após aprovada pela maioria absoluta dos integran- O projeto é de autoria da senadora Marta Suplicy
tes das convenções nacionais dos partidos que a com- (PMDB-SP). Para ela, a aprovação na CCJ foi um “avan-
põem, a federação será reproduzida no Senado Federal, ço extraordinário”. “Desde 2008 tentamos aprovar o ca-
na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas samento homoafetivo, primeiro na Câmara, passou pelas
e na Câmara Legislativa do Distrito Federal”, diz a PEC. comissões e está até hoje no plenário. Hoje conseguimos

2
ATUALIDADES

aprovar o projeto com relatório do senador Requião que Lava Jato ‘distorce’ a reforma políticaPesquisado-
dá um passo muito grande em relação à situação que hoje res afirmam que desdobramentos da operação refle-
vivem as pessoas do mesmo sexo que desejam ter uma tem nos debates do Congresso ligados a financiamen-
união sacramentada, um casamento, na verdade”, disse. to e sistema eleitoral
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu, por
unanimidade, a união estável entre casais do mesmo sexo A Operação Lava Jato provoca impactos no debate
como entidade familiar. Na prática, a decisão significou atual da reforma política em pelo menos dois temas: fi-
que as regras que valem para relações estáveis entre ho- nanciamento de campanha e sistema eleitoral. O que de-
mens e mulheres serão aplicadas aos casais gays. veria ser modernizado por necessidade política acaba por
No relatório que acompanha o substitutivo, o relator representar oportunismo dos envolvidos hoje investiga-
Roberto Requião citou a decisão do Supremo e registrou dos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). É o que con-
que é responsabilidade do Legislativo adequar a lei em cluem cientistas políticas ouvidos pelo Estado.
vigor ao entendimento consagrado pelo STF. A partir do momento em que Marcelo Odebrecht as-
Em 2013, em função das divergências de interpreta-
sume à Justiça não haver campanha eleitoral no País sem
ção sobre o tema, o Conselho Nacional de Justiça aprovou
caixa 2, a tese de financiamento público de campanha
resolução que obriga os cartórios a celebrar o casamen-
da Comissão da Reforma Política na Câmara ganha ain-
to civil e converter a união estável homoafetiva em casa-
da mais fôlego do que aquele obtido após a decisão do
mento.
Supremo de proibir doações empresariais aos candidatos,
Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017
em 2015. O colegiado acredita que R$ 4 bilhões seriam
TSE desaprova contas do PSDB de 2011; sanção é suficientes para financiar partidos e candidatos a partir
de R$ 10 mi de 2018. Para isso, terá de combater a impopularidade
da ideia agravada pelo descrédito dos partidos perante
os eleitores.
Em um de seus últimos atos como ministro do Tribu- Outro fator que estimula a aprovação do fundo públi-
nal Superior Eleitoral (TSE), o jurista Henrique Neves não co de campanha é o discurso de criminalização do caixa 1
aprovou, no último dia 11 de abril, as contas do PSDB por integrantes da força-tarefa. “Como você vai arrecadar
referentes ao ano de 2011. em larga escala se mesmo a doação legal pode ser toma-
Neves determinou que o partido devolva cerca de R$ da como prova de crime? Só que eles (deputados) estão
4 milhões ao erário, bem como que deixe de receber uma pegando um sistema altamente inflacionário, de campa-
das doze parcelas mensais do fundo partidário referentes nhas anteriores caríssimas, porque estão sendo impedi-
a 2017 o que, no caso do PSDB, corresponde a R$ 6,6 dos de arrecadar pela jurisprudência”, afirmou Bruno Reis,
milhões. O diretório tucano também deverá destinar R$ da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
2,1 milhões para o incentivo à participação de mulheres Para o procurador regional da Lava Jato Carlos Fer-
na política. nando dos Santos Lima, não cabe à operação apontar so-
Entre as principais irregularidades identificadas pelo luções, mas “uma democracia de coalizão baseada em um
ministro do TSE estão: despesas com passagens aéreas sistema eleitoral criminógeno, em uma divisão de cargos
sem a comprovação de utilização dos bilhetes, despesas que não leva em consideração o mérito, mas a indicação
dos diretórios estaduais sem comprovação da prestação política, em um controle frágil pela Justiça Eleitoral das
de serviços e da vinculação com atividade partidária, não prestações de contas, em um sistema de financiamento
apresentação de notas fiscais de hospedagem e paga- ilegal que revela um capitalismo de compadrio, somente
mento de hospedagem sem utilização de diária, entre pode chegar aonde chegou”, disse ao Estado.
outros.
Reis vê como ingenuidade a percepção da Lava Jato
A decisão monocrática do ministro Henrique Neves
de que há uma sociedade virtuosa maculada por “forças
não precisou ser referendada pelo plenário do TSE, pois
do mal”. “Não é isso. Como nossa legislação dá poder ao
uma resolução aprovada recentemente pelo tribunal au-
grande financiador, o plenário acaba representando antes
torizou que, em determinados casos, a reprovação das
os interesses desses financiadores. Quando você faz acor-
contas seja decidida individualmente pelo relator.
O mandato de Henrique Neves como ministro do TSE dos de leniência com o doador para pegar o deputado,
terminou no último dia 16 de abril. Ele foi substituído pelo você está fazendo acordo com Dom Corleone para pegar
jurista Admar Gonzaga. o gângster da esquina”, disse.
Por email, o PSDB disse que seus advogados já apre- Lista fechada. O professor Leonardo Avritzer, tam-
sentaram recurso contra a decisão, que, para o partido, bém da UFMG, acredita que o combate à corrupção não
“deixa de cumprir uma etapa importante da análise das deve ser a “única preocupação” da reforma política. Ele
contas do PSDB, conforme determina a própria resolução aponta a força que tem adquirido com os desdobramen-
do TSE”. O partido não esclareceu qual etapa de análise tos da Lava Jato, por exemplo, a lista fechada, sistema em
teria sido descumprida. que o eleitor vota no partido. Em tese, esse modelo pode-
Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017 ria abrigar políticos com pendências na Justiça.

3
ATUALIDADES

“Hoje ela está sendo discutida em termos de se vai “Posso dizer que tivemos uma mudança considerável
servir para dar foro privilegiado, o que me parece uma dis- no sentimento da Casa depois da aprovação que tivemos
torção da própria ideia de reforma política”, disse. A Lava na semana passada lá na comissão especial. Porque ficou
Jato não é favorável à lista aberta hoje em vigor. “Ques- provado que o projeto foi profundamente modificado.
tionamentos como o excesso de partidos, a onerosidade Hoje nós temos um projeto que já não é mais aquele en-
do sistema eleitoral de listas abertas, entre outros, foram viado pelo governo. É um projeto que foi construído pela
levantados em diversas palestras e artigos pelos próprios sociedade brasileira”, declarou o relator.
membros da força-tarefa”, lembrou o procurador. VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DA REFORMA
O relator da comissão, deputado Vicente Cândido (PT Maia afirmou também que o plenário da Câmara é
-SP), no entanto, diz que se fosse verdade que a Lava Jato soberano para a votação dos dez destaques (sugestões de
altera os debates do colegiado, “teríamos 500 votos no mudanças ao texto) que ainda precisam ser analisados e
plenário hoje, e não temos”. “Não é a Lava Jato que vai que o governo não tem interferido nessa questão.
mover o Congresso para fazer a reforma”, afirmou. Com relação à proposta de incluir os agentes peni-
Como não há consenso, como diz Cândido, em tor- tenciários federais na categoria que teria direito a apo-
no das várias propostas da comissão, talvez não seja o sentadoria especial, assim como os policiais federais, que
momento de colocá-las em votação, segundo os acadê- poderão se aposentar aos 55 anos de idade, Maia afirmou
micos. “A reforma é necessária, mas não é conveniente que essa não é uma “questão nuclear”. Segundo ele, nu-
fazê-la agora. Dada a circunstância em jogo relacionada clear é, por exemplo, a fixação de uma idade mínima para
com a Lava Jato, com vários parlamentares investigados, aposentadoria e tempo de contribuição.
ministros arrolados nas denúncias, cria-se uma inconve-
niência política e moral agora”, destacou Aldo Fornazieri, Votação no plenário
professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de
São Paulo. O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbas-
Se por um lado a Lava Jato impulsiona a comissão em sahy, afirmou que o governo não tem uma previsão de
direção ao dinheiro e blindagem, por outro, mais otimis- quando o projeto da reforma da Previdência será levado
ta, provoca uma revisão do papel dos partidos. “O que para votação no Plenário da Câmara. Imbassahy afirmou
temos, por enquanto, é a aprovação da cláusula de barrei- que “quando o governo tiver a avaliação de que o projeto
ra (restrição de atuação parlamentar e de acesso ao fundo tem condição para ir a plenário acontecerá a votação”.
partidário e tempo de TV) pelo Senado, mas a Câmara dá “Não podemos precisar quando será essa dada, por-
sinais de ir nessa direção”, disse José Álvaro Moisés, da que é uma data que depende de uma avaliação perma-
nente e constante dos parlamentares”, disse Imbassahy.
USP.
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017
Fonte: Estadao.com.br/Acessado em 05/2017
ECONOMIA
Previdência: relator vê ‘mudança considerável’ no
‘sentimento’ da Câmara
Mercado baixa estimativa de inflação para 2017 e
Para Arthur Maia (PPS-BA), proposta inicial do go-
vê PIB maior
verno foi ‘profundamente’ modificada por deputados.
Expectativa dos economistas de bancos, divulgada
Relator participou de reunião com Temer e ministros
nesta segunda (8) pelo Banco Central, é de inflação em
neste domingo.
4,01% e alta do PIB de 0,47% neste ano.
O relator da reforma da Previdência na Câmara, Ar- Os economistas do mercado financeiro reduziram sua
thur Maia (PPS-BA), disse neste domingo (7) que, após previsão de inflação e passaram a estimar um crescimento
a  aprovação do texto-base da reforma da Previdên- maior do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017.
cia na comissão especial que analisa o tema, houve uma As expectativas dos analistas do mercado financeiro
«mudança considerável no sentimento» dos deputados. foram coletadas pelo Banco Central na semana passada
Para Maia, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e divulgadas nesta segunda-feira (8) por meio do relató-
que altera as regras de aposentadoria inicialmente envia- rio de mercado, também conhecido como Focus. Mais de
da pelo governo federal foi “profundamente” modificada cem instituições financeiras foram ouvidas.
pelos parlamentares e o texto-base foi “construído pela Para o comportamento do Índice Nacional de Preços
sociedade”. ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017, a “inflação oficial”
A declaração foi dada depois de reunião no Palácio do país, o mercado baixou sua previsão de 4,03% para
da Alvorda da qual participaram, além de Maia, o presi- 4,01%. Foi a nona redução seguida do indicador.
dente da República, Michel Temer, os ministros Henrique Com isso, manteve a expectativa de que a inflação
Meirelles (Fazenda), Moreira Franco (Secretaria-Geral da deste ano ficará abaixo da meta central, que é de 4,5%. A
Previdência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Gover- meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacio-
no). O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) também nal (CMN) e deve ser perseguida pelo Banco Central, que
compareceu ao encontro. para isso eleva ou reduz a taxa de juros (Selic).

4
ATUALIDADES

A meta central de inflação não é atingida no Brasil Câmbio, balança e investimentos


desde 2009. Naquele momento, o país ainda sentia os Na edição desta semana do relatório Focus, a proje-
efeitos da crise financeira internacional de forma mais in- ção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim
tensa, que acabou se espalhando pelo mundo. de 2017 permaneceu em R$ 3,23. Para o fechamento de
Pelo sistema vigente no Brasil, a meta de inflação é 2018, a previsão dos economistas para o dólar subiu de
considerada formalmente cumprida quando o IPCA fica R$ 3,38 para R$ 3,40.
dentro do intervalo de tolerância também fixado pelo A projeção do relatório Focus para o resultado da ba-
CMN. Para 2017, esse intervalo é de 1,5 ponto percentual lança comercial (resultado do total de exportações menos
para baixo ou para cima do centro da meta. Assim, o BC as importações) em 2017 subiu de US$ 53,15 bilhões para
terá cumprido a meta se o IPCA terminar este ano entre US$ 53,3 bilhões de resultado positivo. Para o próximo
3% e 6%. ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o
No ano passado, a inflação ficou acima da meta cen- superávit avançou de US$ 41,1 bilhões para US$ 42,3 bi-
tral, mas dentro do intervalo definido pelo CMN. Já em
lhões.
2015, a meta foi descumprida pelo BC - naquele ano, a
A projeção do relatório para a entrada de investimen-
inflação superou a barreira dos 10%.
tos estrangeiros diretos no Brasil em 2017 recuou de US$
Para 2018, porém, a previsão do mercado financeiro
78 bilhões para US$ 76 bilhões. Para 2018, a estimativa
para a inflação subiu de 4,30% para 4,39%. Mesmo assim,
dos analistas caiu de US$ 80 bilhões para US$ 75 bilhões.
o índice está abaixo da meta central de inflação para o
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017
período (4,5%) e também do teto de 6% fixado para o ano
que vem.
Dólar opera em alta, aguardando a reforma da
Previdência
Produto Interno Bruto
Na sexta-feira (5), a moeda fechou em queda de
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mer-
0,24%, cotada a R$ 3,17.
cado financeiro elevou sua estimativa de crescimento de
0,46% para 0,47%.
O dólar opera em alta ante o real nesta segunda-fei-
ra (8), com o mercado acompanhando a valorização da
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no
moeda norte-americana no exterior em dia de fraqueza
país, independentemente da nacionalidade de quem os
das commodities e em compasso de espera em torno da
produz, e serve para medir o comportamento da econo-
tramitação da reforma da Previdência no Congresso, se-
mia brasileira.
gundo a agência Reuters.
Em 2016, o PIB brasileiro caiu pelo segundo ano se-
Às 9h07, a moeda norte-americana subia 0,53% ven-
guido e confirmou a pior recessão da história do país, se-
dida a R$ 3,1917. Veja a cotação.
gundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geo-
Na terça-feira (9), os destaques ao projeto de reforma
grafia e Estatística (IBGE).
da Previdência deverão ser votados em comissão especial
Para 2018, os economistas das instituições financeiras
da Câmara, que na semana passada aprovou o texto-base.
mantiveram sua estimativa de expansão do PIB estável em
Em seguida, a proposta será encaminhada para tramita-
2,50%.
ção em plenário.
O Banco Central não anunciou qualquer intervenção
Taxa de juros
para o mercado de câmbio para esta sessão, por ora. Em
O mercado financeiro manteve sua previsão para a
junho, vencem US$ 4,4 bilhões em swap cambial tradicio-
taxa básica de juros da economia, a Selic, em 8,5% ao ano
nal, equivalente à venda futura de dólares
no fechamento de 2017. Ou seja, os analistas continuam
Na sexta-feira (5), a moeda fechou em queda de
estimando novas reduções de juros neste ano. Atualmen-
0,24%, cotada a R$ 3,17, com o mercado aliviado após os
te, a Selic está em 11,25% ao ano.
dados sobre emprego nos Estados Unidos não endossa-
Para o fechamento de 2018, a estimativa dos econo-
rem apostas de altas adicionais de juros no país, avalia a
mistas dos bancos para a taxa Selic continuou em 8,5% ao
Reuters.
ano. Com isso, estimaram que os juros ficarão estáveis no
No mês, o dólar tem alta de R$1,98%. No ano, a moe-
ano que vem.
da acumula queda de 2,30%.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017
BC para tentar conter pressões inflacionárias. A instituição
tem de calibrar os juros para atingir índices pré-determi-
nados pelo sistema de metas de inflação brasileiro.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o
crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Entretanto, também prejudicam a economia e geram de-
semprego.

5
ATUALIDADES

Lucro líquido ajustado da BB Seguridade cresce para a frente para conquistar a vantagem necessária. Para
3,7% no 1º tri, a R$ 992,8 milhões isso, o Palácio do Planalto vai partir para o “vale-tudo” na
Volume total de prêmios de seguros emitidos, con- articulação política, lançando mão de agrados à base alia-
tribuições de previdência e arrecadação com títulos de da, além de melhorar a estratégia de comunicação.
capitalização somou R$ 14,8 bilhões no período. As concessões no texto, porém, estão no limite, na
avaliação do governo. A ordem agora é barrar movi-
A BB Seguridade, que reúne as participações do Ban- mentos de novas categorias que tentem obter direito a
co do Brasil em seguros e previdência, teve lucro líquido aposentadoria especial, como os guardas municipais. A
ajustado de R$ 992,8 milhões no primeiro trimestre, alta margem de negociação no plenário prevê a inclusão dos
de 3,7% sobre o mesmo período de 2016 e em linha com agentes penitenciários na regra que permite idade mí-
a projeção de 1 a 5% de crescimento estipulada pela com- nima menor, de 55 anos, e a revisão das exigências para
panhia. que servidores públicos que ingressaram até 2003 se
Conforme material de divulgação do balanço, o de- aposentem com salário integral. Os dois pontos devem
sempenho no período é explicado pela alta de 11% do ser aprovados separadamente, em votação dos chama-
resultado operacional não decorrente de juros, o que dos destaques.
compensou a queda de 10,4% do resultado financeiro em O governo pretende ainda melhorar a comunica-
meio à queda da taxa Selic. ção com os parlamentares e a população ao longo da
O retorno anualizado sobre patrimônio líquido médio semana, depois de reconhecer que enfrenta problemas
foi de 47,3% nos três primeiros meses do ano, queda de na área. Segundo um interlocutor da área política, a
2,6 pontos percentuais na comparação anual. Já as despe- previsão é veicular propagandas em defesa da reforma
sas gerais e administrativas encolheram 23,7% na mesma em cerca de 4 mil rádios de todo o Brasil que possuem
base, para R$ 15,257 milhões. cadastro na Secretaria de Comunicação da Presidência.
O volume total de prêmios de seguros emitidos, con- Uma nova cartilha será distribuída aos deputados, expli-
tribuições de previdência e arrecadação com títulos de cando as mudanças ponto a ponto. Para evitar confusão,
capitalização somou R$ 14,8 bilhões entre janeiro e mar- o documento trará apenas as novas regras segundo o
ço, superando em 17,2% o montante apurado em igual texto aprovado na comissão especial, sem incluir como
período de 2016. é hoje.
Por segmento, a área de seguros de vida, habitação e
rural, chamada pela BB Seguridade de SH1, teve lucro lí- Agrados
quido ajustado de R$ 391,5 milhões no primeiro trimestre, Integrantes da base também começam nesta semana
alta anual de 3,2%. Os prêmios emitidos somaram R$ 1,6 a montar um mapa de votos. O trabalho será coordenado
bilhão, um volume 9,1% maior sobre um ano atrás. pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP) e pelo ministro-
Já a divisão de automóvel e patrimônio (SH2) teve chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. A ideia é identificar a
prejuízo líquido ajustado de R$ 4,6 milhões nos três pri- posição de cada deputado para saber com quem é preci-
meiros meses de 2017, ante resultado positivo de R$ 50,5 so negociar. O governo só vai colocar a reforma em vo-
milhões no mesmo intervalo de 2016. Enquanto isso, os
tação no plenário quando contabilizar mais de 320 votos
prêmios emitidos aumentaram 1,7% na mesma compara-
favoráveis.
ção, para 2,2 R$ bilhões.
Em previdência, o lucro líquido ajustado entre janei-
Dificuldade
ro e março cresceu 11,5% ano a ano, atingindo R$ 248,4
O Placar da Previdência feito pelo Grupo Estado já
milhões, beneficiado pelo aumento de receitas com taxas
mostra que o desafio será grande. Até a noite de sexta-
de gestão em função da expansão do volume de recursos
feira, havia 232 votos “não”, contra 87 votos a favor. Com
administrados e da melhora no índice de eficiência.
esse cenário, o governo sabe que terá de atuar firme no
O volume de contribuições de previdência subiu
campo político, com liberação de recursos de emendas
26,7% no primeiro trimestre, enquanto a captação líquida
totalizou R$ 4,5 bilhões, evolução de 19,9% ante um ano parlamentares, nomeação de cargos para aliados e aten-
atrás. dimento a demandas que vão além da reforma, como o
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 parcelamento de dívidas previdenciárias do setor rural.
As mudanças no texto feitas em plenário integram
Governo parte para vale-tudo para aprovar refor- a ação de convencimento dos deputados, que se viram
ma da Previdência pressionados por categorias como juízes e procurado-
res por alterações na transição dos servidores. No dia da
O presidente Michel Temer se prepara para a principal aprovação do texto na comissão especial, o relator, de-
batalha na reforma da Previdência: a aprovação da pro- putado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), disse que é preciso
posta no plenário da Câmara dos Deputados, com o apoio deixar os parlamentares “mais confortáveis” para votar.
de pelo menos 308 deputados. O governo ainda não tem As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
esses votos, mas já traçou os movimentos que fará daqui Fonte: atarde.uol.com.br/Acessado em 05/2017

6
ATUALIDADES

Mercado disputa clientes ‘premium’ de grandes uma opção rentável de negócio. Segundo uma fonte, no
bancos entanto, o trabalho dos bancos nessas plataformas traz
risco de “canibalização”. Isso porque a oferta de fundos
O banco BTG Pactual, a exemplo das corretoras, tam- de terceiros, por vezes com menores taxas de adminis-
bém entrou na disputa pelo cliente de alta renda que tração, é uma ameaça aos fundos próprios dos bancos.
hoje está na carteira “premium” das grandes instituições
financeiras. O cliente-alvo dos bancos são as pessoas fí- Diversificação de receita
sicas com renda superior a R$ 10 mil.
No BTG, a plataforma digital começou a ser gesta- Após 15 anos de trabalho com educação financeira
da em 2014 e passou a ser testada no ano passado por para tentar atrair investimentos de clientes, a corretora
funcionários e familiares do banco. No fim de 2016, foi XP começa a mudar de foco e avança em diferentes fren-
aberto a todos, que podem investir em fundos de inves- tes para diversificar sua receita.
timentos de, no mínimo, R$ 3 mil, disse Marcelo Flora, A empresa espera licença do Banco Central para
sócio do BTG e responsável pelo projeto. poder atuar como banco na área de empréstimos para
A meta é abocanhar, em até cinco anos, 10% do mer- pessoas físicas. No segmento institucional, a corretora já
cado de alta renda, que hoje soma cerca de R$ 700 bi- participou, neste ano, da coordenação do IPO (oferta pú-
lhões. Se atingir o objetivo, o segmento será tão impor- blica de ações, na sigla em inglês) da locadora de veícu-
tante quanto sua área de gestão de fortunas, que hoje
los Movida e começa a trabalhar com emissões de títulos
soma R$ 80 bilhões. “A tecnologia permitiu ter grande
de dívida para empresas. Procurada pela reportagem, a
escala e oferecer produtos que antes eram só para o
companhia não quis falar sobre o assunto.
segmento ‘wealth manegement’ (grandes fortunas)”,
Fonte: atarde.com.br/acessado em 05/2017
disse Flora.
O Banco Original, da holding J&F (dona da Friboi),
Vale prevê economia de mais de US$ 70 milhões
também quer avançar nesse segmento e oferece opção
com novo sistema até 2020
de investimentos a partir de R$ 1 mil. Segundo a exe-
Desenvolvimento começou em 2014, e implanta-
cutiva Sinara Polycarpo, do Original, o fato de não ter
ção teve início em 2016.
uma estrutura de agência, faz com que o banco, que já
nasceu digital, possa oferecer taxas administrativas mais
A mineradora Vale prevê economizar mais de US$ 70
atraentes.
Percebendo o movimento de instituições indepen- milhões até 2020 com a implantação de um novo sistema
dentes, os bancos de varejo têm revisto suas estratégias. de gestão das unidades de minério de ferro e manganês,
Antes, os gigantes só ofereciam seus próprios fundos. chamado de Gestão da Produção Vale - Mineração (GPV
Agora, começam a se abrir para opções de terceiros. -M), que substitui outros 17 sistemas que vinham sendo
O Itaú, por exemplo, criou a plataforma digital Inves- usados.
timento 360, destinada aos clientes Personnalité e que A empresa afirmou nesta sexta-feira (5) que serão 38
oferece fundos de outras instituições. Essa plataforma minas, plantas e entrepostos com o novo sistema, e que
foi lançada como uma campanha de marketing agressiva a implantação já foi concluída em 20 unidades de Minas
no mercado. Gerais, Maranhão e Pará.
Já o Bradesco afirma que passou a oferecer uma as- Com o início do desenvolvimento em 2014 - pelas
sessoria financeira “mais proativa”, com consultores de áreas de Tecnologia da Informação (TI) e Ferrosos em
investimentos a todos os clientes de alta renda. Até 2016, parceria com a empresa Chemtech - o novo sistema da
era mais restrito. Fundos de outras instituições, porém, Vale começou a ser implantado em outubro de 2016.
são ofertados a clientes do chamado private banking, O GPV-M faz parte da plataforma tecnológica úni-
que exige cifras maiores. O diretor executivo do Brades- ca de gestão da cadeia de valor do negócio de ferrosos,
co, Cassiano Scarpelli, afirma que remunerar bem é um composta por mina, ferrovia e porto, e engloba todo o
desafio para o setor. processo de produção, desde a mina e o beneficiamento
Em um evento, Sérgio Rial, presidente do Santander, até a expedição do produto.
afirmou que o setor está em uma transformação cultural A economia, segundo a Vale, vem da redução do
e a plataforma digital vem para eliminar a fricção huma- custo de TI, com a manutenção e evolução de diferen-
na que ele considera desnecessária, mas não é apenas tes sistemas e plataformas, e com a redução de impactos
um “software”. Procurados, Itaú, Caixa e Banco do Brasil operacionais causados por indisponibilidade do sistema.
não retornaram os pedidos de entrevista. Além disso, segundo a mineradora, “são esperados
Para Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, a in- ganhos relevantes com maior produtividade de mão de
vestida dos grandes bancos nas plataformas abertas não obra e redução de horas improdutivas dos ativos, supor-
se trata de uma reação ao avanço de corretoras, mas tados pela melhor usabilidade do sistema e maior dispo-
do entendimento que a variedade de opções pode ser nibilidade de informações para tomada de decisão”.

7
ATUALIDADES

O GPV-M é capaz de processar 1,2 terabyte de infor- Em O Céu de Basquiat, o intérprete e criador Márcio
mações em tempo real e atender a mil usuários simultâ- Cunha apresenta um espetáculo que trata de discrimina-
neos. Desde que começou a ser implantado o sistema já ção, preconceito e sociedade, inspirado no universo insti-
foi utilizado por 1 mil usuários diferentes, com acessos gante das obras do pintor neo-expressionista norte-ame-
simultâneos de 150 usuários. ricano Jean Michel Basquiat (1960-1988).
Nova campanha Já o espetáculo Mulata marca as comemorações dos
O anúncio foi feito pela Vale nesta sexta-feira, junta- 50 anos de vida e 40 de dança da bailarina cearense Wile-
mente com o lançamento de uma campanha no ambiente mara Barros e ganha narrativa com o corpo e a voz da
digital, que tem como tema a inovação e a evolução da artista. Ainda na programação, serão realizadas oficinas
empresa. O primeiro passo foi a publicação de um vídeo de balé clássico e dinâmica muscular, aula de dança con-
manifesto chamado “O caminho é evoluir”. temporânea, e no último dia (14), às 16h, um debate sobre
“Na segunda etapa da campanha, os vídeos contarão políticas e micropolíticas de circulação da dança no Brasil,
histórias reais relacionadas ao papel da mineração na vida com coreógrafos convidados.
e no dia a dia das pessoas e mostrarão inovações que só Fonte: JornaldoBrasil.com.br/ Acessado em 05/2017
foram possíveis na nossa sociedade graças à atividade de
mineração”, disse a Vale. Aos 95 anos, príncipe Philip abandona vida pública
A empresa destacou que a campanha será voltada
para o público formador de opinião e vai ao ar no ano em Aos 95 anos de idade, o príncipe Philip, marido da
que a Vale completa 75 anos. rainha Elizabeth II da Inglaterra, abandonará a vida pú-
Fonte: g1.com.br/ Acessado em 05/2017 blica e os compromissos oficiais da realeza, de acordo
com anúncio feito nesta quinta-feira (4) pelo Palácio de
Conexão entre o Rio e o Ceará busca democratizar Buckingham.    “O duque de Edimburgo decidiu não par-
a dança ticipar mais de compromissos públicos a partir do outono
[no Hemisfério Norte] deste ano”, informou um comuni-
A democratização da dança e a troca de experiências cado da família real. O príncipe cumprirá sua agenda até
entre profissionais de dois estados é o objetivo do projeto agosto e, depois, não aceitará mais convites para eventos,
em um espécie de “aposentadoria”. Por sua vez, Elizabeth
de ocupação Conexão Dança Ceará/Rio de Janeiro, que
II, que está com 91 anos, manterá seus compromissos ofi-
até o próximo dia 14 toma conta do Teatro Cacilda Becker,
ciais.
espaço da Fundação Nacional de Arte (Funarte) no bairro
A notícia foi divulgada após uma reunião de emer-
do Catete, zona sul do Rio.
gência no Palácio de Buckingham convocada nesta ma-
A programação, aberta na quarta-feira (3), conta com
nhã com todos os funcionários do local, o que gerou
oficinas, palestras e debates gratuitos, além de espetácu-
curiosidade e especulações na imprensa. Conhecido por
los a preços populares, todos por iniciativa da Associação
seu senso de humor e por sua lealdade à rainha, Philip é o
Dança Cariri, criada em Juazeiro do Norte (CE), em parce-
príncipe consorte mais longevo da história britânica e vai
ria com a Funarte.
completar 96 anos em junho.
No Cariri, região onde o grupo tem sede, o intercâm-
Aos 95 anos de idade, o príncipe Philip, marido da
bio já ocorre por meio da Semana Dança Cariri, que rea- rainha Elizabeth II da Inglaterra, abandonará a vida públi-
lizou em abril sua oitava edição. É a primeira vez que o ca e os compromissos oficiais da realeza, de acordo com
projeto chega ao Rio de Janeiro, reunindo companhias de anúncio feito nesta quinta-feira (4) pelo Palácio de Buc-
dança e bailarinos dos dois estados. kingham. “O duque de Edimburgo decidiu não participar
De acordo com o cearense Alysson Amâncio, idealiza- mais de compromissos públicos a partir do outono [no
dor do projeto, o Rio mantém uma relação estreita com Hemisfério Norte] deste ano”, informou um comunicado
a dança cearense desde os anos 70, quando os bailarinos da família real. O príncipe cumprirá sua agenda até agosto
e coreógrafos Dennis Gray e Jane Blauth se mudaram da e, depois, não aceitará mais convites para eventos, em um
capital fluminense para Fortaleza e implantaram a Escola espécie de “aposentadoria”. Por sua vez, Elizabeth II, que
de Dança do Sesi. “Muitos bailarinos do Ceará mudaram está com 91 anos, manterá seus compromissos oficiais.
para o Rio em busca de uma formação mais aprimorada, A notícia foi divulgada após uma reunião de emer-
bem como muitos professores e grupos cariocas estive- gência no Palácio de Buckingham convocada nesta ma-
ram pelo Ceará para ministrar oficinas e realizar espetá- nhã com todos os funcionários do local, o que gerou
culos”, conta. curiosidade e especulações na imprensa. Conhecido por
São três espetáculos cariocas – Delicadeza, da Cia da seu senso de humor e por sua lealdade à rainha, Philip é o
Ideia, Sobre cisnes, de Giselda Fernandes, e O céu de Bas- príncipe consorte mais longevo da história britânica e vai
quiat, da Marcio Cunha Cia de Dança Contemporânea – e completar 96 anos em junho.
dois cearenses – Mulata, da Cia Dita, e Manga com Leite, Príncipe Philip da Grécia e da Dinamarca é bisneto da
da Cia Alysson Amâncio – com apresentações de quarta- rainha Victoria, assim como a própria Elizabeth II. Porém,
feira a domingo, sempre às 20h, até o final do evento. em 1922, sua família teve de se exilar.

8
ATUALIDADES

Ingressou na Marinha britânica, participou da Segun- Novo encontro definirá metas contra mudanças
da Guerra Mundial e se casou com Elizabeth em 1947. Em climáticas
1952, quando a esposa assumiu o trono, Philip deixou sua Países começarão a delinear operações para li-
carreira para apoiar a rainha. mitar o aquecimento global
Em vários momentos, Philip foi criticado por fazer co-
mentários inadequados e até racistas em compromissos As negociações sobre mudanças climáticas inicia-
oficiais da monarca. das em 2015, com o Acordo de Paris, serão retomadas
Em 1986, na China, ele recomendou que estudantes esta segunda-feira em Bonn, na Alemanha. A reunião
não ficassem muito tempo no país para não terminarem dos 196 países que participaram da elaboração do do-
com “os olhos rasgados”. cumento ocorrerá em meio à ameaça do governo ame-
Em 2002, na Austrália, ele perguntou a um aborígene ricano de retirar-se do pacto internacional, cujo objeti-
se “ainda disparava feclas”. Gafe- A notícia da aposentado- vo é limitar o aquecimento do planeta.
ria do príncipe gerou uma gafe no tabloide “The Sun”. Em
Área de Mata Atlântica no Rio: bioma é um dos que
vez de informar o afastamento de Philip, o jornal noticiou
pesquisa aponta que crescimento e absorção de car-
sua morte. Aparentemente, o texto publicado era uma pá-
bono vão aumentar junto com alta na temperatura e
gina pronta sobre o falecimento do marido da rainha.
chuva
Fonte: Jornaldobrasil.com.br/Acessado em 05/2017
Mudanças climáticas podem fomentar crescimento
Perder-se na rua pode ser um dos primeiros sinais de florestas tropicais
do Alzheimer, indicam cientistas — Precisamos definir as operações do Acordo de
Paris antes da próxima Conferência do Clima (COP-23),
RIO - Perder a habilidade de se localizar ou até mes- que será realizada no fim do ano — alerta David Levai,
mo se desencontrar em um ambiente que seja familiar po- investigador do Instituto de Desenvolvimento Susten-
dem ser sinais de que o mal Alzheimer poderá chegar na tável e de Relações Internacionais.
terceira idade. Estas resultados preliminares são fruto de Na COP-21, em Paris, 195 países e a União Europeia
um estudo de longo prazo sobre a doença que está sendo concordaram em limitar o aumento da temperatura
desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Edim- global a, no máximo, 2 graus Celsius. A Palestina anun-
burgo, na Escócia, e deverão ser publicados em breve. ciou a adesão ao acordo depois. Para não ultrapassar
esta marca, será necessária, entre outras medidas, uma
O estudo, que tem o nome “Projeto Prevenção” e con- radical transição energética, que substitua os combus-
ta também com a parceria de cientistas ingleses, visa ma- tíveis fósseis (carvão e petróleo) por fontes renováveis
pear de que forma o Alzheimer age inicialmente no cére- (biomassa, solar, eólica).
bro. Por isso, adultos com menos de 60 anos estão sendo Fonte: oglobo.com/Acessado em 05/2017
acompanhados — é somente depois das seis décadas de
vida que o sintomas mais consistentes da doença come- VIOLÊNCIA
çam a aparecer, quando o cérebro já está consideravel-
mente danificado pelo Alzheimer. Onda de violência em Florianópolis assusta mo-
O que o “Projeto Prevenção” vem indicando é que, radores
para além da memória — que leva a “fama” como a habi- Guerras de traficantes e tiroteios nas comunida-
lidade mais afetada pelo Alzheimer —, a capacidade de se des viraram rotina em uma cidade conhecida pelas
localizar espacialmente é também um ponto importante belezas naturais e pela tranquilidade.
para se entender a doença.
“O Alzheimer é considerado uma doença da memó-
Uma onda de assassinatos tem assustado os mo-
ria, mas nós agora vemos, a partir de trabalhos anteriores,
radores de Florianópolis. Guerras de traficantes e tiro-
que a dificuldade que as pessoas estão realmente tendo
teios nas comunidades viraram rotina em uma cidade
— ao menos para começar — não tem a ver com o declí-
conhecida pelas belezas naturais e pela tranquilidade
nio da memória, mas com a decadência da habilidade de
visualizar a localização das coisas e delas mesmas”, disse Só nesta semana três homens morreram durante
uma das pesquisadoras do grupo, Karen Ritchie, ao jornal uma troca de tiros entre facções criminosas no meio de
britânico “The Guardian”. “É a perda da habilidade de na- uma comunidade.
vegação”. Esse clima de insegurança não é de hoje. No mês
O projeto, financiado pela Sociedade do Alzheimer, passado, um homem foi morto a tiros, à luz do dia, em
envolve o estudo de dois grupos. O primeiro é de pessoas frente ao Mercado Público, um dos lugares mais movi-
com idades entre 41e 59 anos com parentes próximos que mentados do Centro de Florianópolis.
desenvolveram a doença e têm alto risco de serem afeta- O número de roubos também não para de crescer.
das por ela. O segundo consiste em indivíduos cujas vidas De janeiro a março deste ano foram 868, quase 100 a
nunca foram afetadas pelo Alzheimer. mais que nos três primeiros meses do ano passado.
Fonte: oglobo.com/Acessado em 05/2017

9
ATUALIDADES

A polícia e especialistas em segurança não têm dú- Governos e ONU denunciam ‘violência generaliza-
vidas de que a escalada da violência em Santa Catarina da’ no Brasil
está diretamente ligada à guerra entre grupos rivais, Brasil anuncia meta de redução de 10% da po-
que disputam pontos de venda de drogas. Na capital, pulação carcerária, mas não diz como isso será feito;
só este ano, foram 57 homicídios. O número é quase três ongs acusam ‘demagogia’
vezes maior do que o registrado no mesmo período do
ano passado. A violência no Brasil, nos centros urbanos, no campo
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017 ou dentro das prisões, é o maior desafio de direitos hu-
manos do País e se transformou em um fenômeno gene-
Enfrentamento à violência contra a mulher é tema ralizado. Esse foi o resultado da sabatina realizada pela
de seminário ONU sobre a situação no Brasil e que levou governos de
Evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas todo o mundo a soar o alerta para o aumento da violência
no local. nos últimos anos no País e pedir medidas concretas para
Ação ocorre em Aracaju (SE) e celebra o Dia Inter- lidar com o fenômeno.
nacional da Mulher. Pressionado, o governo brasileiro sinalizou na quinta-
feira, 4, em Genebra, que irá reduzir em 10% a população
Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, carcerária do País até 2019, cerca de 70 mil pessoas. Mas
ocorre o 1º Seminário “Conhecendo a Rede de Enfren- não explicou como isso ocorreria, levando ongs brasileiras
tamento à Violência contra a Mulher” a partir das 9h, no e internacionais a acusar o governo de fazer “demagogia”. 
auditório do Palácio da Justiça Tobias Barreto de Mene- Durante o debate, países cobraram explicações e me-
zes, localizado na Praça Fausto Cardoso, 112, Centro de dida por parte do Brasil para lidar com a violência da polí-
Aracaju (SE). O evento é gratuito e as inscrições podem cia, intolerância, assassinatos, violência nas prisões, contra
ser feitas no local. mulheres, negros, crianças, gays, defensores de direitos
O seminário é uma promoção da Secretaria de Estado humanos e jornalistas, além de indígenas. Por todos crité-
da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e rios apresentados, a taxa de violência hoje é mais alta que
dos Direitos Humanos (Seidh) em parceria com o Tribunal em 2012, ano da última vez que o Brasil foi examinado
de Justiça de Sergipe (TJ/SE) sendo uma ação de fortale- pela ONU. 
cimento e integração das entidades que atuam no aten- Não por acaso, relatores das Nações Unidas alertam
dimento e proteção à mulher vítima de violência. que existe uma “violência generalizada” e respostas insu-
“Existem alguns pontos de estrangulamento. Inter-
ficientes, levando o país a regredir na defesa dos direitos
rupções no atendimento a essa mulher vítima. A partir de
humanos. O governo brasileiro, porém, foi à sabatina sem
uma unificação de procedimentos, poderemos ter uma
sequer um representante do Ministério da Justiça, o que
continuidade salutar entre os diversos serviços aos quais
deixou delegações e ativistas surpresos. 
a mulher deve recorrer em caso de violência, tornando
Durante o encontro oficial, pelo menos 17 recomen-
o atendimento mais acolhedor e mais eficaz”, explica a
dações sobre as condições do sistema prisional e acesso
coordenadora Estadual de Políticas para as Mulheres da
à Justiça foram feitas ao Brasil por países como Estados
Seidh, Edivaneide Paes.
Unidos, Espanha, Itália, Tailândia, Japão, África do Sul,
O evento contará com a palestrante Jane Curbani,
Suécia, Reino Unido e Dinamarca. Citando dados da ONU,
que vai falar sobre “Redes Intersetoriais: encontros pos-
a Alemanha chegou a indicar em documentos que existe
síveis”, destacando a importância do trabalho em rede
para garantir a proteção e o acolhimento da mulher víti- um “retrocesso” na garantia do direito à vida de determi-
ma de violência. Com a juíza coordenadora da Mulher do nados grupos minoritários. 
Tribunal de Justiça de Sergipe, Isabela Sampaio, que vai As autoridades da República Checa, da Namíbia e Sér-
apresentar o fluxograma da rede, contendo os diversos via foram alguns dos que criticaram a superlotação das
caminhos que a mulher pode percorrer a partir das dife- prisões. Segundo os suecos, a população carcerária é o
rentes portas de entrada, incluindo o acesso através de dobro da capacidade hoje das detenções. A representante
denúncia pelo disque 180, 190 e 181. A delegada Thais do governo americano, Michelle Roulbet, chegou a atacar
Lemos Santiago também participa com a palestra “De- a “corrupção nas prisões” e a necessidade de se buscar
nunciei: o que fazer?”, sobre o atendimento à mulher ví- penas alternativas. A Casa Branca também recomendou
tima de violência no DAGV. o Brasil a acelerar julgamentos, diante de 40% de seus
Fonte: g1.com/ Acessado em 2017 detentos ainda aguardarem julgamento. 
A Alemanha, por exemplo, recomendou que o gover-
no amplie o programa de audiências de custódia através
da aprovação do projeto de lei 554/11 e demandou que
juízes e promotores que atuam nessas audiências passem
por treinamento específico para combater a tortura.
 

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ATUALIDADES

Polícia. Outra preocupação é a violência policial. Da- Críticas.  O discurso brasileiro e a falta de medidas
dos da Anistia Internacional apontam que, entre a última concretas foi duramente criticado pelas entidades da so-
sabatina do Brasil na ONU em 2012 e hoje, as mortes por ciedade civil. Renata Neder, da Anistia Internacional, aler-
policiais aumentaram de 419 casos no Rio de Janeiro para tou que, desde a última sabatina em 2012 na ONU, o que
920 em 2016.  se viu foi “um grande aumento da violência e violações de
Por isso, o governo do Reino Unido quer que a polícia direitos humanos no Brasil”. “Não foi um período de avan-
brasileira seja treinada e que, em quatro anos, as mortes ços. Mas um período de retrocesso no campo e nas ci-
ocorridas pelas forças de ordem sejam reduzidas em 10%. dades”, disse. “Os homicídios aumentaram, inclusive pela
Mesmo a Guatemala, um dos países mais violentos do polícia. O Estado brasileiro não agiu. Não há um plano de
mundo, usou seu discurso para dizer que estava “preocu- redução de homicídios”, insistiu.  
pada com o aumento de violência no Brasil”.  Para a entidade Conectas, o que o governo sugere
Em seu discurso, a ministra brasileira indicou que não basta. “Essa promessa não dialoga com o tamanho
tem “investido na qualificação das forças policiais, na dos desafios do sistema prisional. O Brasil prende cerca
garantia do acesso à justiça, no fortalecimento das De- de 40 mil pessoas por ano, ou seja, quando a ‘meta’ anun-
fensorias Públicas, e no combate à impunidade nos ca- ciada for cumprida, o país já terá prendido outras 120
sos de uso excessivo da força policial”. “Cabe ressaltar mil”, afirma Camila Asano, coordenadora do programa de
nesse sentido um conjunto de iniciativas, tanto do Mi- Política Externa da Conectas.
nistério Público, quanto das Forças Policiais no sentido “Da maneira como foi apresentado, o compromisso
de abolir os ‘autos de resistência’ e de conduzir com é demagógico. Não há nada que indique que a política
prioridade inquéritos que envolvam mortes por oposi- atual esteja mudando. Ao contrário: o Plano Nacional de
ção à ação policial”, garantiu. Segurança apresentado pela ministra Valois como um ‘su-
Sobre as prisões, a ministra insistiu na meta de re- cesso’ apenas reforça a militarização que está na base do
duzir a população carcerária em 10% em dois anos. Mas encarceramento massivo de jovens pobres e negros das
periferias”, completa.
apenas indicou que “a situação do sistema penitenciário
Fonte: estadão.com/Acessado em 05/2017
é reflexo também dos desafios em matéria de segurança
pública”. “É preciso reduzir a superpopulação carcerária
INTERNACIONAL
e humanizar os presídios”, defendeu, sem explicar como
isso seria feito.
Eleições na França: cinco razões para entender a
“O Departamento Penitenciário Nacional tem promo-
vitória de Macron
vido a adoção de penas alternativas para crimes de baixa
gravidade como forma de reverter a preocupante ten-
Há um ano, ele integrava o gabinete de um dos presi-
dência de aumento das taxas de encarceramento no país, dentes mais impopulares da história recente do país.
além de forças tarefas, em coordenação com a Defensoria Quem é Emmanuel Macron, o novo presidente
Pública, para verificar a situação de presos que podem eleito da França
postular seu retorno ao convívio familiar”, disse. “Outro Agora, aos 39 anos, venceu a eleição presidencial,
avanço positivo foi o Programa de Promoção de Audiên- derrotando primeiramente a centro-esquerda e a centro-
cias de Custódia, que levou, segundo estudos, a uma re- direita que predominavam no país, e depois a extrema
dução de 50% nas detenções provisórias e que contribui direita.
para o combate às detenções arbitrárias”, completou.
Ele teve sorte
Ativistas. Outro tema recorrente foi o ataque contra Não há dúvida: os ventos da sorte sopraram para Ma-
ativistas de direitos humanos, assunto tratado pelo gover- cron e impulsionaram seu triunfo eleitoral.
no dos EUA, Holanda, Noruega, Eslováquia e outros. Os Um escândalo de nepotismo derrubou as chances do
Estados Unidos, por exemplo, pediram investigação dos favorito no começo da disputa, o candidato da centro-
casos de execuções extrajudiciais. A Eslováquia recomen- direita François Fillon. E o candidato do Partido Socialista
dou que a polícia brasileira adote um código de conduta (centro-esquerda), Benoît Hamon, de ala mais à esquer-
sobre uso da força em protestos, enquanto os relatores da dentro do próprio partido, sofreu com o abandono de
da ONU indicaram em seus informes que o número de eleitores mais tradicionais, que buscaram outros nomes.
assassinatos tem aumentado. Em 2016, foram 61 casos e, “Ele foi muito sortudo, porque encontrou uma situa-
para muitos governos, isso seria um sinal da impunidade.  ção totalmente inesperada”, afirmou Marc-Olivier Padis,
Com a ONU usando dados do IPEA que apontam para do centro de estudos Terra Nova, de Paris.
5 mil mulheres assassinadas por ano no Brasil e 500 mil
tentativas de estupros, a violência contra a mulher tam- Ele foi esperto
bém chamou a atenção. O tema foi levantado por gover- A sorte não explica toda a história.
nos como Rússia e Itália. A Espanha, por exemplo, pediu Macron poderia ter tentado a candidatura dentro do
“medidas concretas”. Essa violência, segundo a Suécia, Partido Socialista, mas percebeu, após anos de poder e
continua na prisão, onde existe apenas uma ginecologista popularidade baixa da gestão, que seria muito difícil fazer
para cada 900 detentas no País.  com que o público ouvisse a voz do partido.

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ATUALIDADES

“Ele conseguiu ver uma oportunidade onde ninguém O suposto plano, segundo um comunicado norte-co-
viu”, afirma Padis. reano, seria executado por um homem identificado ape-
Macron analisou movimentos políticos que tinham nas como “Kim”, também norte-coreano, contratado pe-
surgido pela Europa - como o Podemos na Espanha e o los países “inimigos” para fazer o serviço.
Cinco Estrelas na Itália - e viu que não havia na França O ataque seria feito com “substâncias bioquímicas”,
nenhuma força semelhante com possibilidade de emba- mas foi “frustrado” antes de ser executado, diz a Coreia
ralhar a luta pelo poder. do Norte. Não se sabe, porém, o paradeiro do homem
Em abril de 2016, ele lançou o seu movimento En Mar- chamado “Kim”.
che! (Em Marcha) e quatro meses depois deixou a gestão Até agora, nem a CIA, agência de inteligência ameri-
do presidente François Hollande. cana, nem a Coreia do Sul se pronunciaram sobre o as-
sunto.
Ele tentou algo novo na França Mas analistas dizem que uma operação desse nível
Após a fundação do En Marche, Macron seguiu as seria muito difícil de planejar e executar, considerando-se
pistas da campanha de 2008 do ex-presidente americano o forte esquema de segurança em torno do líder coreano.
Barack Obama e apostou na ajuda de voluntários, diz a O plano
jornalista freelancer baseada em Paris Emily Schultheis. O governo norte-coreano não forneceu provas das
A primeira grande ação do movimento foi a Grande acusações nem detalhes sobre como o plano teria sido
Marche (Grande Marcha), quando mobilizou um crescen- descoberto.
te contingente de ativistas inexperientes mas cheios de Mas, em comunicado divulgado pelo Ministério de
energia. Segurança de Estado, diz que a CIA e a inteligência da
“A campanha usou algoritmos de uma empresa de Coreia do Sul elaboraram um “plano perverso para ferir o
consultoria política com a qual trabalharam - e que já ti- líder supremo (como os norte-coreanos se referem a Kim
nha sido voluntária na campanha de Obama em 2008 - Jong-un) da República Democrática da Coreia do Norte”.
para identificar distritos e setores mais representativos da O texto alega que seria usada uma “bomba terrorista”
França como um todo”, afirma Schultheis. para alvejar o líder supremo durante um desfile militar ou
“Eles enviaram pessoas para bater em 300 mil portas.”
em um evento no Palácio Kumsusan do Sol, o mausoléu
Esses voluntários não só entregaram panfletos - eles
de Kim II-sung, o fundador do regime norte-coreano.
conduziram 25 mil entrevistas em profundidade de cerca
Segundo o comunicado, “Kim” teria recebido a orien-
de 15 minutos com eleitores de todo o país. Essas infor-
tação de que o melhor método seria “usar substâncias
mações foram incluídas em um amplo banco de dados
bioquímicas, incluindo substâncias radioativas e nano-
que subsidiou a definição de prioridades e propostas para
substâncias venenosas, cujos resultados apareceriam de-
a campanha.
pois de seis a 12 meses”.
“Foi uma enorme pesquisa qualitativa para medir a
“Apenas a CIA poderia fazer algo desse tipo”, diz o
temperatura do país, mas também possibilitou que as
comunicado, acrescentando que a Coreia do Sul teria
pessoas logo tivessem contato com seu movimento. Foi
um treinamento que preparou o terreno para o que ele ajudado a financiar o plano. Ainda de acordo com o mi-
fez neste ano”, diz a jornalista. nistério, o homem norte-coreano contratado foi recruta-
do pelas inteligências americana e sul-coreana enquanto
Ele tinha uma mensagem positiva trabalhava na Rússia, em 2014.
A imagem política de Macron parece cheia de con- O ministério diz que foram feitos dois pagamentos
tradições. a “Kim”, de US$ 20 mil, e mais outros dois de US$ 100
O “novato” que era protegido do presidente Hollande mil como “suborno” e para pagar os equipamentos. O
e depois seu ministro da Economia, o ex-alto funcionário comunicado também menciona outros US$ 50 mil, mas
de banco liderando um movimento popular, o centrista não fica claro se foram adicionais ao que já havia sido
com um programa radical de reforma do setor público. combinado.
Era a munição perfeita para sua rival no segundo tur- Ao voltar para a Coreia do Norte, o homem teria sido
no, Marine Le Pen, que afirma que ele foi o candidato da instruído a providenciar informações detalhadas sobre
elite, e não o iniciante que dizia ser. um possível local onde o atentado poderia ser realizado.
Fonte: bbc.com/Acessado em 05/2017 O ministério disse que as “organizações de inteligên-
cia e de conspiração dos imperialistas dos EUA e seus
Kim contra Kim? O que diz o ‘plano’ para matar fantoches” seriam “varridas”.
líder que a Coreia do Norte alega ter descoberto Fonte: bbc.com/ Acessado em 05/2017

A escalada nas tensões entre Estados Unidos e Co-


reia do Norte ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira,
quando o governo norte-coreano acusou os EUA e a Co-
reia do Sul de orquestrarem um “plano” para matar o líder
Kim Jong-un.

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ATUALIDADES

Policiais israelenses matam palestina que tentou Hillary Clinton diz que Rússia, WikiLeaks e FBI con-
atacá-los com faca tribuíram para sua derrota nas eleições
Jovem foi identificada como Fatima Hajiji, de 16 ‘Razão pela qual perdemos está nos acontecimen-
anos, originária de Qarawat Beni Zeid, ao norte de tos dos 10 últimos dias de campanha’, diz ex-candida-
Ramallah. ta presidencial.

Policiais israelenses mataram neste domingo (7) uma A ex-candidata presidencial Hillary Clinton afirmou
palestina de 16 anos que tentou atacá-los com uma faca nesta terça-feira (2) que teria sido eleita presidente dos
em uma entrada da Cidade Velha de Jerusalém, informou Estados Unidos, se não fosse pela intervenção do Wi-
a polícia de Israel. kiLeaks e da Rússia e pelo diretor do FBI, James Comey,
A mulher “brandiu uma faca em direção aos policiais nas últimas semanas da campanha.
no Portão de Damasco”, uma das principais entradas da “Estava no caminho para a vitória até que a carta de
Cidade Velha, indicou a polícia em um comunicado. Jim Comey de 28 de outubro e o WikiLeaks russo geraram
Os policiais atiraram e a mulher morreu devido aos dúvidas na cabeça das pessoas que se inclinavam a meu
ferimentos, acrescentou. favor e que acabaram ficando com medo”, declarou a ex-
O ministro palestino da Saúde identificou a jovem candidata democrata à Casa Branca em Nova York, ao ser
como Fatima Hajiji, de 16 anos, originária de Qarawat entrevistada por um jornalista durante uma atividade da
Beni Zeid, ao norte de Ramallah. ONG Women for Women International.
Onda de violência “Se a eleição tivesse acontecido no dia 27 de outubro,
Desde 1º de outubro de 2015, uma onda de violência eu teria sido presidente”, disse.
em Israel e nos Territórios Palestinos ocupados causou a Em 7 de outubro, um mês antes das eleições, o site
morte de 262 palestinos, 41 israelenses, dois americanos, WikiLeaks vazou mensagens do presidente da equipe de
um jordaniano, um eritreu, um sudanês e um britânico, campanha de Hillary, John Podesta, menos de uma hora
segundo um balanço de AFP. depois de a imprensa divulgar um vídeo de 2005, no qual
A maioria dos palestinos mortos eram autores ou su- Donald Trump falava de mulheres em um tom grosseiro.
postos autores de ataques contra israelenses, cometidos “Que coincidência”, ironizou Hillary Clinton, sugerin-
muitas vezes com armas brancas. do que Wikileaks e Rusia agiram para atenuar o impacto
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 do vídeo de Trump.
Semanas depois, em 27 de outubro, James Comey
Trump sanciona lei sobre gastos e evita paralisa- anunciou ao Congresso que agentes do FBI (a Polícia Fe-
ção do governo dos EUA deral americana) haviam encontrado novas mensagens
Lei prevê orçamento de US$ 1,2 trilhão, e ocorreu que justificavam reabrir as investigações sobre os e-mails
após acordo que tirou do orçamento recursos para a apagados pela democrata na época em que utilizava um
construção do muro na fronteira com o México. servidor privado quando era secretária de Estado.
O FBI não encontrou, porém, qualquer dado incrimi-
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, natório nos e-mails de Hillary Clinton e arquivou as inves-
sancionou nesta sexta-feira (5) uma lei de gastos de US$ tigações dois dias antes das eleições de 8 de novembro.
1,2 trilhão aprovada pelo Congresso, evitando uma para- “Cometi erros? Por Deus, sim”, acrescentou Hillary.
lisação do governo que começaria à meia-noite. “Mas a razão, pela qual perdemos, está nos acontecimen-
A porta-voz da Casa Branca Sarah Huckabee Sanders tos dos dez últimos dias” da campanha, disse a ex-candi-
confirmou durante briefing à imprensa que o presidente data, insistindo em que os votos antecipados e as pesqui-
havia sancionado a lei. sas lhe davam a vitória.
No início da semana, líderes do Congresso apresen- Seguindo as conclusões do governo de Barack Oba-
taram um acordo para dotar o governo federal de um ma, ela acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de ter
orçamento que mantém o plano da Casa Branca para operado contra ela pelo ódio que sentia desde 2011. Na
a defesa, mas não inclui no orçamento recursos para a época, a então chefe da diplomacia americana criticou as
construção do muro na fronteira com o México. eleições na Rússia.
O acordo alcançado é o resultado de semanas de ne- “Quando se observa meu adversário e as declarações
gociações entre legisladores republicanos e democratas de sua equipe de campanha, vê-se que estavam bastante
e permite financiar o funcionamento federal pelo menos coordenados com os objetivos do líder, cujo nome não
até 30 de setembro sem o risco de uma paralisação do direi”, afirmou, referindo-se a Putin.
governo por falta de orçamento. “Tive três milhões de votos a mais do que meu adver-
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017 sário”, lembrou a democrata. Trump perdeu pelo sufrágio
popular, mas ganhou pelo voto indireto.
“Sou outra vez uma cidadã ativa, membro da resistên-
cia”, anunciou Hillary, somando-se ao movimento infor-
mal de resistência ao presidente republicano.
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017

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ATUALIDADES

Papa Francisco envergonhado com a “mãe de to- yang, manifestando-se contra um primeiro ataque ame-
das as bombas” ricano, para além de exprimir preocupação quanto ao
massivo sistema defensivo Thaad, dos Estados Unidos,
O Papa Francisco criticou a chamada “mãe de todas instalado no sul do país.
as bombas”, o explosivo mais potente do arsenal não- É um defensor dos direitos humanos.
nuclear dos Estados Unidos, lançada no Afeganistão no Já Ahn Cheol-so, ex líder do Partido do Povo, é vis-
último mês de abril. Um vídeo mostra poder de destrui- to como o único candidato a poder fazer frente a Moon
ção do engenho que matou 36 combatentes do grupo Jae-in, mas as sondagens davam-lhe apenas 20% dos vo-
Estado Islâmico. A declaração foi feita, sábado, num en- tos. Por vezes comparado a Bernie Sanders, quer reformar
contro com jovens no Vaticano, durante o qual o líder educação, saúde e economia e desnuclearizar a península
da Igreja Católica respondeu a perguntas sobre diversos coreana, para além de querer reduzir o poderio económi-
assuntos. co controlado por algumas famílias sul-coreanas.
“Fiquei envergonhado pelo nome de uma bomba, Nas presidenciais de 2012 desistiu da candidatura a
chamada “mãe de todas as bombas”. Mas a mãe dá a favor de Moon para poder consolidar votos contra Park
vida, e essa dá a morte, e chamamos mãe a esse artefato, Geun-hye, objetivo gorado.
o que está a acontecer? Hong Joon-pyo, do Partido Liberdade da Coreia,
Em momento algum o Sumo Pontífice mencionou os emergido do Partido conservador depois do escân-
EUA, mas referia-se ao armamento conhecido pelo acrô- dalo que destituiu a presidente Park Geun-hye, é leal
nimo “Maob”, que significa, em inglês, “Munição Maciça à ex-Presidente que vai ser agora julgada por subor-
de Destruição Aérea” ou “Mãe de Todas as Bombas”. O no, coerção e abuso de poder entre outras acusações.
explosivo foi lançado pela primeira vez em abril passado, Segundo as projeções, encontra-se ombro a ombro com
na província de Nangarhar, no leste do Afeganistão, para o segundo candidato e cerca de 20% de intenção de voto.
atingir alvos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Se- Viu o escândalo bater-lhe à porta quando escreveu
gundo o governo afegão, cerca de 80 jihadistas morre- que, em 2005, teria dado um pó afrodisíaco a um amigo
ram no ataque. que lhe terá confessado a intenção de violar uma colega.
Este poderá ser um dos temas a ser invocados du- Afirmações como “os homens têm trabalho para homens
e as mulheres têm o trabalho próprio de mulheres” ou
rante o encontro, no próximo dia 24 de maio, entre o
“lavar pratos é trabalho de mulheres” não fizeram crescer
Papa e o presidente Donald Trump recebido no Vaticano,
a popularidade do candidato.
no que será o primeiro encontro entre os dois líderes.
Fonte: euronews.com/Acessado em 05/2017
Fonte: euronews.com/Acessado em 05/2017
Oposição venezuelana diz que não participará de
Coreia do Sul vota em eleições presidenciais an-
Constituinte convocada por Maduro
tecipadas
Poder eleitoral deu nesta semana aval para uma
Assembleia Constituinte, em meio a uma onda de pro-
Depois do escândalo que resultou na destituição de
testos comandados pela oposição.
Park Geun-hye enquanto Presidente da República da Co-
reia – a primeira a figurar na história do país – a votação A oposição venezuelana disse neste domingo (07)
para eleger um novo Presidente está em jogo na terça que não participará da Assembleia Nacional Constituinte
feira, 9 de maio. convocada pelo presidente Nicolás Maduro, que buscará
Os 3 principais candidatos reescrever a Constituição, por considerar que ela se trata
Moon Jae-in pode ser o primeiro Presidente liberal de uma “fraude”.
da Coreia do Sul em 9 anos, se vencer as eleições pre- O poder eleitoral venezuelano deu nesta semana aval
sidenciais antecipadas na Coreia do Sul, esta terça feira. para que Maduro convoque uma Assembleia Constituinte,
Tudo aponta para que isso aconteça. em meio a uma onda de protestos comandados pela opo-
Apresenta-se pelo Partido Democrático, de oposi- sição nos quais já morreram 37 pessoas em pouco mais
ção, e as últimas sondagens davam-lhe 40% dos votos. de um mês.
Concorreu nas presidenciais de 2012, mas Geun-hye ob- “Essa não é uma Constituinte, nós não poderíamos
teve a vitória. participar de um processo absolutamente fraudulento,
Moon Jae-in quer mais bombeiros, professores e não vamos fazer com que os venezuelanos sejam parte de
polícia, mas o objectivo principal é proteger a frágil re- uma fraude”, disse o líder da coalizão de oposição Mesa
cuperação da quarta maior economia asiática. Tem um da Unidade Democrática (MUD), Henrique Capriles.
conservador ao seu lado para a área de economia, Kim MAIS: Mais um ferido em protesto morre na Venezue-
Kwang-doo, que os media apontam como provável pri- la; número de mortos sobe para 37
meiro-ministro. “Esses personagens que não querem se submeter ao
Defende negociações com a Coreia do Norte em vez escrutínio popular inventaram um processo que não está
de persistir nas agressões mútuas e já apelou a alguma na Constituição, porque eleições setoriais não existem”,
contenção por parte de Donald Trump quanto a Pyong- adicionou Capriles.

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ATUALIDADES

O governo socialista de Maduro insiste que a Cons- Pregão para contratar monitoramento por satéli-
tituinte buscará criar “condições” de normalidade que te na Amazônia e outras regiões é suspenso
permitam realizar processos eleitorais normais que estão Licitação é alvo de polêmica porque edital previa
em andamento, como as eleições presidenciais de 2018. monitoramento da região amazônica, que já é moni-
Mas a oposição sustenta que a intenção do processo torada pelo Inpe. Novas datas serão anunciadas em
é adiar duas eleições regionais previstas para este ano breve.
e as presidenciais, no que chamam de um auto-golpe
de Estado promovido por Maduro para perpetuar-se no Um pregão eletrônico do Ministério do Meio Am-
poder. biente (MMA) para contratar serviços de monitoramen-
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 to ambiental por imagens de satélite foi suspenso nes-
ta quinta-feira (4), conforme aviso da pregoeira Simone
MEIO-AMBIENTE Marcia Borges publicado no site da pasta. O documento
diz que haverá ajustes no termo de referência da licitação
e que em breve serão anunciadas novas datas para sua
Com 90 milhões de anos, raro fóssil de réptil ma- realização.
rinho é encontrado na França O processo de R$ 78,5 milhões estava gerando po-
Ossos fossilizados pertencem à família dos ple- lêmica porque, entre os diversos serviços previstos no
siossauros e foram descobertos em 2013; eles foram edital da licitação, há o monitoramento ambiental na re-
apresentados nesta quinta no Museu de Ciências Na- gião da Amazônia, algo que o Instituto Nacional de Pes-
turais de Angers. quisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC), já faz
O fóssil de um grande réptil marinho de 90 milhões há mais de 20 anos por meio dos projetos Prodes e Deter,
de anos, encontrado em uma caverna no centro da Fran- que vigiam o desmatamento na região. O ministério, no
ça, foi apresentado como uma “rara descoberta” nesta
entanto, afirma que os novos serviços contratados serão
quinta-feira (4) no Museu de Ciências Naturais de An-
complementares aos do Inpe.
gers.
Em nota, o MMA disse que “pretende aumentar a efi-
Os ossos fossilizados desse predador pertencem à
ciência e capacidade da gestão ambiental, auxiliando a
família dos plesiossauros, grandes répteis que viveram
execução e avaliação das políticas públicas ambientais,
na época dos dinossauros nos mares e oceanos, e foram
com maior transparência e padronização dos procedi-
descobertos em 2013, conta Benoît Mellier, responsável
mentos”.
pelo acervo do museu de Angers.
Além disso, o Ministério do Meio Ambiente também
Os fósseis foram extraídos e levados para o museu
informou que “nenhuma dessas tarefas [que estão pre-
em fevereiro, e serão submetidos a um estudo paleonto-
vistas no novo edital] se sobrepõe aos trabalhos realiza-
lógico aprofundado antes de serem expostos ao público.
Foram encontrados um fêmur de 51 cm de extensão, dos pelo Inpe, que continuará a produzir os dados oficiais
“peças de um punho ou de um pé”, uma série de “peque- do desmatamento da Amazônia e outros relacionados às
nos ossos da mão”, e uma mandíbula completa de um suas competências institucionais.”
metro de comprimento.
A descoberta desse exemplar, que provavelmente Dependência de serviço terceirizado
media de cinco a seis metros de comprimento, represen-
ta algo “excepcional, e será interessante para todos os Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimati-
pesquisadores que trabalham com répteis marinhos no va de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observató-
mundo”, disse Peggy Vincent, paleontóloga do Museu rio do Clima (SEEG), observa que a contratação de uma
de História Natural de Paris. empresa para realizar as atividades descritas no edital do
“Esse animal foi achado em níveis que datam de qua- MMA pode tornar o ministério dependente de um servi-
se 90 milhões de anos atrás. Não sabíamos nada sobre o ço terceirizado muito caro e de formato antiquado.
grupo dos plesiossauros dessa idade em território euro- “Tecnologias novas permitem gerar plataformas que
peu, a não ser pequenos elementos isolados, mas nada usam inteligência artificial e algoritimos de classificação
tão significativo e completo”, complementou. automática que permitem fazer interpretação de imagens
Fósseis de répteis marinhos dessa idade já tinham de satélite em escala maior, mais rápida e barata”, diz
sido encontrados no norte da África e nos Estados Uni- Azevedo. Investir em uma plataforma do tipo seria uma
dos. “Saber que existiam na Europa muda muitas coisas. alternativa mais razoável ao formato previsto pelo MMA,
(...) Não é certo, mas é provável que seja uma nova espé- segundo o pesquisador, já que permitiria que analistas
cie. Se for uma espécie que já existe, significa que houve entrassem na plataforma e gerassem as informações no
imigrações”, concluiu Vincent. momento em que necessitassem, em vez de depender de
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 análises geradas por uma empresa.

15
ATUALIDADES

“É importante lembrar que temos no Brasil hoje, já “Se não forem tomadas medidas urgentes, essas es-
implantadas, as melhores tecnologias de monitoramen- pécies que vivem diretamente em volta do mangue elas
to de cobertura e uso do solo no mundo. O Brasil é re- podem ser totalmente afetadas, inclusive vir a se extinguir
ferência por trabalhos feitos tanto por órgãos públicos, algumas espécies ou acabar, ou quase acabar com outras
como o Inpe, quanto pela sociedade civil e instituições de que possam estar dependendo deste ambiente”, alerta a
pesquisa. Com tantas coisas disponíveis, seria importante veterinária.
investir nessas iniciativas”, conclui Azevedo. As fazendas de produção de camarão, a construção
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 de estradas e o assoreamento dos estuários - braços de
mar que encontram os rios - também estão devastando
Levantamento mostra que Brasil perdeu 20% dos os manguezais.
manguezais em 17 anos A regeneração do mangue pode demorar décadas,
Observatório do Clima divulgou mapeamento dos alertam os especialistas. “São árvores jovens, não muito
biomas brasileiros feito em parceria com outras enti- velhas, duram até 60, 70 anos, mas em 30 anos, até no
dades. 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que máximo 20, 30 anos a gente pode ter uma floresta de
a população consome precisam do mangue em algu- mangue com a sua fauna associada”, aponta o oceanó-
ma fase da vida. grafo e biólogo da Universidade de Pernambuco (UPE),
professor Clemente Coelho Junior.
O Brasil perdeu 20% de sua área de manguezais em
17 anos, em parte destruídos pela expansão urbana. O Esperança
dado faz parte da segunda coleção de mapas do Projeto Por outro lado, a volta gradual da floresta atlântica
de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no é um exemplo de que é possível reverter o processo. O
Brasil (MapBiomas), feito pelo Observatório do Clima em bioma, que teve sua cobertura original reduzida a 12,5%,
colaboração com 18 instituições.  cresceu de 276 mil quilômetros quadrados em 2001 para
Universidades, organizações não governamentais e 301 mil quilômetros quadrados em 2015.
empresas de tecnologia contribuíram para o trabalho, No Paraná, houve um crescimento de 5 mil quilôme-
considerado o maior levantamento sobre a cobertura tros quadrados de mata, principalmente por recuperação
vegetal do Brasil. A mais recente radiografia dos biomas de áreas de preservação permanente, como margens de
brasileiros comparou imagens de satélite nos últimos 17 rios. Em relação à área total, o Rio de Janeiro teve 17,8%
anos. de florestas a mais em 2015 em comparação com 2001,
A pesquisa mostra que, no Paraná, os manguezais di- um crescimento de 10 mil para 12 mil quilômetros qua-
minuíram 23%. Na Bahia, a redução foi 21%, enquanto drados.
em Alagoas foi de 14%. A redução da área de mangue é Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017
ligada a uma série de fatores, mas a expansão urbana se
destaca. Trump diz que EUA querem tratamento justo em
“Principalmente ocupação imobiliária, tanto causa- acordo climático
da pelo crescimento do turismo, a instalação de novos Presidente americano disse que vai anunciar deci-
resorts, hotéis, pousadas como também pela ocupação são sobre permanência do EUA no pacto em duas se-
também das comunidades. Algumas comunidades vulne- manas. Em campanha, Trump prometeu que iria retirar
ráveis acabam sendo pressionadas e ocupando as mar- os EUA do pacto de Paris.
gens dos manguezais, construindo suas casas com a ma-
deira do mangue, inclusive”, explica José Ulisses Santos, O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
analista ambiental e chefe substituto da área de Proteção queixou-se na quinta-feira (27) de que seu país está re-
Ambiental Costa dos Corais AL/PE. cebendo um tratamento injusto no Acordo Climático de
O mangue é o berçário da inúmeras espécies mari- Paris e disse à Reuters que vai anunciar uma decisão em
nhas: 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que cerca de duas semanas sobre a permanência dos EUA no
a população consome precisam do bioma em alguma pacto.
fase da vida. “Tem diversos peixes que utilizam a área de O republicano Trump, eleito em novembro, prometeu
reprodução e depois voltam pro mar, espécies economi- durante a campanha que iria retirar os EUA do pacto de
camente importantes. Então você acaba afetando não só Paris até 100 dias depois de assumir a Presidência, par-
a biodiversidade como a própria economia”, explica Fer- te de um plano mais amplo para revogar as proteções
nanda Niemeyer, veterinária do Centro de Pesquisas do ambientais do governo de seu antecessor, Barack Obama,
Nordeste (Cepene). que ele disse estarem prejudicando a economia.
Sem o mangue, várias espécies correm o risco de de- Desde então ele afirmou estar aberto a continuar no
saparecer do planeta. Entre elas está o peixe-boi, que fre- acordo se Washington tiver termos melhores, e dezenas
quenta o mangue pra procriar, se alimentar e beber água de grandes empresas norte-americanas e vários parla-
doce. O peixe-boi é o mamífero marinho mais ameaçado mentares de seu partido o exortaram a manter a filiação
de extinção do país e o manguezal é o seu principal re- como forma de proteger os interesses industriais de seu
fúgio. país no exterior.

16
ATUALIDADES

Trump, que completa 100 dias no cargo no sábado, Ressalvas


disse à Reuters em uma entrevista que irá anunciar sua Julian afirmou que a ideia de colocar os sensores den-
decisão “em cerca de duas semanas”, mas reclamou que tro de um sutiã pode melhorar a precisão das medições, já
China, Índia, Rússia e outros países estão pagando muito que os seios da mulher estariam na mesma posição a cada
pouco para ajudar nações mais pobres a combaterem a vez que sua temperatura for medida.
mudança climática nos termos do Fundo Clima Verde. Mas, como o protótipo ainda não foi testado, espe-
“Não é uma situação justa porque eles não estão pa- cialistas têm ressalvas em relação a sua edicácia para de-
gando virtualmente nada, e nós estamos pagando quan- tectar o câncer.
tidades enormes de dinheiro.” “Sabemos que tumores costumam ter um sistema
Instado a dar uma dica sobre sua decisão, ele respon- anormal de vasos sanguíneos, mas também sabemos que
deu: “Posso dizer isto: queremos ser tratados justamente.” o aumento do fluxo sanguíneo para uma região não é ne-
Mais cedo, uma fonte do governo disse à Reuters que cessariamente um indicativo confiável de câncer”, disse
autoridades da gestão Trump provavelmente irão se re- à BBC Anna Perman, do instituto de pesquisa Cancer Re-
search UK.
unir em maio para decidir se mantêm os EUA no acordo
“É ótimo ver jovens como Julian se envolvendo com
climático. Eles já fizeram uma reunião inicial na quinta-
ciência e tendo ideias que podem ajudar no diagnóstico,
feira na Casa Branca.
mas uma parte importante da ciência são os testes rigoro-
O grupo de conselheiros, que inclui o secretário de
sos para garantir que uma inovação realmente beneficiará
Estado, Rex Tillerson, o secretário de Energia, Rick Perry,
os pacientes.”
e o conselheiro de Segurança Nacional, H.R. McMaster, Julian quase perdeu a mãe para o câncer de mama
deve tomar uma decisão antes da cúpula do G7 em 26 de quando tinha 13 anos de idade, porque a doença foi diag-
maio, segundo a fonte. nosticada tardiamente.
Tillerson, ex-diretor da petroleira Exxon Mobil Corp, e O médico que a acompanhava disse que os caroços
Perry disseram que os EUA deveriam permanecer no acor- encontrados em seu seio não eram malignos, mas ele es-
do, e McMaster compartilha essa opinião, disse uma fonte tava errado. Seis meses depois, uma segunda mamografia
de fora do governo. revelou o câncer. A mãe de Julian teve ambos os seios
Entre os opositores do pacto estão o diretor da Agên- removidos.
cia de Proteção Ambiental, Scott Pruitt –ex-procurador- Depois de pesquisar sobre a doença e seus atuais mé-
geral de Oklahoma, Estado produtor de petróleo–, e o todos de diagnósticos, o adolescente teve a ideia, regis-
estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon. trou a patente e pediu a ajuda de amigos para administrar
Fonte:g1.com/Acessado em 05/2017 a empresa. Eles esperam poder vender o sutiã no fim de
2018.
CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Sinais
Um adolescente mexicano diz ter criado um sutiã que De acordo com Perman, detectar o câncer de mama
consegue, em até 90 minutos, detectar o câncer de mama em seu estágio inicial pode aumentar muito as chances de
em mulheres. sobreviver à doença.
Com um protótipo do sutiã Eva, Julian Rios Cantu, de “Nosso conselho é que a pessoa conheça seu corpo,
18 anos, e três amigos, arrecadaram dinheiro para dar co- saiba o que é normal para ela e, se vir algo incomum, pro-
meçar os testes e ganharam o primeiro prêmio do Global cure um clínico geral”, diz.
Student Entrepreneur Awards - uma premiação interna- Alguns dos primeiros sinais de câncer de mama são:
cional para universitários empreendedores. - Caroços na área do peito ou das axilas;
- Mudanças no tamanho, no formato ou na sensação
A empresa dos mexicanos, Higia Technologies, ga-
do seio;
nhou US$ 20 mil para desenvolver comercialmente o pro-
- Vazamento de fluido pelo bico do seio, que não seja
duto.
leite materno.
Mas como um sutiã que detecta câncer funcionaria?
Fonte:g1.com/Acessado em 05/2017
Tumores malignos podem aumentar a temperatura
da pele por causa de um aumento no fluxo de sangue
para a região onde estão. Biossensores colocados no sutiã
Eva tomariam medidas de temperatura periódicas da mu-
lher que seriam registradas em um aplicativo de celular.
O aplicativo, por sua vez, alerta a usuária caso os sen-
sores detectem mudanças de temperatura que possam
ser preocupantes.
Seria necessário usar o sutiã por 60 a 90 minutos para
ter medições precisas.

