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Porto Alegre
2010
Adreson Vilson Vita de Sá
Orientador:
Professor Dr.Luiz Eduardo Achutti
Banca examinadora:
Prof. Sérgio Sakakibara
Prof. Rodrigo Nuñez
Meus agradecimentos
também aos professores Patrícia
Camera e Sérgio Sakakibara.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 2
SOBRE FOTOGRAFIA .......................................................................................... 4
Uma introdução à história da fotografia....................................................... 4
Talbot e os desenhos fotogênicos............................................................... 5
Porque fotogramas.................................................................................... 10
MAN RAY E O DADAÍSMO.................................................................................. 11
COMO É QUE SE FAZ / TRABALHO PRÁTICO ......................................................... 15
Fotogramas ............................................................................................... 15
Sobre a prática do trabalho ....................................................................... 16
Os meus fotogramas ................................................................................. 17
IDÉIAS : SIGNIFICADOS/SENTIDOS/TEMAS ........................................................... 19
PORQUE FAZER ESTAS IMAGENS DIFÍCEIS .......................................................... 31
CONCLUSÃO ................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35
Introdução
aulas. Resolvi ir além dos objetos comumente utilizados para estas práticas e
na pág. 24) que era uma montagem a partir de uma foto de revista, desenho
resultados desta pesquisa, além das relações com a obra de Man Ray
1
Para demonstrar o efeito da luz sobre o material fotossensível , ou seja, colocar um objeto
sobre um pedaço de papel fotográfico e projetar luz sobre ele. O revelador então escurece as
áreas atingidas pela luz.
2
antigas que remotam ao início da história da fotografia. Ao descrever a técnica
Procuro distinguir o método que utilizo dos antigos cliché-verre, que tinham
Isto foi proposital desde que passei a me dedicar aos meus fotogramas. E é
3
Sobre fotografia
eram realizadas desde meados do século XVII2, quase nada era conhecido
americano notou a ação da luz solar sobre o nitrato de prata, que ficava preto
quando exposto. A partir desta constatação, várias tentativas foram feitas por
outros cientistas até o século seguinte. As primeiras imagens que poderiam ser
2
ver DUBOIS, 2009, p. 129.
3
Schulze era um professor alemão na Universidade de Altdorf, cujos experimentos pavimentou
o caminho para a fotografia. Apesar de se saber que certos químicos escureciam quando
expostos ao sol, mas não estava claro se era devido à ação da luz ou do calor que causava
este efeito. HOLTER, 1972. P. 11.
4
Eram cópias de gravuras, colocando papel encerado impresso sobre a chapa sensibilizada. A luz agia
através do papel translúcido e fazendo o betume insolúvel exceto onde haviam linhas entintadas da
gravura. Retirando-se as partes não expostas da camada fotossensível, obteve um positivo direto, com o
betume dando as luzes e o metal dando as sombras. Chamou as figuras de heliografias, ou desenhos
solares, e usou o mesmo processo para fotografar com uma câmera." HOLTER, 1972. p.11
4
de Niepce deu origem, de fato, à fotografia como a conhecemos. Após realizar
5
Entre 1834 e 1835 Fox Talbot produziu vários fotogramas em papel, usando o
Talbot Fox. Duas delicadas folhas de plantas, Photogenic drawing em negativo, 1839.
6
posteriormente lavando-a em uma forte solução de sal comum. A exposição
era feita geralmente colocando objetos sobre o papel e deixando a luz do sol
agir até aparecer a imagem negativa. Talbot utilizou uma solução concentrada
de prata.
Anna Atkins, Dictyola dichotoma (alga marinha), cianotipia 1843-53, British Library.
7
foi deixada de lado por aproximadamente um século. Como os filmes foram
impressionismo, que eles tentaram imitar usando lentes de foco suave e telas.
