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Na primeira quadra deste soneto, Florbela Espanca descreve o amor com algo
extraordinário, maravilhoso e amar sem restrições é algo tão necessário que nos leva à
vontade de viver intensamente, como se preferisse aproveitar os momentos amando,
fazendo uma referencia à temática do carpe diem, para exigir os seu direito de amaer,
como podemos ver no primeiro verso..
Nesta estrofe, há um momento de contradição quando ela banaliza o amor, algo que
tanto preza, como podemos ver: “Amar só por amar”. Também dá uma ideia de
liberdade, pois expressa amar toda a gente e sem ficar presa a alguém, um amor que
pode chegar ao ponto de amar as pessoas, e ao mesmo tempo não amar, como vemos no
ultimo verso.
No terceiro verso, ao fazer referecia ao Este, Aquele e ao Outro, usa letra maiúscula o
que pode significar alguém que ela já amou, podendo ser os seus três maridos.
Na segunda o poeta recorda que teve varias paixões na vida e que não se pode ter so
uma
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Como se sabe a primavera poder ser usada como metáfora da juventude. Assim pode se
fazer uma leitura dos versos florbelianos da seguinte maneira: é imprescindível aproveitar
a juventude, enquanto somos jovens.
Na segunda estrofe, não interessa recordar ou esquecer, o que importa é amar aqui e ali sem se
prender a apenas um amor.Percebe-se que há uma redução na repetição da palavra amar, a qual
ela cita apenas uma vez, na qual se refere que não tem como amar alguém durante toda a vida,
quem falar isso falta com a verdade. Flor defende que o amor não é algo que prende, mas algo
que liberta. E ela faz um convite ao leitor para cantar à vida.
Nas ultimas diz que devemos aproveitar a vida pois foi para isso que Deus nos deu e um
dia há de acabar. E no dia da sua morte espera conseguir livrar se do seu velho corpo
para ter uma vida nova
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
Seguindo para a terceira estrofe, começa assim: “Há uma primavera em cada vida”.
Levando em conta que a primavera se refere à estação, é a época que mais floresce do
ano e é a estação do amor, por isso, todos têm um momento que mais flora, que ama de
forma mais intensa. E levando em conta a primavera como uma fase da vida, pode-se
dizer que é a faze juvenil, a fase que mais se ama. Então, esse delirante florescimento se
dar na juventude.
“É preciso cantá-la assim florida”, quem canta é porque está alegre, cante à
primavera, cante ao amor mesmo, se houver tristeza no coração, pois a nossa voz foi dada
por Deus para ser usada nas canções. Os jovens devem cantar, pois é nessa fase que o
amor está florescendo.
Na quarta e ultima estrofe é alertado que se deve aproveitar porque um dia a morte vem e não vai
adiantar mais querer amar. A portuguesa se sentia atraída pela morte, mas aproveitava a vida para
amar. E ainda, Flor tem uma capacidade de amar tão grande, mas não é correspondida e por isso
que ela vive amando um e outro, para um dia encontrar o amor que a entenda.
Pode-se fazer uma comparação no que diz respeito ao significado da expressão carpe
diem com o poema Amar respectivamente nos primeiros versos do primeiro terceto:
“Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida, [...]”
Portanto, pode-se afirmar que o poema Amar traz a representação de uma mulher sensual,
erótica, que exterioriza através do poema suas inquietações no que diz respeito às
limitações dadas a mulher em seu contexto:
Biografia
Flor Bela de Alma da Conceição Espanca (nome de batismo), nasceu em 1894 na cidade de Vila
Viçosa em Portugal. Filha de Antônia da Conceição Lobo e João Maria Espanca que era casado
com Mariana do Carmo Ingleza. Como Mariana era estéril, João teve dois filhos com Antônia,
Flor Bela e Apeles, que não foram reconhecidos paternalmente e foram criados por Mariana,
que posteriormente se tornou madrinha dos meninos. A curta e agitada vida de Florbela resume-
se na sua inquietação, sofrimento e nos seus escritos voltados para a erotização, feminilidade,
panteísmo e patriotismo. Teve várias obras na área da poesia, de contos e epístolas, e um diário
sem contar os vários romances que traduziu e a sua colaboração em diversas revistas e jornais.
Florbela entrou na escola primária em 1899 e escreveu seus primeiros textos literários em 1903.
Casou-se 3 vezes e no primeiro casamento sofreu um aborto involuntário, o qual fez com que
aparecesse os primeiros sintomas de problemas neuróticos. Começou a tirar o curso de direito,
mas interrompeu os estudos na faculdade e teve que dar aulas particulares de português para
sobreviver.
Com a morte do seu irmão os problemas mentais aumentaram e a poetisa tentou suicídio 3 vezes
e, ao saber o diagnostico de um edema pulmonar, perdeu a vontade de viver e na quarta
tentativa de suicídio não resistiu. Flor Bela Lobo faleceu em Matosinhos (Portugal) no dia do
seu aniversário em 1930, quando tinha apenas 36 anos.
Flor tornou-se conhecida, pois, a maioria de sua poesia eram sonetos que falavam da solidão,
tristeza, saudade, sedução, desejo, morte e amor, tema que prevalecia. Tempos depois de sua
morte, alguns poetas homenagearam Florbela Espanca, como Manuel da Fonseca no poema
“Para um poema a Florbela” e Fernando Pessoa em “À memória de Florbela Espanca”. Ela é
considerada como a grande figura feminina da Literatura Portuguesa no século XX.