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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no RECURSO ORDINÁRIO EM MS Nº 14.134 - CE (2001/0192514-2)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON


EMBARGANTE : INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
ADVOGADO : CIRO NOGUEIRA DE ANDRADE
T.ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
IMPETRADO : JUÍZO DE DIREITO DE ACARAPE - CE
EMBARGADO : ANTONIO MARCOS CAMPOS DA SILVA
RELATÓRIO

EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON(Relatora): - Trata-se de


embargos de declaração interpostos de acórdão assim ementado:
ADMINISTRATIVO - SIGILO PROFISSIONAL.
1. É dever do profissional preservar a intimidade do seu cliente, silenciando
quanto a informações que lhe chegaram por força da profissão.
2. O sigilo profissional sofre exceções, como as previstas para o profissional
médico, no Código de Ética Médica (art. 102).
3. Hipótese dos autos em que o pedido da Justiça não enseja quebra de sigilo
profissional, porque pedido o prontuário para saber da internação de um paciente e do período.
4. Recurso ordinário improvido.
(fls. 99)

Sustenta o embargante haver necessidade de esclarecimento sobre o objeto da


requisição.
A par do conteúdo da decisão, segundo a qual "as informações sobre o
tratamento de uma pessoa em um hospital não podem ser negadas à Justiça sob o argumento
do sigilo médico quando esses dados forem necessários à elucidação de um crime", afirma
que havendo outros meios de prova para apuração material do crime e de sua autoria, o
prontuário médico não pode ser em qualquer situação devassado ou utilizado como meio de
prova, se o que se pretende não é saber se houve erro médico ou outra causa legal neste
sentido.
Aduz que não se contrapõe injustificadamente à requisição judicial, mas
pleiteia a definição objetiva das hipóteses em que pode haver acesso ao prontuário, a fim de
evitar abusos levados ao extremo.
Relatei.

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Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ORDINÁRIO EM MS Nº 14.134 - CE (2001/0192514-2)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON


EMBARGANTE : INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
ADVOGADO : CIRO NOGUEIRA DE ANDRADE
T.ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
IMPETRADO : JUÍZO DE DIREITO DE ACARAPE - CE
EMBARGADO : ANTONIO MARCOS CAMPOS DA SILVA
VOTO

EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON(Relatora): - O voto


condutor do julgado deixou explicitado que a remessa não seria do prontuário médico, e sim
de informações nele contidas. Tanto que se disse:

Na hipótese dos autos, não se deseja saber detalhes da doença, e sim quanto à
internação e quanto ao período de manutenção do paciente no hospital, sem que tais
informações possam ensejar quebra de sigilo profissional, ...
(fls. 96/97)

É dever legal das entidades hospitalares, à vista das anotações contidas nos
prontuários, fornecer certidão sobre os dados ali constantes, omitindo-se apenas as
informações técnicas referentes ao nome da doença e ao tratamento prescrito. Veja-se o voto
condutor:
..., sem que tais informações possam ensejar quebra de sigilo profissional, o
que ocorreria se se referisse a doença e complicações outras que pudessem envolver violação
da intimidade.
(fl. 97)

Com estas considerações, rejeito os embargos de declaração.


É o voto.

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