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Educação Física
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INFLUÊNCIA DA MÍDIA
SOBRE O CORPO DO
ADOLESCENTE n Gilson José Caetano1
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Colégio Estadual Edite Cordeiro Marques - Turvo - Pr
Escola Joanna Lechiw Thomé - Turvo - Pr
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PESQUISA
Faça uma pesquisa e procure estabelecer a relação do ser humano com o trato do corpo, ao longo
da história e em diferentes culturas.
Discuta com seus colegas quais foram os principais pontos detectados em sua pesquisa.
Em equipes de até quatro alunos elaborem um painel explicativo sobre as conclusões evidencia-
das após a pesquisa e as discussões, demonstrando as características de vários povos no trato com
o corpo.
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Educação Física
ATIVIDADE
Construa um texto, individualmente, que expresse a relação entre a moda, a mídia e suas influências
sobre a prática de atividades físicas, principalmente sobre a perspectiva do capitalismo. Fatores indica-
tivos: produtos de beleza, roupas, tênis, agasalhos, modalidades físicas em evidência, etc.
Dialogue com colegas do sexo oposto e veja quais são seus pontos de vista, observando quais fo-
ram as críticas apontadas por ele.
Elabore um relatório, no qual seja possível evidenciar as diferentes visões expressadas por ambos
os sexos.
“À margem de um largo rio, ou talvez na encosta íngreme de uma montanha elevada, encontra-se uma
fileira de estátuas. Elas não conseguem movimentar seus membros. Mas têm olhos e podem enxergar.
Talvez ouvidos, também, capazes de ouvir. E sabem pensar. São dotadas de “entendimento”. Podemos
presumir que não vejam umas às outras, embora saibam perfeitamente que existem outras. Cada uma es-
tá isolada. Cada estátua em isolamento percebe que há algo acontecendo do outro lado do rio ou do va-
le. Cada uma tem idéias do que está acontecendo e medida sobre até que ponto essas idéias correspon-
dem ao que está acontecendo. Algumas acham que essas idéias simplesmente espelham as ocorrências
do lado oposto. Outras pensam que uma grande contribuição vem de seu próprio entendimento; no final,
é impossível saber o que está acontecendo por lá.Cada estátua forma sua própria opinião. Tudo o que ela
sabe provem de sua própria experiência. Ela foi sempre tal como é agora. Não se modifica. Enxerga. Ob-
serva. Há algo acontecendo do outro lado. Ela pensa nisso. Mas continua em aberto a questão de se o
que ela pensa corresponde ao que lá está sucedendo. Ela não tem meios de se convencer. É imóvel. E
está só. O abismo é profundo demais. O golfo é intransponível”. (ELIAS, 1994, p 96).
A mídia, de forma geral, explícita ou implicitamente, não conduz a atitudes de reflexão acer-
ca dos problemas políticos ou sociais, sendo que a classe dominante procura, através dos meios
de comunicação, impor idéias e conceitos de maneira subjetiva e inconsciente, produzindo, assim,
modelos perfeitos de “seres humanos”. Será que a condição de “estátuas pensantes”, na realidade,
não é a forma na qual nós somos moldados para atender aos anseios da sociedade de consumo?
ATIVIDADE
Televisão: T.A.T.U.
Composição: Grupo Face Da Morte.
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PESQUISA
Pesquise outros estilos de músicas que falem sobre o tema a influência da mídia. Compare-as e
construa um texto relacionando com o atual contexto sócio-histórico.
z Indústria da Juventude
O homem, ao buscar o corpo perfeito, torna-se um produtor e, ao
mesmo tempo, consumidor da indústria da juventude, sendo facilmen-
te manipulado ou usado para tal fim.
Sobre essa realidade, Ortega Y Gasset afirma que “as modas atu-
ais estão pensadas para corpos jovens, e é tragicômica a situação de
pais e mães que se vêem obrigados a imitar seus filhos na indumen-
tária” e ainda “não se trata de fingir uma mocidade que se ausenta de
nossa pessoa, mas o modo adotado pela vida objetiva é o juvenil, e
nos força sua adoção. Como com o vestir, acontece com todo o res-
to: os usos, prazeres, costumes, modas estão talhadas à medida dos Efebos: Jovens
efebos.” (ORTEGA Y GASSET, 1959, p. 294).
Devemos assumir nossas realidades, aproveitando as experiências
adquiridas ao longo do tempo, deixando de ser o que querem que se-
jamos, mas assumindo o que somos.
Quais as atitudes que devemos ter perante circunstâncias comuns
presentes em nosso dia-a-dia, como propagandas de beleza parecidas
com estas:
ATIVIDADE
PESQUISA
Pesquise capas de revistas, fotos em jornais, campanhas publicitárias nas quais estejam presentes
ideais da “indústria da juventude”.