17
ATUALIDADES

Universidade dos EUA descobre anticorpo que De acordo com a pesquisa divulgada nesta quarta-
pode virar vacina contra a zika feira (3), a descoberta foi possível graças a 933 tipos de
Cientistas usaram amostras de sangue de mais de evidências que incluem um minúsculo dente de tubarão,
400 pessoas do Brasil e do México. Cinco delas conti- partes de camarões, pólen e diversos organismos mari-
nham anticorpos praticamente idênticos gerados em nhos.
um contato anterior com vírus da zika. O estudo foi realizado por cientistas do Instituto de
Pesquisa Tropical Smithsonian, com sede no Panamá, e
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Roc- liderado pelo geólogo colombiano Carlos Jaramillo. O
kefeller de Nova York afirmou ter identificado uma possí- grupo examinou sedimentos da bacia Llanos, no leste da
vel nova forma de lutar contra o vírus da zika e que tam- Colômbia, e a bacia do Amazonas e Solimões, no Noroes-
bém pode resultar no desenvolvimento de uma vacina te do Brasil.
contra a doença. De acordo com o pesquisador, as inundações foram
A instituição indicou em um artigo publicado em “rápidas”, com duração de menos de um milhão de anos
seu site que os cientistas encontraram em amostras de cada uma. A questão é um tema de debate entre os cien-
sangue coletadas de pessoas do México e do Brasil anti- tistas por se tratar de um terreno que continua sendo
corpos em formas de proteínas produzidas pelo sistema difícil de estudar, e os dados consistentes são poucos.
imunológico que previnem que o vírus se desenvolva. Fonte: jb.com.br/Acessado em 05/2017
Esses anticorpos, segundo a pesquisa, teriam sido
gerados inicialmente em uma resposta a uma infecção Hackers usam e-mails falsos para acessar dados de
anterior do vírus, indica o texto. usuários do Google
“Em futuro próximo, esses anticorpos poderiam ser Empresa informou que já trabalha na resolução do
muito úteis. Poderíamos, por exemplo, administrá-los de problema. Criminosos enviavam links do Google Docs
forma segura para prevenir o zika em mulheres grávidas para ter acesso a contas de usuários.
ou em outras pessoas sob risco de contrair a doença”,
explicou o pesquisador Davide Robbiani. Google alertou seus usuários para que tomem cui-
Além disso, a equipe de cientistas descobriu que os dado com e-mails de contatos conhecidos pedindo-lhes
anticorpos podem ser usados na produção de uma va- para clicar em um link do Google Docs, após um grande
cina. número de pessoas reclamar nas redes sociais de terem
Os pesquisadores da Universidade Rockefeller tive- suas contas hackeadas.
ram acesso a amostras de sangue de mais de 400 pessoas A empresa informou nesta quarta-feira (3) que to-
através de colaboradores no Brasil e no México. mou medidas para proteger os usuários dos ataques: de-
Uma análise profunda mostrou que cinco delas conti- sativou contas ofensivas e removeu páginas mal-inten-
nham anticorpos praticamente idênticos e que sugeriram cionadas.
que essas moléculas eram especialmente efetivas na luta “Nossa equipe está trabalhando para evitar que este
contra o vírus da zika. tipo de fraude aconteça novamente”, informou a empre-
Os anticorpos, batizados como Z004, foram inseridos sa em um e-mail.
em ratos de laboratório que desenvolveram uma prote- Segundo especialistas em segurança que analisaram
ção contra uma infecção séria da doença. Eles também o esquema, usuários recebem por e-mail um pedido para
pareceram ser efetivos na luta contra a dengue, um vírus clicar em um link para visualizar um documento do Goo-
muito parecido com o da zika. gle Docs e, sem saber, fornecem aos hackers acesso ao
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 conteúdo de suas contas do Google, incluindo o correio
de e-mail, contatos e documentos online.
Mar do Caribe invadiu Amazônia duas vezes há “Esta é uma situação muito séria para quem está in-
milhões de anos fectado porque as vítimas têm suas contas controladas
Estudo foi publicado na revista “Science Advan- por alguém mal-intencionado”, disse Justin Cappos, pro-
ces” fessor de segurança cibernética da Tandon School of En-
gineering da Universidade de Nova York.
Mar do Caribe invadiu Amazônia duas vezes há mi- Cappos afirmou que recebeu sete desses e-mails
lhões de anos maliciosos em três horas na tarde de quarta-feira, uma
Estudo foi publicado na revista “Science Advances” indicação de que os hackers estavam usando um sistema
Agência ANSA automatizado para realizar os ataques.
Partes da Floresta Amazônica na Colômbia e no Brasil Ele disse não saber o objetivo do golpe, mas ressaltou
foram inundadas pela água do Mar do Caribe em dois que as contas comprometidas podem ser usadas para re-
momentos no período Mioceno, cerca de 23 milhões definir senhas de contas de bancos online ou dar acesso a
de anos atrás, revelou um estudo publicado pela revista informações financeiras.
Science Advances. Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017

18
ATUALIDADES

Questões
ANOTAÇÕES
01) Sobre as investigações da chamada “Lava-Jato”,
analise as seguintes afirmativas.
I. O promotor público Sergio Moro é um dos princi- ___________________________________________________
pais agentes no que se refere ao andamento das investi-
gações, o que fez com que ele ficasse conhecido nacio- ___________________________________________________
nalmente. ___________________________________________________
II. Até o momento, diversos políticos e representantes
de empreiteiras foram denunciados, sendo que alguns já ___________________________________________________
foram presos.
III. A denominação dada à operação é proveniente de ___________________________________________________
uma investigação semelhante ocorrida em postos de ga-
___________________________________________________
solina nos Estados Unidos nos anos 90.
Está correto o que se afirma em: ___________________________________________________
a) I, somente.
b) I e II, somente. ___________________________________________________
c) I e III, somente.
d) II, somente.
___________________________________________________
e) todas. ___________________________________________________

Resposta : D ___________________________________________________

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. .............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ..........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. .............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. ....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos


MS-WINDOWS 7: CONCEITO DE PASTAS, o número de capacidades e certos programas que faziam
DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu-
DE TRABALHO, ÁREA DE TRANSFERÊNCIA, daram, resultando na remoção de certas funcionalidades.
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope-
USO DOS MENUS, PROGRAMAS E racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po-
dem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar na-
APLICATIVOS, INTERAÇÃO COM O
vegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu
CONJUNTO DE APLICATIVOS
Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
MS-OFFICE 2010.
manualmente).

Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-


dows Mail e Windows
Windows 7
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funcio-
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009.
nalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vista, es-
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e tará disponível em cinco diferentes edições, porém apenas
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- o Home Premium, Professional e Ultimate serão vendidos
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares na maioria dos países, restando outras duas edições que se
com os quais o Windows Vista já era compatível. concentram em outros mercados, como mercados de em-
Apresentações dadas pela companhia no começo de presas ou só para países em desenvolvimento. Cada edição
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate não
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na para todas as edições do Windows 7 são armazenadas no
performance. computador.
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
fas e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi- Windows é proporcionar uma melhor interação e integra-
touch) ção do sistema com o usuário, tendo uma maior otimização
· Internet Explorer 8; dos recursos do Windows 7, como maior autonomia e me-
· Novo menu Iniciar; nor consumo de energia, voltado a profissionais ou usuários
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; de internet que precisam interagir com clientes e familiares
· Comando de voz (inglês); com facilidade, sincronizando e compartilhando facilmente
· Gadgets sobre o desktop; arquivos e diretórios.
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Recursos
Media Player, integrado ao Windows Explorer;
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor,
2007; Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe-
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
RAM;
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras
· Home Groups;
versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci-
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12; mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e
· Nova versão do Windows Media Center; aprender “novos truques” enquanto isso.
· Gerenciador de Credenciais;
· Instalação do sistema em VHDs; Tarefas Cotidianas
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
mais funções; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
Gamão Internet e Internet Damas; empresa enorme para precisar sempre de um computador
· Windows XP Mode; perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e funções
· Aero Shake; para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Doméstico

Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais


computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde
a outra máquina está para recuperar uma foto digital arma-
zenada apenas nele.
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual os
privilégios que os outros terão ao acessar a informação, se é
apenas de visualização, de edição e etc.

Tela sensível ao toque

O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível


ao toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo
iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pon-
tos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível di-
mensionar uma imagem arrastando simultaneamente duas
pontas da imagem na tela.
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica-
Exemplo de arquivos recentes no Paint.
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é
Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede
portante. Se a edição de um determinado documento é
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
as tornam novidades. que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
fecha novos documentos.

Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.

Lista de Atalhos Menu iniciar


As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di- menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa
programa que você utilizou. Digamos que você estava edi- ou arquivo de modo rápido.
tando um relatório em seu editor de texto e precisou fechá “Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
-lo por algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, Windows Search, a pesquisa do menu início não olha ape-
basta clicar com o botão direito sob o ícone do editor e o nas aos nomes de pastas e arquivos.
arquivo estará entre os recentes. Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai
Os resultados são mostrados enquanto você digita e
diretamente para a informação, ganhando tempo.
são divididos em categorias, para facilitar sua visualização.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.

Você observará que o Windows Explorer traz a janela


dividida em duas partes.

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda
em seu nome. a limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa
funcionalidade fique disponível, é importante que o com-
Windows Explorer putador tenha uma conta de administrador, protegida por
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja res-
parte do total disponível. tringir deve ter sua própria conta.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acio- As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
nado automaticamente quando você navega pelas pastas · Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do
do seu computador – você encontrará uma busca mais dia que o PC pode ser utilizado.
abrangente. · Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de horário e também pela classificação do jogo. Vale notar
se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de bus- que a classificação já vem com o próprio game.
ca. No 7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de · Bloquear programas: É possível selecionar quais apli-
busca, que fica no canto superior direito. cativos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que
são acessadas, e até mesmo manter um histórico das ativi-
dades online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito Gadgets de calendário e relógio.
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para
nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no Temas
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente. Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones,
7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os
cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais
aspectos gráficos, como em papéis de parede e cores.
confortável, não importa se utilizado no ambiente profis-
sional ou no doméstico.
ClearType
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare-
na página de Personalização1, que pode ser acessada por
cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente
um clique com o botão direito na área de trabalho e em
efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito
seguida um clique em Personalizar. nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows
É importante notar que algumas configurações podem 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bib-
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos le, pg 163, tradução nossa).
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per-
sonalização mais interessantes. Novas possibilidades
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, no-
Papéis de Parede vas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra- no 7 podemos também interagir com outros dispositivos.
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma Reproduzir em
única folha numa floresta até uma montanha. Permitindo acessando de outros equipamentos a um
A outra é a possibilidade de criar um slide show com computador com o Windows 7, é possível que eles se co-
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
impressão que sua área de trabalho está mais viva. de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível
Gadgets com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, “Compatível com o Windows 7”.
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar
em qualquer local do desktop. Streaming de mídia remoto
Servem para deixar sua área de trabalho com ele- Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena computador para outros lugares da casa. Se quiser levar
agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário Com este novo recurso, dois computadores rodando
o que e como utilizar. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Win-
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir dows Media Player 12. É necessário que ambos estejam as-
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. sociados com um ID online, como a do Windows Live.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-


Você pode adicionar recursos ao seu computador al- turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
terando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
de trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a
imagem da conta de usuário. Você pode também selecionar
“gadgets” específicos para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área
de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela
sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan-
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas
e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de pa-
pel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo de O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de slides mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
de imagens. Também pode ser usada uma proteção de tela
que parecem do Office 2007.
onde uma imagem ou animação aparece em sua tela quan-
do você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
Paint com novos recursos.
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de
proteções de tela do Windows. Aumentando o tamanho da
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
fonte você pode tornar o texto, os ícones e outros itens da
sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
tela mais fáceis de ver. Também é possível reduzir a escala
ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir o tama-
nho do texto e outros itens na tela para que caibam mais não tem o Word 2007.
informações na tela. A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
Outro recurso de personalização é colocar imagem de com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge-
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta Também foi adicionado recurso de conversão de uni-
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows ou dades como de pés para metros.
usar sua própria imagem. E para finalizar você pode adicio-
nar “gadgets” de área de trabalho, que são miniprogramas
personalizáveis que podem exibir continuamente informa-
ções atualizadas como a apresentação de slides de imagens
ou contatos, sem a necessidade de abrir uma nova janela.

Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-

BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.

Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em  Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção  Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.

Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows

Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.

Navegando em tópicos da Ajuda por assunto

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS-WORD 2010: ESTRUTURA BÁSICA DOS


DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO
DE TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS,
FONTES, COLUNAS, MARCADORES
SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS,
ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS
PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO.

MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.

Interface

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento


, que como é um novo documento apresenta como título “Documen-
to1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido, que permite acessar alguns comandos mais rapidamen-
te como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.


Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos uti-
lizar alguns destes recursos no andamento de nosso curso.

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto. Vamos digitar um pequeno
texto conforme abaixo:

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvando Arquivos Abrindo um arquivo do Word


É importante ao terminar um documento, ou durante a di-
gitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Ar-
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documen- quivo.
to em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro
dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, cli-
que no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde
você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abai-


xo de novo, observe também que ele mostra uma relação
de documentos recentes, nessa área serão mostrados os
últimos documentos abertos pelo Word facilitando a aber-
tura. Ao clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo
no local onde o mesmo foi salvo.
Observe na janela de salvar que o Word procura salvar
seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da
janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento
não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior
mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no
formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documentos são
salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as
versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter
ele compatível com versões anteriores do Word, clique na di-
reita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato,


outro local ou outro nome, clique no botão Office e esco-
lha Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso do-


cumento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões
de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.
Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na
barra de títulos.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:

O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-


gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-
definidos, como também personalizá-las.
Ao personalizar as margens, é possível alterar as mar-
gens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orien-
tação da página, se retrato ou paisagem, configurar a fora
de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa
mesma janela temos a guia Papel.

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido,


ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visuali-
zar o documento em várias páginas. E finalizando essa aba
temos as formas de exibir os documentos aberto em uma
mesma seção do Word.

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de


alimentação do papel.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-


ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos Números de Linha
utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho É bastante comum em documentos acrescentar nume-
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa- de Linhas”.
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página

Colunas

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página
possui três botões para modificar o documento.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão Marca d’água.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de tex-


tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse

Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o


cursor aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi
clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a pa-
O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos lavra.
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. • Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo

Podemos também clicar, manter o mouse pressionado


e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.

Nesta janela podemos definir uma imagem como mar-


ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica-
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é
possível definir um texto como marca d’água. O segundo
botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e Este é um processo comum, porém um cuidado impor-
automaticamente ele muda a cor do texto. tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for-

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato


HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique Formatação de Fonte
em OK. A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra,
tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc.,
para formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela,
Localizar e Substituir
para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro
formatar somente uma letra também é necessário selecio-
dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique
nar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra,
na opção Substituir.
tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fonte, lim-
par formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo,
ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substi-


tuir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permi-
te substituir em seu documento uma palavra por outra. A
substituição pode ser feita uma a uma, clicando em subs-
tituir, ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no
botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra
por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente
quando escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no
botão Mais. As opções são: Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Ta-
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção chado – que coloca um risco no meio da palavra, botão
da pesquisa; subscrito e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será locali-
zada exatamente a palavra como foi digitada na caixa lo-
calizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e
não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús-


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para
realçar o texto e o botão de cor do texto.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-


tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.
Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que


independente de onde estiver o cursor a formatação será
aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais.
Quando se trata de dois ou mais parágrafos será necessá-
rioselecionar os parágrafos a serem formatados. A forma-
tação de parágrafos pode ser localizada na ABA Inicio, e os
recuos também na ABA Layout da Página.

A janela fonte contém os principais comandos de


formatação e permite que você possa observar as alte- No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-
rações antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
Avançado. e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

Bordas no parágrafo.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas


disponíveis pelo grupo.

Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas


réguas superiores.

Marcadores e Numeração

Os marcadores e numeração fazem parte do grupo


parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos Numeração.
apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento

Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso


texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará-
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas
e Sombreamento.
Você pode observar que o Word automaticamente
adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Marcador.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A imagem será inserida no local onde estava seu cursor.


O que será ensinado agora é praticamente igual para todo os elementos gráficos, que é a manipulação dos elementos
gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pontilhadas em
sua volta, para mover a imagem de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar redimensionar a
imagem, basta clicar em um dos pequenos quadrados em suas extremidades, que são chamados por Alças de redimensio-
namento. Para sair da seleção da imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a imagem,
a barra superior mostra as configurações de manipulação da imagem.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.

Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:

Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher al-


gumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor
da sombra. Ao lado deste botão é possível definir a posi-
ção da sombra e no meio a opção de ativar e desativar a
sombra. No grupo Organizar é possível definir a posição da
imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi- Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas mensionar a imagem definindo Largura e Altura.

Os comandos vistos até o momento estavam dispo-


níveis da seguinte forma, pois nosso documento esta sal-
vo em.DOC – versão compatível com Office XP e 2003. Ao
salvar o documento em .DOCX compatível somente com
a versão 2010, acontecem algumas alterações na barra de
imagens.
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a
sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas.
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima-
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao cli-


car no item Cor. Em estilos de imagem podemos definir
bordas e sombreamentos para a imagem.

Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto


com o botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique em
seu texto onde o Clip-Art deve ser adicionado e clique em
Colar (CTRL+V) As configurações de manipulação do clip
-art são as mesmas das imagens.

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto

Clip Art

Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem


parte do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela
ABA Inserir, clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela
abre-se a opção de consulta aos clip-Art.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra
passa a ter as propriedade para modificar a forma.

O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui


a ferramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a fer-
ramenta Editar Forma essa ferramenta permite trabalhar
os nós da forma – Algumas formas bloqueiam a utilização
dessa ferramenta. Abaixo dela temos a ferramenta de caixa
de texto, que permite adicionar uma caixa de texto ao seu
documento. Estando com uma forma fechada, podemos
transformar essa forma em uma caixa de texto. Ao lado
temos o Grupo Estilos de Forma.

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua


forma.
A opção Imagem preenche sua forma com alguma
imagem. A opção Gradação permite aplicar tons de gra-
diente em sua forma.

Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as


cores, contorno e alterar a forma.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar


a forma como será o preenchimento do gradiente.

Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas co-


res de preenchimento prontas.

Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas


cores e Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser
aplicada, se quer ela mais para o claro ou escuro, pode de-
finir a transparência do gradiente e como será o sombrea-
mento.

A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas


ao preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões
de preenchimento e imagem permite aplicar uma imagem
Após o grupo Estilos de Forma temos o grupo sombra e
após ele o grupo Efeitos 3D.

Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a cor


1 e cor 2, o nível de transparência e o sombreamento.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalha-


do e clique em OK. Porém se o formato de seu documento
for DOCX, a janela a ser mostrada será:

Em hierarquia, escolha o primeiro da segunda linha e


clique em OK.
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas
formas. Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor
do 3D, alterar a profundidade, a direção, luminosidade e
superfície. As demais opções da Forma são idênticas as das
imagens.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas


ao seu documento. Se você estiver usando o Office 2003
ou seu documento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse
botão, ele habilita a seguinte janela:

Altere os textos conforme a sua necessidade. Ao clicar


no topo em Ferramentas SmartArt, serão mostradas as op-
ções de alteração do objeto.

O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta


clicar em um botão do mesmo nível do que será criado
e clicar neste botão. Outra forma de se criar novas caixas
dentro de um mesmo nível é ao terminar de digitar o texto
pressionar ENTER. Ainda no grupo Criar Gráfico temos os
botões de Elevar / Rebaixar que permite mudar o nível hie-
rárquico de nosso organograma.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.

O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos edi-


tar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinha-
mentos. No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a
forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra,
Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.

Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos


temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte
Office, ele ainda mantém a mesma interface desde a ver-
são do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos
o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt e
clique sobre ele.

Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quan-


tidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Ta-
bela ou Desenhar a Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou
usar uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas
prontas onde será somente necessário alterar o conteúdo.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.

Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo

Ferramentas de Tabela.

Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.

Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.

O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.

A opção Mesclar Células, somente estará disponível se


você selecionar duas ou mais células. Esse comando permi-
te fazer com que as células selecionadas tornem-se uma só.

A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao


clicar nessa opção será mostrada uma janela onde você
deve definir em quantas linhas e colunas a célula será di-
Nesta janela existem quatro Guias. vidida.
A primeira é relativa à tabela, pode-se definir a largura
da tabela, o alinhamento e a quebra do texto na tabela. Ao
clicar no botão Bordas e Sombreamento abre-se a janela
de bordas e sombreamento estudada anteriormente. Ao
clicar em Opções é possível definir as margens das células
e o espaçamento entre as células.

A opção dividir tabela insere um parágrafo acima da


célula que o cursor está, dividindo a tabela. O grupo Tama-
nho da Célula permite definir a largura e altura da célula.
A opção AutoAjuste tem a função de ajustar sua célula de
acordo com o conteúdo dentro dela.

O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento


O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicio- do conteúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite
nar e remover linhas e colunas de sua tabela. mudar a direção de seu texto. A opção Margens da Célula,
permite alterar as margens das células como vimos ante-
riormente.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em sua tabela.

A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.

Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.

Impressão

Para imprimir seu documento o processo é muito sim-


ples. Clique no botão

Office e ao posicionar o mouse em Imprimir ele abre


algumas opções.

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Estilos

Os estilos podem ser considerados formatações pron-


tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrado todos os estilos presentes no docu-


mento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela
existem três botões, o primeiro deles chama-se Novo Esti-
lo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo,


defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de
criação dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar
um novo parágrafo o próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo.
Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos esti-
los rápidos e que o mesmo está disponível somente a este
documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo
do estilo aplicado:

Será mostrada uma janela de configuração de seu índi-


ce. Clique no botão Opções.

Índices

Sumário

O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele


normalmente aparece no inicio de documentos. A prin-
cipal regra é que todo parágrafo que faça parte de seu
índice precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local
onde você precisa que fique seu índice e clique no botão
Sumário. Serão mostrados alguns modelos de sumário, cli-
que em Inserir Sumário.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos


os estilos presentes no documento, então é nela que você MS-EXCEL 2010: ESTRUTURA BÁSICA DAS
define quais estilos farão parte de seu índice. PLANILHAS, CONCEITOS DE CÉLULAS,
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS,
1, o nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir
ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS,
quais serão suas entradas de índice clique em OK.
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS,
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir
qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e IMPRESSÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS,
seu respectivo número de página e na parte mais abaixo, CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE DE
você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS,
farão parte do índice. OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS,
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS.
Ao clicar em Ok, seu índice será criado.

MS EXCEL

O Excel é uma das melhores planilhas existentes no


mercado. As planilhas eletrônicas são programas que se
assemelham a uma folha de trabalho, na qual podemos
Quando houver necessidade de atualizar o índice, bas- colocar dados ou valores em forma de tabela e aproveitar
ta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte a grande capacidade de cálculo e armazenamento do
do índice e escolher Atualizar Campo. computador para conseguir efetuar trabalhos que,
normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora, lápis
e papel. A tela do computador se transforma numa folha
onde podemos observar uma série de linhas (números) e
colunas (letras). A cada encontro de uma linha com uma
coluna temos uma célula onde podemos armazenar um
texto, um valor, funções ou fórmula para os cálculos. O
Excel oferece, inicialmente, em uma única pasta de trabalho
três planilhas, mas é claro que você poderá inserir mais
planilhas conforma sua necessidade.

Interface
A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Of-
fice, com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita.
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. O que muda são alguns grupos e botões exclusivos do Ex-
cel e as guias de planilha no rodapé à esquerda:

Guias de Planilha

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.

Podemos também nos movimentar com o teclado,


neste caso usamos a combinação das setas do teclado com
a tecla SHIFT.

Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova


planilha, excluir uma planilha existente, renomear uma pla-
nilha, mover ou copiar essa planilha, etc...

Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.

Salvando e Abrindo Arquivos


Para salvar uma planilha o processo é igual ao feito no
Word, clique no botão Office e clique me Salvar.

Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta


manter pressionado o mouse e arrastar selecionando as
células em sequência.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior


que a sua largura, podemos acertar isso da seguinte forma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, posicio-
no o mouse entre as colunas, o mouse fica com o formato
de uma flecha de duas pontas, posso arrastar para definir a
nova largura, ou posso dar um duplo clique que fará com
que a largura da coluna acerte-se com o conteúdo. Posso
também clicar com o botão direito do mouse e escolher
Largura da Coluna.
Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fácil


e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos
mais complexos e vários valores.
Existem funções para os cálculos matemáticos, fi-
nanceiros e estatísticos. Por exemplo, na função: =SOMA
(A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7
+A8+A9+A10), só que com a função o processo passa a
ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar
que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal de
igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e
não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re-
ferências, etc...

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:

O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total de


cada produto (quantidade multiplicado por valor unitário)
e depois o total de todos os produtos.
Para o total de cada produto precisamos utilizar o ope-
rador de multiplicação (*), no caso do Mouse temos que
a quantidade está na célula A4 e o valor unitário está na
célula C4, o nosso caçulo será feito na célula D4.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.

Embora você possa fazer manualmente na célula o Ex-


cel possui um assistente de função que facilita e muito a
utilização das mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio do
Excel dentro do grupo Edição existe o botão de função.

Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na


barra de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao cli-
car sobre a célula onde está o resultado, você poderá ver
como se chegou ao resultado pela barra de fórmulas.

A primeira função é justamente Soma, então clique na


célula e clique no botão de função.

Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o


cálculo da segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente.
Observamos então que a coluna representada pela letra Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a
não muda, muda-se somente o número que representa a soma e o intervalo de células pressione ENTER e você terá
linha, e se nossa planilha tivesse uma grande quantidade seu cálculo.
de produtos, repetir o cálculo seria cansativo e com certe-
za sujeita a erros. Quando temos uma sequência de cálcu-
los como a nossa planilha o Excel permite que se faça um
único cálculo e ao posicionar o cursor do mouse no canto
inferior direito da célula o cursor se transforma em uma
cruz (não confundir com a seta branca que permite mover
o conteúdo da célula e ao pressionar o mouse e arrastar ele
copia a fórmula poupando tempo).

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.

Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.

A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Preenchimento permite adicionar cores de


preenchimento às suas células.

A guia Alinhamento permite definir o alinhamento do


conteúdo da célula na horizontal e vertical, além do con-
trole do texto. Vamos então formatar nossa planilha, inicialmente sele-
cione todas as células de valores em moeda. Você pode uti-
lizar a janela de formatação como vimos antes, como pode
também no grupo Número clicar sobre o botão moeda.

A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha,


embora a planilha já possua as linhas de grade que faci- Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Pro-
litam a identificação de suas células, você pode adicionar duto etc... em negrito e centralizado.
bordas para dar mais destaque. O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente
se estiver centralizado entra a largura da planilha, então
selecione desde a célula A1 até a célula D1 depois clique
no botão Mesclar e Centralizar centralize e aumente um
pouco o tamanho da fonte.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para finalizar selecione toda a sua planilha e no botão


de bordas, selecione uma borda externa.

Ele acrescenta uma coluna superior com indicações de


colunas e abre uma nova ABA chamada Design

Estilos No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a op-


Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um ção Linhas de Cabeçalho.
formato pré-definido a uma planilha selecionada. Para poder manipular também os dados de sua pla-
nilha é necessário selecionar as células que pretende ma-
nipular como planilha e no grupo Ferramentas clique no
botão Converter em Intervalo.

O botão estilo de Célula permite que se utilize um esti-


lo de cor para sua planilha.

Auto Preenchimento das Células


Vimos no exemplo anterior que é possível copiar uma
fórmula que o Excel entende que ali temos uma fórmula e
faz a cópia. Podemos usar este recurso em outras situações,
se eu tiver um texto comum ou um número único, e aplicar
este recurso, ele copia sem alterar o que será copiado, mas
posso utilizar este recurso para ganhar tempo.
Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na
célula A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao se-
lecionar ambos, o Excel entende que preciso copiar uma
sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2
o número 3, ele entende que agora a sequência é de dois
A segunda opção Formatar como Tabela permite tam- em dois.
bém aplicar uma formatação a sua planilha, porém ele já
começa a trabalhar com Dados.

Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da se-


mana, horas, etc...

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserção de linhas e colunas


Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse
em uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima da selecionada, no caso a coluna será adicionada à
esquerda. Para excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que está na ABA inicio.

Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.

Congelar Painéis

Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.

No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com Referências


Percebemos que ao copiar uma fórmula, automatica-
mente são alteradas as referências, isso ocorre, pois traba-
lhamos até o momento com valores relativos.
Porém, vamos adicionar em nossa planilha mais
uma coluna onde pretendo calcular qual a porcentagem
cada produto representa no valor total

Ainda dentro desta ABA podemos criar uma nova ja-


nela da planilha Ativa clicando no botão Nova Janela, po-
demos organizar as janelas abertas clicando no botão Or-
ganizar Tudo,
O cálculo ficaria para o primeiro produto =D4/D9 e de-
pois bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acres-
centar duas casas decimais.

Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas


de grade, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra
de formulas.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.

No exemplo acima foi possível travar toda a células,


existem casos em que será necessário travar somente a li-
nha e casos onde será necessário travar somente a coluna.
As combinações então ficariam (tomando como base
a célula D9)
D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna
$D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a varia-
ção da linha.
D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação
da coluna.
$D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.

Algumas outras funções

Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.

Em nosso controle de atletas vamos através de algu-


mas outras funções saber algumas outras informações de
nossa planilha.
O Excel possui muitas funções, você pode conhecer
mais sobre elas através do assistente de função.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Máximo

Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células.


Em nossa planilha vamos utilizar essa função para sa-
ber é a maior idade, maior peso e a maior altura.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
idade na linha de valores máximos E15 e monte a seguin-
te função =MAXIMO(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor
máximo encontrado.

Vamos repetir o processo para os valores máximos do


peso e da altura.
Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de In- MIN
serir Função, você pode digitar uma descrição do que gos- Mostra o valor mínimo de uma seleção de células.
taria de saber calcular, pode buscar por categoria, como Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
Financeira,m Data Hora etc..., ao escolher uma categoria, ber os valores mínimos nas características de nossos atle-
na caixa central serão mostradas todas as funções relativas tas.
a essa categoria. Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e idade na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte
dentro do conjunto de funções desta categoria a função função =MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no
Máximo abaixo é apresentado uma breve explicação da uti- intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
lização desta função. Se precisar de mais detalhes da utili- trado.
zação da função clique sobre o link Ajuda sobre esta função.

Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura


o processo é o mesmo.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Média Esta função retorna um valor de teste_lógico que per-


mite avaliar uma célula ou um cálculo e retornar um valor
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. verdadeiro ou um valor falso.
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
ber os valores médios nas características de nossos atletas. Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna VERDADEIRO;VALOR FALSO).
de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se- =SE - Atribuição de inicio da função;
guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
máximo encontrado. VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na cé-
lula quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra
célula, um caçulo, um número ou um texto, apenas lem-
brando que se for um texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quan-
do o teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo,
um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
texto deverá estar entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos
acrescentar em nossa planilha de controle de atletas uma
coluna chamada categoria.

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de con-
trole de atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios
da planilha, deixaremos com duas casas decimais.

Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos


um recurso muito interessante do Excel que é o aninha-
mento de funções, ou seja, uma função fazendo parte de
outra.
A função para o cálculo da média da Idade é =MÉ-
DIA(E4:E13) clique na célula onde está o cálculo e depois Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade me-
clique na barra de fórmulas. nor que 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com categoria Profissional. Então a lógica da função será que
isso fizemos com que caso exista números após a vírgu- quando a Idade do atleta for menor que 18 ele será Juvenil
la o mesmo será arredonda a somente uma casa decimal. e quando ela for igual ou maior que 18 ele será Profissional.
Caso você não queira casas decimais coloque após o ponto Convertendo isso para a função e baseando-se que a
e vírgula o número zero. idade do primeiro atleta está na célula E4 à função ficará:
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.)
Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em re-
lação aos parênteses, observe que foi aberto uma após a
função ARRED e um a pós a função MÉDIA então se deve
ter o cuidado de fechá-los corretamente. O que auxilia no
fechamento correto dos parênteses é que o Excel vai colo-
rindo os mesmos enquanto você faz o cálculo.

Função SE Explicando a função.


Esta é com certeza uma das funções mais importantes =SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é veri-
do Excel e provavelmente uma das mais complexas para ficado se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
quem está iniciando. “Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.

Nossa planilha ficará da seguinte forma.

Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em


nossa planilha quantos atletas temos em cada categoria.

Temos então agora na coluna J a referência de idade, e


na coluna K a categoria.

Então agora preciso verificar a idade de acordo com


o valor na coluna J e retornar com valores verdadeiros e
falsos o conteúdo da coluna K. A função então ficará da
seguinte forma:

A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)


onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é
o resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de
atletas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo
=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6)) mudando-se somente a categoria que está sendo buscada.
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, Funções de Data e Hora
onde verificamos se a idade que consta na célula E4 é Podemos trabalhar com diversas funções que se ba-
menor que o valor que consta na célula J4. seiam na data e hora de seu computador. As principais fun-
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro ções de data e hora são:
deste teste lógico, no caso o texto “Juvenil”. =HOJE( ) Retorna a data atual.
SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se =MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual
valor da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o =ANO(HOJE()) Retorna o ano atual
segundo valor verdadeiro, é importante ressaltar que este =HORA(AGORA()) Retorna à hora atual
teste lógico somente será utilizado se o primeiro teste der =MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual
como falso. =SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual
K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o se- =AGORA( ) Retorna a data e à hora
gundo teste lógico estiver correto. =DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana
K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógi- em número
cos derem como falso. =DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre
Permite contar em um intervalo de valores quantas ve- uma data inicial e uma data final.
zes se repete determinado item. Vamos aplicar a função
em nossa planilha de controle de atletas

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram tra-


balhadas durante cada dia. Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos os dias então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa
pela data de entrada de manhã, com isso sabemos quan- ser copiado, o número 60 por ser um número não é muda.
tas horas foram trabalhadas pela manhã na mesma função
faço a subtração da saída no período da tarde pela entrada =HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
do período da tarde e somo os dois períodos. Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou
na semana, faça a soma de todos os dias trabalhados.

Repita o processo para todos os demais dias da sema-


na, somente no sábado é preciso apenas calcular a parte da
manhã, ou seja, não precisa ser feito o cálculo do período
da tarde. Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra
20:40, porém nessa semana o funcionário trabalhou mais
de 40 horas, isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao
chegar em 23:59:59, então preciso fazer com que o Excel
entenda que ele precisa continuar a contagem. Clique na
faixa do grupo número na ABA Inicio, na janela que se abre
clique na categoria Hora e escolha o formato 37:30:55 esse
formato faz com que a contagem continue.

Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe co-


loque um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato
Moeda. Vamos agora então calcular quanto ele ganhou por
dia, pois temos quantas horas ele trabalhou durante o dia
e sabemos o valor da hora. Como temos dois formatos de
números precisamos durante o cálculo fazer a conversão.
Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos
como referência de hora o valor da célula B6, multiplica-
mos pelo valor que está em B7, essa parte calcula somente
à hora cheia então precisamos somar os minutos que pega
a função MINUTO e multiplica a quantidade de horas pelo
valor da hora, como o valor é para a hora o dividimos então
por 60

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a


receber e faça a soma dos valores totais.

Planilhas 3D Renomeie essa planilha para valores

O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.

Posso por exemplo fazer uma soma de valores que es-


tejam em outra planilha, ou seja quando na planilha matriz
algum valor seja alterado na planilha que possui referência
com ela também muda.

Vamos a um exemplo

Clique agora no campo onde será colocado o valor de


compra do dólar na célula B4 e clique na célula onde está
o valor que acabou de digitar célula B2, adicione o sinal de
divisão (/) e depois clique na planilha valores ele vai colocar
o nome da planilha seguido de um ponto de exclamação
(!) e clique onde está o valor de compra do dólar. A função
ficará da seguinte forma =B2/valores!B2.

Faremos uma planilha para conversão de valores, en-


tão na planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque
o valore em real e automaticamente ele fará a conversão
para outras moedas, monte a seguinte planilha.

Vamos renomear a planilha para resultado.

Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o


valor do dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a fun-
Plan1 e digite o novo nome. ção ficará da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Para poder copiar a fórmula para as demais células,
Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a se- bloqueie a célula B2 que é referente ao valor em real.
guinte planilha

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.

Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.

Será mostrada mais uma janela coloque uma senha (recomendável)

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o seguinte aviso

Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.

Inserção de Objetos

A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.

Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.

Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.

Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu gráfico será criado.

Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).

Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.

Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.

Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico


através do grupo Estilos de Gráfico Dados

O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite


importar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de
uma planilha do Excel

Classificação

Vamos agora trabalhar com o gerenciamento de dados


criados no Excel.
Vamos utilizar para isso a planilha de Atletas.
Classificar uma lista de dados é muito fácil, e este re-
curso pode ser obtido pelo botão Classificar e Filtrar na
ABA Inicio, ou pelo grupo Classificar e Filtrar na ABA Dados.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que serão classificados.

Clique no botão Classificar.

Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.

Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.

Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.

Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.

Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe na esquerda que são mostrados os níveis de


visualização dos subtotais e que ele faz um total a cada
sequência do sexo dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subto-
tal e na janela que aparece clique em Remover Todos.

Subtotais Impressão
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- O processo de impressão no Excel é muito parecido
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo com o que fizemos no Word.
dos atletas relacionado com a idade. Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
Visualizar Impressão.

Depois clique no botão Subtotal.


Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar
subtotal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.

No caso escolhi a planilha atletas, podemos observar


que a mesma não cabe em uma única página. Clique no
botão Configurar Página.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Etapa 1: Abrir o PowerPoint
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- de exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser slides.
mantido pressionado para que você possa selecionar várias
células da planilha.

Veja abaixo outros comandos úteis:


CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última
célula preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio,
o cursor será movido para a última célula preenchida que
estiver antes da vazia.
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou de-
sativar o “Modo de Término”. Sua função é parecida com o
comando anterior. Pressiona uma vez para ativar e depois
pressione uma tecla de direção para mover o cursor para a
última célula preenchida.
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END
fará com que o cursor seja movido para a célula que estiver
visível no canto inferior direito da janela.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando que possui vários elementos rotulados.
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. 1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides indi-
viduais.
2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reser-
vados, onde você pode digitar texto ou inserir imagens,
gráficos e outros objetos.
MS-POWERPOINT 2010: ESTRUTURA
3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de
BÁSICA DAS APRESENTAÇÕES, cada slide inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adi-
CONCEITOS DE SLIDES, ANOTAÇÕES, cionar outros slides, você poderá clicar em uma miniatu-
RÉGUA, GUIAS, CABEÇALHOS E RODAPÉS, ra na guia Slides para fazer com que o slide apareça no
NOÇÕES DE EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE painel Slide ou poderá arrastar miniaturas para reorganizar
APRESENTAÇÕES, INSERÇÃO DE OBJETOS, os slides na apresentação. Também é possível adicionar ou
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, BOTÕES DE excluir slides na guia Slides.
AÇÃO, ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO ENTRE 4 No painel Anotações, você pode digitar observações
SLIDES. sobre o slide atual. Também pode distribuir suas anotações
para a audiência ou consultá-las no Modo de Exibição do
Apresentador durante a apresentação.

POWERPOINT Etapa 2: Começar com uma apresentação em branco


Por padrão, o PowerPoint 2010 aplica o modelo Apre-
O PowerPoint é um aplicativo visual e gráfico, usado sentação em Branco, mostrado na ilustração anterior, às
principalmente para criar apresentações. Com ele, você novas apresentações. Apresentação em Branco é o mais
pode criar, visualizar e mostrar apresentações de slides que simples e o mais genérico dos modelos no PowerPoint
combinam texto, formas, imagens, gráficos, animações, ta- 2010 e será um bom modelo a ser usado quando você co-
belas, vídeos e muito mais. meçar a trabalhar com o PowerPoint.
Para criar uma nova apresentação baseada no modelo
Familiarizar-se com o espaço de trabalho do Power- Apresentação em Branco, faça o seguinte:
Point 1. Clique na guia Arquivo.
2. Aponte para Novo e, em Modelos e Temas Dispo-
O espaço de trabalho, ou modo de exibição Normal, foi níveis, selecione Apresentação em Branco.
desenvolvido para ajudá-lo a encontrar e usar facilmente 3. Clique em Criar.
os recursos do Microsoft PowerPoint 2010.
Este artigo contém instruções passo a passo para aju- Etapa 3: Ajustar o tamanho do painel de anotações
dá-lo a se preparar para criar apresentações com o Power- Depois que você abre o modelo Apresentação em
Point 2010 Branco, somente uma pequena parte do painel Anotações
fica visível. Para ver uma parte maior desse painel e ter mais
espaço para digitar, faça o seguinte:

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Aponte para a borda superior do painel Anota- Principais recursos da Faixa de Opções
ções.
2. Quando o ponteiro se transformar em uma , ar-
raste a borda para cima a fim de criar mais espaço para as
anotações do apresentador, como mostrado na ilustração
a seguir.

A Faixa de Opções exibida no lado esquerdo da guia


Página Inicial do PowerPoint 2010.
1 Uma guia da Faixa de Opções, neste caso a guia Pá-
gina Inicial. Cada guia está relacionada a um tipo de ativi-
dade, como inserir mídia ou aplicar animações a objetos.
2 Um grupo na guia Página Inicial, neste caso o grupo
Fonte. Os comandos são organizados em grupos lógicos e
reunidos nas guias.
3 Um botão ou comando individual no grupo Slides,
Observe que o slide no painel Slide se redimensiona neste caso o botão Novo Slide.
automaticamente para se ajustar ao espaço disponível.
Outros recursos da Faixa de Opções
Etapa 4: Criar a apresentação
Agora que preparou o espaço de trabalho para ser usa-
do, você está pronto para começar a adicionar texto, for-
mas, imagens, animações (e outros slides também) à apre-
sentação. Próximo à parte superior da tela, há três botões
que podem ser úteis quando você iniciar o trabalho:
• Desfazer , que desfaz sua última alteração
(para ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita,
coloque o ponteiro sobre o botão. Para ver um menu de
outras alterações recentes que também podem ser desfei-
tas, clique na seta à direita de Desfazer ). Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de
• Você também pode desfazer uma alteração pres- Opções são as guias contextuais, as galerias e os iniciado-
sionando CTRL+Z. res de caixa de diálogo.
• Refazer ou Repetir , que repete ou refaz
sua última alteração, dependendo da ação feita anterior-  Uma galeria, neste caso a galeria de formas no gru-
mente (para ver uma dica de tela sobre qual ação será re- po Desenho. As galerias são janelas ou menus retangulares
petida ou refeita, coloque o ponteiro sobre o botão). Você que apresentam uma gama de opções visuais relacionadas.
também pode repetir ou refazer uma alteração pressionan-
do CTRL+Y.  Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias
abre o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode são mostradas somente quando necessárias. Por exemplo,
abrir a Ajuda pressionando F1. a guia Ferramentas de Imagem será mostrada somente se
você inserir uma imagem a um slide e a selecionar.
Familiarizar-se com a Faixa de Opções do Power-
Point 2010   Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um
Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira que inicia a caixa de diálogo Formatar Forma.
vez, você perceberá que os menus e as barras de ferra-
mentas do PowerPoint 2003 e das versões anteriores foram Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Op-
substituídos pela Faixa de Opções. ções

O que é a Faixa de Opções? Para encontrar a localização de comandos específicos


A Faixa de Opções contém os comandos e os outros em guias e grupos, consulte os diagramas a seguir.
itens de menu presentes nos menus e barras de ferramen-
tas do PowerPoint 2003 e de versões anteriores. A Faixa de
Opções foi projetada para ajudá-lo a localizar rapidamente
os comandos necessários para concluir uma tarefa.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Arquivo

A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo arquivo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresenta-
ção.
1 Salvar como
2 Abrir
3 Novo
4 Imprimir

A guia Página Inicial

A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.

1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.

Guia Inserir

A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Design

A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração
de página na apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.

Guia Transições

A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.

Guia Animações

A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.

Guia Apresentação de Slides

A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configura-
ções da apresentação de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide

Guia Revisão

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações
na apresentação atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.

Guia Exibir

A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também
pode ativar ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.

Eu não vejo o comando de que preciso!    


Alguns comandos, como Recortar ou Compactar, são guias contextuais.
Para exibir uma guia contextual, primeiramente selecione o objeto que será trabalhado e verifique se uma guia con-
textual é exibida na Faixa de Opções.

Localizar e aplicar um modelo


O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou os seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários
modelos disponíveis no Office.com. O Office.com fornece uma ampla seleção de modelos do PowerPoint populares, in-
cluindo apresentações e slides de design.
Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este procedimento:
Na guia Arquivo, clique em Novo.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes procedimentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, clique em Modelos Recentes, clique no modelo desejado e depois
em Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
• Para utilizar um dos modelos internos instalados com o PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no
modelo desejado e depois em Criar.
• Para localizar um modelo no Office.com, em Modelos do Office.com, clique em uma categoria de modelo, selecio-
ne o modelo desejado e clique em Baixar para baixar o modelo do Office.com para o computador.

Observação- Você também pode pesquisar modelos no Office.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar mo-
delos no Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e clique no botão de seta para pesquisar.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma apresentação • Para que uma apresentação só possa ser aberta
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. no PowerPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar
2. Siga um destes procedimentos: como tipo, selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar. • Para uma apresentação que possa ser aberta no
• Aplique um modelo ou tema, seja interno forneci- PowerPoint 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint,
do com o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. selecione Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar
Abrir uma apresentação como, clique na pasta ou em outro local onde você queira
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. salvar sua apresentação.
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, cli- 4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a
que na unidade ou pasta que contém a apresentação de- apresentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
sejada. De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou
3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pode clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para
pasta que contém a apresentação.
salvar rapidamente a apresentação, a qualquer momento.
4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
Observação: Para salvar a apresentação em um forma-
 Observação   Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra
to diferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e se-
somente apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo
lecione o formato de arquivo desejado.
Abrir. Para exibir outros tipos de arquivos, clique em Todas
as Apresentações do PowerPoint e selecione o tipo de ar- O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de ti-
quivo que deseja exibir. pos de arquivo que você pode usar para salvar; por exem-
plo, JPEGs (.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf),
páginas da Web (.html), Apresentação OpenDocument
(.odp), inclusive como vídeo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo
diferentes com o PowerPoint 2010, como Apresentações
OpenDocument, páginas da Web e outros tipos de arqui-
vos.

Adicionar, reorganizar e excluir slides


O único slide que é exibido automaticamente ao abrir
o PowerPoint tem dois espaços reservados, sendo um for-
matado para um título e o outro formatado para um sub-
título. A organização dos espaços reservados em um slide
é chamada layout. O Microsoft PowerPoint 2010 também
oferece outros tipos de espaços reservados, como aqueles
de imagens e elementos gráficos de SmartArt.
Salvar uma apresentação Ao adicionar um slide à sua apresentação, siga este
procedimento para escolher um layout para o novo slide
ao mesmo tempo:
1. No modo de exibição Normal, no painel que con-
tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique
abaixo do único slide exibido automaticamente ao abrir o
PowerPoint.
2. Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique na
seta ao lado de Novo Slide. Ou então, para que o novo sli-
de tenha o mesmo layout do slide anterior, basta clicar em
Novo Slide em vez de clicar na seta ao lado dele.

Como com qualquer programa de software, é uma boa


ideia nomear e salvar a apresentação imediatamente e sal-
var suas alterações com frequência enquanto você traba-
lha: Será exibida uma galeria que mostra as miniaturas dos
1. Clique na guia Arquivo. vários layouts de slide disponíveis.
2. Clique em Salvar como e siga um destes procedi- • O nome identifica o conteúdo para o qual cada
mentos: slide foi criado.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Os espaços reservados que exibem ícones colo-


ridos podem conter texto, mas você também pode clicar
nos ícones para inserir objetos automaticamente, incluindo
elementos gráficos SmartArt e clip-art.
3. Clique no layout desejado para o novo slide.

Se houver uma grande quantidade de material para


apresentar sobre qualquer um dos pontos ou áreas princi-
pais, talvez você queira criar um subagrupamento de slides
para esse material, usando a mesma estrutura de tópicos
básica.
Dica: Pense em quanto tempo cada slide deve ficar vi-
sível na tela durante a sua apresentação. Uma boa estima-
O novo slide agora aparece na guia Slides, onde está tiva padrão é de dois a cinco minutos por slide.
realçado como o slide atual, e também como o grande sli- Aplicar um novo layout a um slide
de à direita no painel Slide. Repita esse procedimento para Para alterar o layout de um slide existente, faça o se-
cada novo slide que você deseja adicionar. guinte:
• No modo de exibição Normal, no painel que con-
Determinar quantos slides são necessários tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique
no slide ao qual deseja aplicar um novo layout.
Para calcular o número de slides necessários, faça um • Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique em
rascunho do material que você planeja abordar e, em se- Layout e, em seguida, clique no novo layout desejado.
guida, divida o material em slides individuais. Você prova-  Observação   Se você aplicar um layout que não pos-
velmente deseja pelo menos: sua tipos de espaços reservados suficientes para o conteú-
• Um slide de título principal do que já existe no slide, serão criados espaços reservados
• Um slide introdutório que lista os pontos princi- adicionais automaticamente para armazenar esse conteú-
pais ou áreas da sua apresentação do.
• Um slide para cada ponto ou área que esteja lista-
da no slide introdutório Copiar um slide
• Um slide de resumo que repete a lista de pontos Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham
ou áreas principais da sua apresentação conteúdo e layout semelhantes, salve o seu trabalho crian-
Usando essa estrutura básica, se você possui três pon- do um slide que tenha toda a formatação e o conteúdo que
tos ou áreas principais para apresentar, planeje ter um mí- será compartilhado por ambos os slides, fazendo uma có-
nimo de seis: um slide de título, um slide introdutório, um pia desse slide antes dos retoques finais em cada um deles.
slide para cada um dos três pontos ou áreas principais e 1. No modo de exibição Normal, no painel que con-
um slide de resumo. tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique
com o botão direito do mouse no slide que deseja copiar
e clique em Copiar.
2. Na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse onde você deseja adicionar a nova cópia do slide e
clique em Colar.
Você também pode usar esse procedimento para inse-
rir uma cópia de um slide de uma apresentação para outra.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Reorganizar a ordem dos slides


No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique no slide que
deseja mover e arraste-o para o local desejado.
Para selecionar vários slides, clique em um slide que deseja mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL
enquanto clica em cada um dos outros slides que deseja mover.

Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão
direito do mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.

Adicionar formas ao slide


1. Na guia Início, no grupo Desenho, clique em Formas.

2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla
SHIFT pressionada ao arrastar.

Exibir uma apresentação de slides


Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este procedi-
mento:

Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).

Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimen-
to(ou pressione Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.

Imprimir uma apresentação


1. Clique na guia Arquivo e clique em Imprimir.
2. Em Imprimir, siga um destes procedimentos:
• Para imprimir todos os slides, clique em Tudo.
• Para imprimir somente o slide exibido no momento, clique em Slide Atual.
• Para imprimir slides específicos por número, clique em Intervalo Personalizado de Slides e digite uma lista de slides
individuais, um intervalo, ou ambos.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação   Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.

• Criar e imprimir folhetos


Você pode imprimir as apresentações na forma de folhetos, com até nove slides em uma página, que podem ser utili-
zados pelo público para acompanhar a apresentação ou para referência futura.

O folheto com três slides por página possui espaços entre as linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visualização de impressão (um modo de exibição de um documen-
to da maneira como ele aparecerá ao ser impresso).

Organizar conteúdo em um folheto:


Na visualização de impressão é possível organizar o conteúdo no folheto e visualizá-lo para saber como ele será im-
presso. Você pode especificar a orientação da página como paisagem ou retrato e o número de slides que deseja exibir
por página.
Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e rodapés, como os números das páginas. No layout com um slide
por página, você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao folheto e não aos slides, se não desejar exibir texto, data ou
numeração no cabeçalho ou no rodapé dos slides.

Aplicar conteúdo e formatação em todos os folhetos:


Se desejar alterar a aparência, a posição e o tamanho da numeração, da data ou do texto do cabeçalho e do rodapé em
todos os folhetos, faça as alterações no folheto mestre. Para incluir um nome ou logotipo em todas as páginas do folheto,
basta adicioná-lo ao mestre. As alterações feitas no folheto mestre também são exibidas na impressão da estrutura de
tópicos.

Imprimir folhetos:
1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de slides para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o
modo de impressão(aqui também podemos selecionar os modos ‘Anotações’ e ‘Estrutura de tópicos’)

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná
-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com
o boto esquerdo sobre o ponto em que se deseja iniciar
a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse
até o ponto desejado e soltar o botão esquerdo.

O formato Folhetos (3 Slides por Página) possui linhas


para anotações do público.

Para especificar a orientação da página, clicar na seta


em Orientação e, em seguida, clicar em Paisagem ou Re-
trato. 1 – Fonte
Clicar em Imprimir. Altera o tipo de fonte
2 – Tamanho da fonte
Inserir texto Altera o tamanho da fonte
Para inserir um texto no slide clicar com o botão es- 3 – Negrito
querdo do mouse no retângulo (Clique para adicionar um Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
título), após clicar o ponto de inserção (cursor será exibido). acionado através do comando Ctrl+N.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para
destacá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minús-
culas. Marcadores e numeração
10 – Cor da Fonte Com a guia Início acionada, clicar no botão , para
Altera a cor da fonte. criar parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de
11 – Alinhar Texto à Esquerda marcador clicar na seta.
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
nando espaço extra entre as palavras conforme o neces-
sário, promovendo uma aparência organizada nas laterais
esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.

Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta se-
lecioná-lo e clicar no botão , localizado na guia Início. Com a guia Início acionada, clicar no botão , para ini-
ciar uma lista numerada. Para escolher diferentes formatos
Inserir símbolos especiais de numeração clicar na seta.
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é pos-
sível inserir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o
símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.

3. Clicar no botão Símbolo.


4. Selecionar o símbolo.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserir figuras Animar textos e objetos


Para animar um texto ou objeto, selecionar o texto ou
objeto, clicar na guia Animações, e depois em Animações
Personalizadas, abrirá um painel à direita, clicar em Adicio-
nar efeito. Nele se encontram várias opções de animação
de entrada, ênfase, saída e trajetórias de animação.

Inserir botão de ação


Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e Um botão de ação consiste em um botão já existen-
clicar em um desses botões: te que pode ser inserido na apresentação e para o qual
• Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um ar- pode definir hiperlinks. Os botões de ação contêm formas,
quivo. como setas para direita e para esquerda e símbolos de fá-
• Clip-art: é possível escolher entre várias figuras que cil compreensão referentes às ações de ir para o próximo,
acompanham o Microsoft Office. anterior, primeiro e último slide, além de executarem filmes
• Formas: insere formas prontas, como retângulos e ou sons. Eles são mais comumente usados para apresen-
círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos ex- tações autoexecutáveis — por exemplo, apresentações que
plicativos. são exibidas várias vezes em uma cabine ou quiosque (um
• SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para computador e monitor, geralmente localizados em uma
comunicar informações visualmente. Esses elementos grá- área frequentada por muitas pessoas, que pode incluir tela
ficos variam desde listas gráficas e diagramas de processos sensível ao toque, som ou vídeo.
até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e Os quiosques podem ser configurados para executar
organogramas. apresentações do PowerPoint de forma automática, contí-
• Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar nua ou ambas).
dados.
• WordArt: insere um texto com efeitos especiais. 1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta
abaixo de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
Alterar plano de fundo 2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja
Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar
adicionar.
com o botão direito do mouse sobre ele, e em seguida
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para dese-
clicar em Formatar Plano de Fundo.
nhar a forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes proce-
dimentos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o
Mouse.
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Se-
lecionar sem o Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou
move o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes
procedimentos:
• Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Ne-
Depois escolher entre as opções clicar Aplicar a tudo nhuma.
para aplicar a mudança a todos os slides, se for alterar ape- • Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e se-
nas o slide atual clicar em fechar. lecionar o destino para o hiperlink.
• Para executar um programa, clicar em Executar pro-
grama e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o pro-
grama que você deseja executar.
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto
de ações que você pode usar para automatizar tarefas. Os
macros são gravados na linguagem de programação Visual
Basic for Applications), clicar em Executar macro e selecio-
nar a macro que você deseja executar.
As configurações de Executar macro estarão disponí-
veis somente se a sua apresentação contiver um macro.
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão
de ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e sele-
cionar a ação que você deseja que ele execute.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As configurações de Ação do objeto estarão disponí- 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
veis somente se a sua apresentação contiver um objeto OLE em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
(uma tecnologia de integração de programa que pode ser de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
usada para compartilhamento de informações entre pro- slide para cima ou para baixo na lista.
gramas. Todos os programas do Office oferecem suporte 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
para OLE; por isso, você pode compartilhar informações slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
por meio de objetos vinculados e incorporados). das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar repetir as etapas de 1 a 5.
som e selecionar o som desejado. Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta-
Criar apresentação personalizada ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: 2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
básica e com hiperlinks. Utilizar uma apresentação personalizada com hiper-
Uma apresentação personalizada básica é uma apre- links para organizar o conteúdo de uma apresentação. Por
sentação separada ou uma apresentação que inclui alguns exemplo, se você cria uma apresentação personalizada
slides originais. principal sobre a nova organização geral da sua empresa,
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma é possível criar uma apresentação personalizada para cada
forma rápida de navegar para uma ou mais apresentações departamento da sua organização e vinculá-los a essas exi-
separadas. bições da apresentação principal.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para
fornecer apresentações separadas para diferentes grupos
da sua organização. Por exemplo, se sua apresentação
contém um total de cinco slides, é possível criar uma apre-
sentação personalizada chamada “Site 1” que inclui apenas
os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma segunda apresenta-
ção personalizada chamada “Site 2” que inclui os slides 1, 2,
4 e 5. Quando você criar uma apresentação personalizada
a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na ín-
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresen-
tegra, em sua sequência original.
tação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de
Slides Personalizada e, em seguida, clicar em Apresenta-
ções Personalizadas.
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas,
clicar em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que
você deseja incluir na apresentação personalizada principal
e, em seguida, clicar em Adicionar.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio-
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
queira selecionar.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
Apresentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apre- de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
sentação de Slides Personalizada e, em seguida, clicar em slide para cima ou para baixo na lista.
Apresentações Personalizadas. 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
clicar em Novo. das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que repetir as etapas de 1 a 5.
você deseja incluir na apresentação personalizada e, em 6. Para criar um hiperlink da apresentação principal
seguida, clicar em Adicionar. para uma apresentação de suporte, selecionar o texto ou
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no objeto que você deseja para representar o hiperlink.
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio- abaixo de Hiperlink.
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Docu-
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que mento.
queira selecionar. 9. Seguir um destes procedimentos:

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para se vincular a uma apresentação personalizada, 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
na lista Selecionar um local neste documento, selecionar a Slide, clicar no efeito de transição de slides que você deseja
apresentação personalizada para a qual deseja ir e marcar para esse slide.
a caixa de seleção Mostrar e retornar. 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es-
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na tilos Rápidos, clicar no botão Mais.
lista Selecione um local neste documento, selecionar o sli- 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no
de para o qual você deseja ir. grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci-
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta- dade desejada.
ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. 6. Para adicionar uma transição de slides diferente a
outro slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Transição de slides • Adicionar som a transições de slides
As transições de slide são os efeitos semelhantes à ani- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides,
mação que ocorrem no modo de exibição Apresentação clicar na guia Slides.
de Slides quando você move de um slide para o próximo. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
É possível controlar a velocidade de cada efeito de 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
transição de slides e também adicionar som. Slide, clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em se-
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos guida, seguir um destes procedimentos:
diferentes de transições de slides, incluindo (mas não se • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o
limitando) as seguintes: som desejado.
• Para adicionar um som não encontrado na lista, se-
lecionar Outro Som, localizar o arquivo de som que você
deseja adicionar e, em seguida, clicar em OK.
4. Para adicionar som a uma transição de slides dife-
rente, repetir as etapas 2 e 3.

1. Sem transição Configurar apresentação de slides


• Tipo de apresentação
2. Persiana Horizontal
Usar as opções na seção Tipo de apresentação para
3. Persiana Vertical
especificar como você deseja mostrar a apresentação para
4. Quadro Fechar
sua audiência.
5. Quadro Abrir
o Para fazer sua apresentação diante de uma audiência
6. Quadriculado na Horizontal
ao vivo, clicar em Exibida por um orador (tela inteira).
7. Quadriculado na Vertical
o Para permitir que a audiência exiba sua apresentação
8. Pente Horizontal a partir de um disco rígido ou CD em um computador ou
9. Pente Vertical na Internet, clicar em Apresentada por uma pessoa (janela).
o Para permitir que a audiência role por sua apresen-
Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos tação de auto execução a partir de um computador autô-
Rápidos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no dia- nomo, marcar a caixa de seleção Mostrar barra de rolagem.
grama acima. o Para entregar uma apresentação de auto execução
• Adicionar a mesma transição de slides a todos os sli- executada em um quiosque (um computador e monitor,
des em sua apresentação: geralmente localizados em uma área frequentada por mui-
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, tas pessoas, que pode incluir tela sensível ao toque, som ou
clicar na guia Slides. vídeo. Os quiosques podem ser configurados para executar
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. apresentações do PowerPoint de forma automática, con-
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este tínua ou ambas), clicar em Apresentada em um quiosque
Slide, clicar em um efeito de transição de slides. (tela inteira).
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es- • Mostrar slides
tilos Rápidos, clicar no botão Mais. Usar as opções na seção Mostrar slides para especifi-
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no car quais slides estão disponíveis em uma apresentação ou
grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de para criar uma apresentação personalizada (uma apresen-
Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci- tação dentro de uma apresentação na qual você agrupa
dade desejada. slides em uma apresentação existente para poder mostrar
6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar essa seção da apresentação para um público em particular).
a Tudo. o Para mostrar todos os slides em sua apresentação,
• Adicionar diferentes transições de slides aos slides clicar em Tudo.
em sua apresentação o Para mostrar um grupo específico de slides de sua
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, apresentação, digitar o número do primeiro slide que você
clicar na guia Slides. deseja mostrar na caixa De e digitar o número do último
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. slide que você deseja mostrar na caixa Até.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o Para iniciar uma apresentação de slides personaliza-


da que seja derivada de outra apresentação do PowerPoint,
clicar em Apresentação personalizada e, em seguida, clicar
na apresentação que você deseja exibir como uma apre-
sentação personalizada (uma apresentação dentro de uma
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresen-
tação existente para poder mostrar essa seção da apresen-
tação para um público em particular).
• Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para
especificar como você deseja que arquivos de som, narra-
ções ou animações sejam executados em sua apresentação.
o Para executar um arquivo de som ou animação con-
tinuamente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser No modo de exibição do Apresentador, os ícones e
pressionada. botões são grandes o suficiente para uma fácil navegação,
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma
mesmo quando você está usando um teclado ou mouse
narração incorporada, marcar a caixa de seleção Apresen-
desconhecido. A seguinte ilustração mostra as várias fer-
tação sem narração.
ramentas disponibilizadas pelo modo de exibição Apresen-
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma
animação incorporada, marcar a caixa de seleção Apresen- tador.
tação sem animação.
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência
ao vivo, é possível escrever nos slides. Para especificar uma
cor de tinta, na lista Cor da caneta, selecionar uma cor de
tinta.

A lista Cor da caneta estará disponível apenas se Exibi-


da por um orador (tela inteira) (na seção Tipo de apresen-
tação) estiver selecionada.
• Avançar slides
Usar as opções na seção Avançar slides para especificar
como mover de um slide para outro.
o Para avançar para cada slide manualmente durante a
apresentação, clicar em Manualmente.
o Para usar intervalos de slide para avançar para cada
slide automaticamente durante a apresentação, clicar em
Usar intervalos, se houver.
• Vários Monitores

É possível executar sua apresentação do Microsoft Of- 1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para
fice PowerPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pular um slide ou retornar para um slide já apresentado.
pódio) enquanto o público a vê em um segundo monitor. 2. O slide que você está exibindo no momento para
Usando dois monitores, é possível executar outros pro- o público.
gramas que não são vistos pelo público e acessar o modo
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode
de exibição Apresentador. Este modo de exibição oferece
clicar a qualquer momento para finalizar a sua apresenta-
as seguintes ferramentas para facilitar a apresentação de
ção.
informação:
o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides 4. O botão Escurecer, que você pode clicar para es-
de uma sequência e criar uma apresentação personalizada curecer a tela do público temporariamente e, em seguida,
para o seu público. clicar de novo para exibir o slide atual.
o A visualização de texto mostra aquilo que o seu pró- 5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu
ximo clique adicionará à tela, como um slide novo ou o público verá em seguida.
próximo marcador de uma lista. 6. Botões que você pode selecionar para mover para
o As anotações do orador são mostradas em letras frente ou para trás na sua apresentação.
grandes e claras, para que você possa utilizá-las como um 7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12)
script para a sua apresentação. 8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o
o É possível escurecer a tela durante sua apresenta- início da sua apresentação.
ção e, depois, prosseguir do ponto em que você parou. 9. As anotações do orador, que você pode usar como
Por exemplo, talvez você não queira exibir o conteúdo do um script para a sua apresentação.
slide durante um intervalo ou uma seção de perguntas e Requisitos para o uso do modo de exibição Apresen-
respostas. tador:

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o


seguinte: CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO
o Certifique-se que o computador usado para a apre- ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE
sentação tem capacidade para vários monitores. MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS.
o Ativar o suporte a vários monitores
o Ativar o modo de exibição Apresentador.

Ativar o suporte a vários monitores: CORREIO ELETRÔNICO


Embora os computadores possam oferecer suporte a
mais de dois monitores, o PowerPoint oferece suporte para O correio eletrônico1 se parece muito com o correio
o uso de até dois monitores para uma apresentação. Para tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma
desativar o suporte a vários monitores, selecionar o segun- caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men-
do monitor e desmarcar a caixa de seleção Estender a área sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do
de trabalho do Windows a este monitor.
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa?
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Monito-
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
res, clicar em Mostrar Modo de Exibição do Apresentador.
2. Na caixa de diálogo Propriedades de Vídeo, na guia a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
Configurações, clicar no ícone do monitor para o monitor dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
do apresentador e desmarcar a caixa de seleção Usar este trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza
dispositivo como monitor primário. papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário,
Se a caixa de seleção Usar este dispositivo como moni- não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio,
tor primário estiver marcada e não disponível, o monitor foi carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono
designado como o monitor primário. Somente é possível tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró-
selecionar um monitor primário por vez. Se você clicar em prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa-
um ícone de monitor diferente, a caixa de seleção Usar este dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci-
dispositivo como monitor primário é desmarcada e torna- lidade de uso do correio convencional com a velocidade
se disponível novamente. do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado
É possível mostrar o modo de exibição Apresentador e meio de comunicação.
executar a apresentação de apenas um monitor — geral-
mente, o monitor 1. Estrutura e Funcionalidade do e-mail
3. Clicar no ícone do monitor para o monitor do públi-
co e marcar a caixa de seleção Estender a área de trabalho Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos
do Windows a este monitor. os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão,
Executar uma apresentação em dois monitores usando nome do usuário + @ + host, onde:
o modo de exibição do Apresentador: » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
Após configurar seus monitores, abrir a apresentação usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecas-
que deseja executar e fazer o seguinte: tro.
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Configu- » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
ração, clicar em Configurar a Apresentação de Slides. o nome do usuário do seu provedor.
2. Na caixa de diálogo Configurar Apresentação, esco- » Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende-
lher as opções desejadas e clicar em OK.
reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
3. Para começar a entrega da apresentação, na guia
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao
Exibir, no grupo Modos de Exibição de Apresentação, clicar
serviço 24 horas por dia.
em Apresentação de Slides.
• Desempenho
Usar as opções na seção Desempenho para especificar Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.
o nível de clareza visual da apresentação. com.br
o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na
apresentação, selecionar Usar aceleração de elementos A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
gráficos do hardware. » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men-
o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar sagens recebidas.
na resolução, ou número de pixels por polegada, que você » Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não
deseja. Quanto mais pixels, mais nítida será a imagem, con- enviadas.
tudo mais lento será o desempenho do computador. Por » E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
exemplo, uma tela de 640 x 480 pixels é capaz de exibir 640 que foram enviados.
pontos distintos em cada uma das 480 linhas, ou aproxi- » Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda
madamente 300.000 pixels. Essa é a resolução com desem- não terminou de redigir.
penho mais rápido, contudo fornece a menor qualidade. » Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
Em contraste, uma tela com 1280 x 1024 pixels fornece as 1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
imagens mais nítidas, mas com desempenho mais lento. ewebmail001.asp

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre- WebMail


sentes:
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação
destinatário. acessada diretamente na Internet, sem a necessidade de
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da usar programa de correio eletrônico. Praticamente todos os
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa- e-mails possuem aplicações para acesso direto na Internet. É
recerão para todos os destinatários. grande o número de provedores que oferecem correio ele-
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, trônico gratuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos populares.
donos. » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensa- » GMail – http://www.gmail.com
gem. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem » iG Mail – http://www.ig.com.br
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se-
mensagem. guir as instruções do site. Outro importante fator a ser obser-
vado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi ou-
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, tro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tempo
porém representando as mesmas funções. Além dos destes a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb, mas
campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além de
EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun- caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de
cionalidades veremos em detalhes, mais à frente. agenda e contatos.
Para receber seus e-mails você não precisa estar co- Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério
nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por
Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com
e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal, o menor propaganda possível.
localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa » Criando seu e-mail
postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter- Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente
net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
através de programas de correio eletrônico. Um programa WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
à frente. endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de você conheça. O processo de cadastro é muito simples, basta
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode preencher um formulário e depois você terá sua conta de
enviar mensagens para você. Também é possível enviar e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br)
basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. ou qualquer outro de sua preferência.
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maio- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
ria das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet aberto um formulário, preencha-o observando todos os
campos. Os campos do formulário têm suas particularidades
através do navegador. Este tipo de correio é chamado de
de provedor para provedor, no entanto todos trazem a mes-
WebMail. O WebMail é responsável pela grande populari-
ma ideia, colher informações do usuário. Este será a primeira
zação do e-mail, pois mesmo as pessoas que não tem com-
parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer cadastro, no
putador, podem acessar sua caixa postal de qualquer lugar exemplo temos “@outlook.com”. A junção do nome de usuá-
(um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um endereço rio com o nome do provedor é que será seu endereço eletrô-
eletrônico basta querer e acessar a Internet, é claro. Existe nico. No exemplo ficaria o seguinte: seunome@outlook.com.
quase que uma guerra por usuários. Os provedores, tam- 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
bém, disputam quem oferece maior espaço em suas caixas “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
postais. Há pouco tempo encontrar um e-mail com mais Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum
de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro que, quando a Em- que muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros
bratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei que era muito usuários, neste caso será exibida uma mensagem lhe in-
espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não parou por formando do problema. Isso acontece porque dentro de
ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio de que um mesmo provedor não pode ter dois nomes de usuários
o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última campanha iguais. A solução é procurar outro nome que ainda esteja
do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal livre, alguns provedores mostram sugestões como: seuno-
constantemente, a última vez que acessei estava em 2663 me2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o que
Mb. é bem provável que acontecerá) escolha uma das sugestões
ou informe outro nome (não desista, você vai conseguir),
finalize seu cadastro que seu e-mail vai está pronto para
ser usado.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

» Entendendo a Interface do WebMail 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir


A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail também as mensagens das diversas pastas existentes na
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra- sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
mais adiante. de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser- seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
vidor. ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no-
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no meá-las, também serve para classificar as mensagens que
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens. por padrão estão classificadas através da coluna “Data”,
Semelhante à função novo e-mail do Outlook. para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus nome dela.
endereços de e-mail são previamente guardados para uti- 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
lização futura, nesta seção também é possível criar grupos cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são
para facilitar o gerenciamento dos seus contatos. um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não
nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário
ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha, de acordo com suas necessidades.
definir número de e-mail por página, assinatura, resposta 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
automática, etc. seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
seção com vários tópicos de ajuda. próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi-
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen- baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração
dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado- automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links
res de terceiros. são os mesmos apresentados no item 10.
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu
endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; MS OUTLOOK 2010
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferra-
está, no exemplo a Caixa de Entrada. mentas de gerenciamento de emails profissionais e pes-
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men- soais para mais de 500 milhões de usuários do Microsoft
sagens que estão na tela e também o total da seção sele- Office no mundo todo. Com o lançamento do Outlook
cionada. 2010, você terá uma série de experiências mais ricas para
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão atender às suas necessidades de comunicação no trabalho,
todos os comandos relacionados com as mensagens exi- em casa e na escola.
bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais Do visual redesenhado aos avançados recursos de or-
mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O ganização de emails, pesquisa, comunicação e redes so-
botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men- ciais, o Outlook 2010 proporciona uma experiência fantás-
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão tica para você se manter produtivo e em contato com suas
“Contas externas” abre uma seção para configurar outras redes pessoais e profissionais.
contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci- Adicionar uma conta de email
so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. Antes de poder enviar e receber emails no Outlook
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista 2010, você precisa adicionar e configurar uma conta de
de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails email. Se tiver usado uma versão anterior do Microsoft
na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique Outlook no mesmo computador em que instalou o Outlook
no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo- 2010, suas configurações de conta serão importadas auto-
níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de maticamente.
sua caixa postal. Se você não tem experiência com o Outlook ou se es-
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um tiver instalando o Outlook 2010 em um computador novo,
correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; o recurso Configuração Automática de Conta será iniciado
Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do automaticamente e o ajudará a configurar as definições
nome, quando está normal significa que todas as mensa- de suas contas de email. Essa configuração exige somente
gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu- seu nome, endereço de email e senha. Se não for possí-
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas, vel configurar sua conta de email automaticamente, será
o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta- necessário digitar as informações adicionais obrigatórias
lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio. manualmente.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Clique na guia Arquivo.


2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.

Sobre contas de email


O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange,
POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou
administrador de emails pode lhe fornecer as informações
necessárias para a configuração da sua conta de email no Observação: Quando o seu computador está conecta-
Outlook. do a um domínio de rede de uma organização que usa o
Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil Microsoft Exchange Server, suas informações de email são
é composto de contas, arquivos de dados e configurações automaticamente inseridas. A senha não aparece porque a
que especificam onde as suas mensagens de email são sal- sua senha de rede é usada. Um indicador de progresso é
vas. Um novo perfil é criado automaticamente quando o exibido à medida que a sua conta está sendo configurada.
Outlook é executando pela primeira vez. O processo de configuração pode levar vários minutos.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook
2010 pela primeira vez
Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou
se estiver instalando o Outlook 2010 em um computador
novo, o recurso Configuração Automática de Conta será
iniciado automaticamente e o ajudará a definir as configu-
rações das suas contas de email. Esse processo exige so-
mente seu nome, endereço de email e senha. Se não for
possível configurar a sua conta de email automaticamente,
você precisará inserir as informações adicionais obrigató-
rias manualmente.
1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de
email, clique em Avançar.

Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma


segunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se você
vir essa mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a
conexão não criptografada também falhar, não será possí-
vel configurar a sua conta de email automaticamente.

3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim


e depois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e cli-
que em Avançar.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi- 3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.
gurar servidor manualmente. 4. Clique em Adicionar.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você 5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra para o perfil e, em seguida, clique em OK.
conta. Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
6. Clique em Contas de Email.

Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP


Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
email.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de
email que oferece várias pastas de email em um servidor
de emails. As contas do Google GMail e da AOL podem ser
usadas no Outlook 2010 como contas IMAP.
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, en-
tre em contato com o seu provedor de serviços de Internet
(ISP) ou administrador de email.
1. Clique em Definir manualmente as configurações
5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Con- do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
ta, clique em Concluir. 2. Clique em Email da Internet e em Avançar.
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Ser- 3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte:
ver, deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que
apareça e possa ser usada no Outlook. aparecerá para as outras pessoas.
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi- • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será email completo atribuído por seu administrador de email
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para ou ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange símbolo @ e o nome do domínio como, por exemplo, pat@
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo contoso.com.
Email no Painel de Controle. • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a se-
nha atribuída ou criada por você.
Adicionar uma conta de email manualmente  Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de mi-
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua núsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e durante a inserção da sua senha.
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
 Observação   A configuração manual de contas do Mi- • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3
crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook ou IMAP.
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
Adicionar ao perfil em execução serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
1. Clique na guia Arquivo. mente, é mail. seguido do nome de domínio, por exemplo,
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em mail.contoso.com.
Configurações de Conta.
• Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite
3. Clique em Configurações de Conta.
o nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
4. Clique em Adicionar Conta.
serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
Adicionar a um perfil existente
mente, é mail. seguido do nome do domínio, por exemplo,
1. Feche o Outlook.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes mail.contoso.com.
em Email. 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil usuário fornecido pelo provedor ou pelo administrador de
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione email. Ele pode fazer parte do seu endereço de email antes
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. do símbolo @, como pat, ou pode ser o seu endereço de
3. Clique em Contas de Email. email completo, como pat@contoso.com.
Adicionar a um novo perfil • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo pro-
1. Feche o Outlook. vedor ou pelo administrador de email ou uma senha que
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes tenha sido criada por você.
no módulo Email. • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

 Observação: Você tem a opção de salvar sua senha A configuração manual de contas do Microsoft Exchan-
digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção ge não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará cução. Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange,
digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto, siga as etapas de Adicionar a um perfil existente ou Adi-
isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa cionar a um novo perfil e siga um destes procedimentos:
que tenha acesso ao seu computador. 1. Clique em Definir manualmente as configurações
Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli-
esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais que em Avançar.
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo, email para o servidor executando o Exchange.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial. 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con- change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu Exchange.
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
sua conta de email. usuário atribuído ao administrador de email. Ele não costu-
• Autenticação de SMTP     Clique em Mais Confi- ma ser seu nome completo.
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso • Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em
seja exigido pela conta. Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a
• Criptografia de POP3    Para contas POP3, clique conta, por exemplo, Meu Email de Trabalho.
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), das guias, configure as opções desejadas.
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- servidor reconhece o seu nome e se o computador está
net instrua você a usar essa configuração. conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
• Criptografia de IMAP    Para contas IMAP, clique especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), nistrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra-
caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o
8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma
9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configu-
Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser-
1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o
2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu-
ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.

Configurar manualmente uma conta do Microsoft


Exchange
As contas do Microsoft Exchange são usadas por or-
ganizações como parte de um pacote de ferramentas de 3. Selecione a conta de email que você deseja remo-
colaboração incluindo mensagens de email, calendário e ver e clique em Remover.
agendamento de reuniões e controle de tarefas. Alguns 4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
provedores de serviços de Internet (ISPs) também ofere- Para remover uma conta de email de um perfil diferen-
cem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver certo te, encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as
sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato com o etapas anteriores. Você também pode remover contas de
seu ISP ou administrador de email. outros perfis da seguinte forma:

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Saia do Outlook. Responder ao remetente ou a outros destinatários


2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes Você poder responder apenas ao remetente de uma
em Email. mensagem ou a qualquer combinação de pessoas existen-
te nas linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos des-
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email tinatários.
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil 1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione grupo Responder, clique em Responder ou em Responder
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. a Todos.
3. Clique em Contas de Email.  Observação: O nome da guia depende da condição da
4. Selecione a conta e clique em Remover. mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou
5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. se está aberta na respectiva janela.
 Observações  Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no
• A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP nome e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário,
não exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa clique na caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
conta. Se você estiver usando uma conta POP3, ainda po- 2. Escreva sua mensagem.
derá usar o Arquivo de Dados do Outlook (.pst) para traba- 3. Clique em Enviar.
lhar com os seus itens.  Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos,
• Se estiver usando uma conta do Exchange, seus principalmente quando houver listas de distribuição ou um
dados permanecerão no servidor de email, a não ser que grande número de destinatários em sua resposta. Geral-
eles sejam movidos para um Arquivo de Dados do Outlook mente, o melhor é usar Responder e adicionar somente
(.pst). os destinatários necessários, ou então usar Responder a
Todos, mas remover os destinatários desnecessários e as
Criar uma mensagem de email listas de distribuição.
1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em
Novo Email. Encaminhar uma mensagem
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os
anexos que estavam incluídos na mensagem original. Para
incluir mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro
item a uma mensagem de email.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo
Responder, clique em Encaminhar.
Observação: O nome da guia depende da condição da
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou
se está aberta na respectiva janela.
Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email 2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou
a partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTR- Cco.
L+SHIFT+M 3. Escreva sua mensagem.
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. 4. Clique em Enviar.
3. Insira os endereços de email ou os nomes dos Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens
destinatários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários desti- para os mesmos destinatários, como se fossem uma só, em
natários por ponto-e-vírgula. Email, clique em uma das mensagens, pressione CTRL e cli-
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis- que em cada mensagem adicional. Na guia Página Inicial,
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e no grupo Responder, clique em Encaminhar. Cada mensa-
clique nos nomes desejados. gem será encaminhada como anexo de uma nova mensa-
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. gem.

