De Joseph S. Nye Jr
1- O Colosso americano
2- A revolução da informação
3- A Globalização
4- A Frente interna
5- A redefinição do interesse nacional.
O século XX foi marcado por guerras e por eventos com altos números de
mortos: neste século ocorreram a Guerra Fria, as duas Guerras Mundiais, as
bombas atômicas e o holocausto. Tudo isso para que fosse mantido seguro o
interesse nacional por questões políticas e econômicas. Contudo, na década
de 1970 começa a ficar visível que as populações já não aceitavam tantas
perdas justificadas pela manutenção e conquista de poder. A partir dai o apelo
dos países para métodos de conquista bélicos vem perdendo força.
Após o fim da Guerra Fria os Estados unidos ganharam mais espaço dentro
das relações internacionais devido a suas condições econômicas e políticas.
Diversos estudos buscaram compreender como os norte-americanos
conseguiram se destacar tanto no cenário internacional.
Os conceitos de soft e hard power são usados para explicar como os Estados
Unidos constroem sua política externa afetando não somente decisões de
Estados e instituições, mas afetando o indivíduo em sua rotina. Casos como o
ataque ao World Trade Center em Nova Iorque, seguido da invasão americana
do Afeganistão em 2001, trouxeram a questão do poder americano para cerne,
tornando-se assim alvo de várias críticas. Dados que demonstraram que tanto
a invasão do Iraque quanto a do Afeganistão envolveram muitas mortes e
tortura, práticas de hard power que vem sendo cada vez mais condenadas,
deixaram clara a importância do soft power como alternativa na política
externa.
Com um olhar superficial, o soft power pode ser visto como o poder pela
cultura porém a apreensão mais a fundo desse conceito só será possível
quando trabalhados os elementos que compõe esse poder, quais são os
mecanismos que o fazem funcionar e qual o alcance dele. A cultura norte-
americana está presente em todos os países do mundo, ultrapassa barreiras
territoriais e agrada espectadores de diversas nacionalidades. O hard power
tem suas raízes em forças militares e econômicas e é a maneira de execução
de poder mais tradicional, que ameaça e induz o outro de forma direta.
Opondo-se a este, o soft power corre de modo indireto. Seduz e atrai por meio
da venda de valores do país, de ideologias, fazendo com que outros o admirem
por seu estilo de vida, produtos e cultura, conquistando mentes.
O poder exercido de forma bruta, com caráter militar, pode ser encontrado em
ações de diplomacia coercitiva, ou seja, negociações que deixam claras as
condições de ameaça ou também através de alianças militares. No campo
econômico, poder pode aparecer em sanções e subornos. Situações
emblemáticas que ilustram o uso do hard power são as invasões do
Afeganistão e do Iraque ocorridas nos anos 2001 e 2003 respectivamente.
Nestes momentos os Estados Unidos buscaram se impor e conquistar seus
objetivos através da utilização de força bélica, típica da execução de poder
duro. Por outro lado os EUA tem seu soft power presente no mundo em meios
de disseminação de informações como o cinema, a internet, as músicas, os
programas de televisão e os intercâmbios.
No capítulo dois, Joseph Nye Jr. Fala sobre a revolução da informação e trata
das implicações que tem sobre o poder americano. Esta revolução seria
positiva por ser relacionada aos valores americanos, mas altera e descentraliza
a estrutura da política externa norte-americana. O avanço tecnológico na área
da informação altera a natureza da estrutura dos governos e da soberania,
aumenta o papel dos indivíduos não estatais na condução de diversos temas
econômicos e sociais e aumenta a importância do soft power na política
externa (NYE, 2002). A revolução da informação tornou a política mundial mais
complexa, pois afetou as relações de poder entre os estados e favoreceu
aqueles países com maior desenvolvimento das tecnologias da informação.
