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de física

Laboratórios de Física
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Plano Inclinado:
Atrito Estático e
Cinético

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Departamento de Física


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4200-072 Porto. Tel. 228 340 500. Fax: 228 321 159
Laboratórios de Física DEFI-NRM-0036
Versão: 02
Plano Inclinado: Atrito estático e Cinético Data: 01/08/2008

Plano Inclinado: Atrito Estático e Cinético


DEFI-NRM-0036

Objectivos:
• Determinação do coeficiente de atrito estático e cinético de várias superfícies
num plano inclinado.

Introdução Teórica

Forças de atrito estático e cinético


Habitualmente, o termo atrito designa a resistência ao movimento entre superfícies
r
materiais em contacto. Empiricamente, descrevem-se as forças de atrito Fa entre superfícies
sólidas como sendo: (1) independentes da área da superfície de contacto e (2) directamente
proporcional à componente normal da força de contacto entre as superfícies.
Considerando então que a intensidade da força de atrito é proporcional à intensidade da
r r
força de reacção normal da superfície, Fa ∝ N (ou, mais simplesmente, Fa ∝ N ),

Fa = µN (1)

onde a letra grega µ (miú) é uma constante de proporcionalidade adimensional designada


por coeficiente de atrito.
r
Quando uma força F é aplicada a um bloco, paralelamente à superfície em que este se
encontra pousado, e não ocorre movimento, dizemos que a força aplicada é equilibrada por
r
uma força oposta de atrito estático Fae que é exercida no bloco através da superfície de
contacto. À medida que aumenta a intensidade da força aplicada, F , a força de atrito
estático aumenta também de intensidade até atingir um valor máximo dado por

Faemáx = µ e N (2)
r
onde µ e é o coeficiente de atrito estático e Faemáx tem a mesma intensidade, a mesma
direcção e sentido oposto ao da menor força que é necessário aplicar ao bloco, paralelamente
à superfície de contacto, para que ele entre em movimento. Assim, é habitual escrever-se
Fae ≤ µ e N , uma vez que a força de atrito estático é uma força solicitada, respondendo
apenas na medida necessária para impedir o movimento, até ao valor máximo µ e N .

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r
Quando a intensidade da força aplicada F ultrapassa, ainda que ligeiramente, o valor
máximo da força de atrito estático, o corpo entra em movimento, com a resistência de uma
r
nova força de atrito: a força de atrito cinético (ou dinâmico), Fac , de intensidade

Fac = µ c N (3)

onde µ c se designa por coeficiente de atrito cinético ou dinâmico.

Habitualmente, para um dado par de superfícies, µ c < µ e , ou seja, é necessário exercer


uma força maior para pôr um corpo em movimento do que para mantê-lo em movimento.
Apesar de, habitualmente, 0 < µ < 1 , ambos os coeficientes de atrito podem apresentar
valores superiores à unidade. Os valores de µ e e µ c dependem do material que constitui as
superfícies em contacto, bem como do grau de rugosidade das mesmas.
r
Fa
r r
N r µe N
F r
µc N
r r
Fa P Regime Regime
estático cinético
0 r
F
Figura 1 - Esquema das forças aplicadas a um corpo assente sobre um plano horizontal
(esquerda); diagrama ilustrativo da variação da intensidade da força de atrito com a intensidade
da força aplicada (direita).

Material Necessário

• Plano inclinado (plataforma de inclinação regulável por suporte);


• 2 blocos de madeira, com uma face revestida de plástico;
• Fita métrica;
• 1 cronómetro.

r
N

r
Fa
r
P
α α

Figura 2 - Esquema do dispositivo experimental (esquerda) e diagrama de forças aplicadas no


bloco (direita).

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Procedimento

A. Determinação dos coeficientes de atrito estático


1. Monte o plano inclinado de acordo com o esquema da Figura 2, e coloque o suporte de
altura h na extremidade oposta ao pivot (menor inclinação possível).
2. Coloque o bloco 1 (espessura de 6cm) no plano inclinado, com a face revestida de
borracha em contacto com o plano. Mova lentamente o suporte de regulação da
inclinação do plano na direcção do pivot, até que a inclinação seja suficiente para que o
bloco entre em movimento. Meça a distância s entre o pivot e o suporte.
3. Repita duas vezes os passos anteriores. Determine o valor médio do coeficiente de atrito
estático para esta situação.