Monte um painel com várias figuras encontradas e, abaixo de cada uma, crie um pequeno texto crí-
tico. (Esta atividade pode ser realizada em pequenos grupos.)
z O Massacre do Corpo
Em nossa sociedade, o corpo é explorado, além das formas de pro-
dução que são evidentes, como o desgaste produzido durante a jor-
nada de trabalho, tornando o corpo máquina. Outro fator que cresce
assustadoramente, pressuposto do capitalismo, é o massacre do con-
sumo, pois, por meio dos ideais vigentes, as pessoas são induzidas a
consumir, para não se sentirem excluídas do contexto social.
A moda e a mídia também fazem parte da cultura e são instrumen-
tos poderosos de afirmação cultural. Por meio delas, a cultura pode in-
fluenciar o modo de agir e ser das pessoas. Pode impor idéias e con-
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“O esporte e o fortalecimento do corpo parecem reviver a utopia de uma vida eterna, na medida em
que partilham da crença, do progresso infinito, algo que nos faça esquecer da morte. O que se colo-
ca, no entanto, é que a redução do corpo a uma materialidade desqualificada faz com que ele seja vis-
to como maquinismo, natureza cega, ou, o que é pior, como cadáver. O olhar da ciência designa-lhe
uma fungibilidade inespecífica, assim como um corpo morto assemelhar-se-á quimicamente, cada vez
mais, a outro corpo morto”.
“Ao recair numa lógica cega que não percebe o progresso como produtor também da regressão,
mas o toma como algo positivo em si, o esporte acaba por ser expressão e vanguarda da violência, da
aceleração da vida em direção à morte”. (VAZ, 1999, p.104).
Dicionário de Termos
Utopia: qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, funda-
mentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeira-
mente comprometidas com o bem-estar da coletividade.
Materialidade: tendência para valorizar apenas aquilo que é de ordem ma-
terial.
Maquinismo: o conjunto das peças que compõem e fazem funcionar um
aparelho, um engenho; mecanismo.
Fungibilidade: que se gasta, que se consome após o uso.
ATIVIDADE
Assista ao Filme: Um homem chamado cavalo – (A Man Called Horse) Richard Harris – 1970 – EUA
– 114 minutos.
Obs.:Caso você não encontre o filme proposto, procure um outro filme que mostre uma cultura que
você não conheça e procure analisar o trato com o corpo que essa cultura estabelece.
Na sua opinião, qual a idéia a respeito com o trato corporal? Refleta após a discussão: você se acha
explorado em relação às maneiras de “usar” o corpo?
Procure pesquisar, junto à disciplina de Filosofia, o conceito de beleza e suas diversas característi-
cas em diferentes culturas.
Gincana de habilidades
Conceito: Gincana de participação em grupos, com o objetivo de desenvolvimento de habilidades
variadas.
Descrição: Provas de canto, “esquete”, prática esportiva, imitação ou mímica.
Montagem e Desenvolvimento: A gincana deve ser dividida em 4 provas.
• Canto: A equipe ou parte da equipe deve cantar uma música, que pode ser decidida por sor-
teio ou escolhida pelo grupo, cujo tema esteja presente ou haja relação com a moda, mídia, cul-
tura ou o corpo. Isso fica a critério do coordenador.
• Esquete: Pequena encenação relacionada ao tema estudado, em que os integrantes do grupo se
apresentarão através de gestos, mímica ou movimentos, texto falado ou a critério do coordenador.
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“(...) a evolução da dança seguiu o trajeto do templo, da aldeia, da igreja, do salão e do palco. Nes-
te percurso, constituiu-se a dança étnica, folclórica, de salão e teatral. Esse fato nos leva a concluir que,
se a princípio tinha conexão com impulsos primitivos do homem, a dança enfraqueceu-se nas civiliza-
ções individualistas modernas, tornando-se privilégio de poucos.” (ARAÚJO, 1993 p.2).
ATIVIDADE
Escolha uma dessas músicas da moda, ao som da qual os jovens dançam em suas festas, e faça
uma análise crítica da letra. Exponha suas conclusões, em forma de painel, aos seus colegas.
E afinal de contas, você constrói o seu corpo ou deixa ser construído?
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z Referências Bibliográficas
ANDRADE, C. D. O Corpo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1984.
ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
GOLDENBERG, M. R.; SILVA, M. A civilização das formas. In: GOLDENBERG, M. (org.). Nu & vestido.
Rio de Janeiro: Record, 2002.
MARCELLINO, N. C. (org ). Repertório de atividades de recreação e lazer. Campinas/SP: Editora
Papirus, 2002.
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. São Paulo/SP: Editora Ática, 1993.
ORTEGA Y GASSET, J. A rebelião das massas. Rio de Janeiro/RJ: Editora Ibero Americana, 1959.
SFEZ, L. A saúde perfeita: crítica de uma nova utopia. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
SIMMEL, G. Filosofia de la moda, cultura feminina y otros ensaios. In: Revista de Iniciação Cientifica
da Ffc. Marília: UNESP, 2004.
VAZ, A. F. Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no
treinamento corporal. Cadernos Cedes, ano XIX, no 48, Agosto/99.
VILLAÇA, N. et al. (org.). Que corpo é esse?. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
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