Dados expostos pelo autor mostram como os Estados Unidos estão
posicionados no contexto da revolução da informação. Para determinar o
impacto da revolução da informação sobre os países, a capacidade dos
americanos, da Grã-Bretanha, da França e da Rússia na destinação desses
investimentos é muito superior às demais nações.
No capítulo três, Nye Jr. Faz o uso de uma expressão que pode mostrar de
maneira simplista a condição americana na era da informação global. Ele
afirma que a globalização é "americanização", pois os EUA tomam frente na
revolução da informação e dominam o conteúdo das redes de informação
global criadas no país. Também, os Estados Unidos tem papel central em
todas as dimensões da globalização (militar, econômica, ambiental, social e
cultural). Mas, ao mesmo tempo, estão também expostos em todas essas
dimensões.
Tentando explicar esse paradoxo, Nye Jr. afirma que a globalização seria um
processo caracterizado pela formação de redes de interdependência
estabelecidas entre os países, e que variam com as possíveis dimensões da
globalização. Essas redes produzem efeitos sobre todos os países, inclusive os
Estados Unidos. A dimensão cultural contribuiria para uma compreensão mais
simplista da vulnerabilidade americana e mostraria como a globalização seria
uma "via antiparalela". A cultura popular norte-americana, ao mesmo tempo em
que influencia muitos países, não é bem acatada em outros. A globalização,
portanto não produz homogeneidade cultural, encaminhando a transformação
do mundo de acordo com características da cultura americana. Nye observa
que os imigrantes e as ideias vindas de fora são capazes de modificar essa
cultura, aumentando ainda mais a atração exercida pelos Estados Unidos.
Portanto, a globalização e a revolução da informação revelam novos limites ao
poder dos Estados Unidos ao alterar a própria essência dos estados, da
soberania e do papel do soft power.
No quarto capítulo Joseph diz que os Estados Unidos foi o país mais poderoso
do mundo na década após a Primeira Guerra Mundial, mas devido as
preocupações internas em 1920 e ao fracasso econômico na década de 1930 ,
os EUA falharam em seu comercio e relações com outros países e devido a
isto os EUA “pagaram o preço” na segunda guerra mundial.
No último capítulo do livro, Nye indica o que deveria ser a estratégia central dos
EUA no século XXI: a disponibilidade dos “bens comuns internacionais” e
antecede em sua preocupação com as graves ameaças à sobrevivência e aos
interesses dos EUA representado pelos estados fracassados, que precisam de
uma maior atenção do Governo de Washington. Alarma o Governo norte-
americano para que não tente fazer tudo isoladamente, avisando de que é
perigoso ignorar as preocupações do resto do mundo. Numa comparação,
alerta para a perda de soft power por parte da União Soviética após a invasão
da Checoslováquia, em 1968, apesar do seu poderio militar e económico
continuar a aumentar. As políticas de imposição da URSS utilizando a força
militar infligiram um golpe sério na sua própria imagem e prestígio, da qual não
se recompôs.
Do mesmo modo, os Estados Unidos não podem começar guerras onde lhes
convém, sem correr o risco de alienar uma parte significativa da comunidade
internacional. Nye diz que os efeitos políticos serão em grande medida
contraproducentes.
O autor na totalidade de sua obra por meio de exemplos evidencia fatores prós
e contra as politicas norte-americanas, seguindo uma linha cronológica no
contexto dos EUA.
Ra:17078171
https://www.hks.harvard.edu/about/faculty-staff-directory/joseph-nye
The Paradox of American Power: Why the World’ Only Superpower Can’t Go It Alone Joseph S. Nye Jr.
OXFORD UNIVERSITY PRESS
Nye Joseph S. Paradoxo do poder americano São Paulo: Editora UNESP 2002
The means to success in world politics Soft Power: Por Joseph S. Nye
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0002716207311699
Power and Interdependence in the Information Age Robert O. Keohane and Joseph S. Nye
Jr.Foreign AffairsVol. 77, No. 5 (Sep. - Oct., 1998)