Responder ou encaminhar uma mensagem de email Adicionar um anexo a uma mensagem de email
Quando você responde a uma mensagem de email, o Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de
remetente da mensagem original é automaticamente adi- email. Além disso, outros itens do Outlook, como men-
cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você sagens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as
usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e endere- mensagens enviadas.
çada ao remetente e a todos os destinatários adicionais da 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem
mensagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá existente, clique em Responder, Responder a Todos ou En-
alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco. caminhar.
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.
Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um des-
tinatário.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvar um anexo
Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá
-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de
um anexo, você poderá salvar os vários anexos como um
grupo ou um de cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
Abrir e salvar anexos texto sem formatação     Clique no anexo, no Painel de
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo
em uma mensagem de email. As mensagens com anexos Ações, clique em Salvar como. É possível clicar com o botão
são identificadas por um ícone de clipe de papel   na lis- direito do mouse no anexo e então clicar em Salvar como.
ta de mensagens. Dependendo do formato da mensagem • Se a mensagem estiver no formato RTF     No Pai-
recebida, os anexos são exibidos em um de dois locais na nel de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão
mensagem. direito do mouse no anexo e clique em Salvar como.
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto Escolha uma local de pasta e clique em Salvar.
sem formatação, os anexos serão exibidos na caixa de ane- Salvar vários anexos de uma mensagem
xo, sob a linha Assunto. 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se-
• Se o formato da mensagem for o formato menos lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos anexos, clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
no corpo da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
corpo da mensagem, ele continua sendo um anexo sepa- • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
rado. texto sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações,
Observação   O formato utilizado na criação da men- clique em Salvar como.
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique
mensagem. com o botão direito do mouse em uma das mensagens
selecionadas e depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Abrir um anexo Salvar todos os anexos de uma mensagem
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, cli-
uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique que em um anexo.
duas vezes no anexo para abri-lo. 2. Siga um destes procedimentos:
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
o botão direito do mouse na mensagem que contém o texto sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações,
anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo. clique em Salvar Todos os Anexos.
 Observações  • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML na guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage.
ou com texto sem formatação no Painel de Leitura e em Em seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
mensagens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
será exibido no corpo da mensagem. Para voltar à mensa-
gem, na guia Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem, Adicionar uma assinatura de email às mensagens
clique em Mostrar Mensagem. O recurso de visualização Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
não está disponível para mensagens RTF. mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Car-
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui- tão de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma
vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive os ar- imagem da sua assinatura manuscrita.
quivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Criar uma assinatura
Se o Outlook bloquear algum arquivo de anexo em uma • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem,
mensagem, uma lista dos tipos de arquivos bloqueados no grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
será exibida na Barra de Informações, na parte superior da
mensagem.

• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar uma assinatura Para mensagens de email, contatos e tarefas


• Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no • Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
grupo Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura Acompanhar e em Adicionar Lembrete.
desejada.

Criar um compromisso de calendário


Compromissos são atividades que você agenda no seu
calendário e que não envolvem convites a outras pessoas
nem reserva de recursos.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Novo Compromisso. Como alternativa,
você pode clicar com o botão direito do mouse em um
bloco de tempo em sua grade de calendário e clicar em  Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de
Novo Compromisso. email como itens de tarefas pendentes usando lembretes.
Clique com o botão direito do mouse na coluna Status do
Sinalizador na lista de mensagens. Ou, se a mensagem es-
tiver aberta, na guia Mensagem, no grupo Controle, clique
em Acompanhamento e, em seguida, clique em Adicionar
Lembrete.

Criar um contato
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio- Contatos podem ser tão simples quanto um nome e
ne CTRL+SHIFT+A. endereço de email ou incluir outras informações detalha-
Agendar uma reunião com outras pessoas das, como endereço físico, vários telefones, uma imagem,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes- datas de aniversário e quaisquer outras informações que se
soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As relacionem ao contato.
respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo
Caixa de Entrada. Novo, clique em Novo Contato.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Nova Reunião.

Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer


Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C.
reunião de qualquer pasta no Outlook, pressione CTR-
L+SHIFT+Q. Criar uma tarefa
 Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  —
Definir um lembrete em papel, em uma planilha ou com uma combinação de
Você pode definir ou remover lembretes para vários papel e métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você
itens, incluindo mensagens de email, compromissos e con- pode combinar várias listas em uma só, receber lembretes
tatos. e controlar o andamento das tarefas.
Para compromissos ou reuniões • Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião, clique em Nova Tarefa.
no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o
período de tempo antes do compromisso ou da reunião
para que o lembrete apareça. Para desativar um lembrete,
selecione Nenhum.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô-


nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim
no ano seguinte a rede se torna internacional.
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressio- to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
ne CTRL+SHIFT+K. nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
Criar uma anotação caísse no domínio público.
Anotações são o equivalente eletrônico de notas ade- Com esta popularidade e o surgimento de softwares
sivas em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lem- de navegação de interface amigável, no fim da década de
bretes e qualquer coisa que você escreveria em papel. 90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova
informática começaram a utilizar a rede internacional.
Anotação.
Acesso à Internet
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
CTRL+SHIFT+N. troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, • Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA E tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
IMPRESSÃO DE PÁGINAS. bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
• Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.

INTERNET Endereço Eletrônico ou URL


Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
“Imagine que fosse descoberto um continente tão conhecer o seu endereço.
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Este endereço, que é único, também é considerado sua
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- www.xxxx.com.br
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se Onde:
expandiria com o desenvolvimento.”
www = protocolo da World Wide Web
John P. Barlow
xxx = domínio
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear
com = comercial
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá-
br = brasil
gono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé-
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
tando bases militares, em quatro localidades.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições É um serviço disponível na Internet que possui um con-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- bilizados a qualquer um.
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos. liza uma linguagem especial, chamada HTML.
Era necessário criar um modelo padrão e univer-
sal para que as máquinas continuassem trocando da- Domínio
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
àquela rede. localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

.com = Instituição comercial ou provedor de serviço HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS


.edu = Instituição acadêmica Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das
.gov = Instituição governamental redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons-
.mil = Instituição militar norte-americana truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o
.net = Provedor de serviços em redes nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de
.org = Organização sem fins lucrativos uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro-
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama-
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de
Trasferência em Hipertexto como os serviços oferecidos são de fato implementados.
É um protocolo ou língua específica da internet, res- A camada n em uma máquina estabelece uma con-
versão com a camada n em outra máquina. As regras e
ponsável pela comunicação entre computadores.
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas
Um hipertexto é um texto em formato digital, e coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus-
pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe- trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas.
ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa As entidades que compõem as camadas correspondentes
Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na em máquinas diferentes são chamadas de processos par-
forma de blocos de textos, imagens ou sons. ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o se comunicam utilizando o protocolo.
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente
outro documento. da camada n em uma máquina para a camada n em outra
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor-
Home Page mações de controle para a camada imediatamente abaixo,
Sendo assim, home page designa a página inicial, prin- até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível
cipal do site ou web page. 1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co-
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
física através de linhas sólidas.
tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
de um usuário dentro de uma comunidade virtual.

HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de


Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
transmissão através da Internet, evitando longos perío- ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
dos de espera e congestionamento na rede). a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
Browser ou Navegador e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
É o programa específico para visualizar as páginas da mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
web. das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em nhe um conjunto específico de funções bem compreendi-
HTML, apresentando as páginas formatadas para os das. Além de minimizar a quantidade de informações que
deve ser passada de camada em camada, interfaces bem
usuários.
definidas também tornam fácil a troca da implementação
de uma camada por outra implementação completamente
ARQUITETURAS DE REDES diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
As modernas redes de computadores são projetadas por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
oferecia.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O conjunto de camadas e protocolos é chamado de Classes de endereços IP


arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem
conter informações suficientes para que um implementa- ser utilizados tanto para identificar o seu computador den-
dor possa escrever o programa ou construir o hardware de tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet.
cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com-
protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura, quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer
não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces- sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma
sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um
sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor- endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta,
retamente todos os protocolos. cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni-
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se
O endereço IP então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa-
Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um lhar toda a rede.
recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re-
quando você quer enviar um presente a alguém, você ob- des locais quanto para utilização na internet, contamos com
tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades
transportadora para entregar. É graças ao endereço que é IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In-
possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que,
Também é graças ao seu endereço - único para cada resi- basicamente, divide os endereços em três classes principais
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas e mais duas complementares. São elas:
de água, aquele produto que você comprou em uma loja Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
on-line, enfim. redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conecta-
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu dos;
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni-
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor,
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza-
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address),
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
servado.
O endereço IP é uma sequência de números composta
As três primeiras classes são assim divididas para aten-
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro
der às seguintes necessidades:
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- - Os endereços IP da classe A são usados em locais
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan-
tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili-
zado como identificador da rede e os demais servem como
identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso-
ras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os
restantes para identificar os dispositivos;
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- - Os endereços IP da classe C são usados em locais que
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en- requerem grande quantidade de redes, mas com poucos
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes
a organização das casas da região onde você mora. Neste são usados para identificar a rede e o último é utilizado
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- para identificar as máquinas.
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma especiais para a comunicação entre os computadores, en-
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
octetos são usados na identificação de computadores. ras ou experimentais.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-


dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço Identifica-
Identifica-
Máscara de sub-
começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto Classe Endereço IP
dor da rede
dor do com-
-rede
é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço putador
127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja, A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de
localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
maneira simultânea.
Você percebe então que podemos ter redes com más-
Endereços IP privados cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um
essencialmente, estes: de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores.
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- máscaras novamente entram em ação.
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária).
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez,
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C,
mento de rede - como um roteador - que receba a cone- 255.255.255.0, é:
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos 11111111.11111111.11111111.00000000
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
de computadores. criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema
com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos-
Máscara de sub-rede sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- zeros do último octeto por 1.
dereçamento, mas podem também representar desperdí- Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte resultando em:
dos números que um octeto destinado a identificar dis- 11111111.11111111.11111111.11100000
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en- bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re-
xergar as classes A, B e C da seguinte forma: des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi-
- A: N.H.H.H; bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para
- B: N.N.H.H; o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5
- C: N.N.N.H. = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta-
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan-
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits te é 255.255.255.224.
são destinados para a identificação da rede e quantos são Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
utilizados para identificar os dispositivos. empregado também em endereços classes A e B, conforme
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível
se um octeto é usado para identificação da rede, este re- utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é IP estático e IP dinâmico
aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
desta relação: exceto se tal ação for executada manualmente. Como
exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
o mesmo IP.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado


a um computador quando este se conecta à rede, mas que
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que
você conectou seu computador à internet hoje. Quando
você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para en-
tender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa
tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâ-
micos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais
máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador rece-
berá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que
não estiver sendo utilizado. É mais ou menos assim que os
provedores de internet trabalham. O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ- mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo
micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration pode ser, por exemplo:
Protocol). FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF

IP nos sites Finalizando


Você já sabe que os sites na Web também necessitam Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante.
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá Durante essa fase, que podemos considerar de transição,
-lo? o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis- a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes
a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se
por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o aprofundar nas duas especificações.
sistema envia a solicitação a um servidor responsável por A esta altura, você também deve estar querendo des-
terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma
endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por
termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi- exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do
nação é consultado e assim por diante. Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
passado não muito distante, você conectava apenas o PC
da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e
assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada
vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro,
nos deparamos com um grande problema: o número de
IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo,
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar
até - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607. Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
431.768.211.456 de endereços, um número absurdamente partir de uma rede local - tal como uma rede wireless -
alto! visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para
saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede,
você pode visitar sites como whatsmyip.org.

Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No Brasil, a maioria dos provedores está conectada Identificação de endereços de um site


à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros Exemplo: http://www.pelotas.com.br
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso comunicação
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra- pelotas -> empresa ou organização que mantém o site
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave- .com -> tipo de organização
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que ......br -> identifica o país
estão interligadas nesta avenida. Tipos de Organizações:
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite edu
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun- .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.
do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, com
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
e um endereço eletrônico na Internet.
.net -> computadores com funções de administrar re-
des. Exemplo: embratel.net
URL - Uniform Resource Locator .org -> organizações não governamentais. Exemplo:
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden- care.org
tificação de onde está localizado o computador e quais re-
cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL: Home Page
http://www.novaconcursos.com.br Pela definição técnica temos que uma Home Page é
Será mais bem explicado adiante. um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
Como descobrir um endereço na Internet? acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- dentro das Home Pages.
ficar. O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- http://www.endereço.com/página.html
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor- Por exemplo, a página principal da Pronag:
mações que preciso? http://www.pronag.com.br/index.html
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de
procura, que são sites que possuem um enorme banco de PLUG-INS
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
ges), que permitem a procura por um determinado assun- de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
de páginas encontradas. ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- g-ins são encontradas na página:
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces-
ces/
sivamente.
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
Barra de endereços - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar PCX, etc.).
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - Negócios e Utilitários
reço da página. - Apresentações
Alguns sites interessantes:
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) FTP - Transferência de Arquivos
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) para o seu computador.
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú- Os programas disponíveis na Internet podem ser:
blico) • Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
• www.siapenet.gog.br (contracheque) do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) programa.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Shareware: Programa demonstração que pode ser O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra- WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-
ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa dor (também conhecido como browser) de páginas capaz
mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi
que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
teste, é necessário que seja feito a compra deste programa. Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Navegar nas páginas Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de Communications, criadora do browser Netscape.
um documento normal e de links das próprias páginas. Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
Como salvar documentos, arquivos e sites outros browsers.
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.

Como copiar e colar para um editor de textos


Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com
o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Busca e pesquisa na web

Os sites de busca servem para procurar por um deter-


minado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

Como fazer a pesquisa


Abra o editor de texto clique em colar
Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
quisa. Por exemplo:
Navegadores www.google.com.br
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi-
sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até
participar de novelas interativas. As informações na Web
são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
no campo chamado Endereço no navegador. O software
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
pondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news). Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no quisa.
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre
suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi-
cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW
possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
científicas.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na • menos são excluídas da pesquisa.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um
vras com ou sem acento. cálculo em um site de pesquisa.

Opções de pesquisa Por exemplo: 3+4

Irá retornar:

Web: pesquisa em todos os sites O resultado da pesquisa


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for-
Exemplo do resultado se uma pesquisa. ma:

INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
Exemplo: comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
dos por assunto em categorias. Exemplo: interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
Como escolher palavra-chave sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- nante explosão na informação disponível na Internet, que
cluam a palavra digitada. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a que tem interessado um número cada vez maior de em-
sequência de termos que foram digitadas. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
páginas que incluam todas advento e disseminação promete operar uma revolução
• as palavras aleatoriamente na página. tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- cimento das primeiras redes locais de computadores, no
cam antes do sinal de final da década de 80.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que é Intranet? • Navegação - É possível passar de um documento a


O termo “intranet” começou a ser usado em meados de outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que
1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe- facilitam o acesso não linear aos documentos;
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
projetadas para a comunicação por computador entre em- acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma ças à execução de programas aplicativos, que podem es-
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres-
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi-
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre dor). A vantagem da intranet é que esses programas são
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande
programas de navegação na Web, os browsers. importância no desenvolvimento de softwares aplicativos
que obedeçam aos três conceitos anteriores.
Objetivo de construir uma Intranet
Como montar uma Intranet
Organizações constroem uma intranet porque ela é
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- empresas, e em instalar um servidor Web.
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo-
funcionários com conhecimentos das operações e produ- sitório das informações contidas na intranet. É lá que os
tos da empresa. clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail
ou qualquer outro tipo de arquivo.
Aplicações da Intranet
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica-
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos.
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti-
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ- falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
de membros das equipes, situações de projetos; informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
nuais de qualidade; (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- estações clientes.
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
nários acessam as informações colocadas à sua disposição
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be-
no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
nefícios.
permite folhear os documentos.
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Comparando Intranet com Internet
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
complexa e exige a presença de profissionais especializa- conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
nela armazenadas. A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
A intranet é baseada em quatro conceitos: ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
• Conectividade - A base de conexão dos computa- as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
qualquer tipo de informação digital entre si; escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
forma transparente; ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir- apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen-
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma volver aplicativos cliente/servidor.
medida da necessidade de uma abordagem organizada. Como a Intranet é ligada à Internet
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.

Vantagens e Desvantagens da Intranet


Alguns dos benefícios são:
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição
de software, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
técnicas e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
remotas;
• Incrementando o acesso a informações da concor-
rência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par- Segurança da Intranet
ceiros (revendas); Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con-
à informação; trole de acesso e criptografia.
• Uma única interface amigável e consistente para Autenticação - É o processo que consiste em verificar
aprender e usar; se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve-
reza; rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
• Redução de tempo na pesquisa a informações; usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
informação; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Redução no tempo de configuração e atualização dos
sistemas; Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
• Simplificação e/ou redução das licenças de software mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
e outros; secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
• Redução de custos de documentação; plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
• Redução de custos de suporte; tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
• Redução de redundância na criação e manutenção - um protocolo Web seguro;
de páginas;
Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
• Redução de custos de arquivamento;
segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
• Compartilhamento de recursos e habilidade.
dores proxy, que são programas que residem no firewall
e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
Alguns dos empecilhos são: exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- contrário.
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
cessário configurar e manter aplicativos separados, como Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
cado, como faria com um pacote de software para grupo importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
de trabalho; com grande capacidade de armazenamento, tapes...
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número Queremos ainda referir que para o funcionamento de
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos
ções de software para grupo de trabalho que funcionam de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans-
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; missão …

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXTRANET Comentários: Para desinstalar um programa de forma


A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
computadores que faz uso da Internet para partilhar com remover programas
segurança parte do seu sistema de informação. Resposta – Letra A
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-
segurança parte do seu sistema de informação. formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei- que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode mídias removíveis do computador, organizados em:
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a (A) telas.
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre- (B) pastas.
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet (C) janelas.
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde (D) imagens.
somente “usuários registrados” podem navegar, previa- (E) programas.
mente autenticados por sua senha (login).
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
Empresa estendida bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
O acesso à intranet de uma empresa através de um mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in- sistema de armário e gavetas.
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa. Resposta: Letra B
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in- 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pres-
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, sionando-se simultaneamente as teclas
servidor FTP etc. (A) Ctrl + Delete.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en- (B) Shift + End.
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base (C) Shift + Delete.
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar (D) Ctrl + End.
novas soluções. (E) Ctrl + X.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea-
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
distribuição, contabilidade entre outros. to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
QUESTÕES GERAIS mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- Resposta: C
nale a opção correta.
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con- 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos arquivos, sem que haja perda de informação?
relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema opera- (A) Compactação
cional. (B) Deleção
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e (C) Criptografia
DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos (D) Minimização
diretórios de programas instalados na máquina em uso. (E) Encolhimento adaptativo
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá- nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
rios possivelmente cadastrados nessa máquina. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre SolusZip, etc.
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. Resposta: A
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo-
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
máquina e, em seguida, desligar o computador.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:


• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
  • Compatibilidade com os servidores de e-mail
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co- (nem sempre são compatíveis).
lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
(A) 7 grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(B) 56 Microsoft Office Outlook
(C) 448 Microsoft Outlook Express;
(D) 511 Mozilla Thunderbird;
(E) uma mensagem de erro IcrediMail
  Eudora
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando Pegasus Mail
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos Apple Mail (Apple)
em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po- Kmail (Linux)
sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser Windows Mail
copiada de D1 para D3: A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL,
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o
gabarito da questão.
Resposta: B.
7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e cor-
reio eletrônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos
navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Goo-
gle Chrome) para localizar recursos e páginas da Internet
(Exemplo: http://www.google.com.br).
II. Download significa descarregar ou baixar; é a trans-
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- ferência de dados de um servidor ou computador remoto
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam para um computador local.
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- III. Upload é a transferência de dados de um computa-
do-se o resultado 448. dor local para um servidor ou computador remoto.
Resposta: C. IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail signifi-
ca movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a
um destinatário, com endereço eletrônico.
6- “O correio eletrônico é um método que permite Estão corretas apenas as afirmativas:
compor, enviar e receber mensagens através de sistemas A) I, II, III, IV
eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciadores B) I, II
de email, EXCETO: C) I, II, III
A) Mozilla Thunderbird. D) I, II, IV
B) Yahoo Messenger. E) I, III, IV
C) Outlook Express. Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
D) IncrediMail. so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
E) Microsoft Office Outlook 2003. página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- III são verdadeiros.
nico podem funcionar por meio de um software instalado
em nosso computador local ou por meio de um progra-
ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por
Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla


a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre
na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na
barra de endereços do navegador: http://intranet.com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma
rede local, pois sua função é conectar um computador à
rede de telefonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet.
No item IV encontramos o item falso da questão, o que (E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar-
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men- mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de
sagem de e-mail significa copiar e não mover! acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet.
Resposta: C. Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado
em termos de internet pois não é tão robusto quanto re-
des P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do servidor central impede o acesso aos usuários clientes, no
ambiente MS Office, assinale a opção correta. segundo mesmo que um servidor “caia” outros servidores
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que
com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Win- o download continue. Ex: programas torrent, Emule, Lime-
dows ativa o MS Access para a abertura do documento em ware, etc.
tela. Em relação às outras letras:
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve
ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL para localizar e identificar conjuntos de computadores na
+ V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na-
todos os aplicativos da suíte MS Office. vegador.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das apli-
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
cações do MS Office, permite que o usuário salve o docu-
forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
mento correntemente aberto com outro nome. Nesse caso,
é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
a versão antiga do documento é apagada e só a nova ver-
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
são permanece armazenada no computador.
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(D) O menu Exibir permite a visualização do documen-
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
to aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS
acessar redes locais.
Word para ser aberto no MS PowerPoint.
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela-
boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo putação que fornece serviços a uma rede de computado-
e imagens de maneira estruturada e organizada. res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/
ou restringe acessos.
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- Resposta: D
mandos universais dos programas da Microsoft como é o 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Inter-
localizar. net, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde
Em relação às outras letras: está localizada tal máquina.
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários
Excel e não o Access se conectarem a uma mesma máquina simultaneamente,
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma como no caso de salas de bate-papo.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de mento de arquivos na Internet.
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- (D) Quando se digita o endereço de uma página web,
grama e não de um programa para o outro como é o caso o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em
da afirmativa. formato HTML, por exemplo.
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
de slides e sim o Ms Power Point. correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para
Resposta: B outro destinatário de correio eletrônico.
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es-
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi- tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os
nale a opção correta. protocolos mais comuns:

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma informação prestada à sociedade, pelo órgão.
máquina na rede O ambiente operacional de computação disponível para
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
to de emails direto no PC via gerenciador de emails MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
drão de envio de emails utilizadas atualmente.
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
gens de email direto no servidor. lhantes.
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
rência de arquivos 12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
Resposta: D eletrônica,
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
resultados diferentes do original.
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
reta. (C) somente podem ser copiadas para o editor de tex-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co-
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o lunas.
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
Iniciar do Windows. a uma.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de tabela.
Modos de Exibição.  
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
acesso direto a elas. como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e das e só os números são colados.
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com Resposta: E
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
máquinas ligadas à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ras e Detalhes. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão  
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- de a segurança solicitada no enunciado.
lores e totais. Resposta: A
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
informações guardadas.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Comentários:


Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio  Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
de arquivos em lotes, também denominados scripts, o Upload – Carregar para cima (enviar).
shell de comando é um programa que fornece comuni- Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
cação entre o usuário e o sistema operacional de forma 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
direta e independente. Nos sistemas operacionais Win- Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
um comando da pasta Acessórios denominado padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(A) Prompt de Comando (I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
(B) Comandos de Sistema lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
(C) Agendador de Tarefas ao texto em edição.
(D) Acesso Independente a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(E) Acesso Direto b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
Resposta: “A” d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
Comentários Resposta: “B”
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe- Comentário:
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do • Ação numerar - “INSERIR”
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman- • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
çados.

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário


Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
chado, o resultado obtido será

Resposta: “C”
a) 3, 0 e 7.
Comentários: b) 5, 0 e 7.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, c) 5, 1 e 2.
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens d) 7, 5 e 2.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa e) 8, 3 e 4.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras
formatações foi o item c. Resposta: “C”

16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Comentário:


Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Expressão =MÉDIA(A1:A3)
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en- São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
cliente, respectivamente, um Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(A) download e um upload Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(B) downgrade e um upgrade que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
(C) downfile e um upfile em ordem crescente.
(D) upgrade e um downgrade Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(E) upload e um download Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números
Resposta: “E”. em ordem decrescente.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II) Passo 3


Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a
propagação, o resultado

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
a) Geral.
Comentário: b) Inserir.
Passo 1 c) Animações.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 d) Apresentação de slides.
e) Revisão.
Resposta: “E”
Comentário:

21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-


Passo 2 to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
e A3 inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Comentário:


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.
Resposta: D
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi- chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição. matório) em uma única questão. A função ARRED é para
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
uma barra vertical na posição de tabulação. inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4, (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se- ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
guinte resultado: casas decimais.
(A) 2 Considere a figura que mostra o Windows Explorer
(B) 1,66 do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
(C) 2,667 nal, e responda às questões de números 24 e 25.
(D) 2,7
(E) 2,67
Resposta: E

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao


se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
será fechado
(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.

Resposta: C

Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E

Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu oculta o painel PASTAS.
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................................................................................. 01
1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; e
Capítulo II – Dos Direitos Sociais;................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais;
Seção II – Dos Servidores Públicos; e Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios..... 26
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 39
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 39
2.2. Título II – Da Organização e dos Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo................................................................................................................................................................................................................. 39
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 42
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência........................................................................................................................... 50
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: artigos 284 a 291........................................................................................ 52
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 53
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 82
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM............................................................................................................................................................................................................................. 92
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica.............................................................................................................................................105
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar.....................................................................................................................................................105
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição.....................................106
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56.........................................................................................................................109
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; e Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.......................................................................................................................................................................................................................110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA OLIVEIRA f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
um único conjunto de direitos porque não podem ser anali-
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Esta- sados de maneira isolada, separada.
do e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mes- g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
tre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Professora sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
de curso preparatório para concursos e universitária da Uni- falta de uso (prescrição).
versidade Federal de Goiás – UFG. Autora de diversos traba- h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
lhos científicos publicados em revistas qualificadas, anais de ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou como
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico, argumento para afastamento ou diminuição da responsabi-
dos direitos humanos e do direito constitucional. lidade por atos ilícitos, assim estes direitos não são ilimita-
dos e encontram seus limites nos demais direitos igualmente
consagrados como humanos.

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1) Direitos e deveres individuais e coletivos.


1.1. TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres in-
FUNDAMENTAIS: CAPÍTULO I – DOS dividuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E se extrai que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e
COLETIVOS; E CAPÍTULO II – DOS DIREITOS também abrange direitos da coletividade. A maior parte dos
SOCIAIS; direitos enumerados no artigo 5º do texto constitucional é de
direitos individuais, mas são incluídos alguns direitos coletivos
e mesmo remédios constitucionais próprios para a tutela des-
tes direitos coletivos (ex.: mandado de segurança coletivo).
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e
Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes 1.1) Direitos e garantias
espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e co- Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di-
letivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos reitos e estabelece garantias em prol da preservação destes,
no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) bem como remédios constitucionais a serem utilizados caso
e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). estes direitos e garantias não sejam preservados. Neste senti-
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensio- do, dividem-se em direitos e garantias as previsões do artigo
nal dos direitos humanos, os direitos individuais (maior parte 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as garantias
do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os direitos são as disposições assecuratórias.
políticos se encaixam na primeira dimensão (direitos civis e O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o
políticos); os direitos sociais se enquadram na segunda di- direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
mensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e os direitos
coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enumeração de Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec-
direitos humanos na Constituição vai além dos direitos que tual, artística, científica e de comunicação, independentemen-
expressamente constam no título II do texto constitucional. te de censura ou licença.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes caracte-
rísticas principais: O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem an- vedação de censura ou exigência de licença. Em outros casos,
tecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, ad- o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia em ou-
quirem novas perspectivas. Nesta característica se enquadra tro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada no artigo
a noção de dimensões de direitos. 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão ilegal
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV1.
a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do Em caso de ineficácia da garantia, implicando em viola-
artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem ção de direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
se entendido pela extensão destes direitos, na perspectiva de Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
prevalência dos direitos humanos. dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não pos- direitos e garantias propriamente ditas apenas de direitos.
suem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransfe-
ríveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, 1.2) Brasileiros e estrangeiros
o que evidencia uma limitação do princípio da autonomia O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção con-
privada. ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente,
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No
ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpre-
material destes direitos para a dignidade da pessoa humana. tada no sentido de que os direitos estarão protegidos com
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país.
deixar de ser observados por disposições infraconstitucionais 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nulidades. em teleconferência.

1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro-
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as priedade, nos termos seguintes [...].
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige
a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais titu- Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
lares de direitos políticos. inciso:

1.3) Relação direitos-deveres Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di-
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver nenhu-
conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito ma distinção sexo feminino e o masculino, de modo que o
que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um homem e a mulher possuem os mesmos direitos e obriga-
dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado ções.
pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem, Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais
não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. do que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a mais ampla.
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de
como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao ti- interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfo-
tular de um direito fundamental corresponde um dever por que que foi dado a este direito foi o de direito civil, enqua-
parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular drando-o na primeira dimensão, no sentido de que a todas
está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direitos e
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda- deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade en-
mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres- quanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais
pondente”. Com efeito, a um direito fundamental conferido por meio da equiparação. Basicamente, estaria se falando na
à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de igualdade perante a lei.
direitos conferidos às outras pessoas. No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
1.4) Direitos e garantias em espécie para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não é
caput: suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas é
preciso buscar progressivamente a igualdade material. No
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem sentido de igualdade material que aparece o direito à igual-
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e dade num segundo momento, pretendendo-se do Estado,
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e exe-
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, cutar a lei, uma postura de promoção de políticas governa-
nos termos seguintes [...]. mentais voltadas a grupos vulneráveis.
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
principais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em sociedade;
consagra o princípio da igualdade e delimita as cinco esfe- e o de igualdade material, correspondendo à necessidade
ras de direitos individuais e coletivos que merecem proteção, de discriminações positivas com relação a grupos vulnerá-
isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. veis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
Os incisos deste artigos delimitam vários direitos e garantias
que se enquadram em alguma destas esferas de proteção, Ações afirmativas
podendo se falar em duas esferas específicas que ganham Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
também destaque no texto constitucional, quais sejam, direi- vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
tos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
- Direito à igualdade de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Abrangência concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o tais condições.
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de um
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons- grupo específico não pode ser usada como critério de inclu-
titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi- são ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que elas
na, 1998, p. 479. desprivilegiam o critério republicano do mérito (segundo o

2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo público Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a de- a tratamento desumano ou degradante.
terminada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem
como ferem o princípio da isonomia por causar uma discri- A tortura é um dos piores meios de tratamento desuma-
minação reversa. no, expressamente vedada em âmbito internacional, como
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitu-
defende que elas representam o ideal de justiça compen- cional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas tortura e dá outras providências, destacando-se o artigo 1º:
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça distri- Art. 1º Constitui crime de tortura:
butiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
uma concretização do princípio da igualdade material); bem ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
como promovem a diversidade. a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a ver- da vítima ou de terceira pessoa;
dadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as ga- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
rantias aos portadores de deficiência, entre outras medidas II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
que atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
possibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças3. mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal
Tem predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive ou medida de caráter preventivo.
no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são Pena - reclusão, de dois a oito anos.
válidas. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou men-
- Direito à vida tal, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou
Abrangência não resultante de medida legal.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quan-
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa detenção de um a quatro anos.
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômicos, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em concei- víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
tuar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sen- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
do assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o I - se o crime é cometido por agente público;
primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4. II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de dor de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como III - se o crime é cometido mediante sequestro.
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, in- dobro do prazo da pena aplicada.
cluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como a ga- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
rantia de recursos que permitam viver a vida com dignidade. graça ou anistia.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio-
lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis- - Direito à liberdade
cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
tronco, pena de morte, eutanásia, etc. ção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que
o seguem.
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se Liberdade e legalidade
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme Prevê o artigo 5º, II, CF:
previsão no inciso III do artigo 5º:
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008, p. 08. O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. tem liberdade para agir como considerar conveniente.

3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indeni-
com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa zação (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para
é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer aquele que teve algum direito seu violado (notadamente ine-
como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como rentes à privacidade ou à personalidade) em decorrência dos
regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba. excessos no exercício da liberdade de expressão.

Liberdade de pensamento e de expressão Liberdade de crença/religiosa


O artigo 5º, IV, CF prevê: Dispõe o artigo 5º, VI, CF:

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e
sendo vedado o anonimato. de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli-
giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de culto e a suas liturgias.
pensamento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de re- bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou
flexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais religião que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta
do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucio- fé possa se realizar em locais próprios.
nal, ao consagrar a livre manifestação do pensamento, impri- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos dis-
me a existência jurídica ao chamado direito de opinião”5. Em tintos, porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a
outras palavras, primeiro existe o direito de ter uma opinião, liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de or-
depois o de expressá-la. ganização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
pensamento e de expressão o direito à escusa por convicção na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a
filosófica ou política: liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou
o direito) de mudar de religião, além da liberdade de não ade-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por rir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação excluída a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- religião, de qualquer crença. A liberdade de culto consiste na
ternativa, fixada em lei. liberdade de orar e de praticar os atos próprios das manifesta-
ções exteriores em casa ou em público, bem como a de rece-
Trata-se de instrumento para a consecução do direito as- bimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
segurado na Constituição Federal – não basta permitir que se organização religiosa refere-se à possibilidade de estabeleci-
pense diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. mento e organização de igrejas e suas relações com o Estado.
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é li- Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegu-
mitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na rando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria certa
e determinada, permitindo eventuais responsabilizações por Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a presta-
manifestações que contrariem a lei. ção de assistência religiosa nas entidades civis e militares
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: de internação coletiva.

Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos pri-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- sionais civis e militares, mas também a hospitais.
dentemente de censura ou licença. Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religio-
sa o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por moti-
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com re- vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
lação a estas, a exigência de licença para a manifestação do se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
pensamento, bem como veda-se a censura prévia. recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a
divulgação e o acesso a informações como modo de controle Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exem-
do poder. A censura somente é cabível quando necessária plo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento mi-
ao interesse público numa ordem democrática, por exemplo, litar, não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo
censurar a publicação de um conteúdo de exploração sexual em crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em
infanto-juvenil é adequado. que será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, isto
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi- é, uma outra atividade que não contrarie tais preceitos.
dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
Paulo: Saraiva, 2006. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Liberdade de informação aos pedidos formulados” (administrativa e, principalmente,


O direito de acesso à informação também se liga a uma judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica,
5º, XIV, CF: que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as
injustiças.
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à infor- Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
exercício profissional. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber- na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
dade de procurar e receber informações e ideias por quais- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
quer meios, independente de fronteiras, sem interferência. gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao certidões ser dissociado do direito de petição.
passo que a liberdade de expressão tem uma característica Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo e passi- CF:
vo da exteriorização da liberdade de pensamento: não basta
poder manifestar o seu próprio pensamento, é preciso que Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade
ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade de se garantir o dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
acesso ao pensamento manifestado para a sociedade. interesse social o exigirem.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente será quando a intimidade merecer preservação (ex: proces-
pelos meios de comunicação imparciais e não monopolizados so criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
(artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível que a quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
imprensa divulgue com quem obteve a informação divulgada, sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
sem o que a segurança desta poderia ficar prejudicada e a instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
informação inevitavelmente não chegaria ao público.
Especificadamente quanto à liberdade de informação no Liberdade de locomoção
âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas previ- Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no arti-
sões. go 5º, XV, CF:
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território na-
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór- cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A li-
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. berdade de sair do país não significa que existe um direito
5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Informação. de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen- dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa
temente do pagamento de taxas: nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. A
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de despeito da normativa específica de natureza penal, reforça-
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; se a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomo-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para ção pela prisão civil por dívida.
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
pessoal.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
observar que o direito de petição deve resultar em uma ma- inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
nifestação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo)
uma questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a vida Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
social e, desta maneira, quando “dificulta a apreciação de um qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, em- única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
baraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para responder é a que se refere à obrigação alimentícia.

5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Liberdade de trabalho Neste sentido, associações são organizações resultantes


O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem
XIII, CF: personalidade jurídica, para a realização de um objetivo co-
mum; já cooperativas são uma forma específica de associa-
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer traba- ção, pois visam a obtenção de vantagens comuns em suas
lho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio- atividades econômicas.
nais que a lei estabelecer. Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:

O livre exercício profissional é garantido, respeitados os Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul-
limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
advogado aquele que não se formou em Direito e não foi decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil; não julgado.
pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade de me-
dicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no Conselho O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a
Regional de Medicina. associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é pre-
ciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim de-
Liberdade de reunião termine, pois antes disso sempre há possibilidade de reverter
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: a decisão e permitir que a associação continue em funciona-
mento. Contudo, a decisão judicial pode suspender atividades
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no curso de um
sem armas, em locais abertos ao público, independentemen- processo judicial.
te de autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- Em destaque, a legitimidade representativa da associação
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
prévio aviso à autoridade competente.
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal re-
seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
união. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Ima-
gine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exemplo da
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná-
Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em algu-
ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de ou-
mas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio
aviso do poder público para que ele organize o policiamento e a tra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas que A liberdade de associação envolve não somente o direito
tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, de criar associações e de fazer parte delas, mas também o de
totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora não associar-se e o de deixar a associação, conforme artigo
a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo Tribu- 5º, XX, CF:
nal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada).
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso-
Liberdade de associação ciar-se ou a permanecer associado.
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Abrangência
Prevê o artigo 5º, X, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua
perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exerci- Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri-
da de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação im- vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
plica na formação de um grupo organizado que se mantém a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
por um período de tempo considerável, dotado de estrutura e violação.
organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa- O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade,
O texto constitucional se estende na regulamentação da ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é
liberdade de associação. a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo da vida
privada é condição de expansão da personalidade”, mas não
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma caracteriza os direitos de personalidade em si.
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A união da intimidade e da vida privada forma a privaci- Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
dade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
É possível ilustrar a vida social como se fosse um grande cír- pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
culo no qual há um menor, o da vida privada, e dentro deste gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
um ainda mais restrito e impenetrável, o da intimidade. Com com ele arcar.
efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Con- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
cêntricos”), importada do direito alemão, quanto mais próxi-
ma do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecida-
esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada, mente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nasci-
e pela publicidade). mento; b) a certidão de óbito.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois ante-
riores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem O reconhecimento do marco inicial e do marco final da
de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os personalidade jurídica pelo registro é direito individual, não
outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no dependendo de condições financeiras. Evidente, seria ab-
meio social. O direito à imagem também possui duas conota- surdo cobrar de uma pessoa sem condições a elaboração
ções, podendo ser entendido em sentido objetivo, com rela- de documentos para que ela seja reconhecida como viva ou
ção à reprodução gráfica da pessoa, por meio de fotografias, morta, o que apenas incentivaria a indigência dos menos fa-
filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo, significando o vorecidos.
conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e reconheci-
das como suas pelo grupo social”8. Direito à indenização e direito de resposta
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviola- dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de res-
bilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e co- posta, conforme as necessidades do caso concreto.
municações. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, pro-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
porcional ao agravo, além da indenização por dano mate-
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rial, moral ou à imagem.
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em
nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diver-
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorri-
QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador dos no exercício indevido da manifestação do pensamento
foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário
ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para pres- com a consequente responsabilidade civil e penal de seus
tar socorro (morador teve ataque do coração, está sufocado, autores, decorrentes inclusive de publicações injuriosas na
desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por determina- imprensa, que deve exercer vigilância e controle da matéria
ção judicial. que divulga”9.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações resposta não é possível reverter plenamente os danos
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipó- causados pela manifestação ilícita de pensamento, razão
teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
criminal ou instrução processual penal. A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
O sigilo de correspondência e das comunicações está pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômi-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. co e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado finan-
Quando se fala em reconhecimento como pessoa peran- ceiramente e indenizado.
te a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direi- “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
tos de personalidade, consistente na personalidade jurídica. que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatri-
Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido como monial contido nos direitos da personalidade (como a vida,
pessoa perante a lei. a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a inti-
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

midade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos Função social da propriedade material
atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
de família)”10.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
digo Civil:
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à principal fator limitador deste direito:
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi- Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função
cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa social.
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. considerada como um direito individual nem como institui-
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
- Direito à segurança individuais, ela não mais poderá ser considerada puro direito
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- individual, relativizando-se seu conceito e significado, espe-
ção do direito à segurança. Na qualidade de direito indivi- cialmente porque os princípios da ordem econômica são
dual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, desde preordenados à vista da realização de seu fim: assegurar a
sua integridade física e mental, até a própria segurança ju- todos existência digna, conforme os ditames da justiça so-
rídica. cial. Se é assim, então a propriedade privada, que, ademais,
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal tem que atender a sua função social, fica vinculada à conse-
é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade cução daquele princípio”.
e liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
direito à vida. mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da
direitos aparelha situações, proibições, limitações e proce- pessoa humana. A propriedade de bens e valores em geral é
dimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
um direito assegurado na Constituição Federal e, como to-
algum direito individual fundamental (intimidade, liberdade
dos os outros, se encontra limitado pelos demais princípios
pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
conforme melhor se atenda à dignidade do ser humano.
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-
A Constituição Federal delimita o que se entende por
se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
função social:
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desen-
da lei. volvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-es-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do tar de seus habitantes.
Direito Brasileiro:
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
a coisa julgada. volvimento e de expansão urbana.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado se-
gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o função social quando atende às exigências fundamentais de
seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles ordenação da cidade expressas no plano diretor13.
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a pro-
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão priedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
judicial de que já não caiba recurso. graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
- Direito à propriedade II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- veis e preservação do meio ambiente;
ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec- 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
tual, delimitada em alguns incisos que o seguem. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili- 13 Instrumento básico de um processo de planejamen-
dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. to municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
cional positivo... Op. Cit., p. 437. (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - observância das disposições que regulam as relações Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietá- Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos
rios e dos trabalhadores. serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

Desapropriação Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:


No caso de desrespeito à função social da propriedade
cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que po- Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como
de-se depreender do texto constitucional duas possibilida- de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
des de desapropriação: por desrespeito à função social e por União a propor a ação de desapropriação.
necessidade ou utilidade pública.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapro- Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
priação por desatendimento à função social:
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação.
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público muni-
cipal, mediante lei específica para área incluída no plano di-
retor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessiva- O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o pro-
mente, de: cedimento e conceituando utilidade pública, em seu artigo 5º:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urba- Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos
na progressivo no tempo; de utilidade pública:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívi- a) a segurança nacional;
da pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, b) a defesa do Estado;
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e c) o socorro público em caso de calamidade;
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais14. d) a salubridade pública;
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por inte- abastecimento regular de meios de subsistência;
resse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mi-
não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e nerais, das águas e da energia hidráulica;
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláu- g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
sula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
utilização será definida em lei15. i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou lo-
gradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias se- parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor
rão indenizadas em dinheiro. utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou
ampliação de distritos industriais;
No que tange à desapropriação por necessidade ou uti-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
lidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e real-
interesse social, mediante justa e prévia indenização em di- çar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a
nheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela
natureza;
14 Nota-se que antes de se promover a desapropria- l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o m) a construção de edifícios públicos, monumentos come-
parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe- morativos e cemitérios;
lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem para aeronaves;
ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen- o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de nature-
to à função social. za científica, artística ou literária;
15 A desapropriação em decorrência do desatendimen- p) os demais casos previstos por leis especiais.
to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira
que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, Um grande problema que faz com que processos que te-
já que na primeira há violação do ordenamento constitucional nham a desapropriação por objeto se estendam é a indevida
pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se valorização do imóvel pelo Poder Público, que geralmente
em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori- pretende pagar valor muito abaixo do devido, necessitando
zados quanto o dinheiro. o Judiciário intervir em prol da correta avaliação.

9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Outra questão reside na chamada tredestinação, pela I - os instrumentos creditícios e fiscais;


qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. A garantia de comercialização;
tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quando re- III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
sultante de desvio do propósito original; e será lícita quando IV - a assistência técnica e extensão rural;
a Administração Pública dê ao bem finalidade diversa, po- V - o seguro agrícola;
rém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda o agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
artigo 5º, XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola
e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de fi- (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a con-
nanciar o seu desenvolvimento. cessão, a qualquer título, de terras públicas com área supe-
rior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurí-
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma peque- dica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia
na propriedade será assegurado que permaneça com ela e a aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de aliena-
torne mais produtiva. ções ou concessões de terras públicas para fins de reforma
A preservação da pequena propriedade em detrimento agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens,
guias da regulamentação da política agrária brasileira, que mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão nego-
tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
ciar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o vo-
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
lume total de títulos da dívida agrária, assim como o montan-
CF).
te de recursos para atender ao programa de reforma agrária
no exercício.
Usucapião
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es- Usucapião é o modo originário de aquisição da proprie-
taduais e municipais as operações de transferência de imóveis dade que decorre da posse prolongada por um longo tem-
desapropriados para fins de reforma agrária. po, preenchidos outros requisitos legais. Em outras palavras,
usucapião é uma situação em que alguém tem a posse de
Como a finalidade da reforma agrária é transformar um bem por um tempo longo, sem ser incomodado, a ponto
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à de se tornar proprietário.
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abrangi- A Constituição regulamenta o acesso à propriedade me-
dos pela reforma agrária: diante posse prolongada no tempo – usucapião – em casos
específicos, denominados usucapião especial urbana e usu-
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins capião especial rural.
de reforma agrária: O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida especial urbana:
em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva. Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua mo-
dos requisitos relativos a sua função social. radia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
187: conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen-
dentemente do estado civil.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e execu- § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
tada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de suidor mais de uma vez.
produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu-
como dos setores de comercialização, de armazenamento e capião.
de transportes, levando em conta, especialmente:

10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pú- e) Nenhum outro imóvel.
blica, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os se- f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a
guintes requisitos específicos: área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labo-
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localiza- re”. Dependerá do caso concreto.
ção, área urbana é a que está dentro do perímetro urbano.
Pela teoria da destinação, mais importante que a localiza- Uso temporário
ção é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito
estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para de propriedade que não possui o caráter definitivo da desa-
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da propriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- autoridade competente poderá usar de propriedade particu-
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve ter dano.
250m², não a área construída (a área de um sobrado, por
exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de base para capturar um fugitivo), pois o interesse da coletivi-
05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro dade é maior que o do indivíduo proprietário.
do limite da usucapião urbana? Predominou que só corria o
prazo a partir da criação do instituto, não só porque antes Direito sucessório
não existia e o prazo não podia correr, como também não se O direito sucessório aparece como uma faceta do direito
poderia prejudicar o proprietário. à propriedade, encontrando disciplina constitucional no arti-
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, go 5º, XXX e XXXI, CF:
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao
longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
não cabe acessio temporis por cessão da posse.
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este requi- do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
sito é verificado no momento em que completa 5 anos. mais favorável a lei pessoal do de cujus.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
O direito à herança envolve o direito de receber – seja
taca-se o artigo 191, CF:
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens de
uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa para ou-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
tra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou a lei de-
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterrup-
termine. A Constituição estabelece uma disciplina específica
tos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior
para bens de estrangeiros situados no Brasil, assegurando
a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos brasileiros nos
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país estrangeiro).
propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- Direito do consumidor
dos por usucapião. Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pú- Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei,
blica, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os se- a defesa do consumidor.
guintes requisitos específicos:
a) Imóvel rural O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que a partir do momento em que garante à pessoa que irá adqui-
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da rir bens e serviços que estes sejam entregues e prestados da
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- forma adequada, impedindo que o fornecedor se enrique-
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é ça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da posição
assunto muito controverso. menos favorável e de vulnerabilidade técnica do consumidor.
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área recente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamen-
é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes tou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de
da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. 11 de setembro de 1990, conforme determinado pela Cons-
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar tituição Federal de 1988, que também estabeleceu no artigo
na área rural. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e diovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, ba-
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código sicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edição,
de defesa do consumidor. adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de dados
ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que estas
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações gratuito.
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis, po-
uso de determinado serviço, enquanto consumidor. dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se
que a permissão a terceiros de utilização de criações artísti-
Propriedade intelectual cas é direito do autor. [...] A proteção constitucional abrange
Além da propriedade material, o constituinte protege o plágio e a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteri-
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo za-se pela difusão de obra criada ou produzida por terceiros,
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: como se fosse própria, a segunda configura a reprodução de
obra alheia sem a necessária permissão do autor”16.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas - Direitos de acesso à justiça
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; A formação de um conceito sistemático de acesso à jus-
tiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos básicos
a) a proteção às participações individuais em obras para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas foram per-
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- cebidas paulatinamente com a evolução do Direito moderno
clusive nas atividades desportivas; conforme implementadas as bases da onda anterior, quer
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- dizer, ficou evidente aos autores a emergência de uma nova
mico das obras que criarem ou de que participarem aos cria- onda quando superada a afirmação das premissas da onda
dores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais anterior, restando parcialmente implementada (visto que até
e associativas; hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento em to-
das as ondas).
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in- Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma
ventos industriais privilégio temporário para sua utilização, onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, par-
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das tindo-se da prestação sem interesse de remuneração por
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, parte dos advogados e, ao final, levando à criação de um
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnoló- aparato estrutural para a prestação da assistência pelo Es-
gico e econômico do País. tado.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18,
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual veio a onda de superação do problema na representação dos
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto interesses difusos, saindo da concepção tradicional de pro-
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, cesso como algo restrito a apenas duas partes individualiza-
a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os das e ocasionando o surgimento de novas instituições, como
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes o Ministério Público.
são conexos”. Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
O artigo 7° do referido diploma considera como obras onda consistente no surgimento de uma concepção mais
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras ci- “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla varie-
nematográficas e televisivas; as composições musicais; foto- dade de reformas, incluindo alterações nas formas de proce-
grafias; ilustrações; programas de computador; coletâneas e dimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de
enciclopédias; entre outras. novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou paraprofissionais,
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, ina- tanto como juízes quanto como defensores, modificações no
lienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito direito substantivo destinadas a evitar litígios ou facilitar sua
de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
utilização desta, assegurar a integridade desta ou modifi- damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da
cá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
honra ou imagem. risprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- 17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do fa- gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
lecimento do último coautor, ou contados do primeiro ano 18 Ibid., p. 49-52
seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza au- 19 Ibid., p. 67-73

12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

solução e a utilização de mecanismos privados ou informais Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da
esfera de representação judicial”. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos as- ceção.
pectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o
Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas as Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta garantir criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
meios de acesso se estes forem insuficientes, já que para que cido como legítimo pela Constituição do país.
exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário que se apli-
que o direito material de maneira justa e célere. Tribunal do júri
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: artigo 5º, XXXVIII, CF:

Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio b) o sigilo das votações;
de Direito Processual Público subjetivo, também cunhado c) a soberania dos veredictos;
como Princípio da Ação, em que a Constituição garante a d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em contra a vida.
sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao Poder
Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibilidade, ela O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
será resolvida, independentemente de haver ou não previsão julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
específica a respeito na legislação. de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favo- natureza possuem fortes fatores de influência emocional.
recidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí- ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi-
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência ciais e administrativos.
de recursos. Sigilo das votações envolve a realização de votações se-
cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso o conselho que irá julgar o ato praticado.
ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal
do Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- cassada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordena-
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo mento jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
  dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o de produção do resultado) contra a vida, que são: homicí-
acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa dio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e
que se deve acelerar o processo em detrimento de direitos e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada,
garantias assegurados em lei, mas sim que é preciso propor- por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b)
cionar um trâmite que dure nem mais e nem menos que o ne- e c) / 105, I, a) / 108, I).
cessário para a efetiva realização da justiça no caso concreto.
Anterioridade e irretroatividade da lei
- Direitos constitucionais-penais O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:

Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sentencia- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
do senão pela autoridade competente”, consolida o princípio sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
previamente daquele que a julgará no processo em que seja crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação
parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a ma- legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há crime
téria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. sem lei anterior que o defina.

13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- vel, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da
se o artigo 5º, XL, CF: sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem
a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para anistia; graça é em regra individual e solicitada, enquanto o
beneficiar o réu. indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da an- que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra cri-
terioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha mes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previs-
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- tos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo crimes que não aceitam fiança.
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irre- contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
troatividade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade
da lei penal mais benéfica. Personalidade da pena
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
Menções específicas a crimes 5º, XLV, CF:
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao do valor do patrimônio transferido.
princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No O princípio da personalidade encerra o comando de o
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
to específico a certas práticas criminosas.
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
nos termos da lei.
Individualização da pena
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes A individualização da pena tem por finalidade concre-
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculiari-
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda dades do agente.
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de- A primeira menção à individualização da pena se encon-
curso do tempo). tra no artigo 5º, XLVI, CF:
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- pena e adotará, entre outras, as seguintes:
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da a) privação ou restrição da liberdade;
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o b) perda de bens;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles c) multa;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo d) prestação social alternativa;
evitá-los, se omitirem. e) suspensão ou interdição de direitos.

Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e execu-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto tório, evitando-se a padronização a sanção penal. A indivi-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a dualização da pena significa adaptar a pena ao condenado,
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o indulto, consideradas as características do agente e do delito.
crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo Poder Le- A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
gislativo, a graça e o indulto são de competência exclusiva com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
do Presidente da República; a anistia pode ser concedida do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrí- prisional, por um determinado tempo.

14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do digo Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), que prevê a
patrimônio do indivíduo delituoso. pena de morte a ser executada por fuzilamento nos casos
A prestação social alternativa corresponde às penas restri- tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes militares em
tivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas privati- tempo de guerra.
vas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer
Por seu turno, a individualização da pena deve também se circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos
fazer presente na fase de sua execução, conforme se depreen- forçados, de banimento e cruéis.
de do artigo 5º, XLVIII, CF: No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que
o trabalho obrigatório não é considerado um tratamento
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabele- contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho força-
cimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a do o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condições
idade e o sexo do apenado. do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar a ca-
pacidade física e intelectual do condenado; como o traba-
lho não existe independente da educação, cabe incentivar
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do
o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o trabalho
delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do
deve se aproximar da realidade do mundo externo, será re-
crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato suficiente
munerado; além disso, condições de dignidade e segurança
para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de do trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de
segurança das prisões. Quanto à idade, destacam-se as Funda- proteção, deverão ser respeitados.
ções Casas, para cumprimento de medida por menores infra-
tores. Quanto ao sexo, prisões costumam ser exclusivamente Respeito à integridade do preso
para homens ou para mulheres. Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Também se denota o respeito à individualização da pena
nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF: Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condi-
ções para que possam permanecer com seus filhos durante o Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral
período de amamentação. do preso é uma violação do princípio da dignidade da pes-
soa humana.
Preserva-se a individualização da pena porque é tomada Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
a condição peculiar da presa que possui filho no período de estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Fe-
amamentação, mas também se preserva a dignidade da crian- deral. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de
ça, não a afastando do seio materno de maneira precária e tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o
impedindo a formação de vínculo pela amamentação. que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
Vedação de determinadas penas
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses pre-
vistas em lei.
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc.
do art. 84, XIX;
Pensa-se que seria uma situação constrangedora desneces-
b) de caráter perpétuo;
sária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade moral.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
e) cruéis. Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções de seus bens sem o devido processo legal.
que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem
a constituição físico-psíquica dos condenados”20 . Pelo princípio do devido processo legal a legislação
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre de
-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se res- vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob pena de
peitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a legislação nulidade processual.
deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser praticado. Surgem como corolário do devido processo legal o con-
No ordenamento brasileiro, este papel é cumprido pelo Có- traditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. 5º, LV, CF:

15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
ela inerentes. grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
O devido processo legal possui a faceta formal, pela transgressão militar ou crime propriamente militar, defi-
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplicação nidos em lei.
da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla
defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua fa- Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante
ceta material que consiste na tomada de decisões justas, delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da propor- em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas pri-
cionalidade. meiras independente do trânsito em julgado, preenchidos
requisitos legais e a última pela irreversibilidade da conde-
Vedação de provas ilícitas nação).
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos. Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo competente e à família do preso ou à pessoa por ele indi-
157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitu- cada.
cionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de
direito material, constitucional ou legal, no momento da sua Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar o des- os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo en-
cumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir: seria trar em contato com sua família e com um advogado, con-
paradoxal. forme artigo 5º, LXIII, CF:

Presunção de inocência Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe asse-
gurada a assistência da família e de advogado.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

Consolida-se o princípio da presunção de inocência, Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório po-
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e licial.
garantias constitucionais.
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Ação penal privada subsidiária da pública do depoimento do interrogatório são assinados pelas auto-
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: ridades envolvidas nas práticas destes atos procedimentais.
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
legal.
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
A chamada ação penal privada subsidiária da pública relaxada pela autoridade judiciária.
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
são do poder público na atividade de persecução criminal Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o são do artigo 5º, LXVI, CF:
interessado a proponha.
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
Prisão e liberdade mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar- ou sem fiança.
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. Ob- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
viamente, a prisão não é vedada em todos os casos, porque ao princípio da presunção de inocência, entende-se que ela
práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam na não deve ser mantida presa quando não preencher os re-
tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade da- quisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
quele que assim agiu.

16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Indenização por erro judiciário Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: brasileiro porque somente existe previsão constitucional
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
fixado na sentença. dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
significa que tais direitos eram menos importantes devido
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
julgamento de um processo criminal, resultando em conde- implícitos.
nação de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa além do nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
tempo que foi condenada a cumprir. tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
1.5) Direitos fundamentais implícitos
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos vos membros:
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte. Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções interna-
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas tes às emendas constitucionais.
exemplificativo, não taxativo.  
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
1.6) Tratados internacionais incorporados ao ordena- de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
mento interno rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados interna- ao da emenda constitucional.
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurí- possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
dico brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bila- que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
teral ou multilateral, com posterior assinatura do Presidente da riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
República), submissão do tratado assinado ao Congresso Na- deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
cional (que dará referendo por meio do decreto legislativo), rati- como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
ficação do tratado (confirmação da obrigação perante a comu- da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
nidade internacional) e a promulgação e publicação do tratado da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
pelo Poder Executivo21. Notadamente, quando o constituinte firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
menciona os tratados internacionais no §2º do artigo 5º refere-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
se àqueles que tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
artigo 5º, ou seja, tratado internacional de direitos humanos.
revogaria a Constituição no ponto controverso).
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária
na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos
direitos humanos, desde logo consagrando o princípio da pri- 1.7) Tribunal Penal Internacional
mazia dos direitos humanos, como reconhecido pela doutrina Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
e jurisprudência majoritários na época. “O princípio da prima-
zia dos direitos humanos nas relações internacionais implica Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
em que o Brasil deve incorporar os tratados quanto ao tema Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Implica, tado adesão.
também em que as normas voltadas à proteção da dignidade  
em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil em caráter O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
prioritário em relação a outras normas”22. promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Funda- tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
mentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
Editor, 2008. e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito In- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
ternacional Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. internacional (artigo 1º, ETPI).

17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
compete o processo e julgamento de violações contra indi- duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra rializado.
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está -lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério
restrita a uma situação específica”23. Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a
Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so- ação e paciente é aquele que está sendo vítima da restrição
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida à liberdade de locomoção. As duas figuras podem se con-
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- centrar numa mesma pessoa.
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra ou privado.
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. g) Competência: é determinada pela autoridade coa-
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção de tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
1948. Como crimes contra a humanidade são citados: assas- Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
sinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais, Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, 648, CPP:
deportação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimi-
gas, etc.”. Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quan-
do não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso
1.8) Remédios constitucionais por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem
Remédios constitucionais são as espécies de ações ju- ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV -
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re- quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V
conhecidos no texto constitucional quando a declaração e - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifesta-
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes mente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
uma forma de violação. i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667
do Código de Processo Penal.
- Habeas corpus.
- Mandado de segurança individual
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
abuso de poder. agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
VII, CF. a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de decorrente da sistemática do habeas corpus e das liminares
1215, foi o primeiro documento a mencionar este remédio e possessórias.
o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com na-
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de tureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos
locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão admi-
remédios constitucionais de direitos que não este, o habeas- nistrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, por
corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos os di-
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. reitos líquidos e certos à exceção da proteção de direitos hu-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho pre- manos à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação
dominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
vai contra a restrição arbitrária da liberdade. de registros ou bancos de dados de entidades governamen-
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional tais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: específicos.
Atlas, 2009. c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito civil, independente da natureza do ato impugnado (adminis-
Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. trativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança co-
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando letivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos mem-
já consumado o abuso/ilegalidade. bros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de- § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litis-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem pendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se
célere e sumária do procedimento. não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou impetração da segurança coletiva.
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- poderá ser concedida após a audiência do representante
mais reconhecidas por lei. judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei - Mandado de injunção.
nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade coato-
ra aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção
coatora. sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prer-
agosto de 2009. rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
- Mandado de segurança coletivo seja proposto o mandado de injunção são a existência de
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à
com mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo
nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
5º, LXX:
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
pode ser impetrado por: a) partido político com representação
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de
não sejam aplicáveis.
classe ou associação legalmente constituída e em funciona- b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
seus membros ou associados. c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou es-
trangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize
a) Origem: Constituição Federal de 1988. direito fundamental não materializável por omissão legis-
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido lativa do Poder público, bem como o Ministério Público na
e certo relacionado a interesses transindividuais (individuais defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a legi-
homogêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimi- timidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
dade ativa, pertencente a partidos políticos e determinadas d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
associações. elaboração de norma regulamentadora for atribuição do Pre-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza sidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
são os direitos coletivos e os direitos individuais homogê- dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal
neos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos di- Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de Justiça,
fusos, conforme posicionamento amplamente majoritário, já quando a elaboração da norma regulamentadora for atribui-
que, dada sua difícil individualização, fica improvável a verifi- ção de órgão, entidade ou autoridade federal, da administra-
cação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal direito ção direta ou indireta, excetuados os casos da competência
(art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar,
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as
de partido político com representação no Congresso Nacional, decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem ha-
bem como de organização sindical, entidade de classe ou as- beas corpus, mandado de segurança, habeas data ou manda-
sociação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo do de injunção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos que Estaduais, frente aos entes a ele vinculados.
atinjam diretamente seus interesses ou de seus membros. e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: 12.016/09, não havendo lei específica.

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Habeas data. e) Legitimidade passiva: ente da Administração Públi-


ca, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: modo lide com a coisa pública.
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa 4.717/65).
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
entidades governamentais ou de caráter público; b) para a re- junho de 1965.
tificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
sigiloso, judicial ou administrativo.
2) Direitos sociais
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
tigo 5º, LXXVII, CF). capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, normas programáticas e que necessitam de uma postura in-
de 1974. terventiva estatal em prol da implementação.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais Os direitos assegurados nesta categoria encontram
constantes de registros ou bancos de dados de entidades menção genérica no artigo 6º, CF:
governamentais ou de caráter público, para o conhecimento
ou retificação (correção). Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
acesso a informações pessoais. segurança, a previdência social, a proteção à maternida-
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es- de e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri- desta Constituição. 
vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados devem
ser a respeito da pessoa que a propõe. Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas pri- tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
vadas prestadores de serviços de interesse público que pos- sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
suam dados relativos à pessoa do impetrante. dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Cons- estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
tituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do princípio da igualdade não apenas formalmente, mas mate-
Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais rialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes fe- Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
derais (art. 109, VIII). II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas,
novembro de 1997. o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997. social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a
respeitos de direitos indicados como sociais.
- Ação popular
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: 2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
Independentemente da categoria de direitos que esteja
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sen-
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa- tido meramente formal, mas necessariamente material. Sig-
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, nifica que discriminações indevidas são proibidas, mas exis-
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patri- tem certas distinções que não só devem ser aceitas, como
mônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada também se mostram essenciais.
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
a) Origem: Constituição Federal de 1934. categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos moradia, assim como nem todos se encontram na posição
interesses transindividuais. de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de enti- posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que
dade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural que não é por conta desta posição desfavorável que se pode
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele afirmar que são menos dignos, menos titulares de direitos
nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. fundamentais.

20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali- serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Ju-
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus diciário em prol de sua efetivação.
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
mais plena possível. 2.3) Princípio da proibição do retrocesso
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so- conquista garantida na Constituição Federal sofra um retroces-
ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio so, de modo que um direito social garantido não pode deixar
de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condi- de o ser.
ções para sustentarem suas necessidades pertencentes a Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve
esta categoria de direitos. ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo enten-
dimento predominante as normas do artigo 7º, CF não são
2.2) Reserva do possível e mínimo existencial cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for alte-
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, rada normativa sobre direito trabalhista assegurado no referido
notadamente porque estão previstos em normas programá- dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se válida
ticas e porque a implementação deles gera um ônus para o (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional diferen-
Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que depen- ciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hipótese al-
dem de uma postura de abstenção estatal, os direitos sociais guma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja excluindo
precisam que o Estado assuma um papel ativo em prol da uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saú-
efetivação destes. de), seja diminuindo sensivelmente a abrangência da proteção
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito so-
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência cial, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a
de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam com Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a proibição
seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder Pú- do retrocesso merece ser tomada em conceito amplo, abran-
blico como determinador de que particulares respeitem os gendo inclusive decisões judiciais; por outro lado, a decisão
direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os admi- judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que somente é
nistradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta- feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever que aquela
tuto Máximo25. decisão judicial não está incorporada na proibição do retroces-
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a so. A questão é polêmica e não há entendimento dominante.
cláusula da reserva do possível como argumento para a não
implementação de determinado direito social – seja pela 2.4) Direito individual do trabalho
absoluta ausência de recursos (reserva do possível fática), O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
seja pela ausência de previsão orçamentária nos termos do dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que tos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de traba-
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa lho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral).
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei outros direitos.
Fundamental do Estado”26.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do pos- Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau-
sível, embora viável, não pode servir de muleta para que o sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compen-
Estado não arque com obrigações básicas. Neste viés, geral- satória, entre outros, a serem arcados pelo empregador.
mente, quando invocada a cláusula é afastada, entenden-
do o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se eximir de Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
garantir direitos sociais com o simples argumento de que prego involuntário.
não há orçamento específico para isso – ele deveria ter re-
servado parcela suficiente de suas finanças para atender esta Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do
demanda. empregador, o trabalhador que fique involuntariamente de-
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí- sempregado – entendendo-se por desemprego involuntá-
vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma rio o que tenha origem num acordo de cessação do contrato
constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arca-
56-57. do pela previdência social, que tem o caráter de assistência
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. financeira temporária.

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído Também conhecido como gratificação natalina, foi insti-
de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, tuída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o traba-
quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo lhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da
da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetiva- remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no paga-
dos pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao mento de um salário extra ao trabalhador e ao aposentado no
empregado, acrescido de atualização monetária e juros. Com final de cada ano.
o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um patri-
mônio, que pode ser sacado em momentos especiais, como o Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno su-
da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em situa- perior à do diurno.
ções de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem
justa causa ou em caso de algumas doenças graves. O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redu-
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacional- ção de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo
mente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno,
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educa- nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00
ção, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdên- horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas atividades
cia social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder rurais, é considerado noturno o trabalho executado na lavou-
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. ra entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte;
e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte.
Trata-se de uma visível norma programática da Constitui-
ção que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
todas as necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. constituindo crime sua retenção dolosa.
Em pesquisa que tomou por parâmetro o preceito constitu-
cional, detectou-se que “o salário mínimo do trabalhador bra- Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há
sileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 em abril para que ele su- no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação
prisse suas necessidades básicas e da família, segundo estudo de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamento Intersindi- dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é
cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”27. norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ain-
da mais porque qualquer norma penal incriminadora é regida
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à pela legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).
complexidade do trabalho.
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, cons- ção na gestão da empresa, conforme definido em lei.
trutor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chamado de
Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento dentro de A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conhecida
seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é estabelecido também por Programa de Participação nos Resultados (PPR), está
em conformidade com a data base da categoria, por isso ele é prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Lei nº
definido em conformidade com um acordo, ou ainda com um 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um bônus,
entendimento entre patrão e trabalhador. que é ofertado pelo empregador e negociado com uma comissão
de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empregador a
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o dis- fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
posto em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do de-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão re- pendente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
dução implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão
em massa durante uma crise, situações que devem ser nego- Salário-família é o benefício pago na proporção do respec-
ciadas em convenção ou acordo coletivo. tivo número de filhos ou equiparados de qualquer condição
até a idade de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, in-
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao dependente de carência e desde que o salário-de-contribuição
mínimo, para os que percebem remuneração variável. seja inferior ou igual ao limite máximo permitido. De acordo
com a Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014,
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, valor do salário-família será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 682,50. Já
baseada em comissões por venda e metas); para o trabalhador que receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81,
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario- o valor do salário-família por filho de até 14 anos de idade ou
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril inválido de qualquer idade será de R$ 24,66.

22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su- não tiver faltado injustificadamente mais de cinco vezes ao
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, serviço (caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, de acordo com o número de faltas).
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordiná- emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
rio superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
O salário da trabalhadora em licença é chamado de sa-
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- lário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele des-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 contado dos recolhimentos habituais devidos à Previdência
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir do último
máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dos mês de gestação, sendo que o período de licença é de 120
empregados maiores ser acrescida de horas suplementares, dias. A Constituição também garante que, do momento em
em número não excedentes a duas, no máximo, para efeito que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto, a
de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acor- mulher não pode ser demitida.
do coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa. Ex-
cepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A re- xados em lei.
muneração do serviço extraordinário, desde a promulgação
da Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
do acordo, convenção ou sentença normativa, e será, no mí- para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
nimo, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10
anos ou mais de idade, elas são minoria na população ocu-
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
pada, mas estão em maioria entre os desocupados. Acres-
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expressa-
centa-se ainda, que elas são maioria também na população
mente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, obje-
não economicamente ativa. Além disso, ainda há relevante
tivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entretanto, a
diferença salarial entre homens e mulheres, sendo que os
jurisprudência evoluiu para uma interpretação restritiva de
homens recebem mais porque os empregadores entendem
seu teor, tendo como parâmetro o fato de que o trabalho que eles necessitam de um salário maior para manter a famí-
em turnos ininterruptos é por demais desgastante, penoso, lia. Tais disparidades colocam em evidência que o mercado
além de trazer malefícios de ordem fisiológica para o tra- de trabalho da mulher deve ser protegido de forma especial.
balhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família. Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, prefe-
rencialmente aos domingos. Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e qua- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
tro) horas consecutivas, devendo ser concedido preferen- outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por
cialmente aos domingos, sendo garantido a todo trabalha- finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de traba-
dor urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade de lho, possibilitando ao empregador o preenchimento do car-
trabalho aos domingos, desde que previamente autorizados go vago e ao empregado uma nova colocação no mercado
pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é assegurado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado
pelo menos um dia de repouso semanal remunerado coin- ou indenizado.
cidente com um domingo a cada período, dependendo da
atividade (artigo 67, CLT). Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambien-
te do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicio- de e na ausência de agentes que possam comprometer a
nais e benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
doze meses de trabalho – denominado período aquisitivo – 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito
o empregado terá direito a trinta dias corridos de férias, se Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati- pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício
vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador
homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido va-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- riarão conforme negociação coletiva na empresa.
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação acordos coletivos de trabalho.
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres as Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho,
que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º
ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposi- a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos,
ção ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e entidades representativas da categoria dos trabalhadores
biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho entram em negociação com as empresas na defesa dos inte-
em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a resses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais;
percepção de adicional, incidente sobre o salário base do
empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfi- Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
ca em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40% forma da lei.
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
O adicional de periculosidade é um valor devido ao em- profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na- na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado que possa operá-la).
em virtude de exposição permanente do trabalhador a infla-
máveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de traba-
espécies de violência física nas atividades profissionais de lho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
periculosidade será o salário do empregado acrescido de
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê-
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
mios ou participações nos lucros da empresa.
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
adicionais.
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
A aposentadoria é um benefício garantido a todo traba- a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
lhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que te- da capacidade para o trabalho.
nha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribui-
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência ção com natureza de tributo que as empresas pagam para
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
direito à previdência social é considerado um direito social ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
no próprio artigo 6º, CF. A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre
a remuneração do empregado, mas as empresas que ex-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- põem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
creches e pré-escolas. quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o
Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com empresa investir na segurança do trabalho.
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físi- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
co para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquan- ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o
to elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos be- trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
bês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para de cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
valor desse auxílio será determinado conforme negociação acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
coletiva na empresa (acordo da categoria ou convenção). A devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilida-
empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas não de subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na
tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;

24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de do artigo 7º:
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à catego-
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela ju- ria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
risdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
um período de tempo que o empregado tem para requerer XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições esta-
seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é belecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
sempre de 2 (dois) anos a partir do término do contrato de das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) anos an- da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
teriores, ou de 05 (cinco) anos durante a vigência do contrato incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
de trabalho. à previdência social. 

Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de 2.5) Direito coletivo do trabalho
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
sexo, idade, cor ou estado civil. dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletividade,
Há uma tendência de se remunerar melhor homens bran- quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, subs-
cos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a tituição processual, participação e representação classista29.
diferença remuneratória para com pessoas de diferente etnia, A liberdade de associação profissional ou sindical tem
faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta contra o princípio escopo no artigo 8º, CF:
da igualdade e não é aceita pelo constituinte, sendo possível
inclusive invocar a equiparação salarial judicialmente. Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
cal, observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão com-
portador de deficiência.
petente, vedadas ao Poder Público a interferência e a inter-
venção na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limita-
II - é vedada a criação de mais de uma organização
ções, possui condições de ingressar no mercado de trabalho
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
e não pode ser preterida meramente por conta de sua defi-
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
ciência.
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessa-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho dos, não podendo ser inferior à área de um Município;
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais res- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
pectivos. coletivos ou individuais da categoria, inclusive em ques-
tões judiciais ou administrativas;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, não se tratando de categoria profissional, será descontada em
cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se en- folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quadrar numa ou outra categoria. ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei;
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, pe- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
rigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer filiado a sindicato;
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
aprendiz, a partir de quatorze anos. gociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vota-
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- do nas organizações sindicais;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicaliza-
trabalho em condições desfavoráveis. do a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador termos da lei.
avulso. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescado-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- res, atendidas as condições que a lei estabelecer.
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de
mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um traba- 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
lhador com vínculo empregatício permanente. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
tigo 9º, CF: de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e so- também, ao seguinte: [...]
bre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais São princípios da administração pública, nesta ordem:
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da Legalidade
comunidade. Impessoalidade
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às Moralidade
penas da lei. Publicidade
Eficiência
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
o exercício do direito de greve, define as atividades essen- mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da Administração Pública. É de fundamental importância um
comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
é a legislação que se aplica, segundo o STF. no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho30 e
Spitzcovsky31:
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha- a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe.
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam Contudo, como a administração pública representa os inte-
objeto de discussão e deliberação. resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor-
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamen-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista
te determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior
no artigo 11, CF:
editando a matéria para que seja preservado o princípio da
legalidade). A origem deste princípio está na criação do Es-
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre-
tado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve
gados, é assegurada a eleição de um representante destes
respeitar as leis que dita.
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
direto com os empregadores.
ses que representa, a administração pública está proibida de
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar al-
1.2. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO guém de forma diferente dos demais, privilegiando ou pre-
DO ESTADO: CAPÍTULO VII – DA judicando. Segundo este princípio, a administração pública
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: SEÇÃO I – deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda-
DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO II – DOS
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que
SERVIDORES PÚBLICOS; E SEÇÃO III – DOS tange à contratação de serviços. O princípio da impessoali-
MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO dade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. alvo a ser alcançado pela administração pública é somente
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não
pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se
1) Princípios da Administração Pública buscar somente a preservação do interesse coletivo.
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
que ele consolide o bem comum e garanta a preservação no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma
dos interesses da coletividade, se encontram exteriorizados espécie de moralidade administrativa, intimamente relacio-
em princípios e regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos nada ao poder público. A administração pública não atua
na Constituição Federal e em legislações infraconstitucio- como um particular, de modo que enquanto o descumpri-
nais, a exemplo das que serão estudadas neste tópico, quais mento dos preceitos morais por parte deste particular não é
sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92. punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no se- tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte
tor público partem da Constituição Federal, que estabelece dos representantes do Estado. O princípio da moralidade
alguns princípios fundamentais para a ética no setor público. deve se fazer presente não só para com os administrados,
Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37, 30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
especialmente o caput, que permite a compreensão de boa direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um 2010.
caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da 31 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
administração pública. Estabelece a Constituição Federal: ed. São Paulo: Método, 2011.

26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente li- Além destes cinco princípios administrativo-constitucio-
gado à noção de bom administrador, que não somente deve nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser
ser conhecedor da lei, mas também dos princípios éticos re- apontados como princípios de natureza ética relacionados à
gentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ função pública a probidade e a motivação:
DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a in- a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional
trínseca ligação com os dois princípios anteriores. incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de-
d) Princípio da publicidade: A administração pública ver de todo o administrador público, o dever de honestidade
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus e fidelidade com o Estado, com a população, no desempe-
atos e a todas informações armazenadas nos seus bancos de nho de suas funções. Possui contornos mais definidos do que
dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e a afixação a moralidade. Diógenes Gasparini32 alerta que alguns autores
de portarias. Por exemplo, a própria expressão concurso pú- tratam veem como distintos os princípios da moralidade e
blico (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos devem da probidade administrativa, mas não há  características que
tomar conhecimento do processo seletivo de servidores do permitam tratar os mesmos como procedimentos distintos,
Estado. Diante disso, como será visto, se negar indevida- sendo no máximo possível afirmar que a probidade adminis-
mente a fornecer informações ao administrado caracteriza trativa é um aspecto particular da moralidade administrativa.
ato de improbidade administrativa. b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de
princípio da publicidade seja deturpado em propaganda po- efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios,
lítico-eleitoral: um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do
caráter educativo, informativo ou de orientação social, controle da legalidade dos atos da Administração.
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente
públicos. levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
administrativos devem ser motivados para que o Judiciário
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua
legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instru- legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados
mentos para proteção são o direito de petição e as certidões os motivos dos atos administrativos.
(art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
do mandado de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único
37, CF em seu §3º:  comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles
que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de
ticipação do usuário na administração pública direta e conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na de-
indireta, regulando especialmente: terminação da obrigatoriedade de motivação com relação
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços pú- aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto
blicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de à referida necessidade quanto aos atos discricionários.
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e Meirelles33 entende que o ato discricionário, editado sob
interna, da qualidade dos serviços; os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
II  -  o acesso dos usuários a registros administrativos e liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunida-
a informações sobre atos de governo, observado o disposto de, não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver
no art. 5º, X e XXXIII; tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- razão da necessidade de observância da Teoria dos Motivos
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na adminis- Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina, po-
tração pública. rém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a
motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve administrador. Gasparini34, com respaldo no art. 50 da Lei
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com contro- n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
le de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
concurso público seleciona os mais qualificados ao exercí- todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
cio do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
é possível exonerar um servidor público por ineficiência) e 32 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ao controlar gastos (limitando o teto de remuneração), por ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por produti- 33 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
vidade e economicidade. Alcança os serviços públicos e os brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
serviços administrativos internos, se referindo diretamente à 34 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
conduta dos agentes. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser- No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
vidores nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin- concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
cípios da administração pública estudados no tópico ante- atividade profissional também é considerado. Cargo em
rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso
Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus público, sendo exceção à regra geral.
incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi-
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi- período.
tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei. Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº público de provas ou de provas e títulos será convocado com
8.112/1990, que prevê: prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
investidura em cargo público: Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do única vez, por igual período.
cargo; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de
V - a idade mínima de dezoito anos; sua realização serão fixados em edital, que será publicado
VI - aptidão física e mental. no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande cir-
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên- culação.
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...] § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver can-
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí- didato aprovado em concurso anterior com prazo de vali-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com dade não expirado.
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
com as normas e os procedimentos desta Lei. O edital delimita questões como valor da taxa de inscri-
ção, casos de isenção, número de vagas e prazo de valida-
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº de. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti- concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga
go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as- e não ser realizado novo concurso.
sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú- Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in-
blico depende de aprovação prévia em concurso público cisos II  e  III  implicará a nulidade do ato e a punição da
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na- autoridade responsável, nos termos da lei.
tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: provas ou de provas e títulos.

Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo carreira nos casos, condições e percentuais mínimos pre-
de sua validade. vistos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção,
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso chefia e assessoramento.
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
regulamentos.

28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Observa-se o seguinte quadro comparativo35:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo
cargo efetivo. reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode exercê-la
Sem concurso público, ressalvado o percentual
o servidor de cargo efetivo, mas a função em si não
mínimo reservado ao servidor de carreira.
prescindível de concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Somente são conferidas atribuições e responsabilidade Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Destinam-se apenas às atribuições de direção,
assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere à
De livre nomeação e exoneração
função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito indi-
vidual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela pre-
servação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos,
deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº
20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência
e definirá os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor
contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de
Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado
pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto
administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legíti-
ma. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se
em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado moderno, que procura
alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”36.

35 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
36 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcio-
nal interesse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso
em: 23 dez. 2014.

29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le-
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé-
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revi- simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
são geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de nistros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
índices. Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocu-
pantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. res aos pagos pelo Poder Executivo.

Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
proventos de aposentadoria decorrentes do  art. 40  ou
dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empre- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
go ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância su-
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos perior à soma dos valores percebidos como remuneração, em
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exone- espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes,
ração. pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacio-
nal e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único.
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- Excluem-se do teto de remuneração as vantagens previstas
tigos 40 e 41: nos incisos II a VII do art. 61.

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer- Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
cício de cargo público, com valor fixado em lei. fundamentos sobre o mencionado inciso XI:

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele- dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
cidas em lei. deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou em lei.
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de ór- Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI
gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remu- do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Dis-
neração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. trito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às res-
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- pectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único,
tagens de caráter permanente, é irredutível. o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para car- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
gos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Minis-
ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vanta- tros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
gens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Dis-
local de trabalho. tritais e dos Vereadores.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
salário mínimo. Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi-
paração salarial:
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipa-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu- ração de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
pantes de cargos, funções e empregos públicos da admi- remuneração de pessoal do serviço público.
nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo política de administração e remuneração de pessoal, inte-
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou grado por servidores designados pelos respectivos Poderes
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia constitucio-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- nal de tratamento igualitário aos cargos que se mostrem
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em similares.
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefei- Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
to, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do dos por servidor público não serão computados nem acu-
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.

30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A preocupação do constituinte, ao implantar tal precei- Parágrafo  único.   O disposto neste artigo não se apli-
to, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório dos ca à remuneração devida pela participação em conselhos de
servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem como administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, qual- economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
quer gratificação que venha a ser concedida ao servidor só quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
pode ter como base de cálculo o próprio vencimento bási- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
co. É inaceitável que se leve em consideração outra vanta- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
gem até então percebida.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao re-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada gime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
de cargos públicos, exceto, quando houver compatibili- quando investido em cargo de provimento em comissão, fica-
dade de horários, observado em qualquer caso o disposto rá afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em
no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor; b)  a de um que houver compatibilidade de horário e local com o exercício
cargo de professor com outro, técnico ou científico; c)  a de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos ór-
de dois cargos ou empregos privativos de profissionais gãos ou entidades envolvidos.
de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
mente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho37, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
lei em comentário, um processo administrativo simplificado
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
(processo disciplinar de rito sumário) para a apuração dessa
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
infração – art. 133” 38.
tucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão:
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre- servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera- e jurisdição, precedência sobre os demais setores adminis-
da de cargos públicos. trativos, na forma da lei.
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas, Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
dos Municípios. por servidores de carreiras específicas, terão recursos priori-
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica tários para a realização de suas atividades e atuarão de
condicionada à comprovação da compatibilidade de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de ca-
horários. dastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públi-
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi- cos que disponibiliza, seja através de investimentos na área
dade. social (educação, saúde, segurança pública). Para atingir
esses objetivos primários, deve desenvolver uma atividade
Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá financeira, com o intuito de obter recursos indispensáveis às
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso necessidades cuja satisfação se comprometeu quando esta-
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado beleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] A importância
pela participação em órgão de deliberação coletiva.  38 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
2010. Acesso em: 11 ago. 2013.

31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

da Administração Tributária foi reconhecida expressamen- Continua o artigo 37, CF:


te pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da Carta
Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
seus servidores sobre os demais setores da Administração na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
Pública, dentro de suas áreas de competência”39. contratados mediante processo de licitação pública que as-
segure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, man-
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa tidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
áreas de sua atuação. obrigações.

Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de para licitações e contratos da Administração Pública e dá
qualquer delas em empresa privada. outras providências. Licitação nada mais é que o conjunto
de procedimentos administrativos (administrativos porque
Órgãos da administração indireta somente podem ser parte da administração pública) para as compras ou serviços
criados por lei específica e a criação de subsidiárias destes contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal,
dependem de autorização legislativa (o Estado cria e contro- ou seja todos os entes federativos. De forma mais simples,
la diretamente determinada empresa pública ou sociedade podemos dizer que o governo deve comprar e contratar ser-
de economia mista, e estas, por sua vez, passam a gerir uma viços seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo
nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: Transpetro, sub- formal onde há a competição entre os interessados.
sidiária da Petrobrás). “Abrimos um parêntese para observar
que quase todos os autores que abordam o assunto afir- Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
mam categoricamente que, a despeito da referência no tex- crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
to constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec-
no inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades
tivas ações de ressarcimento.
de economia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de
controle que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsi-
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
diária seria própria de pessoas com estrutura empresarial, e
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
inadequada a autarquias e fundações públicas. OUSAMOS
DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de um ente
Art.  142, Lei nº 8.112/1990.   A ação disciplinar pres-
federado pretendesse, por exemplo, autorizar a criação de
uma subsidiária de uma fundação pública, NÃO haveria base creverá:
constitucional para considerar inválida sua autorização”40. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto destituição de cargo em comissão;
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e que o fato se tornou conhecido.
indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser fir- § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
mado entre seus administradores e o poder público, que tenha cam-se às infrações disciplinares capituladas também como
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou crime.
entidade, cabendo à lei dispor sobre: § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
I -  o prazo de duração do contrato; cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, proferida por autoridade competente.
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
III -  a remuneração do pessoal. meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
empresas públicas e às sociedades de economia mista e direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Es- anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade
tados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as menos
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. graves (pena de advertência), contados da data em que o
39 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_ fato se tornou conhecido pela administração pública. Se a
tributaria_sao_paulo.htm infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescricio-
40 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo nais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis
Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014. ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a con-

32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre-
abertura da sindicância ou processo administrativo discipli- visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o
nar até a decisão final proferida por autoridade competente agente público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa estar vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor diretamente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os
ação disciplinar. integrantes da administração direta, indireta e fundacional, confor-
me o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as privada que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% do patri-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- mônio ou receita anual. Caso a verba pública que tenha auxiliado
ções privilegiadas. uma entidade privada a qual o Estado não tenha concorrido para
criação ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei.
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50%
do patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entre-
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
tanto, nestes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
o ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Signi-
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei
fica que se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provisórias
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado
nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, de 4 de por outra via que não a ação de improbidade administrativa.
setembro de 2001. A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de im-
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: probidade administrativa em três categorias:
a) Ato de improbidade administrativa que importe en-
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu- riquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou O grupo mais grave de atos de improbidade administrati-
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos va se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito +
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham resultante de uma vantagem patrimonial indevida + em ra-
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste- zão do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou ou-
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências tra atividade nas entidades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
ditames morais, notadamente no desempenho de função de
3) Atos de improbidade administrativa interesse estatal.
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilí-
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de cita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido
desonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial re-
ao princípio da moralidade, que deve ser respeitado estri- cebe propina pratica ato de improbidade administrativa, mas
tamente pelo servidor público. O agente ímprobo sempre não atinge diretamente os cofres públicos).
será um violador do princípio da moralidade, pelo qual “a Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
Administração Pública deve agir com boa-fé, sinceridade, ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas
probidade, lhaneza, lealdade e ética”41. as condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada de- cabe prática por omissão.42
b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
vido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do
são ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
serviço público que se intensificavam com a ineficácia do
O grupo intermediário de atos de improbidade adminis-
diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu,
trativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário
assim, da necessidade de acabar com os atos atentatórios à
ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dila-
moralidade administrativa e causadores de prejuízo ao erá- pidação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior,
rio público ou ensejadores de enriquecimento ilícito, infeliz- o caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas ati-
mente tão comuns no Brasil. tudes específicas que exemplificam o seu conteúdo43.
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi- Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: des-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos vio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos 9º, transferência indevida para a própria propriedade; malbarata-
10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência de mento, que significa desperdício; e dilapidação, que se refere
esferas distintas de responsabilidade (civil, penal e adminis- a destruição44.
trativa) impede falar-se em bis in idem, já que, ontologica-
mente, não se trata de punições idênticas, embora baseadas 42 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
no mesmo fato, mas de responsabilização em esferas distin- ed. São Paulo: Método, 2011.
tas do Direito. 43 Ibid.
41 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional 44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- Com efeito, os atos de improbidade administrativa não
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfe-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. ra cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure simultanea-
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o mente um ato de improbidade administrativa desta lei e um
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp crime previsto na legislação penal, o que é comum no caso do
n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu- artigo 9°, responderá o agente por ambos, nas duas esferas.
cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte for-
consolidou a tese de que é indispensável a existência ma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passi-
de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao vo) e daqueles que podem praticar os atos de improbidade
menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação do
dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio público;
o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quan- após, traz a tipologia dos atos de improbidade administrati-
va, isto é, enumera condutas de tal natureza; seguindo-se à
do o agente não pretende atingir o resultado danoso, mas
definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, descreve os
atua com negligência, imprudência ou imperícia (REsp n°
procedimentos administrativo e judicial.
1.127.143)”45. Para Carvalho Filho46, não há inconstitucio-
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob-
nalidade na modalidade culposa, lembrando que é possível
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevi-
dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa. da) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá não
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- só reparar eventual dano causado mas também colocar nos
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. Ou seja,
basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem indevi- poderá pagar somente o que enriqueceu indevidamente ou
da, incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção da este valor acrescido do valor do prejuízo causado aos cofres
vantagem indevida, os tipos exemplificados se aproximam públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No
muito dos previstos nos incisos do art. 9°. caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas
c) Ato de improbidade administrativa que atente sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even-
contra os princípios da administração pública (artigo 11, tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o va-
Lei nº 8.429/1992) lor adquirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra ressarcimento. Além disso, em todos os casos há perda da
os princípios da administração pública qualquer ação ou função pública. Nas três categorias, são estabelecidas san-
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialida- ções de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação
de, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo mais de contratação ou percepção de vantagem, graduadas con-
ameno de atos de improbidade administrativa se caracteriza forme a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura
pela simples violação a princípios da administração pú- do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF,
blica, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do sujeito ati- que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im-
vo que viole os ditames éticos do serviço público. Isto é, o portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
legislador pretende a preservação dos princípios gerais da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
administração pública47. mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Bas- prejuízo da ação penal cabível”.
ta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de multa.
(art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade dis-
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
to, pois nada impediria que o legislador infraconstitucional
embora caiba a prática por ação ou omissão.
ampliasse a relação mínima de penalidades da Constituição,
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei é o ins-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- trumento adequado para tanto48.
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se Carvalho Filho49 tece considerações a respeito de algu-
de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato de mas das sanções:
improbidade administrativa não tiver gerado obtenção de - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
vantagem os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
45 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem
administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públi- escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar
cos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica- de origem ilícita”.
cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que
em: 26 mar. 2013. engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de e juros de mora.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
47 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 2010.
ed. São Paulo: Método, 2011. 49 Ibid.

34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Perda de função pública: “se o agente é titular de Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação. tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
público. Havendo contrato de trabalho (servidores trabalhistas
e temporários), a perda da função pública se consubstancia Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
pela rescisão do contrato com culpa do empregado. No caso civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
perda se dará pela revogação da designação”. Lembra-se que culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
determinadas autoridades se sujeitam a procedimento espe- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal
cial para perda da função pública, ponto em que não se aplica (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
a Lei de Improbidade Administrativa. causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que
- Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômi-
flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta co e não econômico).
margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial
base de cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano
base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou específico, individualizado, que atinge determinada ou deter-
o valor da remuneração do agente). A natureza da multa é de minadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os pro-
sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo. blemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, infeliz-
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as imu- mente os assaltos são comuns e o Estado não responde por
nidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância es-
majoritário da instituição vitimada. pecífica possuía o dever de impedir o assalto, como no caso
- Proibição de contratar: o agente punido não pode parti- de uma viatura presente no local - muito embora o direito
cipar de processos licitatórios. à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro
4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores da administração pública, tenha ingressado ou não por con-
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do curso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes
direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da políticos, os servidores públicos em geral (funcionários, em-
prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu pregados ou temporários) e os particulares em colaboração
auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indeniza- (por exemplo, jurado ou mesário).
ção que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar as qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão das
consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilí- prerrogativas do cargo, não agindo como um particular.
brio social.50 Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Es-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, poden- tado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais
do recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim,
da herança, embora existam reflexos na ação que apure a res- não é qualquer dano que permite a responsabilização civil do
ponsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por Estado, mas somente aquele que é causado por um agente
exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a público no exercício de suas funções e que exceda as expec-
condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por tativas do lesado quanto à atuação do Estado.
falta de provas não o faz). É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocí- os direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
nio de que a principal consequência da prática de um ato ilícito por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
mediante o pagamento de indenização que se refere às per- do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
das e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da res- o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
ponsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do pagando pela indenização (reparação dos danos materiais e
dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os regresso se agiram com dolo ou culpa.
membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos carac-
terizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos. Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
depende de ajuste prévio, basta a caracterização de elemen- ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
tos genéricos pré-determinados, que perpassam pela leitura de, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Constituição Federal (artigo 37, §6°).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi-
se encontram no art. 186 do Código Civil: ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou
50 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es-

35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a plena
foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer em
é justamente o direito de acionar o causador direto do dano território nacional.
para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada Diante de tal premissa, entende-se que a responsabili-
a existência de uma relação obrigacional que se forma entre dade civil do Estado será objetiva apenas no caso de ações,
a vítima e a instituição que o agente compõe. mas subjetiva no caso de omissões. Em outras palavras,
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas condições de
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir quando tinha
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi plenas condições de fazê-lo, acarretando em prejuízo dentro
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas de sua previsibilidade.
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.51 São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade
A responsabilidade civil do servidor exige prévio proces- omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mu-
so administrativo disciplinar no qual seja assegurado contra- nicipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa de
ditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos
subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
culpa do servidor que gere dano ao erário (Administração) quando o Estado sabia da problemática e não tomou provi-
ou a terceiro (administrado), o servidor terá o dever de in- dência para evitá-las, morte de detento em prisão, incêndio
denizar. em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos vio- Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado.
ladores de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade Há excludentes da responsabilidade estatal, notadamen-
penal e à responsabilidade administrativa, todas autôno- te: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da
mas uma com relação à outra e à já mencionada responsa- natureza) fora dos alcances da previsibilidade do dano; b)
bilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: culpa exclusiva da vítima.

Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais 5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes blicos
entre si. A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor
público encontra previsão constitucional em seu artigo 38,
No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamen- que notadamente estabelece quais tipos de mandatos ge-
te acionado e responde pelos atos de seus servidores que ram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta a
violem direitos humanos, cabendo eventualmente ação de questão remuneratória:
regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsabilida-
de penal e da responsabilidade administrativa aciona-se o Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração di-
agente público que praticou o ato. reta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
praticados pelo agente público no exercício de sua função I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
que violam direitos humanos. A título de exemplo, peculato, distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
consistente em apropriação ou desvio de dinheiro público II  - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
(art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse da cole- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
tividade; concussão, que é a exigência de vantagem indevida sua remuneração;
(art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de constran- III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
gimento e medo que viola diretamente sua dignidade; tor- tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
tura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º, eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
§4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. norma do inciso anterior;
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, IV  - em qualquer caso que exija o afastamento para o
a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
que violar a ética do serviço público, como advertência, sus- ção por merecimento;
pensão e demissão. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- afastamento, os valores serão determinados como se no exer-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do cício estivesse.
agente público que cometa ato ilícito.
Tomadas as exigências de características dos danos aci- 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- dores públicos
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui-
51 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ção Federal:
ed. São Paulo: Método, 2011.

36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo  39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência
os Municípios instituirão conselho de política de adminis- de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
tração e remuneração de pessoal, integrado por servidores proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
planos de carreira para os servidores da administração públi- tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
ca direta, das autarquias e das fundações públicas”). aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais complementar;
componentes do sistema remuneratório observará: III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni-
I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
dade dos cargos componentes de cada carreira; cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado-
II -  os requisitos para a investidura; ria, observadas as seguintes condições:
III -  as peculiaridades dos cargos. a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento contribuição, se mulher;
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa- senta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio-
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos nais ao tempo de contribuição.
entre os entes federados. § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por oca-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- sião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do
blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposen-
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabele- tadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
cer requisitos diferenciados de admissão quando a natu- § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
reza do cargo o exigir. ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunera-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti- ções utilizadas como base para as contribuições do servidor
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Muni- aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art.
cipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixa- 201, na forma da lei.
do em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer grati- § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
ficação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou renciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos
outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
o disposto no art. 37, X e XI. definidos em leis complementares, os casos de servidores:
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos I -  portadores de deficiência;
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a II -  que exerçam atividades de risco;
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publi- §  5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
carão anualmente os valores do subsídio e da remuneração ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
dos cargos e empregos públicos. no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentá- educação infantil e no ensino fundamental e médio.
rios provenientes da economia com despesas correntes em § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desen- gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
volvimento de programas de qualidade e produtividade, percepção de mais de uma aposentadoria à conta do re-
treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelha- gime de previdência previsto neste artigo.
mento e racionalização do serviço público, inclusive sob a § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
forma de adicional ou prêmio de produtividade. são por morte, que será igual:
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, limite, caso aposentado à data do óbito; ou
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ati- máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
vos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto nes- por cento da parcela excedente a este limite, caso em ativida-
te artigo. de na data do óbito.

37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme próprio de previdência social para os servidores titulares
critérios estabelecidos em lei. de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni- respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto
cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo no art. 142, § 3º, X.
de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
contagem de tempo de contribuição fictício. de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci-
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma do para os benefícios do regime geral de previdência social de
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário,
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos, na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
o regime geral de previdência social, e ao montante resul- 7) Estágio probatório e perda do cargo
tante da adição de proventos de inatividade com remune- Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser
ração de cargo acumulável na forma desta Constituição, lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo
exoneração, e de cargo eletivo.
exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
mento efetivo em virtude de concurso público.
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul-
para o regime geral de previdência social. gado;
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em II -  mediante processo administrativo em que lhe seja
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração assegurada ampla defesa;
bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, III -  mediante procedimento de avaliação periódica de
aplica-se o regime geral de previdência social. desempenho, na forma de lei complementar, assegurada am-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- pla defesa.
cípios, desde que instituam regime de previdência comple- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
mentar para os seus respectivos servidores titulares de cargo vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pen- vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
sões a serem concedidas pelo regime de que trata este arti- a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em dispo-
go, o limite máximo estabelecido para os benefícios do nibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
§ 15. O regime de previdência complementar de que tra- servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
ta o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pa- mento em outro cargo.
rágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fecha- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
das de previdência complementar, de natureza pública, que obrigatória a avaliação especial de desempenho por comis-
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios são instituída para essa finalidade.
somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servi-
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que dor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava-
do ato de instituição do correspondente regime de previdên-
liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte
cia complementar.
fatores:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - assiduidade;
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- II - disciplina;
mente atualizados, na forma da lei. III - capacidade de iniciativa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- IV - produtividade;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata V - responsabilidade.
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
os benefícios do regime geral de previdência social de que trata gio probatório, será submetida à homologação da autoridade
o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servi- competente a avaliação do desempenho do servidor, realiza-
dores titulares de cargos efetivos. da por comissão constituída para essa finalidade, de acordo
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com- com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva car-
pletado as exigências para aposentadoria voluntária esta- reira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos
belecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em ativida- fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
de fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
da sua contribuição previdenciária até completar as exigên- exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
cias para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.

38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer


quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de 2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO
direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de
PAULO.
lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou enti-
dade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de pro- 2.1. TÍTULO I – DOS FUNDAMENTOS DO
vimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento ESTADO.
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão
ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos Artigo 1º - O Estado de São Paulo, integrante da Re-
arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para pública Federativa do Brasil, exerce as competências que
participar de curso de formação decorrente de aprovação em não lhe são vedadas pela Constituição Federal.
concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. Frisa-se o dever de compatibilidade com a Constitui-
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as li- ção Federal, a ser observado em todas normas estaduais,
cenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 inclusive na Constituição Estadual.
e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de for-
mação, e será retomado a partir do término do impedimento. Artigo 2º - A lei estabelecerá procedimentos judiciá-
rios abreviados e de custos reduzidos para as ações
O estágio probatório pode ser definido como um lapso cujo objeto principal seja a salvaguarda dos direitos e liber-
de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão dades fundamentais.
avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, A lei estadual pode criar disciplina própria sobre pro-
capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade. O cedimento, embora seja competência exclusiva da União
servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado legislar sobre processo.
ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado.
Não existe vedação para um servidor em estágio probatório Artigo 3º - O Estado prestará assistência jurídica in-
exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou tegral e gratuita aos que declara insuficiência de recursos.
funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou Trata-se de prestação de serviços jurídicos àqueles
entidade de lotação. que não podem pagar por eles.
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a discipli-
na do estágio probatório mudou, notadamente aumentando Artigo 4º - Nos procedimentos administrativos, qual-
o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma quer que seja o objeto, observar-se-ão, entre outros requisi-
constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo que ela tos de validade, a igualdade entre os administrados e o
não tenha sido atualizada, deve-se seguir o disposto no artigo devido processo legal, especialmente quanto à exigência
41 da Constituição Federal. da publicidade, do contraditório, da ampla defesa e do
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, despacho ou decisão motivados.
o servidor público somente poderá ser exonerado nos casos
do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notadamente:
em virtude de sentença judicial transitada em julgado; me- 2.2. TÍTULO II – DA ORGANIZAÇÃO E DOS
diante processo administrativo em que lhe seja assegura-
PODERES: CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
da ampla defesa; ou mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma de lei complementar, PRELIMINARES; E CAPÍTULO III – DO PODER
assegurada ampla defesa (sendo esta lei complementar ainda EXECUTIVO.
inexistente no âmbito federal.

8) Dos militares
Prevê o artigo 42, CF: CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hie- Artigo 5º - São Poderes do Estado, independentes e
rarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju-
Federal e dos Territórios. diciário.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Fe- § 1º - É vedado a qualquer dos Poderes delegar atri-
deral e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as buições.
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º § 2º - O cidadão, investido na função de um dos Po-
e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as maté- deres, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções
rias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais previstas nesta Constituição.
conferidas pelos respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei tado Democrático de Direito, impedindo a monopoliza-
específica do respectivo ente estatal. ção do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão.

39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com Ao modelo de repartição do exercício de poder por in-
o seguinte teor: “Art. 2º São Poderes da União, indepen- termédio de órgãos ou funções distintas e independentes
dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser
o Judiciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de
por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é freios e contrapesos (no inglês, checks and balances).
necessária a divisão de funções das atividades estatais de
maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes. Artigo 6º - O Município de São Paulo é a Capital do
O constituinte afirma que estes poderes são indepen- Estado.
dentes e harmônicos entre si. Independência significa que
cada qual possui poder para se autogerir, notadamente Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o bra-
pela capacidade de organização estrutural (criação de car- são de armas e o hino.
gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos
conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo- Artigo 8º - Além dos indicados no art. 26 da Constituição
nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terrenos re-
competência do outro e não se imiscuir indevidamente em servados às margens dos rios e lagos do seu domínio.
suas atividades típicas.
CAPÍTULO III
A noção de separação de Poderes começou a tomar
Do Poder Executivo
forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
lançou base para os dois principais eventos que ocorre- SEÇÃO I
ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as Do Governador e Vice-Governador do Estado
Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que
lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário Artigo 37 - O Poder Executivo é exercido pelo Gover-
das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc- nador do Estado, eleito para um mandato de quatro anos,
ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi podendo ser reeleito para um único período subsequente,
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos na forma estabelecida na Constituição Federal.
Poderes.
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Artigo 38 - Substituirá o Governador, no caso de impe-
Locke, que também entendia necessária a separação dos dimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Governador.
Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de- Parágrafo único - O Vice-Governador, além de outras
finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado
que o absolutismo estava cada vez mais forte. para missões especiais.
O objeto central da principal obra de Montesquieu52
não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis Artigo 39 - A eleição do Governador e do Vice-Gover-
e instituições criadas pelos homens para reger as relações nador realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em
entre os homens. Segundo Montesquieu53, as leis criam primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
costumes que regem o comportamento humano, sendo segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão. do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em pri-
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon- meiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao
tesquieu54, do modo como se dará o seu exercício, uma vez mais, o disposto no artigo 77 da Constituição Federal.
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto
a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre- Artigo 40 - Em caso de impedimento do Governador e
do Vice-Governador, ou vacância dos respectivos cargos, se-
sentado conforme sua vontade.
rão sucessivamente chamados ao exercício da Governança
Montesquieu55 estabeleceu como condição do Estado
o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
do Tribunal de Justiça.
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de Artigo 41 - Vagando os cargos de Governador e Vice-
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a Governador, far-se-á eleição noventa dias depois de aber-
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os ta a última vaga.
próprios Poderes). § 1º - Ocorrendo a vacância no último ano do período
governamental, aplica-se o disposto no artigo anterior.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Es-
§ 2º - Em qualquer dos casos, os sucessores deverão
52
pírito das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso completar o período de governo restante.
e Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril Atenção à ordem de substituição do governador: 1)
Cultural, 1979, p. 25. Vice-Governador; 2) Presidente da Assembleia Legislativa;
53 Ibid., p. 26. e 3) Presidente do Tribunal de Justiça. Apenas o primeiro
54 Ibid., p. 32. substitui a título definitivo, salvo se a vacância se der no
55 Ibid., p. 148-149. último ano.

40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 42 - Perderá o mandato o Governador que assu- XI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
mir outro cargo ou função na administração pública direta previstos nesta Constituição;
ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso públi- XII - fixar ou alterar, por decreto, os quadros, vencimen-
co e observado o disposto no art. 38, I, IV e V, da Constituição tos e vantagens do pessoal das fundações instituídas ou man-
Federal. tidas pelo Estado, nos termos da lei;
XIII - indicar diretores de sociedade de economia mista e
Artigo 43 - O Governador e o Vice-Governador toma- empresas públicas;
rão posse perante a Assembleia Legislativa, prestando XIV - praticar os demais atos de administração, nos limi-
compromisso de cumprir e fazer cumprir a Constituição tes da competência do Executivo;
Federal e a do Estado e de observar as leis. XV - subscrever ou adquirir ações, realizar ou aumen-
Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da data fixa- tar capital, desde que haja recursos hábeis, de sociedade de
da para a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo economia mista ou de empresa pública, bem como dispor, a
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este qualquer título, no todo ou em parte, de ações ou capital que
será declarado vago. tenha subscrito, adquirido, realizado ou aumentado, median-
te autorização da Assembleia Legislativa;
Artigo 44 - o Governador e o Vice-Governador não po- XVI - delegar, por decreto, a autoridade do Executivo,
derão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se funções administrativas que não sejam de sua exclusiva com-
do Estado, por período superior a quinze dias, sob pena petência;
de perda do cargo. XVII - enviar à Assembleia Legislativa projetos de lei rela-
Parágrafo único - O pedido de licença, amplamente mo- tivos ao plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
tivado, indicará, especialmente, as razões da viagem, o rotei- to anual, dívida pública e operações de crédito;
ro e a previsão de gastos. XVIII - enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei so-
bre o regime de concessão ou permissão de serviços públicos.
Artigo 45 - o Governador deverá residir na Capital XIX - dispor, mediante decreto, sobre:
do Estado. a) organização e funcionamento da administração esta-
dual, quando não implicar aumento de despesa, nem criação
Artigo 46 - O Governador e o Vice-Governador deverão, ou extinção de órgãos públicos;
no ato da posse e no término do mandato, fazer declaração b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
pública de bens. Parágrafo único - A representação a que se refere o inciso
I poderá ser delegada por lei, de iniciativa do Governador, a
SEÇÃO II outra autoridade.
Das Atribuições do Governador
SEÇÃO III
Artigo 47 - Compete privativamente ao Governador, Da Responsabilidade do Governador
além de outras atribuições previstas nesta Constituição:
I - representar o Estado nas suas relações jurídicas, polí- Artigo 48 - São crimes de responsabilidade do Gover-
ticas e administrativas; nador ou dos seus Secretários, quando por eles pratica-
II - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a dos, os atos como tais definidos na lei federal especial, que
direção superior da administração estadual; atentem contra a Constituição Federal ou a do Estado,
III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem especialmente contra:
como, no prazo nelas estabelecido, não inferior a trinta nem I - a existência da União;
superior a cento e oitenta dias, expedir decretos e regula- II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi-
mentos para sua fiel execução, ressalvados os casos em que, ciário, do Ministério Público e dos poderes constitucionais das
nesse prazo, houver interposição de ação direta de inconsti- unidades da Federação;
tucionalidade contra a lei publicada; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; IV - a segurança interna do País;
V - prover os cargos públicos do Estado, com as restri- V - a probidade na administração;
ções da Constituição Federal e desta Constituição, na forma VI - a lei orçamentária;
pela qual a lei estabelecer; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
VI - nomear e exonerar livremente os Secretários de Es-
tado; Parágrafo único - A definição desses crimes, assim
VII - nomear e exonerar os dirigentes de autarquias, ob- como o seu processo e julgamento, será estabelecida em
servadas as condições estabelecidas nesta Constituição; lei especial.
VIII - decretar e fazer executar intervenção nos Municí- * ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA
pios, na forma da Constituição Federal e desta Constituição;
IX - prestar contas da administração do Estado à Assem- Artigo 49 - Admitida a acusação contra o Governador,
bleia Legislativa na forma desta Constituição; por dois terços da Assembléia Legislativa, será ele submeti-
X - apresentar à Assembleia Legislativa, na sua sessão do a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nas
inaugural, mensagem sobre a situação do Estado, solicitan- infrações penais comuns, (**) ou, nos crimes de responsabili-
do medidas de interesse do Governo; dade, perante Tribunal Especial.

41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º - O Tribunal Especial a que se refere este artigo § 2º - Aplicam-se aos procedimentos previstos neste
será constituído por sete Deputados e sete Desembarga- artigo, no que couber, aqueles já disciplinados em Regi-
dores, sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, mento Interno do Poder Legislativo.
que também o presidirá. § 3º - O comparecimento do Secretário de Estado, com
§ 2º - Compete, ainda privativamente, ao Tribunal Es- a finalidade de apresentar, quadrimestralmente, perante
pecial referido neste artigo processar e julgar o Vice-Go- Comissão Permanente do Poder Legislativo, a demonstra-
vernador nos crimes de responsabilidade, e os Secretários ção e a avaliação do cumprimento das metas fiscais por
de Estado, nos crimes da mesma natureza conexos com parte do Poder Executivo suprirá a obrigatoriedade cons-
aqueles, ou com os praticados pelo Governador, bem tante do ‘caput’ deste artigo.
como o Procurador-Geral de Justiça e o Procurador-Geral § 4º – No caso das Universidades Públicas Estaduais
do Estado. e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA Paulo, incumbe, respectivamente, aos próprios Reitores e
ao Presidente, efetivar, anualmente e no que couber, o dis-
§ 3º - O Governador ficará suspenso de suas funções: posto no ‘caput’ deste artigo.
1 - nas infrações penais comuns, recebida a denúncia ou
queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça; Artigo 53 - Os Secretários farão declaração pública de
bens, no ato da posse e no término do exercício do cargo, e
2 - nos crimes de responsabilidade, após instauração do terão os mesmos impedimentos estabelecidos nesta Consti-
processo pela Assembléia Legislativa. tuição para os Deputados, enquanto permanecerem em suas
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA funções.

§ 4º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o


julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento 2.3. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO
do Governador, sem prejuízo do prosseguimento do pro- ESTADO: CAPÍTULO I – DA ADMINISTRAÇÃO
cesso.
PÚBLICA: SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS:
ARTIGOS 111 A 114, E 115 “CAPUT” E
§ 5º - Enquanto não sobrevier a sentença condenatória
transitada em julgado, nas infrações penais comuns, o Go- INCISOS I A X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI E
vernador não estará sujeito a prisão. XXVII; CAPÍTULO II – DOS SERVIDORES
§ 6º - O Governador, na vigência de seu mandato, não PÚBLICOS DO ESTADO: SEÇÃO I – DOS
pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS: ARTIGO 124
de suas funções. “CAPUT”, E ARTIGOS 125 A 137; SEÇÃO II
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA – DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES;
CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA PÚBLICA:
Artigo 50 - Qualquer cidadão, partido político, associa- SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO III –
ção ou entidade sindical poderá denunciar o Governador, o DA POLÍCIA MILITAR.
Vice-Governador e os Secretários de Estado, por crime de
responsabilidade, perante a Assembleia Legislativa.
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA
TÍTULO III
SEÇÃO IV Da Organização do Estado
Dos Secretários de Estado
CAPÍTULO I
Artigo 51 - Os Secretários de Estado serão escolhidos en- Da Administração Pública
tre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício
dos direitos políticos. SEÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 52 - (Revogado)
Art. 111. A administração pública direta, indireta ou
Artigo 52-A - Caberá a cada Secretário de Estado, se- fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obedecerá
mestralmente, comparecer perante a Comissão Perma- aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
nente da Assembleia Legislativa a que estejam afetas de, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação,
as atribuições de sua Pasta, para prestação de contas do interesse público e eficiência. 
andamento da gestão, bem como demonstrar e avaliar o de- O Estado tem um valor ético, de modo que sua atua-
senvolvimento de ações, programas e metas da Secretaria ção deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propria-
correspondente. mente o Estado que é aético, porque ele é composto por
§ 1º - Aplica-se o disposto no ‘caput’ deste artigo aos homens. Assim, falta ética ou não aos homens que o com-
Diretores de Agências Reguladoras. põem. Ou seja, o bom comportamento profissional do fun-

42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

cionário público é uma questão ligada à ética no serviço blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
público, pois se os homens que compõem a estrutura do trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
Estado tomam uma atitude correta perante os ditames éti- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
cos há uma ampliação e uma consolidação do valor ético de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
do Estado. impessoalidade está correlato ao princípio da finalidade,
Quando uma pessoa é nomeada como servidor públi- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
co, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado repre- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
senta na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
todos os consagrados preceitos éticos. Todos os funcioná- já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
rios públicos, tanto da administração direta quanto da ad- coletivo.
ministração indireta (autarquias, empresas públicas, funda- c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
ções públicas, sociedades de economia mista) são obriga- no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma
dos a respeitar, no exercício de suas atividades, princípios espécie de moralidade administrativa, intimamente rela-
basilares dos quais decorrem inúmeras normas específicas. cionada ao poder público. A administração pública não
A exemplo, são os previstos no artigo 111 da Consti- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
tuição do Estado de São Paulo. Na verdade, o artigo repete cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
parcialmente o conteúdo do artigo 37, caput, da Constitui- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
ção Federal. Vejamos: jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de da moralidade deve se fazer presente não só para com os
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida- sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
também, ao seguinte: [...] princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
São princípios da administração pública, nesta ordem: ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
Legalidade IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Impessoalidade anteriores.
Moralidade d) Princípio da publicidade: A administração públi-
Publicidade ca é obrigada a manter transparência em relação a todos
Eficiência seus atos e a todas informações armazenadas nos seus
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- bancos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da e a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Administração Pública. É de fundamental importância um concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, gar indevidamente a fornecer informações ao administra-
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho56 do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somen-
e Spitzcovsky57: te pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não para proteção são o direito de petição e as certidões (art.
proíbe. Contudo, como a administração pública representa 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação mandado de segurança.
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- e) Princípio da eficiência: A administração pública
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifica-
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio dos ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
Estado deve respeitar as leis que dita. seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
ses que representa, a administração pública está proibida remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar procura por produtividade e economicidade. Alcança os
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou serviços públicos e os serviços administrativos internos, se
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- referindo diretamente à conduta dos agentes.
56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Com efeito, os únicos princípios previstos na Consti-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- tuição do Estado de São Paulo, mas não na Federal, são:
ris, 2010. razoabilidade, finalidade, motivação, interesse público.
57 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. Não significa que estes não devam ser aplicados na esfera
13. ed. São Paulo: Método, 2011. federal, mas sim que no âmbito da Constituição Federal e

43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

das leis que dela decorrem tais princípios se encontram Art. 112. As leis e atos administrativos externos de-
subentendidos pela lógica do sistema ou espalhados em verão ser publicados no órgão oficial do Estado, para
outras normas, enquanto que o constituinte paulista op- que produzam os seus efeitos regulares. A publicação dos
tou por especificá-los enquanto princípios da Administra- atos não normativos poderá ser resumida. 
ção Pública. O princípio da publicidade deve ser respeitado para
Vale a pena estudar o significado deles, consoante aos a regular produção de efeitos das leis e atos administrati-
ensinamentos de Carvalho Filho58: vos externos, ou seja, voltados ao respeito pela sociedade
a) Razoabilidade: é uma qualidade do que é razoável, como um todo, abstratamente.
ou seja, do que se encontra dentro de limites aceitáveis,
mesmo que os juízos de valor que provocaram a conduta Art. 113. A lei deverá fixar prazos para a prática dos
possam ser vistos de forma diversa. Quer dizer, o que é atos administrativos e estabelecer recursos adequados
razoável para alguns, pode não o ser para outros. Por isso, à sua revisão, indicando seus efeitos e forma de processa-
o que cabe é o exame da aceitabilidade da escolha do mento. 
administrador. Esta é a razão pela qual o juiz não pode A prioridade, aqui, é a segurança jurídica, permitin-
alterar a decisão do administrador porque não entendeu do que o administrado saiba até quando a administração
razoável, pois estaria substituindo o papel dele de admi- pode tomar uma providência contra ele e aceitando que,
nistrar (isto não vale quando houver efetiva falta de con- caso a decisão do administrador tenha sido errada, ela
gruência lógica para a decisão tomada, ou seja, quando possa ser revista e, eventualmente, modificada, pelo órgão
fugir totalmente dos padrões de aceitabilidade). competente.
b) Finalidade: o ato administrativo deve estar dirigido
ao interesse público. O intuito da atividade do administra- Art. 114. A administração é obrigada a fornecer a qual-
dor deve ser o bem comum, o atendimento aos reclamos quer cidadão, para a defesa de seus direitos e esclareci-
da comunidade, pois esta é sua função. mentos de situações de seu interesse pessoal, no prazo
c) Motivação: trata-se da indicação formal das razões máximo de dez dias úteis, certidão de atos, contratos,
que levaram ao ato administrativo. O administrador, sem- decisões ou pareceres, sob pena de responsabilidade da
pre que possa, deve expressar as situações de fato que o autoridade ou servidor  que negar ou retardar a sua
levaram a emitir a vontade, tornando o ato administrativo
expedição. No mesmo prazo deverá atender às requisições
o mais transparente possível.
judiciais, se outro não for fixado pela autoridade judiciária.
d) Interesse público: o princípio da supremacia do
Associa o princípio da publicidade ao que irá prever a
interesse público volta-se à necessidade de que as ati-
lei do acesso à informação, o que será estudado adiante.
vidades administrativas sejam desenvolvidas pelo Estado
em benefício da coletividade. Logo, olha-se primeiro para
Art. 115. Para a organização da administração pú-
o interesse do todo, do grupo social, e depois para o do
blica direta e indireta, inclusive as fundações instituídas
indivíduo, o que não significa que os direitos deste pos-
ou mantidas por qualquer dos Poderes do Estado, é obriga-
sam ser arbitrariamente violados.
tório o cumprimento das seguintes normas: 
Art. 111-A. É vedada a nomeação de pessoas que se I - os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
enquadram nas condições de inelegibilidade nos ter- veis aos brasileiros que preenchem os requisitos estabele-
mos da legislação federal para os cargos de Secretário cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
de Estado, Secretário-Adjunto, Produrador Geral de Jus- II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
tiça, Procurador Geral do Estado, Defensor Público Geral, de de aprovação prévia, em concurso público de provas
Superintendentes e Diretores de órgãos da administração ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para
pública indireta, fundacional, de agências reguladoras e cargo em comissão, declarado em lei, de livre nomeação
autarquias, Delegado Geral de Polícia, Reitores das univer- e exoneração; 
sidades públicas estaduais e ainda para todos os cargos de Cargo em comissão é o cargo em confiança, ou seja,
livre provimento dos poderes Executivo, Legislativo e Judi- aquele que, por guardar uma relação de necessária con-
ciário do Estado.  fiança entre o nomeante e o nomeado permite que o pri-
A Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, meiro escolha o segundo, independentemente de aprova-
altera a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, ção em concurso público.
que estabelece, de acordo com o § 9º do art. 14 da Cons- III - o prazo de validade do concurso público será de
tituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de ces- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
sação e determina outras providências, para incluir hipó- A nomeação do candidato aprovado obedecerá à ordem de
teses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade classificação; 
administrativa e a moralidade no exercício do mandato. IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
de convocação, o aprovado em concurso público de pro-
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
ris, 2010. na carreira; 

44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente §3º A inobservância do disposto nos incisos II, III e IV
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em deste artigo implicará a nulidade do ato e a punição da
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira autoridade responsável, nos termos da lei. 
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, §4º As pessoas jurídicas de direito público e as de
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e direito privado, prestadoras de serviços públicos, res-
assessoramento;  ponderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
associação sindical, obedecido o disposto no artigo 8º da regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
Constituição Federal;  culpa. 
“A liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
A palavra responsabilidade vem do latim re-spondere,
de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém poderá
que traz a ideia de segurança ou garantia de restituição
ser compelido a associar-se e, uma vez associado, será livre,
também, para decidir se permanece associado ou não”59. ou compensação de um bem sacrificado. Assim, remete
VII - o servidor e empregado público gozarão de es- ao significado de recomposição, restituição, ressarcimen-
tabilidade no cargo ou emprego desde o registro de sua to.
candidatura para o exercício de cargo de representação sin- O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
dical ou no caso previsto no inciso XXIII deste artigo, até um grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
ano após o término do mandato, se eleito, salvo se co- consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
meter falta grave definida em lei;  que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
VIII - o direito de greve será exercido nos termos e nos pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
limites definidos em lei específica;  nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
IX - a lei reservará percentual dos cargos e empregos que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
públicos para os portadores de deficiências, garantindo decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.
as adaptações necessárias para a sua participação nos con- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
cursos públicos e definirá os critérios de sua admissão;  podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem- os limites da herança, embora existam reflexos na ação
po determinado, para atender a necessidade temporária de que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
excepcional interesse público;  na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
[...]
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
XVIII - é vedada a acumulação remunerada de car-
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
gos públicos, exceto quando houver compatibilidade de
horários:  Genericamente, os elementos da responsabilidade ci-
a) de dois cargos de professor;  vil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que,
b) de um cargo de professor com outro técnico ou por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
científico;  dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;  Este é o artigo central do instituto da responsabili-
XIX - a proibição de acumular estende-se a empregos dade civil, que tem como elementos: ação ou omissão
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públi- voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como
cas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder cometer uma violação de direito e culpa é a falta de di-
Público;  ligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a
[...] ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o pre-
XXIV - é obrigatória a declaração pública de bens, an- juízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou co-
tes da posse e depois do desligamento, de todo o dirigente de letivo, moral ou material, econômico e não econômico)60.
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia e Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsa-
fundação instituída ou mantida pelo Poder Público; 
bilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
[...]
dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos
XXVI - ao servidor público que tiver sua capacidade de
trabalho reduzida em decorrência de acidente de traba- que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de in-
lho ou doença do trabalho será garantida a transferência denizar os membros da sociedade pelos danos que seus
para locais ou atividades compatíveis com sua situação;  agente causem durante a prestação do serviço, questão
XXVII - é vedada a estipulação de limite de idade que é disciplinada de forma específica, fugindo um pou-
para ingresso por concurso público na administração dire- co dos elementos genéricos do Código Civil.
ta, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia Assim, responsabilidade civil do Estado é a obrigação
e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, res- atribuída ao poder público de indenizar os danos causa-
peitando-se apenas o limite constitucional para aposentado- dos a terceiros pelos seus agentes agindo nesta qualida-
ria compulsória;  de, ou seja, quando estão desempenhando suas funções.
[...]
59 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional 60 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabili-
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. dade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Predomina que tratando-se de ato omissivo do poder
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de público, a responsabilidade civil por tal ato converte-se em
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência,
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). Vale efe- não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado
tuar um estudo decomposto do conceito: que pode ser atribuída ao serviço público, de forma ge-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial nérica, a falta do serviço. Esta é uma rara exceção à teoria
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano da responsabilidade objetiva aplicada ao Estado no que
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- tange ao dever de indenizar os danos causados por seus
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os agentes.
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, Mas afinal, como o Estado poderá se eximir do de-
infelizmente os assaltos são comuns e o Estado não res- ver de indenizar? Existem duas teorias que tratam desta
ponde por todo assalto que ocorra, a não ser que na cir- questão, a do risco integral, pela qual o Estado não poderá
cunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, invocar em sua defesa excludentes ou atenuantes de res-
como no caso de uma viatura presente no local). ponsabilidade, e a teoria do risco administrativo, ora vi-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- gente no Brasil, pela qual o Estado somente responde por
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por danos efetivamente causados a terceiros, ou seja, poderá
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os invocar em sua defesa as excludentes ou atenuantes de
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- responsabilidade (caso fortuito - circunstância provoca-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em da por fatos humanos que interfere na conduta de outros
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). indivíduos, p. ex. uma greve; força maior - circunstância
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta provocada por fatos da natureza que interfere na condu-
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão ta de outros indivíduos, p. ex. inundação ou terremoto; e
das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
culpa da vítima - exclusiva responsabilidade da vítima pelo
cular.
dano que sofreu, p. ex. uma pessoa que entra na contra-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
mão e colide com veículo oficial sofrendo dano).
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano. Assim,
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As pes-
não é qualquer dano que permite a responsabilização ci-
soas jurídicas de direito público e as de direito privado
vil do Estado, mas somente aquele que é causado por um
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
agente público no exercício de suas funções e que exceda
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado.
assegurado o direito de regresso contra o responsável
Historicamente, no início se pregava uma irresponsabi-
nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa clara a for-
lidade do Estado, posição predominante no auge do abso-
lutismo europeu. Era a chamada teoria do The king can do mação de uma relação jurídica autônoma entre o Estado
no wrong (O rei não pode fazer nada errado). Se o Estado e o agente público que causou o dano no desempenho
nunca poderia errar, lógico que não seria responsabilizado de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil
por nenhum ato. será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa
Após, passou-se à teoria da responsabilidade subjetiva, do agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente
justamente aquela que vigora como regra entre os particu- condenado a reparar. Direito de regresso é justamente o
lares pela disciplina do Código Civil. Segundo ela, o Esta- direito de acionar o causador direto do dano para obter de
do poderia ser acionado, mas quem sofreu o dano deveria volta aquilo que pagou à vítima, considerada a existência
provar a culpa. Caberia contra o serviço estatal não pres- de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima e
tado ou prestado de forma deficiente, causando o dano. a instituição que o agente compõe.
A frase que define a teoria é Faute du Service, expressão Vale destacar que a disciplina da responsabilidade civil
francesa que significa falta do serviço. Contudo, era muito do Estado se aplica não só às pessoas jurídicas de direito
difícil para o cidadão que sofreu o dano provar a culpa do público da administração direta, mas também a todas em-
agente público em detalhes, de forma que geralmente o presas privadas que prestem serviços públicos e a todas
dever de indenizar existia na teoria mas não na prática - o pessoas da administração indireta.
Estado era geralmente absolvido. Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
Então, chegou-se à moderna teoria da responsabilida- te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
de objetiva, adotada na atualidade, baseada fundamental- agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
mente no nexo causal e não na culpa. Nexo causal é a re- foi pago à vítima.
lação de causa e efeito entre o fato já ocorrido e as conse- §5º As entidades da administração direta e indire-
quências dele resultantes. Basicamente, inverte-se o ônus ta, inclusive fundações instituídas ou mantidas pelo Po-
da prova, não cabendo à vítima provar a culpa do Estado, der Público, o Ministério Público, bem como os Poderes
mas a ele se eximir desta culpa. A vítima somente prova Legislativo e Judiciário, publicarão, até o dia trinta de abril
os elementos do dano, da ação ou omissão por parte do de cada ano, seu quadro de cargos e funções, preenchi-
agente público e do nexo causal. dos e vagos, referentes ao exercício anterior. 

46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§6º É vedada a percepção simultânea de proven- 3 - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
tos de aposentadoria decorrentes dos arts. 40, 42 e 142 nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
da Constituição Federal e dos arts. 126 e 138 desta Cons- cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
tituição com a remuneração de cargo, emprego ou função observadas as seguintes condições:
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão de- ção, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de
clarados em lei de livre nomeação e exoneração.  contribuição, se mulher;
§7º Não serão computadas, para efeito dos limites re- b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
muneratórios de que trata o inciso XII do caput deste arti- anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
go, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.  tempo de contribuição.
§8º Para os fins do disposto no inciso XII deste artigo e § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal, poderá ser ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
fixado no âmbito do Estado, mediante emenda à presen- neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
te Constituição, como limite único, o subsídio mensal dos se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noven- concessão da pensão.
ta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio § 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos De- munerações utilizadas como base para as contribuições
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este
putados Estaduais. 
artigo e o art. 201 da Constituição Federal, na forma da lei.
§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
CAPÍTULO II
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
Dos Servidores Públicos do Estado
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
SEÇÃO I
vidores:
Dos Servidores Públicos Civis
1 - portadores de deficiência;
2 - que exerçam atividades de risco;
Artigo 124 - Os servidores da administração pública di- 3 - cujas atividades sejam exercidas sob condições espe-
reta, das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
pelo Poder Público terão regime jurídico único e planos § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
de carreira. serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no
[...] § 1º, 3, “a”, para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na edu-
Artigo 125 - O exercício do mandato eletivo por ser- cação infantil e no ensino fundamental e médio.
vidor público far-se-á com observância do art. 38 da Cons- § 6º - Declarado inconstitucional, em controle concen-
tituição Federal. trado, pelo Supremo Tribunal Federal;
§ 1º - Fica assegurado ao servidor público, eleito para § 6º A - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
ocupar cargo em sindicato de categoria, o direito de afastar- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
se de suas funções, durante o tempo em que durar o man- a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-
dato, recebendo seus vencimentos e vantagens, nos termos me de previdência previsto neste artigo.
da lei. § 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
§ 2º - O tempo de mandato eletivo será computado para são por morte, que será igual:
fins de aposentadoria especial. 1 - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
Artigo 126 - Aos servidores titulares de cargos efetivos do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, é asse- da Constituição Federal, acrescido de setenta por cento da
gurado regime de previdência de caráter contributivo e parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do
solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, óbito; ou
dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observa- 2 - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
e o disposto neste artigo. máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
§ 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previ- previdência social de que trata o art. 201 da Constituição
dência de que trata este artigo serão aposentados: Federal, acrescido de setenta por cento da parcela excedente
1 - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- a este limite, caso em atividade na data do óbito.
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de § 8º - Declarado inconstitucional, em controle concen-
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, trado, pelo Supremo Tribunal Federal;
contagiosa ou incurável, na forma da lei; § 8º A - É assegurado o reajustamento dos benefícios
2 - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
proventos proporcionais ao tempo de contribuição; conforme critérios estabelecidos em lei.

47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou § 20 - Fica vedada a existência de mais de um regi-


municipal será contado para efeito de aposentadoria e o me próprio de previdência social para os servidores titula-
tempo de serviço correspondente para efeito de disponi- res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
bilidade. respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dispos-
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de to no art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal.
contagem de tempo de contribuição fictício. § 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidi-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 115, XII, desta rá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
Constituição e do art. 37, XI, da Constituição Federal à soma de pensão que superem o dobro do limite máximo estabele-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- cido para os benefícios do regime geral de previdência social
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos, de que trata o art. 201 da Constituição Federal, quando o
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca-
o regime geral de previdência social, e ao montante resul- pacitante.
tante da adição de proventos de inatividade com remunera- § 22 - O servidor, após noventa dias decorridos da
ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo apresentação do pedido de aposentadoria voluntária, ins-
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- truído com prova de ter completado o tempo de contribuição
ção, e de cargo eletivo. necessário à obtenção do direito, poderá cessar o exercício
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de pre- da função pública, independentemente de qualquer for-
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo malidade.
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
para o regime geral de previdência social. Artigo 127 - Aplica-se aos servidores públicos estaduais,
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo para efeito de estabilidade, o disposto no art. 41 da Cons-
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- tituição Federal.
ção bem como de outro cargo temporário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência social. Artigo 128 - As vantagens de qualquer natureza só po-
§ 14 - O Estado, desde que institua regime de previ- derão ser instituídas por lei e quando atendam efetiva-
dência complementar para os seus respectivos servidores
mente ao interesse público e às exigências do serviço.
titulares de cargo efetivo, poderá fixar, para o valor das apo-
sentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
Artigo 129 - Ao servidor público estadual é assegurado o
que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os
percebimento do adicional por tempo de serviço, conce-
benefícios do regime geral de previdência social de que trata
dido no mínimo, por quinquênio, e vedada a sua limitação,
o art. 201 da Constituição Federal.
bem como a sexta-parte dos vencimentos integrais, conce-
§ 15 - O regime de previdência complementar de que
dida aos vinte anos de efetivo exercício, que se incorporarão
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pa- aos vencimentos para todos os efeitos, observado o disposto
rágrafos, da Constituição Federal, no que couber, por inter- no artigo 115, XVI, desta Constituição.
médio de entidades fechadas de previdência complementar,
de natureza pública, que oferecerão aos respectivos partici- Artigo 130 - Ao servidor será assegurado o direito de
pantes planos de benefícios somente na modalidade de con- remoção para igual cargo ou função, no lugar de residên-
tribuição definida. cia do cônjuge, se este também for servidor e houver vaga,
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o nos termos da lei.
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se tam-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação bém ao servidor cônjuge de titular de mandato eletivo esta-
do ato de instituição do correspondente regime de previdên- dual ou municipal.
cia complementar.
§ 17 - Todos os valores de remuneração considerados Artigo 131 - O Estado responsabilizará os seus servi-
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- dores por alcance e outros danos causados à adminis-
mente atualizados, na forma da lei. tração, ou por pagamentos efetuados em desacordo com
§ 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- as normas legais, sujeitando-os ao sequestro e perdimento
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata dos bens, nos termos da lei.
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata Artigo 132 - Os servidores titulares de cargos efetivos
o art. 201 da Constituição Federal, com percentual igual ao do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, desde que
estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. tenham completado cinco anos de efetivo exercício, terão
§ 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha computado, para efeito de aposentadoria, nos termos da lei,
completado as exigências para aposentadoria voluntária es- o tempo de contribuição ao regime geral de previdên-
tabelecidas no § 1º, 3, “a”, e que opte por permanecer em cia social decorrente de atividade de natureza privada,
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente rural ou urbana, hipótese em que os diversos sistemas de
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar previdência social se compensarão financeiramente, segun-
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no do os critérios estabelecidos em lei.
§ 1º, 2.

48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 133 - O servidor, com mais de cinco anos de efe- CAPÍTULO III
tivo exercício, que tenha exercido ou venha a exercer cargo Da Segurança Pública
ou função que lhe proporcione remuneração superior à do
cargo de que seja titular, ou função para a qual foi admiti- SEÇÃO I
do, incorporará um décimo dessa diferença, por ano, até Disposições Gerais
o limite de dez décimos.
- A expressão “a qualquer título”, que integrava o dis- Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, di-
positivo, teve a sua execução suspensa pela Resolução nº reito e responsabilidade de todos, é exercida para a
51, de 13/07/2005, do Senado Federal. preservação da ordem pública e incolumidade das pes-
soas e do patrimônio.
Artigo 134 - O servidor, durante o exercício do mandato § 1º - O Estado manterá a Segurança Pública por
de vereador, será inamovível. meio de sua polícia, subordinada ao Governador do Es-
tado.
Artigo 135 - Ao servidor público titular de cargo efetivo § 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia
do Estado será contado, como efetivo exercício, para efeito Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
de aposentadoria e disponibilidade, o tempo de contribui- § 3º - A Polícia Militar, integrada pelo Corpo de
ção decorrente de serviço prestado em cartório não ofi- Bombeiros, é força auxiliar, reserva do Exército.
cializado, mediante certidão expedida pela Corregedoria-
Geral da Justiça. [...]

Artigo 136 - O servidor público civil demitido por ato SEÇÃO III
administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação refe- Da Polícia Militar
rente ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado ao
serviço público, com todos os direitos adquiridos. Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão permanente, in-
cumbem, além das atribuições definidas em lei, a polícia
Artigo 137 - A lei assegurará à servidora gestante mu- ostensiva e a preservação da ordem pública.
dança de função, nos casos em que for recomendado, sem § 1º - O Comandante Geral da Polícia Militar será
prejuízo de seus vencimentos ou salários e demais vantagens nomeado pelo Governador do Estado dentre oficiais da
ativa, ocupantes do último posto do Quadro de Oficiais
do cargo ou função-atividade.
Policiais Militares, conforme dispuser a lei, devendo fazer
declaração pública de bens no ato da posse e de sua
SEÇÃO II
exoneração.
Dos Servidores Públicos Militares
§ 2º - Lei Orgânica e Estatuto disciplinarão a orga-
nização, o funcionamento, direitos, deveres, vantagens
Artigo 138 - São servidores públicos militares esta-
e regime de trabalho da Polícia Militar e de seus inte-
duais os integrantes da Polícia Militar do Estado.
grantes, servidores militares estaduais, respeitadas as leis
§ 1º - Aplica-se, no que couber, aos servidores a que se
federais concernentes.
refere este artigo, o disposto no art. 42 da Constituição § 3º - A criação e manutenção da Casa Militar e As-
Federal. sessorias Militares somente poderão ser efetivadas nos
§ 2º - Naquilo que não colidir com a legislação espe- termos em que a lei estabelecer.
cífica, aplica-se aos servidores mencionados neste artigo o § 4º - O Chefe da Casa Militar será escolhido pelo
disposto na seção anterior. Governador do Estado entre oficiais da ativa, ocupantes
§ 3º - O servidor público militar demitido por ato ad- do último posto do Quadro de Oficiais Policiais Militares.
ministrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referen-
te ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado à Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atri-
Corporação com todos os direitos restabelecidos. buições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
§ 4º - O oficial da Polícia Militar só perderá o posto e a de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento
patente se for julgado indigno do Oficialato ou com ele definidos na legislação prevista no § 2º do artigo anterior.
incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça Militar
do Estado.
§ 5º - O oficial condenado na Justiça comum ou mi-
litar à pena privativa de liberdade superior a dois anos,
por sentença transitada em julgado, será submetido ao jul-
gamento previsto no parágrafo anterior.
§ 6º - O direito do servidor militar de ser transferido
para a reserva ou ser reformado será assegurado, ainda
que respondendo a inquérito ou processo em qualquer juris-
dição, nos casos previstos em lei específica.

49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 4° – O Poder Público adequará as escolas e tomará


2.4. TÍTULO VII – DA ORDEM SOCIAL: as medidas necessárias quando da construção de novos
CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA prédios, visando promover a acessibilidade das pessoas
E DOS ESPORTES E LAZER: SEÇÃO I – DA com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a
EDUCAÇÃO: ARTIGOS 237 A 249 E 251 A 258; supressão de barreiras e obstáculos nos espaços e mobi-
CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO ESPECIAL: liários.
SEÇÃO I – DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
Artigo 240 - Os Municípios responsabilizar-se-ão
ADOLESCENTE, DO JOVEM, DO IDOSO E DOS prioritariamente pelo ensino fundamental, inclusive
PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, e pré
-escolar, só podendo atuar nos níveis mais elevados quando
a demanda naqueles níveis estiver plena e satisfatoriamente
CAPÍTULO III atendida, do ponto de vista qualitativo e quantitativo.
Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer
Artigo 241 - O Plano Estadual de Educação, estabe-
SEÇÃO I lecido em lei, é de responsabilidade do Poder Público
Da Educação Estadual, tendo sua elaboração coordenada pelo Executivo,
consultados os órgãos descentralizados do Sistema Estadual
Artigo 237 - A educação, ministrada com base nos prin- de Ensino, a comunidade educacional, e considerados os
cípios estabelecidos no artigo 205 e seguintes da Constitui- diagnósticos e necessidades apontados nos Planos Munici-
ção Federal e inspirada nos princípios de liberdade e solida- pais de Educação.
riedade humana, tem por fim:
I - a compreensão dos direitos e deveres da pessoa hu- Artigo 242 - O Conselho Estadual de Educação é ór-
mana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos gão normativo, consultivo e deliberativo do sistema de
que compõem a comunidade; ensino do Estado de São Paulo, com suas atribuições, orga-
II - o respeito à dignidade e às liberdades fundamen- nização e composição definidas em lei.
tais da pessoa humana;
III - o fortalecimento da unidade nacional e da solida- Artigo 243 - Os critérios para criação de Conselhos Re-
riedade internacional; gionais e Municipais de Educação, sua composição e atribui-
IV - o desenvolvimento integral da personalidade hu- ções, bem como as normas para seu funcionamento, serão
mana e a sua participação na obra do bem comum; estabelecidos e regulamentados por lei.
V - o preparo do indivíduo e da sociedade para o do-
mínio dos conhecimentos científicos e tecnológicos que lhes Artigo 244 - O ensino religioso, de matrícula faculta-
permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades tiva, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
do meio, preservando-o; públicas de ensino fundamental.
VI - a preservação, difusão e expansão do patrimônio
cultural; Artigo 245 - Nos três níveis de ensino será estimulada
VII - a condenação a qualquer tratamento desigual a prática de esportes individuais e coletivos, como com-
por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem plemento à formação integral do indivíduo.
como a quaisquer preconceitos de classe, raça ou sexo; Parágrafo Único - A prática referida no “caput”, sempre
VIII - o desenvolvimento da capacidade de elabora- que possível, será levada em conta em face das necessidades
ção e reflexão crítica da realidade. dos portadores de deficiências.

Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios
Estado de São Paulo, levando em conta o princípio da des- públicos estaduais, para o funcionamento de estabeleci-
centralização. mentos de ensino privado de qualquer natureza.

Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos,
Estadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e moda- integrada ao sistema de ensino, respeitará as característi-
lidades, incluindo a especial, estabelecendo normas gerais cas próprias dessa faixa etária.
de funcionamento para as escolas públicas estaduais e mu-
nicipais, bem como para as particulares. Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado
§ 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sis- será responsável pela definição de normas, autorização
temas de ensino. de funcionamento, supervisão e fiscalização das creches
§ 2º - O Poder Público oferecerá atendimento especia- e pré-escolas públicas e privadas no Estado.
lizado aos portadores de deficiências, preferencialmente na Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de
rede regular de ensino. ensino estejam organizados, será delegada competência
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscaliza- para autorizar o funcionamento e supervisionar as institui-
ção, controle e avaliação, na forma da lei. ções de educação das crianças de zero a seis anos de idade.

50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de II - representação e participação de todos os segmentos
duração, é obrigatório para todas as crianças, a partir da comunidade interna nos órgãos decisórios e na escolha
dos sete anos de idade, visando a propiciar formação bási- de dirigentes, na forma de seus estatutos.
ca e comum indispensável a todos. § 1º - A lei criará formas de participação da sociedade,
§ 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo por meio de instâncias públicas externas à universidade, na
o território paulista, de vagas em número suficiente para avaliação do desempenho da gestão dos recursos.
atender à demanda do ensino fundamental obrigatório e § 2º - É facultado às universidades admitir professores,
gratuito. técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
§ 2º - A atuação da administração pública estadual no § 3º - O disposto neste artigo aplica-se às instituições
ensino público fundamental dar-se-á por meio de rede de pesquisa científica e tecnológica.
própria ou em cooperação técnica e financeira com os Mu-
nicípios, nos termos do artigo 30, VI, da Constituição Fede- Artigo 255 - O Estado aplicará, anualmente, na manu-
ral, assegurando a existência de escolas com corpo técnico tenção e no desenvolvimento do ensino público, no míni-
qualificado e elevado padrão de qualidade, devendo ser mo, trinta por cento da receita resultante de impostos, in-
definidas com os Municípios formas de colaboração, de cluindo recursos provenientes de transferências.
modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. Parágrafo único - A lei definirá as despesas que se ca-
§ 3º - O ensino fundamental público e gratuito será racterizem como manutenção e desenvolvimento do ensino.
também garantido aos jovens e adultos que, na idade pró-
pria, a ele não tiveram acesso, e terá organização adequada Artigo 256 - O Estado e os Municípios publicarão, até
às características dos alunos. trinta dias após o encerramento de cada trimestre, informa-
§ 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino funda- ções completas sobre receitas arrecadadas e transferências
mental diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às de recursos destinados à educação nesse período e discrimi-
condições de vida do educando que já tenha ingressado no nadas por nível de ensino.
mercado de trabalho.
§ 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a
Artigo 257 - A distribuição dos recursos públicos asse-
partir dos seis anos de idade, desde que plenamente aten-
gurará prioridade ao atendimento das necessidades do
dida a demanda das crianças de sete anos de idade.
ensino fundamental.
Parágrafo único - Parcela dos recursos públicos destina-
[...]
dos à educação deverá ser utilizada em programas integra-
dos de aperfeiçoamento e atualização para os educadores
Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos profis-
em exercício no ensino público.
sionais de ensino, mediante a fixação de planos de carreira
para o Magistério Público, com piso salarial profissional, car-
ga horária compatível com o exercício das funções e ingresso Artigo 258 - O Poder Público poderá, mediante convê-
exclusivamente por concurso público de provas e títulos. nio, destinar parcela dos recursos de que trata o artigo 255
a instituições filantrópicas, definidas em lei, para a ma-
Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de nutenção e o desenvolvimento de atendimento educacional,
ensino superior, articulado com os demais níveis. especializado e gratuito a educandos portadores de ne-
Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Es- cessidades especiais.
tado de São Paulo incluirá universidades e outros estabele-
cimentos. [...]

Artigo 253 - A organização do sistema de ensino supe- CAPÍTULO VII


rior do Estado será orientada para a ampliação do número Da Proteção Especial
de vagas oferecidas no ensino público diurno e noturno,
respeitadas as condições para a manutenção da qualidade SEÇÃO I
de ensino e do desenvolvimento da pesquisa. Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem,
Parágrafo único - As universidades públicas estaduais do Idoso e dos Portadores de Deficiências
deverão manter cursos noturnos que, no conjunto de suas
unidades, correspondam a um terço pelo menos do total das Artigo 277 – Cabe ao Poder Público, bem como à famí-
vagas por elas oferecidas. lia, assegurar à criança, ao adolescente, ao jovem, ao idoso e
aos portadores de deficiências, com absoluta prioridade, o
Artigo 254 - A autonomia da universidade será exer- direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
cida respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
democratização do ensino e a responsabilidade pública liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
da instituição, observados os seguintes princípios: colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimina-
I - utilização dos recursos de forma a ampliar o atendi- ção, exploração, violência, crueldade e agressão.
mento à demanda social, tanto mediante cursos regulares Parágrafo único - O direito à proteção especial, con-
quanto atividades de extensão; forme a lei, abrangerá, entre outros, os seguintes aspectos:

51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1 - Garantia à criança e ao adolescente de conheci- I - criação de centros profissionalizantes para treina-


mento formal do ato infracional que lhe seja atribuído, mento, habilitação e reabilitação profissional de portadores
de igualdade na relação processual, representação legal, de deficiências, oferecendo os meios adequados para esse
acompanhamento psicológico e social e defesa técnica por fim aos que não tenham condições de frequentar a rede re-
profissionais habilitados; gular de ensino;
2 - obrigação de empresas e instituições, que recebam II - implantação de sistema “Braille” em estabelecimen-
do Estado recursos financeiros para a realização de progra- tos da rede oficial de ensino, em cidade polo regional, de
mas, projetos e atividades culturais, educacionais, de forma a atender às necessidades educacionais e sociais dos
lazer e outros afins, de preverem o acesso e a participação portadores de deficiências.
de portadores de deficiências. Parágrafo único - As empresas que adaptarem seus
equipamentos para o trabalho de portadores de deficiências
Artigo 278 - O Poder Público promoverá programas poderão receber incentivos, na forma da lei.
especiais, admitindo a participação de entidades não go-
vernamentais e tendo como propósito: Artigo 280 - É assegurado, na forma da lei, aos porta-
I - assistência social e material às famílias de baixa ren- dores de deficiências e aos idosos, acesso adequado aos
da dos egressos de hospitais psiquiátricos do Estado, até sua logradouros e edifícios de uso público, bem como aos veí-
reintegração na sociedade; culos de transporte coletivo urbano.
II - concessão de incentivo às empresas para adequação
de seus equipamentos, instalações e rotinas de trabalho aos Artigo 281 - O Estado propiciará, por meio de finan-
portadores de deficiências; ciamentos, aos portadores de deficiências, a aquisição dos
III - garantia às pessoas idosas de condições de vida equipamentos que se destinam a uso pessoal e que per-
apropriadas, freqüência e participação em todos os equi- mitam a correção, diminuição e superação de suas li-
pamentos, serviços e programas culturais, educacionais, es- mitações, segundo condições a serem estabelecidas em lei.
portivos, recreativos e de lazer, defendendo sua dignidade e
visando à sua integração à sociedade;
IV - integração social de portadores de deficiências, me-
diante treinamento para o trabalho, convivência e facilita- 2.5. TÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES
ção do acesso aos bens e serviços coletivos; CONSTITUCIONAIS GERAIS:
V - criação e manutenção de serviços de prevenção, ARTIGOS 284 A 291.
orientação, recebimento e encaminhamento de denúncias
referentes à violência;
VI - instalação e manutenção de núcleos de atendimen-
to especial e casas destinadas ao acolhimento provisório de TÍTULO VIII
crianças, adolescentes, idosos, portadores de deficiências e Disposições Constitucionais Gerais
vítimas de violência, incluindo a criação de serviços jurídicos
de apoio às vítimas, integrados a atendimento psicológico e Artigo 284 - O Estado comemorará, anualmente, no pe-
social; ríodo de 3 a 9 de julho, a Revolução Constitucionalista
VII - nos internamentos de crianças com até doze anos de 1932.
nos hospitais vinculados aos órgãos da administração direta
ou indireta, é assegurada a permanência da mãe, também Artigo 285 - Fica assegurado a todos livre e amplo
nas enfermarias, na forma da lei. acesso às praias do litoral paulista.
VIII - prestação de orientação e informação sobre a se- § 1º - Sempre que, de qualquer forma, for impedido ou
xualidade humana e conceitos básicos da instituição da fa- dificultado esse acesso, o Ministério Público tomará ime-
mília, sempre que possível, de forma integrada aos conteú- diata providência para a garantia desse direito.
dos curriculares do ensino fundamental e médio; § 2º - O Estado poderá utilizar-se da desapropriação
IX - criação e manutenção de serviços e programas de para abertura de acesso a que se refere o “caput”.
prevenção e orientação contra entorpecentes, álcool e dro-
gas afins, bem como de encaminhamento de denúncias e Artigo 286 - Fica assegurada a criação de creches nos
atendimento especializado, referentes à criança, ao adoles- presídios femininos e, às mães presidiárias, a adequada
cente, ao adulto e ao idoso dependentes. assistência aos seus filhos durante o período de amamen-
tação.
Artigo 279 - Os Poderes Públicos estadual e municipal
assegurarão condições de prevenção de deficiências, com Artigo 287 - A lei disporá sobre a instituição de inde-
prioridade para a assistência pré-natal e à infância, nização compensatória a ser paga, em caso de exoneração
bem como integração social de portadores de deficiências, ou dispensa, aos servidores públicos ocupantes de cargos e
mediante treinamento para o trabalho e para a convivência, funções de confiança ou cargo em comissão, bem como aos
mediante: que a lei declarar de livre exoneração.

52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único – A indenização referida no “caput” não Parágrafo único. As suas disposições, exceto no que
se aplica aos servidores públicos que, exonerados ou dis- colidirem com a legislação especial, aplicam-se aos fun-
pensados do cargo ou função de confiança ou de livre exo- cionários dos 3 Poderes do Estado e aos do Tribunal de
neração, retornem à sua função-atividade ou ao seu cargo Contas do Estado.
efetivo.
* ADIN 326-7 – DECLARADA A INCONSTITUCIONALI- Art. 2º As disposições desta lei não se aplicam aos em-
DADE DO ART. 287 E SEU PARÁGRAFO ÚNICO. pregados das autarquias, entidades paraestatais e servi-
ços públicos de natureza industrial, ressalvada a situação
Artigo 288 - É assegurada a participação dos servidores daqueles que, por lei anterior, já tenham a qualidade de fun-
públicos nos colegiados e diretorias dos órgãos públicos cionário público.
em que seus interesses profissionais, de assistência médica Parágrafo único. Os direitos, vantagens e regalias dos
e previdenciários sejam objeto de discussão e delibera- funcionários públicos só poderão ser estendidos aos empre-
ção, na forma da lei. gados das entidades a que se refere este Art. na forma e
condições que a lei estabelecer.
Artigo 289 - O Estado criará crédito educativo, por
meio de suas entidades financeiras, para favorecer os estu- Art. 3º Funcionário público, para os fins deste Estatuto,
dantes de baixa renda, na forma que dispuser a lei. é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Artigo 290 - Toda e qualquer pensão paga pelo Estado, Art. 4º  Cargo público é o conjunto de atribuições e
a qualquer título, não poderá ser de valor inferior ao do responsabilidades cometidas a um funcionário.
salário mínimo vigente no País.
Art. 5º Os cargos públicos são isolados ou de carreira.
Artigo 291 - Todos terão o direito de, em caso de con-
denação criminal, obter das repartições policiais e judiciais Art. 6º Aos cargos públicos serão atribuídos valores de-
competentes, após reabilitação, bem como no caso de in- terminados por referências numéricas, seguidas de letras
quéritos policiais arquivados, certidões e informações em ordem alfabética, indicadoras de graus.
de folha corrida, sem menção aos antecedentes, salvo Parágrafo único. O conjunto de referência e grau cons-
em caso de requisição judicial, do Ministério Público, ou para titui o padrão do cargo.
fins de concurso público.
Parágrafo único - Observar-se-á o disposto neste artigo Art. 7º Classe é o conjunto de cargos da mesma de-
quando o interesse for de terceiros. nominação.

Art. 8º Carreira é o conjunto de classes da mesma na-


tureza de trabalho, escalonadas segundo o nível de comple-
3. LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 xidade e o grau de responsabilidade.
– ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
CIVIS DO ESTADO. Art. 9º Quadro é o conjunto de carreiras e de cargos
isolados.

Art. 10. É vedado atribuir ao funcionário serviços di-


LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 versos dos inerentes ao seu cargo, exceto as funções de
(Atualizada até a Lei Complementar nº 1.199, de chefia e direção e as comissões legais.
22 de maio de 2013)
TÍTULO II
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA
do Estado DOS CARGOS PÚBLICOS

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: CAPÍTULO I


Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu Do Provimento
promulgo a seguinte lei:
Art. 11. Os cargos públicos serão providos por:
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS I - nomeação;
DO ESTADO II - transferência;
III - reintegração;
TÍTULO I IV - acesso;
Disposições Preliminares V - reversão;
VI - aproveitamento; e
Art. 1º Esta lei institui o regime jurídico dos funcioná- VII - readmissão.
rios públicos civis do Estado.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 12. Não havendo candidato habilitado em con- Art. 19. As instruções especiais poderão determinar que
curso, os cargos vagos, isolados ou de carreira, só poderão a execução do concurso, bem como a classificação dos habi-
ser ocupados no regime da legislação trabalhista, até o litados, seja feita por regiões.
prazo máximo de 2 (dois) anos, considerando-se findo o
contrato após esse período, vedada a recondução. Art. 20. A nomeação obedecerá à ordem de classifica-
ção no concurso.
CAPÍTULO II
Das Nomeações SUBSEÇÃO II
Das Provas de Habilitação
SEÇÃO I
Das Formas de Nomeação Art. 21. As provas de habilitação serão realizadas pelo
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferên-
Art. 13. As nomeações serão feitas: cia e de outras formas de provimento que não impliquem em
I - em caráter vitalício, nos casos expressamente pre- critério competitivo.
vistos na Constituição do Brasil; (Ministério Público e Ma-
gistratura) Art. 22. As normas gerais para realização das provas
II - em comissão, quando se tratar de cargo que em de habilitação serão estabelecidas em regulamento, obe-
virtude de lei assim deva ser provido; e decendo, no que couber, ao estabelecido para os concursos.
III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
provimento dessa natureza. CAPÍTULO III
Das Substituições
SEÇÃO II
Da Seleção de Pessoal Art. 23. Haverá substituição no impedimento legal e
temporário do ocupante de cargo de chefia ou de dire-
SUBSEÇÃO I ção.
Do Concurso Parágrafo único. Ocorrendo a vacância, o substituto
passará a responder pelo expediente da unidade ou órgão
Art. 14. A nomeação para cargo público de provimento correspondente até o provimento do cargo.
efetivo será precedida de concurso público de provas ou
de provas e títulos. Art. 24. A substituição, que recairá sempre em funcio-
Parágrafo único. As provas serão avaliadas na escala de nário público, quando não for automática, dependerá da
0 (zero) a 100 (cem) pontos e aos títulos serão atribuídos, expedição de ato de autoridade competente.
no máximo, 50 (cinquenta) pontos. § 1º  O substituto exercerá o cargo enquanto durar o
impedimento do respectivo ocupante.
Art. 15. A realização dos concursos será centralizada § 2º O substituto, durante todo o tempo em que exer-
num só órgão. cer a substituição terá direito a perceber o valor do padrão
e as vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substi-
Art. 16. As normas gerais para a realização dos concur- tuído e mais as vantagens pessoais a que fizer jus.
sos e para a convocação e indicação dos candidatos para o § 3º O substituto perderá, durante o tempo da subs-
provimento dos cargos serão estabelecidas em regulamen- tituição, o vencimento ou a remuneração e demais vanta-
to. gens pecuniárias inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo
não optar.
Art. 17. Os concursos serão regidos por instruções es-
peciais, expedidas pelo órgão competente. Art. 25. Exclusivamente para atender à necessidade de
serviço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que
Art. 18. As instruções especiais determinarão, em fun- tenham valores sob sua guarda, em caso de impedimento,
ção da natureza do cargo: serão substituídos por funcionários de sua confiança, que
I - se o concurso será: indicarem, respondendo a sua fiança pela gestão do substi-
1 - de provas ou de provas e títulos; e tuto.
2 - por especializações ou por modalidades profis- Parágrafo único. Feita a indicação, por escrito, ao chefe
sionais, quando couber; da repartição ou do serviço, este proporá a expedição do
II - as condições para provimento do cargo referentes a: ato de designação, aplicando-se ao substituto a partir da
1 - diplomas ou experiência de trabalho; data em que assumir as funções do cargo, o disposto nos
2 - capacidade física; e §§ 1º e 2º do art. 24.
3 - conduta;
III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de CAPÍTULO IV
títulos; Da Transferência
IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
V - os critérios de habilitação e de classificação; e Art. 26. O funcionário poderá ser transferido de um
VI - o prazo de validade do concurso. para outro cargo de provimento efetivo.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 27.  As transferências serão feitas a pedido do § 1º A reversão ex-officio será feita quando insubsis-
funcionário ou “ex-officio”, atendidos sempre a conve- tentes as razões que determinaram a aposentadoria por
niência do serviço e os requisitos necessários ao provi- invalidez.
mento do cargo. § 2º Não poderá reverter à atividade o aposentado que
contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade.
Art. 28. A transferência será feita para cargo do mesmo § 3º  No caso de reversão ex-officio, será permitido o
padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressal- reingresso além do limite previsto no parágrafo anterior.
vados os casos de transferência a pedido, em que o venci- § 4º A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspe-
mento ou a remuneração poderá ser inferior. ção médica, ficar comprovada a capacidade para o exercí-
cio do cargo.
Art. 29. A transferência por permuta se processará a re- § 5º Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
querimento de ambos os interessados e de acordo com o procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, de-
prescrito neste capítulo. corridos pelo menos 90 (noventa) dias.
§ 6º Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e
CAPÍTULO V cassada a aposentadoria do funcionário que reverter e não
Da Reintegração tomar posse ou não entrar em exercício dentro do prazo legal.