Nota: Atendendo ao diagrama de forças representado na Figura 2, quando a força de atrito estático
atinge o seu valor máximo (i.e. quando a inclinação atinge o valor crítico α c que determina o início
do movimento),

 Psenα c − Faemax = 0 mgsenα c − µ e N = 0 mgsenα c − µ e mg cos α c = 0


 ⇔ ⇔ ⇒ µ e = tgα c
 N − P cos α c = 0  N = mg cos α c −

o que permite determinar o coeficiente de atrito estático a partir de h e s.

4. Repita os procedimentos 1 a 3 colocando a face de madeira do bloco 1 em contacto com


o plano. Repita novamente para a face plástico branco.
5. Repita os procedimentos 1 a 3 com o bloco 2 (espessura de 3cm).
6. Repita os procedimentos 1 a 3 colocando a face de madeira com 6cm de largura em
contacto com o plano.
7. Repita os procedimentos 1 a 3 colocando a face de madeira com 3cm de largura em
contacto com o plano.
8. Faça uma análise comparativa dos valores de µ e encontrados nas 6 situações
experimentadas, considerando:
a) material da superfície do bloco em contacto com o plano;
b) área da superfície de contacto bloco/plano;
c) massa dos dois blocos.

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B. Determinação dos coeficientes de atrito cinético


1. Ajuste o plano inclinado para um ângulo superior ao valor de α c determinado acima para
a face do bloco 1 revestido a branco. Coloque o bloco perto da extremidade superior do
plano inclinado, com a superfície de plástico em contacto com o plano, e verifique que o
bloco entra em movimento quando abandonado. Registe o valor de s.
2. Fixe uma distância d (a maior possível, com início e final de fácil referência) a percorrer
pelo bloco sobre o plano inclinado. Meça e registe o valor de d.
3. Largue o bloco, em repouso, no extremo superior do trajecto fixado, e meça o intervalo de
tempo que o bloco necessita para percorrer a distância d. Repita duas vezes esta
medida.
4. Fixe e registe um novo valor para a distância d e repita o procedimento 3.
5. Repita três vezes o procedimento 4.
6. Construa um gráfico d=f(t2) e determine, por regressão linear, o coeficiente de atrito
cinético µ c a partir do declive da recta obtida.

Nota: Atendendo ao diagrama de forças representado na Figura 2, quando a inclinação é superior


ao valor crítico α c , o bloco não está em equilíbrio, deslizando ao longo do plano com um
movimento uniformemente acelerado (d=1/2 at2):
 Psenα − Fac = ma mgsenα − µ c N = ma  gsenα − µ c g cos α = a
 ⇔ ⇔
 N − P cos α = 0  N = mg cos α −
⇒ a = g ( senα − µ c cos α )
o que permite determinar o coeficiente de atrito cinético a partir de a, e esta a partir de d e t2.

7. Repita os procedimentos 1 a 6 para uma face de madeira do mesmo bloco.


8. Compare os resultados obtidos com os correspondentes da secção A do procedimento
experimental. Justifique.

Outras informações

Deverá registar todas as medições que efectuar, bem como as características dos
aparelhos de medida utilizados. Todos os cálculos deverão estar indicados de forma clara,
utilizando unidades consistentes para as várias grandezas.

Referências Bibliográficas

• Physics Laboratory Experiments (5th edition), Jerry D. Wilson, 1998, Houghton Mifflin Company,
U.S.A.
• Laboratory Experiments in College Physics (7th edition), Cicero H. Bernard & Chirold D. Epp,
1995, John Wiley & Sons, Inc.
• LD Physics Leaflets 1.2.5.2

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Anexo A

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Anexo A
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Curso: Disciplina:

Ano: Turma: Grupo #:

Data da realização: Data de entrega:

Tabelas

Tabela 1: Registo dos Aparelhos de Medida


Aparelhos Unidades Resolução Erro de Leitura

Tabela 2: Bloco 1
Área S Smédio µe
Borracha
Madeira
Plástico Branco

Tabela 3: Bloco 2
Área S Smédio µe
Borracha
Madeira
Madeira

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:
-i-
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Anexo A

S (α>αc) d t

d1

Plástico Branco
d2

d3

d1
Madeira

d2

d3

d1
Borracha

d2

d3

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:
- ii -
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Anexo B

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Anexo B
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Questões sobre os conceitos de:

• Determinação do coeficiente de atrito estático e cinético de várias


superfícies num plano inclinado.

Questões

1. Dispondo, para além do material necessário à experiência, de um


dinamómetro e de uma balança, de que forma independente poderia
determinar um valor para µ e que pudesse ser utilizado para comparação com
o determinado acima? Execute e compare, se possível.

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:

Nº Mec.: Nome:
- iii -

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