8
Schad usava recortes e objetos planos sobre um um papel autorevelador
americano que estava instalado em Paris. Man Ray começou a fazer seus
5
ver p. 16 de Man Ray, TASCHEN
9
muito mais simples, os materiais como fontes de luz, papéis e químicos são
produzidos industrialmente.
Porque fotogramas
10
Man Ray e o Dadaísmo
e Braque, e vários clientes abonados. Não tardou para que passasse a publicar
inversões, recortes e até a fotografia sem câmera. Por isso, além da invenção
11
antes mesmo do surrealismo aparecer em 1924 − por tratar se de uma técnica
12
O êxito desta obra não é fortuito. Para se ter uma noção de como era o
6
Man Ray : 1890-1976. New York: Harry N. Abrahms, 1995.
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Rayografias
14
Como é que se faz / trabalho prático
"Os efeitos do encanto entorpecente o deixaram aos poucos. Agora que as luzes
estavam acesas e a realidade retornara, olhou ao redor."
John Fante
Fotogramas
No início deste estudo sobre minha produção, descobri que o método que
venho utilizando é mais semelhante ao cliché verre que fotogramas por utilizar
7
Em seu livro "Fotografia Pensante", o professor Luiz Guimarães Monforte descreve uma
receita detalhada de como fazer fotogramas, cliché verre e várias outras técnicas sem
câmera.Ver bibliografia.
8
Cliché-verre: Nome francês que se dá a um procedimento no qual umas imagens
desenhadas ou pintadas sobre vidro se copiam sobre papel fotográfico. Os desenhos se pintam
em uma placa de vidro com verniz semitransparente ou pintura a oleo, ou riscando com um
buril de gravador uma camada de revestimento opaco de verniz escuro ou colódio sensibilizado
escurecido expondo-o à luz, disposta sobre a placa de vidro. Talbot foi a primeira pessoa que
fez estas «gravuras» desta maneira (até 1835). A técnica a base de verniz foi idealizada,
independentemente de Talbot, por William e John Havell e J.T. Wilmore em Londres (1839). O
colódio como revestimento foi usado em 1853 pelos três fotógrafos aficcionados franceses
Constant Duttilleux, L. Grandguillaume e Adalbert Cuvelier. Camille Corot, amigo de Dutilleux,
fez muitos clichés-verre, assim como Daugbiny, Millet, Théodore Rousseau e outros pintores
franceses. O procedimento ao cliché-verre já foi reinventado muitas vezes, mas nunca
alcançou grande popularidade.
15
gravura e ao desenho. Apesar da proximidade, pela ausência dos objetos
direto sobre o papel, ainda considero os meus trabalhos como fotogramas pois
matriz, não há imagens que se repetem em uma série. Cada revelação traz
mesmo tempo não uso objetos tridimensionais para que, segundo alguns
única era na intenção de que seu valor seja superior à uma cópia fotográfica.
9
Longe da pretensão de ser irreprodutível, mas aspirando a ser original (que dá origem a) nos
arranjos visuais de cada fotograma.
16
Através da busca de um trabalho que fosse diferente da minha produção
totalidade.
Os meus fotogramas
normal devido ao uso de papel fotográfico vencido. Este não é mais adequado
10
Utilizo vários materiais que estão caindo em desuso: transparências, papel fotográfico,
laboratório, reveladores.
17
para revelação com o Dektol (o revelador mais utilizado para papéis). A
11
Kodalith é uma linha de materiais de alto contraste que foi lançada em 1929, substituindo as
chapas de vidro úmidas de colódio na indústria de artes gráficas.
18
Idéias : significados/sentidos/temas
"Quanto mais o artista se curva com imparcialidade sobre o detalhe, mais aumenta a
anarquia"
C. Baudelaire
Sobre as imagens
19
(BOURRIAUD, 2009) e estas reflexões (sobre o mundo e como nos
relacionamos com ele) são necessárias e uma das razões da Arte estar
artistas que deve-se usar o mundo para criar novas narrativas, não resignar-se
e até meus próprios desenhos. Sobre os temas escolhidos posso afirmar que,
20
Photographia, 2009. Onde os dispositivos fotográficos se tornam o tema do próprio processo.