Art. 30. A reintegração é o reingresso no serviço público, Art. 36. A reversão far-se-á no mesmo cargo.
decorrente da decisão judicial passada em julgado, com § 1º Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o
ressarcimento de prejuízos resultantes do afastamento. aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de
vencimentos, respeitada a habilitação profissional.
Art. 31. A reintegração será feita no cargo anterior- § 2º A reversão a pedido, que será feita a critério da
mente ocupado e, se este houver sido transformado, no car- Administração, dependerá também da existência de cargo
go resultante. vago, que deva ser provido mediante promoção por mere-
§ 1º Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será cimento.
exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será recondu-
zido, sem direito a indenização. CAPÍTULO VIII
§ 2º  Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se Do Aproveitamento
fará em cargo equivalente, respeitada a habilitação profis-
sional, ou, não sendo possível, ficará o reintegrado em dispo- Art. 37. Aproveitamento é o reingresso no serviço públi-
nibilidade no cargo que exercia. co do funcionário em disponibilidade.

Art. 32. Transitada em julgado a sentença, será expe- Art. 38. O obrigatório aproveitamento do funcionário
dido o decreto de reintegração no prazo máximo de 30 em disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se
(trinta) dias. verificarem nos quadros do funcionalismo.
§ 1º O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível,
CAPÍTULO VI em cargo de natureza e padrão de vencimentos corres-
Do Acesso pondentes ao que ocupava, não podendo ser feito em cargo
de padrão superior.
Art. 33. Acesso é a elevação do funcionário, dentro do § 2º  Se o aproveitamento se der em cargo de padrão
respectivo quadro a cargo da mesma natureza de traba- inferior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário
lho, de maior grau de responsabilidade e maior comple- direito à diferença.
xidade de atribuições, obedecido o interstício na classe e as § 3º Em nenhum caso poderá efetuar-se o aproveitamen-
exigências a serem instituídas em regulamento. to sem que, mediante inspeção médica, fique provada a ca-
§ 1º Serão reservados para acesso os cargos cujas atribui- pacidade para o exercício do cargo.
ções exijam experiência prévia do exercício de outro cargo. § 4º Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
§ 2º  O acesso será feito mediante aferição do mérito procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, de-
dentre titulares de cargos cujo exercício proporcione a expe- corridos no mínimo 90 (noventa) dias.
riência necessária ao desempenho das atribuições dos cargos § 5º Será tornado sem efeito o aproveitamento e cas-
referidos no parágrafo anterior. sada a disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não
tomar posse e não entrar em exercício dentro do prazo
Art. 34.  Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o legal.
interstício para concorrer ao acesso. § 6º Será aposentado no cargo anteriormente ocupado,
o funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz
CAPÍTULO VII para o serviço público, em inspeção médica.
Da Reversão § 7º Se o aproveitamento se der em cargo de provi-
mento em comissão, terá o aproveitado assegurado, no
Art. 35. Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein- novo cargo, a condição de efetividade que tinha no cargo
gressa no serviço público a pedido ou ex-officio. anteriormente ocupado.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO IX CAPÍTULO XII


Da Readmissão Da Posse

Art. 39. Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcioná- Art. 46. Posse é o ato que investe o cidadão em cargo
rio, demitido ou exonerado, reingressa no serviço públi- público.
co, sem direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada,
apenas, a contagem de tempo de serviço em cargos anterio- Art. 47. São requisitos para a posse em cargo público:
res, para efeito de aposentadoria e disponibilidade. I - ser brasileiro;
§ 1º  A readmissão do ex-funcionário demitido será II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade;
obrigatoriamente precedida de reexame do respectivo III - estar em dia com as obrigações militares;
processo administrativo, em que fique demonstrado não IV - estar no gozo dos direitos políticos;
haver inconveniente, para o serviço público, na decretação V - ter boa conduta;
da medida. VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção rea-
lizada por órgão médico registrado no Conselho Regional
§ 2º  Observado o disposto no parágrafo anterior, se a
correspondente, para provimento de cargo em comissão;
demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmis-
VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
são não poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco)
VIII - ter atendido às condições especiais prescritas
anos do ato demissório.
para o cargo.
Parágrafo único. A deficiência da capacidade física,
Art. 40. A readmissão será feita no cargo anteriormen- comprovadamente estacionária, não será considerada im-
te exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no car- pedimento para a caracterização da capacidade psíqui-
go resultante da transformação. ca e somática a que se refere o item VI deste artigo, desde
que tal deficiência não impeça o desempenho normal das
CAPÍTULO X funções inerentes ao cargo de cujo provimento se trata.
Da Readaptação
Art. 48. São competentes para dar posse:
Art. 41. Readaptação é a investidura em cargo mais I - Os Secretários de Estado, aos diretores gerais, aos
compatível com a capacidade do funcionário e depende- diretores ou chefes das repartições e aos funcionários que
rá sempre de inspeção médica. lhes são diretamente subordinados; e
II - Os diretores gerais e os diretores ou chefes de
Art. 42. A readaptação não acarretará diminuição, repartição ou serviço, nos demais casos, de acordo com o
nem aumento de vencimento ou remuneração e será fei- que dispuser o regulamento.
ta mediante transferência.
Art. 49.  A posse verificar-se-á mediante a assinatura
CAPÍTULO XI de termo em que o funcionário prometa cumprir fielmen-
Da Remoção te os deveres do cargo.
Parágrafo único. O termo será lavrado em livro próprio
Art. 43. A remoção, que se processará a pedido do fun- e assinado pela autoridade que der posse.
cionário ou “ex-officio”, só poderá ser feita:
I - de uma para outra repartição, da mesma Secre- Art. 50. A posse poderá ser tomada por procuração
taria; e quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em co-
II - de um para outro órgão da mesma repartição. missão do Governo ou, em casos especiais, a critério da
autoridade competente.
Parágrafo único. A remoção só poderá ser feita respei-
tada a lotação de cada repartição.
Art. 51. A autoridade que der posse deverá verificar, sob
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condi-
Art. 44. A remoção por permuta será processada a re-
ções estabelecidas, em lei ou regulamento, para a investi-
querimento de ambos os interessados, com anuência dos dura no cargo.
respectivos chefes e de acordo com o prescrito neste Capí-
tulo. Art. 52.  A posse deverá verificar-se no prazo de 30
(trinta) dias, contados da data da publicação do ato de
Art. 45. O funcionário não poderá ser removido ou provimento do cargo, no órgão oficial.
transferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da § 1º O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado
localidade de sua residência, no período de 6 (seis) meses por mais 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado.
antes e até 3 (três) meses após a data das eleições. § 2º O prazo inicial para a posse do funcionário em fé-
Parágrafo único. Essa proibição vigorará no caso de rias ou licença, será contado da data em que voltar ao
eleições federais, estaduais ou municipais, isolada ou si- serviço.
multaneamente realizadas. § 3º Se a posse não se der dentro do prazo, será tornado
sem efeito o ato de provimento.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 53. A contagem do prazo a que se refere o artigo § 1º Os prazos previstos neste artigo poderão ser pror-
anterior poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses: rogados por 30 (trinta) dias, a requerimento do interessa-
I - por até 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão do e a juízo da autoridade competente.
médico oficial, a partir da data de apresentação do candi- § 2º  No caso de remoção, o prazo para exercício de
dato junto ao referido órgão para perícia de sanidade e funcionário em férias ou em licença, será contado da data
capacidade física, para fins de ingresso, sempre que a ins- em que voltar ao serviço.
peção médica exigir essa providência; § 3º No interesse do serviço público, os prazos previs-
II - por 30 (trinta) dias, mediante a interposição de re- tos neste artigo poderão ser reduzidos para determinados
curso pelo candidato contra a decisão do órgão médico cargos.
oficial. § 4º O funcionário que não entrar em exercício dentro
§ 1º O prazo a que se refere o inciso I deste artigo do prazo será exonerado.
recomeçará a correr sempre que o candidato, sem motivo
justificado, deixe de submeter-se aos exames médicos jul- Art. 61. Em caso de mudança de sede, será concedido
gados necessários. um período de trânsito, até 8 (oito) dias, a contar do des-
§ 2º A interposição de recurso a que se refere o inciso II ligamento do funcionário.
deste artigo dar-se-á no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a
contar da data de decisão do órgão médico oficial. Art. 62. O funcionário deverá apresentar ao órgão
competente, logo após ter tomado posse e assumido o exer-
Art. 54. O prazo a que se refere o artigo 52 para aquele cício, os elementos necessários à abertura do assenta-
que, antes de tomar posse, for incorporado às Forças Ar- mento individual.
madas, será contado a partir da data da desincorporação.
Art. 63. Salvo os casos previstos nesta lei, o funcionário
Art. 55. O funcionário efetivo, nomeado para cargo em que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias
comissão, fica dispensado, no ato da posse, da apresenta- consecutivos, ficará sujeito à pena de demissão por aban-
ção do atestado de que trata o inciso VI do artigo 47 desta dono de cargo.
lei.
Art. 64. O funcionário deverá ter exercício na reparti-
CAPÍTULO XIII ção em cuja lotação houver claro.
Da Fiança
Art. 65. Nenhum funcionário poderá ter exercício em
Art. 56. (Revogado). serviço ou repartição diferente daquela em que estiver
lotado, salvo nos casos previstos nesta lei, ou mediante au-
CAPÍTULO XIV torização do Governador.
Do Exercício
Art. 66. Na hipótese de autorização do Governador, o
Art. 57. O exercício é o ato pelo qual o funcionário as- afastamento só será permitido, com ou sem prejuízo de
sume as atribuições e responsabilidades do cargo. vencimentos, para fim determinado e prazo certo.
§ 1º O início, a interrupção e o reinicio do exercício Parágrafo único. O afastamento sem prejuízo de venci-
serão registrados no assentamento individual do funcio- mentos poderá ser condicionado ao reembolso das des-
nário. pesas efetuadas pelo órgão de origem, na forma a ser esta-
§ 2º O início do exercício e as alterações que ocorre- belecida em regulamento.
rem serão comunicados ao órgão competente, pelo chefe
da repartição ou serviço em que estiver lotado o funcionário. Art. 67. O afastamento do funcionário para ter exercí-
cio em entidades com as quais o Estado mantenha con-
Art. 58. Entende-se por lotação, o número de funcio- vênios, reger-se-á pelas normas nestes estabelecidas.
nários de carreira e de cargos isolados que devam ter exer-
cício em cada repartição ou serviço. Art. 68. O funcionário poderá ausentar-se do Esta-
do ou deslocar-se da respectiva sede de exercício, para
Art. 59. O chefe da repartição ou de serviço em que missão ou estudo de interesse do serviço público, mediante
for lotado o funcionário é a autoridade competente para autorização expressa do Governador.
dar-lhe exercício.
Parágrafo único. É competente para dar exercício ao Art. 69. Os afastamentos de funcionários para partici-
funcionário, com sede no Interior do Estado, a autoridade a pação em congressos e outros certames culturais, técni-
que o mesmo estiver diretamente subordinado. cos ou científicos, poderão ser autorizados pelo Governa-
dor, na forma estabelecida em regulamento.
Art. 60. O exercício do cargo terá início dentro do prazo
de 30 (trinta) dias, contados: Art. 70.  O servidor preso em flagrante, preventiva ou
I - da data da posse; e temporariamente ou pronunciado será considerado afas-
II - da data da publicação oficial do ato, no caso de tado do exercício do cargo, com prejuízo da remuneração,
remoção. até a condenação ou absolvição transitada em julgado.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º Estando o servidor licenciado, sem prejuízo de sua Parágrafo único. O tempo de serviço público prestado
remuneração, será considerada cessada a licença na data à União, outros Estados e Municípios, e suas autarquias,
em que o servidor for recolhido à prisão.  anteriormente ao ingresso do funcionário no serviço públi-
§ 2º Se o servidor for, ao final do processo judicial, con- co estadual, será contado integralmente para os efeitos
denado, o afastamento sem remuneração perdurará até de aposentadoria e disponibilidade.
o cumprimento total da pena, em regime fechado ou se-
miaberto, salvo na hipótese em que a decisão condenatória Art. 77. A apuração do tempo de serviço será feita em
determinar a perda do cargo público. dias.
§ 1º Serão computados os dias de efetivo exercício,
Art. 71. As autoridades competentes determinarão o do registro de frequência ou da folha de pagamento.
afastamento imediato do trabalho, do funcionário que § 2º O número de dias será convertido em anos, consi-
apresente indícios de lesões orgânicas ou funcionais cau- derados sempre estes como de 365 (trezentos e sessenta e
sadas por raios X ou substâncias radioativas, podendo cinco) dias.
atribuir-lhe conforme o  caso, tarefas sem risco de radiação § 3º Feita a conversão de que trata o parágrafo anterior,
ou conceder-lhe licença “ex-officio” na forma do art. 194 e os dias restantes, até 182 (cento e oitenta e dois), não serão
seguintes. computados, arredondando-se para 1 (um) ano, na apo-
sentadoria compulsória ou por invalidez, quando excederem
Art. 72. O funcionário, quando no desempenho do esse número.
mandato eletivo federal ou estadual, ficará afastado de
seu cargo, com prejuízo do vencimento ou remuneração. Art. 78. Serão considerados de efetivo exercício, para
todos os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver
Art. 73. O exercício do mandato de Prefeito, ou de Ve- afastado do serviço em virtude de:
reador, quando remunerado, determinará o afastamento I - férias;
do funcionário, com a faculdade de opção entre os sub- II - casamento, até 8 (oito) dias;
sídios do mandato e os vencimentos ou a remuneração III -  falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos,
do cargo, inclusive vantagens pecuniárias, ainda que não até 8 (oito) dias;
incorporadas. IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se ou madrasta, até 2 (dois) dias;
igualmente à hipótese de nomeação de Prefeito. V - serviços obrigatórios por lei;
VI - licença quando acidentado no exercício de suas
Art. 74. Quando não remunerada a vereança, o afas-
atribuições ou atacado de doença profissional;
tamento somente ocorrerá nos dias de sessão e desde
VII - licença à funcionária gestante;
que o horário das sessões da Câmara coincida com o ho-
VIII -  licenciamento compulsório, nos termos do art.
rário normal de trabalho a que estiver sujeito o funcionário.
206;
§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, o afastamento
IX - licença-prêmio;
se dará sem prejuízo de vencimentos e vantagens, ainda
X - faltas abonadas nos termos do parágrafo 1º do art.
que não incorporadas, do respectivo cargo.
110, observados os limites ali fixados;
§ 2º É vedada a remoção ou transferência do funcio-
nário durante o exercício do mandato. XI - missão ou estudo dentro do Estado, em outros pon-
tos do território nacional ou no estrangeiro, nos termos do
Art. 75. O funcionário, devidamente autorizado pelo art. 68;
Governador, poderá afastar-se do cargo para participar XII - nos casos previstos no art. 122;
de provas de competições desportivas, dentro ou fora do XIII - afastamento por processo administrativo, se o
Estado. funcionário for declarado inocente ou se a pena imposta for
§ 1º O afastamento de que trata este artigo, será pre- de repreensão ou multa; e, ainda, os dias que excederem
cedido de requisição justificada do órgão competente. o total da pena de suspensão efetivamente aplicada;
§ 2º O funcionário será afastado por prazo certo, nas XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de
seguintes condições: exercício, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; e
I - sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quan- XV - provas de competições desportivas, nos termos
do representar o Brasil, ou o Estado, em competições des- do item I, do § 2º, do art. 75.
portivas oficiais; e XVI - licença-paternidade, por 5 (cinco) dias.
II - com prejuízo do vencimento ou remuneração, em
quaisquer outros casos. Art. 79. Os dias em que o funcionário deixar de com-
parecer ao serviço em virtude de mandato legislativo mu-
CAPÍTULO XV nicipal serão considerados de efetivo exercício para todos
Da Contagem de Tempo de Serviço os efeitos legais.
Parágrafo único. No caso de vereança remunerada, os
Art. 76. O tempo de serviço público, assim considerado dias de afastamento não serão computados para fins de
o exclusivamente prestado ao Estado e suas Autarquias, vencimento ou remuneração, salvo se por eles tiver optado
será contado singelamente para todos os fins. o funcionário.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 80. Será contado para todos os efeitos, salvo para TÍTULO III
a percepção de vencimento ou remuneração: DA PROMOÇÃO
I - o afastamento para provas de competições des-
portivas nos termos do item II do § 2º do art. 75; e CAPÍTULO ÚNICO
II - as licenças previstas nos arts. 200 e 201. Da Promoção

Art. 81. Os tempos adiante enunciados serão contados: Art. 87. Promoção é a passagem do funcionário de
I - para efeito de concessão de adicional por tempo um grau a outro da mesma classe e se processará obede-
de serviço, sexta-parte, aposentadoria e disponibilidade: cidos, alternadamente, os critérios de merecimento e de
a) o de afastamento nos termos dos arts. 65 e 66, junto antiguidade na forma que dispuser o regulamento.
a outros poderes do Estado, a fundações instituídas pelo
Estado ou empresas em que o Estado tenha participação Art. 88. O merecimento do funcionário será apurado
majoritária pela sua Administração Centralizada ou Descen- em pontos positivos e negativos.
tralizada, bem como junto a órgãos da Administração Direta § 1º Os pontos positivos se referem a condições de efi-
da União, de outros Estados e Municípios, e de suas autar- ciência no cargo e ao aperfeiçoamento funcional resul-
quias; tante do aprimoramento dos seus conhecimentos.
b) o de afastamento nos termos do art. 67; § 2º Os pontos negativos resultam da falta de assi-
II - para efeito de disponibilidade e aposentadoria, o duidade e da indisciplina.
de licença para tratamento de saúde.
Art. 89. Da apuração do merecimento será dada ciên-
Art. 82. O tempo de mandato federal e estadual, bem cia ao funcionário.
como o municipal, quando remunerados, será contado para
fins de aposentadoria e de promoção por antiguidade. Art. 90. A antiguidade será determinada pelo tempo
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à hi- de efetivo exercício no cargo e no serviço público, apurado
pótese de nomeação de Prefeito. em dias.

Art. 83. Para efeito de aposentadoria será contado o Art. 91. As promoções serão feitas em junho e dezem-
tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade. bro de cada ano, dentro de limites percentuais a serem
estabelecidos em regulamento e corresponderão às condi-
Art. 84. É vedada a acumulação de tempo de serviço ções existentes até o último dia do semestre imediatamente
concorrente ou simultaneamente prestado, em dois ou anterior.
mais cargos ou funções, à União, Estados, Municípios ou Au-
tarquias em geral. Art. 92. Os direitos e vantagens que decorrerem da
Parágrafo único. Em regime de acumulação é vedado promoção serão contados a partir da publicação do ato, sal-
contar tempo de um dos cargos para reconhecimento de di- vo quando publicado fora do prazo legal, caso em que vigo-
reito ou vantagens no outro. rará a contar do último dia do semestre a que corresponder.
Parágrafo único. Ao funcionário que não estiver em
Art. 85. Não será computado, para nenhum efeito, o efetivo exercício, só se abonarão as vantagens a partir da
tempo de serviço gratuito. data da reassunção.

CAPÍTULO XVI Art. 93. Será declarada sem efeito a promoção inde-


Da Vacância vida, não ficando o funcionário, nesse caso, obrigado a res-
tituições, salvo na hipótese de declaração falsa ou omissão
Art. 86. A vacância do cargo decorrerá de: intencional.
I - exoneração;
II - demissão; Art. 94. Só poderão ser promovidos os servidores que
III - transferência; tiverem o interstício de efetivo exercício no grau.
IV - acesso; Parágrafo único. O interstício a que se refere este artigo
V - aposentadoria; e será estabelecido em regulamento.
VI - falecimento.
§ 1º Dar-se-á a exoneração: Art. 95. Dentro de cada quadro, haverá para cada clas-
1 - a pedido do funcionário; se, nos respectivos graus, uma lista de classificação, para
2 - a critério do Governo, quando se tratar de ocupante os critérios de merecimento e antiguidade.
de cargo em comissão; e Parágrafo único. Ocorrendo empate terão preferência,
3 - quando o funcionário não entrar em exercício sucessivamente:
dentro do prazo legal. 1 - na classificação por merecimento:
§ 2º A demissão será aplicada como penalidade nos a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cur-
casos previstos nesta lei. sos, relacionados com a função exercida;
b) a assiduidade;

59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

c) a antiguidade no cargo; Art. 105. Haverá em cada Secretaria de Estado uma Co-
d) os encargos de família; e missão de Promoção que terá as seguintes atribuições:
e) a idade; I - eleger o respectivo presidente;
2 - na classificação por antiguidade: II - decidir as reclamações contra a avaliação do mé-
a) o tempo no cargo; rito, podendo alterar, fundamentalmente, os pontos atribuí-
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; dos ao reclamante ou a outros funcionários;
c) o tempo de serviço público; III - avaliar o mérito do funcionário quando houver di-
d) os encargos de família; e vergência igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os
e) a idade. totais atribuídos pelas autoridades avaliadoras;
IV - propor à autoridade competente a penalidade
Art. 96. O funcionário em exercício de mandato eleti- que couber ao responsável pelo atraso na expedição e re-
vo federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente messa do Boletim de Promoção, pela falta de qualquer in-
poderá ser promovido por antiguidade. formação ou de elementos solicitados, pelos fatos de que
decorram irregularidade ou parcialidade no processamento
Art. 97. Não serão promovidos por merecimento, ain- das promoções;
da que classificados dentro dos limites estabelecidos no re- V - avaliar os títulos e os certificados de cursos apre-
gulamento, os funcionários que tiverem sofrido qualquer sentados pelos funcionários; e
penalidade nos dois anos anteriores à data de vigência VI - dar conhecimento aos interessados mediante afi-
da promoção. xação na repartição:
1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Pro-
Art. 98. O funcionário submetido a processo adminis- moção; e
trativo poderá ser promovido, ficando, porém, sem efeito a 2 -  dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados
promoção por merecimento no caso de o processo resultar de cursos.
em penalidade.
Art. 106. No processamento das promoções cabem as
Art. 99. Para promoção por merecimento é indispen- seguintes reclamações:
sável que o funcionário obtenha número de pontos não I - da avaliação do mérito; e
inferior à metade do máximo atribuível. II - da classificação final.
§ 1º Da avaliação do mérito podem ser interpostos pe-
Art. 100. O merecimento do funcionário é adquirido na didos de reconsideração e recurso, e, da classificação final,
apenas recurso.
classe.
§ 2º Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à
avaliação do mérito.
Art. 101. (Revogado)
§ 3º Serão estabelecidos em regulamento as normas e
os prazos para o processamento das reclamações de que tra-
Art. 102. O tempo no cargo será o efetivo exercício,
ta este artigo.
contado na seguinte conformidade:
I - a partir da data em que o funcionário assumir o
Art. 107. A orientação das promoções do funcionalis-
exercício do cargo, nos casos de nomeação, transferência
mo público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que
a pedido, reversão e aproveitamento; for deferida tal competência:
II - como se o funcionário estivesse em exercício, no I - expedir normas relativas ao processamento das pro-
caso de reintegração; moções e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com
III - a partir da data em que o funcionário assumir a aprovação do Governador;
o exercício do cargo do qual foi transferido, no caso de II - orientar as autoridades competentes quanto à ava-
transferência ex-officio; e liação das condições de promoção;
IV - a partir da data em que o funcionário assumir o III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averi-
exercício do cargo reclassificado ou transformado. guar a eficiência do sistema em vigor, propondo medidas
tendentes ao seu aperfeiçoamento; e
Art. 103. Será contado como tempo no cargo o efeti- IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção,
vo exercício que o funcionário houver prestado no mesmo sempre que solicitado.
cargo, sem solução de continuidade, desde que por prazo
superior a 6 (seis) meses:
I - como substituto; e
II - no desempenho de função gratificada, em perío-
do anterior à criação do respectivo cargo.

Art. 104. As promoções obedecerão à ordem de clas-


sificação.

60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TÍTULO IV Art. 114. É proibido, fora dos casos expressamente con-


DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS DE ORDEM PE- signados neste Estatuto, ceder ou gravar vencimento, re-
CUNIÁRIA muneração ou qualquer vantagem decorrente do exercí-
cio de cargo público.
CAPÍTULO I
Do Vencimento e da Remuneração Art. 115. O vencimento ou remuneração do funcioná-
rio não poderá sofrer outros descontos, exceto os obriga-
SEÇÃO I tórios e os autorizados por lei.
Disposições Gerais
Art. 116. As consignações em folha, para efeito de des-
Art. 108. Vencimento é a retribuição paga ao funcio- conto de vencimentos ou remuneração, serão disciplina-
nário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao das em regulamento.
valor do respectivo padrão fixado em lei, mais as vantagens
a ele incorporadas para todos os efeitos legais. SEÇÃO II
Do Horário e do Ponto
Art. 109. Remuneração é a retribuição paga ao funcio-
nário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a 2/3 Art. 117. O horário de trabalho nas repartições será
(dois terços) do respectivo padrão, mais as quotas ou por- fixado pelo Governo de acordo com a natureza e as ne-
centagens que, por lei, lhe tenham sido atribuídas e as cessidades do serviço.
vantagens pecuniárias a ela incorporadas.
Art. 118. O período de trabalho, nos casos de compro-
Art. 110. O funcionário perderá: vada necessidade, poderá ser antecipado ou prorrogado
I - o vencimento ou remuneração do dia quando não pelo chefe da repartição ou serviço.
comparecer ao serviço, salvo no caso previsto no § 1º deste Parágrafo único. No caso de antecipação ou prorro-
artigo; e
gação, será remunerado o trabalho extraordinário, na
II - 1/3 (um terço) do vencimento ou remuneração diá-
forma estabelecida no art. 136.
ria, quando comparecer ao serviço dentro da hora seguinte
à marcada para o início do expediente ou quando dele reti-
Art. 119. Nos dias úteis, só por determinação do Go-
rar-se dentro da última hora.
vernador poderão deixar de funcionar as repartições públi-
§ 1º As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis) por
cas ou ser suspenso o expediente.
ano, não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia
ou outro motivo relevante, poderão ser abonadas pelo su-
Art. 120. Ponto é o registro pelo qual se verificará, dia-
perior imediato, a requerimento do funcionário no primeiro
dia útil subsequente ao da falta. riamente, a entrada e saída do funcionário em serviço.
§ 2º No caso de faltas sucessivas, justificadas ou in- § 1º Para registro do ponto serão usados, de preferên-
justificadas, os dias intercalados – domingos, feriados e cia, meios mecânicos.
aqueles em que não haja expediente – serão computados § 2º É vedado dispensar o funcionário do registro do
exclusivamente para efeito de desconto do vencimento ou ponto, salvo os casos expressamente previstos em lei.
remuneração. (não como falta) § 3º A infração do disposto no parágrafo anterior de-
terminará a responsabilidade da autoridade que tiver
Art. 111. As reposições devidas pelo funcionário e as expedido a ordem, sem prejuízo da ação disciplinar cabível.
indenizações por prejuízos que causar à Fazenda Pública
Estadual, serão descontadas em parcelas mensais não ex- Art. 121. Para o funcionário estudante, conforme dis-
cedentes da décima parte do vencimento ou remuneração puser o regulamento, poderão ser estabelecidas normas es-
ressalvados os casos especiais previstos neste Estatuto. peciais quanto à frequência ao serviço.

Art. 112. Só será admitida procuração para efeito de re- Art. 122. O funcionário que comprovar sua contribui-
cebimento de quaisquer importâncias dos cofres estaduais, ção para banco de sangue mantido por órgão estatal ou
decorrentes do exercício do cargo, quando o funcionário paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha
se encontrar fora da sede ou comprovadamente impos- convênio, fica dispensado de comparecer ao serviço no dia
sibilitado de locomover-se. da doação.

Art. 113. O vencimento, remuneração ou qualquer van- Art. 123. Apurar-se-á a frequência do seguinte modo:
tagem pecuniária atribuídos ao funcionário, não poderão I - pelo ponto; e
ser objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo: II - pela forma determinada, quanto aos funcionários
I - quando se tratar de prestação de alimentos, na for- não sujeitos a ponto.
ma da lei civil; e
II - nos casos previstos no Capítulo II do Título VI des-
te Estatuto.

61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO II SEÇÃO Il
Das Vantagens de Ordem Pecuniária Dos Adicionais por Tempo de Serviço

SEÇÃO I Art. 127. O funcionário terá direito, após cada período de


Disposições Gerais 5 (cinco) anos, contínuos, ou não, à percepção de adicional
por tempo de serviço, calculado à razão de 5% (cinco por cen-
Art. 124. Além do valor do padrão do cargo, o funcio- to) sobre o vencimento ou remuneração, a que se incorpora
nário só poderá receber as seguintes vantagens pecuniá- para todos os efeitos.
rias: Parágrafo único. Declarado Inconstitucional pelo Supre-
I - adicionais por tempo de serviço; mo Tribunal Federal (ADIn nº 3.167)
II - gratificações;
III - diárias; Art. 128. A apuração do quinquênio será feita em dias e
IV - ajudas de custo; o total convertido em anos, considerados estes sempre como de
V - salário-família e salário-esposa; 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias.
VI - (Revogado);
VII - quota-parte de multas e porcentagens fixadas Art. 129. (Vetado).
em lei;
VIII - honorários, quando fora do período normal ou ex- Art. 130. O funcionário que completar 25 (vinte e cinco)
traordinário de trabalho a que estiver sujeito, for designado anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta-parte do
para realizar investigações ou pesquisas científicas, bem vencimento ou remuneração, a estes incorporada para todos
como para exercer as funções de auxiliar ou membro de os efeitos.
bancas e comissões de concurso ou prova, ou de profes-
sor de cursos de seleção e aperfeiçoamento ou especia- Art. 131. O funcionário que exercer cumulativamente car-
lização de servidores, legalmente instituídos, observadas as gos ou funções, terá direito aos adicionais de que trata esta
proibições atinentes a regimes especiais de trabalho fixados Seção, isoladamente, referentes a cada cargo ou a função.
em lei;
IX -  honorários pela prestação de serviço peculiar à Art. 132. O ocupante de cargo em comissão fará jus aos
profissão que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que adicionais previstos nesta Seção, calculados sobre o vencimento
não a execute dentro do período normal ou extraordi- que perceber no exercício desse cargo, enquanto nele perma-
nário de trabalho a que estiver sujeito e sejam respeitadas necer.
as restrições estabelecidas em lei pela subordinação a regi-
mes especiais de trabalho; e Art. 133. Ao funcionário no exercício de cargo em substi-
X - outras vantagens ou concessões pecuniárias previs- tuição aplica-se o disposto no artigo anterior.
tas em leis especiais ou neste Estatuto.
§ 1º Excetuados os casos expressamente previstos neste Art. 134. Para efeito dos adicionais a que se refere esta
artigo, o funcionário não poderá receber, a qualquer título, Seção, será computado o tempo de serviço, na forma esta-
seja qual for o motivo ou forma de pagamento, nenhuma belecida nos arts. 76 e 78.
outra vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público,
das entidades autárquicas ou paraestatais ou outras orga- SEÇÃO III
nizações públicas, em razão de seu cargo ou função nos Das Gratificações
quais tenha sido mandado servir.
§ 2º  O não cumprimento do que preceitua este artigo Art. 135. Poderá ser concedida gratificação ao funcioná-
importará na demissão do funcionário, por procedimento rio: (Vide Lei Complementar nº 1.199/2013)
irregular, e na imediata reposição, pela autoridade ordena- I - pela prestação de serviço extraordinário;
dora do pagamento, da importância indevidamente paga. II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou
§ 3º Nenhuma importância relativa às vantagens cons- científico ou de utilidade para o serviço público;
tantes deste artigo será paga ou devida ao funcionário, seja III - a título de representação, quando em função de ga-
qual for o seu fundamento, se não houver crédito próprio, binete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para
orçamentário ou adicional. função de confiança do Governador;
IV - quando designado para fazer parte de órgão legal
Art. 125. As porcentagens ou quotas-partes, atribuídas de deliberação coletiva; e
em virtude de multas ou serviços de fiscalização e ins- V - outras que forem previstas em lei.
peção, só serão creditadas ao funcionário após a entra-
da da importância respectiva, a título definitivo, para os Art. 136. A gratificação pela prestação de serviço ex-
cofres públicos. traordinário será paga por hora de trabalho prorrogado
ou antecipado, na mesma razão percebida pelo funcionário
Art. 126. O funcionário não fará jus à percepção de em cada hora de período normal de trabalho a que estiver
quaisquer vantagens pecuniárias, nos casos em que deixar sujeito.
de perceber o vencimento ou remuneração, ressalvado o dis- Parágrafo único. A prestação de serviço extraordinário
posto no parágrafo único do art. 160. não poderá exceder a duas horas diárias de trabalho.

62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 137. É vedado conceder gratificação por serviço § 1º Não será concedida diária ao funcionário removi-
extraordinário, com o objetivo de remunerar outros servi- do ou transferido, durante o período de trânsito.
ços ou encargos. § 2º Não caberá a concessão de diária quando o deslo-
§ 1º  O funcionário que receber importância relativa a camento de funcionário constituir exigência permanen-
serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a te do cargo ou função.
restituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição § 3º Entende-se por sede o município onde o funcio-
disciplinar. nário tem exercício.
§ 2º Será responsabilizada a autoridade que infrin- § 4º O disposto no “caput” deste artigo não se aplica
gir o disposto no caput deste artigo. aos casos de missão ou estudo fora do País.
§ 5º As diárias relativas aos deslocamentos de funcio-
Art. 138. Será punido com pena de suspensão e, na nários para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas
reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, por decreto.
o funcionário:
I - que atestar falsamente a prestação de serviço ex- Art. 145. O valor das diárias será fixado em decreto.
traordinário; e
II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de Art. 146. A tabela de diárias, bem como as autoridades
serviço extraordinário. que as concederem, deverão constar de decreto.

Art. 139. O funcionário que exercer cargo de direção Art. 147. O funcionário que indevidamente receber
não poderá perceber gratificação por serviço extraordiná- diária, será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando
rio. ainda sujeito à punição disciplinar.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica durante o
período em que subordinado de titular de cargo nele men- Art. 148. É vedado conceder diárias com o objetivo de
cionado venha a perceber, em consequência do acrésci- remunerar outros encargos ou serviços.
mo da gratificação por serviço extraordinário, quantia que Parágrafo único. Será responsabilizada a autoridade
iguale ou ultrapasse o valor do padrão do cargo de direção. que infringir o disposto neste artigo.
§ 2º Aos titulares de cargos de direção, para efeito do
parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por ser- SEÇÃO V
viço extraordinário correspondente à quantia a esse título Das Ajudas de Custo
percebida pelo subordinado de padrão mais elevado.
Art. 149. A juízo da Administração, poderá ser conce-
Art. 140. A gratificação pela elaboração ou execução dida ajuda de custo ao funcionário que no interesse do
de trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço passar a ter exercício em nova sede.
serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua con- § 1º A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
clusão. nário das despesas de viagem e de nova instalação.
§ 2º O transporte do funcionário e de sua família com-
Art. 141.  A gratificação a título de representação, preende passagem e bagagem e correrá por conta do Go-
quando o funcionário for designado para serviço ou estudo verno.
fora do Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por
autoridade que a lei determinar, podendo ser percebida Art. 150. A ajuda de custo, desde que em território do
cumulativamente com a diária. País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não po-
dendo exceder importância correspondente a 3 (três) vezes o
Art. 142. A gratificação relativa ao exercício em órgão valor do padrão do cargo.
legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Gover- Parágrafo único. O regulamento fixará o critério para
nador. o arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que
acompanham o funcionário, as condições de vida na nova
Art. 143. A gratificação de representação de gabine- sede, a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os
te, fixada em regulamento, não poderá ser percebida cumu- recursos orçamentários disponíveis.
lativamente com a referida no inciso I do art. 135.
Art. 151. Não será concedida ajuda de custo:
SEÇÃO IV I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar,
Das Diárias em virtude de mandato eletivo; e
II - ao que for afastado junto a outras Administra-
Art. 144. Ao funcionário que se deslocar temporaria- ções.
mente da respectiva sede, no desempenho de suas atribui- Parágrafo único. O funcionário que recebeu ajuda de
ções, ou em missão ou estudo, desde que relacionados custo, se for obrigado a mudar de sede dentro do período de
com o cargo que exerce, poderá ser concedida, além do 2 (dois) anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do
transporte, uma diária a título de indenização das des- benefício que lhe caberia.
pesas de alimentação e pousada.

63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 152. Quando o funcionário for incumbido de ser- Art. 158-A. Fica assegurada nas mesmas bases e condi-
viço que o obrigue a permanecer fora da sede por mais ções, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal pelos
de 30 (trinta) dias, poderá receber ajuda de custo sem filhos do casal, a percepção do salário-família a que tinha
prejuízos das diárias que lhe couberem. direito o funcionário ou inativo falecido.
Parágrafo único. A importância dessa ajuda de custo será
fixada na forma do art. 150, não podendo exceder a quantia Art. 159. A concessão e a supressão do salário-família
relativa a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo. serão processadas na forma estabelecida em lei.

Art. 153. Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido: Art. 160. Não será pago o salário-família nos casos em
I - o funcionário que não seguir para a nova sede den- que o funcionário deixar de perceber o respectivo venci-
tro dos prazos fixados, salvo motivo independente de sua mento ou remuneração.
vontade, devidamente comprovado sem prejuízo da pena Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
disciplinar cabível; aos casos disciplinares e penais, nem aos de licença por mo-
II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe tivo de doença em pessoa da família.
foi cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração
ou abandonar o cargo.
Art. 161. É vedada a percepção de salário-família por
§ 1º A restituição poderá ser feita parceladamente, a
dependente em relação ao qual já esteja sendo pago este
juízo da autoridade que houver concedido a ajuda de custo,
benefício por outra entidade pública federal, estadual ou
salvo no caso de recebimento indevido, em que a impor-
municipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da
tância por devolver será descontada integralmente do ven-
cimento ou remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar lei.
cabível.
§ 2º A responsabilidade pela restituição de que trata este Art. 162. O salário-esposa será concedido ao funcioná-
artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário. rio que não perceba vencimento ou remuneração de impor-
§ 3º Se o regresso do funcionário for determinado pela tância superior a 2 (duas) vezes o valor do menor venci-
autoridade competente ou por motivo de força maior devi- mento pago pelo Estado, desde que a mulher não exerça
damente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a atividade remunerada.
ajuda de custo. Parágrafo único. A concessão do benefício a que se refe-
re este artigo será objeto de regulamento.
Art. 154. Caberá também ajuda de custo ao funcionário
designado para serviço ou estudo no estrangeiro. SEÇÃO VII
Parágrafo único. A ajuda de custo de que trata este arti- Outras Concessões Pecuniárias
go será arbitrada pelo Governador.
Art. 163. O Estado assegurará ao funcionário o direito
SEÇÃO VI de pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorren-
Do Salário-Família e do Salário-Esposa tes de acidentes no trabalho, do exercício em determina-
das zonas ou locais e da execução de trabalho especial, com
Art. 155. O salário-família será concedido ao funcio- risco de vida ou saúde.
nário ou ao inativo por:
I - filho menor de 18 (dezoito) anos; e Art. 164. Ao funcionário licenciado, para tratamento de
II - filho inválido de qualquer idade. saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do
Parágrafo único. Consideram-se dependentes, desde tratamento, inclusive para pessoa de sua família.
que vivam total ou parcialmente às expensas do funcionário,
os filhos de qualquer condição, os enteados e os adoti-
Art. 165. Poderá ser concedido transporte à família do
vos, equiparando-se a estes os tutelados sem meios pró-
funcionário, quando este falecer fora da sede de exercício,
prios de subsistência.
no desempenho de serviço.
§ 1º A mesma concessão poderá ser feita à família do
Art. 156. A invalidez que caracteriza a dependência é a
incapacidade total e permanente para o trabalho. funcionário falecido fora do Estado.
§ 2º Só serão atendidos os pedidos de transporte formu-
Art. 157. Quando o pai e a mãe tiverem ambos a con- lados dentro do prazo de 1 (um) ano, a partir da data em
dição de funcionário público ou de inativo e viverem em que houver falecido o funcionário.
comum, o salário-família será concedido a um deles.
Parágrafo único. Se não viverem em comum, será con- Art. 166. (Revogado).
cedido ao que tiver os dependentes sob sua guarda, ou a
ambos, de acordo com a distribuição de dependentes. Art. 167. A concessão de que trata o artigo anterior
só poderá ser deferida ao funcionário que se encontre no
Art. 158. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e exercício do cargo e mantenha contato com o público,
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos pagando ou recebendo em moeda corrente.
incapazes.

64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 168. Ao cônjuge, ao companheiro ou companheira Art. 174. Verificado, mediante processo administrativo,
ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em que o funcionário está acumulando, fora das condições
virtude do falecimento de funcionário ativo ou inativo será previstas neste Capítulo, será ele demitido de todos os car-
concedido auxílio-funeral, a título de benefício assisten- gos e funções e obrigado a restituir o que indevidamen-
cial, de valor correspondente a 1 (um) mês da respectiva te houver recebido.
remuneração. § 1º Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no
§ 1º O pagamento será efetuado pelo órgão competente, cargo ou função que exercer há mais tempo.
mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas § 2º Em caso contrário, o funcionário demitido ficará
indicadas no caput deste artigo, ou procurador legalmente ainda inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o
habilitado, feita a prova de identidade. exercício de função ou cargo público, inclusive em entidades
§ 2º No caso de integrante da carreira de Agente de Se- que exerçam função delegada do poder público ou são por
gurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta e este mantidas ou administradas.
Vigilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meio de
competente apuração, que o óbito decorreu de lesões recebi- Art. 175. As autoridades civis e os chefes de serviço, bem
das no exercício de suas funções, o benefício será acrescido
como os diretores ou responsáveis pelas entidades referidas
do valor correspondente a mais 1 (um) mês da respecti-
no parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou represen-
va remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante
tantes dos poderes públicos junto às mesmas, que tiverem
apresentação de alvará judicial.
conhecimento de que qualquer dos seus subordinados ou
§ 3º O pagamento do benefício previsto neste artigo,
caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização está
virtude da contratação de planos funerários, somente será no exercício de acumulação proibida, farão a devida comu-
efetivado mediante apresentação de alvará judicial. nicação ao órgão competente, para os fins indicados no
artigo anterior.
Art. 169. O Governo do Estado poderá conceder prêmios Parágrafo único. Qualquer cidadão poderá denunciar a
em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias próprias, existência de acumulação ilegal.
aos funcionários autores dos melhores trabalhos, classifica-
dos em concursos de monografias de interesse para o TÍTULO V
serviço público. DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL

Art. 170. (Revogado). CAPÍTULO I


Das Férias
CAPÍTULO III
Das Acumulações Remuneradas Art. 176. O funcionário terá direito ao gozo de 30 (trin-
ta) dias de férias anuais, observada a escala que for apro-
Art. 171. É vedada a acumulação remunerada, exceto: vada.
I - a de um juiz e um cargo de professor; § 1º É proibido levar à conta de férias qualquer falta
II - a de dois cargos de professor; ao trabalho.
III - a de um cargo de professor e outro técnico ou § 2º É proibida a acumulação de férias, salvo por ab-
científico; e soluta necessidade de serviço e pelo máximo de 2 (dois)
IV - a de dois cargos privativos de médico. anos consecutivos.
§ 1º Em qualquer dos casos, a acumulação somente é § 3º O período de férias será reduzido para 20 (vinte)
permitida quando haja correlação de matérias e compa- dias, se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados
tibilidade de horários.
em conjunto, mais de 10 (dez) não comparecimentos cor-
§ 2º A proibição de acumular se estende a cargos, fun-
respondentes a faltas abonadas, justificadas e injustifica-
ções ou empregos em autarquias, empresas públicas e socie-
das ou às licenças previstas nos itens IV, VI e VII do art. 181.
dades de economia mista.
§ 4º Durante as férias, o funcionário terá direito a to-
§ 3º A proibição de acumular proventos não se aplica
aos aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, das as vantagens, como se estivesse em exercício.
cargo em comissão ou ao contrato para prestação de servi-
ços técnicos ou especializados. Art. 177. Atendido o interesse do serviço, o funcionário
poderá gozar férias de uma só vez ou em dois períodos
Art. 172. O funcionário ocupante de cargo efetivo, ou em iguais.
disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em co-
missão, perdendo, durante o exercício desse cargo, o venci- Art. 178. Somente depois do primeiro ano de exercício
mento ou remuneração do cargo efetivo ou o provento, salvo no serviço público, adquirirá o funcionário direito a férias.
se optar pelo mesmo. Parágrafo único. Será contado para efeito deste artigo o
tempo de serviço prestado em outro cargo público, des-
Art. 173. Não se compreende na proibição de acumular, de que entre a cessação do anterior e o início do subsequente
desde que tenha correspondência com a função principal, a exercício não haja interrupção superior a 10 (dez) dias.
percepção das vantagens enumeradas no art. 124.

65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 179. Caberá ao chefe da repartição ou do serviço, Art. 185. As licenças previstas nos incisos I, II e IV do
organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para o artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, ca-
ano seguinte, que poderá alterar de acordo com a conve- bendo ao funcionário ou à autoridade competente ingressar,
niência do serviço. quando for o caso, com um novo pedido.

Art. 180. O funcionário transferido ou removido, quando Art. 186. (Revogado).


em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se an-
tes de terminá-las. Art. 187. O funcionário licenciado nos termos dos itens
I e II do artigo 181 não poderá dedicar-se a qualquer
CAPÍTULO II atividade remunerada, sob pena de ser cassada a licença e
Das Licenças de ser demitido por abandono do cargo, caso não reassuma o
seu exercício dentro do prazo de 30 (trinta) dias.
SEÇÃO I
Disposições Gerais Art. 188. (Revogado)

Art. 189. (Revogado)


Art. 181. O funcionário efetivo poderá ser licenciado:
I - para tratamento de saúde;
Art. 190. O funcionário que se recusar a submeter-se
II - quando acidentado no exercício de suas atribui-
à inspeção médica, quando julgada necessária, será punido
ções ou acometido por doença profissional; com pena de suspensão.
III - no caso previsto no art. 198; Parágrafo único. A suspensão cessará no dia em que se
IV - por motivo de doença em pessoa de sua família; realizar a inspeção.
V - para cumprir obrigações concernentes ao serviço
militar; SEÇÃO II
VI - para tratar de interesses particulares; Da Licença para Tratamento de Saúde
VII - no caso previsto no art. 205;
VIII - compulsoriamente, como medida profilática; Art. 191. Ao funcionário que, por motivo de saúde, estiver
IX - como prêmio de assiduidade. impossibilitado para o exercício do cargo, será concedida
§ 1º Ao funcionário ocupante exclusivamente de car- licença até o máximo de 4 (quatro) anos, com vencimento
go em comissão serão concedidas as licenças previstas nes- ou remuneração. (Redação dada pela Lei complementar nº
te artigo, salvo as referidas nos incisos IV, VI e VII. 1.196, de 27 de fevereiro de 2013).
§ 2º As licenças previstas nos incisos I a III serão concedi- § 1º Findo o prazo, previsto neste artigo, o funcionário
das ao funcionário de que trata o § 1º deste artigo mediante será submetido à inspeção médica e aposentado, desde
regras estabelecidas pelo regime geral de previdência que verificada a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento
social. além desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria.
§ 2º Será obrigatória a reversão do aposentado, desde
Art. 182. As licenças dependentes de inspeção médica que cessados os motivos determinantes da aposentadoria.
serão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos ofi-
ciais competentes. Art. 192. O funcionário ocupante de cargo em comissão
poderá ser aposentado, nas condições do artigo anterior,
Art. 183. Finda a licença, o funcionário deverá reassu- desde que preencha os requisitos do art. 227.
mir, imediatamente, o exercício do cargo.
§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica às li- Art. 193. A licença para tratamento de saúde dependerá
de inspeção médica oficial e poderá ser concedida:
cenças previstas nos incisos V e VII do artigo 181, quan-
I - a pedido do funcionário;
do em prorrogação.
II - “ex officio”.
§ 2º A infração do disposto no caput deste artigo im-
§ 1º A inspeção médica de que trata o “caput” deste arti-
portará em perda total do vencimento ou remuneração go poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial, quan-
correspondente ao período de ausência e, se esta exceder do a análise documental for suficiente para comprovar a
a 30 (trinta) dias, ficará o funcionário sujeito à pena de incapacidade laboral, observado o estabelecido em decreto.
demissão por abandono de cargo. § 2º A licença “ex officio” de que trata o inciso II deste
artigo será concedida por decisão do órgão oficial:
Art. 184. O funcionário licenciado nos termos dos itens 1 - quando as condições de saúde do funcionário assim
I a IV do art. 181, é obrigado a reassumir o exercício, se for o determinarem;
considerado apto em inspeção médica realizada ex-offi- 2 - a pedido do órgão de origem do funcionário.
cio ou se não subsistir a doença na pessoa de sua família. § 3º O funcionário poderá ser dispensado da inspeção
Parágrafo único. O funcionário poderá desistir da li- médica de que trata o “caput” deste artigo em caso de licen-
cença, desde que em inspeção médica fique comprovada ça para tratamento de saúde de curta duração, conforme
a cessação dos motivos determinantes da licença. estabelecido em decreto. (Redação dada pela Lei comple-
mentar nº 1.196, de 27 de fevereiro de 2013).

66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO III SEÇÃO V


Da Licença ao Funcionário Acidentado no Exercício Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
de suas Atribuições ou Atacado de Doença Profissional Família

Art. 194. O funcionário acidentado no exercício de suas Art. 199. O funcionário poderá obter licença, por motivo
atribuições ou que tenha adquirido doença profissional de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau.
terá direito à licença com vencimento ou remuneração. § 1º Provar-se-á a doença em inspeção médica na for-
Parágrafo único. Considera-se também acidente: ma prevista no artigo 193.
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcio- § 2º A licença de que trata este artigo será concedida
nário, no exercício de suas funções; com vencimentos ou remuneração até 1 (um) mês e com
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em os seguintes descontos:
trânsito, no percurso usual para o trabalho. 1 - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até
3 (três);
Art. 195. A licença prevista no artigo anterior não pode- 2 - 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis);
rá exceder de 4 (quatro) anos. 3 - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vi-
Parágrafo único. No caso de acidente, verificada a in- gésimo mês.
capacidade total para qualquer função pública, será desde § 3º Para os efeitos do § 2º deste artigo, serão somadas
logo concedida aposentadoria ao funcionário. as licenças concedidas durante o período de 20 (vinte) meses,
contado da primeira concessão.
Art. 196. A comprovação do acidente, indispensável
para a concessão da licença, será feita em procedimento SEÇÃO VI
próprio, que deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, Da Licença para Atender a Obrigações Concernen-
contados da data do acidente. tes ao Serviço Militar
§ 1º O funcionário deverá requerer a concessão da li-
cença de que trata o caput deste artigo junto ao órgão de Art. 200. Ao funcionário que for convocado para o ser-
origem. viço militar e outros encargos da segurança nacional,
§ 2º Concluído o procedimento de que trata o caput des- será concedida licença sem vencimento ou remuneração.
te artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. § 1º A licença será concedida mediante comunicação
§ 3º O procedimento para a comprovação do acidente do funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acom-
de que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de panhada de documentação oficial que prove a incorporação.
origem do funcionário, ainda que não venha a ser objeto § 2º O funcionário desincorporado reassumirá ime-
de licença. diatamente o exercício, sob pena de demissão por abandono
do cargo, se a ausência exceder a 30 (trinta) dias.
Art. 197. Para a conceituação do acidente da doença § 3º Quando a desincorporação se verificar em lugar
profissional, serão adotados os critérios da legislação fe- diverso do da sede, os prazos para apresentação serão os
deral de acidentes do trabalho. previstos no art. 60.

SEÇÃO IV Art. 201. Ao funcionário que houver feito curso para ser
Da Licença à Funcionária Gestante admitido como oficial da reserva das Forças Armadas,
será também concedida licença sem vencimento ou remune-
Art. 198. À funcionária gestante será concedida licen- ração, durante os estágios prescritos pelos regulamentos
ça de 180 (cento e oitenta) dias com vencimento ou remu- militares.
neração, observado o seguinte:
I - a licença poderá ser concedida a partir da 32ª (trigé- SEÇÃO VII
sima segunda) semana de gestação, mediante documenta- Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
ção médica que comprove a gravidez e a respectiva ida-
de gestacional; (Redação dada pela Lei complementar nº Art. 202. Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o fun-
1.196, de 27 de fevereiro de 2013). cionário poderá obter licença, sem vencimento ou remu-
II - ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a neração, para tratar de interesses particulares, pelo prazo
licença, será esta concedida mediante a apresentação da máximo de 2 (dois) anos.
certidão de nascimento e vigorará a partir da data do § 1º Poderá ser negada a licença quando o afastamento
evento, podendo retroagir até 15 (quinze) dias; do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.
III - durante a licença, cometerá falta grave a servidora § 2º O funcionário deverá aguardar em exercício a
que exercer qualquer atividade remunerada ou manti- concessão da licença.
ver a criança em creche ou organização similar. § 3º A licença poderá ser gozada parceladamente a
Parágrafo único. No caso de natimorto, será concedida juízo da Administração, desde que dentro do período de 3
a licença para tratamento de saúde, a critério médico, na (três) anos.
forma prevista no artigo 193. § 4º O funcionário poderá desistir da licença, a qual-
quer tempo, reassumindo o exercício em seguida.

67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 203. Não será concedida licença para tratar de inte- Art. 211. (Revogado).
resses particulares ao funcionário nomeado, removido ou
transferido, antes de assumir o exercício do cargo. Art. 212. A licença-prêmio será concedida mediante cer-
tidão de tempo de serviço, independente de requerimento
Art. 204. Só poderá ser concedida nova licença depois de do funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado,
decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior. nos termos da legislação em vigor.

SEÇÃO VIII Art. 213. O funcionário poderá requerer o gozo da li-


Da Licença à Funcionária Casada com Funcionário cença-prêmio:
ou Militar I - por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15
(quinze) dias;
Art. 205. A funcionária casada com funcionário esta- II - até o implemento das condições para a aposen-
dual ou com militar terá direito à licença, sem vencimento tadoria voluntária.
ou remuneração, quando o marido for mandado servir, § 1º Caberá à autoridade competente:
independentemente de solicitação, em outro ponto do Esta- 1 - adotar, após manifestação do chefe imediato, sem
do ou do território nacional ou no estrangeiro. prejuízo para o serviço, as medidas necessárias para que
Parágrafo único. A licença será concedida mediante pe- o funcionário possa gozar a licença-prêmio a que tenha
dido devidamente instruído e vigorará pelo tempo que direito;
durar a comissão ou a nova função do marido. 2 - decidir, após manifestação do chefe imediato, ob-
servada a opção do funcionário e respeitado o interesse do
SEÇÃO IX serviço, pelo gozo da licença-prêmio por inteiro ou par-
Da Licença Compulsória celadamente.
  § 2º A apresentação de pedido de passagem à inativi-
Art. 206. O funcionário, ao qual se possa atribuir a con- dade, sem a prévia e oportuna apresentação do requerimen-
dição de fonte de infecção de doença transmissível, po- to de gozo, implicará perda do direito à licença-prêmio.
derá ser licenciado, enquanto durar essa condição, a juízo
de autoridade sanitária competente, e na forma prevista Art. 214. O funcionário deverá aguardar em exercício
a apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio.
no regulamento.
Parágrafo único. O gozo da licença-prêmio depende-
rá de novo requerimento, caso não se inicie em até 30
Art. 207. Verificada a procedência da suspeita, o funcio-
(trinta) dias contados da publicação do ato que o houver
nário será licenciado para tratamento de saúde na forma
autorizado.
prevista no art. 191, considerando-se incluídos no período da
licença os dias de licenciamento compulsório.
Art. 215. (Revogado).
Art. 208. Quando não positivada a moléstia, deverá o Art. 216. (Revogado).
funcionário retornar ao serviço, considerando-se como de
efetivo exercício para todos os efeitos legais, o período de CAPÍTULO III
licença compulsória. Da Estabilidade
SEÇÃO X Art. 217. É assegurada a estabilidade somente ao fun-
Da licença-prêmio cionário que, nomeado por concurso, contar mais de 2
(dois) anos de efetivo exercício.
Art. 209. O funcionário terá direito, como prêmio de
assiduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada pe- Art. 218. O funcionário estável só poderá ser demitido
ríodo de 5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que em virtude de sentença judicial ou mediante processo
não haja sofrido qualquer penalidade administrativa. administrativo, assegurada ampla defesa.
Parágrafo único. O período da licença será considera- Parágrafo único. A estabilidade diz respeito ao serviço
do de efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não público e não ao cargo, ressalvando-se à Administração o
acarretará desconto algum no vencimento ou remuneração. direito de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual
padrão, de acordo com as suas aptidões.
Art. 210. Para fins da licença prevista nesta Seção, não
se consideram interrupção de exercício: CAPÍTULO IV
I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetuado o Da Disponibilidade
previsto no item X; e
II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença Art. 219. O funcionário poderá ser posto em disponibi-
a que se referem os itens I e IV do art. 181 desde que o total lidade remunerada:
de todas essas ausências não exceda o limite máximo de 30 I - no caso previsto no § 2º do art. 31; e
(trinta) dias, no período de 5 (cinco) anos. II - quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for
extinto por lei.

68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. O funcionário ficará em disponibi- Art. 228. A aposentadoria prevista no item III do art.
lidade até o seu obrigatório aproveitamento em cargo 222 produzirá efeito a partir da publicação do ato no “Diá-
equivalente. rio Oficial”.

Art. 220. O provento da disponibilidade não poderá ser Art. 229. O pagamento dos proventos a que tiver direito
superior ao vencimento ou remuneração e vantagens per- o aposentado deverá iniciar-se no mês seguinte ao em que
cebidos pelo funcionário. cessar a percepção do vencimento ou remuneração.

Art. 221. Qualquer alteração do vencimento ou re- Art. 230. O provento do aposentado só poderá sofrer
muneração e vantagens percebidas pelo funcionário em descontos autorizados em lei.
virtude de medida geral, será extensiva ao provento do
disponível, na mesma proporção. Art. 231. O provento da aposentadoria não poderá ser
superior ao vencimento ou remuneração e demais vanta-
CAPÍTULO V gens percebidas pelo funcionário.
Da Aposentadoria
Art. 232. Qualquer alteração do vencimento ou remune-
Art. 222. O funcionário será aposentado: ração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de
I - por invalidez; medida geral, será extensiva ao provento do aposentado,
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e na mesma proporção.
III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos
de serviço. CAPÍTULO VI
§ 1º No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trin- Da Assistência ao Funcionário
ta) anos para as mulheres.
§ 2º Os limites de idade e de tempo de serviço para Art. 233. Nos trabalhos insalubres executados pelos
a aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do funcionários, o Estado é obrigado a fornecer-lhes gratuita-
mente equipamentos de proteção à saúde.
parágrafo único do art. 94 da Constituição do Estado de
Parágrafo único. Os equipamentos aprovados por órgão
São Paulo.
competente, serão de uso obrigatório dos funcionários,
sob pena de suspensão.
Art. 223. A aposentadoria prevista no item I do artigo
anterior, só será concedida, após a comprovação da inva-
Art. 234. Ao funcionário é assegurado o direito de re-
lidez do funcionário, mediante inspeção de saúde realiza-
moção para igual cargo no local de residência do cônjuge,
da em órgão médico oficial.
se este também for funcionário e houver vaga.
Art. 224. A aposentadoria compulsória prevista no Art. 235. Havendo vaga na sede do exercício de am-
item II do art. 222 é automática. bos os cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local
Parágrafo único. O funcionário se afastará no dia ime- indicado por qualquer deles, desde que não prejudique o
diato àquele em que atingir a idade limite, independente- serviço.
mente da publicação do ato declaratório da aposentadoria.
Art. 236. Somente será concedida nova remoção por
Art. 225. O funcionário em disponibilidade poderá ser união de cônjuges ao funcionário que for removido a pedi-
aposentado nos termos do art. 222. do para outro local, após transcorridos 5 (cinco) anos.

Art. 226. O provento da aposentadoria será: Art. 237. Considera-se local, para os fins dos arts. 234 a
I - igual ao vencimento ou remuneração e demais van- 236, o município onde o cônjuge tem sua residência.
tagens pecuniárias incorporadas para esse efeito:
1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar Art. 238. O ato que remover ou transferir o funcionário
35 (trinta e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 estudante de uma para outra cidade ficará suspenso se, na
(trinta) anos; e nova sede, não existir estabelecimento congênere, oficial,
2 - quando ocorrer a invalidez. reconhecido ou equiparado àquele em que o interessado es-
II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais teja matriculado.
casos. § 1º Efetivar-se-á a transferência, se o funcionário con-
cluir o curso, deixar de cursá-lo ou for reprovado durante
Art. 227. As disposições dos itens I e II do art. 222 apli- 2 (dois) anos.
cam-se ao funcionário ocupante de cargo em comissão, § 2º Anualmente, o interessado deverá fazer prova,
que contar mais de 15 (quinze) anos de exercício inin- perante a repartição a que esteja subordinado, de que está
terrupto nesse cargo, seja ou não ocupante de cargo de frequentando regularmente o curso em que estiver matri-
provimento efetivo. culado.

69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO VII estão inscritos não de modo exaustivo, porque o servidor


Do Direito de Petição deve obediência a todas as normas legais ou infralegais61.
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto de
Art. 239. É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurí- normas de conduta e de proibições impostas pela lei aos
dica, independentemente de pagamento, o direito de peti- servidores por ela abrangidos, tendo em vista a preven-
ção contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa ção, a apuração e a possível punição de atos e omissões
de direitos. que possam por em risco o funcionamento adequado da
§ 1º Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abu- administração pública, do posto de vista ético, do ponto
so, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. De-
público. correm, estes dispositivos, do denominado Poder Discipli-
§ 2º Em nenhuma hipótese, a Administração poderá nar que é aquele conferido à Administração com o objetivo
recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a peti- de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe
ção, sob pena de responsabilidade do agente. atribui instrumentos para punir seus servidores (e também
àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento
Art. 240. Ao servidor é assegurado o direito de requerer jurídico determinado - particulares contratados pela Admi-
ou representar, bem como, nos termos desta lei comple- nistração). [...]”62.
mentar, pedir reconsideração e recorrer de decisões, no prazo
de 30 (trinta) dias, salvo previsão legal específica. CAPÍTULO I
Dos Deveres e das Proibições
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen- SEÇÃO I
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição Dos Deveres
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile-
galidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem Os deveres do servidor aqui previstos são em muito
o direito de petição específico dos servidores públicos. compatíveis com os previstos no Código de Ética profis-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
sional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
(Decreto n° 1.171/94) e na própria Lei nº 8.112/1990, que
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
fixa o regime jurídico dos servidores públicos civis federais.
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
Descrevem algumas das condutas esperadas do servidor
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
público quando do desempenho de suas funções. Em re-
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
sumo, o servidor público deve desempenhar suas funções
a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
com cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à institui-
sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi- ção que compõe, respeitando as ordens de seus superiores
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res- que sejam adequadas às funções que desempenhe e bus-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz cando conservar o patrimônio do Estado. No tratamento
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e do público, deve ser prestativo e não negar o acesso a in-
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. formações que não sejam sigilosas. Caso presencie alguma
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar. Tomam-se
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar como base os ensinamentos de Lima63 a respeito destes
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- deveres:
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi- Art. 241. São deveres do funcionário:
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que I - ser assíduo e pontual;
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter “Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
certidões ser dissociado do direito de petição. duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
TÍTULO VI
DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABI- 61 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime
LIDADES disciplinar dos servidores federais. Disponível em:
<http://www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_
O regime disciplinar do servidor público civil está esta- dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.
belecido basicamente de duas maneiras: deveres e proibi- 62 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos
ções. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos deveres Servidores Públicos da União. Disponível em: <http://
e proibições são normas protetivas da boa Administração. www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar-
Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é uma puni- tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
ção. Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei 63 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime
como ações, como conduta positiva; as proibições, ao con- disciplinar dos servidores federais. Disponível em:
trário, são descritas como condutas vedadas ao servidor, <http://www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_
de modo que ele deve abster-se de praticá-las. Os deveres dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.

70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição
comparece no horário para as reuniões de trabalho e de- e, especialmente, sobre despachos, decisões ou providên-
mais atividades relacionadas com o exercício do cargo cias;
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o “O agente público deve guardar sigilo sobre o que
dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi- se passa na repartição, principalmente quanto aos as-
duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de suntos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de 2011, hoje está regulamentado o acesso às informações.
advertência, com fins educativos e de correção do servi- Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
dor”. fornecimento ou divulgação das informações exigem um
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a in-
II - cumprir as ordens superiores, representando quan- formação possa expor a intimidade da pessoa humana. As
do forem manifestamente ilegais; informações pessoais dos administrados em geral devem
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- ser tratadas forma transparente e com respeito à intimi-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado dade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas,
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro bem como às liberdades e garantias individuais, segundo
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente existe, pois, não devemos tratar a questão em termos de
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o cláusula jurídica de caráter absoluto, podendo ter autori-
que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar- zada a divulgação ou o acesso por terceiros quando haja
quia existe para que do alto escalão até a prática dos previsão legal. Outra exceção é quando há o consenti-
administrados as coisas funcionem. Disso decorre que mento expresso da pessoa a que elas se referirem. No
quando é emitida uma ordem para o servidor subordi- caso de cumprimento de ordem judicial, para a defesa de
nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém direitos humanos, e quando a proteção do interesse pú-
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons- blico e geral preponderante o exigir, também devem ser
titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar fornecidas as informações. Portanto, o servidor há que ter
seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é reserva no seu comportamento e fala, esquivando-se de
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta- revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho. Se
ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve
nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom então reduzir a escrito e representar para que se apure
senso que irá margear o que é flagrantemente incons- o caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e se
titucional”. efetivar a apuração dos fatos através do processo admi-
nistrativo disciplinar. Os assuntos objeto do serviço mere-
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de cem reserva. Devem ficar circunscritos aos servidores de-
que for incumbido; signados para o respectivo trabalho interno, não devendo
“O zelo diz respeito às atribuições funcionais e tam- sair da seção ou setor de trabalho, sem o trâmite hierár-
bém ao cuidado com a economia do material, os bens quico do chefe imediato. Se o assunto ou o trabalho, en-
da repartição e o patrimônio público. Sob o prisma da fim, merecer divulgação mais ampla, deve ser contatado
disciplina e da conservação dos bens e materiais da re- o órgão de assessoria de comunicação social, que saberá
partição, o servidor deve sempre agir com dedicação no proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso e às
desempenho das funções do cargo que ocupa, e que lhe leis vigentes”.
foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor não
é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o re- V - representar aos superiores sobre todas as irregu-
munera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servidor laridades de que tiver conhecimento no exercício de suas
deve exercer suas funções com o máximo de zelo que funções;
estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
de desempenho, para não configurar desídia ou insufi- to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
ciência de desempenho, deverá ser compensada com um que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
maior esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
altamente preparado e capaz, vem a praticar atos que tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou
configurem desídia ou mesmo falta mais grave, poderá divisões detêm um conhecimento maior de como corrigir
vir a ser punido. Porque o que se julgará não é a pessoa o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a devida
do servidor, mas a conduta a ele imputável. O zelo não apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato
deve se limitar apenas às atribuições específicas de sua irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do
atividade. O servidor deve ter zelo não somente com os dever de sigilo, há assuntos que exigem certas reservas,
bens e interesses imateriais (a imagem, os símbolos, a visando ao bem do serviço público, da segurança nacional
moralidade, a pontualidade, o sigilo, a hierarquia) como e mesmo da sociedade”.
também para com os bens e interesses patrimoniais do
Estado”.

71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VI - tratar com urbanidade as pessoas; XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimen-
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização tos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- suas funções; e
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo “A função desta norma é de não deixar sem resposta
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
públicos”. 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde au-
torizado; XIV - proceder na vida pública e privada na forma que
O objetivo da disciplina é impor que o servidor sempre dignifique a função pública.
seja acessível, não precise se locomover grandes distâncias O bom comportamento não deve se fazer presente
quando solicitado, o que permite ainda que conheça a rea- somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se
lidade local. portar bem quando estiver em sua vida privada, na convi-
vência com seus amigos e familiares, bem como nos mo-
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, mentos de lazer. Por melhor que seja como funcionário,
no assentamento individual, a sua declaração de família; não será aceito aquele que, por exemplo, for visto frequen-
Trata-se do dever de manter seus registros atualizados, temente embriagado ou for sempre denunciado por vio-
inclusive no que se refere aos membros de sua família. lência doméstica.

IX - zelar pela economia do material do Estado e pela SEÇÃO II


conservação do que for confiado à sua guarda ou utiliza- Das Proibições
ção;
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo- Art. 242. Ao funcionário é proibido:
mia e pela conservação dos bens públicos presta um des- Em contraposição aos deveres do servidor público,
serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante existem diversas proibições, que também estão em boa
poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94 e pela Lei nº
presente dever, quando por descumprimento dele a gra- 8.112/1990. A violação dos deveres ou a prática de alguma
vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”. das violações abaixo descritas caracterizam infração admi-
nistrativa disciplinar.
X - apresentar-se convenientemente trajado em servi- “Nas Proibições constata-se, desde logo, sua objetivi-
ço ou com uniforme determinado, quando for o caso; dade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o uso de
As roupas devem refletir o respeito à instituição e se- interpretações analógicas ou sistemáticas visto serem con-
rem compatíveis com a função desempenhada. dutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao princípio
da reserva legal. O descumprimento dessas proibições po-
XI - atender prontamente, com preferência sobre qual- dem inclusive, ensejar o enquadramento penal do servidor,
quer outro serviço, às requisições de papéis, documentos, pois muitas das condutas ali descritas, configuram prática
informações ou providências que lhe forem feitas pelas au- de delito penal”64.
toridades judiciárias ou administrativas, para defesa do
Estado, em Juízo; I - (Revogado).
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor II - retirar, sem prévia permissão da autoridade compe-
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a tente, qualquer documento ou objeto existente na repar-
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- tição;
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em pa-
informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba lestras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço;
o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justi-
público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há ficada;
mais lugar para o burocrata que se afasta do administra- V - tratar de interesses particulares na repartição;
do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen- VI - promover manifestações de apreço ou desapreço
to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas;
ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten- VII - exercer comércio entre os companheiros de servi-
dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que ço, promover ou subscrever listas de donativos dentro da
deve necessariamente passar por critérios de valorização repartição; e
dos servidores bons e de treinamento e qualificação per- VIII - empregar material do serviço público em serviço
manente dos quadros de pessoal”. particular.

XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com 64 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos
os companheiros de trabalho, Servidores Públicos da União. Disponível em: <http://
O ambiente de trabalho não deve ser um ambiente de www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar-
litígio, mas sim de cooperação. tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 243. É proibido ainda, ao funcionário: Art. 244. É vedado ao funcionário trabalhar sob as or-
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial dens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo
com o Governo, por si, ou como representante de outrem; quando se tratar de função de confiança e livre escolha,
II - participar da gerência ou administração de em- não podendo exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nes-
presas bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, sas condições.
que mantenham relações comerciais ou administrativas com É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
o Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou es- neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
tejam diretamente relacionadas com a finalidade da reparti- favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
ção ou serviço em que esteja lotado; mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Destaca-se
garantias de juros ou outros favores semelhantes, fede- o teor da súmula vinculante nº 13 do STF:
rais, estaduais ou municipais, exceto privilégio de invenção Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
própria; companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, empre- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
go ou função em empresas, estabelecimentos ou insti- meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi-
tuições que tenham relações com o Governo, em matéria do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda,
em que esteja lotado; de função gratificada na Administração Pública direta e in-
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
autorização do Presidente da República; Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe-
condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris-
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações
entre o texto da súmula e o da lei.
de sabotagem contra o serviço público; (INCONSTITUCIO-
NAL)
CAPÍTULO II
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
Das Responsabilidades
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
Art. 245. O funcionário é responsável por todos os
to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual,
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
por dolo ou culpa, devidamente apurados.
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
Parágrafo único. Caracteriza-se especialmente a res-
(Mandado de Injunção nº 20). ponsabilidade:
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à
VIII - praticar a usura; sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas,
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de ou por não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas
intermediário perante qualquer repartição pública, exceto leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de ser-
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até se- viço;
gundo grau; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guar-
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo da, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
quando estiver em missão referente à compra de material III - pela falta ou inexatidão das necessárias averba-
ou fiscalização de qualquer natureza; ções nas notas de despacho, guias e outros documentos
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para de- da receita, ou que tenham com eles relação; e
sempenhar atividade estranha às funções ou para lo- IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
grar, direta ou indiretamente, qualquer proveito; e Fazenda Estadual.
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
parte. (INCONSTITUCIONAL) Art. 246. O funcionário que adquirir materiais em de-
Os servidores públicos têm direito de fundar sindica- sacordo com disposições legais e regulamentares, será
tos, o que é inerente ao direito fundamental à liberdade de responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das
associação. penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
desconto no seu vencimento ou remuneração.
Parágrafo único. Não está compreendida na proibição
dos itens II e VI deste artigo, a participação do funcioná- Art. 247. Nos casos de indenização à Fazenda Esta-
rio em sociedades em que o Estado seja acionista, bem dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
assim na direção ou gerência de cooperativas e associa- a importância do prejuízo causado em virtude de alcance,
ções de classe, ou como seu sócio. desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou
entrada nos prazos legais.

73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 248. Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
importância da indenização poderá ser descontada do dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
vencimento ou remuneração não excedendo o desconto à limites da herança, embora existam reflexos na ação que
10ª (décima) parte do valor destes. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na
Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo úni- esfera penal (por exemplo, uma absolvição por negati-
co do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a va de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
pena de repreensão e, na reincidência, a de suspensão. passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Genericamente, os elementos da responsabilidade
Art. 249. Será igualmente responsabilizado o funcio- civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
nário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estra- prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
nhas às repartições, o desempenho de encargos que lhe que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
competirem ou aos seus subordinados. artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
Art. 250. A responsabilidade administrativa não como não se deve ou deixar de agir como se deve), cul-
exime o funcionário da responsabilidade civil ou cri- pa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
minal que no caso couber, nem o pagamento da indeniza- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
ção a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão
exame da pena disciplinar em que incorrer. e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido
§ 1º A responsabilidade administrativa é independen- pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral
te da civil e da criminal. ou material, econômico e não econômico).
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o
servidor absolvido pela Justiça, mediante simples com- As pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
provação do trânsito em julgado de decisão que negue a to privado prestadoras de serviços públicos responderão
existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causa-
demissão. rem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobresta- o responsável nos casos de dolo ou culpa.
do para aguardar decisão judicial por despacho motiva-
do da autoridade competente para aplicar a pena. Este artigo deixa clara a formação de uma relação
Segundo Carvalho Filho65, “a responsabilidade se ori- jurídica autônoma entre o Estado e o agente público
gina de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determi- que causou o dano no desempenho de suas funções.
nada situação fática prevista em lei e se caracteriza pela Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
natureza do campo jurídico em que se consuma. Desse ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente
modo, a responsabilidade pode ser civil, penal e adminis- pelo dano causado, ao qual foi anteriormente conde-
trativa. Cada responsabilidade é, em princípio, indepen- nado a reparar. Direito de regresso é justamente o di-
dente da outra”.
reito de acionar o causador direto do dano para obter
É possível que o mesmo fato gere responsabilidade
de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a exis-
civil, penal e administrativa, mas também é possível que
tência de uma relação obrigacional que se forma entre
este gere apenas uma ou outra espécie de responsabili-
a vítima e a instituição que o agente compõe.
dade. Daí o fato das responsabilidades serem indepen-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu
dentes: o mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer
agente causar aos membros da sociedade, mas se este
uma delas, cumulada ou isoladamente.
agente agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Es-
O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
tado do que foi pago à vítima. O agente causará danos
te do direito obrigacional, uma vez que a principal con-
ao praticar condutas incompatíveis com o comporta-
sequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que
mento ético dele esperado. 67
gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pa-
gamento de indenização que se refere às perdas e danos. A responsabilidade civil do servidor exige prévio
Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que processo administrativo disciplinar no qual seja asse-
gere dano deve suportar as consequências jurídicas de- gurado contraditório e ampla defesa.
correntes, restaurando-se o equilíbrio social.66 Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou
com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do ser-
65 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vidor que gere dano ao erário (Administração) ou a ter-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- ceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
ris, 2010.
66 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabili- 67 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
dade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Já a responsabilidade penal do servidor decorre de TÍTULO VII


uma conduta que a lei penal tipifique como infração pe- DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
nal, ou seja, como crime ou contravenção penal. E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
mente, uma vez que somente caberá responsabilização CAPÍTULO I
civil se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento Das Penalidades e de sua Aplicação
dano).
Os crimes contra a Administração Pública se encon- Art. 251. São penas disciplinares:
tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem I - repreensão;
outros crimes espalhados pela legislação específica. II - suspensão;
Por seu turno, quando o servidor pratica um ilícito ad- III - multa;
ministrativo, a ele é atribuída responsabilidade adminis- IV - demissão;
trativa. O ilícito pode verificar-se por conduta comissiva V - demissão a bem do serviço público; e
ou omissiva e os fatos que o configuram são os previstos VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
na legislação estatutária. Por exemplo, as sanções aplica- A repreensão e a multa são as penas mais leves, a pri-
das pela Comissão de Ética por violação ao Decreto n° meira é um aviso de que o funcionário se portou de forma
1.171/94 são administrativas. inadequada e de que isso não deve se repetir, a segunda
Se as responsabilidades se cumularem, também as interfere apenas no aspecto pecuniário. A multa pode ser
sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais respon- cumulada com outras penas. A suspensão é uma sanção
sabilidades são independentes, ou seja, não dependem intermediária, fazendo com que o funcionário deixe de
uma da outra. desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, o
Determinadas decisões na esfera penal geram ex- funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim sanção
clusão da responsabilidade nas esferas civil e adminis- mais grave. Outras sanções são cassação da aposentadoria
trativa, quais sejam: absolvição por inexistência do fato ou disponibilidade e a demissão a bem do serviço público,
ou negativa de autoria. A absolvição criminal por falta que também se encaixam na modalidade mais severa.
de provas não gera exclusão da responsabilidade civil e
administrativa. Art. 252. Na aplicação das penas disciplinares serão con-
A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada sideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos
que dela provierem para o serviço público.
prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delic-
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
to, conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz
uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato prati-
coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer
cado.
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal
Art. 253. A pena de repreensão será aplicada por escrito,
ou no exercício regular de direito” (excludentes de an-
nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deve-
tijuridicidade); “art. 66. não obstante a sentença abso-
res.
lutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a Art. 254. A pena de suspensão, que não excederá de 90
inexistência material do fato”; “art. 386, IV –  estar pro- (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de
vado que o réu não concorreu para a infração penal”. reincidência.
Entendem Fuller, Junqueira e Machado68: “a absolvi- § 1º O funcionário suspenso perderá todas as vanta-
ção dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por gens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
falta de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação con- § 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão po-
ferida ao CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito derá converter essa penalidade em multa, na base de 50%
da jurisdição civil, restando intocada a possibilidade de, (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remunera-
na ação civil de conhecimento, ser provada e reconhecida ção, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer
a existência do direito ao ressarcimento, de acordo com o em serviço.
grau de cognição e convicção próprios da seara civil (na
esfera penal, a decisão de condenação somente pode ser Art. 255. A pena de multa será aplicada na forma e nos
lastreada em juízo de certeza, tendo em vista o princípio casos expressamente previstos em lei ou regulamento.
constitucional do estado de inocência)”.
Art. 256. Será aplicada a pena de demissão nos casos de:
I - abandono de cargo;
II - procedimento irregular, de natureza grave;
III - ineficiência no serviço;
68 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA, IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
Gustavo Octaviano Diniz; MACHADO, Angela C. Cangia- V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
no. Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribu- mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente,
nais, 2010. (Coleção Elementos do Direito) durante 1 (um) ano.

75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º Considerar-se-á abandono de cargo, o não compa- III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
recimento do funcionário por mais de (30) dias consecuti- IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a
vos ex-vi do art. 63. 60 (sessenta) dias; e
§ 2º A pena de demissão por ineficiência no serviço, V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a
só será aplicada quando verificada a impossibilidade de de suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
readaptação. Parágrafo único. Havendo mais de um infrator e di-
versidade de sanções, a competência será da autoridade
Art. 257. Será aplicada a pena de demissão a bem do responsável pela imposição da penalidade mais grave.
serviço público ao funcionário que:
I - for convencido de incontinência pública e escan- Art. 261. Extingue-se a punibilidade pela prescri-
dalosa e de vício de jogos proibidos; ção:
II - praticar ato definido como crime contra a admi- I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou
nistração pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou multa, em 2 (dois) anos;
previsto nas leis relativas à segurança e à defesa na- II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a
cional;
bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em
disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
razão do cargo, desde que o faça dolosamente e com pre-
II - da falta prevista em lei como infração penal, no
juízo para o Estado ou particulares;
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for
IV - praticar insubordinação grave;
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio- superior a 5 (cinco) anos.
nários ou particulares, salvo se em legítima defesa; § 1º A prescrição começa a correr:
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; 1 - do dia em que a falta for cometida;
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre- 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou
sentes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente ou a permanência, nas faltas continuadas ou permanentes.
por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções § 2º Interrompem a prescrição a portaria que instau-
mas em razão delas; ra sindicância e a que instaura processo administra-
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer va- tivo.
lores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na § 3º O lapso prescricional corresponde:
repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; 1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da
IX - exercer advocacia administrativa; pena efetivamente aplicada;
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria 2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da
de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e pena em tese cabível.
de procedimento criminal, que no caso couber; § 4º A prescrição não corre:
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortu- 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo
ra, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e ter- para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo
rorismo; 250;
XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que
Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direi- venha a ser restabelecido.
tos ou valores; e § 5º Extinta a punibilidade pela prescrição, a autorida-
XIII - praticar ato definido em lei como de improbida- de julgadora determinará o registro do fato nos assenta-
de. mentos individuais do servidor.
§ 6º A decisão que reconhecer a existência de prescri-
Art. 258. O ato que demitir o funcionário mencionará
ção deverá desde logo determinar, quando for o caso, as
sempre a disposição legal em que se fundamenta.
providências necessárias à apuração da responsabilidade
pela sua ocorrência.
Art. 259. Será aplicada a pena de cassação de aposen-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
tadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
I - praticou, quando em atividade, falta grave para a direito de acionar judicialmente.
qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demis- No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
são a bem do serviço público; graves, 2 para as de gravidade intermediária e leve (pena
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; de suspensão e pena de advertência) - Contados da data
III - aceitou representação de Estado estrangeiro em que o fato se tornou conhecido pela administração
sem prévia autorização do Presidente da República; e pública.
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas. Interrupção da prescrição significa parar a contagem
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
Art. 260. Para aplicação das penalidades previstas no tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
art. 251, são competentes: até a decisão final proferida por autoridade competente
I - o Governador; não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
Estado e os Superintendentes de Autarquia; propor ação disciplinar.

76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 262. O funcionário que, sem justa causa, deixar de Art. 267. O período de afastamento preventivo compu-
atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja ta-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu pena de suspensão eventualmente aplicada.
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exi- A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
gência. ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em dis- cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
ponibilidade o disposto neste artigo. o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção
mais grave.
Art. 263. Deverão constar do assentamento individual
do funcionário todas as penas que lhe forem impostas. TÍTULO VIII
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
CAPÍTULO II
Das Providências Preliminares CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art. 264. A autoridade que, por qualquer meio, tiver
conhecimento de irregularidade praticada por servidor é Art. 268. A apuração das infrações será feita mediante
obrigada a adotar providências visando à sua imediata sindicância ou processo administrativo, assegurados o
apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso contraditório e a ampla defesa.
exigir.
Art. 269. Será instaurada sindicância quando a falta
Art. 265. A autoridade realizará apuração prelimi- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
nar, de natureza simplesmente investigativa, quando a repreensão, suspensão ou multa.
infração não estiver suficientemente caracterizada ou de-
finida autoria. Art. 270. Será obrigatório o processo administrati-
§ 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no pra- vo quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa
zo de 30 (trinta) dias. determinar as penas de demissão, de demissão a bem
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autoridade do serviço público e de cassação de aposentadoria ou
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete disponibilidade.
relatório das diligências realizadas e definir o tempo neces-
sário para o término dos trabalhos. Art. 271. Os procedimentos disciplinares punitivos serão
§ 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela por Procurador do Estado confirmado na carreira.
instauração de sindicância ou de processo administrativo.
CAPÍTULO II
Art. 266. Determinada a instauração de sindicância Da Sindicância
ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo
conveniência para a instrução ou para o serviço, poderá o Art. 272. São competentes para determinar a instau-
Chefe de Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo
seguintes providências: 260.
I - afastamento preventivo do servidor, quando o reco- Parágrafo único. Instaurada a sindicância, o Procurador
mendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato, do Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão seto-
sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e rial de pessoal.
oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período;
II - designação do servidor acusado para o exercício de Art. 273. Aplicam-se à sindicância as regras previstas
atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do nesta lei complementar para o processo administrativo,
procedimento; com as seguintes modificações:
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar-
e algemas; rolar até 3 (três) testemunhas;
IV - proibição do porte de armas; II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser (sessenta) dias;
estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto-
§ 1º A autoridade que determinar a instauração ou pre- ridade competente para a decisão.
sidir sindicância ou processo administrativo poderá repre-
sentar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das CAPÍTULO III
medidas previstas neste artigo, bem como sua cessação ou Do Processo Administrativo
alteração.
§ 2º O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, Art. 274. São competentes para determinar a instau-
por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as me- ração de processo administrativo as autoridades enume-
didas previstas neste artigo. radas no Art. 260, até o inciso IV, inclusive.

77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 275. Não poderá ser encarregado da apuração, nem Art. 279. Havendo denunciante, este deverá prestar
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente declarações, no interregno entre a data da citação e a
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o fixada para o interrogatório do acusado, sendo notificado
terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual- para tal fim.
quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou § 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
do acusado, bem assim o subordinado deste. pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
§ 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun-
Art. 276. A autoridade ou o funcionário designado de- ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência
verão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o das declarações que aquele houver prestado.
impedimento que houver.
Art. 280. Não comparecendo o acusado, será, por des-
Art. 277. O processo administrativo deverá ser instaura- pacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais
do por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do atos e termos do processo.
recebimento da determinação, e concluído no de 90 (noven-
ta) dias da citação do acusado. Art. 281. Ao acusado revel será nomeado advogado
§ 1º Da portaria deverão constar o nome e a identifi- dativo.
cação do acusado, a infração que lhe é atribuída, com des-
crição sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas Art. 282. O acusado poderá constituir advogado que o
e a penalidade mais elevada em tese cabível. representará em todos os atos e termos do processo.
§ 2º Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o § 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente tir aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória
encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando qualquer notificação.
as providências faltantes e o tempo necessário para término § 2º O advogado será intimado por publicação no Diá-
dos trabalhos. rio Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de
§ 3º O superior hierárquico dará ciência dos fatos a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os
que se refere o parágrafo anterior e das providências que
dados necessários à identificação do procedimento.
houver adotado à autoridade que determinou a instauração
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou ne-
do processo.
gando-se a constituir advogado, o presidente nomeará ad-
vogado dativo.
Art. 278. Autuada a portaria e demais peças preexisten-
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
tes, designará o presidente dia e hora para audiência de
advogado para prosseguir na sua defesa.
interrogatório, determinando a citação do acusado e a
notificação do denunciante, se houver.
Art. 283. Comparecendo ou não o acusado ao interro-
§ 1º O mandado de citação deverá conter:
1 - cópia da portaria; gatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser produção de provas, ou apresentá-las.
acompanhado pelo advogado do acusado; § 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, (cinco) testemunhas.
que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita ex-
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por clusivamente por documentos, até as alegações finais.
advogado dativo, caso não constitua advogado próprio; § 3º Até a data do interrogatório, será designada a au-
5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste- diência de instrução.
munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
data designada para seu interrogatório; Art. 284. Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
6 - advertência de que o processo será extinto se o acu- ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo
sado pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar acusado.
exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem como Parágrafo único. Tratando-se de servidor público, seu
inassiduidade. comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior
§ 2º A citação do acusado será feita pessoalmente, no imediato com as indicações necessárias.
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por inter-
médio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, Art. 285. A testemunha não poderá eximir-se de
onde possa ser encontrado. depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain-
§ 3º Não sendo encontrado em seu local de trabalho da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e
ou no endereço constante de seu assentamento individual, cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quan-
furtando-se o acusado à citação ou ignorando-se seu para- do não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se
deiro, a citação far-se-á por edital, publicado uma vez no a prova do fato e de suas circunstâncias.
Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com o
interrogatório. denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a
exceção deste artigo.

78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa, § 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar os
será pela autoridade competente adotada a providência a autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para
que se refere o artigo 262, mediante comunicação do presi- manifestação de seu representado, salvo na hipótese de pra-
dente. zo comum, de processo sob regime de segredo de justiça ou
§ 3º O servidor que tiver de depor como testemunha quando existirem nos autos documentos originais de difícil
fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique
diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda ex- a permanência dos autos na repartição, reconhecida pela
pedir-se precatória para esse efeito à autoridade do domicí- autoridade em despacho motivado.
lio do depoente.
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão Art. 290. Somente poderão ser indeferidos pelo presi-
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar dente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, de nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem
quiserem dar o seu testemunho. como as provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias
ou protelatórias.
Art. 286. A testemunha que morar em comarca diversa
poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua resi- Art. 291. Quando, no curso do procedimento, surgirem
dência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovi-
prazo razoável, intimada a defesa. da a instauração de novo procedimento para sua apura-
§ 1º Deverá constar da precatória a síntese da imputa- ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
ção e os esclarecimentos pretendidos, bem como a adver- oportunidade de defesa.
tência sobre a necessidade da presença de advogado.
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a ins- Art. 292. Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
trução do procedimento. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no
§ 3º Findo o prazo marcado, o procedimento poderá prazo de 7 (sete) dias.
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as alega-
vez devolvida, será juntada aos autos. ções finais, o presidente designará advogado dativo, assi-
nando-lhe novo prazo.
Art. 287. As testemunhas arroladas pelo acusado
comparecerão à audiência designada independente de no-
Art. 293. O relatório deverá ser apresentado no prazo
tificação.
de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alega-
§ 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
ções finais.
mento for relevante e que não comparecer espontanea-
§ 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
mente.
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig- provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição
nada para a audiência outra testemunha, independente de ou punição e indicando, nesse caso, a pena que entender
notificação. cabível.
§ 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
Art. 288. Em qualquer fase do processo, poderá o presi- de quaisquer outras providências de interesse do serviço
dente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar dili- público.
gências que entenda convenientes.
§ 1º As informações necessárias à instrução do processo Art. 294. Relatado, o processo será encaminhado à au-
serão solicitadas diretamente, sem observância de vincula- toridade que determinou sua instauração.
ção hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada
aos autos. Art. 295. Recebendo o processo relatado, a autoridade
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos que houver determinado sua instauração deverá, no prazo
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedi- de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar
mentos do artigo 275. a realização de diligência, sempre que necessária ao es-
clarecimento de fatos.
Art. 289. Durante a instrução, os autos do procedimento
administrativo permanecerão na repartição competente. Art. 296. Determinada a diligência, a autoridade encar-
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado, median- regada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze)
te simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para ma-
procedimento. nifestar-se em 5 (cinco) dias.
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo para
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, Art. 297. Quando escaparem à sua alçada as penalida-
mediante publicação no Diário Oficial do Estado. des e providências que lhe parecerem cabíveis, a autorida-
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação a que de que determinou a instauração do processo administrativo
se refere o parágrafo anterior e desde que os autos estejam deverá propô-las, justificadamente, dentro do prazo para
efetivamente disponíveis para vista. julgamento, à autoridade competente.

79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 298. A autoridade que proferir decisão determinará CAPÍTULO IV


os atos dela decorrentes e as providências necessárias Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e por
a sua execução. Inassiduidade

Art. 299. As decisões serão sempre publicadas no Diá- Art. 308. Verificada a ocorrência de faltas ao serviço
rio Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, que caracterizem abandono de cargo ou função, bem
bem como averbadas no registro funcional do servidor. como inassiduidade, o superior imediato comunicará o
fato à autoridade competente para determinar a instau-
Art. 300. Terão forma processual resumida, quando ração de processo disciplinar, instruindo a representação
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais com cópia da ficha funcional do servidor e atestados de
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re- frequência.
cebimento, bem como certidões e compromissos.
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na or- Art. 309. Não será instaurado processo para apurar
dem cronológica da apresentação, rubricando o presidente abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se
as folhas acrescidas. o servidor tiver pedido exoneração.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não conste
do processo, nele deverão figurar por cópia. Art. 310. Extingue-se o processo instaurado exclusi-
vamente para apurar abandono de cargo ou função, bem
Art. 301. Constará sempre dos autos da sindicância ou como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a
do processo a folha de serviço do indiciado. data designada para o interrogatório, ou por ocasião
deste.
Art. 302. Quando ao funcionário se imputar crime, pra-
ticado na esfera administrativa, a autoridade que determi- Art. 311. A defesa só poderá versar sobre força
nou a instauração do processo administrativo providenciará maior, coação ilegal ou motivo legalmente justificável.
para que se instaure, simultaneamente, o inquérito policial.
Parágrafo único. Quando se tratar de crime praticado CAPÍTULO V
fora da esfera administrativa, a autoridade policial dará Dos Recursos
ciência dele à autoridade administrativa.
Art. 312. Caberá recurso, por uma única vez, da de-
Art. 303. As autoridades responsáveis pela condução do cisão que aplicar penalidade.
processo administrativo e do inquérito policial se auxilia- § 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
rão para que os mesmos se concluam dentro dos prazos dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
respectivos. do Estado ou da intimação pessoal do servidor, quando for
o caso.
Art. 304. Quando o ato atribuído ao funcionário for con- § 2º Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
siderado criminoso, serão remetidas à autoridade compe- lificação do recorrente, a exposição das razões de in-
tente cópias autenticadas das peças essenciais do processo. conformismo.
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que apli-
Art. 305. Não será declarada a nulidade de nenhum cou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, moti-
ato processual que não houver influído na apuração da ver- vadamente, manter sua decisão ou reformá-la.
dade substancial ou diretamente na decisão do processo ou § 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
sindicância. será imediatamente encaminhada a reexame pelo su-
perior hierárquico.
Art. 306. É defeso fornecer à imprensa ou a outros § 5º O recurso será apreciado pela autoridade com-
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo petente ainda que incorretamente denominado ou ende-
no interesse da Administração, a juízo do Secretário de Es- reçado.
tado ou do Procurador Geral do Estado.
Art. 313. Caberá pedido de reconsideração, que não
Art. 307. Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercí- poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador
cio, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela
ser considerada em prejuízo do infrator, inclusive para Art. 314. Os recursos de que trata esta lei complemen-
efeito de reincidência. tar não têm efeito suspensivo; os que forem providos da-
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem do rão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus efei-
serviço público acarretam a incompatibilidade para nova tos à data do ato punitivo.
investidura em cargo, função ou emprego público, pelo pra-
zo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente.

80
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO VI Disposições Finais


Da Revisão
Art. 322. O dia 28 de outubro será consagrado ao “Fun-
Art. 315. Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de cionário Público Estadual”.
punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se sur-
girem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou Art. 323. Os prazos previstos neste Estatuto serão todos
vícios insanáveis de procedimento, que possam justificar contados por dias corridos.
redução ou anulação da pena aplicada. Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia
§ 1º A simples alegação da injustiça da decisão não inicial, prorrogando-se o vencimento, que incidir em sá-
constitui fundamento do pedido. bado, domingo, feriado ou facultativo, para o primeiro dia
§ 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo útil seguinte.
fundamento.
§ 3º Os pedidos formulados em desacordo com este arti- Art. 324. As disposições deste Estatuto se aplicam aos
go serão indeferidos. extranumerários, exceto no que colidirem com a precarie-
§ 4º O ônus da prova cabe ao requerente.
dade de sua situação no Serviço Público.
Art. 316. A pena imposta não poderá ser agravada pela
Disposições Transitórias
revisão.

Art. 317. A instauração de processo revisional poderá Art. 325. Aplicam-se aos atuais funcionários interinos
ser requerida fundamentadamente pelo interessado ou, as disposições deste Estatuto, salvo as que colidirem com
se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, com- a natureza precária de sua investidura e, em especial, as
panheiro, ascendente, descendente ou irmão, sempre por relativas a acesso, promoção, afastamentos, aposentadoria
intermédio de advogado. voluntária e às licenças previstas nos itens VI, VII e IX do
Parágrafo único. O pedido será instruído com as provas Art. 181.
que o requerente possuir ou com indicação daquelas que pre-
tenda produzir. Art. 326. Serão obrigatoriamente exonerados os ocu-
pantes interinos de cargos para cujo provimento for reali-
Art. 318. A autoridade que aplicou a penalidade, ou que zado concurso.
a tiver confirmado em grau de recurso, será competente Parágrafo único. As exonerações serão efetivadas den-
para o exame da admissibilidade do pedido de revisão, tro de 30 (trinta) dias, após a homologação do concurso.
bem como, caso deferido o processamento, para a sua de-
cisão final. Art. 327. (Revogado). 

Art. 319. Deferido o processamento da revisão, será Art. 328. Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder-
este realizado por Procurador de Estado que não tenha se-á ao levantamento geral das atuais funções gratifi-
funcionado no procedimento disciplinar de que resultou a pu- cadas, para efeito de implantação de novo sistema retribui-
nição do requerente. tório dos encargos por elas atendidos.
Parágrafo único. Até a implantação do sistema de que
Art. 320. Recebido o pedido, o presidente providenciará trata este artigo, continuarão em vigor as disposições legais
o apensamento dos autos originais e notificará o requerente referentes à função gratificada.
para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas,
ou requerer outras provas que pretenda produzir.
Art. 329. Ficam expressamente revogadas:
Parágrafo único. No processamento da revisão serão ob-
I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabe-
servadas as normas previstas nesta lei complementar para o
leçam contagem de tempo em divergência com o disposto
processo administrativo.
no Capítulo XV do Título II, ressalvada, todavia, a contagem,
Art. 321. A decisão que julgar procedente a revisão pode- nos termos da legislação ora revogada, do tempo de serviço
rá alterar a classificação da infração, absolver o punido, modi- prestado anteriormente ao presente Estatuto;
ficar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as de-
atingidos pela decisão reformada. mais disposições atinentes aos extranumerários; e
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser- III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
vidor condenado requerer que sua condenação seja revista
se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem Art. 330. (Vetado).
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po-
derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de Art. 331. Revogam-se as disposições em contrário.
mesma hierarquia e será apensada ao processo administra-
tivo originário. O julgamento será feito pela mesma autori- Palácio dos Bandeirantes, aos 28 de outubro de 1968.
dade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
deveria ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.

81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estabelece a Constituição Federal:


4. LEI Nº 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
DE 1998 – REGULA O PROCESSO
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO DA
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL. de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: [...]
São princípios da administração pública, nesta ordem:
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço sa- Legalidade
ber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a Impessoalidade
seguinte lei: Moralidade
Publicidade
TÍTULO I Eficiência
Das Disposições Preliminares Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada
Artigo 1º Esta lei regula os atos e procedimentos admi- da Administração Pública. É de fundamental importância
nistrativos da Administração Pública centralizada e descen- um olhar atento ao significado de cada um destes prin-
tralizada do Estado de São Paulo, que não tenham disci- cípios, posto que eles estruturam todas as regras éticas
plina legal específica. prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade
Parágrafo único. Considera-se integrante da Adminis- Administrativa, tomando como base os ensinamentos de
tração descentralizada estadual toda pessoa jurídica con- Carvalho Filho70 e Spitzcovsky71:
trolada ou mantida, direta ou indiretamente, pelo Poder a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalida-
Público estadual, seja qual for seu regime jurídico. de significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proí-
be. Contudo, como a administração pública representa os
Artigo 2º As normas desta lei aplicam-se subsidiaria-
interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de
mente aos atos e procedimentos administrativos com disci-
subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex-
plina legal específica.
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
Artigo 3º Os prazos fixados em normas legais específi-
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
cas prevalecem sobre os desta lei.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita.
Processo é “a relação jurídica integrada por algumas
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
pessoas, que nela exercem várias atividades direcionadas
para determinado fim”. Tratando-se de uma relação admi- ses que representa, a administração pública está proibida
nistrativa, a relação jurídica traduzirá um processo adminis- de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
trativo. Logo, processo administrativo é “o instrumento que alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
formaliza a sequência ordenada de atos e de atividades do prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
Estado e dos particulares a fim de ser produzida uma von- blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
tade final da Administração”69. trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
Processo administrativo não se confunde com procedi- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
mento administrativo. O primeiro pressupõe a sucessão or- de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
denada de atos concatenados visando à edição de um ato impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
final, ou seja, é o conjunto de atos que visa à obtenção de pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
decisão sobre uma controvérsia no âmbito administrativo; ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
o segundo corresponde ao rito, conjunto de formalidades particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
que deve ser observado para a prática de determinados já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
atos, e é realizado no interior do processo, para viabilizá-lo. coletivo.
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
TÍTULO II no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma
Dos Princípios da Administração Pública espécie de moralidade administrativa, intimamente rela-
cionada ao poder público. A administração pública não
Artigo 4º A Administração Pública atuará em obediên- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
cia aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora- cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
lidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, interesse
público e motivação dos atos administrativos. 70 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
69 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ris, 2010.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- 71 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
ris, 2010. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento fundamentação surge como meio interpretativo da deci-
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio são que levou à prática do ato impugnado, sendo verda-
da moralidade deve se fazer presente não só para com os deiro meio de viabilização do controle da legalidade dos
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- atos da Administração.
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta-
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. To-
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS dos os atos administrativos devem ser motivados para que
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios o Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
anteriores. quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem
d) Princípio da publicidade: A administração pública ser observados os motivos dos atos administrativos.
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban- ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e único comportamento possível) e dos atos discricionários
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, apon-
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que ta um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne- uníssona na determinação da obrigatoriedade de moti-
gar indevidamente a fornecer informações ao administra- vação com relação aos atos administrativos vinculados;
do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somente todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos
pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade e a atos discricionários.
eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para Meirelles73 entende que o ato discricionário, editado
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
mandado de segurança.
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini74,
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusi-
procura por produtividade e economicidade. Alcança os ve a superação de tais discussões doutrinárias, pois o re-
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se ferido artigo exige a motivação para todos os atos nele
referindo diretamente à conduta dos agentes. elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos dis-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- cricionários quanto os vinculados.
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- Artigo 5º A norma administrativa deve ser interpretada
dos à função pública a probidade e a motivação: e aplicada da forma que melhor garanta a realização do
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- fim público a que se dirige.
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação,
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Artigo 6º Somente a lei poderá:
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no I - criar condicionamentos aos direitos dos particula-
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- res ou impor-lhes deveres de qualquer espécie; e
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini72 alerta que II - prever infrações ou prescrever sanções.
alguns autores tratam vêem como distintos os princípios
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há 
características que permitam tratar os mesmos como pro-
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
que a probidade administrativa é um aspecto particular da
moralidade administrativa.
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais 73 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
72 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 74 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo.
9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TÍTULO III § 1º Não será admitida a convalidação quando dela re-


Dos Atos Administrativos sultar prejuízo à Administração ou a terceiros ou quando se
tratar de ato impugnado.
CAPÍTULO I § 2º A convalidação será sempre formalizada por ato
Disposição Preliminar motivado.

Artigo 7º A Administração não iniciará qualquer atua- “Os atos administrativos são presumidos verdadeiros e
ção material relacionada com a esfera jurídica dos particu- legais até que se prove o contrário. Assim, a Administração
lares sem a prévia expedição do ato administrativo que não tem o ônus de provar que seus atos são legais e a si-
lhe sirva de fundamento, salvo na hipótese de expressa tuação que gerou a necessidade de sua prática realmente
previsão legal. existiu, cabendo ao destinatário do ato o encargo de pro-
Ato administrativo é a declaração do Estado ou de var que o agente administrativo agiu de forma ilegítima.
quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, Este atributo está presente em todos os atos administrati-
com observância da lei, sob o regime jurídico de direito pú- vos”75. Com efeito, é possível invalidar um ato administra-
blico e sujeita ao controle pelo Poder Público. tivo, que deve sempre preencher determinados requisitos:
sujeito competente ou competência; forma; finalidade; mo-
CAPÍTULO II tivo; objeto ou conteúdo. Neste sentido, quando o próximo
Da Invalidade dos Atos capítulo trabalha com a formalização dos atos abrange re-
quisitos inerentes a eles.
Artigo 8º São inválidos os atos administrativos que
desatendam os pressupostos legais e regulamentares CAPÍTULO III
de sua edição, ou os princípios da Administração, especial- Da Formalização dos Atos
mente nos casos de:
I - incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de Artigo 12. São atos administrativos:
que emane; I - de competência privativa:
II - omissão de formalidades ou procedimentos essen- a) do Governador do Estado, o Decreto;
ciais; b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do
III - impropriedade do objeto; Estado e dos Reitores das Universidades, a Resolução;
IV - inexistência ou impropriedade do motivo de fato ou c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
de direito; II - de competência comum:
V - desvio de poder; a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Ser-
VI - falta ou insuficiência de motivação. viço; as autoridades policiais; aos dirigentes das entidades
Parágrafo único. Nos atos discricionários, será razão descentralizadas, bem como, quando estabelecido em nor-
de invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o ma legal específica, a outras autoridades administrativas, a
conteúdo do ato, tendo em vista sua finalidade. Portaria;
b) à todas as autoridades ou agentes da Administração,
Artigo 9º A motivação indicará as razões que justifi- os demais atos administrativos, tais como Ofícios, Ordens de
quem a edição do ato, especialmente a regra de competência, Serviço, Instruções e outros.
os fundamentos de fato e de direito e a finalidade objetivada. § 1º Os atos administrativos, excetuados os decretos,
Parágrafo único. A motivação do ato no procedimento aos quais se refere a Lei Complementar nº 60, de 10 de julho
administrativo poderá consistir na remissão a pareceres ou de 1972, e os referidos no Artigo 14 desta lei, serão nume-
manifestações nele proferidos. rados em séries próprias, com renovação anual, identifican-
do-se pela sua denominação, seguida da sigla do órgão ou
Artigo 10. A Administração anulará seus atos inváli- entidade que os tenha expedido.
dos, de ofício ou por provocação de pessoa interessada, salvo § 2º Aplica-se na elaboração dos atos administrativos,
quando: no que couber, o disposto na Lei Complementar nº 60, de
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de 10 de julho de 1972.
sua produção;
II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo; Artigo 13. Os atos administrativos produzidos por es-
III - forem passíveis de convalidação. crito indicarão a data e o local de sua edição, e conterão a
identificação nominal, funcional e a assinatura da autori-
Artigo 11. A Administração poderá convalidar seus atos dade responsável.
inválidos, quando a invalidade decorrer de vício de compe-
tência ou de ordem formal, desde que:
I - na hipótese de vício de competência, a convalidação 75 BARBOSA, Carlos. Atos administrativos. Dis-
seja feita pela autoridade titulada para a prática do ato, e ponível em: <http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portal-
não se trate de competência indelegável; TvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Carlos_Barbosa_
II - na hipótese de vício formal, este possa ser suprido de Atos_administrativos_Parte_1.pdf>. Acesso em: 07 out.
modo eficaz. 2014.

84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 14. Os atos de conteúdo normativo e os de cará- III - as atribuições recebidas por delegação, salvo au-
ter geral serão numerados em séries específicas, seguida- torização expressa e na forma por ela determinada;
mente, sem renovação anual. IV - a totalidade da competência do órgão;
V - as competências essenciais do órgão, que justifi-
Artigo 15. Os regulamentos serão editados por decre- quem sua existência.
to, observadas as seguintes regras: Parágrafo único. O órgão colegiado não pode delegar
I - nenhum regulamento poderá ser editado sem base suas funções, mas apenas a execução material de suas de-
em lei, nem prever infrações, sanções, deveres ou condiciona- liberações.
mentos de direitos nela não estabelecidos;
II - os decretos serão referendados pelos Secretários de TITULO IV
Estado em cuja área de atuação devam incidir, ou pelo Pro- Dos Procedimentos Administrativos
curador Geral do Estado, quando for o caso;
III - nenhum decreto regulamentar será editado sem exposi- CAPÍTULO I
ção de motivos que demonstre o fundamento legal de sua edição,
Normas Gerais
a finalidade das medidas adotadas e a extensão de seus efeitos;
IV - as minutas de regulamento serão obrigatoriamente
Seção I
submetidas ao órgão jurídico competente, antes de sua apre-
ciação pelo Governador do Estado. Dos Princípios

CAPÍTULO IV Artigo 21. Os atos da Administração serão precedidos


Da Publicidade dos Atos do procedimento adequado à sua validade e à proteção
dos direitos e interesses dos particulares.
Artigo 16. Os atos administrativos, inclusive os de caráter
geral, entrarão em vigor na data de sua publicação, salvo Artigo 22. Nos procedimentos administrativos observar-
disposição expressa em contrário. se-ão, entre outros requisitos de validade, a igualdade en-
tre os administrados e o devido processo legal, especial-
Artigo 17. Salvo norma expressa em contrário, a publici- mente quanto à exigência de publicidade, do contraditório,
dade dos atos administrativos consistirá em sua publicação ampla defesa e, quando for o caso, do despacho ou decisão
no Diário Oficial do Estado, ou, quando for o caso, na cita- motivados.
ção, notificação ou intimação do interessado. § 1º Para atendimento dos princípios previstos nes-
Parágrafo único. A publicação dos atos sem conteúdo te artigo, serão assegurados às partes o direito de emitir
normativo poderá ser resumida. manifestação, de oferecer provas e acompanhar sua
produção, de obter vista e de recorrer.
CAPÍTULO V § 2º Somente poderão ser recusadas, mediante deci-
Do Prazo para a Produção dos Atos são fundamentada, as provas propostas pelos interessados
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
Artigo 18. Será de 60 (sessenta) dias, se outra não for protelatórias.
a determinação legal, o prazo máximo para a prática de
atos administrativos isolados, que não exijam procedi- Seção II
mento para sua prolação, ou para a adoção, pela autoridade Do Direito de Petição
pública, de outras providências necessárias à aplicação de
lei ou decisão administrativa. Artigo 23. É assegurado a qualquer pessoa, física ou
Parágrafo único. O prazo fluirá a partir do momento em
jurídica, independentemente de pagamento, o direito de
que, à vista das circunstâncias, tornar-se logicamente pos-
petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para a
sível a produção do ato ou a adoção da medida, permitida
defesa de direitos.
prorrogação, quando cabível, mediante proposta justificada.
Parágrafo único. As entidades associativas, quando
CAPÍTULO VI expressamente autorizadas por seus estatutos ou por ato es-
Da Delegação e da Avocação pecial, e os sindicatos poderão exercer o direito de petição,
em defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
Artigo 19. Salvo vedação legal, as autoridades superiores de seus membros.
poderão delegar a seus subordinados a prática de atos de
sua competência ou avocar os de competência destes. Artigo 24. Em nenhuma hipótese, a Administração po-
derá recusar-se a protocolar a petição, sob pena de res-
Artigo 20. São indelegáveis, entre outras hipóteses de- ponsabilidade do agente.
correntes de normas específicas: Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, “a”, o direito de pe-
I - a competência para a edição de atos normativos tição, assegurado a todos: “são a todos assegurados, in-
que regulem direitos e deveres dos administrados; dependentemente do pagamento de taxas: a) o direito
II - as atribuições inerentes ao caráter político da au- de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos
toridade; ou contra ilegalidade ou abuso de poder”. Direito de pe-

85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tição é o direito de postular ao Poder Público o respeito I - para autuação, juntada aos autos de quaisquer ele-
aos seus direitos, notadamente caso a pessoa seja vítima mentos, publicação e outras providências de mero expe-
de um ato de ilegalidade ou abuso de poder. Os artigos diente: 2 (dois) dias;
acima descrevem o direito de petição específico dos ser- II - para expedição de notificação ou intimação pes-
vidores públicos paulistas. soal: 6 (seis) dias;
III - para elaboração e apresentação de informes sem
Seção III caráter técnico ou jurídico: 7 (sete) dias;
Da Instrução IV - para elaboração e apresentação de pareceres ou
informes de caráter técnico ou jurídico: 20 (vinte) dias,
Artigo 25. Os procedimentos serão impulsionados e prorrogáveis por 10 (dez) dias quando a diligência requerer
instruídos de ofício, atendendo-se à celeridade, econo- o deslocamento do agente para localidade diversa daquela
mia, simplicidade e utilidade dos trâmites. onde tem sua sede de exercício;
V - para decisões no curso do procedimento: 7 (sete)
Artigo 26. O órgão ou entidade da Administração es- dias;
tadual que necessitar de informações de outro, para instru- VI - para manifestações do particular ou providências a
ção de procedimento administrativo, poderá requisitá-las seu cargo: 7 (sete) dias;
diretamente, sem observância da vinculação hierárquica, VII - para decisão final: 20 (vinte) dias;
mediante ofício, do qual uma cópia será juntada aos autos. VIII - para outras providências da Administração: 5
(cinco) dias.
Artigo 27. Durante a instrução, os autos do procedimen- § 1º O prazo fluirá a partir do momento em que, à vista
to administrativo permanecerão na repartição competen- das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a produ-
te. ção do ato ou a adoção da providência.
§ 2º Os prazos previstos neste artigo poderão ser, caso
Artigo 28. Quando a matéria do processo envolver as- a caso, prorrogados uma vez, por igual período, pela auto-
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá, me- ridade superior, à vista de representação fundamentada do
diante despacho motivado, autorizar consulta pública agente responsável por seu cumprimento.
para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedi-
do, se não houver prejuízo para a parte interessada. Artigo 33. O prazo máximo para decisão de requeri-
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de di- mentos de qualquer espécie apresentados à Administração
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que os autos pos- será de 120 (cento e vinte) dias, se outro não for legalmen-
sam ser examinados pelos interessados, fixando-se prazo te estabelecido.
para oferecimento de alegações escritas. § 1º Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado
§ 2º O comparecimento à consulta pública não con- poderá considerar rejeitado o requerimento na esfera ad-
fere, por si, a condição de interessado no processo, mas ministrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em con-
constitui o direito de obter da Administração resposta fun- trário.
damentada. § 2º Quando a complexidade da questão envolvida não
permitir o atendimento do prazo previsto neste artigo, a
Artigo 29. Antes da tomada de decisão, a juízo da au- autoridade cientificará o interessado das providências até
toridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali- então tomadas, sem prejuízo do disposto no parágrafo an-
zada audiência pública para debates sobre a matéria do terior.
processo. § 3º O disposto no § 1° deste artigo não desonera a
autoridade do dever de apreciar o requerimento.
Artigo 30. Os órgãos e entidades administrativas, em
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de Seção V
participação dos administrados, diretamente ou por meio Da Publicidade
de organizações e associações legalmente reconhecidas.
Artigo 34. No curso de qualquer procedimento admi-
Artigo 31. Os resultados da consulta e audiência públi- nistrativo, as citações, intimações e notificações, quando
ca e de outros meios de participação dos administrados de- feitas pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento,
verão ser acompanhados da indicação do procedimento observarão as seguintes regras:
adotado. I - constitui ônus do requerente informar seu endereço
para correspondência, bem como alterações posteriores;
Seção IV II - considera-se efetivada a intimação ou notificação
Dos Prazos por carta com sua entrega no endereço fornecido pelo in-
teressado;
Artigo 32. Quando outros não estiverem previstos nesta III - será obrigatoriamente pessoal a citação do acusado,
lei ou em disposições especiais, serão obedecidos os seguin- em procedimento sancionatório, e a intimação do terceiro
tes prazos máximos nos procedimentos administrativos: interessado, em procedimento de invalidação;

86
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IV - na citação, notificação ou intimação pessoal, caso Seção III


o destinatário se recuse a assinar o comprovante de rece- Das Situações Especiais
bimento, o servidor encarregado certificará a entrega e a
recusa; Artigo 41. São irrecorríveis, na esfera administrativa, os
V - quando o particular estiver representado nos autos atos de mero expediente ou preparatórios de decisões.
por procurador, a este serão dirigidas as notificações e inti-
mações, salvo disposição em contrário. Artigo 42. Contra decisões tomadas originariamente
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III, não encontra- pelo Governador do Estado ou pelo dirigente superior de
do o interessado, a citação ou a intimação serão feitas por pessoa jurídica da Administração descentralizada, caberá pe-
edital publicado no Diário Oficial do Estado. dido de reconsideração, que não poderá ser renovado, ob-
servando-se, no que couber, o regime do recurso hierárquico.
Artigo 35. Durante a instrução, será concedida vista dos Parágrafo único. O pedido de reconsideração só será ad-
autos ao interessado, mediante simples solicitação, sempre mitido se contiver novos argumentos, e será sempre dirigido
que não prejudicar o curso do procedimento. à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a de-
Parágrafo único. A concessão de vista será obrigató- cisão.
ria, no prazo para manifestação do interessado ou para
apresentação de recursos, mediante publicação no Diário Seção IV
Oficial do Estado. Dos Requisitos da Petição de Recurso

Artigo 36. Ao advogado e assegurado o direito de reti- Artigo 43. A petição de recurso observará os seguintes
rar os autos da repartição, mediante recibo, durante o pra- requisitos:
zo para manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese I - será dirigida à autoridade recorrida e protocolada no
de prazo comum. órgão a que esta pertencer;
II - trará a indicação do nome, qualificação e endereço
CAPÍTULO II do recorrente;
Dos Recursos
III - conterá exposição, clara e completa, das razões da
inconformidade.
Seção I
Da Legitimidade para Recorrer
Artigo 44. Salvo disposição legal em contrário, o prazo
para apresentação de recurso ou pedido de reconsidera-
Artigo 37. Todo aquele que for afetado por decisão ad-
ção será de 15 (quinze) dias contados da publicação ou
ministrativa poderá dela recorrer, em defesa de interesse
notificação do ato.
ou direito.
Artigo 45. Conhecer-se-á do recurso erroneamente de-
Artigo 38. À Procuradoria Geral do Estado compete
recorrer, de ofício, de decisões que contrariarem Súmula signado, quando de seu conteúdo resultar induvidosa a im-
Administrativa ou Despacho Normativo do Governador do pugnação do ato.
Estado, sem prejuízo da possibilidade de deflagrar, de ofício,
o procedimento invalidatório pertinente, nas hipóteses em Seção V
que já tenha decorrido o prazo recursal. Dos Efeitos dos Recursos

Seção II Artigo 46. O recurso será recebido no efeito meramente


Da Competência para Conhecer do Recurso devolutivo, salvo quando:
I - houver previsão legal ou regulamentar em contrário; e
Artigo 39. Quando norma legal não dispuser de outro II - além de relevante seu fundamento, da execução do
modo, será competente para conhecer do recurso a autori- ato recorrido, se provido, puder resultar a ineficácia da deci-
dade imediatamente superior àquela que praticou o ato. são final.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o recorrente
Artigo 40. Salvo disposição legal em contrário, a instân- poderá requerer, fundamentadamente, em petição anexa ao
cia máxima para o recurso administrativo será: recurso, a concessão do efeito suspensivo.
I - na Administração centralizada, o Secretário de Estado
ou autoridade a ele equiparada, excetuados os casos em que Seção VI
o ato tenha sido por ele praticado originariamente; e Da Tramitação dos Recursos
II - na Administração descentralizada, o dirigente supe-
rior da pessoa jurídica. Artigo 47. A tramitação dos recursos observará as se-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica guintes regras:
ao recurso previsto no Artigo 38. I - a petição será juntada aos autos em 2 (dois) dias, con-
tados da data de seu protocolo;

87
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - quando os autos em que foi produzida a decisão CAPÍTULO III


recorrida tiverem de permanecer na repartição de origem Dos Procedimentos em Espécie
para quaisquer outras providências cabíveis, o recurso será
autuado em separado, trasladando-se cópias dos elemen- Seção I
tos necessários; Do Procedimento de Outorga
III - requerida a concessão de efeito suspensivo, a auto-
ridade recorrida apreciará o pedido nos 5 (cinco) dias sub- Artigo 52. Regem-se pelo disposto nesta Seção os pedi-
sequentes; dos de reconhecimento, de atribuição ou de liberação
IV - havendo outros interessados representados nos au- do exercício do direito.
tos, serão estes intimados, com prazo comum de 15 (quin-
ze) dias, para oferecimento de contrarrazões; Artigo 53. A competência para apreciação do requeri-
V - com ou sem contrarrazões, os autos serão submeti- mento será do dirigente do órgão ou entidade encarregados
dos ao órgão jurídico, para elaboração de parecer, no prazo da matéria versada, salvo previsão legal ou regulamentar
máximo de 20 (vinte) dias, salvo na hipótese do Artigo 38; em contrário.
VI - a autoridade recorrida poderá reconsiderar seu ato,
Artigo 54. O requerimento será dirigido à autoridade
nos 7 (sete) dias subsequentes;
competente para sua decisão, devendo indicar:
VII - mantido o ato, os autos serão encaminhados à
I - o nome, a qualificação e o endereço do requerente;
autoridade competente para conhecer do recurso, para de-
II - os fundamentos de fato e de direito do pedido;
cisão, em 30 (trinta) dias.
III - a providência pretendida;
§ 1º As decisões previstas nos incisos III, VI e VII serão IV - as provas em poder da Administração que o reque-
encaminhadas, em 2 (dois) dias, à publicação no Diário rente pretende ver juntadas aos autos.
Oficial do Estado. Parágrafo único. O requerimento será desde logo ins-
§ 2º Da decisão prevista no inciso III, não caberá re- truído com a prova documental de que o interessado dis-
curso na esfera administrativa. ponha.

Artigo 48. Os recursos dirigidos ao Governador do Es- Artigo 55 - A tramitação dos requerimentos de que tra-
tado serão, previamente, submetidos à Procuradoria Geral ta esta Seção observará as seguintes regras:
do Estado ou ao órgão de consultoria jurídica da entidade I - protocolado o expediente, o órgão que o receber pro-
descentralizada, para parecer, a ser apresentado no prazo videnciará a autuação e seu encaminhamento à repartição
máximo de 20 (vinte) dias. competente, no prazo de 2 (dois) dias;
II - o requerimento será desde logo indeferido, se não
Seção VII atender aos requisitos dos incisos I a IV do artigo anterior,
Da Decisão e seus Efeitos notificando-se o requerente;
III - se o requerimento houver sido dirigido a órgão in-
Artigo 49. A decisão de recurso não poderá, no mesmo competente, este providenciará seu encaminhamento à uni-
procedimento, agravar a restrição produzida pelo ato ao dade adequada, notificando-se o requerente;
interesse do recorrente, salvo em casos de invalidação. IV - a autoridade determinará as providências adequa-
das à instrução dos autos, ouvindo, em caso de dúvida quan-
Artigo 50. Ultrapassado, sem decisão, o prazo de to à matéria jurídica, o órgão de consultoria jurídica;
120 (cento e vinte) dias contado do protocolo do recurso V - quando os elementos colhidos puderem conduzir ao
que tramite sem efeito suspensivo, o recorrente poderá indeferimento, o requerente será intimado, com prazo de 7
considerá-lo rejeitado na esfera administrativa. (sete) dias, para manifestação final;
VI - terminada a instrução, a autoridade decidirá, em
§ 1º No caso do pedido de reconsideração previsto
despacho motivado, nos 20 (vinte) dias subsequentes;
no Artigo 42, o prazo para a decisão será de 90 (noventa)
VII - da decisão caberá recurso hierárquico.
dias.
§ 2º O disposto neste artigo não desonera a autorida-
Artigo 56. Quando duas ou mais pessoas pretenderem
de do dever de apreciar o recurso. da Administração o reconhecimento ou atribuição de direi-
tos que se excluam mutuamente, será instaurado procedi-
Artigo 51. Esgotados os recursos, a decisão final to- mento administrativo para a decisão, com observância das
mada em procedimento administrativo formalmente re- normas do artigo anterior, e das ditadas pelos princípios da
gular não poderá ser modificada pela Administração, igualdade e do contraditório.
salvo por anulação ou revisão, ou quando o ato, por sua
natureza, for revogável. Seção II
Do Procedimento de Invalidação

Artigo 57. Rege-se pelo disposto nesta Seção o procedi-


mento para invalidação de ato ou contrato administrativo e,
no que couber, de outros ajustes.

88
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 58. O procedimento para invalidação provoca- III - o acusado será citado ou intimado, com cópia do
da observará as seguintes regras: ato de instauração, para, em 15 (quinze) dias, oferecer sua
I - o requerimento será dirigido à autoridade que praticou defesa e indicar as provas que pretende produzir;
o ato ou firmou o contrato, atendidos os requisitos do Artigo 54; IV - caso haja requerimento para produção de provas, a
II - recebido o requerimento, será ele submetido ao órgão de autoridade apreciará sua pertinência, em despacho motiva-
consultoria jurídica para emissão de parecer, em 20 (vinte) dias; do;
III - o órgão jurídico opinará sobre a procedência ou não V - o acusado será intimado para:
do pedido, sugerindo, quando for o caso, providências para a a) manifestar-se, em 7 (sete) dias, sobre os documentos
instrução dos autos e esclarecendo se a eventual invalidação juntados aos autos pela autoridade, se maior prazo não lhe
atingirá terceiros; for assinado em face da complexidade da prova;
IV - quando o parecer apontar a existência de terceiros b) acompanhar a produção das provas orais, com ante-
interessados, a autoridade determinará sua intimação, para, cedência mínima de 2 (dois) dias;
em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito; c) formular quesitos e indicar assistente técnico, quando
V - concluída a instrução, serão intimadas as partes para, necessária prova pericial, em 7 (sete) dias;
em 7 (sete) dias, apresentarem suas razões finais; d) concluída a instrução, apresentar, em 7 (sete) dias,
VI - a autoridade, ouvindo o órgão jurídico, decidirá em suas alegações finais;
20 (vinte) dias, por despacho motivado, do qual serão intima- VI - antes da decisão, será ouvido o órgão de consultoria
das as partes; jurídica;
VII - da decisão, caberá recurso hierárquico. VII - a decisão, devidamente motivada, será proferida no
prazo máximo de 20 (vinte) dias, notificando-se o interessado
Artigo 59. O procedimento para invalidação ofício ob- por publicação no Diário Oficial do Estado;
servará as seguintes regras: VIII - da decisão caberá recurso.
I - quando se tratar da invalidade de ato ou contrato, a
autoridade que o praticou, ou seu superior hierárquico, sub- Artigo 64. O procedimento sancionatório será sigiloso
meterá o assunto ao órgão de consultoria jurídica; até decisão final, salvo em relação ao acusado, seu procu-
II - o órgão jurídico opinará sobre a validade do ato ou rador ou terceiro que demonstre legítimo interesse.
contrato, sugerindo, quando for o caso, providências para ins- Parágrafo único. Incidirá em infração disciplinar grave
trução dos autos, e indicará a necessidade ou não da instau- o servidor que, por qualquer forma, divulgar irregularmente
ração de contraditório, hipótese em que serão aplicadas as
informações relativas à acusação, ao acusado ou ao proce-
disposições dos incisos IV a VII do artigo anterior.
dimento.
Artigo 60. No curso de procedimento de invalidação, a
Seção IV
autoridade poderá, de ofício ou em face de requerimento,
Do Procedimento de Reparação de Danos
suspender a execução do ato ou contrato, para evitar pre-
juízos de reparação onerosa ou impossível.
Artigo 65. Aquele que pretender, da Fazenda Pública,
Artigo 61. Invalidado o ato ou contrato, a administração ressarcimento por danos causados por agente público,
tomará as providências necessárias para desfazer os efeitos agindo nessa qualidade, poderá requerê-lo administrativa-
produzidos, salvo quanto a terceiros de boa fé, determinan- mente, observadas as seguintes regras:
do a apuração de eventuais responsabilidades. I - o requerimento será protocolado na Procuradoria Ge-
ral do Estado, até 5 (cinco) anos contados do ato ou fato que
Seção III houver dado causa ao dano;
Do Procedimento Sancionatório II - o protocolo do requerimento suspende, nos termos da
legislação pertinente, a prescrição da ação de responsabili-
Artigo 62. Nenhuma sanção administrativa será aplicada dade contra o Estado, pelo período que durar sua tramitação;
à pessoa física ou jurídica pela administração Pública, sem III - o requerimento conterá os requisitos do Artigo 54,
que lhe seja assegurada ampla defesa, em procedimento devendo trazer indicação precisa do montante atualizado da
sancionatório. indenização pretendida, e declaração de que o interessado
Parágrafo único. No curso do procedimento ou, em caso concorda com as condição contidas neste artigo e no subse-
de extrema urgência, antes dele, a Administração poderá quente;
adotar as medidas cautelares estritamente indispensáveis à IV - o procedimento, dirigido por Procurador do Estado,
eficácia do ato final. observará as regras do Artigo 55;
V - a decisão do requerimento caberá ao Procurador Ge-
Artigo 63. O procedimento sancionatório observará, sal- ral do Estado ou ao dirigente da entidade descentralizada,
vo legislação específica, as seguintes regras: que recorrerão de ofício ao Governador, nas hipóteses previs-
I - verificada a ocorrência de infração administrativa, será tas em regulamento;
instaurado o respectivo procedimento para sua apuração; VI - acolhido em definitivo o pedido, total ou parcial-
II - o ato de instauração, expedido pela autoridade com- mente, será feita, em 15 (quinze) dias, a inscrição, em registro
petente, indicará os fatos em que se baseia e as normas per- cronológico, do valor atualizado do débito, intimando-se o
tinentes à infração e à sanção aplicável; interessado;

89
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VII - a ausência de manifestação expressa do interessa- Seção V


do, em 10 (dez) dias, contados da intimação, implicará em Do Procedimento para Obtenção de Certidão
concordância com o valor inscrito; caso não concorde com
esse valor, o interessado poderá, no mesmo prazo, apresen- Artigo 72. É assegurada, nos termos do Artigo 5°, XXXIV,
tar desistência, cancelando-se a inscrição e arquivando-se “b”, da Constituição Federal, a expedição de certidão sobre
os autos; atos, contratos, decisões ou pareceres constantes de registros
VIII - os débitos inscritos até 1° de julho serão pagos até ou autos de procedimentos em poder da Administração Pú-
o último dia útil do exercício seguinte, à conta de dotação blica, ressalvado o disposto no Artigo 75.
orçamentária específica; Parágrafo único. As certidões serão expedidas sob a for-
IX - o depósito, em conta aberta em favor do interessa- ma de relato ou mediante cópia reprográfica dos elementos
do, do valor inscrito, atualizado monetariamente até o mês pretendidos.
do pagamento, importará em quitação do débito;
X - o interessado, mediante prévia notificação à Admi- Artigo 73. Para o exercício do direito previsto no arti-
nistração, poderá considerar indeferido seu requerimento go anterior, o interessado deverá protocolar requerimento
caso o pagamento não se realize na forma e no prazo pre- no órgão competente, independentemente de qualquer
vistos nos incisos VIII e IX. pagamento, especificando os elementos que pretende ver
§ 1º Quando o interessado utilizar-se da faculdade certificados.
prevista nos incisos VII, parte final, e X, perderá qualquer
efeito o ato que tiver acolhido o pedido, não se podendo Artigo 74. O requerimento será apreciado, em 5 (cinco)
invocá-lo como reconhecimento da responsabilidade ad- dias úteis, pela autoridade competente, que determinará a
ministrativa. expedição da certidão requerida em prazo não superior a 5
§ 2º Devidamente autorizado pelo Governador, o Pro- (cinco) dias úteis.
curador Geral do Estado poderá delegar, no âmbito da Ad-
ministração centralizada, a competência prevista no inciso Artigo 75. O requerimento será indeferido, em despa-
V, hipótese em que o delegante tornar-se-á a instância má- cho motivado, se a divulgação da informação solicitada
xima de recurso. colocar em comprovado risco a segurança da sociedade
ou do Estado, violar a intimidade de terceiros ou não se
Artigo 66. Nas indenizações pagas nos termos do arti- enquadrar na hipótese constitucional.
go anterior, não incidirão juros, honorários advocatícios ou § 1º Na hipótese deste artigo, a autoridade competen-
qualquer outro acréscimo. te, antes de sua decisão, ouvirá o órgão de consultoria jurí-
dica, que se manifestará em 3 (três) dias úteis.
Artigo 67. Na hipótese de condenação definitiva do § 2º Do indeferimento do pedido de certidão caberá
Estado ao ressarcimento de danos, deverá o fato ser comuni- recurso.
cado ao Procurador Geral do Estado, no prazo de 15 (quinze)
dias, pelo órgão encarregado de oficiar no feito, sob pena de Artigo 76. A expedição da certidão independerá de qual-
responsabilidade. quer pagamento quando o requerente demonstrar sua ne-
cessidade para a defesa de direitos ou esclarecimento
Artigo 68. Recebida a comunicação, o Procurador Geral de situações de interesse pessoal.
do Estado, no prazo de 10 (dez) dias, determinará a instaura- Parágrafo único. Nas demais hipóteses, o interessado
ção de procedimento, cuja tramitação obedecerá o disposto deverá recolher o valor correspondente, conforme legislação
na Seção III para apuração de eventual responsabilidade ci- específica.
vil de agente público, por culpa ou dolo.
Parágrafo único. O Procurador Geral do Estado, de ofí- Seção VI
cio, determinará a instauração do procedimento previsto Do Procedimento para Obtenção de Informações
neste artigo, quando na forma do Artigo 65, a Fazenda hou- Pessoais
ver ressarcido extrajudicialmente o particular.
Artigo 77. Toda pessoa terá direito de acesso aos regis-
Artigo 69. Concluindo-se pela responsabilidade civil tros nominais que a seu respeito constem em qualquer
do agente, será ele intimado para, em 30 (trinta) dias, re- espécie de fichário ou registro, informatizado ou não, dos
colher aos cofres públicos o valor do prejuízo suportado pela órgãos ou entidades da Administração, inclusive policiais.
Fazenda, atualizado monetariamente.
Artigo 78. O requerimento para obtenção de informa-
Artigo 70. Vencido, sem o pagamento, o prazo estipula- ções observará as seguintes regras:
do no artigo anterior, será proposta, de imediato, a respecti- I - o interessado apresentará, ao órgão ou entidade do
va ação judicial para cobrança do débito. qual pretende as informações, requerimento escrito manifes-
tando o desejo de conhecer tudo o que a seu respeito conste
Artigo 71. Aplica-se o disposto nesta Seção às entidades das fichas ou registros existentes;
descentralizadas, observada a respectiva estrutura adminis- II - as informações serão fornecidas no prazo máximo de
trativa. 10 (dez) dias úteis, contados do protocolo do requerimento;

90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - as informações serão transmitidas em linguagem Artigo 85. No caso de informação já fornecida a tercei-
clara e indicarão, conforme for requerido pelo interessado: ros, sua alteração será comunicada a estes, desde que re-
a) o conteúdo integral do que existir registrado; querida pelo interessado, a quem dará cópia da retificação.
b) a fonte das informações e dos registros;
c) o prazo até o qual os registros serão mantidos; Seção VIII
d) as categorias de pessoas que, por suas funções ou por Do Procedimento de Denúncia
necessidade do serviço, tem, diretamente, acesso aos regis-
tros; Artigo 86. Qualquer pessoa que tiver conhecimento de
e) as categorias de destinatários habilitados a receber violação da ordem jurídica, praticada por agentes adminis-
comunicação desses registros; e trativos, poderá denunciá-la à Administração.
f) se tais registros são transmitidos a outros órgãos esta-
duais, e quais são esses órgãos. Artigo 87. A denúncia conterá a identificação do seu au-
tor, devendo indicar o fato e suas circunstâncias, e, se possí-
Artigo 79. Os dados existentes, cujo conhecimento hou- vel, seus responsáveis ou beneficiários.
ver sido ocultado ao interessado, quando de sua solicitação Parágrafo único. Quando a denúncia for apresentada
de informações, não poderão, em hipótese alguma, ser utili- verbalmente, a autoridade lavrará termo, assinado pelo de-
zados em quaisquer procedimentos que vierem a ser contra
nunciante.
o mesmo instaurados.
Artigo 88. Instaurado o procedimento administrativo, a
Artigo 80. Os órgãos ou entidades da Administração, ao
coletar informações, devem esclarecer aos interessados: autoridade responsável determinará as providências ne-
I - o caráter obrigatório ou facultativo das respostas; cessárias à sua instrução, observando-se os prazos legais
II - as consequências de qualquer incorreção nas res- e as seguintes regras:
postas; I - é obrigatória a manifestação do órgão de consultoria
III - os órgãos aos quais se destinam as informações; e jurídica;
IV - a existência do direito de acesso e de retificação das II - o denunciante não é parte no procedimento, poden-
informações. do, entretanto, ser convocado para depor;
Parágrafo único. Quando as informações forem colhidas III - o resultado da denúncia será comunicado ao autor,
mediante questionários impressos, devem eles conter os es- se este assim o solicitar.
clarecimentos de que trata este artigo.
Artigo 89. Incidirá em infração disciplinar grave a auto-
Artigo 81. É proibida a inserção ou conservação em fi- ridade que não der andamento imediato, rápido e eficiente
chário ou registro de dados nominais relativos a opiniões ao procedimento regulado nesta Seção.
políticas, filosóficas ou religiosas, origem racial, orientação
sexual e filiação sindical ou partidária. TÍTULO V
Disposições Finais
Artigo 82. É vedada a utilização, sem autorização prévia
do interessado, de dados pessoais para outros fins que não Artigo 90. O descumprimento injustificado, pela Admi-
aqueles para os quais foram prestados. nistração, dos prazos previstos nesta lei gera responsabilida-
de disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados
Seção VII do assunto, não implicando, necessariamente, em nulidade
Do Procedimento para Retificação de Informações do procedimento.
Pessoais § 1º Respondem também os superiores hierárquicos
que se omitirem na fiscalização dos serviços de seus su-
Artigo 83. Qualquer pessoa tem o direito de exigir, da
bordinados, ou que de algum modo concorram para a in-
Administração:
fração.
I - a eliminação completa de registros de dados fal-
§ 2º Os prazos concedidos aos particulares poderão ser
sos a seu respeito, os quais tenham sido obtidos por meios
ilícitos, ou se refiram às hipóteses vedadas pelo Artigo 81; devolvidos, mediante requerimento do interessado, quan-
II - a retificação, complementação, esclarecimento do óbices injustificados, causados pela Administração, re-
ou atualização de dados incorretos, incompletos, dúbios sultarem na impossibilidade de atendimento do prazo fi-
ou desatualizados. xado.
Parágrafo único. Aplicam-se ao procedimento de retifi-
cação as regras contidas nos Artigos 54 e 55. Artigo 91. Os prazos previstos nesta lei são contínuos,
salvo disposição expressa em contrário, não se interrompen-
Artigo 84. O fichário ou o registro nominal devem ser do aos domingos ou feriados.
completados ou corrigidos, de ofício, assim que a entidade
ou órgão por eles responsável tome conhecimento da incor- Artigo 92. Quando norma não dispuser de forma diver-
reção, desatualização ou caráter incompleto de informações sa, os prazos serão computados excluindo-se o dia do come-
neles contidas. ço e incluindo-se o do vencimento.

91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º Só se iniciam e vencem os prazos em dia de expe- III - classificação no curso de formação ou habilitação;
diente no órgão ou entidade. IV - data de nomeação ou admissão;
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro V - maior idade.
dia útil subseqüente se, no dia do vencimento, o expediente Parágrafo único - Nos casos de promoção a aspirante-a
for encerrado antes do horário normal. -oficial, a aluno-oficial, a 3º sargento, a cabo ou nos casos
de nomeação de oficiais, alunos-oficiais ou admissão de sol-
Artigo 93. Esta lei entrará em vigor em 120 (cento e vin- dados prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de
te) dias contados da data de sua publicação. classificação obtida nos respectivos cursos ou concursos.
Artigo 5º - A precedência funcional ocorrerá quando,
Artigo 94. Revogam-se as disposições em contrário, es- em igualdade de posto ou graduação, o oficial ou a praça:
pecialmente o Decreto-lei n. 104, de 20 de junho de 1969 e I - ocupar cargo ou função que lhe atribua superio-
a Lei n. 5.702, de 5 de junho de 1987. ridade funcional sobre os integrantes do órgão ou serviço
que dirige, comanda ou chefia;
Palácio dos Bandeirantes, 30 de dezembro de 1998. II - estiver no serviço ativo, em relação aos inativos.

CAPÍTULO II
Da Deontologia Policial-Militar
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE
09 DE MARÇO DE 2001 – INSTITUI O SEÇÃO I
REGULAMENTO DISCIPLINAR DA POLÍCIA Disposições Preliminares
MILITAR – RDPM.
Artigo 6º - A deontologia policial-militar é constituída
pelos valores e deveres éticos, traduzidos em normas de
conduta, que se impõem para que o exercício da profissão
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: policial-militar atinja plenamente os ideais de realização do
bem comum, mediante a preservação da ordem pública.
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu § 1º - Aplicada aos componentes da Polícia Militar, in-
promulgo a seguinte lei complementar: dependentemente de posto ou graduação, a deontologia
policial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores es-
CAPÍTULO I pirituais superiores, destinados a elevar a profissão poli-
Das Disposições Gerais cial-militar à condição de missão.
§ 2º - O militar do Estado prestará compromisso de
Artigo 1º - A hierarquia e a disciplina são as bases da honra, em caráter solene, afirmando a consciente aceita-
organização da Polícia Militar. ção dos valores e deveres policiais-militares e a firme
Artigo 2º - Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar da disposição de bem cumpri-los.
Polícia Militar os militares do Estado do serviço ativo, da
reserva remunerada, os reformados e os agregados, nos SEÇÃO II
termos da legislação vigente. Dos Valores Policiais-Militares
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica:
1 - aos militares do Estado, ocupantes de cargos públi- Artigo 7º - Os valores fundamentais, determinantes
cos ou eletivos; da moral policial-militar, são os seguintes:
2 - aos Magistrados da Justiça Militar. I - o patriotismo;
Artigo 3º - Hierarquia policial-militar é a ordena- II - o civismo;
ção progressiva da autoridade, em graus diferentes, da III - a hierarquia;
qual decorre a obediência, dentro da estrutura da Polí- IV - a disciplina;
cia Militar, culminando no Governador do Estado, Chefe V - o profissionalismo;
Supremo da Polícia Militar. VI - a lealdade;
§ 1º - A ordenação da autoridade se faz por postos e VII - a constância;
graduações, de acordo com o escalonamento hierárquico, a VIII - a verdade real;
antiguidade e a precedência funcional. IX - a honra;
§ 2º - Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferi- X - a dignidade humana;
do por ato do Governador do Estado e confirmado em Carta XI - a honestidade;
Patente ou Folha de Apostila. XII - a coragem.
§ 3º - Graduação é o grau hierárquico das praças,
conferida pelo Comandante Geral da Polícia Militar. SEÇÃO III
Artigo 4º - A antiguidade entre os militares do Estado, Dos Deveres Policiais-Militares
em igualdade de posto ou graduação, será definida pela:
I - data da última promoção; Artigo 8º - Os deveres éticos, emanados dos valores
II - prevalência sucessiva dos graus hierárquicos an- policiais-militares e que conduzem a atividade profissional
teriores; sob o signo da retidão moral, são os seguintes:

92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do XIX - conduzir-se de modo não subserviente sem ferir
Estado de São Paulo e da Polícia Militar e zelar por sua os princípios de respeito e decoro;
inviolabilidade; XX - abster-se do uso do posto, graduação ou car-
II - cumprir os deveres de cidadão; go para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou
III - preservar a natureza e o meio ambiente; para encaminhar negócios particulares ou de terceiros;
IV - servir à comunidade, procurando, no exercício da XXI - abster-se, ainda que na inatividade, do uso das
suprema missão de preservar a ordem pública, promover, designações hierárquicas em:
sempre, o bem estar comum, dentro da estrita observân- a) atividade político-partidária, salvo quando candi-
cia das normas jurídicas e das disposições deste Regula- dato a cargo eletivo;
mento; b) atividade comercial ou industrial;
V - atuar com devotamento ao interesse público, co- c) pronunciamento público a respeito de assunto poli-
locando-o acima dos anseios particulares; cial, salvo os de natureza técnica;
VI - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, d) exercício de cargo ou função de natureza civil;
com respeito mútuo de superiores e subordinados, e preo- XXII - prestar assistência moral e material ao lar,
cupação com a integridade física, moral e psíquica de conduzindo-o como bom chefe de família;
todos os militares do Estado, inclusive dos agregados, XXIII - considerar a verdade, a legalidade e a respon-
envidando esforços para bem encaminhar a solução dos sabilidade como fundamentos de dignidade pessoal;
problemas apresentados; XXIV - exercer a profissão sem discriminações ou res-
VII - ser justo na apreciação de atos e méritos dos trições de ordem religiosa, política, racial ou de condição
subordinados; social;
VIII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atri- XXV - atuar com prudência nas ocorrências policiais,
buições legalmente definidas, a Constituição, as leis e evitando exacerbá-las;
as ordens legais das autoridades competentes, exercendo XXVI - respeitar a integridade física, moral e psíqui-
suas atividades com responsabilidade, incutindo-a em seus ca da pessoa do preso ou de quem seja objeto de incrimi-
subordinados; nação;
IX - dedicar-se integralmente ao serviço policial- XXVII - observar as normas de boa educação e ser dis-
militar, buscando, com todas as energias, o êxito e o apri- creto nas atitudes, maneiras e na linguagem escrita ou fa-
moramento técnico-profissional e moral; lada;
X - estar sempre preparado para as missões que de- XXVIII - não solicitar ou provocar publicidade visan-
sempenhe; do a própria promoção pessoal;
XI - exercer as funções com integridade e equilíbrio, XXIX - observar os direitos e garantias fundamen-
segundo os princípios que regem a administração pública, tais, agindo com isenção, equidade e absoluto respeito pelo
não sujeitando o cumprimento do dever a influências in- ser humano, não usando sua condição de autoridade pública
devidas; para a prática de arbitrariedade;
XII - procurar manter boas relações com outras catego- XXX - exercer a função pública com honestidade, não
rias profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites aceitando vantagem indevida, de qualquer espécie;
de competência, mas elevando o conceito e os padrões da XXXI - não usar meio ilícito na produção de traba-
própria profissão, zelando por sua competência e autori- lho intelectual ou em avaliação profissional, inclusive no
dade; âmbito do ensino;
XIII - ser fiel na vida policial-militar, cumprindo os XXXII - não abusar dos meios do Estado postos à sua
compromissos relacionados às suas atribuições de agente disposição, nem distribuí-los a quem quer que seja, em de-
público; trimento dos fins da administração pública, coibindo ainda
XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial-mili- a transferência, para fins particulares, de tecnologia própria
tar, mesmo diante das dificuldades, demonstrando persis- das funções policiais;
tência no trabalho para solucioná-las; XXXIII - atuar com eficiência e probidade, zelando
XV - zelar pelo bom nome da Instituição Policial-Mi- pela economia e conservação dos bens públicos, cuja utili-
litar e de seus componentes, aceitando seus valores e cum- zação lhe for confiada;
prindo seus deveres éticos e legais; XXXIV - proteger as pessoas, o patrimônio e o meio
XVI - manter ambiente de harmonia e camarada- ambiente com abnegação e desprendimento pessoal;
gem na vida profissional, solidarizando-se nas dificuldades XXXV - atuar onde estiver, mesmo não estando em ser-
que esteja ao seu alcance minimizar e evitando comentá- viço, para preservar a ordem pública ou prestar socorro,
rios desairosos sobre os componentes das Instituições Po- desde que não exista, naquele momento, força de serviço
liciais; suficiente.
XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, car- § 1º - Ao militar do Estado em serviço ativo é vedado
go ou função que esteja sendo exercido por outro mi- exercer atividade de segurança particular, comércio ou to-
litar do Estado; mar parte da administração ou gerência de sociedade co-
XVIII - proceder de maneira ilibada na vida pública mercial ou dela ser sócio ou participar, exceto como acio-
e particular; nista, cotista ou comanditário.

93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - Compete aos Comandantes de Unidade e de Su- CAPÍTULO IV


bunidade destacada fiscalizar os subordinados que apre- Da Violação dos Valores, dos Deveres e da Discipli-
sentarem sinais exteriores de riqueza, incompatíveis com a na
remuneração do respectivo cargo, fazendo-os comprovar
a origem de seus bens, mediante instauração de procedi- SEÇÃO I
mento administrativo, observada a legislação específica. Disposições Preliminares
§ 3º - Aos militares do Estado da ativa são proibidas
manifestações coletivas sobre atos de superiores, de cará- Artigo 11 - A ofensa aos valores e aos deveres vulnera
ter reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitan- a disciplina policial-militar, constituindo infração adminis-
do-se as manifestações de caráter individual aos preceitos trativa, penal ou civil, isolada ou cumulativamente.
deste Regulamento. § 1º - O militar do Estado é responsável pelas decisões
§ 4º - É assegurado ao militar do Estado inativo o direi- ou atos que praticar, inclusive nas missões expressamente
to de opinar sobre assunto político e externar pensamento determinadas, bem como pela não-observância ou falta de
e conceito ideológico, filosófico ou relativo a matéria perti- exação no cumprimento de seus deveres.
nente ao interesse público, devendo observar os preceitos § 2º - O superior hierárquico responderá solidariamen-
da ética policial-militar e preservar os valores policiais-mili- te, na esfera administrativa disciplinar, incorrendo nas mes-
tares em suas manifestações essenciais. mas sanções da transgressão praticada por seu subordina-
do quando:
CAPÍTULO III 1 - presenciar o cometimento da transgressão deixando
Da Disciplina Policial-Militar de atuar para fazê-la cessar imediatamente;
2 - concorrer diretamente, por ação ou omissão, para o
Artigo 9º - A disciplina policial-militar é o exato cum- cometimento da transgressão, mesmo não estando presente
primento dos deveres, traduzindo-se na rigorosa observân- no local do ato.
cia e acatamento integral das leis, regulamentos, normas e § 3º - A violação da disciplina policial-militar será tão
ordens, por parte de todos e de cada integrante da Polícia mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de
quem a cometer.
Militar.
§ 1º - São manifestações essenciais da disciplina:
SEÇÃO II
1 - a observância rigorosa das prescrições legais e regu-
Da Transgressão Disciplinar
lamentares;
2 - a obediência às ordens legais dos superiores;
Artigo 12 - Transgressão disciplinar é a infração admi-
3 - o emprego de todas as energias em benefício do ser-
nistrativa caracterizada pela violação dos deveres poli-
viço;
ciais-militares, cominando ao infrator as sanções previstas
4 - a correção de atitudes;
neste Regulamento.
5 - as manifestações espontâneas de acatamento dos § 1º - As transgressões disciplinares compreendem:
valores e deveres éticos; 1 - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina
6 - a colaboração espontânea na disciplina coletiva e na policial-militar, especificadas no artigo 13 deste Regulamen-
eficiência da Instituição. to;
§ 2º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser 2 - todas as ações ou omissões não especificadas no
mantidos, permanentemente, pelos militares do Estado, artigo 13 deste Regulamento, mas que também violem os
tanto no serviço ativo, quanto na inatividade. valores e deveres policiais-militares.
§ 3º - A camaradagem é indispensável à formação e § 2º - As transgressões disciplinares previstas nos itens
ao convívio na Polícia Militar, incumbindo aos comandantes 1 e 2 do § 1º, deste artigo, serão classificadas como graves,
incentivar e manter a harmonia e a solidariedade entre os desde que venham a ser:
seus comandados, promovendo estímulos de aproximação e 1 - atentatórias às instituições ou ao Estado;
cordialidade. 2 - atentatórias aos direitos humanos fundamentais;
§ 4º - A civilidade é parte integrante da educação poli- 3 - de natureza desonrosa.
cial-militar, cabendo a superiores e subordinados atitudes de § 3º - As transgressões previstas no item 2 do § 1º e
respeito e deferência mútuos. não enquadráveis em algum dos itens do § 2º, deste artigo,
Artigo 10 - As ordens legais devem ser prontamente exe- serão classificadas pela autoridade competente como mé-
cutadas, cabendo inteira responsabilidade à autoridade dias ou leves, consideradas as circunstâncias do fato.
que as determinar. § 4º - Ao militar do Estado, aluno de curso da Polí-
§ 1º - Quando a ordem parecer obscura, compete ao cia Militar, aplica-se, no que concerne à disciplina, além do
subordinado, ao recebê-la, solicitar os esclarecimentos previsto neste Regulamento, subsidiariamente, o disposto
necessários ao seu total entendimento. nos regulamentos próprios dos estabelecimentos de ensi-
§ 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumpri- no onde estiver matriculado.
mento da ordem recebida a responsabilidade pelo abuso § 5º - A aplicação das penas disciplinares previstas nes-
ou excesso que cometer. te Regulamento independe do resultado de eventual ação
penal.