21
fotogramas eros11. fotograma, 2009. Em <http://www.flickr.com/photos/adreson/4117657412/>
22
ossos (1). fotograma, 2009. Em <http://www.flickr.com/photos/adreson/4013532355/>
23
corpos (2). fot ograma, 2009 - em <http://www.flickr.com/photos/adreson/4013532305/>
24
fotograma 6. fotograma, 2009 - em <http://www.flickr.com/photos/adreson/3544026714/>
"A tipografia, em sua condição pós-moderna, caminha pelo solo pouco firme da
De fato, não há mais a distinção entre o que é tipografia e o que são imagens,
25
Noiva Cadáver. fotograma, 2007.
26
temos um esqueleto humano. Em algumas pessoas esta imagem lhes causa
horror, uma certa perturbação tétrica. Talvez por jogar com com dois
figura híbrida que pela vestimenta parece uma noiva - e não é. Os outros dois
(nossas crenças), que aos poucos vamos descobrindo que são sinuosas (ora
vão pra lá e ora vão pra cá) e um dia podem acabar com o indivíduo.
27
photograma 14052010. fotograma, 2010.
28
complexas e intricadas, onde a fusão dos elementos é onírica, surreal e às
vezes agressiva.
Fotograma, 2009.
são a preocupação inútil com a vaidade nos detalhes mais irrelevantes, já que
29
musical. As imagens tem uma assimetria que explora e acentua o jogo de
30
Porque fazer estas imagens difíceis
camadas de tintas, existem camadas de imagens que dão aos fotogramas uma
outros que não fazem parte deste estudo, é possível estabelecer relações com
índices das fontes, das imagens de origem. Não se trata de apropriação como
31
continua sendo procedimento usual na produção contemporânea. É o uso
fragmentos fazem parte de uma outra obra mas não estão lá. Assim como a
cultural que Nicolas Bourriaud define como cultura de uso12 onde "a obra de
a partir "de uma negociação entre o artista e as pessoas que vêm observá-la".
Cada imagem produzida até aqui tem seu aspecto único, a composição se
completamente distintos.
12
Na cultura de uso, a obra de arte "funciona como um agente ativo, uma distribuição, um
enredo resumido, uma grade que dispõe de autonomia e materialidade em diversos graus, com
uma forma que pode variar da simples idéia até a escultura ou o quadro." BOURRIAUD, 2009
(pág. 17).
32
Alheio às críticas ao ecletismo13 característico da cultura global em que
estamos vivendo, posso afirmar, sem pudores, que para produzir estas
13
"Em Greenberg e na maioria das histórias da arte ocidental, a cultura está ligada àquela
monomania que considera o ecletismo (ou seja, qualquer tentativa de sair dessa narrativa
purista) um pecado capital. A História deve ter um sentido. E esse sentido deve se organizar
numa narrativa linear." BOURRIAUD, 2009. Pág. 105.
14
poucos artistas se dedicam aos fotogramas de maneira efetiva, sempre referem-se à Moholy-
Nagy e a Man Ray como expoentes desta prática. À exceção do fotógrafo americano Robert
Heinecken.
33
Conclusão
John Fante
Encontrei uma boa explicação porque sinto feliz com este trabalho nas palavras
sutilezas e resgatar no que era dado como incerto, beleza a ser admirada.
procurando resultados que, inicialmente não sabia se dariam certo nem que
15
MAN RAY, 1945
34
Referências bibliográficas
Editora, 1979.
2003.
1972.
<http://www.kodak.com/global/pt/corp/historyOfKodak/1930_pt-br.jhtml>.
35
MONFORTE, Luiz Guimarães. Fotografia pensante. São Paulo: Editora
independente, 2009
36