94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 13 - As transgressões disciplinares são classifica- 21 - provocar desfalques ou deixar de adotar providên-
das de acordo com sua gravidade em graves (G), médias cias, na esfera de suas atribuições, para evitá-los (G);
(M) e leves (L). 22 - utilizar-se da condição de militar do Estado para
Parágrafo único - As transgressões disciplinares são: obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para en-
1 - desconsiderar os direitos constitucionais da pessoa caminhar negócios particulares ou de terceiros (G);
no ato da prisão (G); 23 - dar, receber ou pedir gratificação ou presente com
2 - usar de força desnecessária no atendimento de ocor- finalidade de retardar, apressar ou obter solução favorável
rência ou no ato de efetuar prisão (G); em qualquer ato de serviço (G);
3 - deixar de providenciar para que seja garantida a in- 24 - contrair dívida ou assumir compromisso superior
tegridade física das pessoas que prender ou detiver (G); às suas possibilidades, desde que venha a expor o nome da
4 - agredir física, moral ou psicologicamente preso sob Polícia Militar (M);
sua guarda ou permitir que outros o façam (G); 25 - fazer, diretamente ou por intermédio de outrem,
5 - permitir que o preso, sob sua guarda, conserve em agiotagem ou transação pecuniária envolvendo assunto de
seu poder instrumentos ou outros objetos proibidos, com que serviço, bens da administração pública ou material cuja co-
possa ferir a si próprio ou a outrem (G); mercialização seja proibida (G);
6 - reter o preso, a vítima, as testemunhas ou partes não 26 - exercer ou administrar, o militar do Estado em ser-
definidas por mais tempo que o necessário para a solução do viço ativo, a função de segurança particular ou qualquer ati-
procedimento policial, administrativo ou penal (M); vidade estranha à Instituição Policial-Militar com prejuízo do
7 - faltar com a verdade (G); serviço ou com emprego de meios do Estado (G);
8 - ameaçar, induzir ou instigar alguém para que não 27 - exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o co-
declare a verdade em procedimento administrativo, civil ou mércio ou tomar parte na administração ou gerência de
penal (G); sociedade comercial com fins lucrativos ou dela ser sócio,
9 - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos (G); exceto como acionista, cotista ou comanditário (G);
10 - envolver, indevidamente, o nome de outrem para 28 - deixar de fiscalizar o subordinado que apresentar
esquivar-se de responsabilidade (G); sinais exteriores de riqueza incompatíveis com a remunera-
11 - publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação ção do cargo (G);
irrestrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos 29 - não cumprir, sem justo motivo, a execução de qual-
ou técnicos de natureza policial, militar ou judiciária, que quer ordem legal recebida (G);
possam concorrer para o desprestígio da Polícia Militar, fe- 30 - retardar, sem justo motivo, a execução de qualquer
rir a hierarquia ou a disciplina, comprometer a segurança ordem legal recebida (M);
da sociedade e do Estado ou violar a honra e a imagem de 31 - dar, por escrito ou verbalmente, ordem manifesta-
pessoa (G); mente ilegal que possa acarretar responsabilidade ao subor-
12 - espalhar boatos ou notícias tendenciosas em prejuí- dinado, ainda que não chegue a ser cumprida (G);
zo da boa ordem civil ou policial-militar ou do bom nome da 32 - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos
Polícia Militar (M); ou pelos praticados por subordinados que agirem em cum-
13 - provocar ou fazer-se, voluntariamente, causa ou primento de sua ordem (G);
origem de alarmes injustificados (M); 33 - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida
14 - concorrer para a discórdia, desarmonia ou cultivar qualquer ordem legal de autoridade competente, ou serviço,
inimizade entre companheiros (M); ou para que seja retardada, prejudicada ou embaraçada a
15 - liberar preso ou detido ou dispensar parte de ocor- sua execução (G);
rência sem competência legal para tanto (G); 34 - interferir na administração de serviço ou na execu-
16 - entender-se com o preso, de forma velada, ou deixar ção de ordem ou missão sem ter a devida competência para
que alguém o faça, sem autorização de autoridade compe- tal (M);
tente (M); 35 - deixar de comunicar ao superior a execução de or-
17 - receber vantagem de pessoa interessada no caso de dem dele recebida, no mais curto prazo possível (L);
furto, roubo, objeto achado ou qualquer outro tipo de ocor- 36 - dirigir-se, referir-se ou responder a superior de
rência ou procurá-la para solicitar vantagem (G); modo desrespeitoso (G);
18 - receber ou permitir que seu subordinado receba, em 37 - recriminar ato legal de superior ou procurar des-
razão da função pública, qualquer objeto ou valor, mesmo considerá-lo (G);
quando oferecido pelo proprietário ou responsável (G); 38 - ofender, provocar ou desafiar superior ou subordi-
19 - apropriar-se de bens pertencentes ao patrimônio nado hierárquico (G);
público ou particular (G); 39 - promover ou participar de luta corporal com supe-
20 - empregar subordinado ou servidor civil, ou desviar rior, igual, ou subordinado hierárquico (G);
qualquer meio material ou financeiro sob sua responsabili- 40 - procurar desacreditar seu superior ou subordinado
dade ou não, para a execução de atividades diversas daque- hierárquico (M);
las para as quais foram destinadas, em proveito próprio ou 41 - ofender a moral e os bons costumes por atos, pala-
de outrem (G); vras ou gestos (G);

95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

42 - desconsiderar ou desrespeitar, em público ou pela 62 - retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária


imprensa, os atos ou decisões das autoridades civis ou dos militar que deva promover ou em que esteja investido (M);
órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário ou de 63 - desrespeitar medidas gerais de ordem policial, ju-
qualquer de seus representantes (G); diciária ou administrativa, ou embaraçar sua execução (M);
43 - desrespeitar, desconsiderar ou ofender pessoa por 64 - não ter, pelo preparo próprio ou de seus subordi-
palavras, atos ou gestos, no atendimento de ocorrência poli- nados ou instruendos, a dedicação imposta pelo sentimento
cial ou em outras situações de serviço (G); do dever (M);
44 - deixar de prestar a superior hierárquico continência 65 - causar ou contribuir para a ocorrência de acidente
ou outros sinais de honra e respeito previstos em regula- de serviço ou instrução (M);
mento (M); 66 - consentir, o responsável pelo posto de serviço ou a
45 - deixar de corresponder a cumprimento de seu su- sentinela, na formação de grupo ou permanência de pes-
bordinado (M); soas junto ao seu posto (L);
46 - deixar de exibir, estando ou não uniformizado, do- 67 - içar ou arriar, sem ordem, bandeira ou insígnia de
cumento de identidade funcional ou recusar-se a declarar autoridade (L);
seus dados de identificação quando lhe for exigido por auto- 68 - dar toques ou fazer sinais, previstos nos regula-
ridade competente (M); mentos, sem ordem de autoridade competente (L);
47 - evadir-se ou tentar evadir-se de escolta, bem como 69 - conversar ou fazer ruídos em ocasiões ou lugares
resistir a ela (G); impróprios (L);
48 - retirar-se da presença do superior hierárquico sem 70 - deixar de comunicar a alteração de dados de qua-
obediência às normas regulamentares (L); lificação pessoal ou mudança de endereço residencial (L);
49 - deixar, tão logo seus afazeres o permitam, de apre- 71 - apresentar comunicação disciplinar ou represen-
sentar-se ao seu superior funcional, conforme prescrições tação sem fundamento ou interpor recurso disciplinar sem
regulamentares (L); observar as prescrições regulamentares (M);
50 - deixar, nas solenidades, de apresentar-se ao supe- 72 - dificultar ao subordinado o oferecimento de repre-
rior hierárquico de posto ou graduação mais elevada e de
sentação ou o exercício do direito de petição (M);
saudar os demais, de acordo com as normas regulamentares
73 - passar a ausente (G);
(L);
74 - abandonar serviço para o qual tenha sido desig-
51 - deixar de fazer a devida comunicação disciplinar
nado ou recusar-se a executá-lo na forma determinada (G);
(M);
75 - faltar ao expediente ou ao serviço para o qual este-
52 - tendo conhecimento de transgressão disciplinar,
ja nominalmente escalado (G);
deixar de apurá-la (G);
76 - faltar a qualquer ato em que deva tomar parte ou
53 - deixar de punir o transgressor da disciplina, salvo se
assistir, ou ainda, retirar-se antes de seu encerramento sem
houver causa de justificação (M);
a devida autorização (M);
54 - não levar fato ilegal ou irregularidade que presen-
ciar ou de que tiver ciência, e não lhe couber reprimir, ao 77 - afastar-se, quando em atividade policial-militar
conhecimento da autoridade para isso competente (M); com veículo automotor, aeronave, embarcação ou a pé, da
55 - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na área em que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de
ausência deste, a qualquer autoridade superior toda infor- patrulhamento predeterminado (G);
mação que tiver sobre iminente perturbação da ordem pú- 78 - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por
blica ou grave alteração do serviço ou de sua marcha, logo força de dispositivo ou ordem legal (M);
que tenha conhecimento (G); 79 - chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o
56 - deixar de manifestar-se nos processos que lhe fo- qual esteja nominalmente escalado ou a qualquer ato em
rem encaminhados, exceto nos casos de suspeição ou impe- que deva tomar parte ou assistir (L);
dimento, ou de absoluta falta de elementos, hipótese em que 80 - deixar de comunicar a tempo, à autoridade compe-
essas circunstâncias serão fundamentadas (M); tente, a impossibilidade de comparecer à Organização Poli-
57 - deixar de encaminhar à autoridade competente, no cial Militar (OPM) ou a qualquer ato ou serviço de que deva
mais curto prazo e pela via hierárquica, documento ou pro- participar ou a que deva assistir (L);
cesso que receber, se não for de sua alçada a solução (M); 81 - permutar serviço sem permissão da autoridade
58 - omitir, em boletim de ocorrência, relatório ou qual- competente (M);
quer documento, dados indispensáveis ao esclarecimento 82 - simular doença para esquivar-se ao cumprimento
dos fatos (G); do dever (M);
59 - subtrair, extraviar, danificar ou inutilizar documen- 83 - deixar de se apresentar às autoridades competen-
tos de interesse da administração pública ou de terceiros (G); tes nos casos de movimentação ou quando designado para
60 - trabalhar mal, intencionalmente ou por desídia, em comissão ou serviço extraordinário (M);
qualquer serviço, instrução ou missão (M); 84 - não se apresentar ao seu superior imediato ao tér-
61 - deixar de assumir, orientar ou auxiliar o atendimen- mino de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo
to de ocorrência, quando esta, por sua natureza ou amplitu- que souber que o mesmo tenha sido interrompido ou sus-
de, assim o exigir (G); penso (M);

96
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

85 - dormir em serviço de policiamento, vigilância ou 108 - entrar, sair ou tentar fazê-lo, de OPM, com tropa,
segurança de pessoas ou instalações (G); sem prévio conhecimento da autoridade competente, salvo
86 - dormir em serviço, salvo quando autorizado (M); para fins de instrução autorizada pelo comando (G);
87 - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de 109 - deixar o responsável pela segurança da OPM de
expediente no interior da OPM, sem autorização de quem de cumprir as prescrições regulamentares com respeito a entra-
direito (L); da, saída e permanência de pessoa estranha (M);
88 - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso 110 - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio
de substância proibida, entorpecente ou que determine de- ou local interditado (M);
pendência física ou psíquica, ou introduzi-las em local sob 111 - deixar, ao entrar ou sair de OPM onde não sirva, de
administração policial-militar (G); dar ciência da sua presença ao Oficial-de-Dia ou de serviço
89 - embriagar-se quando em serviço ou apresentar-se e, em seguida, se oficial, de procurar o comandante ou o ofi-
embriagado para prestá-lo (G); cial de posto mais elevado ou seu substituto legal para expor
90 - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou apre- a razão de sua presença, salvo as exceções regulamentares
sentar-se alcoolizado para prestá-lo (M); previstas (M);
91 - introduzir bebidas alcoólicas em local sob adminis- 112 - adentrar, sem permissão ou ordem, aposentos des-
tração policial-militar, salvo se devidamente autorizado (M); tinados a superior ou onde este se encontre, bem como qual-
92 - fumar em local não permitido (L); quer outro lugar cuja entrada lhe seja vedada (M);
93 - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro 113 - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da
os permitidos, em local sob administração policial-militar, ou OPM, desde que não seja a autoridade competente ou sem
em qualquer outro, quando uniformizado (L); sua ordem, salvo em situações de emergência (M);
94 - portar ou possuir arma em desacordo com as nor- 114 - permanecer em dependência de outra OPM ou lo-
mas vigentes (G); cal de serviço sem consentimento ou ordem da autoridade
95 - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não competente (M);
se achando de serviço (G); 115 - permanecer em dependência da própria OPM ou
96 - disparar arma por imprudência, negligência, imperí- local de serviço, desde que a ele estranho, sem consentimento
cia, ou desnecessariamente (G); ou ordem da autoridade competente (L);
97 - não obedecer às regras básicas de segurança ou não 116 - entrar ou sair, de qualquer OPM, por lugares que
ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsa- não sejam para isso designados (L);
bilidade (G); 117 - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por
98 - ter em seu poder, introduzir, ou distribuir em local ele solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer
sob administração policial-militar, substância ou material in- OPM (M);
flamável ou explosivo sem permissão da autoridade compe- 118 - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em local
tente (M); sob administração policial-militar, publicações, estampas ou
99 - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, jornais que atentem contra a disciplina, a moral ou as insti-
negligência, ou sem habilitação legal (G); tuições (L);
100 - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou 119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal unifor-
de navegação marítima, lacustre ou fluvial (M); mizado, com o uniforme alterado ou diferente do previsto,
101 - autorizar, promover ou executar manobras perigo- contrariando o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
sas com viaturas, aeronaves, embarcações ou animais (M); ou norma a respeito (M);
102 - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação 120 - usar no uniforme, insígnia, medalha, condecoração
oficial, sem autorização do órgão competente da Polícia Mili- ou distintivo, não regulamentares ou de forma indevida (M);
tar, mesmo estando habilitado (L); 121 - usar vestuário incompatível com a função ou des-
103 - transportar na viatura, aeronave ou embarcação curar do asseio próprio ou prejudicar o de outrem (L);
que esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou 122 - estar em desacordo com as normas regulamenta-
material, sem autorização da autoridade competente (L); res de apresentação pessoal (L);
104 - andar a cavalo, a trote ou galope, sem necessidade, 123 - recusar ou devolver insígnia, salvo quando a regu-
pelas ruas da cidade ou castigar inutilmente a montada (L); lamentação o permitir (L);
105 - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inuti- 124 - comparecer, uniformizado, a manifestações ou
lizar, por ação ou omissão, bens ou animais pertencentes ao reuniões de caráter político-partidário, salvo por motivo de
patrimônio público ou particular, que estejam ou não sob sua serviço (M);
responsabilidade (M); 125 - frequentar ou fazer parte de sindicatos, associa-
106 - negar-se a utilizar ou a receber do Estado farda- ções profissionais com caráter de sindicato, ou de associações
mento, armamento, equipamento ou bens que lhe sejam cujos estatutos não estejam de conformidade com a lei (G);
destinados ou devam ficar em seu poder ou sob sua respon- 126 - autorizar, promover ou participar de petições ou
sabilidade (M); manifestações de caráter reivindicatório, de cunho político
107 - retirar ou tentar retirar de local sob administração -partidário, religioso, de crítica ou de apoio a ato de superior,
policial-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou para tratar de assuntos de natureza policial-militar, ressalva-
animal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do responsável dos os de natureza técnica ou científica havidos em razão do
ou proprietário (G); exercício da função policial (M);

97
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

127 - aceitar qualquer manifestação coletiva de subor- SEÇÃO IV


dinados, com exceção das demonstrações de boa e sã cama- Da Permanência Disciplinar
radagem e com prévio conhecimento do homenageado (L);
128 - discutir ou provocar discussão, por qualquer veícu- Artigo 17 - A permanência disciplinar é a sanção em
lo de comunicação, sobre assuntos políticos, militares ou po- que o transgressor ficará na OPM, sem estar circunscrito
liciais, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, a determinado compartimento.
quando devidamente autorizado (L); Parágrafo único - O militar do Estado nesta situação
129 - frequentar lugares incompatíveis com o decoro so- comparecerá a todos os atos de instrução e serviço, inter-
cial ou policial-militar, salvo por motivo de serviço (M); nos e externos.
130 - recorrer a outros órgãos, pessoas ou instituições, Artigo 18 - A pedido do transgressor, o cumprimento
exceto ao Poder Judiciário, para resolver assunto de interesse da sanção de permanência disciplinar poderá, a juízo devi-
pessoal relacionados com a Polícia Militar (M); damente motivado, da autoridade que aplicou a punição,
131 - assumir compromisso em nome da Polícia Militar,
ser convertido em prestação de serviço extraordinário,
ou representá-la em qualquer ato, sem estar devidamente
desde que não implique prejuízo para a manutenção da
autorizado (M);
hierarquia e da disciplina.
132 - deixar de cumprir ou fazer cumprir as normas le-
§ 1º - Na hipótese da conversão, a classificação do
gais ou regulamentares, na esfera de suas atribuições (M).
comportamento do militar do Estado será feita com base
CAPÍTULO V na sanção de permanência disciplinar.
Das Sanções Administrativas Disciplinares § 2º - Considerar-se-á 1 (um) dia de prestação de
serviço extraordinário equivalente ao cumprimento de 1
SEÇÃO I (um) dia de permanência.
Disposições Gerais § 3º - O prazo para o encaminhamento do pedido de
conversão será de 3 (três) dias, contados da data da pu-
Artigo 14 - As sanções disciplinares aplicáveis aos mili- blicação da sanção de permanência.
tares do Estado, independentemente do posto, graduação ou § 4º - O pedido de conversão elide o pedido de recon-
função que ocupem, são: sideração de ato.
I - advertência; Artigo 19 - A prestação do serviço extraordinário, nos
II - repreensão; termos do “caput” do artigo anterior, consiste na realiza-
III - permanência disciplinar; ção de atividades, internas ou externas, por período
IV - detenção; nunca inferior a 6 (seis) ou superior a 8 (oito) horas, nos
V - reforma administrativa disciplinar; dias em que o militar do Estado estaria de folga.
VI - demissão; § 1º - O limite máximo de conversão da permanência
VII - expulsão; disciplinar em serviço extraordinário é de 5 (cinco) dias.
VIII - proibição do uso do uniforme. § 2º - O militar do Estado, punido com período supe-
Parágrafo único - Todo fato que constituir transgressão rior a 5 (cinco) dias de permanência disciplinar, somente
deverá ser levado ao conhecimento da autoridade compe- poderá pleitear a conversão até o limite previsto no pará-
tente para as providências disciplinares. grafo anterior, a qual, se concedida, será sempre cumpri-
da na fase final do período de punição.
SEÇÃO II § 3º - A prestação do serviço extraordinário não po-
Da Advertência derá ser executada imediatamente após o término de um
serviço ordinário.
Artigo 15 - A advertência, forma mais branda de san-
ção, é aplicada verbalmente ao transgressor, podendo ser
SEÇÃO V
feita particular ou ostensivamente, sem constar de publica-
Da Detenção
ção ou dos assentamentos individuais.
Parágrafo único - A sanção de que trata o “caput” apli-
ca-se exclusivamente às faltas de natureza leve. Artigo 20 - A detenção consiste na retenção do mili-
tar do Estado no âmbito de sua OPM, sem participar de
SEÇÃO III qualquer serviço, instrução ou atividade.
Da Repreensão § 1º - Nos dias em que o militar do Estado permane-
cer detido perderá todas as vantagens e direitos decor-
Artigo 16 - A repreensão é a sanção feita por escrito ao rentes do exercício do posto ou graduação, tempo esse
transgressor, publicada de forma reservada ou ostensiva, não computado para efeito algum, nos termos da legis-
devendo sempre ser averbada nos assentamentos indi- lação vigente.
viduais. § 2º - A detenção somente poderá ser aplicada quan-
Parágrafo único - A sanção de que trata o “caput” apli- do da reincidência no cometimento de transgressão dis-
ca-se às faltas de natureza leve e média. ciplinar de natureza grave.

98
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 21 - A detenção será aplicada pelo Secretário da SEÇÃO VIII


Segurança Pública, pelo Comandante Geral e pelos demais Da Expulsão
oficiais ocupantes de funções próprias do posto de coronel.
§ 1º - A autoridade que entender necessária a aplicação Artigo 24 - A expulsão será aplicada, mediante processo
desta sanção disciplinar providenciará para que a documen- regular, à praça que atentar contra a segurança das ins-
tação alusiva à respectiva transgressão seja remetida à auto- tituições nacionais ou praticar atos desonrosos ou ofen-
ridade competente. sivos ao decoro profissional.
§ 2º - Ao Governador do Estado compete conhecer des-
ta sanção disciplinar em grau de recurso, quando tiver sido SEÇÃO IX
aplicada pelo Secretário da Segurança Pública. Da Proibição do Uso de Uniformes

SEÇÃO VI Artigo 25 - A proibição do uso de uniformes policiais-


Da Reforma Administrativa Disciplinar militares será aplicada, nos termos deste Regulamento, tem-
porariamente, ao inativo que atentar contra o decoro ou
Artigo 22 - A reforma administrativa disciplinar poderá a dignidade policial-militar, até o limite de 1 (um) ano.
ser aplicada, mediante processo regular:
I - ao oficial julgado incompatível ou indigno profissional- CAPÍTULO VI
mente para com o oficialato, após sentença passada em jul- Do Recolhimento Disciplinar
gado no tribunal competente, ressalvado o caso de demissão;
II - à praça que se tornar incompatível com a função po- Artigo 26 - O recolhimento de qualquer transgressor à
licial-militar, ou nociva à disciplina, e tenha sido julgada pas- prisão, sem nota de punição publicada em boletim, po-
sível de reforma. derá ocorrer quando:
Parágrafo único - O militar do Estado que sofrer reforma I - houver indício de autoria de infração penal e for
administrativa disciplinar receberá remuneração proporcio- necessário ao bom andamento das investigações para sua
nal ao tempo de serviço policial-militar. apuração;
II - for necessário para a preservação da ordem e da
SEÇÃO VII disciplina policial-militar, especialmente se o militar do
Da Demissão Estado mostrar-se agressivo, embriagado ou sob ação de
substância entorpecente.
Artigo 23 - A demissão será aplicada ao militar do Esta-
§ 1º - São autoridades competentes para determinar
do na seguinte forma:
o recolhimento disciplinar aquelas elencadas no artigo 31
I - ao oficial quando:
deste Regulamento.
a) for condenado a pena restritiva de liberdade supe-
§ 2º - A condução do militar do Estado à autoridade
rior a 2 (dois) anos, por sentença passada em julgado;
competente para determinar o recolhimento somente po-
b) for condenado a pena de perda da função pública,
derá ser efetuada por superior hierárquico.
por sentença passada em julgado;
§ 3º - As decisões de aplicação do recolhimento disci-
c) for considerado moral ou profissionalmente inidô-
neo para a promoção ou revelar incompatibilidade para plinar serão sempre fundamentadas e comunicadas ao Juiz
o exercício da função policial-militar, por sentença passa- Corregedor da polícia judiciária militar.
da em julgado no tribunal competente; § 4º - O militar do Estado preso nos termos deste arti-
II - à praça quando: go poderá permanecer nessa situação pelo prazo máximo
a) for condenada, por sentença passada em julgado, a de 5 (cinco) dias.
pena restritiva de liberdade por tempo superior a 2 (dois)
anos; CAPÍTULO VII
b) for condenada, por sentença passada em julgado, a Do Procedimento Disciplinar
pena de perda da função pública;
c) praticar ato ou atos que revelem incompatibilidade SEÇÃO I
com a função policial-militar, comprovado mediante processo Da Comunicação Disciplinar
regular;
d) cometer transgressão disciplinar grave, estando há Artigo 27 - A comunicação disciplinar dirigida à autori-
mais de 2 (dois) anos consecutivos ou 4 (quatro) anos alter- dade policial-militar competente destina-se a relatar uma
nados no mau comportamento, apurado mediante processo transgressão disciplinar cometida por subordinado hierár-
regular; quico.
e) houver cumprido a pena consequente do crime de Artigo 28 - A comunicação disciplinar deve ser clara,
deserção; concisa e precisa, contendo os dados capazes de identi-
f) considerada desertora e capturada ou apresenta- ficar as pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e
da, tendo sido submetida a exame de saúde, for julgada inca- a hora do fato, além de caracterizar as circunstâncias que
paz definitivamente para o serviço policial-militar. o envolveram, bem como as alegações do faltoso, quando
Parágrafo único - O oficial demitido perderá o posto e a presente e ao ser interpelado pelo signatário das razões da
patente, e a praça, a graduação. transgressão, sem tecer comentários ou opiniões pessoais.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º - A comunicação disciplinar deverá ser apresen- § 3º - A representação nos termos do parágrafo anterior
tada no prazo de 5 (cinco) dias, contados da constatação será exercida no prazo estabelecido no § 1º, do artigo 62.
ou conhecimento do fato, ressalvadas as disposições re- § 4º - O prazo para o encaminhamento de represen-
lativas ao recolhimento disciplinar, que deverá ser feita tação será de 5 (cinco) dias contados da data do conheci-
imediatamente. mento do ato ou fato que a motivar.
§ 2º - A comunicação disciplinar deve ser a expres-
são da verdade, cabendo à autoridade competente enca- CAPÍTULO VIII
minhá-la ao acusado para que, por escrito, manifeste-se Da Competência, do Julgamento, da Aplicação e
preliminarmente sobre os fatos, no prazo de 3 (três) dias. do Cumprimento das Sanções Disciplinares
§ 3º - Conhecendo a manifestação preliminar e con-
siderando praticada a transgressão, a autoridade compe- SEÇÃO I
tente elaborará termo acusatório motivado, com as ra- Da Competência
zões de fato e de direito, para que o militar do Estado
possa exercitar, por escrito, o seu direito a ampla defesa e Artigo 31 - A competência disciplinar é inerente ao car-
ao contraditório, no prazo de 5 (cinco) dias. go, função ou posto, sendo autoridades competentes para
§ 4º - Estando a autoridade convencida do cometi- aplicar sanção disciplinar:
mento da transgressão, providenciará o enquadramen- I - o Governador do Estado: a todos os militares do Esta-
to disciplinar, mediante nota de culpa ou, se determinar do sujeitos a este Regulamento;
outra solução, deverá fundamentá-la por despacho nos II - o Secretário da Segurança Pública e o Comandante
autos. Geral: a todos os militares do Estado sujeitos a este Regula-
§ 5º - Poderá ser dispensada a manifestação prelimi- mento, exceto ao Chefe da Casa Militar;
nar quando a autoridade competente tiver elementos de III - o Subcomandante da Polícia Militar: a todos os in-
convicção suficientes para a elaboração do termo acusa- tegrantes de seu comando e das unidades subordinadas e às
tório, devendo esta circunstância constar do respectivo praças inativas;
termo. IV - os oficiais da ativa da Polícia Militar do posto de
Artigo 29 - A solução do procedimento disciplinar é coronel a capitão: aos militares do Estado que estiverem sob
da inteira responsabilidade da autoridade competente, seu comando ou integrantes das OPM subordinadas.
que deverá aplicar sanção ou justificar o fato, de acordo § 1º - Ao Secretário da Segurança Pública e ao Coman-
com este Regulamento. dante Geral da Polícia Militar compete conhecer das san-
ções disciplinares aplicadas aos inativos, em grau de recur-
§ 1º - A solução será dada no prazo de 30 (trinta) dias,
so, respectivamente, se oficial ou praça.
contados a partir do recebimento da defesa do acusado,
§ 2º - Aos oficiais, quando no exercício interino das
prorrogável no máximo por mais 15 (quinze) dias, me-
funções de posto igual ou superior ao de capitão, ficará
diante declaração de motivos no próprio enquadramento.
atribuída a competência prevista no inciso IV deste artigo.
§ 2º - No caso de afastamento regulamentar do trans-
gressor, os prazos supracitados serão interrompidos, rei-
SEÇÃO II
niciada a contagem a partir da sua reapresentação. Dos Limites de Competência das Autoridades
§ 3º - Em qualquer circunstância, o signatário da
comunicação deverá ser notificado da respectiva solu- Artigo 32 - O Governador do Estado é competente para apli-
ção, no prazo máximo de 90 (noventa) dias da data da car todas as sanções disciplinares previstas neste Regulamento,
comunicação. cabendo às demais autoridades as seguintes competências:
§ 4º - No caso de não cumprimento do prazo do pará- I - ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante
grafo anterior, poderá o signatário da comunicação soli- Geral: todas as sanções disciplinares exceto a demissão de
citar, obedecida a via hierárquica, providências a respeito oficiais;
da solução. II - ao Subcomandante da Polícia Militar: as sanções
disciplinares de advertência, repreensão, permanência dis-
SEÇÃO II ciplinar, detenção e proibição do uso de uniformes de até os
Da Representação limites máximos previstos;
III - aos oficiais do posto de coronel: as sanções disci-
Artigo 30 - Representação é toda comunicação que se plinares de advertência, repreensão, permanência disciplinar
referir a ato praticado ou aprovado por superior hie- de até 20 (vinte) dias e detenção de até 15 (quinze) dias;
rárquico ou funcional, que se repute irregular, ofensivo, IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: as sanções
injusto ou ilegal. disciplinares de advertência, repreensão e permanência dis-
§ 1º - A representação será dirigida à autoridade fun- ciplinar de até 20 (vinte) dias;
cional imediatamente superior àquela contra a qual é atri- V - aos oficiais do posto de major: as sanções disciplina-
buída a prática do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. res de advertência, repreensão e permanência disciplinar de
§ 2º - A representação contra ato disciplinar será feita até 15 (quinze) dias;
somente após solucionados os recursos disciplinares pre- VI - aos oficiais do posto de capitão: as sanções discipli-
vistos neste Regulamento e desde que a matéria recorrida nares de advertência, repreensão e permanência disciplinar
verse sobre a legalidade do ato praticado. de até 10 (dez) dias.

100
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO III Artigo 38 - O enquadramento disciplinar é a descri-


Do Julgamento ção da transgressão cometida, dele devendo constar, resumi-
damente, o seguinte:
Artigo 33 - Na aplicação das sanções disciplinares serão I - indicação da ação ou omissão que originou a trans-
sempre considerados a natureza, a gravidade, os motivos gressão;
determinantes, os danos causados, a personalidade e II - tipificação da transgressão disciplinar;
os antecedentes do agente, a intensidade do dolo ou o III - discriminação, em incisos e artigos, das causas de
grau da culpa. justificação ou das circunstâncias atenuantes e ou agravan-
Artigo 34 - Não haverá aplicação de sanção disciplinar tes;
quando for reconhecida qualquer das seguintes causas de IV - decisão da autoridade impondo, ou não, a sanção;
justificação: V - classificação do comportamento policial-militar em
I - motivo de força maior ou caso fortuito, plenamente que o punido permaneça ou ingresse;
comprovados; VI - alegações de defesa do transgressor;
II - benefício do serviço, da preservação da ordem públi- VII - observações, tais como:
ca ou do interesse público; a) data do início do cumprimento da sanção disciplinar;
III - legítima defesa própria ou de outrem; b) local do cumprimento da sanção, se for o caso;
IV - obediência a ordem superior, desde que a ordem c) determinação para posterior cumprimento, se o trans-
recebida não seja manifestamente ilegal; gressor estiver baixado, afastado do serviço ou à disposição
V - uso de força para compelir o subordinado a cumprir de outra autoridade;
rigorosamente o seu dever, no caso de perigo, necessidade d) outros dados que a autoridade competente julgar ne-
urgente, calamidade pública ou manutenção da ordem e da cessários;
disciplina. VIII - assinatura da autoridade.
Artigo 35 - São circunstâncias atenuantes: Artigo 39 - A publicação é a divulgação oficial do ato
I - estar, no mínimo, no bom comportamento; administrativo referente à aplicação da sanção disciplinar ou
II - ter prestado serviços relevantes;
à sua justificação, e dá início a seus efeitos.
III - ter admitido a transgressão de autoria ignorada ou,
Parágrafo único - A advertência não deverá constar de
se conhecida, imputada a outrem;
publicação em boletim, figurando, entretanto, no registro de
IV - ter praticado a falta para evitar mal maior;
informações de punições para os oficiais, ou na nota de cor-
V - ter praticado a falta em defesa de seus próprios di-
retivo das praças.
reitos ou dos de outrem;
Artigo 40 - As sanções de oficiais, aspirantes-a-oficial,
VI - ter praticado a falta por motivo de relevante valor
social; alunos-oficiais, subtenentes e sargentos serão publicadas
VII - não possuir prática no serviço; somente para conhecimento dos integrantes dos seus
VIII - colaborar na apuração da transgressão disciplinar. respectivos círculos e superiores hierárquicos, podendo
Artigo 36 - São circunstâncias agravantes: ser dadas ao conhecimento geral se as circunstâncias ou a
I - mau comportamento; natureza da transgressão e o bem da disciplina assim o re-
II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais comendarem.
transgressões; Artigo 41 - Na aplicação das sanções disciplinares pre-
III - reincidência específica; vistas neste Regulamento, serão rigorosamente observados
IV - conluio de duas ou mais pessoas; os seguintes limites:
V - ter sido a falta praticada durante a execução do ser- I - quando as circunstâncias atenuantes preponderarem,
viço; a sanção não será aplicada em seu limite máximo;
VI - ter sido a falta praticada em presença de subordina- II - quando as circunstâncias agravantes prepondera-
do, de tropa ou de civil; rem, poderá ser aplicada a sanção até o seu limite máximo;
VII - ter sido a falta praticada com abuso de autoridade III - pela mesma transgressão não será aplicada mais de
hierárquica ou funcional. uma sanção disciplinar.
§ 1º - Não se aplica a circunstância agravante prevista Artigo 42 - A sanção disciplinar será proporcional à
no inciso V quando, pela sua natureza, a transgressão seja gravidade e natureza da infração, observados os seguin-
inerente à execução do serviço. tes limites:
§ 2º - Considera-se reincidência específica o enquadra- I - as faltas leves são puníveis com advertência ou re-
mento da falta praticada num mesmo item dos previstos preensão e, na reincidência específica, com permanência
no artigo 13 ou no item II do § 1º do artigo 12. disciplinar de até 5 (cinco) dias;
II - as faltas médias são puníveis com permanência dis-
SEÇÃO IV ciplinar de até 8 (oito) dias e, na reincidência específica, com
Da Aplicação permanência disciplinar de até 15 (quinze) dias;
III - as faltas graves são puníveis com permanência de
Artigo 37 - A aplicação da sanção disciplinar abrange a até 10 (dez) dias ou detenção de até 8 (oito) dias e, na rein-
análise do fato, nos termos do artigo 33 deste Regulamen- cidência específica, com permanência de até 20 (vinte) dias
to, a análise das circunstâncias que determinaram a trans- ou detenção de até 15 (quinze) dias, desde que não caiba
gressão, o enquadramento e a decorrente publicação. demissão ou expulsão.

101
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 43 - O início do cumprimento da sanção disci- Parágrafo único - A interrupção de afastamento regula-
plinar dependerá de aprovação do ato pelo Comandante mentar, para cumprimento de sanção disciplinar, somente
da Unidade ou pela autoridade funcional imediatamen- ocorrerá quando determinada pelo Governador do Estado,
te superior, quando a sanção for por ele aplicada, e prévia Secretário da Segurança Pública ou pelo Comandante Ge-
publicação em boletim, salvo a necessidade de recolhimento ral.
disciplinar previsto neste Regulamento. Artigo 52 - O início do cumprimento da sanção disci-
Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da plinar deverá ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias
responsabilidade civil e criminal emanadas do mesmo após a ciência, pelo punido, da sua publicação.
fato. § 1º - A contagem do tempo de cumprimento da
Parágrafo único - A instauração de inquérito ou ação cri- sanção começa no momento em que o militar do Estado
minal não impede a imposição, na esfera administrativa, de iniciá-lo, computando-se cada dia como período de 24
sanção pela prática de transgressão disciplinar sobre o mesmo (vinte e quatro) horas.
fato. § 2º - Não será computado, como cumprimento de
Artigo 45 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sanção disciplinar, o tempo em que o militar do Estado
sem conexão entre elas, serão impostas as sanções corres-
passar em gozo de afastamentos regulamentares, inter-
pondentes isoladamente; em caso contrário, quando forem
rompendo-se a contagem a partir do momento de seu
praticadas de forma conexa, as de menor gravidade serão
afastamento até o seu retorno.
consideradas como circunstâncias agravantes da trans-
gressão principal. § 3º - O afastamento do militar do Estado do local de
Artigo 46 - Na ocorrência de transgressão disciplinar en- cumprimento da sanção e o seu retorno a esse local, após
volvendo militares do Estado de mais de uma Unidade, caberá o afastamento regularmente previsto no § 2º, deverão ser
ao comandante do policiamento da área territorial onde objeto de publicação.
ocorreu o fato apurar ou determinar a apuração e, ao fi-
nal, se necessário, remeter os autos à autoridade funcional CAPÍTULO IX
superior comum aos envolvidos. Do Comportamento
Artigo 47 - Quando duas autoridades de níveis hie-
rárquicos diferentes, ambas com ação disciplinar sobre o Artigo 53 - O comportamento da praça policial-militar
transgressor, conhecerem da transgressão disciplinar, compe- demonstra o seu procedimento na vida profissional e parti-
tirá à de maior hierarquia apurá-la ou determinar que a cular, sob o ponto de vista disciplinar.
menos graduada o faça. Artigo 54 - Para fins disciplinares e para outros efeitos,
Parágrafo único - Quando a apuração ficar sob a incum- o comportamento policial-militar classifica-se em:
bência da autoridade menos graduada, a punição resultante I - excelente - quando, no período de 10 (dez) anos,
será aplicada após a aprovação da autoridade superior, se não lhe tenha sido aplicada qualquer sanção disciplinar;
esta assim determinar. II - ótimo - quando, no período de 5 (cinco) anos, lhe
Artigo 48 - A expulsão será aplicada, em regra, quando tenham sido aplicadas até 2 repreensões;
a praça policial-militar, independentemente da graduação ou III - bom - quando, no período de 2 (dois) anos, lhe
função que ocupe, for condenado judicialmente por crime tenham sido aplicadas até 2 (duas) permanências discipli-
que também constitua infração disciplinar grave e que nares;
denote incapacidade moral para a continuidade do exercí- IV - regular - quando, no período de 1 (um) ano, lhe
cio de suas funções. tenham sido aplicadas até 2 (duas) permanências discipli-
nares ou 1 (uma) detenção;
SEÇÃO V V - mau - quando, no período de 1 (um) ano, lhe te-
Do Cumprimento e da Contagem de Tempo
nham sido aplicadas mais de 2 (duas) permanências disci-
plinares ou mais de 1 (uma) detenção.
Artigo 49 - A autoridade que tiver de aplicar sanção a
§ 1º - A contagem de tempo para melhora do com-
subordinado que esteja a serviço ou à disposição de outra au-
toridade requisitará a apresentação do transgressor. portamento se fará automaticamente, de acordo com os
Parágrafo único - Quando o local determinado para o prazos estabelecidos neste artigo.
cumprimento da sanção não for a respectiva OPM, a autorida- § 2º - Bastará uma única sanção disciplinar acima dos
de indicará o local designado para a apresentação do punido. limites estabelecidos neste artigo para alterar a categoria
Artigo 50 - Nenhum militar do Estado será interrogado do comportamento.
ou ser-lhe-á aplicada sanção se estiver em estado de embria- § 3º - Para a classificação do comportamento fica es-
guez, ou sob a ação de substância entorpecente ou que deter- tabelecido que duas repreensões equivalerão a uma per-
mine dependência física ou psíquica, devendo, se necessá- manência disciplinar.
rio, ser, desde logo, recolhido disciplinarmente. § 4º - Para efeito de classificação, reclassificação ou
Artigo 51 - O cumprimento da sanção disciplinar, por mi- melhoria do comportamento, ter-se-ão como base as da-
litar do Estado afastado do serviço, deverá ocorrer após a sua tas em que as sanções foram publicadas.
apresentação na OPM, pronto para o serviço policial-militar, Artigo 55 - Ao ser admitida na Polícia Militar, a praça
salvo nos casos de interesse da preservação da ordem e da policial-militar será classificada no comportamento “bom”.
disciplina.

102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO X 2 - para comunicação: 3 (três) dias, a contar do proto-


Dos Recursos Disciplinares colo da OPM da autoridade destinatária;
3 - para solução: 10 (dez) dias, a contar do recebimento
Artigo 56 - O militar do Estado, que considere a si pró- da interposição do recurso no protocolo da OPM da autori-
prio, a subordinado seu ou a serviço sob sua responsabilida- dade destinatária.
de prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior § 4º - O recurso hierárquico, em termos respeitosos,
hierárquico, poderá interpor recursos disciplinares. precisará o objeto que o fundamenta de modo a esclarecer
Parágrafo único - São recursos disciplinares: o ato ou fato, podendo ser acompanhado de documentos
1 - pedido de reconsideração de ato; comprobatórios.
2 - recurso hierárquico. § 5º - O recurso hierárquico não poderá tratar de as-
Artigo 57 - O pedido de reconsideração de ato é recurso sunto estranho ao ato ou fato que o tenha motivado, nem
interposto, mediante parte ou ofício, à autoridade que pra- versar sobre matéria impertinente ou fútil.
ticou, ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular, § 6º - Não será conhecido o recurso hierárquico intem-
ofensivo, injusto ou ilegal, para que o reexamine. pestivo, procrastinador ou que não apresente fatos novos
§ 1º - O pedido de reconsideração de ato deve ser en- que modifiquem a decisão anteriormente tomada, deven-
caminhado, diretamente, à autoridade recorrida e por uma do ser cientificado o interessado, e publicado o ato em bo-
única vez. letim, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2º - O pedido de reconsideração de ato, que tem Artigo 59 - Solucionado o recurso hierárquico, encer-
efeito suspensivo, deve ser apresentado no prazo máximo ra-se para o recorrente a possibilidade administrativa
de 5 (cinco) dias, a contar da data em que o militar do Es- de revisão do ato disciplinar sofrido, exceto nos casos de
tado tomar ciência do ato que o motivou. representação previstos nos §§ 3º e 4º do artigo 30.
§ 3º - A autoridade a quem for dirigido o pedido de Artigo 60 - Solucionados os recursos disciplinares e ha-
reconsideração de ato deverá, saneando se possível o ato vendo sanção disciplinar a ser cumprida, o militar do Estado
praticado, dar solução ao recurso, no prazo máximo de 10 iniciará o seu cumprimento dentro do prazo de 3 (três) dias:
(dez) dias, a contar da data de recebimento do documento, I - desde que não interposto recurso hierárquico, no caso
dando conhecimento ao interessado, mediante despacho de solução do pedido de reconsideração;
fundamentado que deverá ser publicado.
II - após solucionado o recurso hierárquico.
§ 4º - O subordinado que não tiver oficialmente co-
Artigo 61 - Os prazos para a interposição dos recursos
nhecimento da solução do pedido de reconsideração, após
de que trata este Regulamento são decadenciais.
30 (trinta) dias contados da data de sua solicitação, poderá
interpor recurso hierárquico no prazo previsto no item 1 do
CAPÍTULO XI
§ 3º, do artigo 58.
Da Revisão dos Atos Disciplinares
§ 5º - O pedido de reconsideração de ato deve ser redi-
gido de forma respeitosa, precisando o objetivo e as razões
Artigo 62 - As autoridades competentes para aplicar
que o fundamentam, sem comentários ou insinuações, po-
dendo ser acompanhado de documentos comprobatórios. sanção disciplinar, exceto as ocupantes do posto de major
§ 6º - Não será conhecido o pedido de reconsideração e capitão, quando tiverem conhecimento, por via recursal
intempestivo, procrastinador ou que não apresente fatos ou de ofício, da possível existência de irregularidade ou ile-
novos que modifiquem a decisão anteriormente tomada, galidade na aplicação da sanção imposta por elas ou pelas
devendo este ato ser publicado, obedecido o prazo do § autoridades subordinadas, podem praticar um dos seguintes
3º deste artigo. atos:
Artigo 58 - O recurso hierárquico, interposto por uma I - retificação;
única vez, terá efeito suspensivo e será redigido sob a II - atenuação;
forma de parte ou ofício e endereçado diretamente à auto- III - agravação;
ridade imediatamente superior àquela que não reconsiderou IV - anulação.
o ato tido por irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. § 1º - A anulação de sanção administrativa disciplinar
§ 1º - A interposição do recurso de que trata este arti- somente poderá ser feita no prazo de 5 (cinco) anos, a con-
go, a qual deverá ser precedida de pedido de reconside- tar da data da publicação do ato que se pretende invalidar.
ração do ato, somente poderá ocorrer depois de conhecido § 2º - Os atos previstos neste artigo deverão ser moti-
o resultado deste pelo requerente, exceto na hipótese previs- vados e publicados.
ta pelo § 4º do artigo anterior. Artigo 63 - A retificação consiste na correção de irre-
§ 2º - A autoridade que receber o recurso hierárquico gularidade formal sanável, contida na sanção disciplinar
deverá comunicar tal fato, por escrito, àquela contra a qual aplicada pela própria autoridade ou por autoridade subor-
está sendo interposto. dinada.
§ 3º - Os prazos referentes ao recurso hierárquico são: Artigo 64 - Atenuação é a redução da sanção proposta
1 - para interposição: 5 (cinco) dias, a contar do co- ou aplicada, para outra menos rigorosa ou, ainda, a redução
nhecimento da solução do pedido de reconsideração pelo do número de dias da sanção, nos limites do artigo 42, se
interessado ou do vencimento do prazo do § 4º do artigo assim o exigir o interesse da disciplina e a ação educativa
anterior; sobre o militar do Estado.

103
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 65 - Agravação é a ampliação do número dos Artigo 72 - O militar do Estado submetido a processo
dias propostos para uma sanção disciplinar ou a aplicação regular deverá, quando houver possibilidade de prejuízo
de sanção mais rigorosa, nos limites do artigo 42, se assim para a hierarquia, disciplina ou para a apuração do fato,
o exigir o interesse da disciplina e a ação educativa sobre o ser designado para o exercício de outras funções, enquanto
militar do Estado. perdurar o processo, podendo ainda a autoridade instaura-
Parágrafo único - Não caberá agravamento da sanção dora proibir-lhe o uso do uniforme, como medida cautelar.
em razão da interposição de recurso disciplinar.
Artigo 66 - Anulação é a declaração de invalidade da san- SEÇÃO II
ção disciplinar aplicada pela própria autoridade ou por autori- Do Conselho de Justificação
dade subordinada, quando, na apreciação do recurso, verificar
a ocorrência de ilegalidade, devendo retroagir à data do ato.
Artigo 73 - O Conselho de Justificação destina-se a apu-
rar, na forma da legislação específica, a incapacidade do
CAPÍTULO XII
Das Recompensas Policiais-Militares oficial para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar.
Parágrafo único - O Conselho de Justificação aplica-se
Artigo 67 - As recompensas policiais-militares consti- também ao oficial inativo presumivelmente incapaz de per-
tuem reconhecimento dos bons serviços prestados pelo manecer na situação de inatividade.
militar do Estado e consubstanciam-se em prêmios concedi- Artigo 74 - O oficial submetido a Conselho de Justifi-
dos por atos meritórios e serviços relevantes. cação e considerado culpado, por decisão unânime, poderá
Artigo 68 - São recompensas policiais-militares: ser agregado disciplinarmente mediante ato do Comandan-
I - elogio; te Geral, até decisão final do tribunal competente, ficando:
II - cancelamento de sanções. I - afastado das suas funções e adido à Unidade que lhe
Parágrafo único - O elogio individual, ato administrativo for designada;
que coloca em relevo as qualidades morais e profissionais do II - proibido de usar uniforme;
militar, poderá ser formulado independentemente da classi- III - percebendo 1/3 (um terço) da remuneração;
ficação de seu comportamento e será registrado nos assen- IV - mantido no respectivo Quadro, sem número, não
tamentos. concorrendo à promoção.
Artigo 69 - A dispensa do serviço não é uma recompensa Artigo 75 - Ao Conselho de Justificação aplica-se o pre-
policial-militar e somente poderá ser concedida quando houver, visto na legislação específica, complementarmente ao dis-
a juízo do Comandante da Unidade, motivo de força maior.
posto neste Regulamento.
Parágrafo único - A concessão de dispensas do serviço,
observado o disposto neste artigo, fica limitada ao máximo
SEÇÃO III
de 6 (seis) dias por ano, sendo sempre publicada em boletim.
Artigo 70 - O cancelamento de sanções disciplinares Do Conselho de Disciplina
consiste na retirada dos registros realizados nos assenta-
mentos individuais do militar do Estado, relativos às penas Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a de-
disciplinares que lhe foram aplicadas. clarar a incapacidade moral da praça para permanecer no
§ 1º - O cancelamento de sanções é ato do Comandan- serviço ativo da Polícia Militar e será instaurado:
te Geral, praticado a pedido do interessado, e o seu deferi- I - por portaria do Comandante da Unidade a que per-
mento deverá atender aos bons serviços por ele prestados, tencer o acusado;
comprovados em seus assentamentos, e depois de decor- II - por ato de autoridade superior à mencionada no
ridos 10 (dez) anos de efetivo serviço, sem qualquer outra inciso anterior.
sanção, a contar da data da última pena imposta. Parágrafo único - A instauração do Conselho de Dis-
§ 2º - O cancelamento de sanções não terá efeito re- ciplina poderá ser feita durante o cumprimento de sanção
troativo e não motivará o direito de revisão de outros atos disciplinar.
administrativos decorrentes das sanções canceladas. Artigo 77 - As autoridades referidas no artigo anterior
podem, com base na natureza da falta ou na inconsistência
CAPÍTULO XIII dos fatos apontados, considerar, desde logo, insuficiente a
Do Processo Regular acusação e, em consequência, deixar de instaurar o Conse-
lho de Disciplina, sem prejuízo de novas diligências.
SEÇÃO I
Artigo 78 - O Conselho será composto por 3 (três) ofi-
Disposições Gerais
ciais da ativa.
Artigo 71 - O processo regular a que se refere este Regu- § 1º - O mais antigo do Conselho, no mínimo um ca-
lamento, para os militares do Estado, será: pitão, é o presidente, e o que lhe seguir em antiguidade
I - para oficiais: o Conselho de Justificação; ou precedência funcional é o interrogante, sendo o relator e
II - para praças com 10 (dez) ou mais anos de serviço escrivão o mais moderno.
policial-militar: o Conselho de Disciplina; § 2º - Entendendo necessário, o presidente poderá
III - para praças com menos de 10 (dez) anos de serviço nomear um subtenente ou sargento para funcionar como
policial-militar: o Processo Administrativo Disciplinar. escrivão no processo, o qual não integrará o Conselho.

104
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 79 - O Conselho poderá ser instaurado, indepen- CAPÍTULO XIV


dentemente da existência ou da instauração de inquérito Disposições Finais
policial comum ou militar, de processo criminal ou de sen-
tença criminal transitada em julgado. Artigo 85 - A ação disciplinar da Administração pres-
Parágrafo único - Se no curso dos trabalhos do Conselho creverá em 5 (cinco) anos, contados da data do cometimen-
surgirem indícios de crime comum ou militar, o presidente to da transgressão disciplinar.
deverá extrair cópia dos autos, remetendo-os por ofício à § 1º - A punibilidade da transgressão disciplinar tam-
autoridade competente para início do respectivo inquérito bém prevista como crime prescreve nos prazos estabeleci-
policial ou da ação penal cabível. dos para o tipo previsto na legislação penal, salvo se esta
Artigo 80 - Será instaurado apenas um processo quan- prescrição ocorrer em prazo inferior a 5 (cinco) anos.
do o ato ou atos motivadores tenham sido praticados em § 2º - A interposição de recurso disciplinar interrompe
concurso de agentes. a prescrição da punibilidade até a solução final do recurso.
§ 1º - Havendo dois ou mais acusados pertencentes a Artigo 86 - Para os efeitos deste Regulamento, conside-
OPM diversas, o processo será instaurado pela autoridade ra-se Comandante de Unidade o oficial que estiver exercen-
imediatamente superior, comum aos respectivos coman- do funções privativas dos postos de coronel e de tenente-
dantes das OPM dos acusados. coronel.
§ 2º - Existindo concurso ou continuidade infracional, Parágrafo único - As expressões diretor, corregedor e
deverão todos os atos censuráveis constituir o libelo acu- chefe têm o mesmo significado de Comandante de Unidade.
satório da portaria. Artigo 87 - Aplicam-se, supletivamente, ao Conselho
§ 3º - Surgindo, após a elaboração da portaria, ele- de Disciplina as disposições do Código de Processo Penal
mentos de autoria e materialidade de infração disciplinar Militar.
conexa, em continuidade ou em concurso, esta poderá ser Artigo 88 - O Comandante Geral baixará instruções
aditada, abrindo-se novos prazos para a defesa. complementares, necessárias à interpretação, orientação e
Artigo 81 - A decisão da autoridade instauradora, de- fiel aplicação do disposto neste Regulamento.
vidamente fundamentada, será aposta nos autos, após a Artigo 89 - Esta lei complementar entra em vigor na
apreciação do Conselho e de toda a prova produzida, das data de sua publicação, revogadas as disposições em con-
razões de defesa e do relatório, no prazo de 15 (quinze) dias trário.
a contar do seu recebimento.
Artigo 82 - A autoridade instauradora, na sua decisão, Palácio dos Bandeirantes, aos 09 de março de 2001.
considerará a acusação procedente, procedente em parte
ou improcedente, devendo propor ao Comandante Geral,
conforme o caso, a aplicação das sanções administrativas 6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, DE 17 DE
cabíveis. DEZEMBRO DE 2008 – INSTITUI PLANO
Parágrafo único - A decisão da autoridade instauradora GERAL DE CARGOS, VENCIMENTOS E
será publicada em boletim.
SALÁRIOS PARA OS SERVIDORES DAS
Artigo 83 - Recebidos os autos, o Comandante Geral,
CLASSES QUE ESPECIFICA.
dentro do prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, fundamenta- 6.1. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO PRELIMINAR.
do seu despacho, emitirá a decisão final, da qual não caberá
recurso, salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138
da Constituição do Estado. Esta legislação trabalha com o estabelecimento dos
planos de carreira no âmbito da administração estadual
SEÇÃO IV paulista, o que envolve também cargos na Polícia Militar.
Do Processo Administrativo Disciplinar Basicamente, estabelece questões sobre ingresso e evolu-
ção na carreira, acompanhadas de questões sobre a remu-
Artigo 84 - O Processo Administrativo Disciplinar segui- neração pelos serviços prestados (vencimentos no geral e
rá rito próprio ao qual se aplica o disposto nos incisos I, II e salários).
parágrafo único do artigo 76 e os artigos 79, 80 e 82 deste
Regulamento. CAPÍTULO I
Parágrafo único - Recebido o processo, o Comandante Disposição Preliminar
Geral emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso,
salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da Artigo 1º - Fica instituído, na forma desta lei comple-
Constituição do Estado. mentar, Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
aplicável aos servidores das Secretarias de Estado, da Pro-
curadoria Geral do Estado e das Autarquias, titulares de
cargos e ocupantes de funções-atividades expressamente
indicados nos Anexos I e II.

105
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO II
Do Ingresso
6.2. CAPÍTULO II – DO PLANO GERAL DE
CARGOS, VENCIMENTOS E SALÁRIOS: Artigo 4º O ingresso nos cargos e funções-atividades
SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO constantes dos Subanexos 2 e 3 dos Anexos I e II desta lei
II – DO INGRESSO; SEÇÃO III – DO ESTÁGIO complementar far-se-á no padrão inicial da respectiva
PROBATÓRIO; SEÇÃO IV – DA JORNADA classe, mediante concurso público de provas ou de pro-
DE TRABALHO, DOS VENCIMENTOS E DAS vas e títulos, obedecidos os seguintes requisitos mínimos:
VANTAGENS PECUNIÁRIAS; SEÇÃO VII – DA I - para as classes de nível intermediário: certificado de
PROGRESSÃO; SEÇÃO VIII – DA PROMOÇÃO; conclusão do ensino médio ou equivalente;
SEÇÃO IX – DA SUBSTITUIÇÃO. II - para as classes de nível universitário: diploma de
graduação em curso de nível superior.
§ 1º Os editais fixarão os requisitos específicos, de
acordo com a área de atuação, para cada concurso público.
CAPÍTULO II § 2º As atribuições básicas das classes de que trata este
Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários artigo são as fixadas no Anexo III desta lei complementar.

SEÇÃO I Artigo 5º Os cargos em comissão e as funções e ativi-


Disposições Gerais dades em confiança obedecerão aos requisitos mínimos de
escolaridade e experiência profissional fixados no Anexo IV
Artigo 2º O Plano Geral de Cargos, Vencimentos e desta lei complementar.
Salários, de que trata esta lei complementar, organiza as
classes que o integram, tendo em vista a complexidade Artigo 6º Os cargos e as funções-atividades de super-
das atribuições, os graus diferenciados de formação, visão, chefia e encarregatura indicados no Subanexo 4
de responsabilidade e de experiência profissional re- dos Anexos I e II serão providos ou preenchidas, privati-
queridos, bem como as demais condições e requisitos vamente, por servidores públicos estaduais titulares de
específicos exigíveis para seu exercício, compreendendo: cargos efetivos ou ocupantes de funções e atividades de
I - a identificação, agregação e alteração de nomen- natureza permanente.
clatura de cargos e funções-atividades e suas respectivas Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no “caput”
atribuições, na forma indicada nos Anexos I a III; deste artigo, os cargos de Chefe de Cerimonial e Chefe de
II - o estabelecimento de um sistema retribuitório que Gabinete identificados no Subanexo 4 do Anexo I e os car-
estrutura os vencimentos e salários de acordo com o ní- gos e funções-atividades de Chefe de Gabinete de Autarquia
vel de escolaridade e o grau de complexidade das atribui- identificados no Subanexo 4 do Anexo II desta lei comple-
ções dos cargos e funções-atividades, por intermédio de 5 mentar.
(cinco) escalas de vencimentos, compostas de referências
e graus ou de referências, na forma indicada nos Anexos SEÇÃO III
V a XII; Do Estágio Probatório
III - a instituição de perspectivas de mobilidade funcio-
Artigo 7º Nos 3 (três) primeiros anos de efetivo exer-
nal, mediante progressão e promoção.
cício nos cargos das classes a que se refere o artigo 4º
desta lei complementar, que se caracteriza como estágio
Artigo 3º Para fins de aplicação deste Plano Geral de
probatório, o servidor será submetido à avaliação especial
Cargos, Vencimentos e Salários, considera-se:
de desempenho, verificando-se a sua aptidão e capaci-
I - classe: o conjunto de cargos e funções-atividades
dade para o exercício das atribuições inerentes ao cargo
de mesma natureza e igual denominação;
que ocupa, por intermédio dos seguintes critérios:
II - referência: o símbolo indicativo do vencimento do
I - assiduidade;
cargo ou do salário da função-atividade; II - disciplina;
III - grau: valor do vencimento ou salário dentro da III - capacidade de iniciativa;
referência; IV - produtividade;
IV - padrão: conjunto de referência e grau; V - responsabilidade.
V - vencimento: retribuição pecuniária, fixada em lei, § 1º O período de estágio probatório será acompanha-
paga mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício do do por Comissão Especial de Avaliação de Desempenho
cargo; constituída para este fim, em conjunto com o órgão seto-
VI - salário: retribuição pecuniária, fixada em lei, rial de recursos humanos e as chefias imediata e mediata,
paga mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício da que deverão:
função-atividade; 1 - propiciar condições para a adaptação do servidor ao
VII - remuneração: o valor correspondente ao venci- ambiente de trabalho;
mento ou salário, acrescido das vantagens pecuniárias a 2 - orientar o servidor no desempenho de suas atribui-
que o servidor faça jus, previstas em lei. ções;

106
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3 - verificar o grau de adaptação ao cargo e a necessi- Artigo 10. O servidor confirmado no cargo de provi-
dade de submeter o servidor a programa de treinamento. mento efetivo fará jus à progressão automática do grau “A”
§ 2º - A avaliação será promovida semestralmente pelo para o grau “B” da respectiva referência da classe a que
órgão setorial de recursos humanos, com base em critérios pertença, independentemente do limite estabelecido no ar-
estabelecidos em decreto. tigo 23 desta lei complementar.

Artigo 8º Decorridos 30 (trinta) meses do período de es- Destaca-se o disposto no artigo 41 da Constituição
tágio probatório, o responsável pelo órgão setorial de recur- Federal:
sos humanos encaminhará à Comissão Especial de Avalia-
ção de Desempenho, no prazo de 30 (trinta) dias, relatório Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo
circunstanciado sobre a conduta e o desempenho profissio- exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
nal do servidor, com proposta fundamentada de confirma- mento efetivo em virtude de concurso público.
ção no cargo ou exoneração. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1º A Comissão Especial de Avaliação de Desempe- I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
nho poderá solicitar informações complementares para gado;
referendar a proposta de que trata o “caput” deste artigo. II - mediante processo administrativo em que lhe seja
§ 2º No caso de ter sido proposta a exoneração, a Co- assegurada ampla defesa;
missão Especial de Avaliação de Desempenho abrirá prazo III - mediante procedimento de avaliação periódica de
de 10 (dez) dias para o exercício do direito de defesa do desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
interessado, e decidirá pelo voto da maioria absoluta de ampla defesa.
seus membros. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
§ 3º A Comissão Especial de Avaliação de Desempe- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu-
nho encaminhará ao Titular do órgão ou entidade, para pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori-
decisão final, proposta de confirmação no cargo ou de gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro
exoneração do servidor. cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
§ 4º - Os atos decorrentes do cumprimento do pe- proporcional ao tempo de serviço.
ríodo de estágio probatório deverão ser publicados pela § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
autoridade competente, na seguinte conformidade: dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
1 - os de exoneração do cargo, até o primeiro dia útil remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
subsequente ao encerramento do estágio probatório; adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
2 - os de confirmação no cargo, até 45 (quarenta e cin-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
co) dias úteis após o término do estágio.
missão instituída para essa finalidade.
Artigo 9º - Durante o período de estágio probatório, o
SEÇÃO IV
servidor não poderá ser afastado ou licenciado do seu cargo,
Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das
exceto:
Vantagens Pecuniárias
I - nas hipóteses previstas nos artigos 69, 72, 75 e 181,
incisos I a V, VII e VIII, da Lei nº 10.261, de 28 de outubro
Artigo 11. Os cargos e as funções-atividades abrangi-
de 1968;
dos por esta lei complementar serão exercidos em Jornada
II - para participação em curso específico de formação Completa de Trabalho, caracterizada pela exigência
decorrente de aprovação em concurso público para outro da prestação de 40 (quarenta) horas semanais de tra-
cargo na Administração Pública Estadual; balho.
III - quando nomeado ou designado para o exercício de Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no “caput”
cargo em comissão ou função em confiança no âmbito do deste artigo, os cargos e as funções-atividades cujos ocu-
órgão ou entidade em que estiver lotado; pantes estejam sujeitos a Jornada Comum de Trabalho, ca-
IV - quando nomeado para o exercício de cargo em co- racterizada pela exigência da prestação de 30 (trinta) horas
missão em órgão diverso da sua lotação de origem; semanais de trabalho.
V - nas hipóteses previstas nos artigos 65 e 66 da Lei nº
10.261, de 28 de outubro de 1968, somente quando nomea- Artigo 12. Os vencimentos ou salários dos servidores
do ou designado para o exercício de cargo em comissão ou abrangidos pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Sa-
função em confiança. lários, de que trata esta lei complementar, ficam fixados de
Parágrafo único - Fica suspensa, para efeito de estágio acordo com as Escalas de Vencimentos a seguir mencio-
probatório, a contagem de tempo dos períodos de afasta- nadas:
mentos referidos neste artigo, excetuadas as hipóteses pre- I - Escala de Vencimentos - Nível Elementar, constituída
vistas em seu inciso III, bem como nos artigos 69 e 75 da Lei de 1 (uma) referência e 10 (dez) graus;
nº 10.261, de 28 de outubro de 1968. II - Escala de Vencimentos - Nível Intermediário, cons-
tituída de 2 (duas) referências e 10 (dez) graus;

107
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - Escala de Vencimentos - Nível Universitário, com- Artigo 18. O exercício da função de Corregedor, da Cor-
posta de 2 (duas) Estruturas de Vencimentos, sendo a Estru- regedoria Geral da Administração, será retribuído com gra-
tura I constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus, e a tificação “pro labore”, calculada mediante a aplicação do
Estrutura II constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus; coeficiente 30 (trinta inteiros) sobre o valor da Unidade
IV - Escala de Vencimentos - Comissão, constituída de Básica de Valor - UBV, de que trata o artigo 33 desta lei
18 (dezoito) referências. complementar.
Parágrafo único. (Revogado).
Artigo 13. As Escalas de Vencimentos a que se refere o
artigo 12 desta lei complementar são constituídas de tabe- Artigo 19 - O servidor que fizer uso da opção prevista
las, aplicáveis aos cargos e funções-atividades, de acordo no artigo 15, quando nomeado para cargo em comissão ou
com a jornada de trabalho a que estejam sujeitos os seus designado para o exercício de função-atividade em confian-
ocupantes, na seguinte conformidade: ça abrangido por esta lei complementar, fará jus à percep-
I - Tabela I, para os sujeitos à Jornada Completa de Tra- ção de gratificação “pro labore”, calculada mediante a apli-
balho; cação do percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor
II - Tabela II, para os sujeitos à Jornada Comum de Tra- da referência desse cargo ou função-atividade, acrescido do
balho. valor da Gratificação Executiva correspondente, observados,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
Artigo 14. A remuneração dos servidores abrangidos I - os vencimentos ou salários do cargo de que é titu-
pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, de que lar ou da função-atividade de que é ocupante devem ser
trata esta lei complementar, compreende, além dos venci- inferiores aos vencimentos ou salários fixados para o car-
mentos e salários de que trata o artigo 12, as seguintes go de provimento em comissão ou a função-atividade em
vantagens pecuniárias: confiança para o qual foi nomeado, admitido ou designado;
I - adicional por tempo de serviço de que trata o ar- II - contar com o limite de 10/10 (dez décimos) incorpo-
tigo 129 da Constituição do Estado, que será calculado na rados nos termos do artigo 133 da Constituição do Estado.
base de 5% (cinco por cento) sobre o valor do vencimento ou Parágrafo único - A gratificação a que se refere este
salário, por quinquênio de prestação de serviço, observado artigo não se incorpora aos vencimentos ou salários nos
o disposto no inciso XVI do artigo 115 da mesma Consti-
termos do artigo 133 da Constituição do Estado e sobre ela
tuição;
não incidirão os descontos previdenciário e de assistência
II - sexta-parte;
médica.
III - gratificação “pro labore” a que se referem os arti-
gos 16 a 19 desta lei complementar;
Artigo 20. Os servidores designados para o exercício das
IV - décimo-terceiro salário;
funções a que aludem os artigos 16 a 19 desta lei com-
V - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
plementar não perderão o direito à gratificação “pro labore”
VI - ajuda de custo;
quando se afastarem em virtude de férias, licença-prê-
VII - diárias;
VIII - gratificações e outras vantagens pecuniárias mio, gala, nojo, júri, licença para tratamento de saúde,
previstas em lei. faltas abonadas, serviços obrigatórios por lei e outros
afastamentos que a legislação considere como de efetivo
[...] exercício para todos os efeitos.

SEÇÃO VI Artigo 21. O valor da gratificação “pro labore”, de que


Das Gratificações “Pro Labore” tratam os artigos 16 a 19 desta lei complementar, sobre o
qual incidirão, quando for o caso, o adicional por tempo
Artigo 16. O exercício da função de Dirigente da As- de serviço e a sexta-parte dos vencimentos, será com-
sessoria Técnica do Governo, da Casa Civil, caracterizada putado para fins de cálculo de décimo terceiro salário, de
como função específica da classe de Assessor Técnico da Ad- acordo com o § 2º do artigo 1º da Lei Complementar nº
ministração Superior, será retribuído com gratificação “pro 644, de 26 de dezembro de 1989, das férias e do acréscimo
labore”, calculada mediante a aplicação de percentual de de 1/3 (um terço) das férias.
20% (vinte por cento) sobre o valor da referência desta
classe, acrescido do valor da Gratificação Executiva corres- [...]
pondente.
SEÇÃO VIII
Artigo 17. O exercício da função de Dirigente de As- Da Promoção
sessoria Técnica, caracterizada como função específica da
classe de Assessor Técnico de Gabinete, será retribuído com Artigo 28. Promoção é a passagem do servidor da
gratificação “pro labore”, calculada mediante a aplicação referência 1 para a referência 2 de sua respectiva classe,
do percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor da devido à aquisição de competências adicionais às exigidas
referência desta classe, acrescido do valor da Gratificação para ingresso no cargo de que é titular ou função-atividade
Executiva correspondente. de que é ocupante.

108
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. Quando o valor do vencimento ou sa- § 2º O disposto neste artigo aplica-se, também, às
lário do grau “A” da referência final for inferior àquele an- hipóteses de designação para funções de serviço público
teriormente percebido, o enquadramento far-se-á no grau retribuídas mediante “pro labore” de que trata o artigo
com valor imediatamente superior. 28 da Lei nº 10.168, de 10 de julho de 1968, e para as fun-
ções previstas nos artigos 16 e 17 desta lei complementar.
Artigo 29. A promoção permitirá a passagem da refe- § 3º Na hipótese de substituição em funções-ativida-
rência 1 para a referência 2 dos servidores integrantes das des em confiança, no âmbito das Autarquias, aplica-se, no
seguintes classes: que couber, o disposto neste artigo.
I - de nível intermediário: § 4º Os servidores integrantes de classes pertencen-
a) Oficial Administrativo; tes a outros sistemas retribuitórios que venham a exercer a
b) Oficial Operacional; substituição em cargos abrangidos por este Plano, receberão
c) Oficial Sociocultural; o pagamento dessa substituição de acordo com critérios de
II - de nível universitário: cálculo a serem estabelecidos em decreto.
a) Analista Administrativo;
b) Analista de Tecnologia; [...]
c) Analista Sociocultural;
d) Executivo Público.

Artigo 30. São requisitos para fins de promoção: 6.3. CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS:
I - contar, no mínimo, 5 (cinco) anos de efetivo exercí- ARTIGOS 54 A 56.
cio em um mesmo cargo ou função-atividade pertencente
às classes identificadas no artigo 29 desta lei complemen-
tar;
II - ser aprovado em avaliação teórica ou prática para CAPÍTULO IV
aferir a aquisição de competências necessárias ao exercício Disposições Finais
de suas funções na referência superior;
III - possuir diploma de: [...]
a) graduação em curso de nível superior, para os inte-
grantes das classes referidas no inciso I do artigo 29 desta Artigo 54. Poderá ser convertida em pecúnia, median-
lei complementar; te requerimento, uma parcela de 30 (trinta) dias de licen-
b) pós-graduação “stricto” ou “lato sensu”, para os in- ça-prêmio aos integrantes dos Quadros das Secretarias de
Estado, da Procuradoria Geral do Estado e das Autarquias,
tegrantes das classes referidas no inciso II do artigo 29 des-
regidos por esta lei complementar, que se encontrem em efe-
ta lei complementar.
tivo exercício nas unidades desses órgãos e entidades.
§ 1º Os 60 (sessenta) dias de licença-prêmio restantes,
Artigo 31. Os cursos a que se referem as alíneas “a” e
do período aquisitivo considerado, somente poderão ser
“b” do inciso III do artigo 30 desta lei complementar e os
usufruídos em ano diverso daquele em que o beneficiário
demais critérios relativos ao processo de promoção serão
recebeu a indenização, observado o disposto no artigo 213
estabelecidos em decreto.
da Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, com a redação
dada pela Lei Complementar nº 1048, de 10 de junho de
SEÇÃO IX 2008.
Da Substituição § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores dos Quadros das Secretarias de Economia e Plane-
Artigo 32. Para os servidores abrangidos por esta lei jamento e da Fazenda regidos por esta lei complementar.
complementar poderá haver a substituição de que tratam
os artigos 80 a 83 da Lei Complementar nº 180, de 12 Artigo 55. O pagamento da indenização de que trata o
de maio de 1978, para os cargos de coordenação, direção, artigo 54 restringir-se-á às licenças-prêmio cujos períodos
chefia, supervisão e encarregatura, constantes da Escala aquisitivos se completem a partir da data da vigência desta
de Vencimentos - Comissão. lei complementar e observará o seguinte:
§ 1º Se o período de substituição for igual ou superior I - será efetivado no 5º dia útil do mês de aniversário do
a 15 (quinze) dias, o servidor fará jus à diferença entre o requerente;
valor do padrão ou da referência em que estiver enqua- II - corresponderá ao valor da remuneração do servidor
drado o cargo de que é titular ou a função-atividade de no mês-referência de que trata o inciso anterior.
que é ocupante, acrescido da Gratificação Executiva, de
que trata o inciso I do artigo 38 desta lei complementar, Artigo 56. O servidor de que trata o artigo 54 desta lei
dos adicionais por tempo de serviço e da sexta-parte, se complementar que optar pela conversão em pecúnia, de 30
for o caso, e do valor da referência do cargo em comissão (trinta) dias de licença-prêmio, deverá apresentar requeri-
acrescido das mesmas vantagens, proporcional aos dias mento no prazo de 3 (três) meses antes do mês do seu ani-
substituídos. versário.

109
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º O órgão setorial ou subsetorial de recursos humanos competente deverá instruir o requerimento com:
1 - informações relativas à publicação do ato de concessão da licença-prêmio e ao período aquisitivo;
2 - declaração de não-fruição de parcela de licença-prêmio no ano considerado, relativa ao mesmo período aquisitivo.
§ 2º Caberá à autoridade competente decidir sobre o deferimento do pedido, com observância:
1 - da necessidade do serviço;
2 - da assiduidade e da ausência de penas disciplinares, no período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do re-
querimento do servidor.
[...]

7. LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE


NOVEMBRO DE 2011 – LEI DE ACESSO À
INFORMAÇÃO; E DECRETO N° 58.052, DE 16
DE MAIO DE 2012

LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011

A Lei nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de
acesso dos cidadãos às informações públicas e seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
A publicação da Lei de Acesso a Informações significa um importante passo para a consolidação democrática do Brasil
e também para o sucesso das ações de prevenção da corrupção no país. Por tornar possível uma maior participação popu-
lar e o controle social das ações governamentais, o acesso da sociedade às informações públicas permite que ocorra uma
melhoria na gestão pública.
No Brasil, o direito de acesso à informação pública foi previsto na Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XXXIII, do
Capítulo I - dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - que dispõe que: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
A Constituição também tratou do acesso à informação pública no art. 5º, inciso XIV; art. 37, § 3º, inciso II e no art. 216,
§ 2º. São estes os dispositivos que a Lei de Acesso a Informações regulamenta, estabelecendo requisitos mínimos para a
divulgação de informações públicas e procedimentos para facilitar e agilizar o seu acesso por qualquer pessoa.

Mapa da lei:

 Tema Localização  Palavras-chave


Princípios do direito de acesso/
Garantias do direito de acesso Artigos 3º, 6º, 7º
Compromisso do Estado
Categorias de informação/Serviço de
Regras sobre a divulgação de rotina ou
Artigos 8º e 9º Informações ao Cidadão/Modos de
proativa de informações
divulgar
Identificação e pesquisa de documentos/
Artigos 10,11,12,13 e
Processamento de pedidos de Informação Meios de divulgação/Custos/Prazos de
14
atendimento
Direito de recurso a recusa de liberação de Pedido de desclassificação/Autoridades
Artigos 15 ao 20
informação responsáveis/Ritos legais
Níveis de classificação/Regras/
Exceções ao direito de acesso Artigos 21 ao 30
Justificativa do não-acesso
Respeito às liberdades e garantias
Tratamento de informaçõesPessoais Artigo 31
individuais
Condutas ilícitas/Princípio do
Responsabilidade dosagentes públicos Artigos 32, 33, 34
contraditório

110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Acesso: Quais as exceções? Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
A informação sob a guarda do Estado é sempre públi- couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que
ca, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos recebam, para realização de ações de interesse públi-
específicos e por período de tempo determinado. co, recursos públicos diretamente do orçamento ou me-
A Lei de Acesso a Informações no Brasil prevê como diante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de
exceções à regra de acesso os dados pessoais e as informa- parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen-
ções classificadas por autoridades como sigilosas. tos congêneres. 
Dados Pessoais são aquelas informações relacionadas Parágrafo único.  A publicidade a que estão submetidas
à pessoa natural identificada ou identificável. Seu trata- as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos re-
mento deve ser feito de forma transparente e com respeito cursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pre-
à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, juízo das prestações de contas a que estejam legalmente
bem como às liberdades e garantias individuais. obrigadas. 
As informações pessoais não são públicas e terão seu
acesso restrito, independentemente de classificação de si- Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei desti-
gilo, pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso
sua data de produção. Elas sempre podem ser acessadas à informação e devem ser executados em conformidade
pelos próprios indivíduos e, por terceiros, apenas em casos com os princípios básicos da administração pública e com
excepcionais previstos na Lei. as seguintes diretrizes: 
Informações classificadas como sigilosas são aquelas I - observância da publicidade como preceito geral
cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de e do sigilo como exceção; 
acesso, mediante classificação por autoridade competente, II - divulgação de informações de interesse público,
visto que são consideradas imprescindíveis à segurança da independentemente de solicitações; 
sociedade (à vida, segurança ou saúde da população) ou III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
do Estado (soberania nacional, relações internacionais, ati- dos pela tecnologia da informação; 
vidades de inteligência). IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
Conforme a Lei de Acesso a Informações, a informação transparência na administração pública; 
pública pode ser classificada como: V - desenvolvimento do controle social da adminis-
- Ultrassecreta - prazo de segredo: 25 anos (renovável tração pública. 
uma única vez)
- Secreta - prazo de segredo: 15 anos Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
- Reservada - prazo de segredo: 5 anos76 I - informação: dados, processados ou não, que podem
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; 
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216
II - documento: unidade de registro de informações,
da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de de-
qualquer que seja o suporte ou formato; 
zembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de
III - informação sigilosa: aquela submetida tempo-
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991;
rariamente à restrição de acesso público em razão de sua
e dá outras providências.
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
A  PRESIDENTA DA REPÚBLICA  Faço saber que o Con-
Estado; 
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
CAPÍTULO I natural identificada ou identificável; 
DISPOSIÇÕES GERAIS V - tratamento da informação: conjunto de ações
referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a se- acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
rem observados pela União, Estados, Distrito Federal e arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informa- destinação ou controle da informação; 
ções previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do VI - disponibilidade: qualidade da informação que
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.  pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamen-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:  tos ou sistemas autorizados; 
I - os órgãos públicos integrantes da administração di- VII - autenticidade: qualidade da informação que te-
reta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;  determinado indivíduo, equipamento ou sistema; 
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas VIII - integridade: qualidade da informação não modi-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
dades controladas direta ou indiretamente pela União, IX - primariedade: qualidade da informação coleta-
Estados, Distrito Federal e Municípios.  da na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
modificações. 
76 http://www.acessoainformacao.gov.br/

111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso § 4o  A negativa de acesso às informações objeto de pe-
à informação, que será franqueada, mediante procedi- dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o,
mentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi-
e em linguagem de fácil compreensão.  das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. 
§ 5o  Informado do extravio da informação solicitada,
CAPÍTULO II poderá o interessado requerer à autoridade competente a
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGA- imediata abertura de sindicância para apurar o desapareci-
ÇÃO mento da respectiva documentação. 
§ 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o deste arti-
Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público, go, o responsável pela guarda da informação extraviada
observadas as normas e procedimentos específicos aplicá- deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar
veis, assegurar a:  testemunhas que comprovem sua alegação. 
I - gestão transparente da informação, propiciando
amplo acesso a ela e sua divulgação; 
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promo-
II - proteção da informação, garantindo-se sua dispo-
ver, independentemente de requerimentos, a divulgação
nibilidade, autenticidade e integridade; e 
em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
III - proteção da informação sigilosa e da informa-
ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticida- de informações de interesse coletivo ou geral por eles
de, integridade e eventual restrição de acesso.  produzidas ou custodiadas. 
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere
Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei o caput, deverão constar, no mínimo: 
compreende, entre outros, os direitos de obter:  I - registro das competências e estrutura organizacional,
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon- atendimento ao público; 
trada ou obtida a informação almejada;  II - registros de quaisquer repasses ou transferências de
II - informação contida em registros ou documentos, recursos financeiros; 
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, III - registros das despesas; 
recolhidos ou não a arquivos públicos;  IV - informações concernentes a procedimentos licitató-
III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi- rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com a todos os contratos celebrados; 
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha V - dados gerais para o acompanhamento de progra-
cessado;  mas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e 
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atua- VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. 
lizada;  § 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e ins-
e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização trumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a
e serviços;  divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computa-
VI - informação pertinente à administração do patrimô- dores (internet). 
nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra- § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
tos administrativos; e  regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: 
VII - informação relativa:  I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
clara e em linguagem de fácil compreensão; 
bem como metas e indicadores propostos; 
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí- como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das
cios anteriores.  informações; 
§ 1o  O acesso à informação previsto no caput não com- III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
preende as informações referentes a projetos de pesquisa e ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja quina; 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.  IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para
§ 2o  Quando não for autorizado acesso integral à in- estruturação da informação; 
formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o V - garantir a autenticidade e a integridade das infor-
acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou mações disponíveis para acesso; 
cópia com ocultação da parte sob sigilo.  VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
§ 3o  O direito de acesso aos documentos ou às infor- acesso; 
mações neles contidas utilizados como fundamento da to- VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
mada de decisão e do ato administrativo será assegurado sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
com a edição do ato decisório respectivo.  órgão ou entidade detentora do sítio; e 

112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a III - comunicar que não possui a informação, indicar, se
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a de-
nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro tém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou en-
de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das tidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislati- de informação. 
vo no 186, de 9 de julho de 2008.  § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigató- será cientificado o requerente. 
ria na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatorie- § 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor-
dade de divulgação, em tempo real, de informações relativas mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou
à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos entidade poderá oferecer meios para que o próprio requerente
previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de possa pesquisar a informação de que necessitar. 
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).  § 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de-
Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegu- verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e
rado mediante:  condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indi-
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos cada a autoridade competente para sua apreciação. 
órgãos e entidades do poder público, em local com condições § 5o A informação armazenada em formato digital será
apropriadas para:  fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente. 
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
informações;  blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
b) informar sobre a tramitação de documentos nas meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por
suas respectivas unidades;  escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
a informações; e  desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
II - realização de audiências ou consultas públicas, fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor
de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos. 
incentivo à participação popular ou a outras formas de
divulgação. 
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação
é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos
CAPÍTULO III
pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao
ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais uti-
Seção I
lizados. 
Do Pedido de Acesso Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre-
vistos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da fa-
pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades mília, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto
referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, de 1983. 
devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.  Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação con-
§ 1o  Para o acesso a informações de interesse público, tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
a identificação do requerente não pode conter exigências integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com
que inviabilizem a solicitação.  certificação de que esta confere com o original. 
§ 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de có-
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.  supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
§ 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos outro meio que não ponha em risco a conservação do docu-
motivos determinantes da solicitação de informações de mento original. 
interesse público. 
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. 
conceder o acesso imediato à informação disponível. 
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na Seção II
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o Dos Recursos
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;  ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez)
ou parcial, do acesso pretendido; ou  dias a contar da sua ciência. 

113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autori- Art. 19. (VETADO). 


dade hierarquicamente superior à que exarou a deci- § 1o (VETADO). 
são impugnada, que deverá se manifestar no prazo de § 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
5 (cinco) dias.  blico informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamen-
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou te, as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá informações de interesse público. 
recorrer à Controladoria-Geral da União, que delibera-
rá no prazo de 5 (cinco) dias se:  Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber,
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento
for negado;  de que trata este Capítulo. 
II - a decisão de negativa de acesso à informação to- A lei “[´...] estabelece normas básicas sobre o processo
tal ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar administrativo no âmbito da Administração Federal direta
a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassifi- administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi-
cação;  nistração” (artigo 1º da Lei nº 9.784/99).
III - os procedimentos de classificação de informação
sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observa- CAPÍTULO IV
dos; e  DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros
procedimentos previstos nesta Lei.  Seção I
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser Disposições Gerais
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de subme-
tido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarqui- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
camente superior àquela que exarou a decisão impugnada, necessária à tutela judicial ou administrativa de direi-
que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.  tos fundamentais. 
§ 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a Parágrafo único. As informações ou documentos que
Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou en- versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
tidade que adote as providências necessárias para dar cum- humanos praticada por agentes públicos ou a mando de
primento ao disposto nesta Lei.  autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de
§ 3o Negado o acesso à informação pela Controlado- acesso. 
ria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à Co-
missão Mista de Reavaliação de Informações, a que se Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hi-
refere o art. 35.  póteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as
hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de des- direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa fí-
classificação de informação protocolado em órgão da ad- sica ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o
ministração pública federal, poderá o requerente recorrer poder público. 
ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das compe-
tências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, Seção II
previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.  Da Classificação da Informação quanto ao Grau e
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser Prazos de Sigilo
dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen- Art. 23. São consideradas imprescindíveis à seguran-
te superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, ça da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.  classificação as informações cuja divulgação ou acesso ir-
§ 2o Indeferido o recurso previsto no  caput que tenha restrito possam: 
como objeto a desclassificação de informação secreta ou I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reava- integridade do território nacional; 
liação de Informações prevista no art. 35.  II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego-
ciações ou as relações internacionais do País, ou as que
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros
denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e Estados e organismos internacionais; 
de revisão de classificação de documentos sigilosos serão III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
objeto de regulamentação própria dos Poderes Legislativo população; 
e Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos âm- IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
bitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito econômica ou monetária do País; 
de ser informado sobre o andamento de seu pedido.  V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
estratégicos das Forças Armadas; 

114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e me-
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como didas a serem adotados para o tratamento de informação
a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estra- sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, alteração inde-
tégico nacional;  vida, acesso, transmissão e divulgação não autorizados. 
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa- Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên-
miliares; ou  cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
como de investigação ou fiscalização em andamento, rela- procedimentos de segurança para tratamento de infor-
cionadas com a prevenção ou repressão de infrações.  mações sigilosas. 
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin- executar atividades de tratamento de informações sigilosas
dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá adotará as providências necessárias para que seus empre-
ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reserva- gados, prepostos ou representantes observem as medidas
da.  e procedimentos de segurança das informações resultantes
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor- da aplicação desta Lei. 
mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
a partir da data de sua produção e são os seguintes:  Seção IV
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;  Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica-
II - secreta: 15 (quinze) anos; e  ção e Desclassificação
III - reservada: 5 (cinco) anos. 
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âm-
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e bito da administração pública federal é de competência: 
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: 
reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato a) Presidente da República; 
em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.  b) Vice-Presidente da República; 
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, po- c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
derá ser estabelecida como termo final de restrição de aces- mas prerrogativas; 
so a ocorrência de determinado evento, desde que este ocor- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
ra antes do transcurso do prazo máximo de classificação. 
ronáutica; e 
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
permanentes no exterior; 
se-á, automaticamente, de acesso público. 
II - no grau de secreto, das autoridades referidas
§ 5o Para a classificação da informação em determinado
no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou
grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
empresas públicas e sociedades de economia mista; e 
informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
III - no grau de reservado, das autoridades referidas
considerados: 
nos incisos I e II e das que exerçam funções de dire-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
ção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior,
dade e do Estado; e 
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
que defina seu termo final.  hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
Seção III nesta Lei. 
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilo- § 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se
sas refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá
ser delegada pela autoridade responsável a agente público,
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a di- inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação. 
vulgação de informações sigilosas produzidas por seus ór- § 2o A classificação de informação no grau de sigilo ul-
gãos e entidades, assegurando a sua proteção. trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e”
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informa- do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros
ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que de Estado, no prazo previsto em regulamento. 
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen- § 3o A autoridade ou outro agente público que classi-
te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das ficar informação como ultrassecreta deverá encaminhar a
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.  decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reava-
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa liação de Informações, a que se refere o art. 35, no prazo
cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar previsto em regulamento. 
o sigilo. 

115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 28. A classificação de informação em qualquer I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
conterá, no mínimo, os seguintes elementos:  a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal-
I - assunto sobre o qual versa a informação;  mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e 
II - fundamento da classificação, observados os critérios II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
estabelecidos no art. 24;  terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me- da pessoa a que elas se referirem. 
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con- § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que
forme limites previstos no art. 24; e  trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. 
IV - identificação da autoridade que a classificou.  § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não
Parágrafo único.  A decisão referida no caput será man- será exigido quando as informações forem necessárias: 
tida no mesmo grau de sigilo da informação classificada. I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
  estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
Art. 29.  A classificação das informações será reava- e exclusivamente para o tratamento médico; 
liada pela autoridade classificadora ou por autoridade II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de
vedada a identificação da pessoa a que as informações se
ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
referirem; 
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo,
III - ao cumprimento de ordem judicial; 
observado o disposto no art. 24. 
IV - à defesa de direitos humanos; ou 
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá con- V - à proteção do interesse público e geral preponde-
siderar as peculiaridades das informações produzidas no rante. 
exterior por autoridades ou agentes públicos.  § 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a pos- com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu-
sibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação laridades em que o titular das informações estiver envolvido,
da informação.  bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- históricos de maior relevância. 
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
inicial a data da sua produção.  tratamento de informação pessoal. 

Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en- CAPÍTULO V


tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na DAS RESPONSABILIDADES
internet e destinado à veiculação de dados e informações
administrativas, nos termos de regulamento:  Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
I - rol das informações que tenham sido desclassifi- ponsabilidade do agente público ou militar: 
cadas nos últimos 12 (doze) meses;  I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
II - rol de documentos classificados em cada grau de termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forneci-
sigilo, com identificação para referência futura;  mento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta,
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pe- incompleta ou imprecisa; 
didos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
como informações genéricas sobre os solicitantes.  truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda
da publicação prevista no caput para consulta pública em ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exer-
cício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; 
suas sedes. 
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lis-
ções de acesso à informação; 
ta de informações classificadas, acompanhadas da data, do
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. 
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor-
mação pessoal; 
Seção V V - impor sigilo à informação para obter proveito
Das Informações Pessoais pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato
ilegal cometido por si ou por outrem; 
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
ser feito de forma transparente e com respeito à intimi- petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem,
dade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem ou em prejuízo de terceiros; e 
como às liberdades e garantias individuais.  VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, mentos concernentes a possíveis violações de direitos
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:  humanos por parte de agentes do Estado. 

116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla CAPÍTULO VI


defesa e do devido processo legal, as condutas descritas DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
no caput serão consideradas: 
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Art. 35. (VETADO). 
Armadas, transgressões militares médias ou graves, segun- § 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação
do os critérios neles estabelecidos, desde que não tipifica- de Informações, que decidirá, no âmbito da administração
das em lei como crime ou contravenção penal; ou  pública federal, sobre o tratamento e a classificação de infor-
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de de- mações sigilosas e terá competência para: 
zembro de 1990, e suas alterações, infrações administra- I - requisitar da autoridade que classificar informação
tivas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com suspen- como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo,
são, segundo os critérios nela estabelecidos.  parcial ou integral da informação; 
§ 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o mili- II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou
tar ou agente público responder, também, por improbidade secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa inte-
administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de ressada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositi-
10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.  vos desta Lei; e 
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classifica-
Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que detiver da como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, en-
informações em virtude de vínculo de qualquer natureza quanto o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça
com o poder público e deixar de observar o disposto nesta externa à soberania nacional ou à integridade do território
Lei estará sujeita às seguintes sanções:  nacional ou grave risco às relações internacionais do País,
I - advertência;  observado o prazo previsto no § 1o do art. 24. 
II - multa;  § 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma
III - rescisão do vínculo com o poder público;  única renovação. 
IV - suspensão temporária de participar em licita- § 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §
ção e impedimento de contratar com a administração 1  deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após
o

pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e  a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de docu-
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- mentos ultrassecretos ou secretos. 
tratar com a administração pública, até que seja pro- § 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão
movida a reabilitação perante a própria autoridade Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos
que aplicou a penalidade.  no § 3o  implicará a desclassificação automática das infor-
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão mações. 
ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o § 5o  Regulamento disporá sobre a composição, orga-
direito de defesa do interessado, no respectivo processo, no nização e funcionamento da Comissão Mista de Reavalia-
prazo de 10 (dez) dias.  ção de Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada para seus integrantes e demais disposições desta Lei. 
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorri- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante
do o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV.  de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de normas e recomendações constantes desses instrumen-
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou tos. 
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no res-
pectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu-
vista.  rança Institucional da Presidência da República, o Nú-
cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem objetivos: 
diretamente pelos danos causados em decorrência da I - promover e propor a regulamentação do credencia-
divulgação não autorizada ou utilização indevida de mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
informações sigilosas ou informações pessoais, caben- entidades para tratamento de informações sigilosas; e 
do a apuração de responsabilidade funcional nos casos de II - garantir a segurança de informações sigilosas, in-
dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.  clusive aquelas provenientes de países ou organizações in-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à ternacionais com os quais a República Federativa do Brasil
pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín- tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer outro
culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério
acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tra- das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. 
tamento indevido.  Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a compo-
sição, organização e funcionamento do NSC. 

117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11
de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de redação: 
entidades governamentais ou de caráter público.  “Art. 116. [...]
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proce- razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
der à reavaliação das informações classificadas como ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao co-
ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) nhecimento de outra autoridade competente para apura-
anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei.  ção; [...]”
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da
 
reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de
condições previstos nesta Lei. 
1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: 
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a rea-
valiação prevista no  caput poderá ser revista, a qualquer “Art. 126-A.  Nenhum servidor poderá ser responsabi-
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa- lizado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
ções, observados os termos desta Lei. cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita de
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação envolvimento desta, a outra autoridade competente para
previsto no caput, será mantida a classificação da informa- apuração de informação concernente à prática de crimes
ção nos termos da legislação precedente.  ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultras- em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
secretas não reavaliadas no prazo previsto no  caput serão pública.” 
consideradas, automaticamente, de acesso público. 
Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vi- aos Municípios, em legislação própria, obedecidas as
gência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou normas gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras
entidade da administração pública federal direta e in- específicas, especialmente quanto ao disposto no art.
direta designará autoridade que lhe seja diretamente su- 9o e na Seção II do Capítulo III. 
bordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, Neste sentido, a legislação compilada no próximo tó-
exercer as seguintes atribuições: 
pico.
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos ob-
Art. 46.  Revogam-se: 
jetivos desta Lei; 
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e 
apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;  II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de
III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen- 1991. 
tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos
necessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e  Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta)
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere dias após a data de sua publicação.  
ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Indepen-
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão dência e 123o da República.  
da administração pública federal responsável: 
I - pela promoção de campanha de abrangência nacio- Decreto n° 58.052, de 16 de maio de 2012
nal de fomento à cultura da transparência na administração
pública e conscientização do direito fundamental de acesso Regulamenta a Lei Federal n° 12.527, de 18 de no-
à informação;  vembro de 2011, que regula o acesso a informações, e dá
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se re- providências correlatas
fere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa-
rência na administração pública; 
GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito
Paulo, no uso de suas atribuições legais,
da administração pública federal, concentrando e consoli-
dando a publicação de informações estatísticas relacionadas Considerando que é dever do Poder Público promover
no art. 30;  a gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de às informações neles contidas, de acordo com o § 2º do
relatório anual com informações atinentes à implementação artigo 216 da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei
desta Lei.  Federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991;
Considerando que cabe ao Estado definir, em legisla-
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto ção própria, regras específicas para o cumprimento das
nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar determinações previstas na Lei Federal nº 12.527, de 18
da data de sua publicação.  de novembro de 2011, que regula o acesso a informações;

118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Considerando as disposições das Leis estaduais nº II - autenticidade: qualidade da informação que tenha
10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
administrativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que minado indivíduo, equipamento ou sistema;
dispõe sobre proteção e defesa do usuário de serviços pú- III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade
blicos, e dos Decretos estaduais nº 22.789, de 19 de outubro competente, de grau de sigilo a documentos, dados e infor-
de 1984, que institui o Sistema de Arquivos do Estado de mações;
São Paulo - SAESP, nº 44.074, de 1º de julho de 1999, que IV - credencial de segurança: autorização por escrito
regulamenta a composição e estabelece a competência das concedida por autoridade competente, que habilita o agente
Ouvidorias, nº 54.276, de 27 de abril de 2009, que reorga- público estadual no efetivo exercício de cargo, função, em-
niza a Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa Civil, prego ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados
nº 55.479, de 25 de fevereiro de 2010, que institui na Casa e informações sigilosas;
Civil o Comitê Gestor do Sistema Informatizado Unificado de V - criptografia: processo de escrita à base de métodos
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc, lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma
alterado pelo de nº 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº que somente os usuários autorizados possam reestabelecer
55.559, de 12 de março de 2010, que institui o Portal do Go- sua forma original;
verno Aberto SP e nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, que VI - custódia: responsabilidade pela guarda de docu-
reorganiza a Corregedoria Geral da Administração e institui mentos, dados e informações;
o Sistema Estadual de Controladoria; e VII - dado público: sequência de símbolos ou valores,
Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo representado em algum meio, produzido ou sob a guarda
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janei- governamental, em decorrência de um processo natural ou
ro de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação
Decreta: específica;
VIII - desclassificação: supressão da classificação de si-
CAPÍTULO I gilo por ato da autoridade competente ou decurso de prazo,
Disposições Gerais tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informa-
ções sigilosas;
Art. 1º Este decreto define procedimentos a serem ob- IX - documentos de arquivo: todos os registros de in-
servados pelos órgãos e entidades da Administração Pública formação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou
Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e
recebam recursos públicos estaduais para a realização de entidades da Administração Pública Estadual, no exercício
atividades de interesse público, à vista das normas gerais de suas funções e atividades;
estabelecidas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro X - disponibilidade: qualidade da informação que pode
de 2011.
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
sistemas autorizados;
Art. 2º O direito fundamental de acesso a documentos,
XI - documento: unidade de registro de informações,
dados e informações será assegurado mediante:
qualquer que seja o suporte ou formato;
I - observância da publicidade como preceito geral e do
XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos
sigilo como exceção;
operações técnicas referentes à sua produção, classificação,
II - implementação da política estadual de arquivos e
avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
gestão de documentos;
assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos;
III - divulgação de informações de interesse público, in-
XIII - informação: dados, processados ou não, que po-
dependentemente de solicitações;
IV - utilização de meios de comunicação viabilizados dem ser utilizados para produção e transmissão de conhe-
pela tecnologia da informação; cimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa- XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
rência na administração pública; natural identificada ou identificável;
VI - desenvolvimento do controle social da administra- XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
ção pública. mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
Art. 3º Para os efeitos deste decreto, consideram-se as XVI - integridade: qualidade da informação não modifi-
seguintes definições: cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produ- XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau
zidos, recebidos e acumulados por órgãos públicos, autar- de sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua con-
quias, fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, dição de acesso irrestrito, após sua desclassificação;
empresas públicas, sociedades de economia mista, entidades XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi-
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos e or- ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender,
ganizações sociais, no exercício de suas funções e atividades; preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tem-
po e referem-se a:

119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

a) identificação e contexto documental (identificador SEÇÃO II


único, instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, Da Gestão de Documentos, Dados e Informações
código de classificação, tipologia documental, temporalida-
de, destinação, versão, documentos relacionados, idioma e Art. 5º A Unidade do Arquivo Público do Estado, na con-
indexação); dição de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre cripto- São Paulo - SAESP, é a responsável pela formulação e imple-
grafia, assinatura digital e outras marcas digitais); mentação da política estadual de arquivos e gestão de do-
c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho cumentos, a que se refere o artigo 2º, inciso II deste decreto,
de arquivo, dependências de hardware e software, tipos de e deverá propor normas, procedimentos e requisitos técnicos
mídias, algoritmos de compressão) e localização física do complementares, visando o tratamento da informação.
documento; Parágrafo único. Integram a política estadual de arqui-
XIX - primariedade: qualidade da informação coletada vos e gestão de documentos:
na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo- 1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e enti-
dificações; dades;
XX - reclassificação: alteração, pela autoridade compe- 2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
tente, da classificação de sigilo de documentos, dados e in- CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto;
formações; 3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui-
XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas vística de Documentos e Informações - SPdoc;
e pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autorida- 4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
des máximas de órgãos e entidades, de documentos, dados
e informações classificadas, no período, como sigilosas ou Art. 6º Para garantir efetividade à política de arquivos e
pessoais, com identificação para referência futura; gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administra-
XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele pres- ção Pública Estadual deverão:
tado a presença física do cidadão, principal beneficiário ou I - providenciar a elaboração de planos de classificação
interessado no serviço; e tabelas de temporalidade de documentos de suas ativida-
XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele presta- des-fim, a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a
do remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos 18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004;
de comunicação; II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema In-
XXIV - tabela de documentos, dados e informações si- formatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documen-
gilosas e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados tos e Informações - SPdoc.
e informações com quaisquer restrição de acesso, com a in- Parágrafo único. As propostas de planos de classificação
dicação do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas e de tabelas de temporalidade de documentos deverão ser
promovidos pelas Comissões de Avaliação de Documentos e apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e
Acesso - CADA, e publicada pelas autoridades máximas dos encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado para
órgãos e entidades; aprovação, antes de sua oficialização.
XXV - tratamento da informação: conjunto de ações
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, Art. 7º Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des- ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste
tinação ou controle da informação. decreto, diretamente subordinados aos seus titulares, em lo-
cal com condições apropriadas, infraestrutura tecnológica e
CAPÍTULO II equipe capacitada para:
Do Acesso a Documentos, Dados e Informações I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao
SEÇÃO I público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do
Disposições Gerais Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de
documentos, bem como sobre os serviços prestados pelas
Art. 4º É dever dos órgãos e entidades da Administração respectivas unidades do órgão ou entidade;
Pública Estadual: II - protocolar documentos e requerimentos de acesso
I - promover a gestão transparente de documentos, a informações, bem como encaminhar os pedidos de infor-
dados e informações, assegurando sua disponibilidade, au- mação aos setores produtores ou detentores de documentos,
tenticidade e integridade, para garantir o pleno direito de dados e informações;
acesso; III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos
II - divulgar documentos, dados e informações de inte- setores produtores ou detentores de documentos, dados e in-
resse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente formações, previstos no artigo 15 deste decreto;
de solicitações; IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu-
III - proteger os documentos, dados e informações sigi- mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór-
losas e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre
menos restritivo possível. o local onde encontrá-los.

120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
da Administração Pública Estadual deverão designar, no nistração o patrimônio público, utilização de recursos públi-
prazo de 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de cos, licitação, contratos administrativos;
Informações ao Cidadão - SIC. VII - documento, dado ou informação relativa:
§ 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de bem como metas e indicadores propostos;
protocolo e arquivo; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in- madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
institucionais; cios anteriores.
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, insti- § 1º O acesso aos documentos, dados e informações
tuídas pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e previsto no caput deste artigo não compreende as informa-
organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999. ções referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
§ 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, in- científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
dependentemente do meio utilizado, deverão ser identifi- segurança da sociedade e do Estado.
cados com ampla visibilidade. § 2º Quando não for autorizado acesso integral ao do-
cumento, dado ou informação por ser ela parcialmente si-
Art. 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação gilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio
de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob
Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, sigilo.
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res- § 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados ou
pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. às informações neles contidas utilizados como fundamento
da tomada de decisão e do ato administrativo será assegu-
Art. 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa rado com a edição do ato decisório respectivo.
Civil, deverá adotar as providências necessárias para a orga- § 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e
nização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão informações objeto de pedido formulado aos órgãos e en-
- CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de tidades referidas no artigo 1º deste decreto, quando não
2009, com a finalidade de: fundamentada, sujeitará o responsável a medidas discipli-
I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de In- nares, nos termos do artigo 32 da Lei Federal nº 12.527, de
18 de novembro de 2011.
formações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e enti-
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada,
dades;
poderá o interessado requerer à autoridade competente a
II - realizar a consolidação e sistematização de dados a
imediata instauração de apuração preliminar para investi-
que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora-
gar o desaparecimento da respectiva documentação.
ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste arti-
de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
go, o responsável pela guarda da informação extraviada
Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Ci-
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar
dadão - SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central
testemunhas que comprovem sua alegação.
de Atendimento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos
atendimentos prestados. SEÇÃO III
Das Comissões de Avaliação de Documentos e
Art. 10. O acesso aos documentos, dados e informações Acesso
compreende, entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução Art. 11. As Comissões de Avaliação de Documentos de
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontra- Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de
do ou obtido o documento, dado ou informação almejada; abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituí-
II - dado ou informação contida em registros ou docu- das nos órgãos e entidades da Administração Pública Esta-
mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti- dual, passarão a ser denominadas Comissões de Avaliação
dades, recolhidos ou não a arquivos públicos; de Documentos e Acesso - CADA.
III - documento, dado ou informação produzida ou cus- § 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e
todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da au-
qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que toridade máxima do órgão ou entidade.
esse vínculo já tenha cessado; § 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e
IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e Acesso - CADA serão integradas por servidores de nível su-
atualizada; perior das áreas jurídica, de administração geral, de admi-
V - documento, dado ou informação sobre atividades nistração financeira, de arquivo e protocolo, de tecnologia
exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à da informação e por representantes das áreas específicas
sua política, organização e serviços; da documentação a ser analisada.

121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º As Comissões de Avaliação de Documentos e SEÇÃO IV


Acesso - CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou Do Pedido
9 (nove) membros, designados pela autoridade máxima do
órgão ou entidade. Art. 14. O pedido de informações deverá ser apresentado
ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
Art. 12. São atribuições das Comissões de Avaliação de entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a iden-
Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas para tificação do interessado (nome, número de documento e en-
as Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo nos dereço) e a especificação da informação requerida.
Decretos nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, de
27 de agosto de 2004: Art. 15. O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do
I - orientar a gestão transparente dos documentos, da- órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas
dos e informações do órgão ou entidade, visando assegurar deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis.
o amplo acesso e divulgação; § 1º Na impossibilidade de conceder o acesso imedia-
II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade to, o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
do Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema de
entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:
Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, visando à identifi-
1. comunicar a data, local e modo para se realizar a
cação e elaboração de tabela de documentos, dados e infor-
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
mações sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade;
III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou en- 2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total
tidade a tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem ou parcial, do acesso pretendido;
como as normas e procedimentos visando à proteção de 3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for
documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, para do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém,
oitiva do órgão jurídico e posterior publicação; ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entida-
IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplica- de, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de
ção dos critérios de restrição de acesso constantes das tabe- informação.
las de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais; § 2º O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser
V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa
a publicação de tabela de documentos, dados e informações expressa, da qual será cientificado o interessado.
sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para conso- § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das in-
lidação de dados, padronização de critérios e realização de formações e do cumprimento da legislação aplicável, o
estudos técnicos na área; Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou enti-
VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade dade poderá oferecer meios para que o próprio interessa-
a renovação, alteração de prazos, reclassificação ou desclas- do possa pesquisar a informação de que necessitar.
sificação de documentos, dados e informações sigilosas; § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra-
VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição tar de informação total ou parcialmente sigilosa, o inte-
de acesso aos documentos, dados ou informações pessoais; ressado deverá ser informado sobre a possibilidade de
VIII - atuar como instância consultiva da autoridade recurso, prazos e condições para sua interposição, de-
máxima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre vendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente
os recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a para sua apreciação.
documentos, dados e informações não atendidas ou inde- § 5º A informação armazenada em formato digital
feridas, nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste será fornecida nesse formato, caso haja anuência do in-
decreto; teressado.
IX - informar à autoridade máxima do órgão ou enti-
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao
dade a previsão de necessidades orçamentárias, bem como
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
encaminhar relatórios periódicos sobre o andamento dos
outro meio de acesso universal, serão informados ao inte-
trabalhos.
ressado, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá
Parágrafo único. Para o perfeito cumprimento de suas
atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e consultar, obter ou reproduzir a referida informação, pro-
Acesso - CADA poderão convocar servidores que possam cedimento esse que desonerará o órgão ou entidade pú-
contribuir com seus conhecimentos e experiências, bem blica da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
como constituir subcomissões e grupos de trabalho. interessado declarar não dispor de meios para realizar por
si mesmo tais procedimentos.
Art. 13. À Unidade do Arquivo Público do Estado, ór-
gão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau- Art. 16. O serviço de busca e fornecimento da informa-
lo - SAESP, responsável por propor a política de acesso aos ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu-
documentos públicos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação
Decreto nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá o ree- em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessá-
xame, a qualquer tempo, das tabelas de documentos, dados rio ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais
e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e entidades da utilizados, a ser fixado em ato normativo pelo Chefe do Exe-
Administração Pública Estadual. cutivo.

122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre- § 2º Verificada a procedência das razões do recurso,
vistos no caput deste artigo todo aquele cuja situação eco- a Corregedoria Geral da Administração determinará ao
nômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento órgão ou entidade que adote as providências necessárias
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei Federal para dar cumprimento ao disposto na Lei Federal nº 12.527,
nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. de 18 de novembro de 2011, e neste decreto.

Art. 17. Quando se tratar de acesso à informação con- Art. 21. Negado o acesso ao documento, dado ou in-
tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua formação pela Corregedoria Geral da Administração, o re-
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com querente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
certificação de que esta confere com o original. ciência, interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có- Informação, de que trata o artigo 76 deste decreto.
pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e
sob Grupo Técnico supervisão de servidor público, a repro- Art. 22. Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
dução seja feita por outro meio que não ponha em risco a 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de
conservação do documento original. que trata este Capítulo.

Art. 18. É direito do interessado obter o inteiro teor de CAPÍTULO III


decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. Da Divulgação de Documentos,
Dados e Informações
SEÇÃO V
Dos Recursos Art. 23. É dever dos órgãos e entidades da Administração
Pública Estadual promover, independentemente de requeri-
Art. 19. No caso de indeferimento de acesso aos docu- mentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de
mentos, dados e informações ou às razões da negativa do suas competências, de documentos, dados e informações de
acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodia-
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 das.
(dez) dias a contar de sua ciência. § 1º - Na divulgação das informações a que se refere o
caput deste artigo, deverão constar, no mínimo:
Parágrafo único. O recurso será dirigido à apreciação
1. registro das competências e estrutura organizacional,
de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar,
atendimento ao público;
após eventual consulta à Comissão de Avaliação de Docu-
2. registros de quaisquer repasses ou transferências de
mentos e Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12
recursos financeiros;
deste decreto, e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias.
3. registros de receitas e despesas;
4. informações concernentes a procedimentos licitató-
Art. 20. Negado o acesso ao documento, dado e infor-
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
mação pelos órgãos ou entidades da Administração Públi- a todos os contratos celebrados;
ca Estadual, o interessado poderá recorrer à Corregedoria 5. relatórios, estudos e pesquisas;
Geral da Administração, que deliberará no prazo de 5 (cin- 6. dados gerais para o acompanhamento da execução
co) dias se: orçamentária, de programas, ações, projetos e obras de ór-
I - o acesso ao documento, dado ou informação não gãos e entidades;
classificada como sigilosa for negado; 7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado § 2º Para o cumprimento do disposto no caput deste
ou informação, total ou parcialmente classificada como si- artigo, os órgãos e entidades estaduais deverão utilizar to-
gilosa, não indicar a autoridade classificadora ou a hierar- dos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem,
quicamente superior a quem possa ser dirigido o pedido de sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
acesso ou desclassificação; mundial de computadores (internet).
III - os procedimentos de classificação de sigilo estabele- § 3º Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão
cidos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
não tiverem sido observados; 1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
procedimentos revistos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de clara e em linguagem de fácil compreensão;
novembro de 2011. 2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
ser dirigido à Corregedoria Geral da Administração depois como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das
de submetido à apreciação de pelo menos uma autorida- informações;
de hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão 3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
impugnada, nos termos do parágrafo único do artigo 19 ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
deste decreto. quina;

123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para es- § 2º O desenvolvimento do «Catálogo de Sistemas e


truturação da informação; Bases de Dados da Administração Pública do Estado de São
5. garantir a autenticidade e a integridade das informa- Paulo - CSBD», coleta de informações, manutenção e atua-
ções disponíveis para acesso; lização permanente ficará a cargo da Fundação Sistema
6. manter atualizadas as informações disponíveis para Estadual de Análise de Dados - SEADE.
acesso; § 3º O «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
7. indicar local e instruções que permitam ao interes- Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD»,
sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o bem como as bases de dados da Administração Pública
órgão ou entidade detentora do sítio; Estadual deverão estar disponíveis no Portal do Governo
8. adotar as medidas necessárias para garantir a acessi- Aberto e no Portal da Transparência, nos termos dos De-
bilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos ter- cretos nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, e nº 55.559,
mos do artigo 17 da Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezem- de 12 de março de 2010, com todos os elementos neces-
bro de 2000, artigo 9° da Convenção sobre os Direitos das sários para permitir sua utilização por terceiros, como a
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo arquitetura da base e o dicionário de dados.
nº 186, de 9 de julho de 2008, e da Lei estadual n° 12.907, de
15 de abril de 2008.
CAPÍTULO IV
Das Restrições de Acesso a Documentos, Dados e
Art. 24. Os documentos que contenham informações que
Informações
se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior deverão
estar cadastrados no Sistema Informatizado Unificado de
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc. SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 25. A autoridade máxima de cada órgão ou enti-
dade estadual publicará, anualmente, em sítio próprio, bem Art. 27. São consideradas passíveis de restrição de aces-
como no Portal da Transparência e do Governo Aberto: so, no âmbito da Administração Pública Estadual, duas ca-
I - rol de documentos, dados e informações que tenham tegorias de documentos, dados e informações:
sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses; I - Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à
II - rol de documentos classificados em cada grau de si- restrição de acesso público em razão de sua imprescindibili-
gilo, com identificação para referência futura; dade para a segurança da sociedade e do Estado;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi- II - Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural
dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem identificada ou identificável, relativas à intimidade, vida pri-
como informações genéricas sobre os solicitantes. vada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades
Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administra- e garantias individuais.
ção Pública Estadual deverão manter exemplar da publica- Parágrafo único. Cabe aos órgãos e entidades da Ad-
ção prevista no caput deste artigo para consulta pública em ministração Pública Estadual, por meio de suas respectivas
suas sedes, bem como o extrato com o rol de documentos, Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA,
dados e informações classificadas, acompanhadas da data, a que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, promover
do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. os estudos necessários à elaboração de tabela com a iden-
tificação de documentos, dados e informações sigilosas e
Art. 26. Os órgãos e entidades da Administração Públi- pessoais, visando assegurar a sua proteção.
ca Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias,
para compor o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Art. 28. Não poderá ser negado acesso à informação
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”, as necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
seguintes informações:
fundamentais.
I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de dados;
Parágrafo único. Os documentos, dados e informações
II - metadados;
que versem sobre condutas que impliquem violação dos di-
III - dicionário de dados com detalhamento de conteúdo;
reitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando
IV - arquitetura da base de dados;
V - periodicidade de atualização; de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição
VI - software da base de dados; de acesso.
VII - existência ou não de sistema de consulta à base de
dados e sua linguagem de programação; Art. 29. O disposto neste decreto não exclui as demais
VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base de hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as
dados. hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração
§ 1º Os órgãos e entidades da Administração Pública direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa
Estadual deverão indicar o setor responsável pelo forneci- física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com
mento e atualização permanente de dados e informações o poder público.
que compõem o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”.

124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO II § 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consu-


Da Classificação, Reclassificação e Desclassifica- mado o evento que defina o seu termo final, o documen-
ção de Documentos, Dados e Informações Sigilosas to, dado ou informação tornar-se-á, automaticamente, de
acesso público.
Art. 30. São considerados imprescindíveis à segurança § 5º Para a classificação do documento, dado ou infor-
da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classi- mação em determinado grau de sigilo, deverá ser observa-
ficação de sigilo, os documentos, dados e informações cuja do o interesse público da informação, e utilizado o critério
divulgação ou acesso irrestrito possam: menos restritivo possível, considerados:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a 1. a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
integridade do território nacional; dade e do Estado;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia- 2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
ções ou as relações internacionais do País, ou as que te- que defina seu termo final.
nham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados
e organismos internacionais; Art. 32. A classificação de sigilo de documentos, dados e
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da informações no âmbito da Administração Pública Estadual
população; deverá ser realizada mediante:
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, I - publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão
econômica ou monetária do País; ou entidade, de tabela de documentos, dados e informa-
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações ções sigilosas e pessoais, que em razão de seu teor e de sua
estratégicos das Forças Armadas; imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa ou à proteção da intimidade, da vida privada, da honra e
imagem das pessoas, sejam passíveis de restrição de acesso,
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
a partir do momento de sua produção,
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico
II - análise do caso concreto pela autoridade responsá-
nacional;
vel ou agente público competente, e formalização da deci-
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
são de classificação, reclassificação ou desclassificação de
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
sigilo, bem como de restrição de acesso à informação pes-
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
soal, que conterá, no mínimo, os seguintes elementos:
como de investigação ou fiscalização em andamento, rela-
a) assunto sobre o qual versa a informação;
cionadas com a prevenção ou repressão de infrações.
b) fundamento da classificação, reclassificação ou des-
classificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos
Art. 31. Os documentos, dados e informações sigilosas no artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso
em poder de órgãos e entidades da Administração Pública à informação pessoal;
Estadual, observado o seu teor e em razão de sua imprescin- c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses
dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderão ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme
ser classificados nos seguintes graus: limites previstos no artigo 31 deste decreto, bem como a
I - ultrassecreto; indicação do prazo mínimo de restrição de acesso à infor-
II - secreto; mação pessoal;
III - reservado. d) identificação da autoridade que a classificou, reclas-
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso aos do- sificou ou desclassificou.
cumentos, dados e informações, conforme a classificação Parágrafo único. O prazo de restrição de acesso contar-
prevista no caput e incisos deste artigo, vigoram a partir se-á da data da produção do documento, dado ou informa-
da data de sua produção e são os seguintes: ção.
1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos;
2. secreto: até 15 (quinze) anos; Art. 33. A classificação de sigilo de documentos, dados e
3. reservado: até 5 (cinco) anos. informações no âmbito da Administração Pública Estadual,
§ 2º Os documentos, dados e informações que pude- a que se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de
rem colocar em risco a segurança do Governador e Vice- competência:
Governador do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as) I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
serão classificados como reservados e ficarão sob sigilo a) Governador do Estado;
até o término do mandato em exercício ou do último man- b) Vice-Governador do Estado;
dato, em caso de reeleição. c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da
deste artigo, poderá ser estabelecida como termo final de olícia Militar;
restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, II - no grau de secreto, das autoridades referidas no in-
desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máxi- ciso I deste artigo, das autoridades máximas de autarquias,
mo de classificação. fundações ou empresas públicas e sociedades de economia
mista;

125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - no grau de reservado, das autoridades referidas § 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste
nos incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de artigo não será exigido quando as informações forem ne-
direção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, cessárias:
de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
entidade, observado o disposto neste decreto. estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II deste ar- e exclusivamente para o tratamento médico;
tigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
a agente público, vedada a subdelegação. vedada a identificação da pessoa a que as informações se
§ 2º A classificação de documentos, dados e infor- referirem;
mações no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades 3. ao cumprimento de ordem judicial;
previstas na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser 4. à defesa de direitos humanos;
ratificada pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo 5. à proteção do interesse público e geral preponderan-
de 10 (dez) dias. te.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que clas- § 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e
sificar documento, dado e informação como ultrassecreto informações relativos à vida privada, honra e imagem de
deverá encaminhar a decisão de que trata o inciso II do pessoa não poderá ser invocada com o intuito de preju-
artigo 32 deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à dicar processo de apuração de irregularidades em que o
Informação, a que se refere o artigo 76 deste diploma legal, titular das informações estiver envolvido, bem como em
no prazo previsto em regulamento. ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de
maior relevância.
Art. 34. A classificação de documentos, dados e informa- § 5º Os documentos, dados e informações identifica-
ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por dos como pessoais somente poderão ser fornecidos pes-
autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação soalmente, com a identificação do interessado.
ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento,
com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de
SEÇÃO IV
sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deste artigo
e Informações Sigilosos
deverá considerar as peculiaridades das informações pro-
duzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos.
Art. 36. É dever da Administração Pública Estadual
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput deste arti-
controlar o acesso e a divulgação de documentos, dados e
go deverão ser examinadas a permanência dos motivos do
informações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e enti-
sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou
dades, assegurando a sua proteção contra perda, alteração
da divulgação da informação.
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- indevida, acesso, transmissão e divulgação não autorizados.
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de docu-
inicial a data da sua produção. mentos, dados e informações classificados como sigilosos
ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de co-
SEÇÃO III nhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma
Da Proteção de Documentos, Dados e Informações dos artigos 62 a 65 deste decreto, sem prejuízo das atri-
Pessoais buições dos agentes públicos autorizados por lei.
§ 2º O acesso aos documentos, dados e informações
Art. 35. O tratamento de documentos, dados e informa- classificados como sigilosos ou identificados como pes-
ções pessoais deve ser feito de forma transparente e com soais, cria a obrigação para aquele que as obteve de res-
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das guardar restrição de acesso.
pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
§ 1º Os documentos, dados e informações pessoais, a Art. 37. As autoridades públicas adotarão as providên-
que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida priva- cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
da, honra e imagem: rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas- procedimentos de segurança para tratamento de documen-
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos tos, dados e informações sigilosos e pessoais.
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal- Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; que, em razão de qualquer vínculo com o poder público
2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por executar atividades de tratamento de documentos, dados e
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso informações sigilosos e pessoais adotará as providências ne-
da pessoa a que elas se referirem. cessárias para que seus empregados, prepostos ou represen-
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que tantes observem as medidas e procedimentos de segurança
trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevi- das informações resultantes da aplicação deste decreto.
do.

126
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 38. O acesso a documentos, dados e informações si- Art. 44. O envelope interno só será aberto pelo destina-
gilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, tário, seu representante autorizado ou autoridade compe-
custodiados para fins de instrução de procedimento, processo tente hierarquicamente superior, observados os requisitos do
administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado para artigo 62 deste decreto.
outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado do
respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. Art. 45. O destinatário de documento sigiloso comunica-
rá imediatamente ao remetente qualquer indício de violação
SUBSEÇÃO I ou adulteração do documento.
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e
Guarda Art. 46. Os documentos, dados e informações sigilosos
serão mantidos em condições especiais de segurança, na for-
Art. 39. A produção, manuseio, consulta, transmissão, ma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
manutenção e guarda de documentos, dados e informações Parágrafo único. Para a guarda de documentos secretos
sigilosos observarão medidas especiais de segurança. e ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura
que ofereça segurança equivalente ou superior.
Art. 40. Os documentos sigilosos em sua expedição e tra-
mitação obedecerão às seguintes prescrições: Art. 47 Os agentes públicos responsáveis pela guarda
I - deverão ser registrados no momento de sua produção, ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
prioritariamente em sistema informatizado de gestão arqui- substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem
vística de documentos; ou transferência de responsabilidade.
II - serão acondicionados em envelopes duplos;
III - no envelope externo não constará qualquer indica- SUBSEÇÃO II
ção do grau de sigilo ou do teor do documento; Da Marcação
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido
mediante relação de remessa, que indicará, necessariamente, Art. 48. O grau de sigilo será indicado em todas as pá-
remetente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo ginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo
do documento; produtor do documento, dado ou informação, após classi-
V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser ob- ficação, ou pelo agente classificador que juntar a ele docu-
servadas as prescrições referentes à criptografia. mento ou informação com alguma restrição de acesso.
§ 1º Os documentos, dados ou informações cujas par-
Art. 41. A expedição, tramitação e entrega de documento tes contenham diferentes níveis de restrição de acesso de-
ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoalmente, vem receber diferentes marcações, mas no seu todo, será
por agente público credenciado, sendo vedada a sua posta- tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
gem. § 2º A marcação será feita em local que não compro-
Parágrafo único. A comunicação de informação de natu- meta a leitura e compreensão do conteúdo do documen-
reza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a prescri- to e em local que possibilite sua reprodução em eventuais
ta no caput deste artigo, só será permitida excepcionalmente cópias.
e em casos extremos, que requeiram tramitação e solução § 3º As páginas serão numeradas seguidamente, de-
imediatas, em atendimento ao princípio da oportunidade e vendo a juntada ser precedida de termo próprio consig-
considerados os interesses da segurança da sociedade e do nando o número total de folhas acrescidas ao documento.
Estado, utilizando-se o adequado meio de criptografia. § 4º A marcação deverá ser necessariamente datada.

Art. 42. A expedição de documento reservado poderá ser Art. 49. A marcação em extratos de documentos, esbo-
feita mediante serviço postal, com opção de registro, men- ços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, ne-
sageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou, gativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá
quando for o caso, mala diplomática. ao prescrito no artigo 48 deste decreto.
Parágrafo único. A comunicação dos documentos de que § 1º Em fotografias e reproduções de negativos sem
trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas
sejam usados recursos de criptografia compatíveis com o respectivas embalagens.
grau de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos § 2º Em filmes cinematográficos, negativos em rolos
51 a 56 deste decreto. contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo se-
rão indicados nas imagens de abertura e de encerramento
Art. 43. Cabe aos agentes públicos credenciados respon- de cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e
sáveis pelo recebimento de documentos sigilosos: exibirá a classificação do conteúdo.
I - verificar a integridade na correspondência recebida e § 3º Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digi-
registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade, tais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fo-
dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao desti- tocartas de que trata esta seção, que não apresentem con-
natário, o qual informará imediatamente ao remetente; dições para a indicação do grau de sigilo, serão guardados
II - proceder ao registro do documento e ao controle de em embalagens que exibam a classificação correspondente
sua tramitação. à classificação do conteúdo.

127
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 50. A marcação da reclassificação e da desclassifica- § 3º As cópias de segurança de documentos, dados e


ção de documentos, dados ou informações sigilosos obedece- informações sigilosos deverão ser criptografados, observa-
rá às mesmas regras da marcação da classificação. das as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
Parágrafo único. Havendo mais de uma marcação, pre-
valecerá a mais recente. Art. 55. Os equipamentos e sistemas utilizados para a
produção e guarda de documentos, dados e informações
SUBSEÇÃO III sigilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de
Da Criptografia dados desde que possuam sistemas de proteção e segu-
rança adequados, nos termos das normas gerais baixadas
Art. 51. Fica autorizado o uso de código, cifra ou sistema pelo Comitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP.
de criptografia no âmbito da Administração Pública Estadual
e das instituições de caráter público para assegurar o sigilo de
Art. 56. Cabe ao órgão responsável pela criptografia
documentos, dados e informações.
de documentos, dados e informações sigilosos providen-
Art. 52. Para circularem fora de área ou instalação sigilo- ciar a sua descriptação após a sua desclassificação.
sa, os documentos, dados e informações sigilosos, produzidos
em suporte magnético ou óptico, deverão necessariamente SUBSEÇÃO IV
estar criptografados. Da Preservação e Eliminação

Art. 53. A aquisição e uso de aplicativos de criptografia Art. 57. Aplicam-se aos documentos, dados e informa-
no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-ão ções sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabe-
às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da Ges- la de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio,
tão Pública - CQGP. oficializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de
Parágrafo único. Os programas, aplicativos, sistemas e 2004, e nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e Atividades-Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de Administração Pública Estadual, ressalvado o disposto no
conformidade. artigo 59 deste decreto.
Art. 54. Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas Art. 58. Os documentos, dados e informações sigilo-
e equipamentos de criptografia todas as medidas de segu- sos considerados de guarda permanente, nos termos dos
rança previstas neste decreto para os documentos, dados e
Decretos nº 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto
informações sigilosos e também os seguintes procedimentos:
de 2004, somente poderão ser recolhidos à Unidade do
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade de
assegurar uma perfeita execução das operações criptográficas; Arquivo Público do Estado após a sua desclassificação.
II - elaboração de inventários completos e atualizados do Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput
material de criptografia existente; deste artigo, os documentos de guarda permanente de ór-
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a cada gãos ou entidades extintos ou que cessaram suas ativida-
destinatário, quando necessário; des, em conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei Federal
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à autorida- nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º,
de competente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004.
à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à legitimi-
dade e à disponibilidade de documentos, dados e informa- Art. 59. Decorridos os prazos previstos nas tabelas de
ções sigilosos criptografados; temporalidade de documentos, os documentos, dados e
V - identificação e registro de indícios de violação ou in- informações sigilosos de guarda temporária somente po-
terceptação ou de irregularidades na transmissão ou recebi- derão ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de
mento sua desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às
de documentos, dados e informações criptografados. informações neles contidas.
§ 1º A autoridade máxima do órgão ou entidade da Ad-
ministração Pública Estadual responsável pela custódia de Art. 60. A eliminação de documentos dados ou infor-
documentos, dados e informações sigilosos e detentor de
mações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não
material criptográfico designará um agente público respon-
possuam valor permanente deve ser feita, por método que
sável pela segurança criptográfica, devidamente creden-
ciado, que deverá observar os procedimentos previstos no sobrescreva as informações armazenadas, após sua des-
caput deste artigo. classificação.
§ 2º O agente público referido no § 1º deste artigo de- Parágrafo único. Se não estiver ao alcance do órgão
verá providenciar as condições de segurança necessárias ao a eliminação que se refere o caput deste artigo, deverá
resguardo do sigilo de documentos, dados e informações ser providenciada a destruição física dos dispositivos de
durante sua produção, tramitação e guarda, em suporte armazenamento.
magnético ou óptico, bem como a segurança dos equipa-
mentos e sistemas utilizados.

128
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SUBSEÇÃO V ridades classificadoras ou das autoridades hierarquicamente


Da Publicidade de Atos Administrativos superiores, reprodução total ou parcial de documentos, da-
dos e informações sigilosos.
Art. 61. A publicação de atos administrativos referen- § 1º A reprodução do todo ou de parte de documen-
tes a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser tos, dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de
efetuada mediante extratos, com autorização da autoridade sigilo dos documentos, dados e informações originais.
classificadora ou hierarquicamente superior. § 2º A reprodução e autenticação de cópias de do-
§ 1º Os extratos referidos no caput deste artigo limi- cumentos, dados e informações sigilosos serão realizadas
tar-se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à por agentes públicos credenciados.
sua ementa, redigidos por agente público credenciado, de § 3º Serão fornecidas certidões de documentos sigi-
modo a não comprometer o sigilo. losos que não puderem ser reproduzidos integralmente,
§ 2º A publicação de atos administrativos que trate de em razão das restrições legais ou do seu estado de con-
documentos, dados e informações sigilosos para sua di- servação.
vulgação ou execução dependerá de autorização da auto- § 4º A reprodução de documentos, dados e informa-
ridade classificadora ou autoridade competente hierarqui- ções pessoais que possam comprometer a intimidade, a
camente superior.
vida privada, a honra ou a imagem de terceiros poderá
ocorrer desde que haja autorização nos termos item 2 do
SUBSEÇÃO VI
§ 1º do artigo 35 deste decreto.
Da Credencial de Segurança

Art. 62. O credenciamento e a necessidade de conhe- Art. 67. O responsável pela preparação ou reprodução
cer são condições indispensáveis para que o agente público de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação
estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou de provas ou qualquer outro recurso, que possam dar ori-
atividade tenha acesso a documentos, dados e informações gem à cópia não autorizada do todo ou parte.
sigilosos equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de
segurança. Art. 68. Sempre que a preparação, impressão ou, se
for o caso, reprodução de documentos, dados e informa-
Art. 63. As credenciais de segurança referentes aos graus ções sigilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras,
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classifi- oficinas gráficas, ou similares, essa operação deverá ser
cadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. acompanhada por agente público credenciado, que será
responsável pela garantia do sigilo durante a confecção do
Art. 64. A credencial de segurança referente à informa- documento.
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identi-
ficada como personalíssima. SUBSEÇÃO VIII
Da Gestão de Contratos
Art. 65. A emissão da credencial de segurança compete
às autoridades máximas de órgãos e entidades da Adminis- Art. 69. O contrato cuja execução implique o acesso por
tração Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação. parte da contratada a documentos, dados ou informações
§ 1º A credencial de segurança será concedida me- sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos:
diante termo de compromisso de preservação de sigilo, I - assinatura de termo de compromisso de manutenção
pelo qual os agentes públicos responsabilizam-se por não de sigilo;
revelarem ou divulgarem documentos, dados ou informa- II - o contrato conterá cláusulas prevendo:
ções sigilosos dos quais tiverem conhecimento direta ou a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao
indiretamente no exercício de cargo, função ou emprego
objeto contratado, bem como à sua execução;
público.
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se-
§ 2º Para a concessão de credencial de segurança serão
gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a
avaliados, por meio de investigação, os requisitos profis-
manutenção do sigilo de documentos, dados e informações
sionais, funcionais e pessoais dos propostos.
§ 3º A validade da credencial de segurança poderá ser aos quais teve acesso;
limitada no tempo e no espaço. c) identificação, para fins de concessão de credencial de
§ 4º O compromisso referido no caput deste artigo segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão
persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que acesso a documentos, dados e informações sigilosos.
tiveram acesso.
Art. 70. Os órgãos contratantes da Administração Públi-
SUBSEÇÃO VII ca Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces-
Da Reprodução e Autenticação sárias à proteção dos documentos, dados e informações de
natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorren-
Art. 66. Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC tes da execução do contrato.
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual
fornecerão, desde que haja autorização expressa das auto-

129
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO V V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar


Das Responsabilidades com a Administração Pública Estadual, até que seja promo-
vida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
Art. 71. Constituem condutas ilícitas que ensejam res- a penalidade.
ponsabilidade do agente público: § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informa- artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II,
ções requeridas nos termos deste decreto, retardar delibera- assegurado o direito de defesa do interessado, no respec-
damente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente tivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; § 2º A reabilitação referida no inciso V deste artigo
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, será autorizada somente quando o interessado efetivar o
inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmen- ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos resul-
te, documento, dado ou informação que se encontre sob sua tantes e decorrido o prazo da sanção aplicada com base
guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão no inciso IV.
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
pública; artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do inte-
de acesso a documento, dado e informação; ressado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou da abertura de vista.
permitir acesso indevido ao documento, dado e informação
sigilosos ou pessoal; Art. 75. Os órgãos e entidades estaduais respondem di-
V - impor sigilo a documento, dado e informação para retamente pelos danos causados em decorrência da divulga-
obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de oculta- ção não autorizada ou utilização indevida de documentos,
ção de ato ilegal cometido por si ou por outrem; dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apu-
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen- ração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou
te documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pes-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
de qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais,
parte de agentes do Estado.
tenha acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla
pessoal e a submeta a tratamento indevido.
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput deste artigo serão apuradas e punidas na forma
CAPÍTULO VI
da legislação em vigor.
Disposições Finais
§ 2º Pelas condutas descritas no caput deste artigo,
poderá o agente público responder, também, por improbi-
dade administrativa, conforme o disposto na Lei Federal nº Art. 76. O tratamento de documento, dado ou informa-
8.429, de 2 de junho de 1992. ção sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter-
nacionais atenderá às normas e recomendações constantes
Art. 72. O agente público que tiver acesso a documentos, desses instrumentos.
dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é
responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às Art. 77. Aplica-se, no que couber, a Lei Federal nº 9.507,
sanções administrativas, civis e penais previstas na legisla- de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de
ção, em caso de eventual divulgação não autorizada. pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público.
Art. 73. Os agentes responsáveis pela custódia de docu-
mentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas re- Art. 78. Cabe à Secretaria de Gestão Pública:
ferentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu I - realizar campanha de abrangência estadual de fo-
código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais. mento à cultura da transparência na Administração Pública
Estadual e conscientização do direito fundamental de acesso
Art. 74. A pessoa física ou entidade privada que detiver à informação;
documentos, dados e informações em virtude de vínculo de II - promover treinamento de agentes públicos no que se
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à trans-
o disposto na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de parência na Administração Pública Estadual;
2011, e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções: III - formular e implementar política de segurança da
I - advertência; informação, em consonância com as diretrizes da política
II - multa; estadual de arquivos e gestão de documentos;
III - rescisão do vínculo com o poder público; IV - propor e promover a regulamentação do creden-
IV - suspensão temporária de participar em licitação e ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos
impedimento de contratar com a Administração Pública Es- e entidades da Administração Pública Estadual para trata-
tadual por prazo não superior a 2 (dois) anos; mento de informações sigilosas e pessoais.

130
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 79. A Corregedoria Geral da Administração será III - orientar e monitorar a implementação do dispos-
responsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal to na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no neste decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
âmbito da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da cumprimento;
atuação dos órgãos de controle interno. IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
mentação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimen-
Art. 80. Este decreto e suas disposições transitórias en- tos necessários ao correto cumprimento do disposto neste
tram em vigor na data de sua publicação. decreto;
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes
à salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos
Art. 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de e pessoais.
Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover
os estudos necessários à criação, composição, organização Art. 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e
e funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Infor- Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do
mação. órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no pra-
Parágrafo único. O Presidente do Comitê de Qualidade zo de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições
da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os previstas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste
membros integrantes do Grupo Técnico. decreto.

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012
Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos,
dados e informações classificados como ultrassecretos e se- EXERCÍCIOS
cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
Constituição Federal
inicial de vigência da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
bro de 2011.
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
§ 1º A restrição de acesso a documentos, dados e infor-
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
mações, em razão da reavaliação prevista no caput deste
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
artigo, deverá observar os prazos e condições previstos na
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
§ 2º No âmbito da administração pública estadual, a
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
reavaliação prevista no caput deste artigo poderá ser revis-
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
ta, a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à 2009,13ª. ed., p. 671).
Informação, observados os termos da Lei Federal nº 12.527, Com base na afirmação acima, analise as questões a
de 18 de novembro de 2011, e deste decreto. seguir e assinale a alternativa correta.
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor-
previsto no caput deste artigo, será mantida a classificação ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen-
dos documentos, dados e informações nos termos da le- tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos
gislação precedente. direitos.
§ 4º Os documentos, dados e informações classificados II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
previsto no caput deste artigo serão considerados, auto- exemplificativo.
maticamente, de acesso público. III - Os direitos e garantias expressos na Constituição
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos
Art. 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigên- princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
cia deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou em que o Brasil seja parte.
entidade da Administração Pública Estadual designará su- IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
bordinado para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
exercer as seguintes atribuições: pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
as demais providências necessárias à instalação e funciona- garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
mento dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que suas liturgias.
se refere o artigo 7º deste decreto; (A) Apenas I, II e III estão corretas.
II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao (B) Apenas II, III e IV estão corretas.
acesso a documentos, dados ou informações, de forma efi- (C) Apenas III e V estão corretas.
ciente e adequada aos objetivos da Lei Federal nº 12.527, de (D) Apenas IV e V estão corretas.
18 de novembro de 2011, e deste decreto; (E) Todas as questões estão corretas.

131
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re- I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
médios constitucionais são as formas estabelecidas pela pela autoridade competente.
Constituição Federal para concretizar e proteger os direi- II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
tos fundamentais a fim de que sejam assegurados os valo- processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
res essenciais e indisponíveis do ser humano. social o exigirem.
Assim, é correto afirmar, exceto: III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- meios ilícitos.
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém fiança.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso do depositário infiel.
de poder. (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (B) Apenas I, III e V estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do (C) Apenas III e IV estão corretas.
qual se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impe- (D) Apenas IV e V estão corretas.
trante, e a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade (E) Todas as questões estão corretas.
coatora.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- 5. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
ciplinares militares. Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
quando for concreta a lesão. for conhecido.
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
em relação aos outros remédios constitucionais analise as taurado.
questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor- 6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Consti-
registros ou banco de dados de entidades governamentais tuição Federal, é CORRETO afirmar que
ou de caráter público. (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
II - Será concedido habeas data para a retificação de (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigilo- e imprescritível.
so, judicial ou administrativo. (C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
III - Em se tratando de registro ou banco de dados tância.
de entidade governamental, o sujeito passivo na ação de (D) os templos religiosos, entendidos como casas de
habeas data será a pessoa jurídica componente da admi- Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
nistração direta e indireta do Estado.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au- 7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da
exercício dos direitos e liberdades constitucionais. Constituição Federal:
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a (A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto
pela falta de complementação de uma lei. próprio.
(A) Todas as afirmações estão corretas. (C) o respeito à integridade física dos presos, garanti-
(B) Apenas I, II e III estão corretas. do pela lei de execução penal.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao
(D) Apenas II, III e V estão corretas. diurno, posto que contido na legislação ordinária traba-
(E) Apenas IV e V estão corretas. lhista.

4. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de- 8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)


vido processo legal estabelecido como direito do cidadão A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en-
na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi- trar, sem permissão do morador, EXCETO
víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito (A) em caso de desastre.
de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe parida- (B) em caso de flagrante delito.
de de condições com o Estado para defender-se. (C) para prestar socorro.
Com base na afirmação acima, analise as questões a (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
seguir e assinale a alternativa correta.

132
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

9. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador 12. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-


- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é: to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomen- lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
tado o anonimato; pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao O pleito de João
agravo, que substitui o direito à indenização por dano mate- (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
rial, moral ou à imagem; damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
profissional; ameaça a direito
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as-
científica e de comunicação, ressalvados os casos de censura segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe-
ou licença;
tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos infor-
ilegalidade ou abuso de poder
mações de seu interesse particular, sendo vedada a alegação
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez
de sigilo por imprescindibilidade à segurança da sociedade e
que a obtenção de certidões em repartições públicas será
do Estado.
atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014) direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e pessoal.
convenções internacionais sobre direitos humanos: (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con- segurança da sociedade e do Estado.
gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o voto (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
favorável de dois terços dos respectivos membros; pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de três dade de sua tramitação.
quintos dos respectivos membros;
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, 13. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com ob- da reserva do possível
servância do processo legislativo ordinário; (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à or- (B) gira em torno da legitimidade constitucional do
dem jurídica interna. controle e da intervenção do poder judiciário em tema de
implementação de políticas públicas, quando caracterizada
11. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) hipótese de omissão governamental.
Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pe-
(C) considera que as políticas públicas são reservadas
dido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi-
dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interposto.
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso
Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que foi
concreto.
sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. Após
a publicação da referida lei, a Administração Pública federal (D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
notificou Pedro para devolver os valores recebidos, comuni- mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi-
cando que não mais ocorreriam os pagamentos futuros, em tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o
decorrência da norma em foco. direito à saúde e à educação básica.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção cor- (E) defende a integridade e a intangibilidade dos di-
reta reitos fundamentais, independentemente das possibilida-
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa so- des financeiras e orçamentárias do estado.
bre direitos indisponíveis de Pedro
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julga- 14. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador -
da formada em favor de Pedro. FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a
Pedro diante de nova legislação. igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per- os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de
feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes. suas disposições, a Emenda

133
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (C) A administração fazendária e seus servidores fis-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, na forma da lei.
mediante incentivos específicos. (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra- públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em do, pois, sociedades de economia mista.
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
(B) não determinou a extensão ao trabalhador do- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
lher, mediante incentivos específicos. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, assessoramento.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- 18. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
xidade do trabalho. ministração pública pode ser definida objetivamente como
(D) não determinou a extensão ao trabalhador do- a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
são e à complexidade do trabalho. Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
15. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com base no que determina a Constituição Federal a
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
tais, à organização político-administrativa, à administração (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
(B) A Administração pública direta e indireta obede-
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
inadiáveis da comunidade.
dade, publicidade e eficiência.
Certo ( )
(C) O prazo de validade do concurso público será de
Errado ( )
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
16. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
munerada de cargos públicos.
alternativa correta.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
seguintes é exaustivo. que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
(B) É vedada a redução proporcional do salário do tra- ações de ressarcimento.
balhador sob qualquer hipótese.
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias 19. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
que o salário normal. blica, analise as afirmativas.
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
determinada pela CLT. pelo Poder Executivo.
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- gos, funções e empregos públicos da administração direta,
to, mas é determinado pela CLT. autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
17. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al- mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
ternativa INCORRETA: espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
(A) A administração pública direta e indireta de qual- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li- espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
vre associação sindical. pessoal do serviço público.

134
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): 2. (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) De


(A) I, II e III. acordo com a Lei 10.177/98, que regula os atos e proce-
(B) I, apenas. dimentos administrativos no âmbito da Administração Pú-
(C) I e II, apenas. blica do Estado de São Paulo, o Delegado de Polícia pode
(D) I e III, apenas. baixar
(E) II e III, apenas. a) Resolução Substitutiva.
b) Resolução
20. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - c) Deliberação
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores d) Decreto Interno
públicos civis da Administração direta e) Portaria.
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que 3. (ESAF - 2009 - SEFAZ-SP - Analista de Finanças e
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da Controle - Prova 1) Em relação ao procedimento adminis-
prestação dos serviços públicos. trativo, no âmbito da Administração Pública Estadual de
São Paulo, regulado pela Lei nº 10.177/98, assinale o item
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
correto.
vidores públicos em estágio probatório.
a) Nos procedimentos administrativos observar-se-ão,
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da
entre outros requisitos de validade, a igualdade entre os
constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
administrados e o devido processo legal, sendo prescindí-
cessitando de regulamentação, nem de integração norma- vel a ouvida do administrado (interessado).
tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido. b) Todos os sujeitos que forem afetados por decisão
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a administrativa podem recorrer em defesa de interesse ou
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em direito, independentemente de terem participado do pro-
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- cedimento administrativo.
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o c) O órgão ou entidade da Administração estadual
exercício desse direito. que necessitar de informações de outro para instrução de
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- procedimento administrativo, deve requisitá-las mediante
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos ofício, com observância da vinculação hierárquica.
servidores públicos. d) Os procedimentos serão impulsionados e instruídos
de ofício, ou seja, necessitam de manifestação do interes-
21. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) sado para sua tramitação, sendo primado pelo formalismo
Os atos de improbidade administrativa importarão, nos em seu curso.
termos da Constituição Federal, dentre outros, e) O Estado de São Paulo pode se recusar à expedi-
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança. ção de certidão, em despacho imotivado, sobre atos, con-
(B) a indisponibilidade dos bens. tratos, decisões ou pareceres constantes de registros ou
(C) a impossibilidade de deixar o país. autos de procedimentos, quando a informação solicitada
(D) a suspensão dos direitos civis. colocar em comprovado risco a segurança da sociedade
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- ou do Estado.
cial.
4. (FEPESE - 2014 - MPE-SC - Procurador) Assinale a
Legislação estadual e específica alternativa que contém quatro atributos do ato adminis-
trativo.
1. (VUNESP - 2014 - Polícia Civil/SP - Delegado de Po- a) coercibilidade, legalidade, tipicidade e conveniên-
cia.
lícia) De acordo com a Lei Estadual do Processo Adminis-
b) presunção de legitimidade, autoexecutoriedade,
trativo (Lei nº 10.177/1998), uma vez requerida a expedi-
imperatividade e exigibilidade.
ção de certidão de autos de procedimento em poder da
c) legalidade, conveniência, oportunidade e presunção
Administração, a autoridade competente deverá apreciar o de veracidade.
requerimento em 05 dias d) sujeito competente, legalidade, forma e autoexecu-
a) corridos e determinará a expedição em prazo não toriedade.
inferior a 05 dias úteis. e) imperatividade, finalidade, forma e presunção de
b) corridos e determinará a expedição em prazo não legitimidade.
superior a 05 dias corridos.
c) úteis e determinará a expedição em prazo não infe- 5. (FCC - 2010 - TRT 22ª Região) Parte superior do for-
rior a 05 dias úteis. mulário
d) corridos e determinará a expedição em prazo não O princípio da administração pública que tem por fun-
inferior a 05 dias corridos. damento que qualquer atividade de gestão pública deve
e) úteis e determinará a expedição em prazo não supe- ser dirigida a todos os cidadãos, sem a determinação de
rior a 05 dias úteis. pessoa ou discriminação de qualquer natureza, denomi-
na-se

135
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

a) Eficiência. a) 3 anos.
b) Moralidade. b) 5 anos.
c) Legalidade. c) 1 ano.
d) Finalidade. d) 2 anos.
e) Impessoalidade.
9. A espécie de provimento de cargo público a qual se
6. (FCC - 2012 - DPE-PR) Sobre os princípios orientado- dá devido à aquisição de competências adicionais às exigi-
res da administração pública é INCORRETO afirmar: das para entrada no cargo de que é titular ou função-ativi-
a) A administração pública não pode criar obrigações dade de que é ocupante é denominada:
ou reconhecer direitos que não estejam determinados ou a) Promoção.
autorizados em lei. b) Remoção.
b) A conduta administrativa com motivação estranha c) Posse.
ao interesse público caracteriza desvio de finalidade ou d) Ingresso.
desvio de poder.
c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas 10. (FCC - 2012 - TRT - 6ª Região (PE) - Analista Judi-
por razoabilidade e proporcionalidade tanto na discricio- ciário - Arquivologia) De acordo com a Lei nº 12.527, de 18
nariedade quanto na atividade vinculada da administração de novembro de 2011, a qualidade da informação coletada
pública. na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
d) Além de requisito de eficácia dos atos administra- modificações, é identificada como
tivos, a publicidade propicia o controle da administração a) objetividade.
pública pelos administrados. b) autenticidade.
e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e se c) integridade.
reporta ao desempenho da administração pública. d) primariedade.
e) disponibilidade.
7. (ESAF - 2005 - SET-RN - Auditor Fiscal do Tesouro
Estadual - Prova 2) Sobre os princípios constitucionais da 11. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Arqui-
administração pública, pode-se afirmar que vologia) Assinale a opção em que são apresentadas infor-
I. o princípio da legalidade pode ser visto como incen- mações que não se submetem à Lei de Acesso à Informa-
tivador do ócio, haja vista que, segundo esse princípio, a ção brasileira.
prática de um ato concreto exige norma expressa que o a) Informação sobre projetos de pesquisa relacionados
autorize, mesmo que seja inerente às funções do agente ao desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como
público; a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté-
II. o princípio da publicidade visa a dar transparência gico nacional.
aos atos da administração pública e contribuir para a con- b) Informação resultante de inspeções, auditorias,
cretização do princípio da moralidade administrativa; prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
III. a exigência de concurso público para ingresso nos controle interno e externo, incluindo prestações de contas
cargos públicos reflete uma aplicação constitucional do relativas a exercícios anteriores.
princípio da impessoalidade; c) Informação contida em registros ou documentos,
IV. o princípio da impessoalidade é violado quando se produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
utiliza na publicidade oficial de obras e de serviços públicos recolhidos ou não a arquivos públicos.
o nome ou a imagem do governante, de modo a caracteri- d) Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos
zar promoção pessoal do mesmo; e entidades, inclusive as relativas a sua política, organiza-
V. a aplicação do princípio da moralidade adminis- ção e serviços.
trativa demanda a compreensão do conceito de “moral e) Informação referente à implementação, ao acom-
administrativa”, o qual comporta juízos de valor bastante panhamento e aos resultados dos programas, projetos e
elásticos; ações dos órgãos e entidades públicas, bem como às me-
VI. o princípio da eficiência não pode ser exigido en- tas e aos indicadores propostos.
quanto não for editada a lei federal que deve defini-lo e
estabelecer os seus contornos. 12. (CONSULPLAN - 2012 - TSE - Analista Judiciário -
Estão corretas as afirmativas Arquivologia) Considerando a autonomia entre os Poderes
a) I, II, III e IV. da República em seus diferentes níveis de atuação, pode-se
b) II, III, IV e V. afirmar sobre a Lei nº 12.527 promulgada pela Presidente
c) I, II, IV e VI. Dilma Russeff, em 18 de novembro de 2011, que regula o
d) II, III, IV e VI. acesso aos documentos de arquivo e revoga, não apenas a
e) III, IV, V e VI. Lei nº 11.111/2005, mas também alguns dispositivos da Lei
nº 8.159/1991, que
8. (UFG - 2014 - IF-GO - Auxiliar de Biblioteca - Adap- a) não se aplica ao Tribunal Superior Eleitoral.
tada) De acordo com a Lei Complementar n. 1.080/2008, b) não se aplica ao Poder Judiciário.
a estabilidade será adquirida após o efetivo exercício no c) é exclusiva ao Poder Executivo Federal.
cargo por d) se aplica aos três poderes da República.

136
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

13. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário) Para IV - Segundo a lei de acesso à informação, a autentici-
os efeitos da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso às Infor- dade é a qualidade da informação coletada na fonte, com o
mações Públicas), máximo de detalhamento possível, sem modificações.
a) não há tratamento específico para as informações V - No âmbito da administração pública federal, a rea-
sigilosas e para as informações pessoais. valiação das informações classificadas como ultrassecretas
b) há identidade de tratamento quanto às informações e secretas poderá ser revista a qualquer tempo.
pessoais e sigilosas. Estão corretas:
c) as informações sigilosas são aquelas submetidas a) I e II;
temporariamente à restrição de acesso público. b) I, II e III;
d) as informações pessoais são, necessariamente, sigi- c) I e V;
losas, muito embora as informações sigilosas não necessa- d) II, III e V;
riamente sejam pessoais. e) IV e V.
e) as informações pessoais são assim definidas por
cada servidor público, a partir da análise de sua situação RESPOSTAS
particular de proteção da privacidade.
1. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal
14. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Historiógrafo) A Lei n.º diferença entre direitos e garantias é que os primeiros
12.527, sancionada pela Presidenta da República em 18 de servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as
novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar o di- segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex:
reito constitucional de acesso dos cidadãos às informações direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas
públicas, sendo que seus dispositivos são aplicáveis aos corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê
três Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta
dos Municípios. Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
No que se refere a essa lei, considere as afirmações dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”,
abaixo.
fundamento que também demonstra que o item “III” está
I - Sua regulamentação torna essencial o princípio de
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê
que o acesso é a regra, e o sigilo é a exceção.
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
II - Sua regulamentação consolida e define o marco re-
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
gulatório em relação ao acesso à informação pública sob
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”;
a guarda do Estado e à informação privada em arquivos
o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI,
pessoais.
CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e
III - Sua regulamentação estabelece os procedimentos
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
para que a Administração responda a pedidos de informa- religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
ção do cidadão. de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas
Quais estão corretas? estão corretas.
a) Apenas I.
b) Apenas II. 2. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs-
c) Apenas III. ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
d) Apenas I e III. sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
e) I, II e III. violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
15. (CESPE - 2013 - ANP - Analista Administrativo - ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
Área 1 / CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
- Arquivologia - ADAPTAÇÃO - originalmente questões de O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
verdadeiro ou falso) Analise as afirmativas sobre a Lei nº situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
12.527 (lei de acesso à informação): denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
I - Cabe à comissão mista de reavaliação de informa- chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
ções rever, de ofício ou mediante provocação de pessoa contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
interessada, a classificação de informações ultrassecretas coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
ou secretas. te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
II - Na divulgação de informações de interesse coletivo prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
ou geral, produzidas ou custodiadas por órgãos e por en- relação a punições disciplinares militares”.
tidades públicas, deve constar, no mínimo, o registro das
receitas dessas instituições. 3. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
III - O núcleo de segurança e credenciamento deverá para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
requisitar da autoridade que classificar a informação como der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
ultrassecreta ou secreta esclarecimento ou conteúdo par- ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
cial ou integral da informação. e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes

137
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce- 8. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
de informações relativas à pessoa do impetrante, cons- podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
tantes de registros ou bancos de dados de entidades go- em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
vernamentais ou de caráter público; b) para a retificação socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo si- Sendo assim, não cabe o ingresso por determinação judi-
giloso, judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repe- cial a qualquer hora, mas somente durante o dia.
tem o teor do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre
logicamente da previsão dos direitos fundamentais como 9. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso
limitadores da atuação do Estado, logo, as informações XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res-
requeridas serão contra uma entidade governamental da guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercí-
administração direta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” cio profissional”.
reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente
o item “V”, posto que a demora do legislador em regula- 10. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
mentar uma norma constitucional de aplicabilidade me- “Os tratados e convenções internacionais sobre direi-
diata, que necessita do preenchimento de seu conteúdo, tos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
evidencia-se em risco aos direitos fundamentais garanti- Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
dos pela Constituição Federal. votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais”. Logo, é necessário o preenchi-
4. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, mento de determinados requisitos para a incorporação.
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo 11. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de
está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que alte-
será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
re a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra
a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando
a segurança jurídica.
o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
12. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incor-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a
reto porque a jurisprudência atual ainda aceita a prisão
receber dos órgãos públicos informações de seu interes-
civil do devedor de alimentos, sendo que o texto consti-
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
tucional autoriza tanto esta quanto a do depositário infiel
(artigo 5º, LXVII, CF). prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu-
5. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - rança da sociedade e do Estado”.
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do 13. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- busca impedir que se argumente por uma obrigação infi-
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, nita do Estado de atender direitos econômicos, sociais e
notadamente), ela será aplicada. culturais. No entanto, não pode ser invocada como muleta
para impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a
6. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo invocação da reserva do possível não demonstrar cabal-
5º, XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime mente que o Estado não tem condições de arcar com as
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
nos termos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta
porque a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é 14. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
incorreta porque é aceita a pena de morte para os crimes 72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo
militares praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta de votação como PEC das domésticas, deu redação ao
porque igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. parágrafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos
direitos enumerados nos incisos do caput para a catego-
7. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- ria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII,
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho em lei e observada a simplificação do cumprimento das
noturno superior à do diurno”). obrigações tributárias, principais e acessórias, decorren-
tes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os pre-

138
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

vistos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
sua integração à previdência social”. Os direitos descritos cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
na alternativa “C” estão previstos nos incisos XXVII e XX do outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
artigo 7º da Constituição, não estendidos aos empregados gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
domésticos pela emenda. regulamentadas”.

15. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di- 19. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida- cargos, funções e empregos públicos da administração di-
des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
sujeitam os responsáveis às penas da lei”. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
16. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
dos direitos humanos internacionais e das convenções em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
e acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
proporcional pode ser aceita se intermediada por nego- Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
ciação coletiva, evitando cenário de demissão em massa; mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
“D” está incorreta porque a licença-gestante encontra ar- subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
cabouço constitucional, tal como a licença-paternidade, do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
restando “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto no ar- cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
tigo 7º: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
menos, um terço a mais do que o salário normal” (artigo do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
7º, XVII, CF). Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
17. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna- remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
tiva “A” como de necessária observância na Administração do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, 20. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
artigo 37, V, CF. tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende- 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, independente da lei complementar, tem o direito público,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
reito abrange o servidor público em estágio probatório,
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
tamente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades
constitucionalmente garantido.
de economia mista não estão excluídas da proibição de
acumulação remunerada de cargos, razão pela qual a al- 21. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
ternativa é incorreta. “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
18. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
princípios da Administração Pública previstos no caput do penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um previsão do dispositivo retro.
concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do 1. Resposta: E. Dispõe o artigo 74 da Lei nº 10.177/1998:
artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações “O requerimento será apreciado, em 5 (cinco) dias úteis,
ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é pela autoridade competente, que determinará a expedição
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex- da certidão requerida em prazo não superior a 5 (cinco)
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser- dias úteis”.

139
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2. Resposta: E. Estabelece a Lei nº 10.177/1998: “Ar- 8. Resposta: A. É o que prevê o artigo 7º da Lei nº
tigo 12. São atos administrativos: [...] II - de competência 1.080/2008, em consonância com o artigo 41 da Consti-
comum: a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de tuição Federal.
Serviço; as autoridades policiais; aos dirigentes das entida-
des descentralizadas, bem como, quando estabelecido em 9. Resposta: A. Neste sentido, é o artigo 4º da Lei nº
norma legal específica, a outras autoridades administrati- 1.080/2008.
vas, a Portaria [...]”.
10. Resposta: D. Conceitua o inciso IX do artigo 4º da
3. Resposta: B. Prevê o artigo 37 da Lei nº 10.177/1998: Lei Federal de Acesso à Informação: “primariedade: quali-
“Todo aquele que for afetado por decisão administrativa dade da informação coletada na fonte, com o máximo de
poderá dela recorrer, em defesa de interesse ou direito”. detalhamento possível, sem modificações”.
Logo, o dispositivo não estabelece exceções, o único requi-
sito para recorrer é ser afetado pela decisão administrativa, 11. Resposta: A. O critério utilizado para possibilitar
não sendo imprescindível já estar participando do procedi- a restrição do acesso, no caso, é a segurança nacional:
mento administrativo. “Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classifi-
4. Resposta: B. Todo ato administrativo goza de pre- cação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito
sunção de legitimidade (é preciso provar que foi ilegítimo), possam: [...] VI - prejudicar ou causar risco a projetos de
autoexecutoriedade (cumpre-se automaticamente), impe- pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, as-
ratividade (é obrigatório) e exigibilidade (seu cumprimento sim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de inte-
pode ser imposto, cobrado). Nem todo ato administrativo resse estratégico nacional”.
é revestido do atributo da conveniência, porque existem
atos administrativos vinculados. Forma, por sua vez, não 12. Resposta: D. A aplicabilidade atinge os três Po-
é atributo (qualidade, característica) do ato administrativo, deres da República, em todas as suas esferas, conforme o
mas requisito para sua formação, assim como sujeito com- seu artigo 1º: “Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a
petente e finalidade. serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações
5. Resposta: E. Todos os princípios da administração previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do
pública se ligam, por isso, ao menos indiretamente todos art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Pará-
acabam se fazendo presentes. Contudo, é preciso se aten- grafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os ór-
tar ao mais específico: o preâmbulo da questão descreve gãos públicos integrantes da administração direta dos Po-
exatamente o conceito do princípio da impessoalidade, deres Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas,
que veda distinções indevidas entre os administrados. e Judiciário e do Ministério Público; II - as autarquias, as
fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades
6. Resposta: C. A alternativa a) define o princípio da de economia mista e demais entidades controladas direta
legalidade para a administração pública, pelo qual ela so- ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
mente pode fazer o que a lei permite; a b) traz o princí- Municípios”.
pio da motivação, pelo qual todos atos da administração
devem ser justificados pelo interesse público, sob pena 13. Resposta: C. Informações classificadas como sigi-
de desvio de finalidade ou desvio de poder; a d) relem- losas são aquelas cuja Lei de Acesso a Informações prevê
bra que a publicidade dos atos da administração facilita o alguma restrição de acesso, mediante classificação por au-
controle destes pelo povo; a e) se refere ao art. 37 da CF e toridade competente, visto que são consideradas impres-
traz a principal finalidade do princípio da eficiência, que é cindíveis à segurança da sociedade ou do Estado.
a otimização do desempenho da administração pública. A
alternativa c) está incorreta porque oportunidade e conve- 14. Resposta: D. A alternativa II está incorreta porque
niência somente são delimitadas pela razoabilidade e pela a legislação somente se aplica às informações públicas,
proporcionalidade nos atos discricionários, nos quais a ad- não às informações pessoais. Com efeito, as alternativas I
ministração possui alguma liberdade de escolha. e III reproduzem o teor da lei.

7. Resposta: B. O princípio da legalidade é reforço da 15. Resposta: C. A classificação das informações como
moralidade, não incentivador do ócio e da preguiça, até sigilosas pode sempre ser revista, permitindo-se o acesso,
mesmo porque a exigência de lei expressa não exclui o inclusive de ofício, motivo pelo qual I e V estão corretas.
desempenho de funções inerentes ao cargo pelo servidor.
O princípio da eficiência, por sua vez, consubstancia-se no
binômio produtividade-economicidade e pode ser exigido
desde sua previsão no texto constitucional. Logo, I e VI es-
tão incorretas.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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ANOTAÇÕES

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